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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA

INDUSTRIAL E METALÚRGICA DE VOLTA REDONDA PROGRAMA DE PÓS-


GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL

VIVIAN LEITE CHAGAS

METODOLOGIA CIENTÍFICA

Contração do texto: O meio ambiente como uma questão ética

Ficha de vocabulário

Ficha biográfica de autores

VOLTA REDONDA
2020
EXERCÍCIO 1:
CONTRAÇÃO DE CAPÍTULO DO LIVRO “ÉTICA E MEIO AMBIENTE”:

O meio ambiente como uma questão ética

Há diferença histórica e de origem dos termos natureza e meio ambiente. Meio


ambiente abrange tanto o espaço físico construído pelo homem quanto o espaço físico
natural, já a palavra natureza tem sentido mais restrito se referindo apenas ao ambiente
natural. Há ainda uma relação entre ambiente social e ambientalismo, proposta pelos
ambientalistas, que se baseava na ideia de que as pessoas se desenvolvem como
resultado do ambiente (espaço físico e social) em que estão inseridas, daí a preocupação
em proteger a natureza, sendo que as mudanças na sociedade é que provocam mudanças
nas pessoas e não o contrário. Nesse sentido, essas diferenças demonstram que algumas
vezes os termos podem admitir dualismo e, outras, ambivalência.

O ambientalismo contemporâneo, por exemplo, baseia-se na ideia de holismo,


no qual o ser humano é parte da natureza e considera que uma separação desse tipo é
insensata e destrutiva. A unicidade do monismo faz parte do viés ambientalista que vem
tornar o ser humano próximo à natureza, porém o dualismo é inevitável sendo preciso
analisar até que ponto ele é útil. Exemplo disso é quando se consideram os valores
estéticos à natureza, o qual em princípio permite uma separação entre a natureza e o
homem e coloca-a como algo admirável e trivial, porém importante como argumento
ambientalista para proteção à natureza. Nesse mesmo sentido, há ambivalência no termo
meio ambiente, ao comparar a importância de um bairro nos EUA e de um Parque
Nacional da Austrália, e dualismo quanto à perspectiva de proteção, visto que o parque
é tido como lugar especial.

Outro exemplo é o de que julgar as ações humanas como algo não natural
afastando o ser humano da natureza, o que é necessário, mas para convencer a viver
modestamente é necessário introduzi-lo nesse ambiente, portanto, as ambivalências
existem, mas devem ser analisadas em seu contexto e não excluídas.

Os problemas ambientais ocorrem como resultado do ceticismo sobre a ciência,


já que outras pessoas consideram que os ambientalistas apresentam um cenário “escuro
e de ruínas” das ações humanas, ao partir da criação de modelos complexos incompletos
ou também por não-cientistas considerarem que a natureza é elástica e autorregulatória-
por essa útlima consideração seria uma surpresa apenas uma espécie ser capaz de
ameaçar essas características. Porém, ainda assim é preciso refletir sobre a ética
ambiental mesmo que não existissem problemas ambientais, pois mesmo com o
tratamento (que são irregulares e incompletos), problemas ambientais ainda ocorrem.

Não-ambientalistas acreditam que os problemas ambientais terão impacto


limitado ou positivo devido à natureza elástica. Porém, ambientalistas acreditam em
uma natureza vulnerável e capaz de ter seu funcionamento comprometido.

Neste sentido, alguns acreditam na existência dos problemas ambientais e


outros não, mas ainda assim, é necessário discutir sobre isso e analisar a perda de
valores. Há um exemplo para demonstrar que mesmo que os sistemas básicos da Terra
fossem elásticos é melhor não confiar nisso.
Os problemas ambientais podem ser divididos em escala e impacto (local ex.:
fumaça do cigarro, barulho; regional: poluentes e substâncias do ar que atingem a
troposfera e poluentes ou substâncias da água que podem atingir uma bacia hidrográfica
inteira; e global: erosão da camada de ozônio, mudanças climáticas), e dano: podendo
afetar a qualidade de vida ou ameaçar a saúde humana.

Fato importante, além desses, é descobrir a causa do problema para poder


atribuir responsabilidade, culpa ou punição. Descobrir a causa é importante, mas nem
sempre é possível e capaz de resolver o problema. Outro ponto da descoberta da causa
do problema é que as pessoas podem reagir a elas de maneiras distintas, se preocupando
mais com causas que envolvem o que os seres humanos fazem uns com os outros e não
para o que a natureza faz, mesmo por intermédio de ações humanas. Exemplo disso são
as diferentes opiniões sobre a causa das mudanças climáticas.

