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RIO DE JANEIRO
Fevereiro de 2017
Reabilitação de edifícios e sustentabilidade no contexto das
obras do Museu de Arte do Rio (MAR)
Examinada por:
______________________________________________
Prof. Eduardo Linhares Qualharini (orientador)
______________________________________________
Profª. Vania Maria Ducap
______________________________________________
Profª. Elaine Garrido Vazquez
RIO DE JANEIRO
Fevereiro de 2017
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Silva, Maiane Ramos.
ii
DEDICATÓRIA
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família pelo suporte que me foi dado em todos os momentos da minha vida,
em especial aos meus pais, José Pedro da Silva e Severina dos Ramos da Silva, e às minhas
irmãs e também “mães”, Marcia Ramos da Silva Garcia e Michele dos Ramos da Silva. Sou
eternamente grata por todo amor, dedicação e por serem meus principais exemplos. Sem
esquecer também de meus sobrinhos: Julie da Silva Garcia, Michel da Silva Garcia e Luma
Ramos e Silva. Seus sorrisos, abraços e torcida são combustíveis para seguir em frente. Por
fim, aos meus cunhados Alex Pereira e Silva e Júlio César dos Santos Garcia que também
me ajudaram e apoiaram muito. Considero-me uma pessoa de extrema sorte por ter sido
abençoada com uma família como a que vocês representam para mim.
Agradeço também a Raquel da Silva Antunes e Felipe Santoro Pinheiro, por toda ajuda, força
e por acreditarem em mim e me colocarem para cima em todos os momentos que precisei e
pensei que não conseguiria. Sou grata também pelo companheirismo dos amigos que
conquistei ao longo da graduação, e estou certa de que, sem vocês, teria sido muito mais
difícil passar pelas disciplinas, trabalhos e avaliações, e menos prazeroso vencer cada etapa
que me conduziu até aqui. Estendo este agradecimento aos colegas e amigos do NPPG, pela
convivência diária e todo o incentivo que me foi dado nesta reta final.
Agradeço ao auxílio de todas as pessoas que contribuíram para que este trabalho fosse
possível, em especial à Rosane Gonçalves, do Departamento de Construção Civil da UFRJ;
à Shanna Honório, Gerente de Marketing e Comunicação Interna da empresa Concremat; à
Luisa Abreu, Bibliotecária do MAR; à Renata Kfuri, Gerente de Operações do MAR.
Agradeço por último, mas não menos importante, ao meu professor e orientador Eduardo
Linhares Qualharini, por todas as oportunidades que me foram ofertadas, por compartilhar
experiências e conhecimento e por aceitar orientar este trabalho.
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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Fevereiro/2017
Resumo
February/2017
Abstract
In two different profiles constructions with great historical and cultural importance, the "Palace
Dom João VI" and the building of an "old bus terminal", both located in Mauá Square, occurred
the interventions that gave rise to the installations of the Rio Art Museum (MAR). The building
rehabilitation, with LEED certification criteria and strategies, was one of the anchors of the
project "Porto Maravilha", proposed to recover this historical region of the city of Rio de Janeiro.
This research presents a bibliographic review, in which it was used as theoretical reference
authors that have published regarding building rehabilitation and sustainability of
constructions. These requalification practices provide the recovery and modernization of the
installations and equipment of a building and also seek to improve the quality of its systems,
aiming to include sustainability measures into the intervention, which can contribute to increase
the building’s lifespan. The MAR is presented as an application example, where a description
of the actions is made and the sustainable practices that have led to LEED certification.
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................. 1
1.2 OBJETIVO ............................................................................................. 4
1.3 METODOLOGIA ..................................................................................... 4
1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ......................................................... 5
2. CONTEXTUALIZAÇÃO: REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Número de imóveis prediais por faixa de idade na cidade do Rio de Janeiro. ........ 1
Figura 10 - Uso de sobre cobertura provisória para intervenções no telhado de uma igreja. 25
Figura 26 - Sala de aula da Escola do Olhar - fachada voltada para a Praça Mauá. ............ 52
LISTA DE QUADROS
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1. INTRODUÇÃO
Neste contexto, dados do armazém do Instituto Pereira Passos (IPP) indicam que, ainda no
ano 2000, a distribuição do número de imóveis por idade em suas diferentes tipologias - casa,
apartamento, salas e lojas, industrial e outros - na cidade do Rio de Janeiro era dada pela
figura a seguir.
Figura 1 - Número de imóveis prediais por faixa de idade na cidade do Rio de Janeiro.
(Fonte: Armazém de Dados do IPP - Tabela 7.1.6 - Imóveis prediais e área construída, por
faixa de idade, segundo suas tipologias nas Áreas de Planejamento e Regiões
Administrativas, 2000)
Qualharini e Ducap (2008) indicam que os edifícios da cidade do Rio de Janeiro foram
construídos prevendo uma vida útil média de 80 anos. De acordo com a figura 1, pode-se
inferir que uma grande parcela dos edifícios já se encontrava na metade deste tempo,
configurando um estoque de edificações passíveis a sofrer algum tipo de intervenção para
reabilitação.
1
Depois de 1992 na Rio-ECO 92, reabilitação de bens urbanos passou a ser vinculada às
questões de sustentabilidade. Estabeleceu-se, assim, a reflexão sobre a complexidade dos
projetos de reabilitação e a necessidade de equipes multidisciplinares de profissionais
atuando de forma integrada, visando o uso do bem edificado (QUALHARINI, 2012).
Essas questões passaram a não ser apenas consideradas na elaboração de projetos para
novos edifícios, mas, segundo Qualharini e Ducap (2008) “(...) tão importante quanto
considerar tais questões em novos projetos é discutir sobre o que fazer para reabilitar o
estoque existente para cumprir o restante de sua vida útil atendendo a estes novos parâmetros
(...)” (QUALHARINI e DUCAP, 2008, p.1).
Croitor (2008) destaca, ainda, os seguintes fatores que justificam a prática da reabilitação de
edifícios:
- Aproveitamento da infraestrutura existente no entorno e da sua localização;
- Impacto na paisagem urbana;
- Preservação do patrimônio histórico e cultural;
- Déficit habitacional e a sustentabilidade ambiental;
- Mais econômica e eficiente do que a demolição seguida de uma reconstrução.
Para Vale (2006), a busca pela reabilitação e requalificação das edificações deve incorporar
parâmetros para a sustentabilidade ecológica. As ações devem ser realizadas de modo a
encontrar uma sinergia com os valores ecológicos existentes na sociedade atual para que,
alinhadas à intervenção, possam contribuir para minimizar o impacto ambiental do meio
construído.
Esses parâmetros de sustentabilidade ecológica para a construção civil não almejam apenas
resguardar os direitos do ecossistema como um todo, mas buscam objetivamente a
construção de um edifício saudável, que propicie proteção, conforto e salubridade ao ser
humano e seus usuários (CIANCIARD et. al., 2004).
Por muitas vezes, a busca por uma construção mais sustentável está associada às
certificações ambientais. Um exemplo delas é a certificação LEED (Leadership in Energy and
Environmental Design), que avalia a edificação em 7 dimensões e confere créditos de acordo
com as estratégias adotadas em seu projeto e construção.
2
A figura 2 mostra a evolução dos registros para certificação LEED no Brasil. No ano de 2016,
o número de registros acumulados chegou a 1.224, e a expectativa é que este crescimento
se perpetue. Segundo dados da Green Building Council Brasil, entidade que difunde as ideias
desta qualificação em nível nacional, o Rio de Janeiro figura em segundo lugar com 213
registros, atrás apenas de São Paulo.
O Museu está instalado no Palacete Dom João VI, construído em 1916 e tombado no ano
2000 pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural, e no prédio de estilo
modernista ao lado, onde funcionavam o Hospital da Polícia Civil e o terminal rodoviário
Mariano Procópio. A realização do projeto foi uma parceria entre a Prefeitura do Rio de Janeiro
e a Fundação Roberto Marinho. Sua reabilitação faz parte das intervenções realizadas na
Praça Mauá, também composta por outros edifícios notáveis como o Terminal Marítimo de
Passageiros do Touring Club, o edifício do jornal A Noite (1929), o 1º Distrito Naval da Marinha
do Brasil (1933) e o Museu do Amanhã (2015). Dessa forma, a Praça cria um contexto
paisagístico para apreciação do patrimônio histórico, artístico e cultural.
3
A localização das obras, definição do produto a ser construído, o partido arquitetônico e a
especificação de materiais e componentes, entre outros fatores pertinentes às esferas de
projeto e de execução dos serviços, de acordo com Agopyan e John (2011), têm influência
direta no consumo de recursos naturais e energia, na otimização ou não da execução e no
efeito global no seu entorno, além de impactos estéticos e urbanísticos. Assim, houve também
a preocupação com os requisitos de sustentabilidade nesta intervenção: a concepção e todas
as etapas subsequentes do projeto tiveram como premissa a sustentabilidade, alinhados com
a busca da certificação LEED.
