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O valor do dinheiro
no tempo
3. Planilhas eletrônicas
5. Exercícios propostos
Apresentação do autor
Uma parte delicada na elaboração do plano de negócios de um empreendimento é a realização do
plano financeiro. É a hora de expressar tudo em valores, isto é, em dinheiro. É preciso fazer as contas
para ver, por exemplo, qual o volume de recursos necessários para viabilizar o negócio.
Mas as perguntas não param por aí... O negócio vale o dinheiro aplicado nele? Será que há melhores
alternativas para a aplicação dos recursos? Como calcular o retorno do empreendimento? Como se
comportarão as receitas e os custos no decorrer do tempo? Quanto tempo levará para recuperar
os recursos investidos? Qual a contribuição de cada unidade vendida para a formação do resultado
da empresa? Haverá um nível mínimo de vendas a partir do qual as receitas superam os custos e as
despesas? Custos e despesas são coisas diferentes, ou melhor, têm conceitos diferentes? Qual o nível
mínimo de vendas a partir do qual as receitas superam os custos? Quais os principais indicadores
econômico-financeiros que devem ser acompanhados? Como calcular o valor dos recursos necessários
para a implantação e a manutenção das atividades da empresa? Qual a importância do capital de giro?
Será preciso responder a essas e outras perguntas semelhantes da melhor maneira possível. Muitas
vezes, será preciso fazer hipóteses de como se comportarão a economia, os fornecedores, os clientes,
a tecnologia, a política etc. E todos nós sabemos o quanto é arriscado tentar prever o desenrolar dos
acontecimentos. Mas é preciso agir de maneira racional, afinal você está aplicando recursos próprios
e de terceiros. Aliás, quem estará disposto a financiar seu empreendimento, se você não for capaz de
responder com objetividade a questões como essas?
http://stevanovichcenter.uchicago.edu/images/home.jpg
10 :: Finanças para novos empreendimentos :: Guilherme de Azevedo M. C. Guimarães
Estamos acostumados com a idéia de que o valor do dinheiro muda no tempo. Afinal, sempre
convivemos com alguma inflação. Nesse caso, depois de algum tempo, a quantidade de bens e serviços
que determinada soma em dinheiro pode comprar diminui. Outro exemplo é o caso das viagens
internacionais. Em alguns momentos elas estão mais baratas, em outras, mais caras. Dessa forma,
achamos natural que ao pedir algum dinheiro emprestado teremos que, em algum momento, devolver
a quantia integral acrescida de um determinado valor.
Mas se não houvesse inflação ou variação cambial? Ainda assim ocorreria a mesma coisa. Quem
empresta dinheiro abre mão de algo: poderia consumir no presente ou obter uma renda aplicando o
recurso em algum investimento. Por isso, faz jus a uma compensação. Chamaremos capital o valor que
foi emprestado ou aplicado, e juros a remuneração devida pela utilização do capital. Finalmente, a taxa
de juros é a proporção entre os juros pagos e o capital.
Juro
A teoria econômica convencional define os seguintes fatores de produção: terra, trabalho e capital.
Cada um desses fatores, quando aplicado no processo produtivo, percebe remunerações específicas
denominadas, respectivamente: aluguel, salário e juro. Ou seja, nesse contexto, o juro é a remuneração
devida ao fator capital.
Regimes de capitalização
O comportamento do capital no tempo depende do modo como foi aplicado, ou seja, do regime de
capitalização. Podemos classificar os regimes de capitalização da seguinte forma:
Contínua
Capitalização Simples
Descontínua
Composta
Trocando em miúdos, imagine que você aplicou uma determinada quantia na caderneta de
poupança. O que vai fazer no final do ano? Vai retirar os juros ou mantê-los aplicados? Se retirar os juros
seu dinheiro vai crescer de acordo com o regime de capitalização simples, ou se mantê-los aplicados
haverá capitalização composta.
A Tabela 1.1 mostra a evolução de uma aplicação de $ 1.000,00, por cinco anos, a uma taxa de juro
nominal de 10% ao ano.
Atenção
O Gráfico 1.1 mostra com mais clareza o que já sabemos: se não mexermos na aplicação, o capital
cresce mais rápido do que quando retiramos os juros.
$
Composto
Simples
1100
1000
n
1
Conforme podemos observar na tabela e no gráfico, o montante em juros simples cresce linearmente,
de acordo com uma progressão aritmética cuja razão é igual ao valor dos juros, isto é, $ 100,00. Já em
juros compostos, o crescimento é exponencial, obedecendo a uma progressão geométrica de razão
igual a 1 (um) mais a taxa da operação.
12 :: Finanças para novos empreendimentos :: Guilherme de Azevedo M. C. Guimarães
Conforme podemos observar na tabela e no gráfico, o montante em juros simples cresce linearmente,
de acordo com uma progressão aritmética cuja razão é igual ao valor dos juros, isto é, $ 100,00. Já em
juros compostos, o crescimento é exponencial, obedecendo a uma progressão geométrica de razão
igual a 1 (um) mais a taxa da operação.
