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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

CARACTERIZAÇÃO DO TRANSPORTE DE
SEDIMENTOS EM UM PEQUENO RIO URBANO NA
CIDADE DE SANTA MARIA – RS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Juliana Scapin

Santa Maria, RS, Brasil


2005
CARACTERIZAÇÃO DO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS
EM UM PEQUENO RIO URBANO NA CIDADE DE SANTA
MARIA – RS

por

Juliana Scapin

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil,
Área de Concentração em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental,
da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS),como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. João Batista Dias de Paiva

Santa Maria, RS, Brasil

2005
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,


aprova a Dissertação de Mestrado

CARACTERIZAÇÃO DO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS EM UM


PEQUENO RIO URBANO NA CIDADE DE SANTA MARIA – RS

elaborada por
Juliana Scapin

como requisito parcial para a obtenção do grau de


Mestre em Engenharia Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

___________________________________
João Batista Dias de Paiva (CT/UFSM)
(Presidente/Orientador)

___________________________________
Maria do Carmo Cauduro Gastaldini (CT/UFSM)

___________________________________
Carlos Lloret Ramos (CTH/USP)

Santa Maria, 24 de Fevereiro de 2005.


DEDICATÓRIA

Ao meu pai, João Carlos


Scapin, que está sempre presente
em minha memória
e no meu coração, dedico.
AGRADECIMENTOS

A Deus...
A minha mãe, Lourdes Scapin, minha irmã, Carla Scapin, pelo carinho,
preocupação e incentivo;
Ao meu namorado, Anderson Batista, pela compreensão;
Ao professor João Batista Dias de Paiva, pela oportunidade e orientação;
A professora Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva;
Aos bolsistas de iniciação científica Talita Uzeika, Inocencio Sobroza e
Rodrigo Paiva, pelo auxílio no campo, no laboratório e pela amizade;
Aos colegas, Joaquin Bonnecarrère, Ana Paula Brites, Lidiane Bittencourt e
Cíntia Dotto;
Aos funcionários Alcides Sartori, Astério do Carmo e Eliomar Pappis;
Ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
FNDCT/CT – HIDRO através do projeto CTHidro/GURH: FINEP 03/2002;
Ao professor Carlos Ernando da Silva pela orientação no Laboratório;
Aos profissionais do Laboratório de Engenharia Civil da Companhia
Energética de São Paulo (CESP) pelo auxílio na realização dos ensaios
sedimentométricos;
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES,
pela bolsa de estudos.
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Universidade Federal de Santa Maria

CARACTERIZAÇÃO DO TRANSPORTE DE SEDIMENTOS EM PEQUENO RIO


URBANO NA CIDADE DE SANTA MARIA – RS
Autora: Juliana Scapin
Orientador: João Batista Dias de Paiva
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 24 de fevereiro de 2005.

Este trabalho apresenta resultados da avaliação do transporte de sedimentos


em um pequeno rio urbano na cidade de Santa Maria, RS. Foram realizados
trabalhos de medição de descargas líquidas e sólidas e coletado material de leito
durante treze eventos chuvosos, entre Dezembro de 2003 e Novembro de 2004.
Os trabalhos de laboratório consistiram em análises granulométricas e
concentrações de sedimentos. Os dados obtidos foram utilizados para avaliar a
eficiência dos métodos de Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955), Colby
(1957), Engelund e Hansen (1967), Yang (1973), Ackers e White (1973), Van Rijn
(1984), Karim (1998) e Cheng (2002), para estimar a descarga sólida na seção de
medição considerada.

Os dois métodos que incorporam dados medidos de concentração de


sedimentos em suspensão, Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955) e Colby
(1957), obtiveram os melhores resultados, com relações entre a descarga calculada
e a descarga medida de 1,01 e 1,33 e índices de dispersão de 0,11 e 0,44,
respectivamente. Dos métodos da estimativa indireta da descarga total de
sedimentos, o método de Yang foi o que apresentou os melhores resultados com a
relação entre a descarga calculada e a descarga medida de 1,41 e índice de
dispersão de 2,23. Os métodos de Karim (1998) e Ackers e White (1973)
apresentaram bons resultados, com as relações entre as descargas calculadas e as
descargas medidas de 0,65 e 0,59 e índices de dispersão de 3,06 e 3,20,
respectivamente. O método de Van Rijn (1984) apresentou relação entre a descarga
calculada e a descarga medida de 3,53 e índice de dispersão de 9,37. Os piores
resultados foram apresentados pelos métodos de Engelund e Hansen (1967) e pelo
método de Cheng (2002), com relações entre a descarga calculada e a descarga
medida de 4,35 e 24,22 e índices de dispersão de 15,38 e 562,26, respectivamente.
ABSTRACT
M.Sc. Dissertation
Post Graduation Program in Civil Engineering
Universidade Federal de Santa Maria

SEDIMENT TRANSPORT CHARACTERIZATION IN A SMALL URBAN STREAM


IN SANTA MARIA-RS
Author: Juliana Scapin
Adviser: João Batista Dias de Paiva
Local and date: Santa Maria, February 24th, 2005.

This paper presents the results of the sediment transport assessment in a


small urban stream in Santa Maria city, RS. Liquid and solids discharges were
measured and the bed material was collected during thirteen raining events, between
December 2003 and November 2004. The laboratory tasks included the particle size
analyses and the sediment concentration. The obtained data were used to evaluate
the efficiency of the following methods: Einstein Modified by Colby and Hembree
(1955), Colby (1957), Engelund and Hansen (1967), Yang (1973), Ackers and White
(1973), Van Rijn (1984), Karim (1998) and Cheng (2002). It was done to estimate the
solid discharge at the considered measurement section.
Einstein Modified by Colby and Hembree (1955) and Colby (1957) are the methods
that include measured data of the suspended sediment concentration and are the
ones that presented the best results, they presented ratios between the calculated
and measured discharge of 1.01 and 1.33 and dispersion index of 0.11 and 0.44,
respectively. Considering the total sediment discharges indirect estimative methods,
Yang was the one that presented the best results with ratios between the calculated
and measured discharges of 1.41 and dispersion index of 2.23. Karim (1998) and
Ackers and White (1973) presented satisfactory results, with ratios between the
calculated and measured discharges of 0.65 and 0.59 and dispersion indexes of 3.06
and 3.20, respectively. Van Rijn (1984) method presented a ratio between the
calculated and measured discharge of 3.53 and dispersion index of 9.37. The worst
results were presented by Engelund and Hansen (1967) and Cheng (2002) methods
with ratios between the calculated and measured discharges of 4.35 and 24.22 and
dispersion indexes of 15.38 and 562.26, respectively.
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Fator de correção da distribuição logarítmica da velocidade segundo


Einstein (1950). Fonte: Paiva (2001)..................................................................26
Figura 2.2 – Ábaco da função de carga do fundo segundo Einstein (1950). Fonte:
Paiva (2001).......................................................................................................27
Figura 2.3 - Valores de I1, em termos de E1, para vários valores de z segundo
Einstein (1950). Fonte: Paiva (2001)..................................................................28
Figura 2.4 - Valores de I2, em termos de E1, para vários valores de Z segundo
Einstein (1950). Fonte: Paiva (2001)..................................................................29
Figura 2.5 - Valores de Z’ em função de Q’s / if.Qf, para o grão dominante segundo
Colby e Hubel (1964). Fonte: Paiva (2001). .......................................................30
Figura 2.6a - Integral de J1 em termos de E1 e Z’ segundo Colby e Hembree (1955).
Fonte: Paiva (2001)............................................................................................31
Figura 2.6b - Integral de J1 em termos de E1 e Z’ segundo Colby e Hembree (1955).
Fonte: Paiva (2001)............................................................................................32
Figura 2.7a - Integral de j2 em termos de E1 e z’ segundo Colby e Hembree (1955).
Fonte: Paiva (2001)............................................................................................33
Figura 2.7b - Integral de j2 em termos de E1 e z’ segundo Colby e Hembree (1955).
Fonte: Paiva (2001)............................................................................................34
Figura 2.8 - Ábaco para obtenção da descarga sólida não medida por metro de
largura do rio a partir da velocidade média. Fonte: Paiva (2001).......................38
Figura 3.1 - Localização da Bacia do Cancela. .........................................................59
Figura 3.2 - Estação fluviométrica do Arroio Cancela. ..............................................59
Figura 3.3 - Estação fluviométrica do Arroio Cancela mostrando o transbordamento
da calha..............................................................................................................60
Figura 3.4 - Limnígrafo eletrônico de pressão com datalogger. ................................60
Figura 3.5 - Molinete Fluviométrico Universal. ..........................................................61
Figura 3.6 - Sensor de velocidades...........................................................................62
Figura 3.7 - Distribuição da velocidade da corrente, concentração de sedimentos e
da descarga. Fonte: Carvalho (2000).................................................................63
Figura 3.8 - Amostrador USDH-48 (AMS-1). .............................................................64
Figura 3.9 - Amostrador Helley Smith. ......................................................................65
Figura 3.10 - Amostrador US-BMH-53 modificado em operação. .............................65
Figura 3.11 - Série de Peneiras em processo de pesagem. .....................................66
Figura 3.12 - Ensaio do Tubo de Retirada pelo Fundo..............................................67
Figura 3.14 - Ensaio de filtração................................................................................69
Figura 4.1 – Variação da declividade da linha d’água com a vazão..........................73
Figura 4.2 - Curva Granulométrica por peneiramento e sedimentação do material do
leito do Arroio Cancela referente ao dia 13/11/2003. .........................................75
Figura 4.3 - Curva de regressão entre a vazão (m³/s) e a profundidade hidráulica (m)
do escoamento...................................................................................................78
Figura 4.4 - Curva de regressão entre a concentração de sedimentos em suspensão
(mg/L) e a vazão (m³/s). .....................................................................................78
Figura 4.5 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão
(ton/dia) e a vazão (m³/s). ..................................................................................79
Figura 4.6 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão
(ton/dia) e a velocidade do escoamento (m/s). ..................................................79
Figura 4.7 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão
(ton/dia) e a profundidade hidráulica do escoamento (m). .................................80
Figura 4.8 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão
(ton/dia) e a tensão média de cisalhamento no leito (kgf/m²).............................80
Figura 4.9 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão
(ton/dia) e a potência do escoamento (kgf/m.s). ................................................80
Figura 4.10 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de fundo
(ton/dia) e a vazão (m³/s). ..................................................................................82
Figura 4.11 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de fundo
(ton/dia) e a velocidade do escoamento (m/s). ..................................................82
Figura 4.12 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de fundo
(ton/dia) e a profundidade hidráulica do escoamento (m). .................................82
Figura 4.13 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de fundo
(ton/dia) e a tensão média de cisalhamento no leito (kgf/m²).............................83
Figura 4.14 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de fundo
(ton/dia) e a potência do escoamento (kgf/m.s). ................................................83
Figura 4.15 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e a
vazão (m³/s). ......................................................................................................84
Figura 4.16 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e a
velocidade do escoamento (m/s). ......................................................................85
Figura 4.17 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e a
profundidade hidráulica do escoamento (m). .....................................................85
Figura 4.18 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e a
tensão média de cisalhamento no leito (kgf/m²).................................................86
Figura 4.19 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e a
potência do escoamento (kgf/m.s). ....................................................................86
Figura 4.20 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Einstein Modificado
(1955) com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B)...............................90
Figura 4.21 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Colby (1957) com a
vazão por unidade de largura do canal (Q/B).....................................................91
Figura 4.22 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Engelund e Hansen
(1967) com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B)...............................91
Figura 4.23 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Yang (1973) com a
vazão por unidade de largura do canal (Q/B).....................................................91
Figura 4.24 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Ackers e White
(1973) com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B)...............................92
Figura 4.25 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Van Rijn (1984) com
a vazão por unidade de largura do canal (Q/B)..................................................92
Figura 4.26 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Karim (1998) com a
vazão por unidade de largura do canal (Q/B).....................................................92
Figura 4.27 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Cheng (2002) com a
vazão por unidade de largura do canal (Q/B).....................................................93
Figura 4.28 - Gráfico comparativo dos valores de ID calculados com os valores de ID
apresentados por Aguirre-Pe. ............................................................................95
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Valores de A e B para Cr em função da profundidade média. ..............36


Tabela 4.1 - Características hidráulicas e geométricas da seção transversal para o
Arroio Cancela. ..................................................................................................72
Tabela 4.2 - Distribuição granulométrica do material do leito do Arroio Cancela
referente ao dia 13/11/2003. ..............................................................................74
Tabela 4.3 - Diâmetros característicos médios do material do leito do Arroio Cancela
referente ao dia 13/11/2003. ..............................................................................75
Tabela 4.4 - Valores de descargas e concentrações medidas. .................................76
Tabela 4.5 - Valores de raio hidráulico, declividade, tensão de cisalhamento,
velocidade e potência.........................................................................................77
Tabela 4.6 - Coeficientes da equação de regressão (a e b) e coeficientes de
correlação (R²), entre a descarga de sedimentos em suspensão e as demais
grandezas características do escoamento. ........................................................81
Tabela 4.7 - Coeficientes da equação de regressão (a e b) e coeficientes de
correlação (R²), entre a descarga de sedimentos de arraste de fundo e as
demais grandezas características do escoamento. ...........................................84
Tabela 4.8 - Coeficientes da equação de regressão (a e b) e coeficientes de
correlação (R²), entre a descarga total de sedimentos e as demais grandezas
características do escoamento...........................................................................87
Tabela 4.9 - Resultados das descargas medidas e calculadas.................................89
Tabela 4.10 - Relação entre a vazão por unidade de largura do canal (Q/B) e a razão
(r) entre os valores da descarga de sedimentos total calculados e os medidos.90
Tabela 4.11 - Índice de dispersão (ID) para quantificar a estimativa de sedimentos de
um rio ou canal, proporcional a dispersão experimental. ...................................93
Tabela 4.12 – ID (índice de dispersão) calculados e ID apresentados por Aguirre-Pe.
...........................................................................................................................95
LISTA DE SIGLAS, ABREVITURAS E SÍMBOLOS

