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Índice

Introdução..........................................................................................................................2

Causas de justificação da exclusão da culpa.....................................................................3

O consentimento do ofendido........................................................................................5

A legítima defesa...........................................................................................................5

Agressão.........................................................................................................................6

Da ilicitude ou ilegalidade da Agressão........................................................................6

Actualidade ou Eminência da Agressão........................................................................7

Necessidade de não provocação....................................................................................7

Impossibilidade do recurso à Força Publica..................................................................8

Proporcionalidade dos Meios Empregados....................................................................8

Impessoalidade da Defesa..............................................................................................9

Estado de Necessidade...................................................................................................9

Diferença em relação a legítima defesa.......................................................................10

Conflito de Deveres.....................................................................................................10

Do Cumprimento de um dever de Obediência Hierárquica.........................................10

Conclusão........................................................................................................................12

Referência Bibliográfica..................................................................................................13
1.0. Introdução
No presente trabalho reservo-me a abordar em torno das causas de exclusão da culpa e
da ilicitude. Pretendo no primeiro momento da abordagem ostentar as causas de
justificação de facto que facto que a legislação Moçambicana consagra, falo a tal
propósito do consentimento do ofendido, a legitima defesa, o estado de necessidade,
bem como trazer alusão os requisitos para fazer-se uso de cada instituto.

Para atingir aos objectivos desta pesquisa e com vistas a sintetizar alguns aspectos
salientados no presente estudo, foram utilizados no desenvolvimento desta pesquisa,
literaturas como livros, artigos, entre outros.

1
1.1. Causas de justificação da exclusão da culpa

Desde logo, o principio considerado sagrado em Direito Criminal é o da legalidade ou o


chamado Nullum Crime sine Lege. A luz daquele princípio só se deve considerar uma
infracção, aquele acto que estiver descrito na lei criminal como tal. Ao contrário, se
pode dizer que então todo acto que coincidir com a descrição feita pela lei criminal deve
ser considerado crime. Mas não parece ser assim embora pela lógica devesse ser1.

Para tal conclusão, importa fazer uma destrinça entre acto típico e acto ilícito. A
tipicidade, esta relacionada com o chamado numerus clausus, com uma descrição legal
de uma conduta, enquanto a ilicitude, esta ligada a antijuridicidade de um certo acto,
quer isto dizer que um facto pode ser tipicamente punível quando rodeado de certas
circunstâncias específicas não ser um acto ilícito. EDUARDO CORREIA ensina que
quando se pretenda, pois, um conceito tipo, hão-de nele fazer-se caber as suas causas de
justificação com seus elementos negativos, só assim se tornando o tipo legal de crime,
verdadeiramente em tipo de ilicitude2.

GERMANO doutrina que a ilicitude aparente de facto é excluída quando o facto além
dos elementos previstos na norma incriminadora é praticado em circunstâncias que
constitui uma causa de justificação. Neste caso o facto torna-se lícito. Portanto o facto
típico não é igual a um facto ilícito, mas sim um indício da ilicitude3.

As causas de justificação de facto se dividem em dois importantes grupos:

 As causas de exclusão da ilicitude e;


 As causas de exclusão da culpa.

As primeiras são necessariamente aqueles que se encontram vertidos no 1 do art.°48


Justificam o facto:
1
Elisio de Sousa. Manual de Direito Criminal Mocambicano. 2ªEd, Escolar Editora, Maputo.2017.
pp.133.
2
EDUARDO CORREIA Apud. Elisio de Sousa. Manual de Direito Criminal Mocambicano. 2ªEd,
Escolar Editora, Maputo.2017.pp.133
3
GERMANO Apud. Elisio de Sousa. Manual de Direito Criminal Mocambicano. 2ªEd, Escolar Editora,
Maputo.2017.pp133.

2
a) o estado de necessidade;
b) a legítima defesa própria ou alheia;
c) o conflito de deveres;
d) a obediência legalmente devida aos seus superiores legítimos, salvo se
houver excesso nos actos ou na forma de execução;
e) a autorização legal no exercício de um direito ou no cumprimento de uma
obrigação, se tiver procedido com diligência devida, ou o facto for um resultado
meramente casual.
Enquanto as segundas se encontram expressas no n.º 2 do mesmo artigo:

a) os que praticam o facto violentados por qualquer força estranha, física e


irresistível;
b) os que praticam o facto dominados por medo insuperável de um mal igual ou
maior, iminente ou em começo de execução;
c) os que praticam um facto cuja criminalidade provém somente das
circunstâncias especiais, que concorrem no ofendido ou no acto, se ignorarem e
não tiverem obrigação de saber a existência dessas circunstâncias especiais;
d) em geral, os que tiverem procedido sem intenção criminosa e sem culpa.