Existem discussões de que o desenvolvimento da tecnologia originou-se para


resolver problemas sem preocupação com custos ambientais, o que atualmente, pelo
aumento da utilização da mesma começou a surgir visando maior sensibilidade ao meio
ambiente e continuidade dos valores, estilo de vida ou sistemas econômicos.

Porém, o que pode ser solução para atenuar problemas ambientais pode
funcionar apenas para ricos, já que são irrelevantes aos pobres que lutam diariamente
contra o ar nocivo e a poluição da água.

Da perspectiva econômica a solução seria substituir os sistemas de incentivos


econômicos, que levam à destruição ambiental, por um sistema reestruturado, que
favorecesse o meio ambiente. Isso envolve alocação de dois recursos: fontes e
sumidouros, os quais podem ser utilizados ao mesmo tempo gerando os problemas
ambientais, por exemplo, trecho de rio utilizado para fornecimento de água e para
despejo de esgoto, degradando sua capacidade de funcionamento e tornando-o escasso.
Nesse sentido, a questão econômica principal visa distribuir de forma mais eficiente os
recursos escassos, também caracterizados na maior parte das vezes como bens públicos
puros em que o consumo por uma não exclui seu consumo por outra (não rival) e que
estão disponíveis a todos (não excludente).

Bens ambientais são diferentes de bens públicos puros por serem rivalizados, já
que o uso por uns afeta o valor para outros, sem que o custo total desse bem seja pago
de forma equivalente ao uso. Uma solução proposta, mas considerada absurda foi a sua
privatização, porém outra corrente em economia ambiental considera criar políticas de
taxas, subsídios e regulamentação o que não garante que os interesses de entidades do
mercado serão os mesmos dos que se preocupam com a preservação ambiental.

Outro problema, além do valor que atribuem aos recursos, é como avaliar
adequadamente as preferências das gerações futuras sem partir de considerações vagas,
pois são feitas apenas devido a sua localidade no tempo presente sem considerar que a
destruição ambiental não pode ser compensada no futuro. Um exemplo disso é o que
aponto um memorando de autor duvidável que diz que a poluição deveria ser distribuída
de forma otimizada nos países pobres diminuindo nos locais mais ricos do mundo,
adjetivada como repugnante.

Os comportamentos observados até aqui não são respondidos pela perspectiva


econômica, mas pela religião e visões de mundo. Pelas discussões de White a crise
ambiental é resultado da tradição cristã, antropocêntrica, baseada na visão exploratória
contra a natureza, ao passo que outras religiões têm uma visão teocêntrica sem propor a
dominação da natureza pelo homem, sendo as visões de mundo modificadoras do
comportamento, das sociedades e do modo de vida humanos. A ideia marxista pode ter
agido como possível causa dos problemas ambientais sendo os heróis do movimento
ambientalista: Thoreau, Leopold e Carson.

Não há teoria unificada de todas as explicações apresentadas que justifique a


causa dos problemas ambientais, porque são multidimensionais, plurais e combinam
ética, estética e valores moralmente relevantes e que somente a partir do confronto e
reflexão sobre os problemas ambientais reais é que chegaremos a concepções políticas e
morais mais sofisticadas.

EXERCÍCIO 2:

FICHA DE VOCABULÁRIO FILOSÓFICO

Os verbetes que se seguem foram retirados do “Dicionário Básico de Filosofia”


de Hilton Japiassú e Danilo Marcondes.

Antropocentrismo- (do gr. anthropos: homem, e do lat. centram: centro)


Concepção que situa e explica o homem como o centro do universo e, ao mesmo tempo,
como o fim segun-do o qual tudo o mais deve estar ordenado e a ele subordinado: ‘O
homem é a medida de todas as coisas’ (Protágoras).

Asserção- (lat. assertio) Ato pelo qual estabelecemos um [...] juizo (afirmativo
ou negativo) como certo ou verdadeiro. Trata-se de unia [sic] sentença declarativa
afirmando ou negando algo, podendo ser verdadeira ou falsa.

Bem- (lat. bene: bem) 1. Tudo o que possui um *valor moral ou físico positivo,
constituindo o objeto ou o fim da ação humana.

2. Para Aristóteles, o bem é “aquilo a que todos os seres aspiram”; “O bem é


desejável quando ele interessa a um indivíduo isolado; mas seu caráter é mais belo e
mais divino quando se aplica a um povo e a Estados inteiros.” Tanto para os antigos
quanto para os escolásticos, o bem designa, em última instância, o Ser que possui a
perfeição absoluta: Deus. 3. Os filósofos do séc.XVII retomam a tradição grega de um
Bem transcendente como fim de toda ação moral. O Soberano Bem é identificado com
Deus: “O Soberano Bem do espírito é o conhecimento de Deus, e a soberana virtude do
espirito é a de conhecer Deus” (Espinosa). Assim, o Soberano Bem é o ponto
culminante das morais da perfeição. 4. Enquanto conceito normativo fundamental na
ordem ética, o bem designa aquilo que é conforme ao ideal e às normas da moral.

