Você está na página 1de 22

DECRETO PRESIDENCIAL N.

º _____2020

DE____DE____________

Considerando que a Organização Mundial de Saúde declarou a infecção causada pelo


vírus COVID-19 como pandemia mundial, elevando a situação para calamidade pública
mundial;

Tornando-se imperiosa a adopção de medidas de excepção, extraordinárias, necessárias,


adequadas, proporcionais à situação e urgentes, visando evitar a propagação da doença,
salvaguardar a vida humana e assegurar o funcionamento dos serviços e o
abastecimento de bens essenciais;

Considerando as recomendações do Regulamento Sanitário Internacional da


Organização Mundial de Saúde e havendo necessidade de se definir de modo claro as
medidas de excepção a observar durante a vigência do estado de emergência, entretanto
declarado, bem como salvaguardar o máximo possível o bloco de direitos, liberdades e
garantias fundamentais constitucionalmente previstos;

O Presidente da República determina, nos termos do n.º 4 do artigo 58.º conjugado com
a alínea l) do artigo 120.º e do n.º 3 do artigo 125.º, ambos da Constituição da República
de Angola o seguinte:
MEDIDAS DE EXCEPÇÃO E TEMPORÁRIAS TENDENTES À PREVENÇÃO
E AO CONTROLO DA PROPAGAÇÃO DA PANDEMIA COVID-19

ARTIGO 1.º
(Objecto)

O presente diploma estabelece as providências necessárias e adequadas à situação do


estado de emergência para fazer face à pandemia do COVID-19, sem prejuízo de outras
que se sejam adoptadas por departamentos auxiliares do Titular do Poder Executivo e
outras autoridades especialmente competentes.

ARTIGO 2.º
(Âmbito)

1. As medidas emergentes da declaração do estado de emergência, previstas no


presente diploma, são aplicáveis em todo o território nacional, obrigando a especial
dever de colaboração todas as entidades públicas e privadas, bem como as pessoas
colectivas e singulares

2. Os efeitos da presente declaração não afectam, em caso algum:


a) Os direitos à vida, à integridade pessoal, à identidade pessoal, à capacidade civil
e à cidadania;
b) À não retroatividade da lei criminal;
c) À defesa dos arguidos;
d) À liberdade de consciência e religião;
e) As liberdades de expressão e de informação;
f) O princípio do Estado unitário ou a continuidade territorial do Estado.

ARTIGO 3.º
(Quarentena obrigatória)

1. Ficam sujeitos a quarentena obrigatória, em estabelecimento de saúde ou similar,


ou ainda no respetivo domicílio:
a) Os doentes com COVID-19 e os infetados com SARS-Cov2;
b) Os cidadãos relativamente a quem a autoridade de saúde ou outros profissionais
de saúde determinem situação de vigilância activa.

2. A violação da obrigação de quarentena, nos casos previstos no número anterior,


constitui crime de desobediência.

3. A violação da quarentena domiciliar dá lugar à sua transformação em quarentena


institucional, podendo as autoridades competentes invadir o domicílio do infractor
para a detenção em caso de resistência.

4. Os órgãos competentes deve criar as condições necessárias à localização de pessoas


que tiveram contacto com casos positivos, para acompanhamento.
ARTIGO 4.º
(Alargamento da escala de testagem)

1. Os órgãos competentes devem criar as condições para o alargamento da escala de


realização de testes obrigatórios.

2. Pratica crime desobediência aquele que recusar a realização de testes obrigatórios.

ARTIGO 5.º
(Dever especial de protecção)

1. Ficam sujeitos a um dever especial de proteção:


a) Os maiores de 60 anos;
b) Os imunodeprimidos e os portadores de doença crónica que, de acordo com as
orientações da autoridade de saúde devam ser considerados de risco,
designadamente os hipertensos, os diabéticos, os doentes cardiovasculares, os
portadores de doença respiratória crónica e os doentes oncológicos;
c) As mulheres.

2. Os cidadãos abrangidos pelo número anterior só podem circular em espaços e vias


públicas, ou em espaços e vias privadas equiparadas a vias públicas, para algum dos
seguintes propósitos:
a) Aquisição de bens e serviços essenciais;
b) Deslocações por motivos de saúde, designadamente para efeitos de obtenção de
cuidados de saúde;
c) Deslocações de curta duração para efeitos de actividade física, sendo proibido o
exercício de actividade física colectiva;
d) Outras actividades de natureza análoga ou por outros motivos de força maior ou
necessidade impreterível, desde que devidamente justificados.

3. A restrição prevista no n.º 2 não se aplica:


a) Aos profissionais de saúde e agentes de protecção civil e essenciais no domínio
aeronáutico, ferroviário, marítimo e portuário;
b) Aos titulares de cargos políticos, magistrados e líderes dos parceiros sociais.

4. Em caso de violação do disposto nos números anteriores, os órgãos competentes da


ordem pública orientam ao cidadão de regresso ao seu domicílio.

5. O desrespeito à ordem referida no número anterior constitui crime de


desobediência, punível nos termos da lei penal, podendo dar lugar à detenção
imediata.

ARTIGO 6.º
(Cerca sanitária nacional)
1. É fixada cerca sanitária nacional, estando interditas as entradas e saídas do
território nacional por qualquer meio.

2. Exceptuam-se do disposto no número anterior as entradas e saídas do território


nacional em casos de extrema necessidade e urgência, nomeadamente:
a) Entrada e saída de bens e serviços essenciais;
b) Ajuda humanitária;
c) Entradas e saídas de doentes.

3. Compete aos titulares dos departamentos ministeriais competentes a definição


dos termos de aplicação do disposto no número anterior.