As causas de exclusão da ilicitude representa o exercício de um direito que é autorizado


ou pela lei criminal ou por outra constante no ordenamento jurídico, o chamado
princípio da unidade jurídica para as causas excludentes da ilicitude. Estas são em regra
comunicáveis aos comparticipantes de um facto criminal.

A legitima defesa, neste caso, quem age em legitima defesa e que tenha o mesmo com a
comparticipação de alguma outra pessoa, devem ambos ser isentos de qualquer pena em
virtude de os mesmos terem agido em exercício de um direito. No segundo. No segundo
caso, das causas de exclusão da culpa, estas representam um facto inerente ao agente do
crime que faz dirimir a sua culpa, a inimputabilidade em virtude da idade (menor de 15
anos).

Nesta causa dirimente deve-se ter em conta que a mesma não apresenta prerrogativa da
comunicabilidade aos comparticipantes uma vez que se um dos comparticipantes
beneficia de uma causa exclusoria da ilicitude, esta não deve beneficiar os outros
comparticipantes.

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TEREZA BELEZA4 ensina que as causas de justificação do facto não são taxativas,
uma vez que esta entende que estender para além da letra da lei as suas causas de
justificação do facto seria necessariamente fazer uma interpretação extensiva ou
analógica das normas de Direito Criminal o que em princípio é proibido, porem esta
proibição não se estende ao tipo negativo da infracção. Entende ainda que a mesma
proibição tem que ver com a defesa do cidadão contra os abusos de aplicador da lei, o
que pode, muitas vezes colidir com os direitos constitucionalmente consagrados dos
cidadãos, e que no caso das causas de justificação estas beneficiam ao cidadão e por
essa via não poderão ser restringidas de uma interpretação analógica. Portanto deve-se
entender que a enumeração das causas de justificação de facto não é de numeração
taxativa, mas de numeração enunciativa, podendo no entanto haver outras causas que
possam justificar o facto que não se mostrem tipificadas na lei.

1.2. O consentimento do ofendido


Na arena Criminal o consentimento do ofendido é uma das causas da justificação do
facto, concretamente uma causa de exclusão da ilicitude. Isso deve-se ao facto de o
consentimento do ofendido constituir de per si um requisito para se converter o ilícito
em exercício de um direito. Nesta esteira de pensamento, é importante esclarecer que
não se deve confundir o consentimento do ofendido com a figura de perdão ou da
desistência do procedimento criminal. O consentimento deve ser entendido como
anterior a pratica daquele acto que é punível enquanto o perdão e a desistência são
sempre posteriores ao facto punível. Assim o consentimento pode ser presumido e
mesmo assim deve o mesmo ser equivalente ao consentimento expresso desde que não
ofenda os direitos indisponíveis e os bons costumes.

4
TEREZA BELEZA Apud. Elisio de Sousa. Manual de Direito Criminal Mocambicano. 2ªEd, Escolar
Editora, Maputo.2017.pp135.

4
1.3. A legítima defesa
Esta encontra-se prevista e regulada no Código Civil 5, concretamente no art.°337 e no
código penal6 na conjugação do art.° 50 e alínea c) do artigo 49.

A legitima defesa é a manifestação do direito à defesa do cidadão quando própria e do


dever do auxilio quando alheia. Portanto em regra é ao Estado que incumbe assegurar a
defesa dos cidadãos quando os seus direitos são postos em causa. Mas situações há em
que não é possível em tempo evitar a agressão ilícita, recorrer as instancias do Estado
criadas especialmente para a defesa do cidadão, dai que o mesmo Estado legitima que
nestas situações os mesmos cidadãos tem o direito de se defenderem com meios
próprios com vista a fazer cessar a agressão em tempo útil. Todavia a legítima defesa
contem alguns requisitos, de modo a que não se possam legitimar algumas agressões
propositadas ou como prefere EDUARDO CORREIA, preordenados.

