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206.

Conceito e espécies
existem em todos os ramos do direito.
Aquelas de que se ocupa a parte-geral do Direito Administrativo, sob a
denominação de «garantias dos particulares»:
“meios criados pela ordem jurídica com a finalidade de evitar ou
sancionar as violações do direito objetivo, as ofensas dos direitos
subjetivos ou dos interesses legítimos dos particulares, ou o demérito da
ação administrativa, por parte da Administração Pública.”
três classificações de garantias:
garantias preventivas (ou a priori) e garantias reparadoras (ou a
posteriori);
garantias do direito objetivo e garantias dos particulares;
garantias de legalidade e garantias de mérito.
As garantias são preventivas ou reparadoras, conforme se destinam a
evitar violações por parte da Administração Pública ou a repará-las,
eliminando atos ilegais, aplicando sanções ou impondo indemnizações
ou outras condutas que sejam devidas.
Por sua vez, as garantias são do direito objetivo ou dos particulares,
consoante tenham por objetivo primacial defender o ordenamento
objetivo contra atos ilegais da Administração, ou defender os direitos
subjetivos ou os interesses legítimos dos particulares contra as atuações
da Administração Pública que os violem ou prejudiquem.
Em terceiro lugar, as garantias são de legalidade ou de mérito,
conforme visem prevenir ou reparar ofensas ao bloco de legalidade em
vigor ou, diferentemente, aos critérios e regras de boa administração
que hajam de ser adotados.
Neste capítulo, vamos estudar apenas as garantias dos particulares,
embora possamos fazer referência incidental às garantias da legalidade
elou às garantias de mérito. Aliás, nem sempre estes vários aspetos
estão separados em compartimentos estanques: na maior parte dos
casos, sucede que a lei, através de fórmulas mistas, organiza a garantia
dos particulares através de meios de defesa da legalidade e, menos
frequentemente, por meio de garantias de mérito.
As garantias dos particulares:
garantias políticas, garantias administrativas e garantias
contenciosas.
Aqui, o critério de distinção é o critério dos órgãos a quem é
confiada a efetivação das garantias: se se trata de garantias a efetivar
através dos órgãos políticos do Estado, previstos na Constituição,
estamos perante garantias políticas; se se trata de garantias a efetivar
através de órgãos da Administração Pública, estamos perante garantias
administrativas; finalmente, se se trata de garantias a efetivar através
dos tribunais (sejam os tribunais administrativos — como é regra no
nosso direito —, sejam, excecionalmente, os tribunais comuns),
estamos perante as garantias contenciosas.
207. As garantias políticas
Assim, por exemplo, a fiscalização da constitucionalidade das leis, a
sujeição dos decretos-leis a ratificação parlamentar, a regra da aprovação
anual do Orçamento do Estado e das contas públicas, as diversas formas de
controlo parlamentar sobre a atuação do Governo, e muitas outras —
constituem garantias políticas objetivas que, direta ou indiretamente,
acabam sempre por redundar em garantias subjetivas dos cidadãos.
Mas, em rigor, são mais garantias do ordenamento constitucional do
que propriamente garantias do cidadão. Verdadeiramente, garantias
políticas dos particulares — no sentido de garantias que protejam os
particulares em casos individuais e concretos — há só duas: o direito
de petição, quando exercido perante qualquer órgão de soberania, e o
direito de resistência.
Do direito de petição ocupa-se o artigo 52º da CRP e do direito de
resistência o artigo 21.:

— Artigo 52.0, n.0 1: «Todos os cidadãos têm o direito de


apresentar, individual ou coletivamente, aos órgãos de soberania ou a
quaisquer autoridades, petições, representações, reclamações ou
queixas, para defesa dos seus direitos, da Constituição, das leis ou do
interesse geral e, bem assim, o direito de serem informados, em prazo
razoável, sobre o resultado da respetiva apreciação».
Artigo 21.Q: «Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que
ofenda os seus direitos, liberdades e garantias, e de repelir pela força
qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade
pública».
Todavia, as garantias políticas não constituem uma forma eficaz de
proteção dos direitos dos particulares: com efeito, elas não são
inteiramente suficientes, nem são inteiramente seguras.
Não são suficientes porque cobrem muito poucos casos e, dentro de
cada caso, não abrangem todos os aspetos relevantes; e não são seguras
porque, sendo confiadas a órgãos políticos, vão naturalmente ser
apreciadas segundo critérios de conveniência política — quando aquilo
de que os particulares necessitam é de garantias jurídicas, que possam
ser apreciadas com justiça e imparcialidade na base de critérios de
natureza jurídica. Por isso, são bem mais importantes as garantias
administrativas e, sobretudo, as garantias contenciosas,

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