ARTIGO 7.º
(Cerca sanitária provincial)

1. É fixada cerca sanitária provincial em todas as províncias, estando interdita a


circulação interprovincial em todo o território nacional.

2. Exceptuam-se do disposto no número anterior a circulação interprovincial nos


casos considerados urgentes e necessários, nomeadamente para:
a) Entrada e saída de bens e serviços essenciais;
b) Ajuda humanitária;
c) Entradas e saídas de doentes.

ARTIGO 8.º
(Restrição à livre circulação)

1. É interdita a circulação e a permanência de pessoas e veículos na via pública ou em


espaços e vias privadas equiparadas a vias públicas, devendo os cidadãos estar
submetidos a recolhimento domiciliar, sendo apenas permitida para algum dos
seguintes propósitos:
a) Aquisição de bens e serviços essenciais;
b) Deslocação para efeitos de desempenho de actividades profissionais ou
equiparadas em funcionamento durante o período de vigência do estado de
emergência;
c) Deslocações por motivos de saúde, designadamente para efeitos de obtenção de
cuidados de saúde e transporte de pessoas a quem devam ser administrados tais
cuidados ou dádiva de sangue;
d) Deslocações para acolhimento de emergência de vítimas de violência doméstica
ou tráfico de seres humanos, bem como de crianças e jovens em risco, por
aplicação de medida decretada por autoridade judicial ou protecção de menores
em centro de acolhimento ou familiar;
e) Deslocações para assistência de pessoas vulneráveis, pessoas com deficiência,
filhos, progenitores, idosos ou dependentes;
f) Deslocações de curta duração para efeitos de actividade física, sendo proibido o
exercício de actividade física colectiva;
g) Deslocações para participação em acções de voluntariado social;
h) Deslocações por outras razões familiares imperativas, designadamente o
cumprimento de partilha de responsabilidades parentais, conforme determinada
por acordo entre os titulares das mesmas ou pelo tribunal competente;
i) Deslocações para visitas, quando autorizadas, ou entrega de bens essenciais a
pessoas incapacitadas ou privadas de liberdade de circulação;
j) Participação em actos processuais junto das entidades judiciárias;
k) Deslocações por parte de pessoas portadoras de livre-trânsito, emitido nos
termos legais, no exercício das respectivas funções ou por causa delas;
l) Deslocações por parte de pessoal das missões diplomáticas, consulares e das
organizações internacionais localizadas em Angola, desde que relacionadas com
o desempenho de funções oficiais;
m) Deslocações necessárias ao exercício da liberdade de imprensa;
n) Retorno ao domicílio pessoal;
o) Outras actividades de natureza análoga ou por outros motivos de força maior ou
necessidade impreterível, desde que devidamente justificados.

2. Os veículos particulares podem circular na via pública para realizar as actividades


mencionadas no número anterior ou para reabastecimento em postos de
combustível.

3. Para os efeitos do presente diploma, a actividade dos atletas de alto rendimento e


seus treinadores, bem como acompanhantes desportivos do desporto adaptado, é
equiparada a actividade profissional, sendo vedado o seu exercício.

4. Sem prejuízo do estabelecido nos números anteriores, em todas as deslocações


efectuadas devem ser respeitadas as recomendações e ordens determinadas pelas
autoridades de saúde e pelas forças e serviços de segurança, designadamente as
respeitantes às distâncias a observar entre as pessoas.

5. O titular do departamento ministerial responsável pelo interior pode interditar, em


articulação com as recomendações emitidas pelos órgãos de saúde, a circulação de
estradas ou vias equiparadas por motivos de saúde pública, segurança ou fluidez do
tráfego ou restrição do acesso de determinados veículos pelas mesmas razões.

ARTIGO 9.º
(Serviços públicos)

1. São encerrados os serviços públicos da administração central e local do Estado.

2. São encerrados os serviços públicos da administração directa e da administração


indirecta.

3. Exceptuam-se do disposto nos números anteriores os seguintes serviços públicos,


prestados ou não por entidades públicas:
a) Unidades hospitalares públicas e privadas;
b) Farmácias e fornecedores de medicamentos;
c) Serviços e unidades militares, de ordem pública e equiparados;
d) Serviços de segurança privada;
e) Serviços de protecção civil e bombeiros e serviços de emergência;
f) Serviços de energia e águas, incluindo os balcões de atendimento;
g) Serviços de recolha e tratamento dos resíduos;
h) Cemitérios.

4. São ainda considerados serviços essenciais o abastecimento de água por cisternas


privadas, não podendo ser suspensos salvo em caso de força maior, sob pena de
requisição civil.

5. Para evitar deslocações desnecessárias aos espaços físicos de atendimento dos


serviços públicos, o atendimento com fim meramente informativo é prestado
exclusivamente por via telefónica e online, sendo reforçadas estas respostas.

6. O atendimento presencial ao público com fins não informativos é efectuado através


de pré-agendamento, ficando, em regra, limitado aos serviços que não podem ser
prestados por via eletrónica e aos actos qualificados como urgentes.

