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por G. K. Chesterton
Se, por outro lado, nós lhes mencionarmos a Risada e eles não
rirem, o que eles sempre fazem é isso; torcer suas simplórias
faces em expressões de gravidade feroz e melancolia, e
começam a falar de Psicologia Primitiva, e os reflexos
automáticos de Pithecanthropus; e após um mês ou dois dessa
alegre conversa, eles praticamente sempre chegam ao
resultado de que (o qual é um sinal e sintoma inequívoco de
suas mentes moribundas) “a risada está, afinal de contas,
fundada em algum instinto de crueldade.” Tudo sendo uma
pura e educada exposição do grande hábito moderno de ser
tão antí-científico quanto possível ao usar palavras científicas.
Eles ainda não provaram que haja qualquer instinto de
crueldade, não mais do que provaram que haja um de mastigar
vidro. Alguns lunáticos de fato mastigam vidro; até mesmo
alguns homens eminentes o têm feito; eu creio que o famoso
Sir Richard Greenvilee possuía tal hábito. Alguns homens
possuem a perversão chamada crueldade; mas se um homem
primitivo desenvolveu um talento para o humor de uma
perversão de crueldade, é tão difícil de se explicar como eles
desenvolveram a perversão assim como eles desenvolveram o
talento. Nós podemos muito bem então explicar o início da
poesia ao dizer que Pithecanthropus era viciado em cocaína.
Toda a coisa é uma daquelas insinuações descaradas da
ciência popular, deveras desprovida de suporte da ciência
séria, mas que tem um forte motivo moral ou anti-moral; ao
sugerir através de inumeráveis e irresponsáveis insinuações
que os seres humanos devem tudo à semi-humanos chamados
homem primitivo; e que os tais eram criaturas completamente
degradadas, habitando em trevas de ódio e medo.