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Prof. Dra. Maria de Fátima Píccolo Barcelos
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2003
ELAINE MARTINS PASQUIM
Prof. ________
Prof. _________
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
“Viver por mais tempo não necessariamente
significa viver bem, a relação com a qualidade de
vida neste processo de envelhecer é um desafio
que a área de nutrição pode dar grande
contribuição”
(OPAS, 1999).
RESUMO
Pág.
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS 3
1. INTRODUÇÃO 4
1.1.Objetivo geral 5
1.2.Objetivos específicos 6
2. REFERENCIAL TEÓRICO 7
Considerações Gerais 7
3. METODOLOGIA 10
4. RESULTADOS 11
4.1. Epidemiologia 11
4.2. Alimentação e Nutrição 14
4.2.1. Alimentação entre idosos não indígenas 15
4.2.2. Estado nutricional entre idosos não indígenas 17
4.2.3. Alimentação entre idosos indígenas 20
4.2.4. Estado nutricional entre idosos indígenas 23
5. CONCLUSÃO 28
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30
1
LISTA DE FIGURAS
Figura 4. Distribuição das médias de Índice de Massa Corporal (IMC), por faixa
etária e sexo. Aldeia Parkatêjê, 1994....................................................24
Figura 5. Distribuição das médias de Índice de Massa Corporal (IMC), por faixa
etária e sexo. Aldeia São José, 1997.....................................................25
Figura 6. Distribuição das médias de Índice de Massa Corporal (IMC), por faixa
etária e ano, entre homens. Aldeia Etenhiritipá....................................25
Figura 7. Distribuição das médias de Índice de Massa Corporal (IMC), por faixa
etária e ano, entre mulheres. Aldeia Etenhiritipá..................................26
2
LISTA DE TABELAS
3
1 . INTRODUÇÃO
O envelhecimento ativo inclui todas as dimensões da vida física, mental,
social, espiritual do indivíduo. Por isso, a Organização Mundial de Saúde, OMS,
assumiu o compromisso de fomentar o envelhecimento ativo como um
componente indispensável de todos os programas de desenvolvimento, daí, em
1999, o tema ‘Sigamos ativos para envelhecer bem’ do Dia Mundial da Saúde
(Sanches-Gavito, 2000).
Há em todo o mundo cerca de 600 milhões de pessoas com mais de 60 anos,
portanto considerada pela OMS, devendo dobrar até 2025 (OMS, 2003). Ocorre no
mundo a transição epidemiológica e nutricional caracterizada pela redução das doenças
infecto-contagiosas e aumento das doenças crônicas não transmissíveis.
Quanto ao ambiente social, os idosos enfrentam discriminação por ser
comum uma soma de perdas. Dentre as necessidades para este setor da população se
está promovendo a renovação dos conceitos que se tem sobre o envelhecimento, tanto
social como individualmente, ao transmitir conhecimentos que consideram o
envelhecimento como uma etapa normal da vida, cheia de possibilidades e
capacidades, tanto para o idoso como para a família e a sociedade. O envelhecimento
não é uma doença, é uma fase natural da vida e suas doenças devem ser cuidadas e
vigiadas como ocorreria a qualquer estágio de vida (Sanches-Gavito, 2000).
Segundo Pérez-Gil (2001), o velho indígena parece ter um papel social
importante no que se refere aos ritos, à cultura. Em seu estudo sobre a iniciação
xamânica, períodos sucessivos de resguardo e do aprendizado de técnicas diferentes
repassado dos mais velhos aos mais jovens, descobriu que vários especialistas –
assim chamados aqueles que dominam as técnicas – comentaram que, depois de se
iniciarem, ficaram envergonhados, sem colocar seus saberes em prática abertamente
por muito tempo, receosos de que os outros, em especial seus mestres, rissem deles.
Portanto, somente com a morte do mestre é que a pessoa começa a exercer a prática
xamânica de forma aberta. Nesse processo, a figura do mestre é essencial. É ele que
incentiva o iniciante, dirige o processo, acompanha-o quando ingere as substâncias
4
xamânicas, e, durante as provas, é quem dita as dietas, a fonte dos saberes que serão
aprendidos. O mestre é geralmente um parente próximo, pois ninguém quer por
armas nas mãos de inimigos. Quando o jovem não tem parentes próximos há
aqueles que ficam espreitando os velhos, às escondidas, para aprenderem seus
ensinamentos.