7. Sem prejuízo de outros actos que os dirigentes dos serviços possam ainda
considerar urgentes quando existam condições para prestar o atendimento, são
objecto de atendimento presencial os serviços e actos a identificar por cada uma das
respectivas áreas sectoriais

8. Pode o titular do departamento ministerial responsável pela área da administração


pública, trabalho e segurança social, determinar:
a) A definição de orientações sobre trabalho domiciliar, designadamente sobre as
situações que impõem a presença dos trabalhadores da Administração Pública
nos seus locais de trabalho, bem como sobre a compatibilidade das funções com
o trabalho domiciliar;
b) A definição de orientações relativas à constituição e manutenção de situações de
mobilidade;
c) A isenção do livro do ponto ou cessação do regime de faltas
d) A definição de orientações sobre os casos em que aos trabalhadores da
Administração Pública pode ser imposto o exercício de funções em local
diferente do habitual, em entidade diversa ou em condições e horários de
trabalho diferentes;
e) A articulação com as autarquias no que se refere aos serviços públicos locais e
ao regime de prestação de trabalho na administração local;
f) A centralização e coordenação da informação quanto ao funcionamento e
comunicação dos serviços públicos de atendimento;
g) A difusão de informação, instrumentos de apoio e práticas inovadoras de gestão
e organização do trabalho, para proporcionar suporte a actividade dos serviços e
dos trabalhadores em novos ambientes do trabalho;
h) A implementação de um sistema de compensação remuneratória excepcional e
de emergência.
9. O titular do departamento ministerial responsável pelas relações exteriores adapta o
disposto no presente artigo aos serviços periféricos externos do respectivo
ministério.

10. Em qualquer dois casos que seja necessária a presença de funcionários nos postos
de trabalhos para o cumprimento de serviços mínimos não devem ser incluídas as
mulheres.

ARTIGO 10.º
(Trabalho domiciliar)

1. É obrigatória a adopção do regime de trabalho domiciliar, independentemente do


vínculo laboral, sempre que as funções em causa o permitam.

2. São consideradas compatíveis com o trabalho domiciliar todas as funções que


possam ser realizadas fora do local de trabalho e através do recurso a tecnologias de
informação e de comunicação.

3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, impõe-se a presença dos


trabalhadores da Administração Pública nos seus postos de trabalho, sempre que:
a) Tal seja superiormente determinado pelo dirigente máximo do serviço,
atendendo à necessidade de ser prestado apoio técnico ou administrativo
presencial aos dirigentes ou trabalhadores que se encontrem em exercício
presencial de funções;
b) A natureza das suas funções seja necessária para assegurar o normal
funcionamento dos serviços e garantir o cumprimento de deveres e obrigações
essenciais, como sejam, designadamente, o processamento de remunerações dos
trabalhadores, o cumprimento de obrigações financeiras, a assistência e
manutenção de equipamentos informáticos ou outros essenciais ao exercício de
funções dos trabalhadores em regime de trabalho domiciliar;
c) A natureza das suas funções obrigue à consulta de bases de dados ou outras
aplicações consideradas sensíveis pelo titular responsável pela área governativa
respetiva e que não devam, ou não possam ser acedidas fora do posto de trabalho
físico;
d) O referido na alínea anterior é igualmente válido para os trabalhadores cujas
funções obriguem à consulta, análise ou tratamento de informação reservada ou
confidencial, sempre que tal seja considerado violador das regras de segurança
pelo membro do Governo responsável pela área governativa respetiva.

4. O trabalhador em regime de trabalho domiciliar tem os mesmos direitos, deveres e


obrigações dos restantes trabalhadores, sendo-lhe garantida igualdade de
tratamento.

5. A sujeição ao regime de trabalho domiciliar, no âmbito do estado de emergência,


não obriga à celebração de acordo escrito com o empregador público.
6. O trabalhador em regime de trabalho domiciliar fica sujeito aos limites máximos do
período normal de trabalho diário semanal aplicáveis aos restantes trabalhadores,
podendo ser isento de horário de trabalho, nos mesmos termos previstos no seu
contrato de trabalho.

7. Em conformidade com as medidas de contingência e as limitações ao direito de


deslocação, o trabalho domiciliar deve ser realizado no domicílio do trabalhador,
devendo o empregador público respeitar a privacidade deste, bem como os seus
tempos de descanso e de repouso e da sua família.

8. Os instrumentos de trabalho domiciliar podem ser disponibilizados pelo


empregador público, quando tal não for possível, pode o trabalho domiciliar ser
realizado através dos meios que o trabalhador detenha, competindo ao empregador
público a devida programação e adaptação às necessidades inerentes à prestação do
trabalho domiciliar.

9. Para compensar as despesas inerentes ao trabalho domiciliar obrigatório, o


trabalhador mantém sempre o direito ao equivalente ao subsídio de refeição a que
teria direito caso estivesse a exercer as suas funções no seu posto de trabalho.

10. Sem prejuízo da salvaguarda da privacidade do trabalhador, devem ser


diligenciados contactos regulares com o serviço e demais trabalhadores,
preferencialmente através de comunicações electrónicas e teleconferências, a fim de
contrariar os efeitos do afastamento físico daquele da respetiva organização.

11. As teleconferências a que se refere o número anterior devem ser previamente


agendadas, para salvaguarda da privacidade do trabalhador e da sua família.

12. No momento em que deixar de vigorar o estado de emergência retoma-se a normal


prestação de trabalho, nos mesmos termos em que se fazia antes da situação de
emergência, a menos que outras medidas de contingência ainda se justifiquem e até
à sua cessação.

ARTIGO 11.º
(Salvaguarda das relações jurídico-laborais)

1. É proibida a cessação das relações jurídico-laborais com fundamento na ausência


dos trabalhadores do local de trabalho.

2. O disposto no número anterior não impede a adopção de medidas disciplinares


nomeadamente para os funcionários e trabalhadores com dever de prestar serviço
durante a vigência do estado de emergência.

ARTIGO 12.º
(Encerramento de instalações e estabelecimentos)
São encerradas as instalações e estabelecimentos de venda de produtos não essenciais
nos termos a determinar pelas autoridades competentes.

