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“Como poderia um homem de paixões imoderadas como D.

Pedro I tornar-se o Poder


Moderador? E a história mostra-nos inúmeros casos em que se comportava como um
presidente procurando participar dos debates, discutindo atitudes e decisões com os
deputados etc. Nos quadros do regime parlamentar, o rei é um magistrado. D. Pedro I
não o poderia ser, por sua condição de chefe de um movimento nacional e por seu
temperamento. Impossibilitado de exercer o papel que a constituição, que oferecera ao
povo e este aceitara, lhe atribuía, deixou o lugar. Mas, se não podia exercer as funções
de Poder Moderador nos termos da lei, deixou-nos o filho, exatamente talhado segundo
as medidas do modelo.” – p. 77

Das páginas 80 a 82, demonstra que o Regente Feijó já demonstrava características de


uma teoria presidencialista imperial: o governo (Executivo) não deveria se alinhar às
maiorias das Câmaras.

Anota João Camilo que a Presidência do Conselho de Ministros foi criada em 1847, e
era exercida de modo unipessoal, apesar da composição do ministério seguir a tradição
parlamentarista:

“No decorrer dos tempos, prevaleceu uma posição diferente da postulada pelo grande
jurista; em lugar de um corpo coletivo do qual o presidente seria, apenas, um primus
inter pares, o gabinete tornou-se realmente o órgão executor da política de seu
organizador. Duas razões principais contribuíram para isso. Uma de ordem psicológica:
o caráter viril e másculo dos homens daquele tempo, homens de vontade férrea e
temperamento autoritário, orgulhosos e altivos. A outra, condição natural do
parlamentarismo. Se o ministério era responsável perante a nação pelos acertos e
desacertos do governo, é evidente que procurassem os seus chefes chamar a si,
igualmente, o poder de decidir. E como todo governo é naturalmente unipessoal, dentro
do princípio que a deliberação é obra de muitos e a execução de um só, o resultado não
seria diferente do que foi: o governo pessoal do presidente do Conselho.” – p. 86

OS. O grande jurista a que João Camilo se refere é Pimenta Bueno, para quem o
Presidente do Conselho de Ministros deveria se submeter à maioria de seu gabinete.

p. 101/102: Zacarias de Góis defendia que o Poder Moderador era, tal qual o Executivo,
exercido em conjunto com o Parlamento.
p. 103-105: Apresenta Braz Florentino como o exato oposto, e contrário mesmo ao
parlamentarismo.

Felisbelo Freyre (p. 106): Defendia que o Presidente do Conselho de Ministros fosse
escolhido

p. 108: Províncias foram criadas em 1834.

p. 122: No império havia uma política unificada mas descentralizada.

p. 122:

“Era, pois, quase ilimitada a ação dos presidentes de província. Graças a eles, os
presidentes de Conselho faziam e desfaziam as situações políticas exatamente onde a
política tinha origem nas províncias. O corpo eleitoral nascia da vontade desses agentes
dos chefes do governo.”

p. 113:

“O outro aspecto liga-se à questão militar: o comandante de armas de cada província


estava sujeito ao seu respectivo presidente. Como resultado, ocorriam várias situações
perigosas: – comandantes de armas articulados à ação política dos presidentes e, pois,
envolvidos com a tropa na política partidária; – presidências ocupadas por elementos da
classe militar, mas do posto inferior ao do comandante o que, fatalmente, criava
situações embaraçosas para a boa disciplina e as normas hierárquicas; – animosidade
política ou pessoal entre o comandante de armas e os presidentes de província, o que
gerava atritos perigosos. E para que se verifique não terem caráter meramente
acadêmico essas hipóteses, basta recordar que as duas últimas se deram em momentos
decisivos da carreira militar de Deodoro da Fonseca, momentos que se tornaram
também decisivos para a história do país.”

p. 116/117: Os saquaremas do Regresso criam a polícia nacional. (1841)


p. 119: “Basta considerar as relações entre a polícia e as eleições hoje, e perceberemos
que, na realidade, era por meio da polícia que os presidentes de Conselho “faziam” as
eleições.”

p. 125: Militares se revoltam progressivamente com os bacharéis; queriam presença


militar na política, no mínimo nas pastas militares.

p. 127 – Teixeira Mendes diz na biografia de Constant que o Exército deveria proteger o
governo do povo.

p. 156 - E, a partir de Benjamin Constant até o segundo quartel do Século XX, as


escolas militares foram focos de positivismo. Lendo em Augusto Comte que a
monarquia era a expressão do “estado teológico”, a democracia liberal, do “estado
metafísico” e a República ditatorial do “estado positivo”, estes jovens e seu venerando
mestre, viam no Império uma realidade duplamente condenada, e numa condenação sem
apelo – a ciência demonstrava que a teologia implícita na monarquia e a metafísica
expressa na democracia, eram realidades mortas. Não lhes interessava discutir se o
regime era bom ou mau – a ciência lhe demonstrava falta total de razão de ser, a
começar da mais importante: a existência. E no seio da aventura positivista, avultava a
figura de Benjamin Constant, homônimo do romântico que inspirara a Constituição,
espírito inquieto, mas geralmente bem conceituado como professor e a tal ponto que foi
lembrado, duas vezes, por D. Pedro II (que muito o apreciava) para mestre de príncipes.
Benjamin, além de ocupar um número considerável de funções, vítima de uma
fatalidade brasileira que até hoje perdura, e que faz do professor um “cabide de
empregos”, para poder viver, ainda achou tempo para conspirar. Foi graças à sua
influência considerável que Deodoro, em lugar de um novo 7 de abril, preferiu mudar o
regime. E, daí, a Questão Militar saltar os muros dos quartéis e atingir a própria
Constituição.