A área da seção transversal ao escoamento e valor do número de Froude


em movimento inicial no método de Ackers e White (1973);
a nível de referência abaixo do qual o transporte é considerado de fundo;
B largura da seção;
C concentração em peso por unidade de volume;
C’ coeficiente de Chézy;
CA coeficiente da função de transporte de sedimento no método de Ackers
e White (1973);
Ca concentração de referência;
CESP Companhia Energética de São Paulo
Cr concentração relativa em ppm no método de Colby (1957);
C’s concentração de sedimentos em suspensão medida em ppm no
método de Colby (1957);
CT concentração no método de Yang (1973);
D diâmetro médio de uma faixa de diâmetros;
d profundidade do escoamento;
D* diâmetro adimensional da partícula, no método de Van Rijn (1984);
D16 diâmetro da partícula para o qual 16% do material do leito são mais
finos;
D35 diâmetro da partícula para o qual 35% do material do leito são mais
finos;
D50 diâmetro da partícula para o qual 50% do material do leito são mais
finos;
D65 diâmetro da partícula para o qual 65% do material do leito são mais
finos;
D84 diâmetro da partícula para o qual 84% do material do leito são mais
finos;
D90 diâmetro da partícula para o qual 90% do material do leito são mais
finos;
Dgr diâmetro adimensional da partícula, no método de Ackers e White
(1973);
Dm diâmetro médio do material de fundo;
Ds diâmetro das partículas em suspenção no método de Van Rijn (1984);
e razão de eficiência no método de Colby (1957);
f fator de atrito;
F fator de correção da carga de sedimento em suspensão no método de
Van Rijn (1984);
fb fator de atrito relativo ao fundo;
Fgr mobilidade da partícula, no método de Ackers e White (1973);
fw fator de atrito relativo às paredes;
g aceleração da gravidade;
Ggr descarga sólida adimensional no método de Ackers e White (1973);
gs descarga sólida total no método de Engelund e Hansen (1967) em
kgf/m.s;
ID índice de dispersão
K constante de Von Kárman e fator de correção no método de Colby
(1957);
Ks altura da rugosidade equivalente de NIKURADSE;
LASED Laboratório de Sedimentos
LCEC Laboratório CESP de Engenharia Civil
LMCC Laboratório de Materiais de Construção Civil
m expoente da função de transporte de sedimento no método de Ackers e
White (1973);
n expoente de transição que depende da granulometria do sedimento o
método de Ackers e White (1973);
P perímetro da seção;
Pot potência de escoamento
Q descarga líquida da seção;
Qb descarga de fundo no método de Einstein Modificado por Colby e
Hembree (1955);
qb descarga de fundo em m³/s.m no método de Van Rijn e descarga total
de sedimentos por unidade de largura no método de Cheng (2002);
Qf descarga de sedimentos de fundo;
Qm descarga total de sedimentos medida;
Qnm descarga sólida não amostrada no método de Colby (1957);
Qs descarga de sedimentos em suspensão;
Qsm descarga sólida medida no método de Colby (1957);
Qst descarga sólida total no método de Colby (1957);
Qt descarga total de sedimentos (ton/dia);
r relação entre a descarga total de sedimentos calculada e medida;
Rb raio hidráulico relativo ao fundo (m);
Rey parâmetro adimensional dado pela relação entre a força de inércia e a
força viscosa;
Reyb número de Reynolds relativo ao fundo;
Reyw número de Reynolds relativo às paredes;
Rh raio hidráulico da seção;
Rw raio hidráulico relativo às paredes;
S declividade da linha d’água;
s densidade do sedimento;
T parâmetro de transporte que expressa a mobilidade da partícula no
método de Van Rijn (1984);
U velocidade média do escoamento;
u* velocidade de atrito da corrente;
U* velocidade de atrito relativo aos grãos no método de Ackers e White
(1973);
u*cr velocidade de atrito crítica;
u’* velocidade de atrito relativo aos grãos no método de Van Rijn (1984);
Uc velocidade crítica do escoamento, no movimento incipiente;
ucr velocidade de atrito crítica no método de Van Rijn (1984);
Ucr velocidade média crítica do escoamento;
UFSM Universidade Federal de Santa Maria;
V Velocidade média do escoamento;
w velocidade de sedimentação da partícula;
Z parâmetro de suspensão no método de Van Rijn;
∆ altura das formas de fundo no método de Van Rijn (1984) e 1,65 no
método de Karim (1998);
β coeficiente relacionado à difusão das partículas de sedimento;
α coeficiente, no método de Ackers e White (1973), que no regime
turbulento, devido à rugosidade tem valor igual a dez;
φ fator de influência das partículas na estrutura do fluido turbulento no
método de Van Rijn (1984) e parâmetro adimensional de transporte de
Einstein;
ρ massa específica da água;
γ peso específico da água;
ψ potência da corrente;
ν viscosidade cinemática da água;
Θcr parâmetro de mobilidade crítica no método de Van Rijn (1984) e
parâmetro adimensional da tensão de atrito no método de Cheng
(2002);
τo tensão de atrito no leito do canal;
ρs massa específica do sedimento;
γs peso específico do sedimento;
σs desvio padrão geométrico do material de leito.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................19
2.1 Generalidades .....................................................................................................19
2.2 Métodos de cálculo da descarga de sedimentos a partir de medições em rios...21
2.2.1 Método de Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955) ..........................21
2.2.2 Método de Colby (1957) ...................................................................................35
2.3 Métodos de estimativa indireta da descarga de fundo ........................................39
2.3.1 Método de Engelund e Hansen (1967).............................................................39
2.3.2 Método de Yang (1973)....................................................................................39
2.3.3 Método de Ackers e White (1973) ....................................................................42
2.3.4 Método de Van Rijn (1984):..............................................................................44
2.3.5 Método de Karim (1998)...................................................................................49
2.3.6 Método de Cheng (2002)..................................................................................50
2.4 Trabalhos Realizados..........................................................................................51
3. METODOLOGIA ....................................................................................................58
3.1. Localização e descrição da bacia.......................................................................58
3.2. Monitoramento Hidrológico e Sedimentológico ..................................................59
3.2.1 Dados Fluviométricos .......................................................................................60
3.2.2. Medidas de descarga líquida...........................................................................61
3.2.3. Medidas de sedimento em suspensão ............................................................62
3.2.3.1 Amostrador USDH-48 (AMS-1) .....................................................................62
3.2.4. Medidas de sedimento de arraste de fundo ....................................................64
3.2.5. Amostragem de material de leito.....................................................................64
3.3. Análises de laboratório .......................................................................................65
3.3.1 Tubo de retirada pelo fundo .............................................................................67
3.3.2 Ensaio de pipetagem........................................................................................67
3.3.3 Ensaio de filtração............................................................................................68
3.3.4 Ensaio de evaporação......................................................................................69
3.3.5 Ensaio de Peneiramento e Sedimentação .......................................................70
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................71
4.1 Resultados de Campo .........................................................................................71
4.2 Resultados da Aplicação dos Métodos de Cálculo da Descarga Total de
Sedimentos ...............................................................................................................88
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................96
6. REFERÊNCIAS .....................................................................................................98
ANEXOS ..................................................................................................................100
1. INTRODUÇÃO

Erosão, transporte e deposição de sedimentos em leitos de cursos d’água são


processos naturais e se dão de forma lenta e contínua. Os problemas começam a
surgir quando o homem acelera esses processos naturais, ocupando, de forma
desordenada e irresponsável as áreas próximas aos rios. A falta de cuidados, como
a retirada da vegetação, o manejo inadequado do solo e a urbanização acelerada
próxima aos rios, são alguns dos fatores que trazem sérias conseqüências ao meio
ambiente e ao homem. Como exemplos dessas conseqüências, podem-se destacar,
entre outros, o assoreamento de reservatórios e rios aumentando a incidência das
cheias e por conseguinte, dos alagamentos; redução da qualidade da água para
consumo e irrigação, mortandade de espécies aquáticas e impossibilidade de
navegação devido a diminuição da lâmina d’água. Os custos para a recuperação de
um rio ou reservatório assoreado são extremamente altos, por isso medidas
preventivas acompanhadas de um monitoramento sedimentométrico são
recomendadas.
A quantidade de sedimentos transportada, proveniente do leito do rio, é
altamente dependente da composição do material do leito e das características
geométricas e hidráulicas da seção e do trecho do rio. Por essa razão qualquer
intervenção que altere o equilíbrio natural do rio pode trazer sérias conseqüências
em termos de erosão e deposição de sedimentos.
O objetivo deste estudo foi monitorar a produção de sedimentos no Arroio
Cancela em Santa Maria, RS visando obter informações que permitam escolher
dentre os métodos de cálculo de transporte de sedimentos em rios, o que melhor se
adapta ao cálculo do transporte de sedimentos na seção e trecho considerado.

As medições e coletas no campo são de fundamental importância para se


obter dados reais da seção ou trecho do rio que se quer analisar. Foram feitas, no
Arroio Cancela, entre Dezembro de 2003 a Novembro de 2004, treze campanhas
durante eventos de chuva, que compreenderam medidas de descargas líquidas e
sólidas. Os trabalhos em laboratório determinaram a distribuição granulométrica do
material de leito e do material em suspensão, bem como a concentração do material
em suspensão.
Alguns métodos de cálculo de descarga de sedimentos fazem a estimativa da
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quantidade de sedimentos transportada pela corrente de maneira indireta, a partir de


parâmetros hidráulicos da corrente em uma seção ou trecho do rio e das
características do material de leito, enquanto outros, fazem essa estimativa a partir da
medição direta da concentração de sedimentos em suspensão, das características
hidráulicas da seção ou trecho de rio e das características do material de leito.
Os métodos aplicados neste estudo, foram: Einstein Modificado por Colby e
Hembree (1955), Colby (1957), Engelund e Hansen (1967), Yang (1973), Ackers e
White (1973), Van Rijn (1984), Karim (1998) e Cheng (2002).
Os resultados das medições realizadas no período permitiram avaliar tais métodos
de cálculo do transporte de sedimentos em rios e comparar seus resultados com
dados de medições através de dois parâmetros: a relação entre a descarga de
sedimentos calculada pelos métodos e a descarga de sedimentos medida (r) e o
índice de dispersão (ID). r é tanto melhor quanto mais próxima de um for a relação e
ID é tanto melhor quanto mais próximo de zero for o seu valor.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Generalidades

Segundo Simões et al. (2001) a erosão é um conjunto de processos de


desgaste de solos e rochas. Erosão, transporte e deposição de sedimentos são
responsáveis pela modelação da Terra. Quando esta erosão é natural, estes
processos geológicos encontram-se em condição de equilíbrio. A partir do momento
em que o equilíbrio é rompido, com taxas muito altas de erosão, ocorre a erosão
acelerada. As perdas de solo na erosão natural são muito pequenas às comparadas
com a erosão acelerada. O homem tem sido o principal agente responsável pela
erosão acelerada, seja pelo uso de práticas agrícolas inadequadas, seja pela
implantação de obras sem considerar as características do solo.
Segundo Carvalho (1994) a sedimentação provém da erosão. Existem quatro
tipos de erosão: erosão eólica, erosão hídrica superficial, erosão por remoção em
massa e a erosão fluvial. A erosão hídrica superficial pode se dar em forma de
erosão pluvial. Erosão pluvial é a erosão que se dá pelo impacto da gota de chuva
sobre a superfície do solo. O impacto da gota de chuva destaca a partícula de solo,
a qual será transportada pelo escoamento. A erosão depende de muitos fatores e
será maior quanto mais desprotegida de vegetação for a superfície do solo.
O transporte dos sedimentos erodidos pode se dar por: carga sólida de
arraste, carga sólida saltante e carga sólida em suspensão. A carga sólida de arraste
são as partículas de sedimentos que rolam e escorregam sobre o leito dos cursos
d’água. A carga sólida saltante são as partículas que pulam devido à colisão umas
nas outras e sob o efeito da corrente de água. A carga sólida em suspensão são as
partículas de sedimentos capazes de se manter em suspensão pelo fluxo turbulento
devido ao seu peso reduzido.
A erosão, acelerada pela ação antrópica pode causar, dentre muitos
problemas: a destruição das nascentes de rios, a remoção da camada fértil do solo e
a degradação em cursos d’água. O transporte de sedimentos em suspensão atua
como portador de poluentes, bactérias e vírus, acarreta também aumento no custo
de tratamento da água para consumo, aumento da turbidez na água, redução da
penetração de raios de luz na água, impedindo a fotossíntese. O transporte de
20

sedimento do leito pode diminuir as profundidades dos canais, prejudicando a


navegação e provocando enchentes, provoca abrasão em máquinas, obras
hidráulicas, árvores e outros quando de sua passagem. O depósito de sedimentos
pode reduzir a vida útil de um reservatório, provocar enchentes, assorear canais
prejudicando assim, a navegação, a irrigação, a dessedentação de animais, a flora e
a fauna locais e o lazer.
Os sedimentos também podem trazer benefícios, tais como: obtenção de
materiais ou minérios, aproveitamento de depósitos, ricos em nutrientes, para uso
em plantações, veículo de matéria orgânica e microorganismos que equilibram a
fauna fluvial, entre outros.
Em pequenas bacias hidrográficas podem ser feitos alguns controles para
evitar os danos causados pela erosão. As áreas agrícolas devem respeitar o uso e
manejo do solo, considerando o tipo de plantação e respeitando as curvas de nível
do terreno. Alguns controles como obras de formação de sulcos, podem conter água
e solo que são arrastados. Em áreas urbanas, o impacto das gotas de chuva e as
enxurradas são os maiores causadores de erosão. È necessário um sistema de
drenagem eficiente e uma manutenção desse sistema, com limpeza de ruas e
bueiros. Nas margens dos córregos é importante o reflorestamento ciliar. Como
medidas preventivas deve-se impedir a ocupação habitacional desordenada e nos
taludes com riscos, devem ser feitas obras civis estruturais.
Conforme Paiva (2001) a carga total de sedimentos transportados em rios é:

Qst = Qsf + Qss + Qsb (2.1)

onde:
Qst = descarga de sedimentos total (ton/dia);
Qsf= descarga de sedimentos por arraste de fundo (ton/dia);
Qss= descarga de sedimentos em suspensão proveniente do leito (ton/dia);
Qsb= descarga de sedimento em suspensão proveniente da bacia (ton/dia).
Existem vários métodos que estimam apenas a carga de sedimentos de
fundo, outros, a carga em suspensão, obtendo-se pela soma, a descarga total de
sedimentos de fundo. Alguns métodos são usados para estimar a quantidade de
sedimentos transportada de maneira indireta, isto é, fazem uso de parâmetros
hidráulicos da corrente na seção do rio considerada para estas medições e levam
em conta também, as características do material amostrado no leito do rio. Outros
21

métodos consideram ainda para estimativa da quantidade de sedimentos, além


dessas medidas, a medida direta da concentração de sedimentos em suspensão na
seção considerada.
Esta revisão apresenta alguns dos diversos métodos de cálculo encontrados
na literatura. Dentre estes foram escolhidos, para este estudo, os Métodos de
Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955), Colby (1957), Engelund e Hansen
(1967), Yang (1973), Ackers e White (1973), Van Rijn (1984), Karim (1998) e Cheng
(2002).

2.2 Métodos de cálculo da descarga de sedimentos a partir de medições em


rios

2.2.1 Método de Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955)

O Método de Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955) calcula a


descarga total de sedimentos a partir de medidas da descarga de sedimentos em
suspensão na seção do rio até uma pequena distância do fundo e da extrapolação
da carga em suspensão medida até o fundo do rio.
Os dados necessários para a aplicação do método são:
- vazão, em m³/s;
- velocidade média do escoamento m/s;
- área da seção transversal em m²;
- largura da seção em m;
- profundidade média das verticais de coletas de sedimentos em m;
- concentração de sedimentos em suspensão (ppm);
- distribuição granulométrica de materiais de leito e suspensão coletados na seção;
- temperatura da água;
A seguir é apresentado o Método de Einstein Modificado (1955), conforme
descrito em Paiva (2001):
O cálculo da intensidade de atrito, para cada fração individual de grão, é dado
pela equação (2.8) ou pela equação (2.9), usa-se o maior valor.

ρ -ρ
ψ = s . D35
ρ R′.S (2.2)
22

ρ -ρ D
ψ = 0,4. s . i
ρ R′.S (2.3)

onde:
ρ,ρs: massas específicas da água e do sedimento respectivamente;
D35: diâmetro da partícula, para o qual 35% do material do leito, são mais finos;
Di: diâmetro do grão, da fração considerada;
R'S: produto do raio hidráulico pela declividade da linha de energia, calculado por
iteração pela equação:

U
(SR′) 0,5
=
12,27.x.d
(2.4)
0,5
5,75. g . log[ ]
D65

onde:
U: velocidade do escoamento;
x: fator de correção da distribuição logarítmica de velocidade, dado na Figura 2.1,
com d substituindo o raio hidráulico e sendo δ a espessura da subcamada limite
laminar, dada pela equação:

ν
δ = 11,6
u* (2.5)

na qual:

u* = ( g.d.S)(1/2) (2.6)

u*: velocidade de atrito relativa aos grãos;


ν: viscosidade cinemática da água;
S: declividade da linha de energia;
d: profundidade do escoamento;
D65: diâmetro da partícula, para o qual 65% do material do leito, são mais finos.
A intensidade de transporte de sedimentos, Φ*, é obtida da Figura 2.2, com Ψ
substituindo Ψ*.
O cálculo da descarga de fundo, em peso por unidade de largura do canal,
para cada fração de diâmetro, é dado pela equação:

1
iB qB = . φ* . ib . γ s .[d′.g.Di3 ]
0,5
(2.7)
2
23

onde:

γ
d′ = s − 1
γ (2.8)

ib.: fração do material do leito de diâmetro Di.