Cético/Ceticismo- (do gr. skeptikós: aquele que investiga) 1. Concepção


segundo a qual o conheci-mento do real é impossível à razão humana. Portanto. o
homem deve renunciar à certeza, suspender seu juízo sobre as coisas e submeter toda
afirmação a uma dúvida constante. Oposto a dogmatismo. T er rclativismo [sic].

2. Historicamente. o ceticismo surge na filosofia grega coin *Pirro ele Elida.


Há, no entanto, várias vertentes no ceticismo clássico. *Sexto Empírico, seu principal
sistematizador, defende a posição da *Nova Academia. segundo a qual se a certeza é
impossível [sic]. devemos renunciar às tentativas de conhecimento do ceticismo
pirrônico, o qual embora reconhecesse a impossibilidade da certeza, achava necessário
continuar buscando-a. Tradicionalmente distinguem-se no ceticismo três etapas: a
*epoche. a suspensào do juízo que resulta da dúvida; a *zétesis, a busca incessante da
certeza: e a *ataraxia, a tranqüilidade ou imperturbabilidade que resulta do
reconhecimento da impossibilidade de se atingir a certeza e da superação do conflito de
opiniões entre os homens. Na concepção cética, portanto. a *especulaçào filosófica
retornaria ao senso comum e à vida prática. Ver pirronismo.

3. No pensamento moderno, sobretudo com *Montaigne e os humanistas do


Renascimento, o ceticismo é retomado como forma de se atacar o dogmatismo da
escolástica, o que leva à adoçào de uma concepção de conhecimento relativo. Há
também nesse período uma corrente do chamado ceticismo fideísta, que argumenta que,
sendo a razão incapaz de atingir a verdade, deve-se então apelar para a fé e a revelação
como fontes da verdade. A dúvida cartesiana pode ser considerada como tendo se
inspirado na noção cética de suspensão de juízo, a epoché, noção esta também retomada
mais tarde pela *fenomenologia.

4. Pode-se considerar que o ceticismo inspira em grande parte a atitude crítica e


questionadora da filosofia contemporânea. Por exemplo, as questões da relatividade do
conhecimento e dos limites da razão e da ciência, que a epistemologia contemporânea
trata, têm raízes no ceticismo clássico e no moderno.

Dialética- (lat. dialectica, do gr. dialektike: discussão) Em nossos dias, utiliza-


se bastante o termo "dialética" para se dar uma aparência de racionalidade aos modos de
explicação e demonstração confusos e aproximativos. Mas a tradição filosófica lhe dá
significados bem precisos.

1. Em Platão, a dialética é o processo pelo qual a alma se eleva, por degraus,


das aparências sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias. Ele emprega o verbo
dialeghestai em seu sentido etimológico de "dialogar", isto é. de fazer passar o logos na
troca entre dois interlocutores. A dialética é um instrumento de busca da verdade. uma
pedagogia científica do diálogo graças ao qual o aprendiz de filósofo, tendo conseguido
dominar suas pulsões corporais e vencer a crença nos dados do mundo sensível, utiliza
sistematicamente o discurso para chegar à percepção das essências, isto é, à ordem da
verdade. 2. Em Aristóteles, a dialética é a dedução feita a partir de premissas apenas
prováveis. Ele opõe ao silogismo científico, fundado em pre-missas consideradas
verdadeiras e concluindo necessariamente pela "força da forma", o silo-gismo dialético
que possui a mesma estrutura de necessidade, mas tendo apenas premissas prováveis,
concluindo apenas de modo provável. 3. Em Hegel. a dialética é o movimento racional
que nos permite superar uma contradição. Não é um método, mas um movimento
conjunto do pensamento e do real: "Chamamos de dialética o movimento racional
superior em favor do qual esses termos na aparência separa-dos (o ser e o nada) passam
espontaneamente uns nos outros. em virtude mesmo daquilo que eles são, encontrando-
se eliminada a hipótese de sua separação". Para pensarmos a história, diz Hegel,
importa-nos concebê-la como sucessão de momentos, cada um deles formando uma
totalidade, momento que só se apresenta opondo-se ao momento que o precedeu: ele o
nega manifestando suas insuficiências e seu caráter parcial; e o supera na medida em
que eleva a um estágio superior, para resolvê-los_ os problemas não-resolvidos. E na
medida em que afirma urna propriedade comum do pensamento e das coisas, a dialética
pretende ser a chave do saber absoluto: do movimento do pensamento. poderemos
deduzir o movimento do mundo: logo, o pensa-mento humano pode conhecer a
totalidade do mundo (caráter metafísico da dialética). 4. Marx faz da dialética um
método. Insiste na necessidade de considerarmos a realidade socioeconómica de
determinada época como um todo articulado, atravessado por contradições específicas,
entre as quais a da luta de classes. A partir dele, mas graças sobretudo à contribuição de
Engels, a dialética se converte no método do materialismo e no processo do movimento
histórico que considera a Natureza: a) como um todo coerente em que os fenômenos se
condicionam reciprocamente; b) como um estado de mudança e de movimento: c) como
o lugar onde o processo de crescimento das mudanças quantitativas gera. por
acumulação e por saltos, mutações de ordem qualitativa: d) como a sede das
contradições internas. seus fenômenos tendo um lado positivo e o outro negativo. um
passado e um futuro. o que provoca a luta das tendências contrárias que gera o
progresso (Marx-Engels).