1.3.1. Agressão
Há dever de direito de defesa quando se trata de uma agressão. A agressão pode ser
passada, actual, futura, verbal, física, eminente e de intensidade variada. Mas o mais
importante é que se deve tratar de uma agressão ilícita. Sobre a ilicitude da agressão não
se deve entender que o agressor não tenha nenhuma autorização legal para o efeito,
porque no caso contrario não se poderá falar de direito a reacção da mesma agressão a
título de exemplo: o caso de um oficial de justiça que pretende fazer cumprir uma
ordem captura, e fazendo das algemas para reter a possibilidade de fuga do capturado.

1.3.2. Da ilicitude ou ilegalidade da Agressão


Alguns autores defendem que uma agressão para que seja susceptível de legítima defesa
é necessário que seja ilícita. Para que seja considerada ilícita é necessário que
recorramos aos princípios gerais da ilicitude, no que se chega a conclusão de que esta
sempre ligada a definição de crime e que por fim só podem cometer actos criminais os
homens criminalmente imputáveis.

5
Vide. Art.°337 Codigo Civil Moçambicano.
6
Vide. art.° 50 e alínea c) do artigo 49 Codigo Penal Mocambicano

5
A legítima defesa só pode ser contra a agressão de uma pessoa imputável nos termos da
lei criminal. O que quer dizer que contra a agressão de animais, menores ou dementes
não podem estes ser defendidos por via da legítima defesa pelos argumentos acima
expostos, mas podem contra-atacar por via do instituto do Estado de necessidade.
Outros autores têm entendimento diferente. Entende estes que a lei fala de agressão
ilegal e não ilícita. E que o ilícito pode estar ligado aos princípios de Teoria Geral do
Crime, enquanto o ilegal pode ter mais que ver com a concepção mais generalista e
menos técnica, dai que a lei não tenha restringindo a legitima defesa somente aos
humanos imputáveis, mas também as agressões perpetradas por menores inimputáveis,
dementes, animais e outras agressões. Portanto a legítima defesa aplica-se a defesa
contra todo tipo de agressão seja humana ou de qualquer natureza.

1.3.4. Actualidade ou Eminência da Agressão


A actualidade se refere essencialmente ao facto de ser uma agressão em eminência ou
na sua execução. Assim, não é exigível que o defensor deixe que o agressor inicie com
as agressões uma vez que este nunca terá capacidade de medir quais é que serão as
intensidades das mesmas e que se depois de as mesmas iniciarem este terá ainda
capacidade física e psicológica de as enfrentar ou de as fazer cessar. Neste caso deve o
defensor ponderar antecipadamente a iminência das agressões, tomando em conta que se
tenha iniciado o iter criminis de modo a poder reagir as mesmas. O momento da
eminência das agressões não é uma questão pacífica na doutrina. Alguns autores
defendem que o defensor deve ter em conta os actos preparatórios e outros se
desdobram em argumentos dizendo que se deve somente ter em conta o momento em
que deve o defensor tomar as medidas concernentes a legitima defesa. Analisando o
argumento “se deve ter em conta o momento dos actos preparatórios” pode-se dizer que
nem sempre os actos preparatórios culminam em execução, por vezes a conduta do
potencial agente pode cingir-se somente a uma ameaça ou que por razões objectivas do
momento não seja possível continuar a sua acção até a consumação.

1.3.5. Necessidade de não provocação


Tem que ver com o facto de não ter que ser a legitima defesa motivada por um acto
anterior de provocação do defendente. Querendo com isto dizer não pode o defendente

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provocar ou praticar um acto de provocação de forma dolosa ou negligente para depois
reagir a agressão de provocação, alegando a legitima defesa. Em princípio não deve
haver legítima defesa contra a legítima defesa uma vez que este representa a prática de
um acto ilícito e contra os actos lícitos não se pode verificar a legítima defesa, podendo
qualquer reacção a este configurar um crime. Porem, a prática dos actos correntes da
vida em sociedade não deve ser conotado com provocação, a título de exemplo: os
empurrões numa fila de mercado informal ou o uso de expressões verbais
inconvenientes, mas comummente aceitos, assim o acto de provocação propriamente
dito desfazem a legitimidade de defesa em caso de reacção do provocado.

