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Gestão Bancária e

Seguradora
PROFESSORA DOUTORA SARA PARALTA
2. Produtos e Serviços: Fundamentos
2.1. Introdução aos seguros : Elementos dos Seguros
2.2. Seguros de pessoas, de coisas e de responsabilidades

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2.1. Introdução aos seguros
A definição e os elementos de uma operação de seguros
Os seguros são uma operação económica que obedece a características
normalizadas, quanto aos conceitos de suporte e aos elementos intervenientes.
Definição de seguros
O seguro é um mecanismo de mutualização de riscos que permite
• a um conjunto de indivíduos efectuar cotizações para compensarem
• aqueles que forem atingidos pelas consequências de um acontecimento
aleatório prejudicial.

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2.1. Introdução aos seguros
Definição mais técnica de Seguros:
O seguro é uma operação pela qual uma parte, o segurado, mediante o pagamento de uma
contribuição (prémio) se faz credor, ele ou um terceiro, em caso de realização de um risco, de
uma prestação a liquidar por uma outra parte, o segurador que, tomando o encargo de um
conjunto de riscos, os compensa de acordo com as estatísticas.
A operação de seguros confronta pelo menos duas pessoas:
- o segurado e o segurador.
Por vezes intervêm ainda:
-uma terceira pessoa que recebe a prestação, o beneficiário.
- E uma quarta pessoa o tomador.

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2.1. Introdução aos seguros
Distinções:
- O tomador do seguro é a pessoa que contrata o seguro junto da seguradora e
fica responsável pelo pagamento do prémio;
- O segurado é a pessoa segura, que é exposta ao risco e que fica segurada;
- O beneficiário do seguro recebe a prestação.

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2.1. Introdução aos seguros
Elementos da operação:
O risco, o prémio, a prestação a pagar pelo segurador e a compensação de riscos.

O Risco
A palavra “risco” em seguros pode significar diferentes coisas:
- designação do objecto seguro: um edifício é qualificado de “risco” segurável;
- utilização em questões de tarificação: o risco industrial, riscos de particulares, riscos
automóveis, etc;
- designação do acontecimento seguro.

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2.1. Introdução aos seguros
A última designação é a mais correcta e nós dizemos que “o risco é o acontecimento prejudicial
contra cuja ocorrência nos pretendemos cobrir”.
Nem todos os acontecimentos são seguráveis. Com efeito, só os acontecimentos que possuam
os seguintes caracteres podem ser seguros:
1º caracter: o acontecimento deve ser futuro (o acontecimento não deve ter já ocorrido);
2º caracter: deve existir no acontecimento incerteza. Fala-se de acontecimento aleatório porque
depende do acaso. A incerteza reside na ocorrência ou na data de ocorrência;
3º caracter: a chegada do acontecimento não deve depender exclusivamente da vontade do
segurado.
Em suma: O risco é um acontecimento futuro, incerto e não dependente exclusivamente da
vontade do segurado.

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2.1. Introdução aos seguros
O prémio
O prémio é a contribuição monetária paga pelo segurado em troca da garantia que lhe é
concedida.
Ele é pago no início da operação de seguro ou da anuidade (exercício de seguro).

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2.1. Introdução aos seguros
A prestação a pagar pelo segurador
O compromisso do segurador em caso de realização do risco consiste no pagamento de uma
prestação. Trata-se, geralmente, de uma soma em dinheiro destinada a:
- ressarcir o segurado, por exemplo no seguro de incêndio;
- ressarcir um terceiro, por exemplo um seguro de responsabilidade civil automóvel.
- ressarcir um beneficiário, por exemplo num seguro de vida (em caso de morte).
Na prática convém distinguir dois tipos de prestações:
- Indemnizações que são determinadas após a ocorrência dos sinistros, em função da sua importância
(seguro de incêndio);
- Prestações de capital que são determinadas na subscrição dos contratos, antes da ocorrência de um
sinistro (seguro de vida). Estas prestações traduzem-se ou no pagamento de um capital, de uma renda
ou de um subsídio diário.

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2.1. Introdução aos seguros
A compensação no seio da mutualidade
Cada subscritor liquida o prémio sem ter a certeza que beneficiará dele, mas
está consciente que é graças a estes pagamentos e aos dos outros subscritores
que o segurador poderá indemnizar os sinistrados.