Dualismo- (do lat. dualis: em número de dois) 1. Na filosofia, o termo


"dualismo" é freqüentemente empregado em referência a Descartes, cujo sistema
filosófico repousa no dualismo do pensamento e da extensão: portanto, doutrina
segundo a qual a realidade é composta de duas substâncias independentes e
incompatíveis.

2. Toda doutrina que admite, num domínio qualquer, dois princípios ou


realidades irredutíveis: matéria e vida, razão e experiência, teoria e prática etc. A essa
concepção, que requer dois princípios irredutíveis de explicação, opõe-se o monismo,
doutrina que afirma a unidade do ser na multiplicidade de seus atributos e de suas
manifestações. Ver monismo; pluralismo.

Fenômeno- (gr. phainomenon, de phainesthai: aparecer) 1. Desde sua origem


grega, o termo "fenômeno" tem um sentido ambíguo, oscilan-do entre a idéia de
"aparecer com brilho" e a idéia de simplesmente "parecer". Assim, o fenômeno é algo
de pouco seguro e, em última instância, urna ilusão. Daí a oposição metafísica entre o
ser e o parecer: o ser em si não pode ser percebido por nossos sentidos; aquilo que nos
aparece é apenas a diversidade dos seres particulares. O termo "fenômeno" adquire,
então, o sentido genérico de "tudo o que é percebido, que aparece aos sentidos e à
consciência". 2. 0 termo "fenômeno" passou a ser utiliza-do nas ciências experimentais
e nas ciências humanas para designar não uma coisa, mas um processo, uma ação que se
desenrola. Assim, a física e a química denominam "fenômeno" toda modificação que
ocorre no estado de um corpo: o movimento é um fenômeno (o corpo em movimento se
desloca); a dilatação dos gases é um fenômeno, mas os gases são corpos: a digestão (ein
biologia) é um fenômeno, mas o aparelho digestivo é um conjunto de órgãos. 3. Na
filosofia de Kant, o termo "fenômeno" adquire um sentido particular, por oposição a
"númeno". O "númeno" designa a coisa em si, tal como existe fora dos quadros do
sujeito. Quanto ao "fenômeno", designa o objeto de nossa experiência, ou seja, aquilo
que aparece nos quadros que lhe conferem as formas a priori da sensibilidade e as leis
do entendimento. Mas Kant distingue a matéria do fenômeno, isto é. a sensação, e a
forma do fenômeno, ou seja, o modo como essa sensação é ordenada em nosso espírito.
O fenômeno se define, pois, como "um composto daquilo que recebemos das
impressões e daquilo que nossa própria faculdade de conhecer tira de si mesma". Sendo
assim, o fenômeno nada tem de uma aparição ilusória, mas constitui o fundamento
mesmo de todo o nosso conhecimento. Segundo Kant, é essa dis-tinção fundamental
entre fenômeno e "númeno" que permite resolver a antinomia entre determinismo e
liberdade. Porque o homem, como fenômeno, é determinado. no tempo, pelas leis da
causalidade; como "númeno", porém, permanece livre (não é determinado por essas
leis). 4. A expressão "salvar os fenômenos" consiste em acrescentar hipóteses
suplementares a uma teoria de modo que os fatos que pareciam contradizê-Ia possam
ser explicados por ela. Assim, para Galileu, "o real encarna o matemático. Por isso, ele
não admite uma separação entre a experiência e a teoria. A teoria não se aplica aos
fenômenos de fora, ela não `salva' esses fenômenos, mas exprime sua essência"
(Alexandre Koyré).