Nesse sentido, parece que os idosos indígenas ainda mantêm um certo grau de
valorização em suas comunidades, o que não ocorre entre idosos não indígenas. Daí
acontece comumente de os idosos se entregarem para a morte por não terem mais alegria
em viver. Portanto, como bem referido por Magalhães (2003) a morte social pode
anteceder a morte biológica, assim como o nascimento social ou a idade cronológica
podem ser estabelecidos a partir de etapas anteriores ao nascimento biológico.
O princípio das políticas sociais de atenção à velhice deve ser o de manter
o idoso fora do ambiente institucionalizado, sempre que suas condições
biopsicossociais permitam. Nesse sentido, são necessárias ações mobilizadoras de
todas as forças e de todos os sistemas da comunidade, para implementação de
programas que atendam as principais fragilidades desse grupo etário, estimulando
sua autonomia e independência (Brasil, 1997).
Neste trabalho serão abordados temas relativos à alimentação e nutrição de
pessoas idosas no Brasil. Para tanto, serão estudadas as diferenças existentes entre os
idosos residentes nas cidades e os idosos indígenas dos diversos povos existentes no
País. Serão trabalhados alguns conceitos antes de se iniciar a discussão dos temas.
5
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
6
2. REFERENCIAL TEÓRICO
7
FIGURA 1. Fatores que influenciam o processo de envelheci mento.
Estilo de vida
(uso-abuso-desuso)
9
3. METODOLOGIA
10
4. RESULTADOS
4.1. Epidemiologia
O progressivo incremento absoluto e relativo do contingente populacional
de idosos impõe ao sistema de saúde financiar a elevação dos custos da atenção às
doenças crônico-degenerativas e adequar sua organização às necessidades próprias
desse grupo etário. Estudo realizado no estado do Rio Grande do Sul mostrou que
os pacientes idosos hospitalizados não recebiam adequada assistência médica e
psicossocial (Brasil, 1998).
Segundo projeções estatísticas da Organização Mundial de Saúde, entre
1950 e 2025 a população de idosos no País crescerá 16 vezes contra 5 vezes da
população total. Este crescimento populacional é o mais acelerado no mundo e só
comparável ao México e à Nigéria (Brasil, 1997).
Muito embora o Brasil esteja posicionado entre as primeiras economias do
mundo, ainda apresenta indicadores sociais equiparados aos da sociedade afro-
asiáticas, sendo um País caracterizado por marcantes contrastes. Assim, é comum,
para um grande percentual da população brasileira, a acumulação sucessiva de
deficiências sociais ao longo do ciclo de vida, com agravamento substancial com o
avançar da idade. A tradição de hierarquizar as questões sociais em níveis de maior
e menos importância, estabelecendo prioridade para uma ação de política social,
tem secundarizado a questão social da velhice (Brasil, 1997).
No que se refere aos povos indígenas, estes se apresentam, de maneira
geral, sob precárias condições de vida e de saúde, derivadas de sua desprotegida
interação com a exploração econômica predatória, que historicamente tem causado
a progressiva redução da ocupação territorial das áreas demarcadas, a deterioração
ambiental e a perda de identidade cultural indígena (Brasil, 1998). Segundo dados
da OPAS/ OMS (Brasil, 1998) coletados da Fundação Nacional de Saúde (dados de
11
1996), a população indígena está atualmente reduzida a cerca de 300 mil indivíduos
(0,2% da população brasileira), agrupados em 206 etnias que ocupam 554
‘territórios indígenas’, distribuídos em 24 estados. Aproximadamente 50% da
população indígena está localizada na região Norte, seguindo-se as regiões Nordeste
(20%), Centro-Oeste (17%), Sul (10%) e Sudeste (3%). No estado do Amazonas
encontram-se 25% dos indígenas do país (3,2% da população total do estado), e
Roraima é o estado com maior proporção de população nativa (10,4% do total). A
tabela 1 revela que a proporção de idosos na população total e na população
indígena é muito semelhante. Ressalta-se que os cálculos são por população
residente e não por população nascida no local, e que N1 é a amostra da população
total e N2 é amostra da população indígena.
TABELA 1 - População residente, total e indígena, por sexo e grupos de idade –
Brasil. Percentual indígena sobre o N2.