1.2 OBJETIVO
1.3 METODOLOGIA
A fim de alcançar os objetivos propostos foi realizada uma pesquisa documental, onde foram
consultados livros, revistas, artigos, monografias, dissertações, teses e sites referentes ao
tema abordado, sendo realizada uma pesquisa bibliográfica. Houve ainda pesquisa nos
principais meios de veiculação de notícias a respeito da reabilitação do conjunto arquitetônico
que deu origem às instalações do Museu de Arte do Rio, e a declarações e publicações feitas
pelas empresas que elaboraram o projeto arquitetônico, executaram a obra e a que prestou a
4
consultoria de sustentabilidade. Além disso, foi feita consulta a documentos disponibilizados
pela gerência do Museu, após uma visita e entrevista com a gerente de operações do espaço.
A partir da abordagem descrita, foi possível chegar ao resultado final, organizado neste
documento e em uma apresentação para divulgação da pesquisa realizada.
Este trabalho é composto de cinco capítulos desenvolvidos de forma a atender aos objetivos
propostos, conforme explicitado a seguir.
O primeiro capítulo trata da introdução do tema, onde são feitas as considerações iniciais, o
objetivo da escolha do tema, metodologia de pesquisa e estruturação do trabalho.
O segundo capítulo tem como objetivo conceituar a reabilitação, no seu nível urbano e do
edifício, além de dar destaque e definir as que são consideradas principais tipologias de
intervenção predial existentes. Também é mostrado um breve panorama da reabilitação
predial no Brasil e seus campos de aplicação, assim como os níveis de intervenção existentes,
principais etapas envolvidas e recomendações de técnicas para o processo.
O quinto e último capítulo expõe as considerações finais do trabalho. É feita, portanto, uma
análise final do atendimento aos objetivos do trabalho e apresentando em seguida suas
referências bibliográficas e um anexo.
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2. CONTEXTUALIZAÇÃO: REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Segundo Oliveira et. al. (2016), a reabilitação possui duas conotações: pode ser encarada
como uma ação no edifício em si, ou de uma maneira mais abrangente, envolvendo a
reestruturação urbana da região onde o edifício está inserido.
No nível do edifício, a reabilitação pode ser entendida como o conjunto de operações que
objetivam aumentar o nível de qualidade dos sistemas de uma edificação, de modo que atinja
conformidade com padrões de exigência funcionais mais rigorosos do que para os quais foi
planejada (APPLETON, 2011). Segundo Maricato (2001 apud CLAPER, 2006), ela consiste
na busca de realização de intervenções mínimas indispensáveis para garantir o conforto
ambiental, a acessibilidade e a segurança estrutural das edificações.
6
Figura 3 – Reabilitação de edifícios no setor da construção civil e suas atividades.
(Fonte: Adaptado de Marques de Jesus, 2008)
Segundo Qualharini (2012), a prática de reabilitação possui múltiplos aspectos, dentre eles,
pode-se citar: o conhecimento da técnica construtiva empregada, a oferta dos materiais
utilizados na construção, o conhecimento da cultura construtiva local e a inserção do bem
edificado no patrimônio histórico. A partir de um estudo destes aspectos é que se conduz a
escolha da opção mais adequada de como se deve reabilitar.
2.1.1 RESTAURAÇÃO
(...) restauração é uma operação que deve ter caráter excepcional. Tem por
objetivo conservar e revelar os valores estéticos e históricos do monumento
e fundamenta-se no respeito ao material original e aos documentos
autênticos. (...) A restauração será sempre precedida e acompanhada de um
estudo arqueológico e histórico do monumento (...) (CARTA DE VENEZA,
1964, p. 2-3).
7
Ainda segundo a Carta de Veneza, a noção de monumento histórico transita na criação
arquitetônica isolada, bem como no sítio urbano ou rural que circunda uma civilização
particular, uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Esta definição não se
limita às grandes obras, mas também a outras benfeitorias que ganharam valor cultural com
o passar do tempo.
Assim, esta prática pode ser resumida como uma atividade interdisciplinar composta por uma
análise histórica crítica ou arqueológica da obra e avaliação técnica de materiais que atuem
na nova situação, respeitando as contribuições de todas as épocas.
2.1.2 REFORMA
A NBR 16280 (2015, p. 8) define reforma de edificação como sendo “ (...) alteração nas
condições da edificação existente, com ou sem mudança de função, visando recuperar,
melhorar ou ampliar suas condições de habitabilidade, uso ou segurança e que não seja
manutenção (...)”.
2.1.3 MANUTENÇÃO
A NBR 15575 (2013, p. 8) dita que manutenção consiste no “(...) conjunto de atividades a
serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e seus
sistemas constituintes, a fim de atender às necessidades e segurança dos seus usuários (...)”.
Segundo Fonseca (2010), as atividades de manutenção podem ser classificadas de acordo
com a estratégia de intervenção em que se inserem, podendo ser corretivas, preventivas,
preditivas e detectivas, conforme resumido a seguir:
2.1.4 RETROFIT
Segundo Cianciardi e Bruna (2004), o retrofit busca a eficiência do edifício em sintonia com o
tempo presente, dentro das limitações físicas de sua antiga estrutura. Ainda, pode apresentar
a vantagem de reduzir do prazo de construção e a adequação geográfica do imóvel dentro do
contexto urbano.
Quando a expansão das áreas urbanas se intensifica, seja de modo espontâneo ou planejado,
a noção de centro urbano se dissolve pelo surgimento de subcentros que passam a competir
9
com o principal. Este processo, segundo Vargas e Castilho (2015), foi responsável pela
aceleração da degradação de centros urbanos que passaram a ser objeto de preocupação na
Europa e na América do Norte, desde 1950. Já no Brasil, esses processos passaram a ser
discutidos de modo mais intenso a partir de 1980.
No final dos anos 80 e início dos anos 90, segundo Moreira (2003, apud CLAPER 2008),
baseada nas tendências dos Estados Unidos e de alguns países da Europa, e no âmbito do
paradigma do desenvolvimento sustentável, observa-se o uso de intervenções de
revitalização de áreas centrais de grandes cidades, refletindo a busca pelo renascimento dos
centros urbanos.
Ao longo do século XX, muitos encontros e ações foram realizados no âmbito da degradação
dos centros urbanos, gerando assim uma noção de consciência de preservação e da forma
que se deve intervir nestas áreas. Desta forma, observa-se um interesse cada vez maior dos
poderes públicos para a melhoria da imagem dos centros das cidades e recuperação de áreas
desvalorizadas. No contexto da cidade do Rio de Janeiro, o programa mais recente de
intervenções para recuperação do centro urbano carioca é o Porto Maravilha, que será
explorado mais a fundo no item 4.1 deste trabalho.
- Quando a recuperação reduz custo em comparação com uma construção nova (MAIA,
2000);
- No caso de uma edificação histórica, a qual cria condições para novas funções e facilita
seu uso (MAIA, 2000).
Edificações são consideradas antigas, segundo Lanzinha (2013), quando possuem 50 anos
ou mais e se encontram no final de sua vida útil. A degradação dos edifícios se dá pelo
envelhecimento dos materiais aplicados, causados pela ação de agentes climáticos e pelo
próprio uso da edificação ao longo do tempo. A manutenção realizada de forma inadequada,
ou até mesmo a sua ausência, também contribui para este estado.
11
que consomem acima do necessário são exemplos de sistemas que demandam atualização.
Esta busca de sistemas prediais mais eficientes ou melhor adequados para uma nova
necessidade é uma prática comumente associada ao retrofit (CROITOR, 2008).
Por fim, tem-se a reabilitação para mudança de uso da edificação, que promove a
possibilidade de a edificação servir aos usuários de uma maneira diferente da qual foi
projetada. Esta mudança pode ser motivada pela dinâmica da economia da região, mudanças
nas leis de zoneamento, programas de revitalização de edificações, localização da edificação
e modelo adotado para expansão urbanística da cidade em que se localiza (CROITOR, 2008).
Para ilustrar as situações apresentadas, pode-se citar o caso do Shopping Jardim Pamplona,
em São Paulo. O conjunto de mais de 40 mil m² foi implantado no local onde funcionava uma
loja de uma rede francesa de hipermercados (figura 5).
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Outra intervenção realizada no centro de São Paulo converteu edifícios em estado de
abandono em depósitos de armazenamento (figura 6). A recuperação do edifício antigo
possibilitou, mais uma vez, a instalação do empreendimento em uma área estratégica da
cidade, tornando o investimento atrativo e atribuindo um novo uso ao bem antes deteriorado.