Hipótese- (gr. hypothesis, de hypothenai: su-por) Proposição mais ou menos


precisa que emitimos tendo em vista deduzir, eventualmente, outras proposições. Em
outras palavras, pro-posição ou conjunto de proposições que constituem o ponto de
partida de uma demonstração, ou então. uma explicação provisória de um fenômeno,
devendo ser provada pela experimentação. Enquanto os empiristas vêem no ciclo
experimental uma seqüência mecânica de ope-rações. a epistcmologia [sic]
contemporânea estabelece que a hipótese não é concluída a partir da observação, mas
inventada. A rejeição da hipó-tese, para se ater unicamente aos fenômenos observáveis,
foi proclamada por Newton em sua polêmica contra Descartes: "hypothesis non Jiingo",
dizia, "não elaboro hipóteses" imaginárias. Hoje em dia, tanto cm [sic] seu sentido
matemático de uma proposição que adotamos a fim de estudar as conseqüências lógicas
que dela devemos tirar quanto cm [sic] seu sentido de suposição explicativa (nas
ciências experimentais), sua verificação permitindo-nos passar da simples percepção de
um fenômeno à sua explicação, a hipótese se revela necessária ao trabalho científico e à
reflexão filosófica.

Holista, holismo- (ingl. holism, do gr. holos: total, completo) I. Doutrina que
considera que a parte só pode ser compreendida a partir do todo, que privilegia a
consideração da totalidade na explicação de uma realidade, sustentando que o todo não
é apenas a soma de suas partes, mas possui uma unidade orgânica. 2. Em biologia, é a
doutrina que considera o organismo vivo como um todo indecomponível. 3. Teoria
formulada pelo estadista sul-africano Jan Christiaan Smuts (1870-1950). Cm [sic] sua
obra Holism and Evolution (1926), afirmando que o universo e especialmente a
natureza viva constituem-se de unidades que formam "todos" (como organismos vivos)
que sào [sic] mais do que a simples soma das partículas elementares. 4. Holista: adepto
ou seguidor do holismo: holista ou holistico: relativo ao holismo (ex.: teoria holística ou
holista, sistema holístico ou holista).

Monismo- (do grego monos: único) Diz-se de toda doutrina que considera o
mundo sendo regido por um princípio fundamental único. Em outras palavras, doutrina
segundo a qual o *ser, que só apresenta uma multiplicidade aparente, procede de um
único *principio e se reduz a uma .única realidade constitutiva: a *matéria ou o
*espírito. Por exemplo, há o monismo mecanicista dos materialistas (séc.XVIII), o
monismo espiritualista e dialético de Hegel e o panteísmo de Espinosa. Quando se trata
de Deus, criador do mundo a partir do nada (ex nihilo), a doutrina é uni *teismo. Ao se
referir a um princípio espiritual tido pela essência da realidade, temos uni
*espiritualismo. Se é a *matéria (ou *natureza) a realidade essencial e suprema de tudo
o que existe. temos o *materialismo ou *naturalismo. Oposto a *dualismo (dois
princípios) e a *pluralismo.

Natureza- (lat. natura, de natos, particípio passado de nasci: nascer) 1. 0


mundo físico, como conjunto dos reinos mineral. vegetal e animal, considerado como
um todo submetido a leis, as "leis naturais" (em oposição a leis mo-rais e a leis
políticas). As forças que produzem os fenômenos naturais. Em um sentido teológico, o
mundo criado por Deus. Opõe-se a cultura. no sentido daquilo que é criado pelo
homem. que é produto de uma obra humana. Opõe-se também a sobrenatural, aquilo
que transcende o mundo físico, que lhe é externo. 2. Natureza de um ser: sinônimo de
*essência; conjunto de propriedades que definem uma coisa. Ex.: "Sou uma substância
cuja essência ou natureza é pensar" (Descartes). 3. Tudo aquilo que é próprio do
individuo, aquilo que em um ser é inato e espontiinco [sic]. Ex.: a inteligência como um
dom da natureza ou um dom natural. 4. Estado de natureza: hipoteticamente, o estado
em que viviam os seres humanos, sem leis, antes de se organizarem cm [sic] sociedade.
Segundo Hobbes, seria o domínio da anarquia e do conflito, "a guerra de todos contra
todos". Segundo Rousseau, o estado do "bom selva-gem", a pureza originária do
homem. "O homem nasce bom, a sociedade o corrompe." 5. Nas éticas estóica e
epicurista, a natureza é o fundamento dos princípios morais. O ser humano faz parte do
mundo natural, sendo que os preceitos morais em que se deve basear a conduta humana
consistem em reproduzir a harmonia do próprio cosmo, atingindo assim o homem o
equilíbrio que haveria na natureza. 6. Filosofia da natureza: classicamente. a
cosmologia. Estudo dos princípios e leis que governam o mundo natural, p. ex.. a
causalidade. Em Kant, a filosofía teórica, o conhecimento racional da realidade baseado
em conceitos, em oposição àfiloso/ia [sic] prática, o domínio da moral e dos valores.