Sexo e grupos de idade População residente
Total (1) Indígena
N1 % N2 % N2
Total da população (2) 169.799.170 100,00 701.462 100,00
60 a 69 anos 8.300.220 4,89 35.783 5,10
70 a 79 anos 4.638.225 2,73 18.848 2,69
80 anos ou mais 1.804.444 1,06 9.833 1,40
Total/ Idosos 14.742.889 8,68 64.464 9,19
Homens (2) 83.576.015 49,22 354.986 50,61
60 a 69 anos 3.795.013 2,24 18.049 2,57
70 a 79 anos 2.048.030 1,21 8.731 1,24
80 anos ou mais 734.255 0,43 4.142 0,59
Total/ Homens Idosos 6.577.298 3,87 30.922 4,41
Mulheres (2) 86.223.155 50,78 346.477 49,39
60 a 69 anos 4.505.207 2,65 17.734 2,53
70 a 79 anos 2.590.195 1,53 10.117 1,44
80 anos ou mais 1.070.189 0,63 5.690 0,81
Total/ Mulheres Idosas 8.165.591 4,81 33.541 4,78
Fonte: Adaptado de IBGE, Censo Demográfico 2000.
(1) Inclusive as pessoas sem declaração de cor ou raça.
(2) Inclusive as pessoas com idade ignorada.
12
Pela tabela 2 percebe-se que a população total de idosos é bem inferior à
população total residente no Brasil. Conseqüentemente, a população de idosos
indígenas chega a parecer insignificante. Na verdade, é uma parte da população
brasileira excluída por natureza, sendo ainda mais esquecida ao se pensar na fase da
vida referente ao envelhecimento.
Cabe destacar que de acordo com dados oficiais da FUNASA em (Brasil,
2003) - TABELA 2 - População residente, total e indígena, por sexo e grupos de idade –
Brasil. Percentual indígena sobre o N1.
Fundação Sexo e grupos de idade População residente
Total (1) Indígena
Nacional de N1 % N2 % N1
Saúde/ Total da população (2) 169.799.170 100,00 701.462 0,413
13
4.2. Alimentação e Nutrição
14
destas atividades. Para isso a Terapia Ocupacional se encarrega de reiniciar essas
atividades ajudando o paciente a ser independente (Ruipérez & Llorente, 1999).
Quanto à alimentação é importante que a postura seja correta, e que o
doente esteja suficientemente próximo à mesa para evitar derrubar a comida e
favorecer o acesso à mesma. O idoso não deve se debruçar, pois isso dificulta a
deglutição. Os que apresentam maior dificuldade são aqueles que perderam a
movimentação do seu lado predominante, o lado com que comiam. Com a prática,
pode-se utilizar o lado contrário. Para isso, é preciso colocar o braço afetado sobre a
mesa, de modo esticado e com o apoio da palma da mão (Ruipérez & Llorente,
1999).
Existem instrumentos especiais, mas adaptações podem ser feitas como
engrossar os talheres com algodão e esparadrapo para facilitar a manipulação dos
mesmos pelos idosos com deformidade ou perda da força nas mãos (Ruipérez &
Llorente, 1999).
É fundamental deixar que o ancião como por si só, estando acompanhado
apenas para dar-lhe confiança e segurança. Somente devendo haver intervenção
quando for imprescindível. Deste modo, a habilidade e a coordenação serão
adquiridas aos poucos para comer de forma independente (Ruipérez & Llorente,
1999).
Estudos diversos revelam que o fator limitante não é a doença, mas a
redução da autonomia. Portanto, é possível ter hipertensão ou diabetes e ainda assim
ter uma vida normal (Paraná, 1999).
15
transporte, energia, comunicação), maior acesso a produtos duráveis, aumento da
desigualdade social (mais ricos ficaram mais ricos e os mais pobres ainda mais
pobres).
Soma-se a esses fatores, o rápido declínio de energia relacionado a
trabalhos que demandam menos energia física e atividades sedentárias de lazer
(como televisão). Ainda importante é o aumento do consumo de gordura, dietas
ricas em energia (Monteiro, 2002).
Ramos & Oliveira (2002) reforçam o quanto é freqüente no mundo
Ocidental doenças como a constipação intestinal e relatam que este problema é
queixa constante na população idosa.