No ano de 2015, foram inauguradas três unidades em avenidas movimentadas, todas elas em
edifícios submetidos a retrofits.
Já para ilustrar a segunda situação-chave apresentada por Maia (2000), pode-se mencionar
o restauro aliado ao retrofit realizado nas casas da Villa Aymoré (figura 7), no Rio de Janeiro.
Os sobrados, construídos na primeira década do século XX, tombados pelo patrimônio
histórico municipal e incluídos na Área de Proteção do Ambiente Cultural (Apac) da Glória e
do Catete desde 2005, encontravam-se em mau estado de conservação, e um deles havia
desabado. As casas foram recuperadas com o investimento de uma incorporadora, que
transformou o local em um empreendimento imobiliário com salas comerciais para aluguel.
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Figura 7 - Sobrado completamente reconstruído, preservando a arquitetura original.
(Fonte: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/223/artigo365150-1.aspx – Acesso em novembro/2016)
Somado aos aspectos apresentados anteriormente, Qualharini (2012) indica que um alto grau
de intervenções se fizeram e ainda se fazem necessárias nas construções, visando adaptá-
las à proposta de novos materiais construtivos e equipamentos, o que evita o descarte de
edificações.
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Desta forma, estabelece-se um amplo campo de aplicação das intervenções de reabilitação
predial no Brasil, que engloba um grande e variado grupo de agentes interessados e que se
traduz em oportunidades de negócios para as empresas e profissionais do setor da
construção civil.
Para Barrientos (2004), a tentativa de estabelecer níveis é um tanto quanto superficial, já que,
muitas vezes, é difícil prever antecipadamente o grau de intervenção que será adotado ao
longo do desenvolvimento dos trabalhos. Por outro lado, essa graduação permite que se tenha
a ideia da magnitude dos trabalhos a serem desenvolvidos.
Aguiar et. al. (2002, apud Marques de Jesus, 2008) indica que a classificação de níveis de
intervenção permite ainda estabelecer critérios e criar instrumentos gerais de gestão técnica
e financeira que visam facilitar a tomada de decisões, possibilitando uma noção aproximada
quanto aos prováveis patamares de custo das operações.
Paiva et. al. (2006) propõem em sua publicação quatro níveis de intervenção, sendo eles:
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2.3.1 REABILITAÇÃO LIGEIRA
Estas ações atuam sobre edifícios cujo estado geral de conservação pode ser considerado
satisfatório ou razoável. Em geral não são necessários reparos em elementos estruturais ou
substituição/transformação de soluções construtivas espaciais existentes. Também não se
obriga, normalmente, o realojamento provisório dos usuários durante a intervenção (PAIVA
et. al., 2006)
No âmbito dos pequenos reparos nas edificações, podem-se citar os seguintes casos
(REABILITA, 2007; PAIVA et. al., 2006):
Assim como na reabilitação ligeira, na maior parte dos trabalhos envolvidos é possível manter
os moradores nas suas habitações, exceto em casos pontuais, em que se efetuem operações
que implicam maior grau de incomodidade ou risco. Nestes casos, é provável que haja a
necessidade de se providenciar o realojamento provisório dos usuários, por breves períodos
(REABILITA, 2007; PAIVA et. al., 2006).
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São exemplos da reabilitação média:
O nível 3 consiste numa obra de porte maior, com reconstrução ou restituição parcial,
seguindo parcialmente ou totalmente a concepção arquitetônica original (gabarito de altura,
volumetria, etc). A reabilitação profunda engloba os tipos de alterações citadas anteriormente
e outras de igual dimensão, que implicam em demolições e reconstruções significativas. Estas
ações podem ir desde pavimentos e paredes divisórias até a resolução de problemas
estruturais, e beneficiação e reestruturação das partes comuns, incluindo as comunicações
verticais e horizontais à substituição generalizada de elementos de carpintaria, e ainda, à
execução de novos revestimentos (REABILITA, 2007; PAIVA et. al., 2006).
Este tipo de intervenção obriga geralmente à desocupação dos edifícios para efetuar os
trabalhos necessários, o que provoca a necessidade de realojar os usuários por períodos de
tempo significativos. Além dos trabalhos descritos para os dois níveis anteriores, a reabilitação
profunda compreende, de uma forma geral (PAIVA et. al., 2006):
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- Introdução de significativas alterações na distribuição e na organização interior dos
espaços nos edifícios;
- Reparação de elementos construtivos deteriorados que possam colocar em risco a
segurança dos usuários (como por exemplo, escadas, paredes divisórias e elementos
da estrutura da cobertura);
- Introdução ou a adaptação de espaços nos alojamentos para criar instalações e
equipamentos em falta.
Por fim, o nível 4 corresponde a uma intervenção de natureza excepcional, com um grau de
desenvolvimento muito profundo, que ultrapassa, nas obras de reparação e melhorias, os
exemplos anteriormente dados. Destarte, estas intervenções tem de ser muito bem
ponderadas em função do uso potencial do edifício e do seu valor patrimonial (PAIVA et. al.,
2006).
Antes da tomada de decisão de ordem prática, é necessário obter uma ideia inicial da
qualidade e do estado de conservação da edificação. Em geral, esta fase – denominada pré-
diagnóstico – possui custo reduzido, engloba inspeção visual e alguns levantamentos
dimensionais superficiais que forneçam a informação mínima necessária para elaboração de
um anteprojeto. Devem ser realizadas investigações documentais assim como a observação
das plantas existentes, acompanhadas por uma avaliação no local (QUALHARINI e
BARRIENTOS, 2004).
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A partir destas análises preliminares, cabe ao profissional optar pela possibilidade que melhor
se adequa à situação. Assim, surgem as alternativas propostas a seguir:
Já para Appleton (2011), ainda na etapa de diagnóstico deve-se apresentar uma avaliação do
estado de conservação dos elementos, componentes e instalações do edifício como um todo,
além das soluções construtivas e um registro sistemático de anomalias. As soluções
tecnológicas de intervenção no edifício apresentadas são essenciais para dar início a
elaboração do projeto de reabilitação.
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- Aprovação do projeto junto aos órgãos competentes: com o projeto completo
elaborado, é necessária a aprovação dos órgãos competentes. É exigida sua
padronização conforme especificações dos órgãos municipais, estaduais e federais, no
devido número de vias e acompanhado das documentações necessárias. No caso de
pequenos reparos, não há necessidade de aprovação de projetos, muitas vezes
somente é exigido alvará e/ou autorização e pagamento de taxa de liberação dos
serviços (REABILITA, 2007).
Vale ressaltar que o processo de reabilitação de um edifício segue uma lógica de construção
diferente daquela seguida por construções novas/tradicionais. Tratam-se de edifícios com
materiais e procedimentos construtivos específicos, que já sofreram diversas intervenções e
diferentes ocupações e usos (CLAPER e SALGADO, 2008). O Quadro 1 lista algumas
semelhanças e diferenças entre a construção tradicional e a reabilitação.
21
Quadro 1b - Semelhanças e diferenças entre obra tradicional e de reabilitação.
No contexto da atuação em edifícios com valor cultural e histórico, Claper e Salgado (2008,
p. 3) indicam que é habitual que os estágios de execução da obra envolvam mudanças
motivadas por adequações e detalhes construtivos, dentre outras. Ademais, as autoras
ressaltam que: “(...) a complexidade do processo que conta com diversos atores e
intervenientes faz com que o processo de construção necessite de correções constantes que
requerem a troca de informações entre os intervenientes (...)”. Desta forma, um ambiente tão
diverso de atuação requer um tratamento diferenciado por parte da equipe técnica e, nesse
sentido, adaptações e ajustes precisam ser realizados no processo de construção (CLAPER
e SALGADO, 2008).
22
Devido a estes fatores, a comunicação entre os projetistas e fiscalização da obra deve ocorrer
constantemente. Recomenda-se, também, o acompanhamento contínuo das tarefas e
treinamento e orientação das equipes de trabalho para minimizar erros no andamento da
execução conforme o cronograma estabelecido (REABILITA, 2007).
Chega-se então à quarta e última parte, denominada gestão da ocupação. Nela é estabelecido
o modelo de gestão que será adotado para o funcionamento da edificação, baseado nas
características do imóvel e de seus usuários. Também são elaborados manuais de
recomendações de operação/manutenção e com as boas práticas de gestão das unidades
reabilitadas e seus equipamentos. Estes manuais têm como objetivo instruir proprietário e
usuários quanto a melhor forma de utilização das edificações contendo instruções para
limpeza, segurança e manutenção física da edificação. Consequentemente, contribuem para
reduzir problemas pertinentes à sua conservação (REABILITA, 2007).