O cálculo da carga em suspensão, em peso por unidade de largura, para
cada fração de diâmetro, é dada pela equação:

E′.logE
qs′i = is .γ.C.q.[(1 - E′) - 2,3. ] (2.9)
Pm - 1

onde:
is: fração do material em suspensão de diâmetro Di;
C: concentração medida de sedimentos em suspensão;
q: descarga líquida por unidade de largura do canal;

a′
E′ = (2.10)
dv

onde:
a': profundidade não amostrada;
dv: profundidade média nas verticais de amostragem e,

30,2.x.d
Pm = 2,3. log( )
D65 (2.11)

Cálculo do expoente Z’, da distribuição de concentração, de Rouze (1937),


para cada fração de diâmetro, por tentativas, de modo a satisfazer a equação:

Qs′1 q .B I
= s′i = 1 .(Pm.J′1 + J′2)
ib . Qb B. ib . qb J1 (2.12)

E 1Z′ - 1
I1 = 0,216. .J1
(1 − E1) Z ' (2.13)

1 1 - y Z′
J1 = ∫ ( ) .dy
E1 y (2.14)
1 1 - y Z′
J2 = ∫ ( ) .lny.dy
E1 y (2.15)
24

1 1 - y Z′
J1′ = ∫ ( ) .dy
E′ y (2.16)
1 1 - y Z′
J2′ = ∫ ( ) .lny.dy
E′ y (2.17)

2.D1
E1 = (2.18)
d

sendo os valores de I1 obtidos na Figura 2.3, os valores de J1 e J1' das Figuras 2.6a
e 2.6b e os valores de J2 e J2' das Figuras 2.7a e 2.7b.
Procedimento de Lara (1966):
- seleciona-se então pelo menos 3 frações de diâmetros existentes tanto na carga
em suspensão como na carga de fundo e calcula- se os valores correspondentes de
Z'i para esses diâmetros pela equação 2.18.
- plota-se os valores de Z'i em papel logarítmico em função da velocidade de
sedimentação wi. Em seguida, obtém-se por mínimos quadrados, uma equação, da
qual são obtidos os valores de Z' para as demais faixas de diâmetro. A equação tem
a forma:

Z'i = a. w i
b
(2.19)

onde:
wi : velocidade de sedimentação da partícula de diâmetro Di, dada pela equação de
Rubey (1933) na forma:

2 γ
[ .g.( s - 1).Di3 + 36. ν2 ] - 6.ν
(1/2)

3 γ
w=
Di (2.20)

Quando não se tem 3 frações de diâmetro comuns em suspensão e no fundo,


adota-se o procedimento original de Colby e Hembree (1955):
- calcula-se o valor de Z' para o diâmetro de grão dominante na carga em suspensão
por iteração de modo a satisfazer a equação 2.18, partindo com o valor inicial obtido
da Figura 2.5, proposta por Hubbel (1964) e calculam-se os valores de Z' para as
demais frações, pela equação:

Zi′ = ( w i 0,7
)
Z1′ w1 (2.21)
25

onde:
Z'1: valor de Z' para o grão dominante;
w1: velocidade de sedimentação do grão dominante.
Calcula-se J1, J2, J1' e J2' pelas equações 2.14, 2.15, 2.16 e 2.17 ou pelas
Figuras 2.6a, 2.6b, 2.7a, 2.7b e 2.8:
a) Calcula-se I1 pela equação 2.13 ou pela Figura 2.3 e I2 pela Figura 2.4 ou pela
equação:
Z -1
1- Y Z
I2 = 0,216. E1 Z ∫ (
1
) .lny.dy
(1 - E1) E1 Y (2.22)

b) Calcula-se, para cada fração de diâmetro, a carga total de sedimentos, pelas


equações:
- para sedimentos finos (wash load):

Pm.J1 + J2
iT . QT = Qs ' i . (2.23)

PmJ1 + J2′

- para sedimentos grossos (de fundo):

iT . QT = ib . Qb .(Pm.I1 + I2 + 1) (2.24)
26

Figura 2.1 - Fator de correção da distribuição logarítmica da velocidade


segundo Einstein (1950). Fonte: Paiva (2001).
27

Figura 2.2 – Ábaco da função de carga do fundo segundo Einstein (1950).


Fonte: Paiva (2001).
28

I1

E1
Figura 2.3 - Valores de I1, em termos de E1, para vários valores de z segundo
Einstein (1950). Fonte: Paiva (2001).
29

Figura 2.4 - Valores de I2, em termos de E1, para vários valores de Z segundo
Einstein (1950). Fonte: Paiva (2001).
30

Figura 2.5 - Valores de Z’ em função de Q’s / if.Qf, para o grão dominante


segundo Colby e Hubel (1964). Fonte: Paiva (2001).
31

Figura 2.6a - Integral de J1 em termos de E1 e Z’ segundo Colby e Hembree


(1955). Fonte: Paiva (2001).
32

Figura 2.6b - Integral de J1 em termos de E1 e Z’ segundo Colby e Hembree


(1955). Fonte: Paiva (2001).
33

Figura 2.7a - Integral de j2 em termos de E1 e z’ segundo Colby e Hembree


(1955). Fonte: Paiva (2001).
34

Figura 2.7b - Integral de j2 em termos de E1 e z’ segundo Colby e Hembree


(1955). Fonte: Paiva (2001).

A fim de otimizar o tempo de aplicação de equações para o cálculo da


descarga total de sedimentos, foi utilizado um programa para a resolução do Método
Modificado de Einstein por Colby e Hembree (1955). O programa ‘Einstein.xls’ foi
desenvolvido por Mendes (2001) e obteve o apoio técnico de Carvalho.
35

2.2.2 Método de Colby (1957)

Colby (1957 apud PAIVA 1988) mostra que seu método simplificado usa
dados de descarga líquida, profundidade média, velocidade média, largura da seção
e concentração de sedimentos em suspensão. Tal método é vantajoso devido ao
reduzido número de dados necessários à sua aplicação, tornando-o um método
bastante simples. Com este método, o trabalho de sedimentometria torna-se
econômico e fácil, pois só precisa usar medidas de descarga líquida e da
concentração de sedimentos em suspensão, o que reduz bastante os trabalhos de
laboratório e de campo.
Para aplicação do Método de Colby, os seguintes dados de entrada são
necessários:
Q: vazão (m³/s);
B: largura da superfície do canal (m);
C: concentração (mg/L);
U: velocidade média do escoamento (m/s);
d: profundidade do escoamento (m);
O cálculo da descarga sólida medida (Qsm) é dado pela equação:

Qsm = 0,0864.Q.C's (2.25)

O cálculo da descarga sólida não medida, por unidade de largura (qnm) é


dado pela equação 2.26 ou pela Figura 2.8.

log qnm= 3,432.logU + 1,6004 (2.26)

Calcula-se a concentração relativa (Cr) por:

log Cr = A. logU + B (2.27)

onde A e B são apresentados na Tabela 2.1, em função da profundidade.


Calcula-se a razão de eficiência:

C' s
e= (2.28)
Cr
36

Tabela 2.1 - Valores de A e B para Cr em função da profundidade média.


D A B
<0.35 1,8066 3,2627
0.35 a 0.45 1,8365 3,1760
0.45 a 0.55 1,9111 3,1139
0.55 a 0.65 1,9512 3,0881
0.65 a 0.75 1,9730 3,0512
0.75 a 0.85 1,9897 3,0212
0.85 a 0.95 1,8213 2,9289
0.95 a 1.10 2,0388 2,9692
1.10 a 1.30 1,9069 2,9002
1.30 a 1.50 2,1377 2,9031
1.50 a 1.70 2,1772 2,8642
1.70 a 1.90 2,1865 2,8243
1.90 a 2.50 2,2393 2,7782
2.50 a 3.50 2,2319 2,6990
3.50 a 4.50 2,4540 2,6236
4.50 a 5.50 2,5129 2,5446
5.50 a 6.50 2,5727 2,4914
6.50 a 7.50 2,6859 2,4651
7.50 a 8.50 2,6674 2,3979
8.50 a 9.50 2,7665 2,3696
9.50 a 11 2,8102 2,3224
11 a 13 2,9199 2,2304
13 a 15 3,0768 2,1303
15 a 17 3,1964 2,0414
17 a 19 3,3046 1,9590
19 a 21 3,4190 1,8554
21 a 23 3,5844 1,7661
23 a 25 3,5913 1,6532
25 a 27 3,5476 1,5341
27 a 29 3,9694 1,4639
29 a 31 4,1821 1,3441
37

O fator de correção (K) é obtido pela equação:

 C' s 
log K = 0,4732. log  + 0,0753
 Cr  (2.29)

Calcula-se, então, a descarga sólida não medida com:

Qnm = qnm.B.K (2.30)

A descarga sólida total (ton/dia) é calculada pela soma da descarga sólida


medida com a descarga sólida não medida:

Qst= Qsm + Qnm (2.31)


38

Figura 2.8 - Ábaco para obtenção da descarga sólida não medida por metro de
largura do rio a partir da velocidade média. Fonte: Paiva (2001).
39

2.3 Métodos de estimativa indireta da descarga de fundo

2.3.1 Método de Engelund e Hansen (1967)

A fórmula de Engelund e Hansen (1967) citado por Carvalho (1994) usa o


conceito de potência da corrente e o princípio da similaridade. Os autores restringem
o uso da equação para materiais de leito que possuam diâmetro médio maior do que
0,15mm.
Para aplicação deste método, é necessário o conhecimento de:
γs: peso específico do sedimento(ton/m³);
γ: peso específico da água (ton/m³);
U: velocidade média do escoamento (m/s);
D50: diâmetro da partícula, para o qual 50% do material do leito, são mais finos;
g: aceleração da gravidade (m/s²);
Rh: raio hidráulico (m);
S: declividade da linha d’água (m/m);
B: largura da superfície do canal (m).
Calcula-se a tensão de atrito média da corrente em kgf/m² (τo) pela equação:

τo= γ. Rh.S (2.32)

Calcula-se a descarga sólida total do material transportado em Kgf/m.s (gs)


pela equação:
1 3

 D50 2  τo 2
gs = 0,05.γs.U2     (2.33)
 g(γs / γ − 1)  (γs − γ )D50 

A descarga sólida total em ton/dia é dada por:

Qt= gs.B.86400/1000 (2.34)

2.3.2 Método de Yang (1973)

Yang (1973) analisou dados de laboratório e de campo e observou que a


maioria dos dados analisados mostram que a potência unitária do escoamento é um
fator dominante na determinação da concentração total de sedimentos. A potência
40

unitária do escoamento é definida como o valor da energia potencial dissipada, por


unidade de peso da água, sendo expressa pelo produto da velocidade pela
declividade (VS). Suas equações podem ser usadas em canais com materiais não
coesivos e para qualquer tipo de forma de fundo. O mecanismo no qual frações de
potência unitária do escoamento são usados para transportar sedimentos por
deslizamento, rolamento, salto e suspensão são muito complexos e dependem das
condições de fluxo instantâneo. Por isso é difícil associar potência unitária do
escoamento com cada modo de transporte. O fato que em condições de equilíbrio a
concentração total de sedimentos é sempre o máximo, e a quantidade efetiva de
potência unitária do escoamento é usada transportando este máximo ou equilíbrio
da concentração total de sedimentos, capaz de considerar o problema do transporte
de sedimentos como um todo sem considerar a diferença entre sedimento de leito e
sedimento em suspensão.
Os dados de entrada para a aplicação do Método de Yang (1973) são:
D: diâmetro médio do sedimento (m);
U: velocidade média do escoamento (m/s);
Q: vazão (m³/s);
B: largura da superfície do canal (m);
ν: viscosidade cinemática da água (m²/s);
d: profundidade hidráulica (m);
Rh: raio hidráulico (m);
S: declividade da linha d’água (m/m).
O equacionamento do Método de Yang (1973) é descrito em Paiva (2001)
conforme segue:
a) Calcula-se a velocidade de atrito relativa aos grãos pela equação:

U* = (9,81* Rh* S)0,5 (2.35)

b) Calcula-se a velocidade de queda da partícula de sedimento em suspensão (m/s)


pelas equações 2.36 e 2.37:
- Para partículas maiores ou iguais a 0,1 mm, usa-se a equação de Rubey (1933):

2 γ
[ .g.( s - 1).Di3 + 36. ν2 ] - 6.ν
(1/2)

3 γ
W=
Di (2.36)
41

- Para partículas menores do que 0,1 mm usa-se a equação de STOKES:

1 (s - 1).g. Ds2
W= . (2.37)
18 υ

c) Calcula-se a relação entre a velocidade crítica do escoamento no movimento


incipiente e a velocidade de queda, pela equação:

Uc 2,5 U .D
= + 0,66 para 1,2 ≤ ∗ < 70 (2.38)
w U .D ν
log( ∗ ) - 0,06
ν

e:

Uc U .D
= 2,05 para 70 < ∗ (2.39)
W ν

Yang(1973) calcula a concentração total de material de leito no escoamento,


para grãos de diâmetro até 2mm, pela equação:

 W.D  U∗
logCT = 5,435 - 0,286.log.  - 0.457.log. +
 ν  W
(2.40)
 W.D U∗  U.S Uc.S 
+ 1,799 - 0,409.log. - 0,314.log. .log - 
 ν W  W W 

Para grãos de diâmetro maior que 2mm a concentração total de material de


leito no escoamento é dada pela equação:

 W.D   U∗
logCT = 6,681 - 0,633. log.  - 4,816. log +
 ν  W
(2.41)
 W.D U∗  U.S Uc.S 
+  2,784 - 0,305. log. - 0,282. log. . log - 
 ν W  W W 

onde:
CT: concentração total em ppm por peso;
Uc: velocidade crítica do escoamento no movimento incipiente;
Depois de se obter a concentração em ppm, calcula-se a descarga sólida
(ton/dia) pela equação:

Qt= 0,0864* Q* CT (2.42)


42

2.3.3 Método de Ackers e White (1973)

Ackers e White obtiveram uma função para cálculo da descarga sólida do


material do leito em termos de três grupos adimensionais: um diâmetro adimensional
da partícula, um parâmetro referente à mobilidade da partícula e uma taxa
adimensional do transporte de sedimentos. Esta função foi obtida com base em
quase mil experimentos em calhas com movimentos uniformes e aproximadamente
uniformes e com profundidades de escoamento de até 0,4 m.
Para aplicar o método de Ackers e White, são usados os seguintes dados de
entrada:
Q: vazão (m³/s);
D35: diâmetro do grão, para o qual 35% do material do leito são mais finos (m);
γ: peso específico do sedimento (t/m³);
U: velocidade média do escoamento (m/s);
d: profundidade do escoamento (m);
S: declividade da linha d’água (m/m);
ν: viscosidade cinemática da água (m²/s);
g: aceleração da gravidade.
O equacionamento do Método de Ackers e White é descrito em Paiva (1988)
conforme segue:
a) Calcula-se a velocidade de atrito conforme a equação:

U* = (9,81* Rh* S)0,5 (2.43)

b) Calcula-se o diâmetro adimensional do grão pela equação:


1

 g(s − 1) 3
Dgr = D35  
 ν 
2
(2.44)

c) Calcula-se a grandeza adimensional de mobilidade pela equação:


1− n
 
 
Un*  U 
Fgr = . (2.45)
gD35 (s − 1)   α.d  
 5,657. log  
  D35  

d) Calcula-se a descarga sólida adimensional:


43

m
 Fgr 
Ggr = CA  − 1
 A  (2.46)

sendo:
α: coeficiente, que no regime turbulento, devido a rugosidade tem valor igual a 10;
n: expoente de transição que depende da granulometria do sedimento;
A: valor do número de Froude em movimento inicial;
m: expoente da função de transporte de sedimento;
CA: coeficiente da função de transporte de sedimento.
Determina-se os valores de n, A, m e CA pelas equações a seguir:
- Para 1 ≤ Dgr ≤ 60:

n= 1 – 0,56.logDgr (2.47)

0,23
A= + 0,14
(Dgr )0,5 (2.48)

- Para Dgr > 60:


n= 0
A= 0,17
- Para 1 ≤ Dgr ≤ 60:

9,66
m= + 1,34
Dgr (2.49)

logCA= 2,86.logDgr – (logDgr)2 – 3,53 (2.50)

- Para Dgr > 60:


m= 1,5
CA= 0,025
- Para Dgr < 1 o método não se aplica.
Calcula-se então, a concentração da descarga sólida expressa como fluxo de
sedimentos por unidade de peso de fluxo fluido, pela equação:

Ggr.s.D35 1
C= . n
(2.51)
d U* 
 
U

A descarga sólida total pela equação:


44

Qt= 0,0864.Q.C (2.52)

Para materiais finos, com Dgr<1, os quais apresentam propriedades coesivas,


as equações de transporte não se aplicam. Os autores afirmam que as equações
não são sensíveis às formas de fundo, podendo ser aplicadas a fundos planos, com
rugas e com dunas.

