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Já lá vai um mês desde a minha última crónica e não voltei a queimar o arroz desde

então. Hurray!
Hoje venho ensinar-vos a falar como um matemático. Também podia ensinar-vos a
vestirem-se como um matemático, só que nesse caso o artigo teria pouco mais do que
uma linha – basta usar a mesma roupa todos os dias e, quanto mais ressessas forem as
manchas de giz, mais na moda estão.
É óbvio que estou a exagerar (ligeiramente), mas efetivamente existem certas
expressões que denunciam logo que alguém se dedica à matemática. Por exemplo, há
uns tempos perguntei a um colega meu se ele achava que ter filhos o tornaria mais
feliz, ao que ele respondeu “não é trivial que isso seja o futuro otimal”. Os termos
destacados fazem parte do vocabulário de qualquer matemático que se preze, embora
a última palavra nem sequer exista no dicionário!
Nesta área, para além dos muitos lemas e teoremas, são abundantes as definições.
Essencialmente, é prático que os vários objetos e conceitos tenham um nome para não
estarmos sempre a escrever por extenso as propriedades em causa. Irei então
apresentar-vos alguma nomenclatura matemática curiosa, esperando convencer-vos
de que os matemáticos SÃO pessoas criativas:
 Os números podem ser felizes, infelizes, malvados, detestáveis, económicos,
amigáveis e solitários;
 Existe um grupo chamado grupo monstro que possui mais de 1053 elementos;
há um outro que também é grande, mas não tão grande, sendo por isso
apelidado de grupo monstro bebé;
 Algumas funções são musicais, ao passo que outras levam sal e pimenta;
 Há matemáticos que estudam ereções livres ou maximais (e não é nada do que
estão a pensar!);
 Por último, desafio alguém que perceba inglês (e tenha alguma falta de
maturidade) a não se rir desta: máquina de Cox-Zucker.
Devo ainda acrescentar que, embora a matemática prime pela simplicidade e concisão,
em português existem números chamados primos primos e fiquei hoje a saber o que é
uma álgebra algébrica!
Para terminar com algo mais instrutivo, confesso que há duas particularidades no
modo de ser de um matemático que valorizo cada vez mais. A primeira é a
honestidade e o desembaraço com que dizem “não sei” quando realmente não sabem
nada sobre um assunto – antes isso do que mandar postas de pescada, já dizia a minha
avó. A outra é saberem admitir quando estão errados, ao invés de defenderem a sua
própria teimosia. Isso aí já requer alguma prática... vamos tentar?
Se quiserem comentar este artigo, passem pela página de Facebook do Clube de
Matemática e, se me quiserem chatear, escrevam para inesguimaraes42@gmail.com.
Muito obrigada e até daqui a um mês!

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