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edificação, com efeito eficiente de cintagem1 no nível dos pavimentos e melhorar
ligações dos pavimentos às paredes e ligações entre paredes. É recomendada a
elaboração de um laudo estrutural para verificar as condições da edificação.
- Coberturas: em edifícios antigos é comumente encontrada cobertura do tipo inclinada
com estrutura de madeira. Já em edifícios recentes, a maioria é em concreto armado ou
em elementos pré-fabricados de concreto e/ou metálicos, com revestimento superior em
telhas cerâmica ou concreto. Em lajes de cobertura é realizada a impermeabilização,
com manta asfáltica e posterior aplicação de concreto vassourado, entre outras muitas
soluções (REABILITA, 2007 e CADERNO DE SÍNTESE TECNOLÓGICA –
REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS, 2015).
- Paredes: podem possuir função estrutural e apresentar irregularidades geométricas e
cavidades/vazios interiores. São caracterizadas por grande heterogeneidade, que
resulta na diversidade nos materiais e técnicas construtivas. As principais técnicas, a
utilizar dependendo do caso, são o fechamento de juntas, rebocos armados,
confinamento transversal com uso de conectores ou pregos, injeção de caldas,
desmonte e reconstrução ou soluções mistas (REABILITA, 2007 e CADERNO DE
SÍNTESE TECNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS, 2015).
- Fundações: reforço e manutenção das fundações existentes, utilizando técnicas
compatíveis com os condicionamentos de espaço e de acessos existentes,
considerando os resultados de um laudo estrutural.
- Vãos envidraçados: consistem no conjunto constituído pelas portas, janelas e
respectivos sistemas de proteção solar. A intervenção deve assegurar as características
básicas de desempenho como estanqueidade à água, redução de infiltrações de ar e
resistência mecânica. Podem ocorrer reparações ou substituição dos elementos.
- Pisos: recuperação de pisos quando há possibilidade de reaproveitamento de peças,
ou retirada e substituição. Recomenda-se a inspeção visual e avaliação das
características com uso de equipamentos auxiliares de diagnóstico.
- Instalações elétricas e de telecomunicações: em muitos edifícios construídos, a
infraestrutura de telecomunicações ou não existem ou não estão de acordo com as
normas vigentes, exigindo readequação. No caso de instalações elétricas, elas podem
se mostrar ineficientes ou até mesmo oferecer riscos para segurança dos usuários. São
utilizadas para substituição tubulações em PVC e fiações completamente novas.
1Cintagem pode ser entendido como o efeito proveniente de confinamentos laterais nas estruturas,
contrariando uma possível desarticulação.
24
- Instalações hidráulicas e de esgoto: em caso de remodelação, deve ser comprovada
a suficiência da capacidade hidráulica das canalizações e eventuais instalações
complementares. Normalmente é feita a reabilitação integral dos sistemas, cujo
custo/benefício se mostra positivo. Tubulações em PVC completamente novas são
usualmente empregadas.
- Instalações mecânicas: pode ser feita a recuperação de elevadores existentes ou
substituição dos mesmos.
Figura 10 - Uso de sobre cobertura provisória para intervenções no telhado de uma igreja.
(Fonte: Construtora Biapó, 2015)
Nos processos de reabilitação, o uso de dutos (shafts) tem sido empregado para atender as
novas necessidades de instalações elétricas e hidráulicas. Ele pode ser instalado na fachada
ou nas laterais da edificação, fazendo uso de tratamento arquitetônico que não seja notado.
Considerações quanto ao canteiro de obras, fluxo de materiais e produção de resíduos
também são relevantes. A falta de planejamento adequado para estabelecer o layout do
canteiro de obras pode levar a dificuldades no abastecimento de suprimentos, que são ainda
mais agravadas pela limitação de espaço livre e disponível. As demolições também são muito
recorrentes e, uma solução para a grande produção de resíduos seria a reutilização destes
materiais em outros locais, ou ainda o reaproveitamento de revestimentos, a não retirada de
instalações prediais optando pelo uso de sistemas aparentes, entre outros (REABILITA,
2007).
25
3. CONTEXTUALIZAÇÃO: SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
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Em 1983 foi criada a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU,
10 anos após a Conferência de Estocolmo. Esta comissão elaborou o Relatório Brundtland,
documento que definiu que “ (…) desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que
satisfaz as necessidades no presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras
em satisfazer suas próprias necessidades (...)” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS,
1987, p. 41, tradução nossa). Neste contexto, o documento apontou algumas medidas para
melhorar a sustentabilidade, entre as quais destacam-se: necessidade de limitação do
crescimento populacional; utilização de fontes de energia renováveis; diminuição do consumo
de energia; controle da urbanização desordenada; aumento da produção industrial nos países
emergentes com uso de tecnologias ecologicamente corretas (ORGANIZAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS, 1987). As recomendações do documento, publicado com o título “Nosso
Futuro Comum”, levaram à realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em junho de 1992 no Rio de Janeiro - também
chamada de Cúpula da Terra, Rio-92 e ECO-92.
Considerado o evento mais importante do século XX, a Conferência reuniu mais de cem
chefes de Estado e representantes de cento e oitenta países, indicando a importância e
preocupação das nações com o desenvolvimento sustentável. Dentre os documentos oficiais
elaborados na Conferência, destaca-se a Agenda 21, assinada pelos 179 países participantes
do evento. Representa um importante instrumento para auxiliar as políticas de
desenvolvimento sustentável, funcionando como uma ferramenta de planejamento para
construção de sociedades sustentáveis, à nível global, que concilia métodos de proteção
ambiental, justiça social e eficiência econômica. Possui desmembramentos em nível nacional
e local:
27
responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na
implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações.
Em 2012, a Rio +20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
teve como objetivo a renovação do engajamento político com o desenvolvimento sustentável,
através da análise dos progressos atingidos e das falhas na implementação das decisões
adotadas pelas principais cúpulas, contribuindo, assim para a definição da agenda do
desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O evento, que marcou os vinte anos
da realização da Rio-92, teve dois temas principais: a estrutura institucional para o
desenvolvimento sustentável e a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável
e da erradicação da pobreza.
Desta forma, a construção sustentável pode ser entendida como “(...) um processo holístico
que objetiva restaurar e manter a harmonia entre os ambientes natural e construído e criar
estabelecimentos que confirmem a dignidade humana e incentivem a igualdade econômica
(...)” (CIB, 2002, p.8, tradução nossa). Isto implica em uma visão sistêmica no que diz respeito
à construção e gestão da construção, durante todo o ciclo de vida do empreendimento. Não
se limita apenas aos novos projetos de construção orientados para o ambiente, mas também
aos procedimentos de operação e manutenção, e na escolha e produção dos materiais de
construção, que devem ser ambientalmente amigáveis (CIB, 2002).
De acordo com CIC (2008), a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – ASBEA,
o CBCS e outras instituições apresentam alguns princípios básicos para construção de
empreendimentos sustentáveis, dentre os quais se podem destacar:
29
- Utilização mínima do terreno e a integração da construção com o meio ambiente;
- Implantação e a análise do entorno;
- Redução dos impactos no entorno, entre os quais paisagem, temperaturas,
concentração de calor e sensação de bem-estar;
- Preocupação com a qualidade ambiental interna e externa;
- Gestão sustentável da implantação da obra;
- Adaptação às necessidades atuais e futuras dos usuários;
30
3.3 CICLO DE VIDA DAS EDIFICAÇÕES
Para o setor da construção civil (ao contrário de produtos que podem ter vida útil de semanas
ou meses), em geral, as obras de engenharia são caracterizadas por uma vida útil que se
estende por alguns anos, décadas ou mesmo séculos. Logo após a colocação em serviço, um
edifício e seus sistemas e componentes iniciam um processo gradual de perda de
desempenho, até o momento em que deixam de atender aos requisitos e exigências para os
quais foram feitos (CADERNO DE SÍNTESE TÉCNOLÓGICA – REABILITAÇÃO DE
EDIFÍCIOS, 2015). Sob esta ótica, a NBR 15575 (2013, p. 10) elucida que a vida útil é: “(...)
período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as
quais foram projetados e construídos, (...)”, e não equivale ao prazo de garantia legal ou
contratual da edificação. A vida útil pode ser dividida em três grupos, conforme Gaspar e Brito
(2009) apontam:
- Vida útil física (durabilidade): período de tempo durante o qual o edifício ou parte de
seus elementos ou sistemas se mantém de acordo com o nível requerido de adequação
às exigências que lhe são colocadas. Ou, ainda, que permita acolher e responder a
novos usos, sem sofrer desgaste físico irreversível para além de uma manutenção
corrente ou de investimentos equivalentes ao custo de reposição do elemento (GASPAR
e BRITO, 2009);
- Vida útil econômica: define-se como o período de tempo que decorre até que uma
construção seja substituída por outra ou por uma atividade mais rentável; ou enquanto
mantiver uma relação de custo benefício anual inferior às alternativas; ou, ainda até o
abandono da construção. Isto é, mesmo que um edifício mantenha a sua integridade
física - atendendo aos níveis mínimos de desempenho - por vezes torna-se
economicamente inviável a sua manutenção, seja pela insuficiência dos rendimentos
gerados, seja pela existência de alternativas mais rentáveis de ocupação do espaço
associado à construção (GASPAR e BRITO, 2009);
- Vida útil funcional: consiste no período de tempo durante o qual uma construção ou
partes dela suporta uma utilização, independentemente do fim para que foi concebida,
sem obrigar a grandes alterações. Pode estar diretamente ligada à noção de
obsolescência (do edifício ou das suas partes), entendida como “ (...) uma perda de
desempenho destes não por incapacidade de responderem às exigências para as quais
31
foram originalmente concebidos, mas por não acompanharem a evolução das
exigências dos utentes (..)” (GASPAR e BRITO, 2009, p. 5).