Atenção
Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1033190
(+)
setas orientadas para cima
indicam entrada de caixa
Utilizando um diagrama de fluxo de caixa, podemos, por exemplo, representar da seguinte maneira
a operação de compra de um bem, no valor de $1.000,00, para pagamento, com juros e sem entrada,
em quatro prestações mensais de $ 300,00:
1000
1 2 3 4 meses
0
300 300 300 300
Planilhas eletrônicas
Atualmente há várias planilhas eletrônicas disponíveis para nos ajudar na solução de problemas
de matemática financeira. A mais utilizada é a Excel® da Microsoft®, mas qualquer uma delas facilita
bastante o trabalho de quem não tem maiores interesses em soluções algébricas, e sim na solução de
seus problemas financeiros do dia-a-dia.
Função Representando
Atenção
S e você estiver usando uma planilha com versão na língua inglesa, considere as
seguintes funções:
Função
PV Present Value
FV Future Value
Rate Rate
NPER Number of periods
PMT Payment
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OBSERVAÇÃO
a.a. - ao ano,
a.s. - ao semestre,
a.q. - ao quadrimestre,
a.t. - ao trimestre,
a.b. - ao bimestre,
a.m. - ao mês e
a.d. - ao dia.
Exercícios resolvidos
1. Que taxa de juros faz com que um capital inicial de $1.000,00 se transforme em um montante
de $1.464,10 ao final de 4 meses?
RESOLUÇÃO
Importante lembrar!
Todos os problemas de matemática financeira necessitam de pelo menos três valores conhecidos.
Nesse caso nós conhecemos as três informações necessárias: o número de períodos (4 meses), o
valor presente ($1.000,00) e o valor futuro ($1.464,10).
1.464,10
1 2 3 4 meses
1.000
Aula 1 – O valor do dinehrio no tempo :: 15
Utilizando a função TAXA de uma planilha eletrônica, devemos digitar os valores conhecidos
como se segue.
OBSERVAÇÃO
Você pode acessar as funções da planilha através do menu suspenso “Inserir” e selecionar a
opção “Função” ou clicar no botão referente à “inserir função” que está representado ao lado.
IMPORTANTE
Observe que o valor presente foi digitado como um valor negativo. Nas planilhas eletrônicas os
fluxos de caixa devem ser fielmente representados. Qual é a lógica nesse caso: Se eu apliquei $1.000,00
significa uma saída deste valor; quando resgato a aplicação, significa a entrada de um novo valor,
conforme representado no diagrama de fluxo de caixa.
RESPOSTA: Quando você clicar no botão OK, retornará, na planilha, o valor da taxa de juros: 10%.
16 :: Finanças para novos empreendimentos :: Guilherme de Azevedo M. C. Guimarães
2. Quanto tomei emprestado, se, após 5 meses, paguei o montante de $1.500,00, e a taxa
combinada era de 4% a.m.?
RESOLUÇÃO
São três os valores conhecidos: a taxa, o tempo e o valor futuro. O que você procura é o VP, ou seja,
qual o valor que foi emprestado. Veja o problema representado no diagrama abaixo:
VP=?
1 2 3 4 5 meses
1.500,00
3. Qual o montante a ser pago por um empréstimo de $1.000,00 que foi contratado por 2 anos à
taxa de 5% a.m.?
RESOLUÇÃO
1.000
5% a.m. 24 meses
VF=?
Os três valores necessários são conhecidos: o valor presente ($1.000,00), a taxa (5% a.m.) e o
tempo (24 meses). O que se procura conhecer é o valor futuro, ou seja, quanto será pago ao final do
empréstimo. Devemos digitar tais informações na função VF da planilha do seguinte modo:
2º) a planilha apresentou um valor negativo para o montante, $3.225,10, obedecendo à orientação
da seta do fluxo de caixa.
18 :: Finanças para novos empreendimentos :: Guilherme de Azevedo M. C. Guimarães
http://www.sxc.hu/photo/1072482
RESOLUÇÃO
Neste problema a incógnita é o número de períodos. Devemos utilizar a função NPER. Embora
não pareça à primeira vista, os três valores necessários à operação estão dados. Basta lançar um Valor
Presente e o dobro deste para o Valor Futuro, como se segue:
Observe que um dos valores deve ser positivo e o outro negativo, pois um deles representa uma
entrada, enquanto o outro uma saída de recursos.
A planilha informa que o tempo necessário para duplicar um capital à taxa de 2% a.m. é de
aproximadamente 35 meses.
Aula 1 – O valor do dinehrio no tempo :: 19
ATIVIDADE
RESPOSTAS:
1. R$ 1.728,00
2. R$ 4.380,00
3. 40% a.a.
4. 0,75% a.m.
5. 11 meses.
6. 3 anos.
7.
Mês 0 Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
1.000,00 1.050,00 1.100,00 1.150,00 1.200,00 1.250,00 1.300,00
8.
Mês 0 Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
1.000,00 1.050,00 1.102,50 1.157,62 1.215,51 1.276,28 1.340,09
Finalizando...
Nesta aula você foi apresentado aos conceitos de juro e capital. Agora, já sabe,
também, o que são os regimes de capitalização simples e composto. Aprendeu a elaborar
um diagrama e fluxo de caixa e a resolver problemas de matemática financeira utilizando
recursos computacionais.
Aula 1 – O valor do dinehrio no tempo :: 21
SILVA, André L. Carvalhal da. Matemática financeira aplicada. São Paulo: Atlas, 2005.