A crescente educação em massa para combater o sedentarismo e promover
hábitos alimentares saudáveis, podem ser os responsáveis pelo declínio da
obesidade entre as mulheres de mais alta renda do sudeste (com maior acesso à
educação). Além disso, a divulgação pela mídia da promoção da imagem magra
(muitas vezes irreal) da mulher em programas voltados para este público (Monteiro,
2002).
O hábito alimentar de um indivíduo, principalmente de um idoso, se faz
através dos anos de sua vida e depende de alguns fatores como país em que vive,
costumes regionais, hábitos familiares, situação sócio-econômica, o marketing cada
vez mais forte sobre determinados produtos, a falta de informação sobre a
importância da alimentação correta, e muitas outras variáveis que podem influenciar
os costumes de cada pessoa (Ramos & Oliveira, 2002).
Diante das condições sociais dos idosos na última década algumas
dificuldades que podem ser destacadas são: segundo o IBGE 2000, existem
1.603.883 idosos que vivem sós, destes 67% são mulheres; as doenças crônicas
degenerativas comuns à velhice do idoso brasileiro constituem uma ameaça à
autonomia e independência do idoso, agravada pelas dificuldades de acesso ao SUS;
a sobrevivência do idoso pobre depende dos benefícios previdenciários e da
assistência social; segundo o IBGE, três anos e quatro meses é a média brasileira de
16
anos de estudo do idoso; segundo o censo 2000, verificou-se que 62,4% dos idosos
eram responsáveis pelos domicílios brasileiros. Destes domicílios, 37.6% são
comandados por mulheres idosas (Brasil, 2002).
Como se sabe o isolamento social tem influência direta na anorexia/
inapetência alimentar, a dificuldade de assistência à saúde na presença das doenças
crônicas não transmissíveis compromete sua renda e piora sua condição geral, o
baixo grau de escolaridade e os altos índices de analfabetismo agravam a situação
sócio-econômica o que dificulta a compra de alimentos, a chefia dos domicílios por
eles revela que os idosos deixam de atender suas próprias necessidades, agravando
entre elas, a sua saúde e sua alimentação com conseqüente deterioração do estado
nutricional.
Soma-se a isso, as alterações fisiológicas próprias do envelhecimento que
interferem no estado nutricional, como diminuição do metabolismo basal,
redistribuição da massa corporal, alterações no funcionamento digestivo, alterações
na percepção sensorial e diminuição da sensibilidade à sede. Com exceção das duas
primeiras, todas as outras podem interferir, diretamente, no consumo alimentar
(Campos, Monteiro, Ornelas, 2000).
17
Segundo consolidação feita por Monteiro (2000) e apresentada na figura 2,
o que se percebe em todos os anos estudados –1975, 1989, 1997 é que com o
envelhecimento a população de forma geral tende a perder massa muscular. Isso
ocorre de forma mais evidente no Nordeste brasileiro, caracteristicamente uma
região mais pobre. Apesar disso, o que se nota ainda na figura 2 é que ao longo dos
anos, tem havido um aumento de peso entre os idosos, conforme já relatado por
Campos, Monteiro e Ornelas (2000).
18
FIGURA 2. Prevalência da obesidade em duas regiões brasileiras segundo idade. Populações adulta e
idosa das Regiões Nordeste e Sudeste, 1975, 1989 e 1997 - escaneado de Campos, Monteiro e
Ornelas, 2000.
19
4.2.3. Alimentação entre Idosos Indígenas
20
FIGURA 3 – Mapa da fome entre os povos indígenas no Brasil (I), 1994.
Segundo Schuch (2001), para índios Kaingáng a economia baseia-se na
caça, pesca, coleta e pratica da agricultura por meio de cultivos de milho, feijão,
mandioca, abóboras, batata doce. No entanto, atualmente, a alimentação das
famílias pesquisadas é constituída, em grande parte, de alimentos industrializados.
A mesma autora, relata que a mudança de hábito alimentar dos Kaingáng é
reconhecida pelas pessoas da comunidade, percebida no relato a seguir de um
senhor de 77 anos:
“Nos tempos em que era mais moço, tinha mato e caçavam
tatu, jaguatirica e cateto pra comer. Hoje não tem mais estes bichos
porque não tem mato. Nos tempos de hoje as crianças não gostam
mais de comida boa do mato, só do mercado. É porque depois que
os índios velhos aposentaram, o velho leva o neto e o filho pro
mercado porque o sustento do dinheiro da pra todos. Aqui, quando
é tempo de pegar a aposentadoria avisa o patrão que vem nos
buscar pra ir pegar o dinheiro e comprar comida no mercado”.