Segundo Degani e Cardoso (2002), o ciclo de vida de uma edificação tem início no seu
planejamento. Nesta fase são realizados os estudos de viabilidade, além de serem elaborados
os projetos e o cronograma das atividades construtivas. O processo de construção da
edificação tem um ciclo que envolve estágios de desenvolvimento ilustrados conforme a figura
13.
Quando o bem construído é inutilizado, passa por um processo de desmonte, muitas vezes
para dar lugar a outro empreendimento e começar, então, outro ciclo de vida. É recomendável
que a etapa de demolição leve em consideração as práticas de reciclagem e reutilização, além
da disposição em locais apropriados para recebe-los.
32
Na esfera ambiental destaca-se a redução de velocidade do fluxo de materiais, que resulta na
redução da demanda por matérias-primas, geração de resíduos e de todos os impactos
associados ao seu processamento e transporte (AGOPYAN e JOHN, 2011).
Entende-se, assim, que uma vida útil mais longa conduzirá à economia de extração de
matérias-primas da natureza para a fabricação de novos produtos utilizados na construção de
uma nova edificação.
O benefício econômico reside no fato de que qualquer produto, inclusive a construção, presta
um serviço. A durabilidade das partes substituíveis deve ser considerada na escolha dos
materiais e sistemas empregados na intervenção, pois afetará os custos de manutenção
envolvidos. A solução ótima do ponto de vista da economia precisa ser avaliada utilizando-se
o conceito de custo global, e não necessariamente consiste na mais barata ou com maior vida
útil (AGOPYAN e JOHN, 2011).
Por fim, é indiscutível a relação da vida útil das construções e seu significado social. Os
clientes (pessoas físicas, empresas ou órgãos estatais) não possuem, muitas vezes,
capacidade técnica de estimar a vida útil do bem adquirido. Caso a expectativa seja maior do
que a realidade, podem ocorrer prejuízos aos usuários tanto na forma de custos inesperados
e elevados de manutenção, como na forma de perda dos investimentos empregados na
construção ou recuperação do imóvel (AGOPYAN e JOHN, 2011).
Neste contexto, as intervenções nos edifícios existentes são executadas com o objetivo de
maximizar seu ciclo de vida, de forma a readequá-los às necessidades dos novos usuários,
tornando-os funcionais para o tempo presente (CIANCIARDI e BRUNA, 2004).
A necessidade de otimizar e gerir os recursos naturais para diminuição dos impactos no meio
ambiente estimulou a criação de conceitos e diretrizes a serem considerados em todas as
etapas do ciclo de vida do empreendimento, etapas estas apresentadas no item 3.3 deste
trabalho.
Apesar de não existir uma classificação formal por este ângulo, Rodrigues et. al. (2010)
indicam que os processos de avaliação ambiental podem ser divididos em duas categorias.
Uma delas consiste nos recursos de avaliação com ênfase no desenvolvimento de uma
metodologia abrangente e com fundamentação científica, que permita orientar o
desenvolvimento de novos sistemas. Por ser direcionada para pesquisa, sua utilização no
mercado torna-se dificultada.
Já na outra categoria, seu desenvolvimento se dá de modo que seja facilmente absorvida por
projetistas, atenda as demandas do mercado e se estabeleça como um indicativo do
reconhecimento do mercado sobre os esforços dispensados para melhorar a qualidade
ambiental de projetos, execução e gerenciamento operacional. Possui configuração mais
simples e prática, e está vinculada a algum tipo de certificação de desempenho (RODRIGUES
et. al., 2010).
Segundo Silva (2004 apud PINHEIRO, 2006), estas formas consideradas práticas para avaliar
e reconhecer a construção sustentável tornam-se cada vez mais presentes nos diferentes
países, destacando-se os sistemas de avaliação voluntários de mercado. O quadro a seguir
apresenta as principais certificações existentes e seus países de origem.
Quadro 2 - Sistemas de Certificação Ambiental de Edificações
34
Neste sentido, o objetivo da certificação é promover a conscientização de todos os envolvidos
no processo, desde a fase de projeto, passando pela construção até o usuário final. Em todas
as etapas são incorporadas soluções que irão viabilizar uma redução no uso de recursos
naturais, promovendo conforto e qualidade para seus usuários. Podem estar associadas a um
maior investimento de início, porém acarretam em custos operacionais mais baixos,
valorizando o imóvel, sendo mais saudável para seus usuários, conservando água e energia
e reduzindo a emissão de gases (VALENTE, 2009).
Entretanto, ainda segundo Agopyan e John (2011), certificado não é sinônimo de ótimo. O
significado prático da utilidade de certificados e selos depende da abrangência e relevância
das regras com as quais foi analisado. Depende, também, do rigor da frequência e da isenção
do processo de verificação e de quem faz a inspeção.
35
O Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações (PROCEL Edifica) foi instituído
pela Eletrobrás, e busca promover o uso racional da energia elétrica em edificações desde
sua fundação, com o objetivo de incentivar a conservação e o uso eficiente dos recursos
naturais (água, luz, ventilação, etc) nas edificações. Possui quatro categorias de avaliação
principais: envoltória, iluminação, condicionamento de ar e aquecimento de água, que são
ponderadas de acordo com regulamentos específicos, publicados pelo Inmetro, de forma a
comprovar o nível de eficiência alcançado pelo edifício. A eficiência pode variar de A (mais
eficiente) a E (menos eficiente), e a qualificação pode ser concedida a edifícios comerciais,
de serviços, públicos e residenciais.
O Selo Casa Azul é uma classificação socioambiental para projetos habitacionais financiados
pela Caixa, que busca reconhecer os empreendimentos que adotam soluções mais eficientes
aplicadas à construção, incentivando a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno.
Foi desenvolvido especificamente para o mercado residencial brasileiro, com o diferencial de
ser aplicável também a projetos habitacionais de baixa renda – situação na qual os títulos
importados dificilmente se adaptariam. Para receber o Selo, é necessário que sejam atendidos
19 critérios obrigatórios e, de acordo com o número de critérios opcionais seguidos, o projeto
ganha o selo nível bronze, prata ou ouro.
O sistema de certificação LEED, representado no Brasil pelo Green Building Council Brasil
(GBCB), é constituído por uma lista de verificação (checklist) que atribui créditos para o
atendimento de critérios pré-estabelecidos que permeiam as fases de projeto, construção ou
gerenciamento, contribuindo para reduzir os impactos ambientais de edifícios.
O exemplo de aplicação deste trabalho obteve a certificação LEED versão 3, e, por se tratar
da tipologia mais difundida e com maior número de adeptos no mercado brasileiro, serão
discutidos mais a fundo os parâmetros e etapas para sua implementação no tópico a seguir.
O desenvolvimento do LEED pelo USGBC (United States Green Building Council) nos
Estados Unidos aconteceu em meados da década de 1990. Seu objetivo inicial era o de
facilitar a assimilação dos conceitos de construção ambientalmente responsável por parte dos
profissionais e da indústria de construção americana, além de proporcionar reconhecimento
no mercado pelos esforços investidos para esta finalidade. Sua versão piloto – denominada
LEED 1.0 - foi lançada nos Estados Unidos em 1998 e testada em um grupo de edifícios
36
selecionados. Foram certificados 20 edifícios, que atingiram uma classificação que
originalmente era platina, ouro, prata ou bronze (modificada posteriormente para “certificado”).