1.3.6. Impossibilidade do recurso à Força Publica


Outro requisito que se toma em consideração na legítima defesa é a impossibilidade de
recurso a forca a publica em tempo útil. Não pode o defendente reagir a agressão,
quando este possa recorrer a forca pública (esquadras de policia ou tribunais). Com isso
não se deve entender que o defendente se deva acobardar as ofensas a honra e devendo
sempre fugir para uma esquadra. Uma vez que a defesa nessas circunstâncias se
apresenta como exercício de um direito, que merece dignidade constitucional, deve o
defendente dentro das suas reais possibilidades, tomar de si, actos que façam cessar a
agressão eminente ou em execução.

1.4. Proporcionalidade dos Meios Empregados


A legítima defesa sempre representa uma contra agressão. E nessa segunda agressão é
possível que os seus efeitos possam ser muito superiores aos eventuais efeitos que
teriam a primeira agressão. Dai é necessário que os meios usados para agressão sejam
de algum modo proporcionar aos meios usados pelo primeiro agressor por forma a
adequar a sua conduta a uma verdadeira defesa e não incorrer em vinganças pessoais.
Essa proporcionalidade constitui a proporcionalidade de meios e intensidade que são
usados pelo agressor. Assim, não deve a proporcionalidade ser confundida com a
questão dos valores que estão em causa.

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1.5. Impessoalidade da Defesa
Deve-se ter em conta a legítima defesa pode ser própria ou alheia. A própria vai ser
aquela em que o defendente pretende defender-se de uma agressão que é dirigida a si
enquanto alheia é aquela se dirige ao agressor quando este pretende agredir uma terceira
pessoa e que esta terceira pessoa não consente com aquela ofensa. Este último aspecto
focado sobre o consentimento é importante porquanto se esta agressão é consentida não
deve haver intervenção de terceiro na defesa sob pena de carência de um dos requisitos
de legítima defesa que não é caso concreto a ilegalidade da agressão.

1.6. Estado de Necessidade


Alguns autores preferem a designação de Direito de Necessidade. Esta é também uma
das causas de justificação do facto. Todavia a doutrina é muito hesitante quanto a sua
qualificação de causa excludente da culpa ou ilicitude. O Estado de Necessidade é
caracterizado como uma situação do agente que se encontrando numa situação em que
se vislumbra a eminência de sacrifício de um bem jurídico, este mesmo agente actua
violando outro bem juridicamente protegido de forma a fazer cessar o perigo da
destruição de outro bem jurídico a título de exemplo: caso de um homem que para
apagar o fogo de uma determinada residência que se encontra em chamas este opta por
arrombar a porta da mesma residência para apagar as chamas, o caso de A estar a
afogar-se e B arrancar a bóia de C que se encontra fora de perigo e ir salvar A. O caso
de A encontrar estatelado na estrada e ainda com vida até mesmo sem habitação para
tal. O que se verifica nos exemplos enunciados é que há uma ponderação de valores do
agente em que este prefere sacrificar um bem jurídico menor em benefício de um bem
jurídico maior. Portanto, numa situação normal, o acto de arrombar uma porta arrancar
uma bóia, ou retirar uma viatura de outrem sem o seu consentimento e sem a respectiva,
licença de condução, constituem infracções tipificadas na lei criminal como crimes de
danos, roubo, subtracção de veículos e condução ilegal respectivamente. Porem porque
o agente se encontra numa situação de ter que evitar um mal maior pratica este mal
menor.

No nosso ordenamento jurídico o estado de necessidade esta regulado precisamente na


al.a) do n°, do art.°48 e no art.°49. O estado de necessidade deve representar um perigo
justificado objectivamente. Pois que não o agente praticar um acto típico para

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salvaguardar um mal menor ou um mero capricho. Onde pode-se dar exemplo de
alguém que arromba uma porta para poder se esquivar da chuva ou que derruba uma
árvore no quintal de outrem sob alegação de que a árvore lhe impedia o bom
estacionamento da viatura.

1.7. Diferença em relação a legítima defesa


O estado de necessidade se diferencia da legítima defesa porquanto o segundo se trata
de uma agressão contra o defendente enquanto no primeiro não se mostra presente numa
agressão a pessoa, mas sim ao património. Ainda se deve ter em atenção que na legítima
defesa normalmente o agente não tem uma opção. Pois que este ao reagir se torna a
reacção o exercício de um direito enquanto no estado de necessidade o agente opta entre
agir e não agir. Porem, é digno de se fazer referencia que o estado de necessidade é
subsidiário a legitima defesa porque onde se esgota a legítima defesa, ainda se pode
funcionar o estado de necessidade.