2.3.4 Método de Van Rijn (1984):

De acordo com Van Rijn (1984) o transporte de sedimentos através do


escoamento da água pode se dar na forma de transporte da carga de fundo ou
transporte da carga em suspensão, dependendo do tamanho e composição das
partículas do leito e das condições do escoamento. Em condições naturais não há
uma divisão fixa entre transporte em suspensão e transporte de fundo, então é
necessário definir uma camada para representação matemática do transporte da
carga de fundo.
Basicamente, se distinguem entre si, três modos de movimentos de partículas
de sedimentos: (1) rolamento e deslizamento, (2) saltos, (3) movimento em
suspensão. Os movimentos de rolamento e ou saltos se dão quando o valor da
velocidade de atrito supera o valor crítico do início do movimento. Van Rijn segue as
definições de Bagnold (1966), onde o movimento das partículas do leito é dominado
pelas forças gravitacionais, enquanto os movimentos de turbulência são
considerados de menor importância. Calcula a máxima altura teórica do salto da
partícula e assume que todas as partículas no escoamento, com altura maior que a
do máximo salto teórico são transportadas em suspensão. Segundo Van Rijn, de
acordo com Bagnold, uma partícula é suspensa quando a velocidade de atrito (u*)
excede a velocidade de queda (Wb). Conseqüentemente, o modo de transporte
através de saltos é dominante quando a velocidade de atrito é menor do que a
velocidade de queda (u*/Wb < 1).
Segundo Van Rijn (1984) a taxa de sedimentos pode ser descrita por dois
parâmetros adimensionais: o diâmetro adimensional da partícula (D*) e um
parâmetro de transporte (T) que expressa a mobilidade da partícula em termos de
estágio de movimento relativo ao estágio crítico do início do movimento, descritos
por Ackers e White (1973).
45

Dentre as conclusões, Van Rijn (1984) salienta que suas equações


apresentaram uma estimativa confiável do transporte de fundo de partículas na faixa
de 200 – 2000 microns, as quais foram baseadas em um estudo de verificação
utilizando dados de campo de 580 canais. A análise mostrou que 77% dos
resultados dos valores estimados estão entre 0,5 a 2 vezes os valores medidos.
A concentração no nível de referência (Ca), abaixo do qual o transporte é
considerado de fundo, pode ser usada para estimar a concentração de sedimentos
em suspensão. Estudos sugerem que para o início da suspensão, o máximo valor da
intensidade vertical da turbulência é da mesma ordem da velocidade de atrito no
fundo.
A seguir é feito o equacionamento, apresentado em Paiva (2001), da
aplicação do método de Van Rijn, visando uma melhor compreensão da sua
aplicabilidade.
- Cálculo do número de Reynolds (Rey):

4.Rh.U 4.Rb.U 4.Rw.U


Rey = ; Reyb = ; Reyw = (2.53)
υ υ υ

onde:
U: velocidade média do escoamento (m/s);
ν: viscosidade cinemática da água (m²/s);
Rey: parâmetro adimensional dado pela relação entre a força de inércia e a força
viscosa;
Rh: raio hidráulico da seção (m);
Reyb: número de Reynolds relativo ao fundo;
Rb: raio hidráulico relativo ao fundo (m);
Reyw: número de Reynolds relativo às paredes;
Rw: raio hidráulico relativo às paredes (m).
Experimentos feitos por Van Rijn (1984) mostraram valores de Ks (altura da
rugosidade equivalente de NIKURADSE) entre 1D90 a 10D90 com valor médio de
3D90. Ks é dado pela equação:

Ks = 3.D90 (2.54)

- Cálculo do fator de atrito (f) por iteração, dado pela fórmula de Colebrook (1939):
46

 K  
   
1   4.Rh  + 2,510,5 
= - 0,86.ln (2.55)
f
0,5
 3,7 Rey.f 
 
 

- Determinação do fator de atrito relativo às paredes (fw), definido como o fator de


atrito em função de Rey/f, usado nos cálculos de correção das paredes laterais pelo
procedimento de Vanoni e Brooks (1957):

para Rey/f < 5,4.105 → fw= 0,476.(Rey/f)-0,215 (2.56)

5,4.105 < Rey/f < 8.106 → fw= 0,315.(Rey/f)-0,185 (2.57)

Rey/f > 8.106 → fw= 0,197.(Rey/f)-0,155 (2.58)

- Cálculo do fator de atrito relativo ao fundo (fb):

2.d
fb = f + ( f - fw ) (2.59)
B

- Cálculo do raio hidráulico relativo ao fundo (Rb):

Ab fb.U2
Rb = =
Pb 8.g.s (2.60)

- Cálculo do diâmetro adimensional da partícula:


1/ 3
 (s - 1).g 
D ∗ = D50. 
 ν
2
 (2.61)

- Coeficiente de Chézy relativo aos grãos (aspereza dos grãos):

 12.Rb 
C = 18. log 
,

 3.D90  (2.62)

- Cálculo da velocidade de atrito relativa aos grãos:


0,5
g
u ∗ = [ ].U (2.63)
,

C'

- Cálculo do parâmetro de mobilidade crítica (Θcr): início do movimento e suspensão


das partículas:

para D* ≤ 4 → Θcr = 0,24.D*-1 (2.64)

4< D* ≤ 10 → Θcr = 0,14.D*-0,54 (2.65)


47

10< D* ≤20 → Θcr = 0,04.D*-0,10 (2.66)

20< D* ≤ 150 → Θcr = 0,013.D*0,29 (2.67)

D* > 150 → Θcr = 0,055 (2.68)

- Cálculo da velocidade de atrito crítica (ucr): valor crítico para o início da suspensão
das partículas:

θcr =
(ucr )
2

(s − 1)gD 50 (2.69)

- Cálculo do parâmetro de transporte que expressa a mobilidade da partícula em


termos de estágio de movimento relativo ao estágio crítico do início do movimento:
2 2
(u,∗ ) - (u∗cr )
T=
(u∗cr )2 (2.70)

- Cálculo da descarga de fundo, em m3/s.m, para partículas na faixa de 200 a 2000


µm:

qb T
2,1

0,5
= 0.053.
[(s - 1).g ] .D 501,5 D∗0,3 (2.71)

- Determinação do nível de referência (a), abaixo do qual, o transporte é considerado


de fundo:

se Ks ≥ 0,01.d, então a= Ks, senão a=0,01.d (2.72)

- A concentração de referência (Ca), é calculada pela equação:

D50 T1,5
Ca = 0,015. .
a D∗0,3 (2.73)

- Desvio padrão geométrico do material de fundo, dado pela equação:

 D84 D16 
σ s = 0,5. + 
 D50 D50  (2.74)

- Cálculo do diâmetro das partículas em suspensão (Ds): partícula representativa do


diâmetro em suspensão a qual pode ser ≤ D50 do diâmetro do material do leito:

Ds
= 1 + 0,011.( σ s - 1).(T - 25) (2.75)
D50
48

- Calcula-se a velocidade de queda do sedimento em suspensão pelas equações:


a) Para partículas com diâmetro menor que 100 µm, usa-se a equação de STOKES:

1 (s - 1).g. Ds2
W= . (2.76)
18 υ

b) Para partículas na faixa de 100 a 1000 µm, usa-se a equação de ZANKE (1977):

υ   0,01.(s - 1).g.Ds3  
0,5

W = 10. .1+  - 1 (2.77)


Ds   υ
2
 

c) Para partículas maiores que 1000 µm, usa-se a equação proposta por Van Rijn
(1982):

W = 1,1.[(s - 1).g.Ds]
0, 5
(2.78)

- Velocidade de atrito no fundo:

u* = [g.d.S] 0,5 (2.79)

O fator β é definido como um coeficiente relacionado à difusão das partículas


de sedimento. β maior do que a unidade indica um domínio da influência das forças
centrífugas. β é menor do que a unidade porque as partículas de sedimento não
podem responder completamente às flutuações turbulentas da velocidade. O fator β
é definido pela equação:
2
W W
β = 1 + 2.  , para 0,1 < <1 (2.80)
 u∗  u∗

O fator ϕ é definido como um fator de influência das partículas na estrutura do


fluido turbulento. Fator de correção representando efeitos adicionais para cada
condição hidráulica, Ca, W, u*. O fator ϕ é definido pela equação:
0,8 0, 4
 W   Ca  W
ϕ = 2,5.  .  para 0,01 ≤ ≤1 (2.81)
 u∗   Co  u∗

- Cálculo do parâmetro de suspensão (Z): expressa a influência das forças


ascendentes do fluido turbulento e as forças gravitacionais descendentes.

W
Z=
β.K.u ∗ (2.82)
49

- O parâmetro, Z' é então calculado pela equação: (valor de suspensão modificado).

Z' = Z + ϕ (2.83)

- a/d

se a/d ≤ 0,01, então a/d = 0,01, senão a/d (2.84)

- Fator de correção da carga de sedimento em suspensão (F):

a a 1,2
[ ]Z - [ ]
,

F= d d
a Z
[1 - ] .[1,2 - Z,]
,

d (2.85)

- Descarga de sedimentos em suspensão:

qs = F.U.d.ca (2.86)

- A descarga total de sedimentos é calculada por:

qT = qb + qs (2.87)

- Qt (ton/dia)

Qt= 2,65.B.qt.86400 (2.88)

Classificação das formas de fundo:


Van Rijn (1984), classifica as formas de fundo em função do parâmetro de
transporte T e do diâmetro característico D50 do material de fundo, como segue:
a) Ripples: para D50 < 0,45 mm e T < 3,0 ;
b) Dunas: para D50 < 0,45 mm e 3,0 < T < 15,0 e, para D50 > 0,45 mm e 0,4 < T <
15,0
c) Transição para: 15,0 < T < 25
d) Fundo plano para: T > 25
e) Sem movimento para: D50 > 0,45 mm e T < 0,40

2.3.5 Método de Karim (1998)

Karim (1998) desenvolveu uma equação para obtenção da descarga total de


sedimentos por unidade de largura, tendo como princípio que a velocidade média do
escoamento (m/s), a velocidade de atrito no fundo (m/s) e a velocidade de queda
50

das partículas (m/s) são as variáveis mais importantes.


D50 é usado na equação para representar a granulometria do material de
leito, quando esta, apresenta uma graduação uniforme.
Nos experimentos de Karim, D50 variou entre 0,137 e 28,65 mm, e a
concentração média de sedimentos variou entre 20 e 49,3 ppm.
Para a aplicação do método é preciso conhecer os seguintes dados:
B: largura da superfície do canal (m);
D50: diâmetro da partícula, para o qual 50% do material do leito, são mais finos (m);
d: profundidade hidráulica (m);
S: declividade da linha d’água (m/m);
ν: viscosidade cinemática da água (m²/s);
A descarga total de sedimentos por unidade de largura (qs) é dada por:
2,97
qs  V  u*
1, 47

= 0,00139    (2.89)
g.∆.D 350  g.∆.D  W
 50 

onde:
∆ é igual a 1,65;
W: velocidade de queda das partículas (m/s):

 2 36ν 2 36ν 2 
W = + −  g.∆.D50 (2.90)
 3 g.∆.D350 g.∆.D350 
 

2.3.6 Método de Cheng (2002)

O estudo de Cheng (2002) visa a possibilidade de estender algumas fórmulas


de transporte de sedimentos de leito, as quais se adaptam bem para condições de
atrito moderadas e altas, para situações onde ocorrem transportes mais fracos.
Cheng (2002) calcula taxas de transporte de leito considerando condições de baixas
a altas tensões de atrito. O autor do método faz uma comparação com outros
métodos, os quais não levam em consideração esta condição. Para moderadas
tensões de atrito, a fórmula é muito próxima àquela proposta por Einstein (1950) e
Meyer-Peter e Muller (1984), respectivamente. Em condições onde ocorrem
transportes mais fracos, a fórmula se adapta melhor às relações propostas por
Einstein (1942) e Paintal (1971), respectivamente.
51

Calcula-se a descarga total de sedimentos por unidade de largura (qb) pela


equação:

qb
Φ= (2.91)
D50 ∆.g.D50

onde:
- O parâmetro adimensional da tensão de atrito é dado pela equação:

u2*
Θ=
∆.g.D50 (2.92)

e o parâmetro adimensional de transporte de Einstein é dado pela equação:

 0,05 
Φ = 13Θ1,5 exp − 1,5 
 Θ  (2.93)

Para aplicação do método é necessário o conhecimento dos seguintes dados:


d: profundidade hidráulica (m);
S: declividade da linha d’água (m/m);
D50: diâmetro da partícula, para o qual 50% do material do leito, são mais finos (m);
B: largura da superfície do canal (m).
No Anexo B está apresentado um exemplo de cálculo para cada método.