ARTIGO 13.º
(Actividade comercial)

1. São encerrados todos os estabelecimentos comerciais privados.

2. Exceptuam-se do disposto do número anterior os estabelecimentos comerciais de


venda de:
a) Bens alimentares a grosso e a retalho;
b) Bancos;
c) Telecomunicações e serviços de imprensa, rádio e televisão;
d) Hotelaria;
e) Restauração para serviço externo;
f) Postos de abastecimento de combustível;
g) Agências funerárias e conexos;
h) Manutenção e reparação de veículos automóveis e manutenções urgentes;
i) Outros serviços essenciais à vida colectiva, após parecer favorável das
entidades sanitárias competentes.

3. As entidades abrangidas pelo disposto no número anterior devem criar as


condições de biossegurança necessárias à protecção do pessoal de serviço.

4. É proibido o encerramento dos serviços referidos no número 2 do presente


artigo, salvo em situação de força maior, podendo as autoridades competentes
adoptar as medidas necessárias para a manutenção da prestação dos seus
serviços.

ARTIGO 14.º
(Mercados e venda ambulante)

1. É condicionado funcionamento dos mercados formais ou informais e ambulante


apenas à venda de bens alimentares e afins e desde que observadas as seguintes
medidas:
a) Lavagem ou desinfestação das mãos à entrada;
b) Conservação de distância mínima de dois metros entre pessoas;
c) Ocupação máxima indicativa de 0,04 pessoas por metro quadrado de área;
d) Permanência pelo tempo estritamente necessário à aquisição dos produtos;
e) Proibição do consumo de produtos no seu interior.

2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, por recomendação das autoridades


sanitárias competentes, podem ser encerrados os mercados formais ou informais,
sempre que se esteja em presença comprovada de alto risco de contágio
comunitário.

3. É proibida a comercialização de produtos não essenciais.


ARTIGO 15.º
(Efeitos sobre contratos de arrendamento e outras formas de exploração de
imóveis)

O encerramento de instalações e estabelecimentos ao abrigo do presente diploma não


pode ser invocado como fundamento de resolução, denúncia ou outra forma de extinção
de contratos de arrendamento não habitacional ou de outras formas contratuais de
exploração de imóveis, nem como fundamento de obrigação de desocupação de imóveis
em que os mesmos se encontrem instalados.

ARTIGO 16.º
(Comércio electrónico e serviços à distância ou através de plataforma electrónica)

Não se suspendem as actividades de comércio electrónico, nem as actividades de


prestação de serviços que sejam prestados à distância, sem contacto com o público, ou
que desenvolvam a sua catividade através de plataforma electrónica, dentre as quais
banárias, seguros e correios.

ARTIGO 17.º
(Autorizações ou suspensões em casos especiais)

1. Não se suspendem as actividades de comércio a retalho nem as actividades de


prestação de serviços desde que assegurem medidas especiais de protecção dos
clientes e trabalhadores, observando, designadamente:
a) Lavagem ou desinfestação das mãos à entrada;
b) Medidas que assegurem uma distância mínima de dois metros entre pessoas;
c) Ocupação máxima indicativa de 0,04 pessoas por metro quadrado de área;
d) Permanência pelo tempo estritamente necessário à aquisição dos produtos;
e) Proibição do consumo de produtos no seu interior.

2. A afectação dos espaços acessíveis ao público dos estabelecimentos de restauração


ou de bebidas deve ser limitada em um terço da sua capacidade.

3. O titular do departamento ministerial responsável pela economia pode, mediante


Despacho:
a) Permitir a abertura de algumas instalações ou estabelecimentos;
b) Permitir o exercício de outras actividades de comércio a retalho ou de prestação
de serviços, incluindo a restauração, que venham a revelar-se essenciais com o
evoluir da presente conjuntura;
c) Impor o exercício de algumas das actividades de comércio a retalho ou de
prestação de serviços, caso se venha a revelar essencial para assegurar o regular
abastecimento de bens essenciais à população;
d) Determinar o exercício de comércio a retalho por estabelecimentos de comércio
por grosso, caso se venha a revelar essencial para manter a continuidade das
cadeias de distribuição de produtos aos consumidores;
e) Limitar ou suspender o exercício das actividades de comércio a retalho ou de
prestação de serviços, caso o respectivo exercício se venha a manifestar
dispensável ou indesejável no âmbito do combate ao contágio e propagação do
vírus.

4. Os pequenos estabelecimentos de comércio a retalho e aqueles que prestem


serviços de proximidade podem, excecionalmente, requerer à autoridade municipal
de protecção civil autorização para funcionamento, mediante pedido fundamentado.

ARTIGO 18.º
(Deveres de gestão e de monitorização)

Os gestores, os gerentes ou os proprietários dos espaços e estabelecimentos referidos


nos artigos anteriores devem envidar todos os esforços no sentido de:
a) Efectuar uma gestão equilibrada dos acessos de público, em cumprimento do
disposto nos artigos anteriores;
b) Monitorizar as recusas de acesso de público, de forma a evitar, tanto quanto
possível, a concentração de pessoas à entrada dos espaços ou estabelecimentos.

ARTIGO 19.º
(Regras de segurança e higiene)

No caso dos estabelecimentos de comércio a retalho ou de prestação de serviços que


mantenham a respectiva actividade nos termos dos artigos anteriores, devem ser
observadas as seguintes regras de segurança e higiene:
a) Nos estabelecimentos em espaço físico, devem ser adoptadas as medidas que
assegurem uma distância mínima de dois metros entre pessoas, uma
permanência pelo tempo estritamente necessário à aquisição dos produtos e a
proibição do consumo de produtos no seu interior;
b) A prestação do serviço e o transporte de produtos devem ser efectuados
mediante o respeito das necessárias regras de higiene e sanitárias definidas pela
Direção Nacional da Saúde Pública.

