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DEPENDÊNCIA
Isac Nóbrega/PR
Em vez de recorrer a organismos internacionais, emitir moeda e títulos da dívida
são medidas mais racionais
Três anos depois, em 2005, a dívida com o FMI era quitada pelo então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de abandonar a condição de
devedor, o Brasil passou a ser credor do fundo quando, em 2009, emprestou
US$ 10 bilhões para financiar auxílios diversos para países emergentes, em
meio à crise financeira internacional que eclodiu um ano antes.
Reservas
De junho de 2019 para cá, o governo Bolsonaro já queimou cerca de US$ 50
bilhões das reservas internacionais. Essas divisas foram gastas em transações
de swap cambial, para tentar conter a alta da moeda americana. Contudo, o
Brasil ainda conta com cerca de US$ 340 bilhões em reservas. Quase 10 vezes
mais do que quando recorreu ao FMI pela última vez.
Interesses estranhos
Para o economista André Roncaglia, professor da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), trata-se de uma medida no mínimo “estranha”. O valor total
requerido – não apenas junto ao FMI, mas também à Agência Francesa de
Desenvolvimento, ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco
Mundial e o Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics, dentre outros – é
praticamente irrisório.
“Seria o equivalente a ter uma montanha de dinheiro na sua conta corrente e
você vai ao banco e pede mais US$ 4 bi no cheque especial”, comparou o
economista. “Ainda que as taxas de juros estejam baixas, por que aumentar o
endividamento, se você tem aquele dinheiro?”
Alternativas
Economistas e políticos têm defendido a tese de transferir parte das reservas
internacionais para o Orçamento. Não é o caso de Roncaglia, que destaca a
importância do acúmulo dessas reversas para combater incertezas externas e
crises cambiais futuras. Contudo, ele diz que o governo não está encontrando
qualquer dificuldade em emitir e negociar títulos da dívida. Outra alternativa,
segundo ele, é a própria emissão de moeda.
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