2.4 Trabalhos Realizados

Paiva (1988) realizou vinte e três experimentos no Rio Mogi-Guaçú em São


Carlos, estado de São Paulo. Nas campanhas, foram realizadas coletas de amostras
para determinação da concentração de sedimentos em suspensão, granulometria do
material de fundo e em suspensão, descarga de fundo, declividade da linha d’água e
descarga líquida. Os dados medidos no Rio Mogi-Guaçú juntamente com 328 séries
de dados obtidos pelo ACOP (Alluvial Channels Observation Project), do Canal do
Pasquistão, foram utilizados para aplicação dos seguintes métodos de cálculo do
transporte de sedimentos: Meyer-Peter e Muller (1948), Einstein (1950), Einstein e
Brown (1950), Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955), Colby (1957),
Laursen (1958), Colby (1964), Bishop (1965), Engelund e Hansen (1967), Toffaleti
(1969), Shen e Hung (1971), Einstein e Abdel Aal (1972), Yang (1973), Ackers e
White (1973), Ranga Raju (1983) e Van Rijn (1984).
52

Os resultados das aplicações levaram às seguintes conclusões, para o caso


do estudo:
- os métodos de Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955) e o método de
Toffaleti (1969), apresentaram os melhores resultados da relação entre os valores da
descarga de fundo calculados e os medidos;
- o método de Einstein (1950) mostrou inviável sua aplicação em rios e grandes
canais;
- o método de Toffaleti Simplificado (1969), que incorpora dados medidos de
sedimentos em suspensão, mostrou os melhores resultados;
- os métodos de Van Rijn (1984) e Toffaleti (1969) apresentaram os melhores
resultados para estimativa indireta da descarga em suspensão;
- para estimativa indireta da descarga total de material de fundo, os métodos de
Ackers e White (1973) e Yang (1973) apresentaram os melhores resultados.
Ponce (1990) realizou trinta e seis coletas de campo, no período entre
Dezembro de 1988 e Novembro de 1989, nas quais foram feitas medições de
transporte de sedimentos por arraste de fundo, caracterizando os parâmetros
hidráulicos do Rio Mogi-Guaçú, em Santa Eudóxia, na cidade de São Carlos, estado
de São Paulo.
Além das trinta e seis coletas de campo, Ponce (1990) utilizou também vinte e
um experimentos de campo de transporte de sedimentos por arraste de fundo
realizados por Paiva (1988), no mesmo local e cento e onze dados de coletas
realizadas pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNEE, 1970)
no Posto Bairro Rio Comprido, no Rio Paraíba do Sul. Com estes dados, Ponce
(1990) testou os dez modelos seguintes para o cálculo de sedimentos por arraste de
fundo: Meyer-Peter e Muller (1948), Einstein (1950), Einstein-Brown (1950), Einstein
Modificado por Colby e Hembree (1955), Yalin (1963), Bagnold (1966), Toffaleti
(1969), Einstein e Abdel Aal (1972) e Van Rijn (1984).
Os resultados da pesquisa, apresentados por Ponce (1990) mostraram que
tanto para o Rio Mogi-Guaçú quanto para o Rio Paraíba do Sul nenhum dos
métodos de estimativa indireta do transporte de sedimentos por arraste de fundo
apresentou bons resultados quando comparados com os resultados medidos. Em
condições de campo, a realização de medições de sedimentos em suspensão é
mais fácil quando comparada à realização de medições de sedimentos por arraste
de fundo, por isso os modelos usados para estimar os sedimentos em suspensão
53

apresentam melhores resultados que os modelos usados para estimar os


sedimentos por arraste de fundo.
Paiva (1995) realizou vinte e quatro campanhas no Rio Atibaia em São Paulo,
e aplicou os seguintes métodos de cálculo para a determinação da carga sólida total
transportada em canais naturais:
Laursen (1958), Garde e Dattatri (1963), Bagnold (1963), Bishop-Simons e
Richardson (1965), Shen e Hungs (1972), Maddock (1976), Karim-Kennedy (1985),
Ackers-White (1973), Engelund-Hansen (1967) e Yang (1973, 1976, 1979). Para
avaliar os resultados deste trabalho, foi utilizado o cálculo da diferença percentual
relativa dada pela equação:

(Qmed − Qcal)
2

Qmed
DIF(%) = ∑
n (2.94)

onde:
DIF(%): diferença percentual relativa;
Qmed: carga total de sedimentos medida;
Qcal: carga total de sedimentos calculada;
n: número de amostragens.
Como conclusões, o autor apresentou os resultados dos métodos em ordem
crescente das diferenças percentuais relativas para as cargas de sedimentos
calculadas com o diâmetro médio (D50): Engelund e Hansen (52,99%), Bagnold
(53,71%), Karim e Kennedy (57,46%), Yang (63,18%), Ackers e White (86,32%),
Shen e Hungs (92,74%), Garde e Dattatri (94,14%), Maddock (99,77%), Laursen
(133,43%), Bis. Sim. Richardson (475,03%). Destacando então, que os métodos de
Engelund e Hansen e Bagnold, apresentaram os melhores resultados neste caso.
De acordo com Molinas et al. (2001) dados reais e completos obtidos de
medições no campo são muito limitados. Devido às dificuldades de realizar tais
medições os dados de transporte de sedimentos disponíveis na literatura são
limitados, na sua maioria, aos dados de medições realizadas em calhas de
laboratório. Molinas et al. (2001) desenvolveu um trabalho de aplicação de equações
para o cálculo do transporte de sedimentos em grandes rios, usando o conceito de
potência da corrente em medições de campo.
54

C=
(
1430 0.86 + Ψ Ψ 1.5 ) (2.95)
0.016 + Ψ

onde:
Ψ= potência da corrente
W= velocidade de queda da partícula.

V3
Ψ= 2
(2.96)
(Sg − 1)g.d.W50 log d 
  D50 

Em seu trabalho, Molinas et al. (2001) usou dados coletados de grandes e


médios rios. Para os grandes rios considerou aqueles no qual a média anual da
profundidade do fluxo é maior do que quatro metros, e para os rios de médio porte
considerou aqueles em que a média anual da profundidade do fluxo varia entre dois
e quatro metros. Os dados dos grandes rios foram usados no desenvolvimento de
sua equação proposta e os dados dos rios de médio porte foram utilizados a título de
comparação. Os dados dos grandes rios utilizados foram obtidos de: Amazon and
Orinoco River Systems (Posada, 1995), Mississipi River System (Posada, 1995),
Atchafalaya River at Simmesport, Louisiana (Toffaleti, 1968), Mississipi River at
Tarbert Landing, Mississipi (Toffaleti, 1968), Mississipi River at St. Louis, Mississipi
(Toffaleti, 1968) e Red River at Alexandria, Louisiana (Toffaleti, 1968). Os dados dos
rios de médio porte foram obtidos de: ACOP Canal Data of Mahmood et al. (1979),
Chop Canal Data of Chaudhry et al. (1970), Canal Data of Chitale et al. (1966),
Colorado River (US Bureau of Reclamation, 1958), River Data of Leopold (1969),
South American River and Canal Data of NEDCO (1973), Portugal River Data of
Peterson and Howells (1973) e Rio Grande River Data of Nordin and Beverage
(1965).
O total de número de dados utilizados foi de 414 para grandes rios e 535 para
rios de médio porte. Neste estudo as equações de Engelund e Hansen (1967),
Ackers e White (1973) e Yang (1973) foram comparadas com a equação proposta
para grandes rios. O método de Toffaleti (1968) também foi incluído na comparação
devido a sua aplicação, sugerido por outros autores, para grandes rios.
Molinas et al. (2001) usou uma relação de discrepância para cada equação,
definida como a relação entre os valores calculados e os valores medidos da carga
total de sedimentos transportados. Para indicar a precisão de cada equação,
55

considerou que a média dos valores da relação de discrepância para cada método é
tanto melhor quanto mais próxima de um.
Para os dados de grandes rios, a equação proposta e o método de Toffaleti
(1968) apresentaram uma média da relação de discrepância de 1.14 e 1.20,
respectivamente. As fórmulas de Engelund e Hansen e Ackers e White
apresentaram uma média da relação de discrepância de 2.21 e 1.65,
respectivamente. A média da relação de discrepância para o método de Yang foi de
0.63. Para os rios de médio porte a média da relação de discrepância da equação
proposta foi de 1.19, Engelund e Hansen 1.21, Ackers e Withe 4.50, Yang 0.89 e
Toffaleti 0.60.
Molinas et al. (2001) concluiu que:
- as fórmulas de Engelund e Hansen, Ackers e White e Yang, desenvolvidas em
calhas de laboratório, não se aplicam para grandes rios, enquanto o método de
Toffaleti, desenvolvido para grandes rios, apresentou boas estimativas para a taxa
de transporte de sedimentos;
- para rios de médio porte a equação de Engelund e Hansen apresentou boas
estimativas para a taxa de transporte de sedimentos. A equação de Ackers e White
superestimou a taxa de transporte de sedimentos, enquanto as equações de Yang e
Toffaleti subestimaram a taxa de transporte de sedimentos.
Aguirre et al. (2004) usou quinze equações, entre as mais usadas na
literatura, para estimar o transporte de sedimentos em rios e canais. Os canais de
laboratório, segundo Aguirre (2004) obedecem a determinações prévias, tais como
características hidráulicas e geométricas, enquanto os rios, sem determinações
prévias, obedecem aos parâmetros da hidrologia, da geomorfologia e da hidráulica
fluvial. A vazão em um canal de laboratório é geralmente constante, enquanto nos
rios varia em função de parâmetros hidrológicos da bacia. O aumento da vazão nos
rios pode alterar tanto o curso do rio, quanto sua seção transversal característica. O
transporte de sedimentos é função de três grupos de propriedades: a. material de
leito (granulometria, densidade e forma do fundo), b. fluxo (vazão, profundidade,
forma do canal, velocidade), c. taxa de transporte de sedimentos (granulometria,
carga em suspensão e carga de fundo).
As quinze equações empregadas por Aguirre (2004) foram: Meyer-Peter e
Muller (1984); Einstein e Brown (1950); Sato, Kikkawa e Ashida (1958); Frijlink
apresentado por Maza e García (1996); Yalin (1963); Engelund e Hansen (1967);
56

Ackers e White (1973); Smart e Jaeggi (1983); Mizuyama e Shimohigashi (1985);


Bathurst et al. (1987); Pacheco-Ceballos (1989); Parker (1990); Karim (1998);
Aguirre-Pe et al. (2000a, 2000b e 2003); Cheng (2002).
Os dados para aplicação das equações foram obtidos de Brownlie (1981) e da
base de dados Hydrau-Tech. Inc. (1998), os quais compreendem dez canais de
laboratório e dez rios. Aguirre (2004) fez uso de um índice de dispersão (ID), que é
um parâmetro proposto para quantificar a estimativa de sedimentos de um rio ou
canal, proporcional a dispersão experimental. O ID é dado como:

MNE
ID = MPF (2.97)
100

100 n x mi − x ci
MNE = ∑ (2.98)
n i=1 x mi

1n x x 
MPF = ∑ maior de  mi , ci  (2.99)
n i=1  x ci x mi 

onde:
MNE: erro médio normalizado;
MPF: fator médio de estimativa;
xmi: valores medidos das variáveis hidráulicas;
xci: valores calculados das variáveis hidráulicas.
Aguirre et al. (2004) propõe que se empregue uma equação para estimar o
transporte de sedimentos somente se seu ID for menor ou igual a dez. Verifica
então, que os canais apresentam um menor índice de dispersão do que os rios, o
que se explica pelo fato de os rios possuírem maiores irregularidades na seção
transversal. Depois de obter o ID para cada uma das quinze equações para estimar
o transporte de sedimentos Aguirre (2004) conclui que os melhores índices de
dispersão, isto é, os que mais se aproximaram de zero, foram obtidos pelos métodos
de: Aguirre-Pe et al. (2000a, 2000b e 2003), Engelund e Hansen (1967) e Pacheco-
Ceballos (1989) para os canais de laboratório; Engelund e Hansen (1967), Aguirre-
Pe et al. (2000a, 2000b e 2003) e Karim (1998) para os rios.
Rivas et al. (2004) a partir de dados, de descargas liquida e sólida, do rio
Orinoco avaliou algumas equações para estimar o transporte de sedimentos com o
objetivo de determinar as que melhor se ajustam para este rio. Vinte e sete
57

medições em diferentes seções do rio Orinoco foram realizadas entre 1982 e 1985.
No rio Orinoco são encontrados sedimentos de leito formados por areias finas e
médias com um diâmetro médio de 0.4 mm, e com concentrações variando entre 46
ppm e 299 ppm.
O autor utilizou o Método Modificado de Einstein como padrão, conforme
proposto por Colby e Hembree (1955) para calcular a carga total de sedimentos. Os
métodos de Van Rijn (1984), Engelund e Hansen (1967), Ackers e White (1973),
Bagnold (1966) e Yang (1973) foram aplicados para estimar a produção total de
sedimentos e seus resultados foram comparados com os resultados do método
considerado padrão.
Os resultados da carga de sedimentos estimada pelas equações quando
comparados com os resultados da carga de sedimentos em suspensão calculada e
totalizada pelo Método Modificado de Einstein mostram que quando utilizados na
estimativa da produção de sedimentos superestimam os valores das medições. A
fórmula estimativa que apresenta maior porcentagem dentro de uma taxa de
confiança é a de Engelund e Hansen com 33%, a qual é muito baixa para se
recomendar a aplicação no rio Orinoco, terceiro maior rio em vazão do mundo. As
fórmulas utilizadas na estimativa da produção de sedimentos não forneceram bons
resultados pois foram desenvolvidas com dados de laboratório e de pequenos rios.
Rivas et al. (2004) recomenda a coleta de uma maior quantidade de dados para se
fazer uma melhor verificação já que a base de dados para este estudo é bastante
limitada.
3. METODOLOGIA

A descrição da metodologia aplicada é dividida em: localização e descrição do


trecho do rio, medidas hidráulicas, medidas sedimentométricas, análises de
laboratório e aplicação dos métodos de cálculo para estimativa do transporte de
sedimentos. Para a avaliação dos métodos de cálculo usados para estimar a
descarga de sedimentos em rios foram realizadas medições in loco na seção do
trecho considerado. Os Métodos de cálculo aplicados foram: Método de Einstein
Modificado por Colby e Hembree (1955), Colby (1957), Engelund e Hansen (1967),
Yang (1973), Ackers e White (1973), Van Rijn (1984), Karim (1998) e Cheng (2002).
Foram realizadas 13 campanhas de medições nos períodos de Novembro de
2003 a Novembro de 2004. As análises sedimentométricas foram desenvolvidas no
Laboratório de Sedimentos (LASED) da UFSM e as análises granulométricas no
Laboratório de Materiais de Construção Civil (LMCC) da UFSM.

3.1. Localização e descrição da bacia

O trabalho foi desenvolvido no Arroio Cancela, afluente do Arroio Cadena, na


cidade de Santa Maria-RS, que drena uma área de 4,92 km² com perímetro de
9,52km e possui declividade com diferenças de cotas entre nascente e exutório de
161m e declividade média da bacia de 9,91%. O curso d`água principal possui 3,44
km de extensão e declividade média de 0,020m/m. O uso do solo predominante é a
ocupação urbana com alto grau de urbanização.
A estação do Arroio Cancela situa-se na BR-392, entre a Avenida Nossa
Senhora Medianeira e a BR-158, nas coordenadas 29º42'27,03" S e 53º48'46,35" W.
A Figura 3.1 localiza a Bacia do Cancela na cidade de Santa Maria, Estado
do Rio Grande do Sul, Brasil.
59

Figura 3.1 - Localização da Bacia do Cancela.

3.2. Monitoramento Hidrológico e Sedimentológico

O monitoramento foi feito em um trecho do rio utilizando-se métodos


tradicionais de medição de vazões líquidas e sólidas. Foi instalada uma estação
fluviométrica no arroio Cancela composta de ponte hidrométrica, referência de nível
e limnígrafo eletrônico para o registro de níveis d’água. A Figura 3.2 mostra a seção
transversal da estação de medições no Arroio Cancela.

Figura 3.2 - Estação fluviométrica do Arroio Cancela.


60

A Figura 3.3 ilustra o evento que ocorreu no dia 15/12/2003 e mostra o


transbordamento da calha.

Figura 3.3 - Estação fluviométrica do Arroio Cancela mostrando o


transbordamento da calha.

3.2.1 Dados Fluviométricos

Na estação está instalado um limnígrafo eletrônico de pressão com


datalogger mostrado na Figura 3.4, que é um dispositivo que permite o registro
discreto do nível de água em intervalos de tempo pré-determinados. No caso em
estudo, o limnígrafo foi configurado para fazer registros em intervalos de 5 minutos,
sempre que o nível d’água sofrer variação de 5 milímetros. As coordenadas
geográficas do limnígrafo na seção são 29º42'27,03"S e 53º48'46,35" W.

Figura 3.4 - Limnígrafo eletrônico de pressão com datalogger.


61

3.2.2. Medidas de descarga líquida

A medição de vazão consiste em determinar a área da seção de medição e a


velocidade em vários pontos distribuídos em verticais desta mesma seção para
posterior obtenção da velocidade média em cada vertical. A área da seção é
determinada por medição da largura da seção e da profundidade em vários pontos
da mesma, verticais onde também são realizadas medições de velocidade com
molinete em um ou mais pontos. O número de verticais é determinado em função da
largura da seção, e o número de medições de velocidade em cada vertical é função
da profundidade da mesma (método detalhado, DNAEE, 1977). Para lâminas de
água com até um metro de altura a velocidade foi medida a 60% da profundidade a
partir da superfície, e para lâminas de água com mais de um metro de altura a
velocidade média na vertical foi obtida pela média das velocidades a 20% e 80% da
profundidade a partir da superfície. A distância entre verticais foi de 50 centímetros.
Com as velocidades médias calculadas para cada vertical, a profundidade de
cada vertical e a distância entre verticais é possível calcular a vazão da seção
utilizando métodos numéricos aproximados. Entre os métodos utilizados destacam-
se o método da seção média (ou método de Simpson simplificado) e o método da
meia seção.
As medições de velocidade para a obtenção da vazão foram feitas utilizando
Molinete Fluviométrico Universal, nas cheias, mostrado na Figura 3.5 e sensor de
velocidades mostrado na Figura 3.6, nas águas baixas. Através da batimetria na
seção do trecho do rio, pode-se determinar a área de escoamento e o perímetro
molhado para cada evento de chuva.