22
Indígenas (2003), que revela que de 1812 aldeias, 444 não tem tratamento de água,
734 criam gado, 1614 criam galinhas, 203 criam ovelhas e 659 criam porcos.
Em relação à renda na comunidade, é importante destacar que cerca de
36% das famílias apresentavam rendimento através da aposentadoria. Sendo esta,
segundo a autora, uma importante fonte monetária utilizada principalmente na
aquisição de alimentos, movimentando o comércio em torno da reserva indígena.
Segundo Santos (1993), até o presente não foram realizados esforços, seja
por parte dos grupos de pesquisa ou por instituições governamentais voltadas para a
problemática nutricional, no sentido de prover um perfil abrangente dos padrões de
estado nutricional das populações indígenas.
Há uma diversidade considerável em termos de orientação dos estudos
antropométricos com populações indígenas, o que decorre da multiplicidade de referenciais
teórico-metodológicos, a partir dos quais eles têm sido gerados (Santos, 1993).
O autor revela que é dada pouca ênfase no estudo antropométrico devido a
uma menor participação de profissionais que comumente conduzem este tipo de
estudo (nutricionistas e epidemiologistas).
Entre os problemas comuns às diversas comunidades, destacam-se por sua
magnitude, em 1996, as infecções respiratórias agudas e as diarréias. São também
freqüentes os registros de desnutrição, verminose, anemia, tuberculose e afecções
dermatológicas. As mudanças de estilos de vida levam ao aumento do alcoolismo e
das lesões acidentais e violentas. Em 1996, foram realizados investimentos
relevantes em saneamento básico, beneficiando 39 mil indígenas com a construção
ou reforma de 481 sistemas simplificados de abastecimento de água e com a
implantação de 2.269 melhorias sanitárias domiciliares (Brasil, 1998).
Um fato interessante é que as categorias de idade empregadas nos censos
seguem o modelo de classificação usual, que não reflete os recortes específicos
23
através dos quais as populações estudadas classificam seus indivíduos, como por
exemplo, os Tikúna estudados por Erthal (2001). Verificar tabela 3.
Conteúdo “até formar” Casado ou solteiro Casado até 3 filhos Casado + Todos os anciãos
categoria de 3 filhos
10
média de IMC para homens
5 acima de 60 anos foi de 25,7
IMC
0
kg/m2, variando de 23,4 a
60+
20-29
50-59
30-39
40-49
grupos etários
24
28,4 kg/m2. Para mulheres acima de 60 anos, a média foi de 25,2 kg/m2, variando de
21 a 29,2 kg/m2.
Leite (1998) apresenta em seu estudo valores antropométricos da
população
Figura 5. Distribuição das médias de Índice de Massa
Xavante de São Corporal (IMC), por faixa etária e sexo. Aldeia São José,
1997.
José, Terra
Indígena de 35
30
Sangradouro –
25
Volta Grande 20 IMC - Homens
15 IMC - Mulheres
(Mato Grosso). As
10
médias de IMC
IMC
para indivíduos 0
60+
25-29
20-24
30-39
40-49
50-59
com mais de 60 grupos etários
anos foi de
25,05kg/m2 para homens e 29,07kg/m2 para mulheres. A figura 5 mostra uma
tendência de perda corporal segundo dados do trabalho do autor, especialmente para
os homens.
Gugelmin (1995) analisou o estado nutricional da população indígena Xavante
de Etenhiritipá, Figura 6. Distribuição das médias de Índice de
pertencente à Área Massa Corporal (IMC), por faixa etária e ano, entre
homens. Aldeia Etenhiritipá.
Indígena de Pimentel
30
Barbosa. A autora
25
comparou os resultados
20 Ano de 1962
de 1994, com pesquisas 15 Ano de 1977
anteriores de 1962 e 10 Ano de 1994
IMC (kg/m2)
0
Infelizmente, os dados
20-30 30-40 40-50 50+ grupo etário
das pesquisas somente
apresentam IMC para a
25
idade de 50 anos ou mais. No entanto, dá para se ter uma idéia de tendência
temporal da massa corpórea da população estudada.