O LEED 2.0 foi lançado em 2000 como uma mudança drástica da LEED 1.0, e se ofereceu ao
mercado de construção como um sistema final e operacional mais amplo de avaliação. Duas
variações desta versão foram lançadas: em 2002, com o início do processo de avaliação para
um tipo específico de construção, e em 2005, e com a criação de uma plataforma online para
submissão de documentação (KIBERT, 2013).
Em 2007 foi criado o Green Building Council Brasil, órgão não governamental vinculado ao
USGBC. No mesmo ano, o primeiro certificado foi emitido para uma agência do Banco Real
na Granja Viana, em São Paulo, que alcançou 33 pontos de um ranking de 38 pontos, com a
versão 2.2 Silver. Dados da GBCB afirmam que, até o ano de 2016, 1.224 projetos foram
registrados, dos quais 393 já são certificados no Brasil (GBCB, 2016). O papel do GBCB é
disseminar a certificação LEED por meio de cursos e palestras, enquanto trabalha junto ao
USGBC para regionalizá-la e torná-la acessível com a determinação de créditos de prioridade
regional e formas complementares de atendimento aos créditos. Este órgão não concede a
certificação LEED, não presta consultoria nem realiza a intermediação da certificação
(SIQUEIRA, 2015).Em 2008, foi criado o Green Building Certification Institute (GBCI), ligado
ao USGBC, que passou a ser o responsável por todo o processo de certificação e pelos
exames de profissionais acreditados: os Leed Accredited Professionals (Leed APs) e Leed
Green Associates (SIQUEIRA, 2015). Em 2009 foi lançada a LEED v3, que possui como
grande diferença a incorporação das necessidades com cuidados nas instalações dos
canteiros, que não existia nas versões anteriores. Uma versão totalmente nova do LEED
Online também foi lançada para facilitar a comunicação entre as equipes de projeto e os
organismos de certificação (KIBERT, 2013).
O processo LEED abrange um guia e uma lista de verificação de projeto. Esta lista de
verificação divide-se em sete dimensões de avaliação que, por sua vez, se dividem num
conjunto de subitens pontuáveis. As dimensões a serem avaliadas são:
37
Quadro 3b - Dimensões da Certificação LEED a serem avaliadas nas edificações.
Cada categoria apresentada possui créditos de caráter voluntário (livre escolha) e adaptáveis
dependendo da sua viabilidade em relação ao projeto. Também é necessário cumprir um
conjunto de critérios de desempenho de caráter obrigatório para elegibilidade da certificação.
Os diferentes níveis de pontuação ou créditos obtidos na avaliação podem conferir quatro
possibilidades de selos LEED, apresentados na figura 14.
38
Certified Silver Gold Platinum
40 a 49 pontos 50 a 59 pontos 60 a 79 pontos 80 a 110 pontos
39
Posteriormente, a candidatura é efetivada e toda a documentação necessária que apresenta
os pré-requisitos e créditos de cada etapa da construção é enviada para análise, feita por uma
empresa auditora. Ao final das obras, estando a documentação em sua totalidade corrigida,
atualizada e inserida na plataforma, referentes às fases de projeto e de construção,
acontecerá a revisão final. É definido, por fim, se será ou não concebido o certificado ao
empreendimento (LEITE, 2011).
Recentemente foi lançada a versão 4, que passou a ser obrigatória em outubro de 2016.
Apesar da atualização, no que tange ao trabalho aqui apresentado, os conceitos empregados
não se modificaram de forma profunda. Todos os novos projetos que buscarem a certificação
LEED terão que usar essa versão, que sofreu alterações que aperfeiçoaram seu rigor técnico,
ampliando os setores de mercado capazes de usar LEED e melhorando a clareza e interface
dos sistemas de classificação (USGBC, 2016).
40
4. EXEMPLO DE APLICAÇÃO: MUSEU DE ARTE DO RIO
No início do século XX o Rio de Janeiro passava por graves problemas sociais decorrentes
de seu rápido e desordenado crescimento. Com estrutura ainda de cidade colonial, era
carente de transporte, abastecimento de água, rede de esgotos, programas de saúde e
segurança para atender aos, aproximadamente, um milhão de habitantes que possuía na
época. A reforma urbana de Pereira Passos, prefeito da cidade do Rio de Janeiro no período
de 1902 a 1906, visou o saneamento, o urbanismo e o embelezamento da cidade, conferindo
ao Rio de Janeiro ares de cidade moderna e cosmopolita (GOMES, 2014).
No contexto das reformas realizadas pelo Prefeito Pereira Passos no início do século XX, o
novo porto foi construído pelo Governo Federal entre 1903 e 1910 como parte importante da
intervenção física e urbanística que fora implementada. A característica marcante da proposta
do novo porto foi a faixa de solo criada com o aterro, destinada a construção do cais do porto
e que também foi utilizada para a implantação de edificações com atividades ligadas direta ou
indiretamente ao porto com uso mercantil e industrial. O aterro foi executado como projeto de
intervenção urbana, e definiu a tipologia de ocupação e das estruturas viárias e fundiárias
(GOMES, 2014).
Esse cenário começou a mudar com a Lei Municipal nº 101/2009, que estabeleceu a
Operação Urbana Consorciada da Área de Especial Interesse Urbanístico da Região Portuária
do Rio de Janeiro. Desta forma, o Projeto Porto Maravilha estabeleceu-se como uma operação
urbana consorciada com o objetivo de revitalizar a região portuária do Rio de Janeiro e
reintegrá-la à cidade, tendo como metras a recuperação completa da infraestrutura urbana,
de transportes e meio ambiente da região de acordo com os novos usos do solo previstos,
melhoria das condições habitacionais da população existente e atração de novos moradores
para a região, criação de um novo Pólo Turístico para o Rio de Janeiro, com a recuperação
do patrimônio histórico e cultural já existente e a implantação de novos equipamentos culturais
e de entretenimento, atração de sedes de grandes empresas, empresas de tecnologia e
inovação, modernização e incremento da atividade portuária de carga e do turismo marítimo
(PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, 2009).
A ampla dimensão territorial do projeto (figura 12), uma área de cinco milhões de metros
quadrados, que tem como limites as avenidas Presidente Vargas, Rodrigues Alves, Rio
Branco e Francisco Bicalho, demonstra a abrangência da transformação local que está sendo
empreendida. Também se impõe como um local estratégico, pois é a porta de entrada e saída
da cidade, assim como é o acesso aos aeroportos e pontos turísticos.
A reconfiguração dessa área foi feita com a parceria dos governos estadual e federal,
integrando diversas instâncias da administração pública. As iniciativas realizadas foram
coordenadas pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de
Janeiro (CDURP), empresa de economia mista controlada pela Prefeitura. A CDURP tem
como principais funções implementar e gerir a concessão de obras e serviços públicos na
região, além de administrar os recursos patrimoniais e financeiros referentes ao projeto.
As obras da primeira fase do projeto, que incluíram a construção de novas redes de água,
esgoto e drenagem nas avenidas Barão de Tefé e Venezuela e a urbanização do Morro da
Conceição, além da restauração dos Jardins Suspensos do Valongo, já estavam finalizadas.
42
Já em julho de 2012, a segunda fase das obras foi iniciada, promovendo a reurbanização
completa até 2016 (PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, 2015).
Além da criação de novas condições de trabalho, moradia, transporte, cultura e lazer para a
população, o desenvolvimento econômico da região é estimulado por meio dessa
transformação. Políticas públicas como coleta seletiva de lixo e iluminação pública eficiente e
econômica proporcionam uma melhor qualidade de vida para os moradores e está permitindo
que a região se desenvolva em harmonia com o meio ambiente. O novo planejamento urbano
portuário inclui também importantes mudanças viárias: a demolição do Elevado da Perimetral,
a criação de novas vias, como a Binário do Porto, a reurbanização de 70 quilômetros de vias
e a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O VLT inclui 28 quilômetros de vias,
com 42 paradas, das quais quatro permitem interligar locais-chave da cidade, como a
Rodoviária Novo Rio, o terminal ferroviário da Central do Brasil, as barcas da Praça XV e o
Aeroporto Santos Dumont. Estima-se que 250 mil pessoas usarão o VLT por dia, ao longo de
suas seis linhas, facilitando a mobilidade na região central.
43
4.2 HISTÓRICO DOS E DIFÍCIOS
O Palacete Dom João VI e o edifício modernista conhecido por como Terminal Rodoviário
Mariano Procópio, formam o complexo arquitetônico do Museu de Arte do Rio. Os prédios
ocupados, em seus tempos áureos, tiveram grande importância na região.