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2.1. Introdução aos seguros
A) As bases técnicas do seguro B) As leis fundamentais do seguro
A teoria estatística A necessidade de produção
Os dados estatísticos do seguro A homogeneidade dos riscos
A determinação dos diferentes A dispersão de riscos
prémios :
A divisão de riscos
◦ O prémio puro
◦ O prémio líquido O resseguro dos riscos
◦ O prémio total O cosseguro dos riscos
C) Sinistros e Provisões

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2.1. Introdução aos seguros: Bases
Técnicas
A) As bases técnicas do seguro
As bases técnicas de seguro incluem :
- a teoria estatística,
- a experiência histórica (os dados),
- a determinação dos prémios e
- as leis fundamentais da mutualização dos riscos seguráveis.

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2.1. Introdução aos seguros
A teoria estatística
Pascal, matemático francês do século XVII, estudou de forma sistemática o acaso e demonstrou que
ele era regido por leis.
No mesmo século, Bernoulli matemático suíço, enunciou a lei dos grandes números (quanto maior
for o número de experiências realizadas, mais os resultados destas experiências se aproximam da
probabilidade teórica de ocorrência de um acontecimento).
Tomemos o jogo do dado. A probabilidade teórica de saída de um número é 1/6, uma vez que o dado
tem seis faces, e que cada face tem tantas chances de sair como as outras. Se jogarmos um número
limitado de vezes, o mesmo número pode sair uma vez, duas vezes, todas as vezes ou nenhuma.
Mas se jogarmos 1 000 vezes, 10 000 vezes, ou 1 000 000 de vezes (o que é hoje possível graças aos
computadores) constatamos que o número total de saídas de um número tende a aproximar-se da
probabilidade teórica de 1/6.
Isto significa que, se possuirmos informação sobre um grande número de casos, podemos conhecer
de forma bastante precisa, a probabilidade de ocorrência de um acontecimento. Assim,
raciocinando globalmente podemos controlar o acaso.

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2.1. Introdução aos seguros
A teoria estatística
Tomemos o jogo do dado.
A probabilidade teórica de saída de um número é 1/6, uma vez que o dado tem seis faces, e que
cada face tem tantas chances de sair como as outras.
- Se jogarmos um número limitado de vezes, o mesmo número pode sair uma vez, duas vezes,
todas as vezes ou nenhuma.
- Mas se jogarmos 1 000 vezes, 10 000 vezes, ou 1 000 000 de vezes (o que é hoje possível graças
aos computadores) constatamos que o número total de saídas de um número tende a
aproximar-se da probabilidade teórica de 1/6.
Isto significa que, se possuirmos informação sobre um grande número de casos, podemos
conhecer de forma bastante precisa, a probabilidade de ocorrência de um acontecimento.
Assim, raciocinando globalmente podemos controlar o acaso.

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2.1. Introdução aos seguros
Os dados estatísticos do seguro
O funcionamento do mecanismo de seguros baseia-se na mutualização de um grande número
de riscos na qual a lei dos grandes números tem um papel fundamental.
- Raciocinando globalmente, pode conhecer-se, com precisão aceitável, a probabilidade de
ocorrência do risco.
Esta probabilidade (“frequência”) pode ser quantificada graças às estatísticas.
- As estatísticas indicam-nos quanto custaram os sinistros.
Podemos assim calcular o seu custo médio.
A frequência e o custo médio permitem ao segurador calcular o que deverá pagar a cada
segurado e quanto terá de receber de cada segurado.

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2.1. Introdução aos seguros
A determinação dos diferentes prémios
O prémio puro
Também é designado por prémio de risco, prémio de equilíbrio ou ainda prémio
técnico.
É portanto o prémio estritamente necessário para a compensação dos riscos no
seio da mutualidade.

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2.1. Introdução aos seguros
A determinação dos diferentes prémios
Cálculo do prémio puro
O prémio puro é igual à frequência do risco multiplicada pelo custo médio do sinistro.
Prémio puro = Frequência x Custo médio
Exemplo: Trata-se de segurar, em caso de acidente de circulação, o reembolso das despesas médicas
envolvidas com ferimentos do condutor de uma certa categoria de veículos. Segundo as estatísticas
tem-se:
Frequência de 1/10
Custo médio de 1’000
Prémio puro = 1/10 x 1’000 = 100 Este valor é o prémio a liquidar por cada segurado
independentemente do número de segurados em causa (1 000, 10 000, etc.).
Só a receita global é que varia.

