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Boulos sobre Estelita: "Uma área


central que poderia ser usada para
moradia popular"
Marcos Barbosa
9-12 minutos

Na tarde desta quinta-feira (11), o dirigente do Movimento dos


Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos participou de
um bate-papo ao vivo no Programa Brasil de Fato Pernambuco,
que foi ao ar às 14h na rádio Clube 720 AM. No encontro, Boulos
respondeu às perguntas da apresentadora Iyalê Tahyrine e do
colunista de política Vinícius Sobreira, em relação a temas como
políticas públicas de moradia popular, movimento Ocupe Estelita,
Reforma da Previdência e fez um balanço dos 100 primeiros dias
do governo Jair Bolsonaro (PSL).
Guilherme Boulos é reconhecido como uma das principais
lideranças de esquerda atualmente e, além de participar há quase
duas décadas de lutas envolvendo direito à cidade e déficit
habitacional, foi também candidato à presidência da república pelo
Partido Socialismo e Liberdade (Psol) nas eleições de 2018.

100 dias do governo Bolsonaro


Guilherme Boulos iniciou a entrevista analisando as primeiras
medidas tomadas pelo atual presidente Jair Bolsonaro, que
completou 100 dias de gestão na última quarta-feira (10). Na
opinião dele, as pessoas que votaram em Bolsonaro já estariam se
dando conta de que “compraram gato por lebre”. De acordo com
dirigente do MTST, “foram cem dias de ‘desgoverno’ e ficou mais

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claro do que nunca, que nós temos um presidente que não tem a
capacidade ou o preparo para assumir esse cargo”. Para ele, o
atual ocupante do mais alto cargo executivo do país continua se
comportando como um “candidato raivoso” às eleições, que não
desceu ainda do palanque eleitoral.
Para Boulos, as indicações ministeriais do atual governo foram
todas equivocadas, destacando o ministro das Relações Exteriores
Ernesto Araújo e o ex-ministro da Educação Ricardo Vélez, bem
como o seu substituto na pasta, o atual ministro da Educação
Abraham Weintraub. O entrevistado também aproveitou para
desaprovar a postura de Bolsonaro nas redes sociais, afirmando
que ele “só fala besteira no twitter” e não se preocupa com a
agenda de desenvolvimento, de emprego e renda do país. Criticou,
além disso, a atuação internacional do presidente, dizendo que ele
“envergonha o Brasil” ao se submeter aos interesses norte-
americanos e caracterizando como “desastrosa” a visita de
Bolsonaro aos Estados Unidos, em que se reuniu com o presidente
Donald Trump para, dentre outras coisas, negociar a exploração da
base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, pelos norte-
americanos. O entrevistado também se disse preocupado com o
futuro da Floresta Amazônica, sob ameaça dos interesses
imperialistas
O dirigente do MTST também relembrou os vários escândalos
envolvendo o sobrenome da família Bolsonaro que vieram à tona
logo após as eleições, como os casos envolvendo candidatos
laranjas pelo PSL e a aproximação do presidente com a milícia,
com vizinhos acusados de matar a ex-vereadora do Rio de Janeiro
Marielle Franco, também do Psol, partido de Boulos. “A incerteza
com a crise econômica junto com a falência do sistema político,
criou uma desesperança, mas as pessoas que votaram nele
pensando que iria ter alguma mudança já estão se desiludindo”,
afirma. Também fez reprovações ao pacote anticrime de Sérgio
Moro, defendido pelos apoiadores do governo como um pacote

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para resolver o problema com a segurança pública no Brasil, mas


que, na verdade, estaria apenas “requentando medidas que já
estão no Congresso Nacional e que, o que apresenta de novo, é
uma desgraça: dá salvo conduto para policial matar gente e não
ser, sequer, investigado”, declara.

Reforma da Previdência
Para Boulos, o Brasil está “sem comando” e, “além do despreparo,
ele [Bolsonaro] apresentou uma agenda política que é um
retrocesso histórico, não só para os próximos quatro anos, mas
também para as próximas gerações”. Na opinião do dirigente do
MTST, a proposta de Reforma da Previdência apresentada por
Bolsonaro retira direitos dos trabalhadores brasileiros e não corta
nenhum privilégio, como alega o presidente. “Nesses 100 dias deu
para o povo perceber as garras desse governo. Um governo que
fala baixo com banqueiros e grita alto com o povo e que busca
atacar direitos e não atacar privilégios”, ressalta.
Na entrevista, Boulos destacou alguns pontos da reforma que irão
impactar a vida dos trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil,
como os cortes ao Benefício de prestação continuada (BPC) e ao
salário mínimo recebido por pessoas idosas aposentadas, além do
tempo de trabalho, que aumenta para 40 anos o período de
contribuição com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para
que o trabalhador consiga receber a aposentadoria integralmente.
“Ou seja, é uma Reforma da Previdência que faz com que a
maioria se aposente no caixão e que, na prática, tem o objetivo de
entregar a previdência para os bancos com regime de
capitalização”, reforça. Por essas razões, Guilherme Boulos
defendeu um movimento amplo de mobilização para barrar a
Reforma da Previdência.