ARTIGO 20.º
(Atendimento prioritário)

1. Os estabelecimentos de comércio a retalho ou de prestação de serviços que


mantenham a respectiva actividade nos termos dos artigos anteriores devem atender
com prioridade as pessoas sujeitas a um dever especial de proteção, nos termos
previstos no artigo 4.º, bem como, profissionais de saúde, elementos das forças e
serviços de segurança, de protecção e socorro, pessoal das forças armadas e de
prestação de serviços de apoio social.

2. Os responsáveis pelos estabelecimentos devem informar, de forma clara e visível, o


direito de atendimento prioritário previsto no número anterior e adotar as medidas
necessárias a que o mesmo seja efetuado de forma organizada e com respeito pelas
regras de higiene e segurança.
ARTIGO 21.º
(Medidas de contenção no campo da actividade comercial, instalações culturais,
estabelecimentos e actividades recreativas, hotéis e restaurantes e outros
adicionais)

1. É suspensa a abertura ao público de lojas e estabelecimentos, com excepção de


alimentos, bebidas, produtos e bens essenciais, estabelecimentos farmacêuticos,
médicos, ópticos produtos ortopédicos, produtos de higiene, prensas e artigos de
papelaria, combustíveis para automóveis, tabacarias, equipamentos tecnológicos e
de telecomunicações, alimentos para animais de estimação, comércio eletrônico,
telefone ou correspondência, lavagem a seco e lavandarias.

2. A permanência nos estabelecimentos comerciais cuja abertura é permitida deve ser


estritamente necessário para que os consumidores realizar a aquisição de alimentos
e necessidades básicas, não podendo tais produtos serem consumidos no próprio
estabelecimento.

3. Ficam proibidas quaisquer formas de agrupamento social de mais de cinco pessoas


e sem observação da distância de segurança de pelo menos dois metros para evitar
possíveis infecções.

4. São encerrados ao público museus, arquivos, bibliotecas, monumentos, discotecas,


salas de jogo, bares e similares, bem como as instalações e estabelecimentos onde
são desenvolvidos shows públicos, actividades esportivas e de lazer, feiras e
exposições.

ARTIGO 22.º
(Eventos de cariz religioso, culto e cerimónias fúnebres)

1. Fica proibida a realização de celebrações de cariz religioso e de outros eventos de


culto que impliquem uma aglomeração de pessoas.

2. São proibidas cerimónias fúnebres com mais de 50 participantes.

3. Os órgãos de gestão dos cemitérios adoptam as medidas necessárias ao


cumprimento do disposto no número anterior.

ARTIGO 23.º
(Protecção individual)

Todas as actividades que se mantenham em laboração ou funcionamento devem


respeitar as recomendações das autoridades de saúde, designadamente em matéria de
higiene e de distâncias a observar entre as pessoas.

Artigo 24.º
(Garantia de saúde pública)

O titular do departamento ministerial responsável pela área da saúde, com faculdade de


delegação, determina:
a) A emissão de ordens e instruções necessárias para garantir o fornecimento de
bens e o funcionamento de serviços nos centros de produção afectados pela
escassez de produtos necessários à protecção da saúde pública;
b) A requisição temporária de indústrias, fábricas, oficinas, campos ou instalações
de qualquer natureza, incluindo centros de saúde, serviços e estabelecimentos de
saúde particulares;
c) A requisição temporária de todo o tipo de bens e serviços e impor prestações
obrigatórias a qualquer entidade, nos casos em que tal seja adequado e
indispensável para a protecção da saúde pública, no contexto da situação de
emergência causada pela epidemia SARS-CoV-2, bem como para o tratamento
da COVID-19.

Artigo 25.º
(Segurança pública)

O titular do departamento ministerial responsável pela área do interior, com faculdade


de delegação, determina:
a) O encerramento da circulação rodoviária e ferroviária, por razões de saúde
pública, segurança ou fluidez do tráfego ou a restrição à circulação de
determinados tipos de veículos, em coordenação com o titular do departamento
ministerial responsável pelos transportes;
b) A coordenação de uma estrutura de monitorização do estado de emergência
composta pelas entidades que julgar para efeitos de acompanhamento e
produção de informação regular sobre a situação.

ARTIGO 26.º
(Defesa Nacional)

O titular do departamento ministerial responsável pela área da defesa nacional assegura


a articulação com as restantes áreas governativas para garantir, quando necessário, o
empenhamento de pessoas, meios, bens e serviços da defesa nacional necessários ao
cumprimento do disposto no presente diploma.

ARTIGO 27.º
(Acesso ao direito e aos tribunais)

O titular do departamento ministerial responsável pela área da justiça e dos direitos


humanos articula com os Conselhos Superiores e com a Procuradoria-Geral da
República a adopção das providências adequadas à efectivação do acesso ao direito e
aos tribunais, para salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias lesados ou
ameaçados de lesão.

ARTIGO 28.º
(Prazos e diligências)

1. Sem prejuízo do disposto nos números seguintes, aos actos processuais e


procedimentais que devam ser praticados no âmbito dos processos e procedimentos,
que corram termos nos tribunais judiciais, tribunais e fiscais, Tribunal
Constitucional, Tribunal de Contas e demais órgãos jurisdicionais, tribunais
arbitrais, Ministério Público, entidades de resolução alternativa de litígios e órgãos
de execução fiscal, aplica-se o regime das férias judiciais até à cessação da situação
excepcional de prevenção, contenção, mitigação e tratamento da infecção
epidemiológica por SARS-CoV-2 e da doença COVID-19, conforme determinada
pela autoridade nacional de saúde pública.