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2.1. Introdução aos seguros
O prémio líquido ou comercial
O prémio líquido é o prémio que figura nas tarifas da sociedade. É por vezes chamado de prémio
comercial. O prémio líquido é igual à soma do prémio puro com os encargos que permitem
cobrir as despesas de aquisição e de gestão do contrato.
Prémio Líquido (ou Comercial) = Prémio puro + Encargos
Nos encargos, é conveniente distinguir entre:
- despesas de aquisição (comissões de mediação nomeadamente e outras despesas de
aquisição);
- encargos de gestão (custos de funcionamento da empresa de seguros).
- margem de lucro

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2.1. Introdução aos seguros
O prémio total
O prémio total é igual à soma do prémio líquido ou comercial com as despesas acessórias e os
impostos e taxas.
Prémio Total = Prémio Comercial + Despesas acessórias + Impostos e Taxas

As despesas acessórias são por vezes chamadas de complementos de prémio, despesas com o
custo da apólice ou despesas de instalação. São muitas vezes um valor em função do prémio
líquido.
As taxas e impostos indirectos são receita do Estado, dos organismos de bombeiros, dos
institutos públicos de Protecção contra Acidentes e das organizações patronais. Variam em
função da percentagem aplicada.

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2.1. Introdução aos seguros
O quadro seguinte resume a composição do prémio:

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2.1. Introdução aos seguros
B) As leis fundamentais do seguro
A necessidade de produção
O segurador deve esforçar-se para reunir o máximo de segurados (dimensão da amostra) e
realizar em permanência negócios novos (renovação da amostra).
Esta produção é vital por duas razões:
- Quanto maior for o número de segurados, mais fácil será a compensação no seio da
mutualidade. A lei dos grandes números justifica plenamente este raciocínio;
- Os contratos realizados não ficam eternamente na carteira; existem saídas por anulação,
vencimento, mortes, desaparecimento dos riscos, que devem ser compensadas.

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2.1. Introdução aos seguros
A homogeneidade dos riscos
A compensação exige um grande número de riscos semelhantes, com as mesmas hipóteses de
realização e que causarão pagamentos da mesma ordem, ou seja riscos homogéneos.
Com este objectivo, os serviços de “produção” da empresa de seguros examinam cada risco,
com a ajuda de um perito.
Ou seja, efectuam a selecção de riscos.

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2.1. Introdução aos seguros
Homogeneidade dos riscos
Após essa análise :
- os riscos são classificados em categorias de tarifa bem determinadas em função dos seus
principais elementos: o seguro contra incêndio é mais caro para uma casa de madeira do que
para uma casa de pedra. Estas categorias tarifárias que são, na realidade sub-mutualidades, tem
por finalidade fazer pagar a cada subscritor um prémio equitativo;
- propõem uma tarifa agravada para o seguro de um risco mais grave do que o normal: é o caso
do seguro em caso de morte de um indivíduo que tem uma tensão mais elevada do que a
normal para a sua idade;
- recusam segurar riscos cuja probabilidade de ocorrência é quase certa. Por exemplo, recusarão
segurar contra roubo uma casa insuficientemente protegida enquanto o seu proprietário não
tiver tomado certas medidas de prevenção.

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2.1. Introdução aos seguros
A dispersão de riscos
Os riscos seguros não devem realizar-se ao mesmo tempo, senão a compensação não poderia ter
lugar.
Se segurarmos contra a geada exclusivamente os agricultores de uma mesma região, a mínima
tempestade de geada pode revelar-se catastrófica para o segurador, porque pode exterminar as
colheitas de todos os segurados.
O mesmo sucede quando se segura, em caso de morte, todos os engenheiros de uma fábrica
susceptíveis de apanharem o mesmo avião para se deslocarem a um congresso profissional, ou ainda
quando se seguram contra incêndio todo um quarteirão de casas de habitação.
Assim o segurador deve proceder como o investidor do mercado financeiro: não colocar todos os
ovos no mesmo cesto.
Existem técnicas de dispersão e de limitação dos riscos, resseguro e cosseguro, que permitem,
quando bem utilizadas, diminuir os riscos acumulados.