Figura 3.5 - Molinete Fluviométrico Universal.


62

Figura 3.6 - Sensor de velocidades.

3.2.3. Medidas de sedimento em suspensão

As medidas de sedimentos em suspensão objetivaram a determinação da


concentração de sedimentos em suspensão na seção, a descarga sólida em
suspensão e a distribuição granulométrica dos sedimentos em suspensão.
As amostragens de concentração de sedimentos em suspensão foram feitas
com amostrador de sedimentos em suspensão USDH-48 (AMS-1) com o objetivo de
coletar amostras integradas na profundidade durante as medições de descargas
líquidas e sólidas.

3.2.3.1 Amostrador USDH-48 (AMS-1)

Com o amostrador do tipo USDH-48 (AMS-1) foram feitas coletas de


sedimentos em suspensão em dez verticais na seção do rio. Segundo Carvalho
(2000) esse procedimento é necessário para obtenção de valores médios da
concentração de sedimentos em suspensão em toda a seção, uma vez que a
distribuição de sedimentos é variável em toda largura do rio e em profundidade. A
Figura 3.7 ilustrada por Carvalho (2000) apresenta os perfis de distribuição da
velocidade da corrente, concentração de sedimentos e da descarga sólida em uma
seção transversal perpendicular ao escoamento.
As distâncias entre as verticais foram de cinqüenta centímetros, aproximadamente.
63

Figura 3.7 - Distribuição da velocidade da corrente, concentração de


sedimentos e da descarga. Fonte: Carvalho (2000).

Tal amostrador é construído de alumínio com corpo de forma hidrodinâmica, é


constituído por uma haste para realizar a coleta, possui um bocal para a coleta do
material e no seu interior é colocada uma garrafa com capacidade de 500 mL. A
amostragem é feita com o enchimento de aproximadamente dois terços da garrafa, o
qual ocorre durante a movimentação vertical do amostrador em velocidade de
trânsito constante entre a superfície e um ponto poucos centímetros acima do leito.
Segundo Carvalho (2000), esse procedimento é conhecido como IVT, Igual
Velocidade de Trânsito (do inglês, ETR, equal transit rate). Normalmente, o
amostrador não deve tocar o leito para não correr o risco de coletar sedimento de
arrasto, e também para que a velocidade de entrada da amostra seja igual ou quase
igual à velocidade instantânea da corrente, é necessário que o bico fique na
horizontal, isto é o amostrador deve se movimentar sem haver inclinação. Os bicos
utilizados foram de 1/8”, 3/16” e 1/4", a escolha para o adequado uso no devido
tempo de trânsito é feita de acordo com a velocidade média no trecho. O amostrador
do tipo USDH-48 (AMS-1) utilizado para coleta de sedimentos em suspensão é
64

mostrado na Figura 3.8.


Para se obter uma comparação desses resultados, foram feitas coletas
também em dois conjuntos de três amostras cada um, em um dos conjuntos se
retirou amostras a 1/6, 1/2 e 5/6 da largura da seção, no outro conjunto foram
retiradas amostras a 1/4, 1/2 e 3/4 da largura da seção. Essas amostras podem ser
usadas quando da ocorrência das cheias, onde a subida da onda da cheia se dá
muito rápido, dificultando a coleta nas dez seções.

Figura 3.8 - Amostrador USDH-48 (AMS-1).

3.2.4. Medidas de sedimento de arraste de fundo

Para as medições de descarga de fundo foi utilizado amostrador modelo


Helley Smith, este amostrador possui um bocal quadrado divergente, um saco de
amostragem e uma armação para dar peso e equilíbrio ao amostrador. Neste estudo
o amostrador era suspenso por um cabo preso na ponte hidrométrica da seção. As
medidas diretas da descarga de fundo foram feitas nas verticais localizadas a 1/4,
1/2 e 3/4 da largura da seção. Em cada um destes pontos da seção, o amostrador
ficou apoiado no leito e permaneceu em repouso durante aproximadamente quinze
minutos. A Figura 3.9 mostra o amostrador Helley Smith em operação.

3.2.5. Amostragem de material de leito

A coleta de amostras para a caracterização do material de leito foi feita com


um amostrador tipo pistão manual de penetração vertical, construído em PVC, para
uso em cursos d’água rasos. A Figura 3.10 mostra o amostrador US-BMH-53
65

modificado em operação.

Figura 3.9 - Amostrador Helley Smith.

Figura 3.10 - Amostrador US-BMH-53 modificado em operação.

3.3. Análises de laboratório

As análises de laboratório compreenderam a determinação da concentração


de sedimentos em suspensão, determinação de granulometrias do material em
suspensão e de leito, quantificação e granulometrias do material por arraste de
fundo.
A determinação da concentração de sedimentos em suspensão, bem como a
sua granulometria foi realizada pelo método do tubo de retirada pelo fundo e pelo
método de pipetagem.
Para a determinação da granulometria dos materiais coletados por arraste de
fundo com o Amostrador Helley Smith já descrito, foram realizados ensaios de
peneiramento e sedimentação.
66

O cuidado com a conservação das amostras coletadas em campo é de


fundamental importância para a realização dos ensaios. As garrafas com a mistura
água-sedimento devem ser pesadas logo que chegam ao laboratório evitando assim,
redução do seu peso por evaporação.
As amostras devem ser conservadas ao abrigo da luz, com temperatura
amena para evitar a proliferação de algas, bem como a floculação de partículas
finas, o que causa alteração na análise granulométrica. Para evitar que isto ocorra,
foi utilizado 1mL para cada litro de amostra da solução de Sulfato de Cobre.
As amostras, após serem decantadas, devem ser reduzidas (retirado o
sobrenadante) até uma quantidade em que sua redução não interfira nos sólidos
depositados no fundo. Após esta redução transfere-se a amostra remanescente dos
recipientes para um bécker de 1000mL passando por uma peneira n° 230. O
material retido nesta peneira é seco em estufa para posterior peneiramento na série
de peneiras, como ilustrado na Figura 3.11; o material que passa pela peneira 230 é
utilizado para a definição do método de análise. O método de análise consiste da
retirada de uma amostra de 25 mL, da amostra homogeneizada para a obtenção da
concentração proporcional.

Figura 3.11 - Série de Peneiras em processo de pesagem.

A concentração proporcional indica se o ensaio realizado será de Tubo de


Retirada pelo Fundo (concentração proporcional menor ou igual a 2000 mg/L), ou o
ensaio de Pipetagem (concentração proporcional acima de 2000 mg/L) descrito
posteriormente.
67

3.3.1 Tubo de retirada pelo fundo

Primeiramente, transfere-se duas amostras de 50mL cada uma,da parte


sobrenadante, de cada amostra para um bécker visando à determinação do teor de
sais solúveis na água natural.
O método do tubo de retirada pelo fundo consiste em inserir a amostra em
um tubo até a graduação de 100 centímetros e agitar durante cinco minutos para
que se tenha uma boa homogeneização. As amostras são retiradas de dez em dez
graduações em intervalos de tempo determinados de acordo com o diâmetro de
precipitação das partículas. Os tempos para retirada de cada amostra são em: 0,5;
1; 2; 5; 13; 32; 80; 160; 450 e 451 minutos após o início do ensaio. Para cada
retirada de amostra é importante se medir a temperatura da água. A Figura 3.12
mostra o ensaio do tubo de retirada pelo fundo.
As amostras retiradas são levadas para a secagem em estufa a 105°C
durante 24h. O peso total da amostra se dá pela diferença entre o peso seco e a tara
do becker.

Figura 3.12 - Ensaio do Tubo de Retirada pelo Fundo.

3.3.2 Ensaio de pipetagem

Transfere-se duas amostras de 50mL cada uma, da parte sobrenadante, de


cada amostra para um bécker visando à determinação do teor de sais solúveis na
água natural.
68

Para a realização deste ensaio é necessário depositar a amostra em uma


proveta graduada até atingir 800 mL, após agita-se a amostra durante 1min e 30s e
coloca-se a proveta com a amostra em um tanque com água a uma temperatura pré-
estabelecida de 27°C.
Em seguida, pipeta-se 25 mL da amostra em horários e profundidades pré-
determinadas, sendo as 4 primeiras coletas a 10 cm da superfície e as 2 últimas a 7
cm da superfície nos seguintes horários: 1min, 2min 38s, 7min 31s, 27min, 1h 13min
56s e 4h 52min 33s, então depositam-se separadamente nos tempos enunciados
anteriormente as porções das amostras retiradas nos beckers devidamente
preparados como ilustrado na Figura 3.13.
As amostras das cápsulas devem ser secas em estufa a uma temperatura de
105°C durante 24h. O peso total da amostra se dá pela diferença entre o peso seco
e a tara do becker.
Transfere-se a amostra remanescente da proveta para um becker de 1000mL,
deixa decantar, se reduz ao máximo e transfere-se para um bécker devidamente
preparado. O bécker é seco em estufa, resfriado no dessecador e pesado
posteriormente.

Figura 3.13 - Ensaio de pipetagem

3.3.3 Ensaio de filtração

Este ensaio foi realizado para obtenção dos valores de concentração das
amostras quando ainda não se tinha informações suficientes para a realização dos
demais ensaios.
69

A cápsula+filtro foram colocados na mufla e queimados por 15 minutos a uma


temperatura de 550°C; após o resfriamento, pesou-se a cápsula +filtro (P) e foi
anotado o peso em uma planilha, então se despejou 100 mL de água da amostra
homogeneizada no cadinho com filtro, já instalados no kitazato para se fazer a
filtração; em seguida a cápsula+filtro+sedimento foram levados para estufa a 105º C
durante 24h.
Depois de pesados cápsula+filtro+sedimento (Ps) foram colocados na mufla
por aproximadamente 45 minutos para atingir 550º C então pesou-se novamente a
cápsula+filtro+sedimento(Psf) para então calcular: concentração de sedimentos
totais (mg/L) = (Ps – P) x 1000 / Va; concentração de sedimentos voláteis (mg/L) =
(Ps – Psf) x 1000 / Va; concentração de sedimentos fixos em suspensão (mg/L) =
(Psf – P) x 1000 / Va.
A Figura 3.14 mostra o ensaio de filtração.

Figura 3.14 - Ensaio de filtração.

3.3.4 Ensaio de evaporação

Para a obtenção das concentrações totais das amostras em estudo, é


necessário realizar a evaporação de toda a amostra em questão. É importante
quantificar a amostra em partes (volume para obtenção da concentração dos sólidos
dissolvidos, volume retirado de sobrenadante, volume remanescente na garrafa e
volume gasto para lavagem) a fim de se obter o volume total da amostra.
O ensaio de evaporação fornece apenas a concentração total da amostra
sendo a granulometria da amostra obtida através dos ensaios de peneiramento e
70

sedimentação, os quais estão descritos posteriormente.

3.3.5 Ensaio de Peneiramento e Sedimentação

A distribuição granulométrica, do material de leito, é a determinação do


tamanho das partículas e suas respectivas porcentagens de ocorrência. A
distribuição granulométrica é obtida através de ensaios de sedimentação e
peneiramento. O ensaio de sedimentação determina a curva granulométrica para a
porção de finos do material (silte e argila), enquanto o ensaio de peneiramento
determina a curva granulométrica da porção granular do material (areias e
pedregulhos).
A determinação da granulometria por peneiramento requer os seguintes
procedimentos: deixa-se secar a amostra ao ar livre ou em estufa, em seguida pesa-
se 1200g da amostra e penera-se na peneira número 10. O material, nesta retido
passa por um novo peneiramento nas peneiras 19; 12,5; 9,5 e 4. Deste material
passante pela peneira 10 são retiradas amostras para verificar o teor de umidade.
Para realização do ensaio de sedimentação usa-se 120g de material seco +
125mL de defloculante, deixando-se em repouso por 24h. Em seguida coloca-se
esta amostra no dispersor por 15 minutos, transfere-se para uma proveta
completando com água destilada até atingir 1 litro. Agita-se durante 1min30s,
realiza-se, então as leituras de densidade e temperatura durante os tempos: 30", 1',
2', 4', 8', 15', 30', 1h, 2h, 4h, 8h, 24h. Após 24h o material é peneirado e lavado com
uso da peneira 200, o que fica retido permanece em estufa durante 24 h, depois este
material é peneirado na seqüência de peneiras de números: 16, 30, 40, 60, 100,
200.
A partir dos resultados dos dois ensaios acima descritos é obtida uma única
curva granulométrica, a qual fornece os diâmetros característicos necessários para
aplicação das equações para estimativa de sedimentos. No eixo das abscissas são
representados os diâmetros equivalentes e no eixo das ordenadas estão
representados as porcentagens acumuladas retidas, à esquerda do gráfico e as
porcentagens passantes, à direita do gráfico.
Os procedimentos de cálculo dos ensaios estão descritos no Anexo C.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Resultados de Campo

Foram realizadas, no Arroio Cancela, treze campanhas de medições de


descarga sólida total e de parâmetros para a aplicação dos Métodos de Estimativa
da Produção de Sedimentos, os quais foram descritos anteriormente na Revisão
Bibliográfica. Por isso, foram necessários levantamentos hidráulicos,
sedimentométricos, granulométricos e geométricos da seção transversal. O valor da
viscosidade da água adotado em todos os experimentos, para uma temperatura de
20°C, foi de 0,00000102 m²/s, o valor do coeficiente da rugosidade, da fórmula de
Manning usado foi de 0,07 e a declividade da linha d’água foi obtida pela equação
4.1:

n.Q 2

= A.Rh 3 (4.1)
S

onde:
n: n de Manning;
Q: vazão;
S: declividade da linha d’água;
A: área da seção transversal;
Rh: raio hidráulico da seção.
A Tabela 4.1 apresenta o resumo dos dados hidráulicos e geométricos da
seção transversal que foram obtidos durante as medições de campo, onde:
A: área da seção transversal;
P: perímetro da seção;
Rh: raio hidráulico da seção;
S: declividade da linha d’água;
B: largura da seção;
U: velocidade média do escoamento;
d: profundidade média do escoamento;
Q: descarga líquida.
72

Tabela 4.1 - Características hidráulicas e geométricas da seção


transversal para o Arroio Cancela.
Data A (m²) P (m) Rh (m) S (m/m) B (m) U (m/s) d (m) Q (m³/s)
15/12/03 11,41 6,67 1,71 0,00316 5,35 1,15 2,22 13,10
23/6/04 4,02 6,12 0,66 0,00315 5,20 0,61 0,75 2,44
13/7/04 2,78 5,34 0,52 0,00110 4,60 0,31 0,58 0,85
29/7/04 2,06 5,33 0,39 0,00187 5,00 0,33 0,43 0,67
6/8/04 4,20 5,95 0,71 0,00310 4,80 0,63 0,86 2,64
17/8/04 1,80 5,07 0,35 0,00192 4,65 0,31 0,37 0,56
10/9/04 3,07 5,70 0,54 0,00252 4,50 0,48 0,62 1,46
1-20/09/04 3,03 5,65 0,54 0,00154 4,85 0,37 0,62 1,12
2-20/09/04 2,78 5,55 0,50 0,00124 4,85 0,32 0,57 0,88
3-20/09/04 5,67 7,02 0,81 0,00374 6,00 0,76 1,02 4,30
16/10/2004 2,46 5,66 0,43 0,00324 4,89 0,46 0,54 1,14
1-09/11/04 4,18 5,54 0,75 0,00866 4,30 1,10 0,91 4,59
2-09/11/04 5,93 6,54 0,91 0,01096 4,95 1,40 1,19 8,31

Os índices (1,2 e 3) que precedem algumas datas indicam o número da


medição realizada no mesmo dia, para diferentes descargas líquidas.
Na Tabela 4.1 foi possível observar as seguintes faixas de variação para cada
evento de chuva: área da seção transversal (1,8 a 11,41m²), perímetro (5,07 a
7,02m), raio hidráulico (0,35 a 1,71m), declividade da linha d’água (0,00110 a
0,01096m/m), largura da seção transversal (4,30 a 6m), velocidade média (0,31 a
1,40m/s), profundidade média (0,37 a 2,22m) e vazão (0,56 a 13,10 m³/s).
As grandes variações nas declividades das linhas d’água, se devem ao fato
de que a jusante da seção de medição existe um bueiro celular de concreto que atua
como seção de controle, fazendo com que a declividade da linha d’água aumente
com a vazão até o ponto em que o nível da água atinge a geratriz superior do bueiro.
A partir deste ponto o bueiro opera afogado e há o represamento do escoamento,
acarretando em uma diminuição da declividade. A figura 4.1 registra essa variação.
73

0,012

0,010

0,008
S (m/m)

0,006

0,004

0,002

0,000
0 2 4 6 8 10 12 14
Q (m³/s)

Figura 4.1 – Variação da declividade da linha d’água com a vazão.

