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Álgebra I - Soluções dos EP5

1a Questão: Determine se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira ou falsa. Prove as
que julgar verdadeiras e apresente um contra-exemplo para as falsas:
(a) Se o ideal Z · m é maximal, então m é um número primo;

(b) Dados um número primo p e um inteiro a, se p - a, então mdc(a, p) = 1;

(c) Dados inteiros m, a e b se m | ab, então m | a ou m | b.

Solução:
(a) Verdadeira
Suponhamos que m não seja primo. Então existem inteiros a, b diferentes de m e 1 tais
que m = ab. Dessa forma, tem-se

Z · m = Z · (ab) ⊂ Z · a ̸= Z

e, portanto, Z · m não é ideal maximal.


Conclusão: m é um número primo.
(b) Verdadeira
Como p é primo, então, por definição, D(p) = {1, p}. Como p - a, segue que o único
divisor comum entre a e p é 1 e, portanto, mdc(a, p) = 1.
(c) Falso.
Tomando m = 6, a = 4 e b = 9, tem-se que

6 | 4 · 9, mas 6 - 4 e 6 - 9.

2a Questão: Prove que quaisquer dois inteiros consecutivos são primos entre si.
Solução: Sejam a e a + 1 dois inteiros consecutivos e considere m = mdc(a, a + 1). Como
m | a e m | (a + 1), então m | [(a + 1) − a] = 1 e, portanto, m = 1. Logo, a e a + 1 são
primos entre si.

3a Questão: Prove que 2a + 1 e 4a2 + 1 são primos entre si, qualquer que seja o inteiro a.

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Solução: Seja m = mdc(2a + 1, 4a2 + 1). Então, existem inteiros p e q tais que

2a + 1 = mp e 4a2 + 1 = mq.

Dessa forma, tem-se que

(mp − 1)2 = mq − 1 =⇒ m2 p2 − 2mp + 2 = mq =⇒ m(mp2 − 2p) + 2 = mq

e, portanto, m | [m(mp2 − 2p) + 2]. Como m | m(mp2 − 2p), segue que m | 2 (visto
que 2 = [m(mp2 − 2p) + 2] − m(mp2 − 2p)). Sendo m um inteiro, positivo, então m = 1 ou
m = 2. Como m é um divisor de 2a + 1, que é um número ı́mpar, conclui-se que m = 1 e,
portanto, 2a + 1 e 4a2 + 1 são primos entre si.
4a Questão: Sejam a, b e c inteiros positivos dados. Prove que

a · mdc(b, c) = mdc(ab, ac).

Solução: Seja m = mdc(b, c). Então, pelo teorema 2 da aula 6, Z·m = Z·b+Z·c. Pelo mesmo
teorema, para mostrar que am = mdc(ab, ac), basta verificar que Z · (am) = Z · (ab) + Z · (ac)

• Se x ∈ Z · (am), então existe um inteiro p tal que x = amp. Como Z · m = Z · b + Z · c,


então m ∈ Z · b + Z · c e, portanto, existem inteiros r e s tais que m = rb + sc. Logo

x = a(rb + sc)p = (rp)ab + (sp)ac,

ou seja, x ∈ Z · (ab) + Z · (ac).

• Por outro lado, se x ∈ Z · (ab) + Z · (ac), então existem inteiros r′ e s′ tais que
x = r′ ab + s′ ac = a(r′ b + s′ c). Como r′ b + s′ c ∈ Z · b + Z · c = Z · m, existe um inteiro
p′ tal que r′ b + s′ c = mp′ . Logo
x = amp′ ,

ou seja, x ∈ Z · (am).

Conclusão: Z · (am) = Z · (ab) + Z · (ac) e, portanto, a · mdc(b, c) = mdc(ab, ac).

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5a Questão:
(a) Dados a, b e m inteiros tais que a e b são primos entre si, mostre que se a | m e b | m,
então ab | m.

(b) Dê inteiros a, b e m tais que a | m e b | m, então ab - m.

Solução:
(a) Como a e b são primos entre si, então mdc(a, b) = 1 e, portanto,

a·b
mmc(a, b) = = ab.
mdc(a, b)

Dessa forma todo múltiplo comum de a e b é também um múltiplo de ab. Logo, se a | m


e b | m, então ab | m.
(b) Para a = 4, b = 6 e m = 12, tem-se

4 | 12 e 6 | 12, mas 4 · 6 = 24 - 12.

6a Questão: Dados p, q primos tais que p ≥ q ≥ 5, mostre que 24 | (p2 − q 2 ).


(Sugestão: Prove que 3 | (p2 − q 2 ) e 8 | (p2 − q 2 ))

Solução: Observe, inicialmente, que 24 = 3 · 8 e, sendo 3 e 8 primos entre si, pelo exercı́cio
5-a, basta provar que 3 | (p2 − q 2 ) e 8 | (p2 − q 2 ), para concluir que 24 | (p2 − q 2 ).
Observe, ainda, que p2 − q 2 = (p + q) (p − q) .

• Sendo p e q primos maiores ou iguais a 5, ambos são ı́mpares e, portanto, (p + q) e


(p − q) são pares, isto é, são da forma

p + q = 2k1 e p − q = 2k2 .

Logo, p2 − q 2 = (p + q) (p − q) = 4k1 k2 . Assim, para mostrar que 8 | (p2 − q 2 ), falta


verificar que k1 ou k2 é par.

De fato,
p + q = 2k1 e p − q = 2k2 =⇒ k1 + k2 = p

e, como p é ı́mpar, não se pode ter k1 e k2 simultaneamente ı́mpares.

Conclusão: 8 | (p2 − q 2 ).

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• Pelo Teorema da Divisão de Euclides, existem inteiros k1 , r1 , k2 e r2 tais que

p = 3k1 + r1 com 0 ≤ |r1 | < 3

q = 3k2 + r2 com 0 ≤ |r2 | < 3

Como p e q são primos, então r1 , r2 ̸= 0 e, portanto,

p = 3k1 + 1 ou 3k1 − 1 ou 3k1 + 2 ou 3k1 − 2

q = 3k2 + 1 ou 3k2 − 1 ou 3k2 + 2 ou 3k2 − 2.

Em todos os casos, tem-se que

p2 = 3k1 + 1 e q 2 = 3k2 + 1, para k1 e k2 inteiros.

( )
Dessa forma, segue que p2 − q 2 = 3 k1 − k2 , isto é, 3 | (p2 − q 2 ).

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