Paradigma- (gr. paradeigma) 1. Segundo Platão, as *formas ou *idéias são


paradigmas, ou seja, arquétipos, modelos perfeitos, eternos imutáveis dos objetos
existentes no mundo natural que são cópias desses modelos, e que de algum modo
participam deles. As noções de paradigma e de participação, ou seja. da relação entre o
modelo e a cópia, levam, no entanto, a vários impasses que são discutidos por Platão
sobretudo no diálogo Parménides (128-134). 2. O filósofo da ciência Thomas Kuhn
utiliza o termo em sua análise do processo de formação e transformação das teorias
científicas — da "revolução" na ciência — considerando que "alguns exemplos aceitos
na prática científica real — exemplos que incluem, ao mesmo tempo, lei, teoria,
aplicação e instrumentação — proporcionam modelos dos quais surgem as tradições
coerentes e específicas da pesquisa científica" (A estrutura das revoluções cientificas).
Esses modelos são os paradigmas, p. ex. a astronomia copernicana, a mecânica de
Galileu, a mecânica quântica etc. Assim, "um paradigma é aquilo que os membros de
uma comunidade partilham e, inversamente, uma comunidade científica consiste em
indivíduos que partilham um paradigma" (id.).

Retórica- (gr. retoriké: arte da oratória, de re-tor: orador) Arte de utilizar a


linguagem em um discurso persuasivo, por meio do qual visa-se convencer uma
audiência da verdade de algo. Técnica argumentativa, baseada não na lógica, nem no
conhecimento, mas na habilidade em empregar a linguagem e impressionar
favoravelmente os ouvintes. Considera-se que a retórica foi sistematizada e
desenvolvida pelos * sofistas, que a utilizavam em seu método. Aristóteles dedicou um
tratado à retórica, sobretudo distinguindo-a do uso lógico da linguagem sistematizado na
teoria do *silogismo. Contemporaneamente, Chaim *Perelman procurou revalorizar a
retórica, buscando construir uma teoria que sistematizasse os traços fundamentais do
uso retórico da linguagem, mostrando que mesmo o discurso científico não estava isento
de elementos retóricos e de recursos persuasivos.

Valor- (lat. valor) Literalmente, em seu sentido original. "valor" significa


coragem, bravura, o caráter do homem, daí por extensão significar aquilo que dá a algo
um caráter positivo. 1. A noção filosófica de valor está relacionada por úm [sic] lado
àquilo que é bom, útil, positivo; e. por outro lado, à de prescrição, ou seja, à de algo que
deve ser realizado. Ver axiologia. 2. Do ponto de vista ético, os valores são os
fundamentos da moral, das normas e regras que prescrevem a conduta correta. No
entanto, a própria definição desses valores varia em diferentes doutrinas filosóficas.
Para algumas concepções, é um valor tudo aquilo que traz a felicidade do homem. Mas
trata-se igualmente de uma noção difícil de se caracterizar e sujeita a divergências
quanto à sua definição. Alguns filósofos consideram também que os valores se
caracterizam por relação aos fins que se pretendem obter, a partir dos quais algo se
define como bom ou mau. Outros defendem a idéia de que algo é um valor em si
mesmo. Discute-se assim se os valores podem ser definidos intrínseca ou
extrinsecamente. Há ainda várias outras questões envolvidas na discussão filosófica
sobre os valores, p. ex., se os valores são relativos ou absolutos, se são inerentes à
natureza humana ou se são adquiridos etc. 3. Juízo de valor: *juízo que estabelece uma
avaliação qualitativa sobre algo, isto é. sobre a moralidade de um ato, ou a qualidade
estética de um objeto, ou ainda sobre a validade de um conhecimento ou teoria. Juízo
que estabelece se algo deve ser objeto de elogio, recomendação ou censura. 4. Valor de
uso/valor de troca: em um sen-tido econômico, o *trabalho humano produz um valor de
uso, ou seja, um objeto que possui uma utilidade determinada. No entanto. a divisão
social do trabalho introduz a noção de valor de troca, já que alguém pode produzir algo
que é de utilidade para outro, e com isso pode trocar o objeto produzido por outro objeto
que é. por sua vez, de utilidade para ele.