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2.1. Introdução aos seguros
A divisão de riscos
Não é suficiente seleccionar e dispersar riscos, é preciso também evitar aceitar riscos demasiado
elevados cujo custo, não poderia ser compensado pelos prémios. Não se pode aceitar que um único
risco possa ameaçar a mutualidade.
Quando se seguram casas individuais contra incêndio, não se pode aceitar imóveis na totalidade ou
mesmo um castelo. Na prática, nesta situação, o segurador não aceitará senão uma parte (uma
fracção) de um risco demasiado importante na sua mutualidade. Ele utilizará as técnicas de cosseguro
e de resseguro para repartir os seus riscos.
A lei dos grandes números aplica-se quando duas condições são reunidas para a ocorrência dos
sinistros:
- Serem independentes em probabilidade.
- Seguir a mesma lei de probabilidade possuindo os momentos de primeira e segunda ordem.
Se estas condições não estiverem reunidas, a carteira de seguros pode originar perdas técnicas
consideráveis não antecipadas pelo segurador.

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2.1. Introdução aos seguros
Mesmo que estes resultados não sejam negativos, a companhia pode ser obrigada a constituir
reservas de segurança importantes para efectuar uma compensação das perdas no tempo. Um
tal sistema apresenta dois inconvenientes:
- por um lado, as reservas livres são apanhadas pelo imposto sobre os lucros
- por outro lado, não existe forçosamente uma alternância de bons e maus resultados. As perdas
podem ser sistemáticas, se os riscos subscritos são em média piores do que o conjunto dos
riscos na carteira segurável.

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2.1. Introdução aos seguros
Existem formas de o segurador tentar fazer funcionar as condições do modelo de amostragem
(lei dos grandes números):
1. O segurador divide a sua carteira em subconjuntos homogéneos no plano quantitativo, os
quais não devem ser concebidos :
- nem de forma muito estreita, porque seria então impossível reunir um grande número de
riscos nesta classe,
- nem de forma muito alargada, porque neste caso a homogeneidade desapareceria.
Esta preocupação justifica a existência de diversos ramos de seguros, estes mesmos divididos
num certo número de classes.

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2.1. Introdução aos seguros
2. A etapa seguinte consiste em procurar a independência em probabilidade. Para este efeito, o
segurador vigia
- a dispersão espacial dos riscos subscritos. Para uma companhia média, implantada unicamente
numa região, ou mesmo para uma implantada nacionalmente, esta condição é difícil de concretizar
em seguro directo.
Uma companhia deste tipo pode então aproveitar as facilidades oferecidas pelo resseguro recíproco
para participar na subscrição de riscos situados nas zonas mais afastadas do seu campo de acção
habitual.
A dispersão geográfica dos riscos tem por objectivo realizar a independência em probabilidade em
cada uma das classes de seguros representadas na carteira. Ao nível da carteira, a estabilidade dos
resultados é ainda reforçada pela compensação que se exerce entre os diferentes ramos de seguros.
Sabe-se que existem correlações negativas entre os rendimentos técnicos dos ramos de seguros dado
que certos ramos, como o seguro de incêndio e o seguro de crédito, sofrem pelo efeito da conjuntura
económica, enquanto outros, como os acidentes de trabalho ou o seguro de transporte, seguem uma
evolução inversa.

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2.1. Introdução aos seguros
C) Sinistros e Provisões
SINISTROS: GENERALIDADES
Pela celebração dum Contrato de Seguro, um Tomador transfere para uma Seguradora, as
consequências nefastas da concretização do Risco.
No Código Civil, quem estiver obrigado a reparar um dano, deve reconstituir a situação que existiria
se não se tivesse verificado o evento que obriga à reparação.

Uma vez verificado o Sinistro ou o Vencimento do Contrato, a Seguradora é chamada a pagar um


determinado valor:
»» Para reparar o Dano: nos seguros de indemnização
»» O Capital Seguro: nos seguros de Capitais

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2.1. Introdução aos seguros
Quando se trata de reparar danos, há que ter em atenção as seguintes componentes:
Valor em Risco (VR)
Valor Seguro (VS)
Se VR « VS: A Seguradora paga 100% do Dano (art.º. 435 do Código Civil Português)
Se VR = VS: A Seguradora paga 100% do Dano – idem
Se VR » VS: A Seguradora procede à aplicação da “Regra Proporcional” ,
conforme art.º.433 do Código Comercial Português. Diz-se então que

O TOMADOR É SEGURADOR DE SI PRÓPRIO


Exemplo: Valor em Risco =5.000
Valor Seguro= 4.000
Sinistro = 250
Indemnização a Pagar pela Seguradora: 5.000/250 = 4000/x; x = 200

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2.1. Introdução aos seguros
- A Franquia é o valor residual que em caso de Sinistro é suportado pelo Tomador, como
forma de redução do rico ou da sua repartição entre Seguradora e Tomador.