1.8. Conflito de Deveres


O conflito de deveres surge quando há uma situação de objectividade da igualdade de
bens jurídicos sacrificáveis. Como é o caso de alguém que tem um único medicamento e
que pretende salvar a vida de dois doentes. Tomando-se em conta que só se pode salvar
a vida dos referidos doentes com um único medicamento, portanto, não se pode dividir,
o agente tem de escolher entre um e outro. Outro é o caso de um precipício, um pai ter
dois filhos pendurados por uma mão e para que se salve pelo menos um seja preciso
sacrificar outro, largando-se e deixando cair ao precipício o outro. Neste caso, os bens
jurídicos em análise são idênticos, portanto, vida.

1.9. Do Cumprimento de um dever de Obediência Hierárquica


O agente pode praticar um facto tipificado na lei criminal como crime mas sendo este
movido a praticar tal facto por incumbência de um dever e este dever pode ser legal ou
especifico, por via hierárquica.

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Mas antes importa desde já fazer uma fronteira entre o dever legal e hierárquico. O
dever legal vai ser aquele que emana directamente da norma jurídica, seja ela de uma
norma de Direito Criminal ou de outro ramo de Direito. Como por exemplo: aos casos
de um policia que detém um individuo que prática um crime punível com pena de prisão
em flagrante delito ou uma testemunha que depõe contra outrem por factos lesivos a
honra do visado. Em ambos os caos deve-se ter em conta que se não se tratasse
efectivamente de um dever do cumprimento de um dever legal, era possível indiciar o
polícia pela prática de um crime de cárcere privado ou no segundo caso de crime de
difamação. Mas como trata-se de um dever não se pode falar em crime.

O outro dever a que se pode fazer menção é o cumprimento de um dever emanado de


uma situação específica. Este dever já não se pauta pelo cumprimento de uma norma
jurídica, ordem emanada por uma autoridade pública legitimada para o efeito. Portanto,
é estritamente necessário que se trate de uma autoridade pública, porque de outro modo
não pode uma autoridade privada constituir uma causa para justificação do facto. A
título de exemplo: no caso de um juiz de instrução criminal ordenar a captura de um
individuo que é indiciado de ter praticado um delito cujo processo já se encontra na fase
de instrução contraditória. Portanto, o que sucede é o seguinte: aos juízes da instrução
criminal é atribuída a prática de actos jurisdicionais em processos-crime na fase da
instrução contraditória nos termos do art.1, Lei n.°2/93 de 24 de Junho. O que significa
que a actuação num processo-crime se limita a fase de instrução preparatória. Portanto
no caso em que o juiz ordene uma captura, esta intervenção se mostrara manifestamente
ilegítima, mesmo que tenha sido emanada por uma autoridade aparentemente
legitimada. Dai que pode haver inúmeras situações em que uma ordem é dada por uma
autoridade mas que seja uma ordem formalmente legítima, mas materialmente. Por isso
é importante saber se aquele que receba uma determinada ordem de uma autoridade
deve saber se a cominação do cumprimento dessa mesma ordem não é o cometimento
de um crime. Sendo um crime, o destinatário da ordem deve ter o direito a pedir a
chamada representação de modo a que haja elementos suficientes para que se possa
falar de imposição hierárquica, e dai que se transferida a responsabilidade criminal do
cumprimento da ordem para esse mesmo superior.

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Conclusão

Chegado ao termo da presente perscrutação cabe primeiramente exortar que é


impensável dentro da ciência jurídica que em tempos hodiernos, de completa
ineficiência estatal, de violência em ascensão galopante, que o cidadão aguarde pelo
socorro do poder publico, que pode vir a tardar e até a falar, para que este afaste
agressão que certamente vai ocorrer.

Não há dúvida razoável em entender que o meio necessário para fazer cessar uma
agressão injusta pode ser a antecipação suficiente da resposta defensiva, posto que
esperar o embate do facto poderia significar abdicar-se de qualquer chance de defesa.

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Referência Bibliográfica
- Elisio de Sousa. Manual de Direito Criminal Mocambicano. 2ªEd, Escolar Editora,
Maputo.2017.

Legislação

- Código penal Moçambicano

- Código Civil Moçambicano

- Lei n.°2/93 de 24 de Junho (que institucionaliza os juízes da instrução criminal)

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