Sobre a constituinte:
p. 183 - Poderíamos, igualmente, adotar outros nomes: partido federalista e partido estadualista. Bem
apuradas as contas, o que havia na Constituinte era um partido estadualista exagerado e um partido
estadualista moderado.

P. 184: São apresentadas 4 fórmukas: vence a dos gaúchos da eleição direta.

p. 185/186: Floriano critica fórmulas parlamentaristas que a Constituinte tenta adotar.


p. 188: Aprovara-se a Constituição. O Poder Executivo competia unicamente ao chefe da nação, sem a
colaboração do Legislativo, não podendo seus auxiliares manter relações diretas, institucionais com a
representação nacional. A guarda e a interpretação das leis passariam para o Poder Judiciário, escolhido
pelo chefe do Estado. O presidente, eleito pelo corpo eleitoral, teria mandato fixo, não podia ser afastado
pelos órgãos da representação, nem podia, se discordasse, apelar para o eleitorado, dissolvendo a
assembleia. Cabia-lhe o poder de vetar, não o veto suspensivo e jamais praticado no Império, mas uma
negativa formal, que para ser derrubada precisava de grande maioria. A Assembleia não mais se chamará
“parlamento”, um órgão de diálogo, de “parlamentação” entre os representantes do povo e a chefia do
Estado. Seria um “Congresso”, uma reunião de representantes dos Estados, que decidiriam, como
lhes conviesse, sobre as medidas gerais. Teoricamente, eram três soberanos de direito divino, sobre os
quais não pesava nenhuma força, nenhuma autoridade. Todos iguais e separados. Mas, como cabia ao
chefe de Estado nomear os juízes, como era quem comandava
a força armada, sendo ele quem nomeava, demitia, prendia e pagava, tornava-se ele, só, isolado, sem
conselheiros, sem colegas, o único senhor da guerra e da paz.
Deslocara-se o eixo da política, do parlamento, no qual, por seus ministros, tomava assento o Imperador,
para a solidão olímpica dos presidentes.

p. 196 - Sertanejo que nunca frequentou autores, nem curava de teorias, levando vida de soldado, resumia
as suas concepções políticas ao sentido do grupo – o Exército era o seu clã – concebia o poder como o ato
de um homem que comanda. Nominalista por formação
e temperamento, homem acostumado a mandar e a obedecer, possuía o desprezo natural pelas teorias.
Não amava as distinções sutis, e abominava o palavreado vazio de ação. Compreendia o governo como
uma direção entregue a um homem, um governo que
mandasse, que se fizesse obedecer. O Império, com a sua Constituição antiga e respeitada, seus
conselheiros graves que analisavam doutrinas e problemas, com seus oradores eloquentes, seus comícios,
e principahnente seu parlamentarismo em que a ação
se subordinava à elaboração intelectual, tudo encimado por um Imperador letrado de modos pacíficos, lhe
cheirava a fraseologia, a oratória, a negação desta coisa simples, natural – um homem manda, outros
obedecem. Sonhava com uma ditadura militar. Por que militar e não
civil, quando não faltavam homens de vontade férrea, com excelentes qualidades de comando, como Ouro
Preto e Silveira Martins? Porque, na simplicidade de seu raciocínio, a ditadura militar era a encarnação
mais viva da autoridade do comando fundada unicamente
no poder em sua pureza essencial, no poder desligado da teoria, no poder que não precisa de fórmulas
jurídicas para se justificar, que não possui outra razão de ser, outra base que não a
presença de sua força própria.

p. 199 - Dos grupos que se arremetiam contra o Império, nenhum como o Apostolado Positivista.
Possuindo uma doutrina sistemática, com explicações nem sempre absurdas acerca da realidade histórica
moderna, possuindo um corpo de categorias capaz de
interpretar a realidade nacional e, afinal, com leituras organizadas no campo de sociologia, os positivistas
não combatiam o Império por motivos de ordem pessoal ou sentimental, mas, em virtude de uma doutrina
sistematicamente fundada. Em lugar de republicano médio, que ou “não gostava de reis”’ ou “achava”
que no novo regime haveria mais liberdade, ou progresso, ou que “acreditava” que, abolida a realeza, o
povo governaria efetivamente, os positivistas fundavam-se numa explicação racional e completa
possuindo base filosófica para as suas teses. Tinham ideias, e não simpatias e antipatias, apenas.

p. 200 – indicações urgentes, de Miguel Lemos a Teodoro.

p. 201 – Indica como fonte o livro de Assis Brasil sobre Presidencialismo

p. 205 - Não se limita Assis Brasil à crítica do parlamentarismo, tomado em si mesmo. E usa de um
argumento ad hominem, se assim se pode dizer, e opõe o parlamentarismo à federação, o que não deixava
de ser um raciocínio de alto sentido político, pois a manutenção
da forma de Estado, instalada em 1889, significava, para a maioria dos políticos brasileiros, a conservação
do domínio eleitoral nos diferentes Estados. Seja como for, é Assis Brasil o responsável por uma ideia
feita que dominou durante decênios – a incompatibilidade
entre federação e o parlamentarismo. Foi um custo a descoberta de muitas federações parlamentaristas.
p. 237 – Campos Salles: da propaganda à presid. Presidencialismo é o governo pessoal
constitucionalmente organizado.

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