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Os verbetes que se seguem foram retirados do “Dicionário de Filosofia” de


Nicola Abbagnano.

Ambivalência- (in. Ambivalence, fr. Ambivalence, ai. Ambivalenz; it.


Ambivalenzd). Estado caracterizado pela presença simultânea de valorizações ou de
atitudes contrastantes ou opostas. Esse termo é usado especialmente em psicologia, para
indicar certas situações emotivas que implicam amor e ódio, e em geral atitudes opostas
em face do mesmo objeto (cf. E. BLEULER, Lehrbuch derPsychiatrie, 2- ed., 1918).

Meio [...] 2. Ambiente, especialmente o biológico. Nesse sentido, essa palavra


corresponde ao francês milieit, que começou a ser usada com esse significado em
meados cio [sic] século passado (v. AMBIKNTK).

Objeção- (in. Objection; fr. Objection; ai. Einwurf; it. Obbiezione).


Argumento cuja conclusão contradiz certa tese. Leibniz já observava que a verdade não
pode ser afetada por "O. invencíveis." "É preciso ceder sempre às demonstrações, seja
as propostas para afirmar, seja as que se apresentem em forma de objeçôes [sic]. É
injusto e inútil querer enfraquecer as provas dos adversários sob o pretexto de que são
apenas O., visto que o adversário tem o mesmo direito e pode inverter os nomes,
honrando seus argumentos com o nome de provas e rebaixando os nossos com o
depreciativo de O." (Théod., Discours, § 25).

Perspectiva- (in. Prospect-.h. Perspective: ai. Perspektiue, it. Prospettiva).


Antecipação do futuro: projeto, esperança, ideal, ilusão, utopia, etc. Esse termo expressa
o mesmo conceito designado por possibilidade (v.), mas de um ponto de vista mais
genérico e menos compromissado, xisto [sic] que podem ser perspectivas coisas que não
têm consistência suficiente para serem possibilidades autênticas. Na filosofia
contemporânea, esse termo foi empregado especialmente por Ortega y Gasset, Blondel e
Mannheim, mas sem clara formulação conceituai [sic]. Por perspectirismo (ai.
Perspektirismus) Nietzsche entendeu a condição em virtude da qual "cada centro de
força — e não só o homem — constrói todo o resto do universo partindo de si mesmo,
ou seja, atribuindo ao universo dimensões, forma e modelo proporcionais à sua própria
força" ( Werke, ecl. Krõner, XVI, § 636). Flsse [sic] termo às vezes foi usado para
designar a filosofia de Ortega y Gasset.

EXERCÍCIO 3:

FICHA BIOGRÁFICA DO AUTOR

Dale W. Jamieson é professor de Estudos e Filosofia Ambiental, professor


afiliado de Direito e professor afiliado de Ética Médica na Universidade de Nova
Iorque, onde foi diretor fundador de Estudos Ambientais e onde, hoje, é Diretor do
Centro de Proteção Ambiental e Animal. Jamieson foi consultor no Centro Nacional de
Pesquisa Atmosférica de instituições em vários países como nos EUA, no Reino Unido,
na Austrália e na Itália.

Em 2017, ele foi participante do colóquio comunitário realizado na Bren


School of Environmental Science and Management da Universidade da Califórnia em
Santa Barbara, tratando de sua participação no Programa de Visitantes Distinguais
Para Serviços Financeiros de Zurique 2016-2017 sobre mudanças climáticas. Em 2016,
foi agraciado com um Prêmio de realização em vida da Associação de Estudos e
Ciências Ambientais William R. Freudenburg, tendo também ganhado outros prêmios
na Universidade do Colorado, como o de Chanceler pelas pesquisas em Ciências
Humanas.

Jamieson é autor de  vários livros, incluindo Ética e meio ambiente: uma


introdução  (Cambridge, 2008) e, mais recentemente,  Especialistas em discernimento:
as práticas de avaliação científica para políticas ambientais  (Chicago, 2019), em co-
autoria com Michael Oppenheimer, Naomi Oreskes e outros.

O autor publicou mais de cem artigos, capítulos de livros e publicações em


conselhos editoriais de várias revistas. Teve sua pesquisa financiada pela Fundação
Nacional de Ciências, pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA, pela Fundação
Nacional para as Humanidades, pelo Escritório de Mudanças Globais de Administração
Nacional da Atmosfera e Aeronáutica, assim como por fundações privadas, nos EUA.