2. O regime previsto no presente artigo cessa em data a definir em diploma próprio no


qual se declara o termo da situação excepcional.

3. A situação excepcional constitui igualmente causa de suspensão dos prazos de


prescrição e de caducidade relativos a todos os tipos de processos e procedimentos.

4. O disposto no número anterior prevalece sobre quaisquer regimes que estabeleçam


prazos máximos imperativos de prescrição ou caducidade, sendo os mesmos
alargados pelo período de tempo em que vigorar a situação excepcional.

5. Nos processos urgentes os prazos suspendem-se, salvo nas circunstâncias previstas


nos n.ºs 8 e 9.

6. O disposto no presente artigo aplica-se ainda, com as necessárias adaptações, a:


a) Procedimentos que corram termos em cartórios notariais e conservatórias;
b) Procedimentos contravenção administrativa, sancionatórios e disciplinares, e
respectivos actos e diligências que corram termos em serviços da administração
direta, indireta e demais entidades administrativas, designadamente entidades
administrativas independentes;
c) Prazos administrativos e tributários que corram a favor de particulares.

7. Os prazos tributários a que se refere a alínea c) do número anterior dizem respeito


apenas aos actos de interposição de impugnação judicial, reclamação graciosa,
recurso hierárquico, ou outros procedimentos de idêntica natureza, bem como aos
prazos para a prática de actos no âmbito dos mesmos procedimentos tributários.

8. Sempre que tecnicamente viável, é admitida a prática de quaisquer actos


processuais e procedimentais através de meios de comunicação à distância
adequados, designadamente por teleconferência ou videochamada.

9. No âmbito do presente artigo, realizam-se apenas presencialmente os atos e


diligências urgentes em que estejam em causa direitos fundamentais,
nomeadamente diligências processuais relativas a menores em risco ou a processos
tutelares educativos de natureza urgente, diligências e julgamentos de arguidos
presos, desde que a sua realização não implique a presença de um número de
pessoas superior ao previsto pelas recomendações das autoridades de saúde e de
acordo com as orientações fixadas pelos conselhos superiores competentes.

10. São suspensas as acções de despejo, os procedimentos especiais de despejo e os


processos para entrega de coisa imóvel arrendada, quando o arrendatário, por força
da decisão judicial final a proferir, possa ser colocado em situação de fragilidade
por falta de habitação própria.

11. Após a data da cessação da situação excepcional referida no n.º 1, diploma próprio
procede à adaptação dos períodos de férias judiciais a vigorar em 2020.

ARTIGO 29.º
(Regime excepcional de contratação pública)

1. A aquisição de bens e serviços urgentes necessários ao controlo e combate à


pandemia fica sujeita a um regime excepcional.

2. Os bens e serviços essenciais, nomeadamente, medicamentos, material hospitalar,


material de biossegurança e demais material essencial pode ser adquirido em
regime de contratação simplificada.

3. Compete ao titular do departamento ministerial responsável pela área das finanças


públicas criar as condições para a efectivação do disposto nos números anteriores.

ARTIGO 30.º
(Regularização fiscal a posteriori)

1. O pagamento de impostos sobre a importação de bens alimentares e medicamentos


fica sujeito ao regime de regularização a posteriori.

2. Compete ao titular do departamento ministerial responsável pela área das finanças


públicas garantir os mecanismos de aplicação do disposto no número anterior.

ARTIGO 31.º
(Licenciamento para importação de bens essenciais)

1. A importação de bens alimentares, medicamentos, material de biossegurança e


outros produtos essenciais fica sujeita a um regime excepcional de licenciamento.

2. Compete aos titulares dos departamentos ministeriais responsáveis pelas áreas da


economia e planeamento e do comércio e ao Banco Nacional de Angola definir um
regime excepcional para efeitos do número anterior, o qual deve privilegiar a
facilitação e a desburocratização.

ARTIGO 32.º
(Regime extraordinário e transitório de protecção dos arrendatários)
Até à cessação das medidas de prevenção, contenção, mitigação e tratamento da infeção
epidemiológica por SARS-CoV-2 e da doença COVID-19, conforme determinada pela
autoridade nacional de saúde pública, fica suspensa:
a) A produção de efeitos das denúncias de contratos de arrendamento habitacional
e não habitacional efectuadas pelo senhorio;
b) A execução de hipoteca sobre imóvel que constitua habitação própria e
permanente do executado.

ARTIGO 33.º
(Transportes)

O titular do departamento ministerial responsável pela área dos transportes, com


faculdade de delegação, determina:
a) A prática dos actos que, nos termos legais e no âmbito específico da sua acção,
sejam adequados e indispensáveis para garantir os serviços de mobilidade,
ordinários ou extraordinários, a fim de proteger pessoas e bens, bem como a
manutenção e funcionamento das infra-estruturas rodoviárias, ferroviárias,
portuárias e aeroportuárias;
b) As regras para o sector da aviação civil, com a definição de medidas de rastreio
e organização dos terminais dos aeroportos internacionais e de flexibilização na
gestão dos aeroportos, bem como a definição de orientações sobre as situações
que impõem a presença dos trabalhadores para salvaguarda da prestação dos
serviços mínimos essenciais, adaptando, se necessário, o nível das categorias
profissionais, as férias e os horários de trabalho e escalas;
c) O estabelecimento dos concretos termos e condições em que deve ocorrer o
transporte de mercadorias em todo o território nacional, a fim de garantir o
respectivo fornecimento;
d) A regulação da flexibilização recomendadas pelas competentes autoridades no
âmbito das funções e actividades que carecem de certificação e licenciamento no
sector da aviação civil;
e) A realização de voos exepcionais e emergência, de e para o território nacional;
f) A declaração da obrigatoriedade de, em relação a todos os meios de transporte,
os operadores de serviços de transporte de passageiros realizarem a limpeza dos
veículos de transporte, de acordo com as recomendações estabelecidas pelo
Ministério da Saúde;
g) O estabelecimento da redução do número máximo de passageiros por transporte
para um terço do número máximo de lugares disponíveis, por forma a garantir a
distância adequada entre os utentes dos transportes;
h) A limitação e restrição da actividade dos moto-taxistas;
i) A adopção de outras medidas adicionais que sejam adequadas e necessárias para
limitar a circulação de meios de transporte coletivos no sentido de preservar a
saúde pública;
j) A adopção das medidas necessárias para assegurar a participação da companhia
aérea nacional em operações destinadas a apoiar o regresso de cidadãos
nacionais a território nacional, seja através da manutenção temporária de voos
regulares, seja através de operações dedicadas àquele objectivo;
k) A adopção das medidas necessárias para assegurar a participação da companhia
aérea nacional em operações destinadas a apoiar o regresso de cidadãos
nacionais a território nacional, seja através da manutenção temporária de voos
regulares, seja através de operações dedicadas àquele objetivo.