O Palacete Dom João VI foi construído entre 1913 e 1916, logo após a conclusão da
expansão portuária ocorrida no Rio de Janeiro, que data de 1908. Situado na Praça Mauá
nº 10, foi erguido para sediar a Inspetoria de Portos, Rios e Canais, transformada em
Empresa Brasileira de Portos (Portobrás) na década de 70. O edifício, de estilo arquitetônico
eclético, era destinado a funções administrativas até a década de 80.
44
No entanto, esta atribuição não foi suficiente para garantir sua preservação. Em 2004, o então
prefeito Cesar Maia foi procurado pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira, que tinha a intenção
de comprar o prédio. Na ocasião, o imóvel passava por um processo de desapropriação pela
prefeitura, que foi cancelado. Entretanto, com a liquidação do Banco Santos e a prisão de
Edemar, a situação ficou submetida a um imbróglio judicial. Em 2005, o Fundo de Pensão
Portus e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciaram a
intenção de recuperar o prédio e instalar ali um centro cultural, mas o projeto também não se
consolidou. Com o seu abandono, o palácio sofreu com a ação do tempo, o vandalismo e a
ocupação irregular. Eram visíveis os sinais desta condição, como falta de esquadrias e danos
no telhado, como pode ser visto na figura a seguir.
O edifício modernista, cuja área com pilotis era ocupada pela bilheteria do Terminal
Rodoviário (figura 19), tem sua construção datada no início da década de 1940. Possuía
ainda outros seis andares e sua fachada era marcada por esquadrias que formavam grandes
panos envidraçados horizontais. Abrigava também o Hospital da Polícia Civil José da Costa
Moreira e algumas salas de escritórios.
45
Figura 19 - Terminal Rodoviário Mariano Procópio, antes das intervenções.
(Fonte: http://masaokamita.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html - Acesso em janeiro/2017)
Como uma das âncoras do Projeto Porto Maravilha, a história das duas edificações ganhou
um novo capítulo. O empreendimento foi iniciado no final de 2009, a princípio para restaurar
apenas o palacete, transformando-o em uma pinacoteca. Entretanto, percebeu-se que o
projeto poderia ser muito maior, agregando o prédio vizinho, a fim de transformá-lo em uma
escola de arte. Desta forma, os edifícios de perfis heterogêneos foram interligados e passaram
a constituir as instalações do Museu. As intervenções realizadas se enquadram no nível
excepcional e seguiram recomendações de técnicas para a reabilitação. No próximo item,
serão descritas as ações realizadas principalmente nas etapas de projeto e gestão da
produção do empreendimento.
Em 2010, como resultado de uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho e a Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro, tiveram início as obras de restauração do palacete e retrofit do
conjunto, após a etapa de diagnóstico dos imóveis e estudos de projeto. A proposta para cada
46
construção foi analisada considerando os diversos níveis de tombamento e preservação e,
com estilos arquitetônicos e histórias completamente diferentes, o primeiro desafio encontrado
foi o de criar uma identidade visual entre eles.
Uma das premissas de projeto era que o MAR apresentasse um símbolo, uma espécie de
marco arquitetônico, que mostrasse que a região portuária do Rio de Janeiro estava em
transformação (informação verbal)2.
Assim, surgiu a ideia de unir as duas edificações por meio de uma praça, uma passarela e
uma cobertura fluida - que é considerada o traço mais marcante do projeto – transformando-
as em um conjunto harmônico.
2
Informação fornecida por Bernardo Jacobsen, um dos arquitetos do então escritório Bernardes +
Jacobsen Arquitetura, que elaborou os projetos arquitetônicos do Museu de Arte do Rio, em entrevista
à “Galeria da Arquitetura” em julho de 2014.
47
confecção, buscou-se a mão-de-obra nas escolas de samba do Rio de Janeiro, que possuem
escultores especializados em manusear este tipo de material.
48
MUSEU
TERRAÇO
RESTAURANTE
AUDITÓRIO
ESCOLA DO OLHAR
ADMINISTRAÇÃO
Para que o Museu e a Escola funcionassem de forma integrada e eficiente, foi proposto o
seguinte fluxo: o acesso seria feito pelo térreo do edifício modernista, através de um elevador
que conduzisse os visitantes até a praça suspensa em sua cobertura. Desta forma, a visitação
ao pavilhão de exposições é feita de cima para baixo, conforme indica a figura 23.
Escola do Olhar
Pavilhão de Exposições
Acesso ao
público
Figura 25 – Passarela entre os dois prédios, vista externa (direita) e interna (esquerda).
(Fonte: http://www.bernardesarq.com.br/pt-br/projeto/museu-de-arte-do-rio - Acesso em janeiro/2017)
Neste pavimento, foi adotada uma nova volumetria que inclui reserva técnica, uma loja/café,
bilheteria, área de técnica e uma grande praça, permanecendo apenas as estruturas e a laje
original. Todas as instalações – elétricas, hidráulicas, hidro sanitárias, de lógica e ar
condicionado – foram refeitas. Além disso, todos os andares do prédio possuem sanitários
adaptados para pessoas com necessidades especiais.
51
com revestimento laminado melamínico. As esquadrias instaladas na fachada voltada
para Praça Mauá, possuem 2 folhas de correr e uma fixa, com pintura eletrostática de
cor branca e vidros laminado transparentes com espessura de 10mm.
Figura 26 - Sala de aula da Escola do Olhar - fachada voltada para a Praça Mauá.
(Fonte: https://jacobsenarquitetura.com/projetos/mar-museu-de-arte-do-rio/ - Acesso em janeiro/2017)
- Escada helicoidal: executada para dar acesso do público entre o quinto e sexto
pavimento, em estrutura metálica que recebeu pintura em tinta esmalte sintético e pisos
revestidos em madeira com acabamento acetinado.
52
- Passarela acesso ao Palacete: estrutura metálica com vedações em chapas de
alumínio acústica dupla em pintura eletrostática branca. Internamente, o piso de chapas
metálicas foi revestido com réguas de madeira e o teto com placas de gesso acartonado,
ambas com mesmas características das utilizadas no interior do palacete, descritas no
item 4.3.3.
53
Telhados e calhas foram substituídos e, depois de detalhada pesquisa iconográfica, devolveu-
se ao palacete o torreão da fachada principal, feito de cobre, que não mais existia (FILHO,
2013).
Foram mantidas as estruturas originais da construção. O prédio, apesar de bem antigo, possui
colunas metálicas originais, com sistema de treliça e lajes bastante esbeltas. Estas tiveram
que ser recuperadas e reforçadas, e a única laje nova no palacete D. João VI é a da cobertura,
onde antes havia um telhado, que precisou ser retirado (GRANDES CONSTRUÇÕES, 2013).
Segundo o “Manual do Proprietário – Palacete”, toda edificação recebeu reforço em concreto
armado e estrutura metálica para a adequação ao novo layout e para atender as cargas da
laje fluída. Além do reforço estrutural, uma escada em concreto com revestimento em
mármore foi construída, partindo do térreo até dar acesso à cobertura.
Legenda:
1 - Área Expositiva
2 - Hall Preservado
3 - Área Técnica
4 - Hall Elevador
5 – Hall W.C.
54
Toda a rede de utilidades – sistemas de iluminação, refrigeração, som, rede hidráulica,
incêndio, entre outras – foi instalada em dutos (shafts) localizados nas laterais do palacete,
de forma a ficarem ocultos, preservando sua estética. O sistema foi planejado para assegurar
o funcionamento autônomo de cada salão, permitindo que cada um pudesse ser usado
enquanto os demais estivessem em fase de montagem de uma exposição, por exemplo
(GRANDES CONSTRUÇÕES, 2013).
De modo geral, todo o layout interno foi alterado e mantido apenas o elevador, o hall de
entrada e escada de madeira, que foram restaurados (figura 31). Tanto o elevador quanto a
escada não são destinados ao uso do público, e se localizam no hall preservado.
55
Figura 32 - Área Expositiva após intervenções.
(Fonte: https://jacobsenarquitetura.com/projetos/mar-museu-de-arte-do-rio/ - Acesso em janeiro/2017)
56
Já a cobertura, ainda de acordo com o documento, possui um terraço com piso revestido em
granito serrado e guarda corpo metálico com vergalhão soldado. Houve a construção de
alvenarias para abrigar as casas de máquinas, além de dois telhados em estrutura metálica
tratada, com revestimentos em telhas cerâmicas, em parte da cobertura.
Conforme apresentado no item 3.5, a certificação LEED estabelece uma série de critérios que
devem ser cumpridos para que o edifício seja considerado elegível para receber a certificação.
Há de se considerar que, devido ao nível das intervenções realizadas, o Museu de Arte do
Rio enquadra-se na categoria de Novas Construções ou Grandes Renovações. Esta categoria
é focada no projeto e na construção do prédio, sendo a certificação obtida após a conclusão
da obra. Para um edifício que tenha passado por uma reabilitação predial, algumas práticas
adotadas para atingir a certificação LEED merecem destaque e serão apresentadas a seguir.