Seu trabalho recente se refere à natureza e aos usos do amor, à teoria política
do antropoceno, às perspectivas de consequencialismo progressivo e às relações
complexas entre proteção ambiental e animal, principalmente em relação à alimentação
e conservação. Seu e-mail para contato disponibilizado pela Universidade de Nova
Iorque é dale.jamieson@nyu.edu.

REFERÊNCIAS:
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Tradução da 1a. edição brasileira
coordenada e revista por Alfred Bossi, revisão da tradução dos novos textos Ivone
Castilho Benedetti. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
BREN SCHOOL OF ENVIRONMENTAL SCIENCE & MANAGEMENT. Biography.
In: A community colloquium. 2016-2017 Zurich financial services distinguished
visitors program on climate change: "Climate Justice in the Age of Trump". Disponível
em: http://bren.ucsb.edu/events/dale_jamieson.htm. Acesso em: 29 jun. 2020.
CAMBRIDGE University Press. Search: Dale Jamieson. Abouth the authors.
Disponível em:
https://www.cambridge.org/br/academic/subjects/philosophy/ethics/ethics-and-
environment-introduction?format=HB&isbn=9780521864213#contentsTabAnchor.
Acesso em: 29 jun. 2020.
JAMIESON, Dale. Capítulo 1: O meio ambiente como uma questão ética. In: Ética e
Meio Ambiente: Uma introdução. Tradução André Luiz de Alvarenga. São Paulo:
SENAC, 2010.
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 4ª. ed.
Atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

Síntese de textos:
Capítulo 5: Os humanos e outros animais
O que faz os humanos diferentes dos outros animais?
Essa questão é muito mais do que acadêmica, já que os comemos, os causamos
sofrimento e fabricamos produtos utilizando-os.
Uma forma filosófica de explicar é que os humanos têm postura moral, são membros da
comunidade moral, enquanto os outros animais não são. Surge, assim, outra questão:
Por que são todos os humanos e nenhum não humano os membros da comunidade
moral?
Por uma tradição filosófica ocidental o critério crucial é a competência linguística ou
autoconsciência, critérios relacionados pelos filósofos René Descartes e Donald
Davidson, os quais são exigentes, mas não para sustentar a segunda questão, já que
humanos recém-nascidos não são autoconscientes nem apresentam competência
linguística e, ainda, alguns animais (alguns cetáceos e símios) podem apresentar
competência linguística.
Outros filósofos voltam-se para a senciência: a capacidade de sentir prazer e dor. Tal
critério seria satisfeito por humanos e por muitos animais não humanos também: vacas,
porcos, galinhas, entre outros. O problema entre essas duas famílias de critérios é: ser
agente moral (aquele que possui obrigações morais) é condição necessária para ser
paciente moral (aquele que deve obrigações a alguém)?
Baseado na ideia de dever recíproco, novamente há problemas, porque nem todos os
humanos (recém-nascidos, com demência severa) atendem a esse critério. Parece que
não há critério significativo para a filiação na comunidade moral satisfeita por todos e
apenas humanos.
Sobre o critério correto alguns filósofos diriam: pensemos na ideia dos direitos humanos
universais. Aceitamos essa ideia simplesmente em virtude de sermos humanos. Outra
questão permanece: humanidade comum é justificativa que sustenta a concepção de que
todos e apenas os membros da espécie Homo sapiens são membros da comunidade
moral?
Esse preconceito que nos permite tratar os animais de maneiras que nunca tratatíamos
humanos denominado especiesismo, criado em 1970 por Richard Ryder e popularizado
por Peter Singer, foi bastante criticado. Para Singer o especiesismo decorre da herança
de religiões que moldaram o Ocidente que considera que os humanos são a coroa da
criação, visões ecoadas nas tradições filosóficas de Descartes e Kant, mas que podem
ser descartadas pela biologia contemporânea e pela árvore da vida que mostra
compartilhamento espantoso com outros animais e não o que nos distingue deles. Nossa
pretensão de superioridade moral é um caso transparente de arrogância.
Trafalmadoreanos superiores a nós poderiam ser destruídos por nós? Homo florisiensis
com região cerebral responsável pela autoconsciência do mesmo tamanho que a nossa
seriam oportuidade de caça ou deveríamos a eles respeito moral? E se você descobrisse
um neandertal, muito semelhante a nós, seu direito moral desapareceria a ponto de levá-
lo à vivisecção ao invés do cinema? Existem dois tipos de especiesismo:
-Especiesismo Homo sapiens-cêntrico:
-Especiesismo indexical:
Essas questões demonstram que todos têm importância moral. Ser humano não é
condição aceitável de excluir outros animais da proteção moral.

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