ARTIGO 34.º
(Agricultura e florestas)

O titular do departamento ministerial responsável pela área da agricultura e florestas,


com faculdade de delegação, determina, nos termos legais, as medidas necessárias e a
prática dos actos que, no âmbito específico da sua acção, sejam adequados e
indispensáveis para garantir as condições de normalidade, de disponibilidade de factores
de produção a preços competitivos, na produção, transporte, distribuição e
abastecimento de bens e serviços agrícolas, pecuários e florestal, essenciais à cadeia
agro-alimentar, e designadamente:
a) A actividade operacional dos aproveitamentos hidro-agrícolas;
b) A actividade dos laboratórios nacionais de referência;
c) A recolha de cadáveres de animais nas explorações pecuárias;
d) As certificações e os controlos sanitários e fitossanitários, bem como a
importação de matérias-primas de bens alimentares;
e) A exportação de produtos de origem agrícola;
f) O estabelecimento dos concretos termos e condições em que deve ocorrer o
transporte de produtos de origem florestal em todo o território nacional;
g) A adopção das medidas necessárias em coordenação com os outros
departamentos ministeriais para assegurar a implementação das companhas
agrícolas e de vacinação animal, enquadradas nas normas de seguranças
definidas no presente diploma;

ARTIGO 35.º
(Pescas e mar)

O titular do departamento ministerial responsável pela área das pescas e do mar


determina, com faculdade de delegação, nos termos legais, as medidas necessárias e a
prática dos actos que, no âmbito específico da sua ação, sejam adequados e
indispensáveis para garantir as condições de normalidade na produção, transporte,
distribuição e abastecimento no âmbito das pescas, aquicultura e transformação.

ARTIGO 36.º
(Energia e águas e petróleos e recursos minerais)

Os titulares dos departamentos ministeriais responsáveis pela área da energia e águas e


petróleos e recursos minerais, com faculdade de delegação, determinam, nos termos
legais, as medidas necessárias para garantir o ciclo urbano da água, electricidade e gás,
bem como dos derivados de petróleo e gás natural.

ARTIGO 37.º
(Ambiente)
O titular do departamento ministerial responsável pela área do ambiente, com faculdade
de delegação, determina, nos termos legais, as medidas necessárias para garantir a
recolha e tratamento de resíduos sólidos.

ARTIGO 38.º
(Indústria)

O titular do departamento ministerial responsável pela área da indústria determina nos


termos legais, com faculdade de delegação, determina, nos termos legais, as medidas
necessárias para garantir o funcionamento dos estabelecimentos industriais, cujas
actividades são essenciais na presente conjuntura.

ARTIGO 39.º
(Protecção do emprego, postos de trabalho e trânsito aduaneiro)

1. Os titulares dos departamentos ministeriais responsáveis pelas áreas das finanças


públicas, administração pública, trabalho e segurança social adoptam as medidas
necessárias a garantir a protecção do emprego e dos postos de trabalhos, definindo
os inventivos necessárias.

2. As autoridades competentes pelas alfândegas devem tomar as medidas necessárias


para garantir o trânsito aduaneiro nos pontos de entrada ou nos pontos de inspecção
localizado em portos e fronteiras terrestres, priorizando os produtos de primeira
necessidade, de saúde e matérias-primas necessárias à sua produção.

ARTIGO 40.º
(Requisição civil)

1. Por decisão das autoridades de saúde ou das autoridades de protecção civil podem
ser requisitados quaisquer bens ou serviços de pessoas colectivas de direito público
ou privado, que se mostrem necessários ao combate à doença COVID-19,
designadamente equipamentos de saúde, máscaras de proteção respiratória ou
ventiladores, que estejam em stock ou que venham a ser produzidos a partir da
entrada em vigor do presente diploma.

2. É autorizado o recurso aos órgãos de defesa e segurança para a garantia do


cumprimento do disposto no presente diploma.

3. Os titulares dos departamentos ministeriais responsáveis pelas áreas da defesa


nacional e o do interior devem criar as condições para a efectivação da participação
dos órgãos de defesa e segurança na medida do necessário e proporcional.

4. É determinada requisição civil de médicos e enfermeiros na reforma.

5. Exceptua-se do disposto no número anterior, os casos de médicos e enfermeiros


particularmente vulneráveis à pandemia COVID-19.
6. Compete ao titular do departamento ministerial responsável pela área da saúde a
criar as condições para a materialização das medidas previstas no presente artigo.