A perda de massa corporal, com a aproximação do envelhecimento foi mais
evidente para as
Figura 7. Distribuição das médias de Índice de
mulheres em todos os três Massa Corporal (IMC), por faixa etária e ano, entre
mulheres. Aldeia Etenhiritipá.
anos estudados. Além
disso, outro dado 30
20
é que a variação de peso Ano de 1963
15 Ano de 1978
em quaisquer faixas
IMC (kg/ m2)
10 Ano de 1995
etárias, especialmente 5
entre os mais velhos, foi 0
grupo etário
20-30 30-40 40-50 50+
muito pequena, revelando
que apesar de terem se
passado mais de 30 anos, não houve incremento do IMC entre essa população.
Dados de Gugelmin e Santos (2001), apresentados na figura 8, revelam que
com o início do envelhecimento, há uma tendência de perda da massa muscular,
especialmente entre as mulheres idosas indígenas.
FIGURA 8. Distribuição das médias do Índice de Massa Corporal (IMC), segundo grupos
etários e sexo, para os Xavante de Etéñitépa e São José, Mato Grosso, Brasil.
26
Estudos internacionais em populações indígenas submetidas a mudanças
em seus estilos de vida têm mostrado prevalências elevadas de hipertensão arterial e
de outros fatores de risco cardiovascular. Foi feito um estudo de prevalência desses
fatores de risco na população adulta das aldeias indígenas Sapukai, Paraty-Mirim e
Araponga no Rio de Janeiro. As prevalênicas em toda a amostra foram
respectivamente para: hipertensão arterial (4,8%; 2,6%; 7,45); sobrepeso (26,7%;
19,5%; 34,8%) e obesidade (4,8%; 3,9%; 5,8%); alterações lipídicas do colesterol
total (2,8%; 2,7%; 2,9%) e dos triglicerídeos (12,6%; 9,5%; 15,9%). Todas as
prevalências foram superiores no sexo masculino e maiores nas idades mais
avançadas. Os resultados sugerem que a população se encontra em risco
intermediários para as doenças crônicas (Cardoso, Mattos, Koifman, 2001).
Dados de Arantes, Santos, Coimbra Jr (2001), revelam tendência à
deterioração das condições de saúde bucal entre os Xavante. Argumenta-se que
mudanças na dieta (notadamente consumo de açúcar e de outros produtos
industrializados), relacionados a alterações sócio-econômicas e ambientais advindas
da interação com a sociedade nacional envolvente, aliadas à falta de programas
preventivos, estão entre as principais causas da deterioração nas condições de saúde
bucal dos Xavante.
Segundo Escobar, Coimbra Jr, Camacho, Portela (2001), há indícios de que
as populações indígenas de Rondônia apresentam riscos de adoecer e morrer
superiores aos dos demais habitantes do estado. Soma-se ao fato de que a proporção
de idosos na média nacional é de 9,1% em 1999, enquanto na população indígena
esse valor é de 7,35% em 2003, mostrando baixo envelhecimento da população
(Brasil, 2002).
27
5. CONCLUSÃO
28
história é registrada e transmitida, embalada numa sabedoria que o nosso
academicismo cartesiano custa a apreender.
29
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
31
GUGELMIN. S. A. Nutrição e Alocação de tempo dos Xavantes de Pimentel
Barbosa, Mato Grosso: um estudo em ecologia humana e mudanças. Rio de
Janeiro: ENSP/FIOCRUZ, 1995. 113p. Dissertação de mestrado.
32
OLIVEIRA, J. P. de. Fome, terra e cidadania indígena. In: Mapa da Fome
entre os povos indígenas no Brasil (II): contribuição à formulação de políticas
de segurança alimentar sustentáveis. INESC – PETI/MN – ANAÍ/BA, Ação
da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, 1995.
33
SÁNCHEZ-GAVITO, A. G. Manual de prevención y autocuidado para las
personas adultas mayores. Dirección General de Equidad y desarrollo social.
Secretaria de Desarrollo Social. Gobierno del Distrito Federal, México, 2000.
34
SANTOS, R. V. Crescimento físico e estado nutricional de populações
indígenas brasileiras. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 9 (suplemento 1): 46-
57, 1993.
35