A Tabela 4.2 representa a distribuição granulométrica do material de leito


coletado no Arroio Cancela, fornecida a partir de ensaios de sedimentação e
peneiramento descritos na metodologia, onde:
D: diâmetro da partícula;
(%) Amost. Total< Diam: porcentagem total da amostra menor do que o diâmetro
(material passante);
Dinf: diâmetro inferior da faixa de diâmetros;
Dsup: diâmetro superior da faixa de diâmetros;
Dm: diâmetro médio da faixa de diâmetros;
Ib(%): porcentagem do material no leito;
DM: diâmetro médio do material de fundo, calculado pela equação 4.2.

∑ D.ib
DM = (4.2)
100
74

Tabela 4.2 - Distribuição granulométrica do material do leito do Arroio


Cancela referente ao dia 13/11/2003.
Diâmetro (%) Amost Dinf
Dsup (mm) Dm (mm) ib (%) D.ib
D(mm) Tot. < Diâm.. (mm)
25 100,00 19 25 21,79449 0 0
19 100,00 12,5 19 15,41104 0,8044 12,3959
12,5 99,20 9,5 12,5 10,89725 0,8586 9,3568
9,5 98,34 4,8 9,5 6,752777 2,7321 18,4494
4,8 95,60 2,00 4,8 3,098387 7,0537 21,8552
2,00 88,55 1,20 2,00 1,549193 2,7070 4,19374
1,20 85,84 0,60 1,20 0,848528 22,574 19,1542
0,60 63,27 0,42 0,60 0,501996 23,912 12,0038
0,42 39,36 0,25 0,42 0,324037 20,821 6,7466
0,25 18,54 0,15 0,25 0,193649 6,7602 1,3091
0,15 11,78 0,075 0,15 0,106066 1,4127 0,14983
0,075 10,36 0,05612 0,075 0,064878 2,2852 0,1482
0,05612 8,08 0,03979 0,05612 0,047254 0,5939 0,0280
0,03979 7,49 0,02733 0,03979 0,032977 0,5939 0,0195
0,02733 6,89 0,01933 0,02733 0,022984 0 0
0,01933 6,89 0,01415 0,01933 0,016539 0,5939 0,0098
0,01415 6,30 0,01001 0,01415 0,011901 0 0
0,01001 6,30 0,00710 0,01001 0,008427 0,5939 0,0050
0,00710 5,70 0,00506 0,00710 0,005991 1,7818 0,0106
0,00506 3,92 0,00357 0,00506 0,004248 0 0
0,00357 3,97 0,00152 0,00357 0,002326 0,4764 0,0011
0,00152 3,49 0,00153 0,00152 0,001524 1,5412 0,0023
0,00153 1,95 1,9519 0
soma= 100 105,8396
DM= 1,058396

A Figura 4.2 ilustra a distribuição granulométrica de material de leito. No eixo


das abscissas são representados os diâmetros equivalentes e no eixo das
ordenadas estão representados as porcentagens acumuladas retidas, à esquerda do
gráfico e as porcentagens passantes, à direita do gráfico.
A Tabela 4.3 apresenta os diâmetros característicos do material de leito,
obtidos da curva granulométrica mostrada anteriormente.
75

Tabela 4.3 - Diâmetros característicos médios do material do leito do


Arroio Cancela referente ao dia 13/11/2003.
D90 = 2.40 mm
D84 = 1.20 mm
D65 = 0.65 mm
D50 = 0.50 mm
D35 = 0.35 mm
D16 = 0.20 mm

onde:
D90 – diâmetro da partícula para o qual 90% do material do leito são mais finos;
D84 – diâmetro da partícula para o qual 84% do material do leito são mais finos;
D65 – diâmetro da partícula para o qual 65% do material do leito são mais finos;
D50 – diâmetro da partícula para o qual 50% do material do leito são mais finos;
D35 – diâmetro da partícula para o qual 35% do material do leito são mais finos;
D16 – diâmetro da partícula para o qual 16% do material do leito são mais finos;

Areia Areia Areia


Argila Silte Fina Média Grossa Pedregulho

0 Peneiras Número 200 100 60 40 30 16 10 4 9,5 12,5 19 25


100
10 89 90

Porcentagem Passando
20 80
Porcentagem Retida

30 70
63
40 60
50 50
60 40
70 30
80 20
15
90 10 10
3 1
100 0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Figura 4.2 - Curva Granulométrica por peneiramento e sedimentação do
material do leito do Arroio Cancela referente ao dia 13/11/2003.
76

No Anexo A encontram-se as distribuições granulométricas do material em


suspensão coletado no Arroio Cancela, fornecidas a partir de ensaios de pipetagem
e do tubo de retirada pelo fundo.
A Tabela 4.4 apresenta os valores medidos das descargas de sedimentos em
suspensão (Qs), arraste de fundo (Qf) e descarga total (Qt) em ton/dia, bem como a
descarga líquida (Q) em m³/s e o valor medido da concentração de sedimentos em
suspensão (C) em mg/L para cada evento de chuva.

Tabela 4.4 - Valores de descargas e concentrações medidas.


Qs Qf Qt Q C
DATAS
(ton/dia) (ton/dia) (ton/dia) (m³/s) (mg/L)
15/12/03 1339,34 26,48 1365,82 13,10 1183,33
23/06/04 178,69 2,00 180,69 2,44 847,6
13/07/04 100,05 0,01 100,06 0,85 1354,4
29/07/04 25,20 0,07 25,27 0,67 432,20
06/08/04 320,59 0,37 320,96 2,64 1405,50
17/08/04 17,96 0,02 17,98 0,56 371,23
10/09/04 103,18 0,21 103,40 1,46 818,00
1-20/09/04 32,41 4,00 36,41 1,12 334,91
2-20/09/04 11,49 1,22 12,71 0,88 151,14
3-20/09/04 549,44 5,80 555,24 4,30 1478,90
16/10/04 27,29 1,22 28,52 1,14 277,10
1-09/11/04 622,07 19,55 641,62 4,59 1568,60
2-09/11/04 1162,70 43,90 1206,60 8,31 1619,40

A Tabela 4.5 apresenta os valores de raio hidráulico da seção em m (Rh),


declividade em m/m (S), tensão média de cisalhamento no leito em kgf/m² (τo),
velocidade média do escoamento em m/s (U) e a potência do escoamento em
kgf/m.s (Pot:).
77

Tabela 4.5 - Valores de raio hidráulico, declividade, tensão de


cisalhamento, velocidade e potência.
DATAS Rh S τo U Pot

15/12/03 1,71 0,00316 5,4036 1,15 6,21414


23/06/04 0,66 0,00315 2,079 0,61 1,259874
13/07/04 0,52 0,00110 0,572 0,31 0,17732
29/07/04 0,39 0,00187 0,7293 0,33 0,240669
06/08/04 0,71 0,00310 2,201 0,63 1,38663
17/08/04 0,35 0,00192 0,672 0,31 0,209664
10/09/04 0,54 0,00252 1,3608 0,48 0,653184
1-20/09/04 0,54 0,00154 0,8316 0,37 0,307692
2-20/09/04 0,50 0,00124 0,62 0,32 0,1984
3-20/09/04 0,81 0,00374 3,0294 0,76 2,302344
16/10/04 0,43 0,00324 1,3932 0,46 0,640872
1-09/11/04 0,75 0,00866 6,495 1,10 7,1445
2-09/11/04 0,91 0,01096 9,9736 1,40 13,96304

A Figura 4.3 apresenta a curva de regressão entre as vazões e as


profundidades hidráulicas médias do escoamento. A equação obtida foi:

Q = 3,7462 d 2,0405 (4.3)

Sendo:
d = profundidade hidráulica em m;
Q = vazão estimada em m³/s.
A equação 4.3 apresentou um coeficiente de correlação de 0,9301.
78

20

15

Q (m³/s)
10

0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
d (m)

Figura 4.3 - Curva de regressão entre a vazão (m³/s) e a profundidade


hidráulica (m) do escoamento.

A Figura 4.4 apresenta a curva de regressão entre a concentração de


sedimentos em suspensão e a vazão, sendo a concentração ajustada pela equação:

C = 491,44 Q 0,5523 (4.4)

Sendo:
Q = vazão em m³/s;
C= concentração estimada em mg/L.
A equação 4.4 apresentou um coeficiente de correlação de 0,4817.

2500

2000
C(mg/l)

1500

1000

500

0
0 5 10 15
Q(m³/s)

Figura 4.4 - Curva de regressão entre a concentração de sedimentos em


suspensão (mg/L) e a vazão (m³/s).
79

As Figuras 4.5, 4.6, 4.7, 4.8 e 4.9 apresentam as curvas de regressão entre a
descarga de sedimentos em suspensão (Qs) e as demais grandezas características
do escoamento.

14000
12000
Qs(ton/dia)

10000
8000
6000
4000
2000
0
0 5 10 15
Q(m³/s)

Figura 4.5 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão


(ton/dia) e a vazão (m³/s).

14000
12000
Qs(ton/dia)

10000
8000
6000
4000
2000
0
0,00 0,50 1,00 1,50
U(m/s)

Figura 4.6 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão


(ton/dia) e a velocidade do escoamento (m/s).
80

14000
12000

Qs(ton/dia)
10000
8000
6000
4000
2000
0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
d(m)

Figura 4.7 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão


(ton/dia) e a profundidade hidráulica do escoamento (m).

14000
12000
10000
8000
Qs

6000
4000
2000
0
0 2 4 6 8 10
Tensão

Figura 4.8 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão


(ton/dia) e a tensão média de cisalhamento no leito (kgf/m²).

14000
12000
10000
8000
Qs

6000
4000
2000
0
0 5 10 15
Pot

Figura 4.9 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos em suspensão


(ton/dia) e a potência do escoamento (kgf/m.s).
81

A Tabela 4.6 mostra um resumo dos coeficientes das equações de regressão


e dos coeficientes de correlação entre a descarga de sedimentos em suspensão e
as demais grandezas características do escoamento. Foi adotado o seguinte modelo
de equação:

y = a.xb (4.5)

Sendo:
y = descarga de sedimento em suspensão em ton/dia;
x = grandeza considerada.

Tabela 4.6 - Coeficientes da equação de regressão (a e b) e coeficientes de


correlação (R²), entre a descarga de sedimentos em suspensão e as demais
grandezas características do escoamento.
Grandeza a b R²
Q 39,5750 1,9153 0,9023
U 1066,5000 3,3269 0,7857
d 520,3500 4,0578 0,9047
οτ 54,7080 1,7813 0,7251
Pot 154,1300 1,1624 0,7477

onde:
Q: vazão em m³/s;
U: velocidade média do escoamento em m/s;
d: profundidade média do escoamento em m;
τo: tensão média de cisalhamento no leito em kgf/m², dada pela equação 4.6.
τo= γ. Rh. S (4.6)
γ: peso específico da água em ton/m³
Rh: raio hidráulico da seção em m;
S: declividade em m/m;
Pot: potência do escoamento em kgf/m.s, dada pelo produto da tensão de
cisalhamento pela velocidade média do escoamento.
As Figuras 4.10, 4.11, 4.12, 4.13 e 4.14 apresentam as curvas de regressão
entre a descarga de sedimentos de arraste de fundo (Qf) e as demais grandezas
características do escoamento.
82

80
70
60

Qf(ton/dia)
50
40
30
20
10
0
0 5 10 15
Q(m³/s)

Figura 4.10 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de


fundo (ton/dia) e a vazão (m³/s).

60
50
Qf(ton/dia)

40
30
20
10
0
0,00 0,50 1,00 1,50
U(m/s)

Figura 4.11 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de


fundo (ton/dia) e a velocidade do escoamento (m/s).

140
120
100
Qf(ton/dia)

80
60
40
20
0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
d(m/s)

Figura 4.12 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de


fundo (ton/dia) e a profundidade hidráulica do escoamento (m).
83

45
40
35
30
25

Qf
20
15
10
5
0
0 2 4 6 8 10
Tensão

Figura 4.13 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de


fundo (ton/dia) e a tensão média de cisalhamento no leito (kgf/m²).

45
40
35
30
25
Qf

20
15
10
5
0
0 5 10 15
Pot

Figura 4.14 - Curva de regressão entre descarga de sedimentos de arraste de


fundo (ton/dia) e a potência do escoamento (kgf/m.s).

A Tabela 4.7 mostra um resumo dos coeficientes das equações de regressão


e dos coeficientes de correlação entre a descarga de sedimentos de arraste de
fundo e as demais grandezas características do escoamento.
84

Tabela 4.7 - Coeficientes da equação de regressão (a e b) e coeficientes de


correlação (R²), entre a descarga de sedimentos de arraste de fundo e as
demais grandezas características do escoamento.
Grandeza a b R²
Q 0,2285 2,2192 0,6796
U 12,3090 4,1394 0,6823
d 4,0741 4,3671 0,5878
οτ 0,2936 2,2891 0,6718
Pot 1,1107 1,4763 0,6766

onde:
Q: vazão em m³/s;
U: velocidade média do escoamento em m/s;
d: profundidade média do escoamento em m;
τo: tensão média de cisalhamento no leito em kgf/m², dada pela equação 4.6.
γ: peso específico da água em ton
Rh: raio hidráulico da seção em m;
S: declividade em m/m;
Pot: potência do escoamento em kgf/m.s, dada pelo produto da tensão de
cisalhamento pela velocidade média do escoamento.
As Figuras 4.15, 4.16, 4.17, 4.18 e 4.19 apresentam as curvas de regressão
entre a descarga total de sedimentos (Qt) e as demais grandezas características do
escoamento.

1400
1200
1000
Qt(ton/dia)

800
600
400
200
0
0 5 10 15
Q(m³/s)

Figura 4.15 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e


a vazão (m³/s).
85

1400
1200
1000

Qt(ton/dia)
800
600
400
200
0
0,00 0,50 1,00 1,50
U(m/s)

Figura 4.16 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e


a velocidade do escoamento (m/s).

4500
4000
3500
Qt(ton/dia)

3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50
d(m)

Figura 4.17 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e


a profundidade hidráulica do escoamento (m).
86

1400
1200
1000
800

Qt
600
400
200
0
0 2 4 6 8 10
Tensão

Figura 4.18 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e


a tensão média de cisalhamento no leito (kgf/m²).

1400
1200
1000
800
Qt

600
400
200
0
0 5 10 15
Pot

Figura 4.19 - Curva de regressão entre descarga total de sedimentos (ton/dia) e


a potência do escoamento (kgf/m.s).