Artigo 41.º
(Protecção Civil)

No âmbito da protecção Civil:


a) São accionadas as estruturas de coordenação política e institucional
territorialmente competentes, as quais avaliam, em função da evolução da
situação, a eventual activação dos planos de emergência de protecção civil do
respectivo nível territorial;
b) É efectuada a avaliação permanente da situação operacional e a correspondente
adequação do Estado de Emergência.

ARTIGO 42.º
(Documentos, licenças e autorizações)

1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as autoridades públicas aceitam, para


todos os efeitos legais, a exibição de documentos susceptíveis de renovação cujo
prazo de validade expire a partir da data de entrada em vigor do presente diploma
ou nos 15 dias imediatamente anteriores, designadamente:
a) Bilhete de identidade;
b) Carta de condução;
c) Livrete de viatura;
d) Título de propriedade automóvel;
e) Passaporte;
f) Cartão de estrangeiro residente.

2. No decurso da vigência do presente diploma, as licenças, autorizações ou outro tipo


de actos administrativos, mantêm-se válidos independentemente do decurso do
respectivo prazo.

ARTIGO 43.º
(Créditos bancários)

No decurso da vigência do presente diploma ficam sem efeito as interpelações,


constituições em mora e execuções decorrentes do atraso do cumprimento de obrigações
que não possam ser realizadas por decorrência do Estado de Emergência.

ARTIGO 44.º
(Inspecção das actividades económicas)

1. Os órgãos competentes de inspecção das actividades económicas mantêm-se em


funções e funcionam com apoio dos órgãos de defesa e segurança.

2. Devem ser reforçadas as acções de inspecção com vista a identificar e sancionar as


práticas de especulação de preços pelos estabelecimentos comerciais.
ARTIGO 45.º
(Órgãos de comunicação social e dever de informação)

1. Os órgãos de comunicação social, públicos e privados, mantém-se em


funcionamento.

2. Os órgãos competentes de gestão podem adoptar medidas de diminuição do


efectivo laboral presencial durante a vigência do estado de emergência,
salvaguardando sempre a prestação dos serviços essenciais.

3. Os órgãos competentes devem, com a regularidade recomendável, prestar


informação pública sobre a evolução da pandemia em Angola.

ARTIGO 46.º
(Regulamentos e actos de execução)

1. Os regulamentos e actos administrativos de execução do presente diploma são


eficazes através de mera notificação ao destinatário, por via eletrónica ou outra,
sendo dispensadas as demais formalidades aplicáveis.

2. Para os efeitos do disposto no número anterior, entende-se por realizada a


notificação aos destinatários através da publicação dos regulamentos ou actos no
site das entidades competentes para a aprovação dos regulamentos ou a prática dos
actos ou ainda em publicação de grande tiragem.

ARTIGO 47.º
(Fiscalização)

1. Compete às forças e serviços de segurança fiscalizar o cumprimento do disposto no


presente diploma, mediante:
a) O encerramento dos estabelecimentos e fazendo cessar as actividades;
b) A emanação das ordens legítimas, nos termos do presente diploma, a cominação
e a participação por crime de desobediência, nos termos e para os efeitos da
legislação aplicável, por violação do disposto nos artigos 7.º a 9.º do presente
diploma e do confinamento obrigatório de quem a ele esteja sujeito nos termos
do artigo 3.º, bem como a condução ao respetivo domicílio;
c) O aconselhamento da não concentração de pessoas na via pública;
d) A recomendação a todos os cidadãos do cumprimento do dever geral do
recolhimento domiciliário, nos termos e com as excepções previstas no artigo
5.º.

2. Para efeitos do disposto na alínea b) do número anterior, as autoridades de saúde


comunicam às forças e serviços de segurança do local de residência a aplicação das
medidas de confinamento obrigatório.
3. As forças e serviços de segurança reportam permanentemente ao titular do
departamento ministerial responsável pela área do interior o grau de acatamento
pela população do disposto no presente diploma, com vista a avaliação a todo o
tempo a situação, designadamente a necessidade de aprovação de um quadro
sancionatório por violação do dever especial de protecção ou do dever geral de
recolhimento domiciliário.

4. Sem prejuízo do disposto no número anterior, as entidades do Ministério da Saúde


comunicam ao titular do departamento responsável pelo interior as orientações de
caráter genérico das autoridades de saúde.

ARTIGO 48.º
(Dever geral de cooperação)

Durante o período de vigência do estado de emergência os cidadãos e demais entidades


têm o dever de colaboração, nomeadamente no cumprimento de ordens ou instruções
dos órgãos e agentes responsáveis pela segurança, proteção civil e saúde pública na
pronta satisfação de solicitações, que justificadamente lhes sejam feitas pelas entidades
competentes para a concretização das medidas do presente diploma.

ARTIGO 49.º
(Salvaguarda de medidas)

1. O presente diploma não prejudica as medidas já adoptadas pelas instituições


públicas e privadas, bem como as destinadas a prevenir, conter, mitigar ou tratar a
infeção epidemiológica por SARS-Cov-2 e a doença COVID-19, bem como as
destinadas à reposição da normalidade em sequência das mesmas.

2. Os titulares e responsáveis máximos de órgãos e serviços públicos e privados


adoptam as medidas necessárias e complementares à efectivação do presente
diploma e consentâneos com o Estado de Emergência declarado.

ARTIGO 50.º
(Dúvidas e omissões)

As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e aplicação do presente Decreto


Presidencial são resolvidas pelo Presidente da República.

ARTIGO 51.º
(Entrada em vigor)

O presente Decreto Presidencial entra em vigor às 00:00 do dia 27 de Março de 2020.

PUBLIQUE-SE.

Luanda, aos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO

Você também pode gostar