- Prazo de Participação: O Tomador deve nos 8 dias imediatos ao sinistro ou ao dia em que
teve conhecimento, informar (Participar) à Seguradora, sob pena de responder por perdas
e danos do Segurador (art.º. 440 do Código Comercial Português).

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2.1. Introdução aos seguros
Dentro da área de Sinistros ainda há a referir dois tipos importantes de Provisões:

IBNR: Incurred But Not Reported: Sinistros ocorridos mas cuja participação ainda não chegou
aos serviços da Seguradora, até uma determinada data.

IBNER: Incurred But Not Enough Reserved: Sinistros ocorridos, participados e provisionados,
mas cuja reserva não se mostrou suficiente face ao total dos pagamentos realizados.

Os primeiros estão previstos no PCES e devem ser tomados em conta em qualquer fecho
periódico contabilístico, muito em particular, no encerramento de cada exercício.

No que se refere aos últimos, mais do que o reforço do valor da Provisão para Sinistros que
lhe está subjacente, é um instrumento muito importante para avaliar sobre os padrões de
previsões praticados individualmente por cada gestor de sinistros.

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2.1. Introdução aos seguros
Na actividade seguradora existem dois tipos de provisões:
- Provisões técnicas
- Provisões não técnicas
As Provisões técnicas destinam-se a permitir às empresas de seguros cumprir na medida do
razoavelmente previsível os compromissos decorrentes dos contratos de seguro celebrados.
As Provisões Não técnicas destinam-se a fazer face a ajustamentos de valores do activo e a
contingências.

Portugal: Decreto Lei nº 35/2005 de 17 de Fevereiro


Normas Internacionais: IAS 37 – Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes

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2.1. Introdução aos seguros
O reconhecimento de uma provisão, isto é, de uma perda contingente susceptível de originar
um passivo ocorre quando, e somente quando, se encontrem verificadas as seguintes condições:
- Uma empresa tem uma obrigação presente, legal ou construtiva, como resultado de uma
acontecimento passado;
- seja provável que um exfluxo de recursos que incorporem benefícios económicos será exigido
para liquida a obrigação;
- Possa ser feita uma estimativa fiável da quantia da obrigação.

# 3 casos específicos onde se aplicam as provisões:


- Perdas operacionais futuras, contratos onorosos, reestruturações.

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2.1. Introdução aos seguros
Ajustamentos e Outras Provisões:
- Ajustamentos de Aplicações de Tesouraria (*)
- Ajustamentos de Dívidas a Receber
- Ajustamentos de Existências
- Ajustamentos de Investimentos Financeiros
- Ajustamentos e Outras Provisões
- Ajustamentos de Recibos por cobrar
- Ajustamentos de Créditos de Cobrança Duvidosa
- Outras Provisões
(*) – Antes de 2005, chamava-se provisões em vens de Ajustamentos.

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2.1. Introdução aos seguros
Noção de Provisões técnicas (noções anteriores a 2005):
São provisões para riscos em carteira (em vida: provisão matemática), para sinistros em curso e
para participações nos resultados.
- Provisão para prémios não adquiridos – prémios não adquiridos ou parte do prémio entregue que
não estava adquirido na data de fecho do balanço mas que serve para cobertura de riscos após o
fecho e durante o exercício seguinte.
- Provisão para riscos em curso – destina-se a cobrir excessos de sinistralidade e de gastos.
- Provisão matemática – provisão necessária em matéria de seguro de vida para as prestações a pagar
no futuro, incluindo a parte da poupança.
- Provisão para sinistro – provisão para sinistros avisados mas não ainda liquidados.
- Provisão para desvios de sinistralidade – provisão destinada a compensar as flutuações
conjunturalmente elevadas durante o decurso de um sinistro.