Nordeste e Bolsa Família


Quando perguntado sobre as medidas que a região nordeste deve
esperar do governo Bolsonaro, Boulos lembrou que o presidente

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foi derrotado na região nas eleições 2018 e que se percebe um


descaso sintomático do governo com o nordeste brasileiro. “É um
descaso com o povo, com políticas públicas, com investimento
social. Parece que tem um abismo entre a agenda do Bolsonaro e
a agenda do povo brasileiro. O povo está querendo saber de
geração de emprego, mas ele não apresenta uma única medida
para emprego, para melhoria da renda, para política de habitação,
reforma agrária e de saúde. Tudo o que eles conseguem
apresentar é desmonte, retirada de direito e privatização”, declara.
Guilherme Boulos também lembrou que o presidente pretende vir
ao nordeste para anunciar o 13º salário do Bolsa Família, mas,
para Boulos, isso na verdade é uma jogada para reverter a queda
de popularidade que Bolsonaro tem sofrido desde que foi eleito.
“Vale lembrar que esse 13º do Bolsa Família está sendo proposto
ao custo do reajuste do Bolsa Família. Eles vão congelar o
reajuste, porque não dá tanta mídia, e vão criar o 13º, com esse
mesmo valor que seria reajustado, para poder criar a impressão de
que Bolsonaro está preocupado com os mais pobres do Brasil, que
é uma impressão falsa”, explica.
O dirigente do MTST salientou que a economia nordestina tem
crescido abaixo da média do país. Em 2018, o PIB nordestino
cresceu apenas 0,6%, enquanto o do Brasil subiu 1,1%. Boulos
relembrou que, em períodos anteriores, quando o nordeste recebia
mais investimento federal, a economia da região apresentou saltos
significativos. Em 2013, por exemplo, durante o governo Dilma, o
nordeste apresentou um crescimento acima da média do país,
chegando a quase 3%.

Déficit Habitacional
Engajado há 18 anos nos movimentos de luta por moradia,
integrando o MTST, Guilherme Boulos lembrou que existe hoje no
Brasil 7 milhões e 700 mil famílias sem moradia ou vivendo em
condições precárias, o que representa aproximadamente 30

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milhões de pessoas. “O problema da moradia é muito grave e


precisa ser tratado com política pública. Não vai resolver com
porrada. Eu disse isso a Bolsonaro na eleição. Ele falou ‘Eu vou
acabar com o MST e MTST’. Eu respondi: ‘Bolsonaro, você quer
acabar com o MTST? Eu te ajudo: construa 7 milhões de casas no
país e faça uma política de reforma urbana’, é a única forma de
acabar”, afirma.
Boulos também lembrou do Programa Minha Casa Minha Vida,
criado pelos governos progressistas de Lula e Dilma e que
completa 10 anos em 2019. Apesar de considerar que o programa
tinha limites e que as construtoras continuavam tendo um papel
decisivo no ramo da construção civil, o Minha Casa Minha Vida foi
um avanço.
“Em 2009, Lula cria o Minha Casa Minha Vida. Nós, dos
movimentos, por um lado, reconhecemos o avanço, porque não
tinha uma política habitacional e passou a ter. Teve um ponto
importante, que era ter subsídio, a única chance de 83% do déficit
habitacional ter casa é tendo subsídio, ou seja, o governo bancar e
a pessoa pagar de acordo com o que pode”, afirma.
No entanto, ele afirma que, após o impeachment de Dilma, o
programa sofreu desmontes por Temer e Bolsonaro. Uma das
primeiras medidas de Bolsonaro foi acabar Ministério das Cidades,
responsável pela política habitacional no Brasil. Desde 1º de
janeiro não se investe 1 real em contratação de moradia popular no
Brasil. Então, a luta do movimento social, também por moradia e
direito à cidade, passa por a gente retomar investimento público
em moradia e habitação”, reforça.

Ocupe Estelita
Durante a entrevista, Guilherme Boulos também foi perguntado
sobre o movimento Ocupe Estelita, que constrói a luta pelo direito
à cidade no Recife. O dirigente do MTST declarou que o
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto é “solidário à luta do

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movimento Ocupe Estelita” e que o mandato das Juntas esteve


presente no dia em que iniciaram as demolições no cais José
Estelita, em março de 2019.
Para ele, “é lamentável que uma área central, que poderia ser
utilizada para moradia popular, para reduzir o déficit habitacional
do Recife, seja destinada para a especulação imobiliária”.

Edição: Monyse Ravena

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