Durante a obra foram tomadas precauções sustentáveis, conforme Filho (2013) cita: aspersão
de gotículas de água nos ambientes durante a fase de demolição para redução da poeira em
suspensão; instalação de proteção nos ralos boca de lobo para impedir que resíduos de obra
fossem levados para a rede coletora de águas pluviais; criação de locais para separação de
resíduos e controle da utilização de materiais tóxicos.
57
Segundo Soares (2015), o projeto do MAR aproveitou 66,77% de toda a construção que
existia anteriormente, o que indica uma grande redução de recursos naturais que seriam
empregados, além da redução da geração de resíduos e do consumo de energia caso tivesse
sido realizada a demolição total.
A escolha dos materiais foi criteriosa para atender aos preceitos da certificação. Dos materiais
usados no edifício, 59% possuem conteúdo reciclado e 20,41% foram extraídos e
manufaturados a menos de 800 km de distância do empreendimento. Dentre os quais, pode-
se citar: piso com borracha reciclada, carpete, forro, aço e tijolo de concreto e bloco
intertravado e madeiras com certificação FSC, selo que reconhece o manejo sustentável em
sua origem e toda cadeia produtiva. Barras de aço CA-50 e perfis não estruturais, placas de
gesso acartonado, pastilhas, blocos de concreto, revestimentos de piso e materiais de
impermeabilização somente foram aplicados após a apresentação de certificado de
percentual de material reciclado na constituição do produto utilizado (FILHO, 2013 e SOARES,
2015).
Uma característica importante do projeto é a fachada de vidro da Escola do Olhar (figura 34).
O perfil em vidro autoportante possui vidro reciclado em sua composição, e tem aplicação de
uma película que contribui para o conforto térmico das salas de aula, reduzindo as ilhas de
calor sem prejudicar a incidência de luz natural (SOARES, 2015).
O teto ondulado, uma das marcas visuais mais impactantes do Museu, contribui para a
redução da incidência solar. Outros diferenciais de sua construção são: qualidade do ar
interno, o aumento da eficiência energética e do conforto térmico, um processo bem
estabelecido de reciclagem por meio da coleta seletiva e a prática do reuso (SOARES, 2015).
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Figura 35 - Fachada da Escola do Olhar, em vidro Channel Glass.
(Fonte: Concremat, 2013)
O projeto buscou especificação de louça sanitária com redução de consumo de água, como
torneiras com fechamento automático e redutores de vazão, mictório de baixo consumo, vasos
de duplo acionamento, que reduziram em 68% o consumo de água potável para esse fim,
quando comparado com a exigência do LEED (SOARES, 2015). Existe também um sistema
de captação e reaproveitamento de água pluvial na descarga dos banheiros, a fim de baixar
o consumo da água potável fornecida pela concessionária na edificação (FILHO, 2013). O
quadro a seguir lista as atribuições da certificação em números:
4Anderson Benite era consultor de sustentabilidade quando deu esta declaração à Revista GBC Brasil,
em abril de 2015.
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O projeto não possui áreas de estacionamento, como incentivo ao uso de transporte
alternativo na região. A própria localização do Museu, próximo a pontos de ônibus bem
providos de linhas e do VLT, favorece esta prática. Também foi instalado um bicicletário, para
uso do público.
Neste item do trabalho, serão apresentadas algumas considerações quanto ao uso do espaço
reabilitado e sua operação por parte da administradora5. Como já dito anteriormente, a
Fundação Roberto Marinho assumiu a execução as obras, e com o edifício inaugurado, foi
responsável por montar as primeiras 4 exposições. Após isso, o Instituto Odeon – selecionado
por meio de edital - assumiu o Museu e é a instituição que hoje o gerencia. Existe um termo
de parceria entre a Fundação, o Instituto e a Prefeitura, de forma que a mesma ainda promove
um acompanhamento dos projetos de conteúdo do MAR.
A empresa construtora forneceu um Manual do Proprietário para cada edificação, bem como
esclarecimentos no que diz respeito ao seu uso correto, os prazos de garantia e as
manutenções a serem feitas na edificação. Este manual serve de balizador para as técnicas
de limpeza e manutenibilidade do espaço reabilitado, e instrui as equipes responsáveis por
estas ações.
A gerência de operações indica que existem duas formas de manutenção principais adotadas:
a preventiva e a corretiva. A primeira conta com uma equipe direta, que segue um cronograma
anual e pré-estabelecido com os sistemas, profissional responsável, natureza dos serviços e
periodicidade. Esta periodicidade varia de escalas semanais à anuais, dependendo do
serviço. A equipe interna do Museu atualmente conta com dois bombeiros hidráulicos, um
eletricista e um ajudante. Para serviços mais específicos e com periodicidade mais longa –
como manutenção do sistema de ar condicionado do pavilhão de exposições, por exemplo –
é contratada uma empresa que trabalhe com esta disciplina em especial, não sendo
necessário manter um profissional fixo e contratado. O segundo tipo de manutenção adotada,
5As informações deste tópico foram obtidas através de uma visita e entrevista, realizada em fevereiro
de 2017, com a gerente de operações do MAR, Roberta Kfuri.
60
a corretiva, serve para atender a demandas de caráter emergencial ou a pequenos reparos.
Já os serviços de limpeza são executados por funcionários de uma empresa terceirizada.
Uma intervenção de caráter significativo, que ocorreu cerca de um ano após a inauguração
do Museu, foi a troca do revestimento do piso da biblioteca e salas da Escola do Olhar. O piso
em poliuretano apresentou danos causados pelo uso, que eram recorrentes mesmo após a
manutenção – o que acabou conduzindo ao fim de sua vida útil física. Houve um diálogo entre
o Instituto e a empresa construtora que executou a obra, para estabelecer qual seria a melhor
forma de recuperar. Desta forma, foi percebido que não era vantajoso continuar com os
reparos, e decidiu-se trocar todo o piso existente por um piso vinílico de cor mais escura. Este
material mostrou-se compatível e mais tolerante às consequências do uso. Este trabalho foi
realizado em períodos em que o Museu não estava em funcionamento, durante uma semana
de carnaval.
Piso anterior
Piso novo
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graus Celsius, não permitindo que se reduza o uso do ar condicionado. Assim, existem
parâmetros limitadores para a diminuição do consumo e melhora do desempenho energético
da edificação.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 COMENTÁRIOS
Tendo em vista a revisão bibliográfica apresentada, este trabalho procurou mostrar que
reabilitação predial é uma ferramenta que busca aproveitar elementos de uma edificação
antiga e dotá-la de características de desempenho atuais e, como consequência, amplia a
duração de seu ciclo de vida.
Desta forma, dentre os desafios para os profissionais que atuam nessa área, podem-se citar:
a adequação às exigências legais e às necessidades atuais; a disseminação das boas
práticas da intervenção no ambiente construído e o estímulo ao desenvolvimento de estudos
nesta área.
No que diz respeito a certificação LEED, existe ainda uma diferença na receptividade do
mercado à introdução deste tipo de metodologia, quando se compara seu país de origem e o
Brasil. Nos Estados Unidos, existe também um crescente número de edifícios certificados,
contudo, no Brasil, esta incorporação é feita de forma mais reduzida. Essa dificuldade reside
no fato de que, em alguns casos, se busca apenas a visibilidade causada quando da
divulgação e propaganda de empreendimentos certificados.
Por outro lado, o pioneirismo na obtenção da certificação pelo Museu de Arte do Rio serviu
de incentivo para outros empreendimentos buscassem o mesmo. Além da certificação,
recebeu o título de melhor construção de 2013, na categoria museu, pelo voto popular do
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maior prêmio internacional de arquitetura, o Architizer A+ Awards. Assim, o MAR provou que
é possível esse tipo de edifício – fruto da restauração de um palacete com quase um século
de idade e de um prédio modernista, que possuíam características completamente
heterogêneas – ter um bom desempenho, se tornando referência tanto nacional quanto
internacional.
5.2 SUGESTÕES
A partir da pesquisa realizada, como sugestão para trabalhos futuros pode-se propor um
estudo de caráter quantitativo sobre os benefícios da certificação LEED em projetos de
reabilitação predial, em comparação com projetos desta tipologia que não levem em
consideração parâmetros sustentáveis. A partir desse estudo, pode se estabelecer
indicadores que balizem diretrizes e boas práticas para este tipo de empreendimento.
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REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXO
ANEXO I – Quadro de Créditos obtidos na certificação LEED pelo Museu de Arte do Rio.
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