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2.2. Seguros de perdas (de coisas e de
responsabilidades) e de pessoas
- As distinções habituais dos Seguros:
- Os seguros de perdas e os seguros de pessoas
- Seguros Sociais e Seguros Obrigatórios

Outras abordagens dos Seguros:


- riscos de rendimento, riscos de património e riscos de responsabilidade civil
- os seguros geridos em repartição e os seguros geridos em capitalização

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2.2. Seguros de perdas (de coisas e de
responsabilidades) e de pessoas
Seguros de Perdas e Seguros de Pessoas

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2.2. Seguros de perdas (de coisas e de
responsabilidades) e de pessoas
Os seguros de perdas
Os seguros de perdas tem por finalidade reparar as consequências de um acontecimento
prejudicial que afecta o património dos segurados.
Os seguros de perdas subdividem-se em duas categorias:
- Os seguros de coisas garantindo os bens pertencentes ao segurado (garantia directa do
património);
- Os seguros de responsabilidades garantindo as perdas que o segurado pode causar aos bens
pertencentes a terceiros (garantia indirecta do património do segurado uma vez que este último
não tem que utilizar o seu património para satisfazer a prestação).
Os seguros de perdas estão sujeitos ao princípio indemnizatório, segundo o qual a prestação do
segurador não pode, em nenhum caso, exceder o prejuízo real sofrido pelo segurado.

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2.2. Seguros de perdas e de pessoas
Os seguros de pessoas
Os seguros de pessoas tem por finalidade pagar prestações monetárias fixas em caso de acontecimentos
que afectam a própria pessoa do segurado.
Eles subdividem-se igualmente em duas categorias principais:
- os seguros de vida
- os seguros “individuais de acidentes e doença”;
Os seguros de pessoas não estão sujeitos ao princípio indemnizatório, uma vez que o valor pecuniário da
pessoa humana não pode ser fixado.
Aplica-se aqui o princípio forfetário.

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2.2. Seguros de perdas e de pessoas
Finalmente, após ter dividido a sua carteira em:
- subconjuntos homogéneos do ponto de vista qualitativo,
- independentes entre eles, e bem dispersos geograficamente,
- o segurador previne-se contra os desequilíbrios provindos de uma
heterogeneidade quantitativa dos riscos subscritos. É aqui que
intervém o resseguro ou o cosseguro como instrumentos da divisão
financeira dos riscos.

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2.2. Seguros de perdas e de pessoas
Exemplos de Tarifação:
Cálculo do prémio de risco de um seguro não vida
Caso Prático 1 – seguro de incêndio
Cálculo do prémio de risco de um seguro vida
Caso Prático 2 – em caso de vida
Caso Prático 3 - em caso de morte

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2.2. Seguros de perdas e de pessoas
1. Calcule o prémio comercial (PC) de um seguro para um risco de
incêndio com base

Frequência do sinistro: 1 por mil


Custo médio do sinistro: 10.000 euros
Custos de Gestão e distribuição: 20 por cento do PC

Nota: a margem de lucro está nos custos operativos


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2.2. Seguros de perdas e de pessoas
2. Admitindo que consulta uma tábua de mortalidade para saber o seguinte:
l50 = 94056, l70=78659 e l90=14743.
a) Calcule a probabilidade de sobrevivência durante 20 anos, de uma mulher
com idade de 50 anos.
b) Calcule a probabilidade de sobrevivência durante 20 anos, de uma mulher de
idade de 70 anos.
c) Calcule o valor que tem de ser entregue hoje (prémio único puro) para
garantir daqui a 20 anos o recebimento de um capital de 10.000 u.m. a uma
mulher que actualmente tem 50 anos. Admita que a taxa de juro é de 4%.

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2.2. Seguros de perdas e de pessoas
3. l50 indivíduos aceitam pagar um prémio único, ficando seguros por um capital em caso de
morte de 1000 u.m. durante 3 anos.
O prémio único a pagar, PU, por cada um dos indivíduos, deverá se o valor do capital seguro a
receber actualizado e multiplicado pela probabilidade de o indivíduo morrer em cada um dos
anos considerados. Admite-se por hipótese que a morte da pessoa segura ocorre em média a
meio do ano, pelo que o valor actual da pessoa segura ocorre em média a meio do ano, pelo que
o valor actual do capital seguro de 1000 u.m. é calculado a meio de cada anuidade.
Designado-se por dx actual o nº de mortos à idade x.
Cálcule o valor do prémio único.

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