A Tabela 4.8 mostra um resumo dos coeficientes das equações de regressão


e dos coeficientes de correlação entre a descarga total de sedimentos e as demais
grandezas características do escoamento.
87

Tabela 4.8 - Coeficientes da equação de regressão (a e b) e coeficientes de


correlação (R²), entre a descarga total de sedimentos e as demais grandezas
características do escoamento.
Grandeza a b R²
Q 43,9150 1,5469 0,8888
U 681,8000 2,8247 0,8552
d 332,5000 3,0965 0,7955
οτ 53,9350 1,5400 0,8183
Pot 132,02 0,9983 0,8327

onde:
Q: vazão em m³/s;
U: velocidade média do escoamento em m/s;
d: profundidade média do escoamento em m;
τo: tensão média de cisalhamento no leito em kgf/m², dada pela equação 4.6.
γ: peso específico da água em ton
Rh: raio hidráulico da seção em m;
S: declividade em m/m;
Pot: potência do escoamento em kgf/m.s, dada pelo produto da tensão de
cisalhamento pela velocidade média do escoamento.
Os resultados acima apresentados, referentes ao Arroio Cancela, mostraram
que:
- a vazão apresentou um bom ajuste quando relacionada com a profundidade
hidráulica, resultando em um coeficiente de correlação de 0,9301;
- a concentração de sedimentos não apresentou um bom ajuste quando relacionada
com a vazão, resultando em um coeficiente de correlação de 0,4817;
- a descarga de sedimentos em suspensão apresentou um bom ajuste quando
relacionada com a vazão, com a velocidade, com a profundidade hidráulica, com a
tensão de cisalhamento no leito e com a potência do escoamento resultando em
coeficientes de correlação de 0,9023, 0,7857, 0,9047, 0,7251 e 0,7477,
respectivamente;
- a descarga de sedimentos de arraste de fundo apresentou bons ajustes quando
relacionadas com a vazão, velocidade, profundidade hidráulica, com a tensão de
cisalhamento no leito e com a potência do escoamento resultando em coeficientes
88

de correlação de 0,6796, 0,6823, 0,5878, 0,6718 e 0,6766, respectivamente.


- a descarga total de sedimentos apresentou um bom ajuste quando relacionada
com a vazão, velocidade, profundidade hidráulica, com a tensão de cisalhamento no
leito e com a potência do escoamento resultando em coeficientes de correlação de
0,8888, 0,8552, 0,7955, 0,8133 e 0,8327, respectivamente.

4.2 Resultados da Aplicação dos Métodos de Cálculo da Descarga Total de


Sedimentos

A Tabela 4.9 apresenta os resultados das 13 medições da descarga total de


sedimentos (Qtm) e dos cálculos para estimativa da descarga total de sedimentos
(Qtc) usando os Métodos de cálculo de: Einstein Modificado por Colby e Hembree
(1955), Colby (1957), Engelund e Hansen (1967), Yang (1973), Ackers e White
(1973), Van Rijn (1984), Karim (1998) e Cheng (2002).
A Tabela 4.10 apresenta a relação entre a vazão por unidade de largura do
canal (Q/B) e a razão (r) entre os valores da descarga de sedimentos total
calculados e os medidos.
89

Tabela 4.9 - Resultados das descargas medidas e calculadas.

Einstein Mod. Colby Engelund Hansen Yang Ackers e White Van Rijn Karim Cheng

Data Qtm (ton/dia) Qtc (ton/dia) Qtc (ton/dia) Qtc (ton/dia) Qtc (ton/dia) Qtc (ton/dia) Qtc (ton/dia) Qtc (ton/dia) Qtc (ton/dia)

15/12/03 1365,82 - 1826,43 7541,53 2692,82 975,03 4593,68 1226,64 17665,25


23/06/04 180,68 204,20 242,65 482,75 222,83 94,35 457,04 80,20 3352,64
13/07/04 100,06 102,97 111,87 15,93 6,01 2,86 21,28 3,59 389,15
29/07/04 25,27 28,49 32,76 28,01 10,31 5,07 45,82 5,63 611,54
06/08/04 320,96 323,49 408,30 520,99 251,15 101,59 478,33 89,89 3365,22
17/08/04 17,98 23,74 23,71 21,17 7,51 3,91 37,46 4,15 467,29
10/09/04 103,40 103,44 131,13 139,75 72,78 31,94 160,52 25,58 1540,36
1-20/09/04 36,41 33,47 42,75 42,51 19,58 8,81 53,72 8,89 768,84
2-20/09/04 12,71 10,91 16,27 20,20 7,84 3,71 27,47 4,46 476,71
3-20/09/04 555,24 302,37 728,07 1537,69 629,62 245,44 1312,83 255,89 7982,73
16/10/04 28,52 29,28 42,96 144,49 67,31 28,55 196,80 26,62 1989,48
1-09/11/04 641,62 681,93 968,55 7286,17 2117,46 909,31 4836,35 937,56 16967,79
2-09/11/04 1206,60 1285,25 1932,28 25819,35 5772,33 2427,54 14998,41 3224,31 41834,76
90

Tabela 4.10 - Relação entre a vazão por unidade de largura do canal (Q/B)
e a razão (r) entre os valores da descarga de sedimentos total calculados e os
medidos.
r
Data Q/B Einstein Engelund Ackers e
Colby Yang Van Rijn Karim Cheng
Mod. e Hansen White
15/12/03 2,45 - 1,34 5,52 1,97 0,71 3,36 0,90 12,93
23/06/04 0,47 1,13 1,34 2,67 1,23 0,52 2,53 0,44 18,56
13/07/04 0,18 1,03 1,12 0,16 0,06 0,03 0,21 0,04 3,89
29/07/04 0,13 1,13 1,30 1,11 0,41 0,20 1,81 0,22 24,20
06/08/04 0,55 1,01 1,27 1,62 0,78 0,32 1,49 0,28 10,48
17/08/04 0,12 1,32 1,32 1,18 0,42 0,22 2,08 0,23 25,99
10/09/04 0,32 1,00 1,27 1,35 0,70 0,31 1,55 0,25 14,90
1-20/09/04 0,23 0,92 1,17 1,17 0,54 0,24 1,48 0,24 21,12
2-20/09/04 0,18 0,86 1,28 1,59 0,62 0,29 2,16 0,35 37,51
3-20/09/04 0,72 0,54 1,31 2,77 1,13 0,44 2,36 0,46 14,38
16/10/04 0,23 1,03 1,51 5,07 2,36 1,00 6,90 0,93 69,76
1-09/11/04 1,07 1,06 1,51 11,36 3,30 1,42 7,54 1,46 26,45
2-09/11/04 1,68 1,07 1,60 21,40 4,78 2,01 12,43 2,67 34,67

As figuras 4.20, 4.21, 4.22, 4.23, 4.24, 4.25, 4.26 e 4.27 apresentam os
gráficos da variação da razão (r) com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).

1,40
1,30
1,20
1,10
1,00
r

0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00
Q/B

Figura 4.20 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Einstein


Modificado (1955) com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).
91

1,70
1,60
1,50
1,40

r
1,30
1,20
1,10
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Q/B

Figura 4.21 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Colby (1957)
com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).

25

20

15
r

10

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Q/B

Figura 4.22 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Engelund e


Hansen (1967) com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).

3
r

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Q/B

Figura 4.23 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Yang (1973)
com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).
92

2,5

2,0

1,5

r
1,0

0,5

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Q/B

Figura 4.24 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Ackers e White
(1973) com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).

10

6
r

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Q/B

Figura 4.25 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Van Rijn (1984)
com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).

3,0
2,5
2,0
1,5
r

1,0
0,5
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Q/B

Figura 4.26 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Karim (1998)
com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).
93

80
70
60
50
40

r
30
20
10
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Q/B

Figura 4.27 - Gráfico da variação da razão (r) para o Método de Cheng (2002)
com a vazão por unidade de largura do canal (Q/B).

Os resultados da descarga total de sedimentos calculada pelos métodos são


comparados com os resultados da descarga total de sedimentos medida. Os
melhores resultados apresentados pelos métodos são os resultados iguais ou mais
próximos dos resultados obtidos das medições. Para uma análise mais precisa na
escolha do método que apresentou os melhores resultados foram feitos cálculos do
índice de dispersão (ID), conforme proposto por Aguirre et al. (2004) dado pela
equação 2.97. São aceitáveis os métodos que apresentam ID com valores menores
ou iguais a dez. Os métodos serão tanto melhores, quanto mais próximo de zero for
o ID. A Tabela 4.11 apresenta os valores de ID.

Tabela 4.11 - Índice de dispersão (ID) para quantificar a estimativa de


sedimentos de um rio ou canal, proporcional a dispersão experimental.
MNE (%) MPF ID
Einstein Modif. (1955) 11,14 0,96 0,11
Colby (1957) 33,36 1,33 0,44
Engelund e Hansen (1967) 351,09 4,38 15,38
Yang (1973) 94,28 2,37 2,23
Ackers e White (1973) 62,66 5,10 3,2
Van Rijn (1984) 265,3 3,53 9,37
Karim (1998) 67,58 4,53 3,06
Cheng (2002) 2321,73 24,22 562,26
94

onde:
MNE (%):erro médio normalizado;
MPF: fator médio de estimativa;
ID: índice de dispersão dado pela equação 2.5.
As amostras para a determinação da descarga total de sedimentos foram
coletadas no Arroio Cancela e analisadas em laboratório entre Dezembro de 2003 e
Novembro de 2004. Foram feitas estimativas da descarga total de sedimentos
usando os Métodos de: Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955), Colby
(1957), Engelund e Hansen (1967), Yang (1973), Ackers e White (1973), Van Rijn
(1984), Karim (1998) e Cheng (2002). As Tabelas 4.10 e 4.11, anteriormente
apresentadas, mostraram que:
- o método de Eintein Modificado por Colby e Hembree apresentou os melhores
resultados em todos os casos, com r variando entre 0,54 a 1,32, média de 1,01 e ID
igual a 0,11;.
- o Método de Colby apresentou o segundo melhor resultado, com r variando entre
1,12 a 1,60, média de 1,33 e ID igual a 0,44;
- no Método de Engelund e Hansen r variou de 0,16 a 21,40, média de 4,38 e ID
igual a 15,38;
- no Método de Yang r variou entre 0,06 a 4,78, média de 1,41e ID igual a 2,23;
- no Método de Ackers e White r variou de 0,03 a 2,01, média de 0,59 e ID igual a
3,2;
- no Método de Van Rijn r variou de 0,21 a 12,43, média de 3,53 e ID igual a 9,37;
- no Método de Karim r variou de 0,04 a 2,67, média de 0,65 e ID igual a 3,06;
- no Método de Cheng r variou de 3,89 a 69,76, média de 24,22 e ID igual a 562,26.
Os métodos de Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955) e Colby
(1957), apresentaram os melhores resultados porque são métodos que usam dados
medidos de concentração de sedimentos em suspensão, ao contrário dos demais.
Por isso, seus resultados podem ser comparados entre si, na escolha do melhor
deles, mas não podem ser comparados com resultados obtidos pelos métodos de
estimativas.
As Figuras 4.20 até 4.27 mostraram que:
- em todos os métodos observou-se uma tendência crescente de r com o aumento
da vazão por unidade de largura do canal;
- em todas as figuras, com exceção da Figura 4.20, aparece um ponto isolado dos
95

demais, onde a vazão por unidade de largura é de 2,45. Esse ponto difere-se dos
demais, pois representa um evento de cheia ocorrido no dia 15/12/2003 onde se deu
o transbordamento da calha, a vazão medida neste dia foi de 13,10 m³/s. Os dados
desse evento não foram aplicados no método de Einstein Modificado por Colby e
Hembree (1955), pois os ensaios de concentração de sedimentos em suspensão
foram realizados pelo método de filtração, o qual não fornece a distribuição
granulométrica dos sedimentos em suspensão necessária à aplicação de tal método.
A classificação das formas de fundo foi apresentada no item 2.3.4, de acordo
com Van Rijn (1984). Em todos os eventos as formas de fundo foram do tipo dunas,
com exceção dos eventos dos dias 15/12/03, 3_20/09/04, 1_09/11/04 e 2_09/11/04,
onde as formas de fundo foram do tipo fundo plano, transição, fundo plano e fundo
plano, respectivamente.

Tabela 4.12 – ID (índice de dispersão) calculados e ID apresentados por


Aguirre-Pe.
Métodos em comum ID calculado ID Aguirre-Pe
1.Engelund e Hansen 15.38 15.333
2.Ackers e White 3.2 31.015
3.Karim 3.06 38.560
4.Cheng 562.26 247.910

600
500
400
ID calculados
IDs

300
ID Aguirre-Pe
200
100
0
0 1 2 3 4 5
métodos em comum

Figura 4.28 - Gráfico comparativo dos valores de ID calculados com os valores


de ID apresentados por Aguirre-Pe.
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Os resultados obtidos das treze campanhas realizadas entre Dezembro de


2003 a Novembro de 2004 no Arroio Cancela em Santa Maria, RS, permitiram
comparar os valores medidos da descarga total de sedimentos com os valores
calculados pelos métodos de Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955),
Colby (1957), Engelund e Hansen (1967), Yang (1973), Ackers e White (1973), Van
Rijn (1984), Karim (1998) e Cheng (2002).
Os dois métodos que incorporam dados medidos de concentração de
sedimentos em suspensão: Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955) e Colby
(1957) obtiveram os melhores resultados. O melhor deles foi o de Einstein
Modificado por Colby e Hembree com a relação entre a descarga calculada e a
descarga medida de 1,01 e índice de dispersão de 0,11. Em seguida o método de
Colby mostrou que a relação entre a descarga calculada e a medida foi de 1,33 e
índice de dispersão de 0,44.
Dos métodos da estimativa indireta da descarga total de sedimentos, o
método de Yang foi o que apresentou os melhores resultados com a relação entre a
descarga calculada e a descarga medida de 1,41 e índice de dispersão de 2,23. Os
métodos de Karim (1998) e Ackers e White (1973) apresentaram bons resultados,
com as relações entre as descargas calculadas e as descargas medidas de 0,65 e
0,59 e ìndices de dispersão de 3,06 e 3,20, respectivamente. O método de Van Rijn
(1984) apresentou relação entre a descarga calculada e a descarga medida de 3,53
e índice de dispersão de 9,37. Considerando que os índices de dispersão são
aceitáveis até 10, o método de Van Rijn pode ser considerado, porém comparado
com os demais, apresentou resultados ruins.
Os piores resultados de todos os métodos aplicados foram apresentados
pelos métodos de Engelund e Hansen (1967) e pelo método de Cheng (2002). O
método de Engelund e Hansen mostrou uma relação entre a descarga calculada e a
descarga medida de 4,35 e índice de dispersão de 15,38. O método de Cheng foi o
pior deles, com relação entre a descarga calculada e a descarga medida de 24,22 e
índice de dispersão de 562,26.
Com base nas conclusões pode-se recomendar que sejam feitas medidas da
concentração de sedimentos em suspensão para posterior aplicação dos métodos
97

de Einstein Modificado por Colby e Hembree (1955) e Colby (1957), com o objetivo
de caracterizar o transporte de sedimentos na seção em estudo . No caso da
ausência de medidas da concentração de sedimentos em suspensão pode-se
aplicar o método de Yang (1973) que apresentou o melhor resultado, em relação aos
demais, quando comparado com dados medidos.
Os métodos de Karim (1998) e Ackers e White (1973) subestimaram a
descarga total de sedimentos, enquanto os métodos de Van Rijn (1984), Engelund e
Hansen (1967) e Cheng (2002) superestimaram essa carga.
As medições e coletas no campo são de fundamental importância para se
obter dados reais da seção ou trecho do rio que se quer analisar. O trabalho de
campo é árduo e às vezes passa por situações inesperadas. As possíveis falhas nos
cálculos da descarga total de sedimentos podem estar nas medições, nas coletas,
nas análises de laboratório e, talvez, em alguns métodos de cálculo. Por isso é
importante que os métodos de cálculo, sejam aprimorados e adaptados para
diferentes condições de campo e que se desenvolvam também novos métodos
aplicáveis a estas condições, já que a maioria deles usa dados medidos em calhas
de laboratório. Com objetivo de facilitar e minimizar os erros das coletas de
sedimentos de arraste de fundo e suspensão, o desenvolvimento de novos
equipamentos de medições deve ser incentivado.
6. REFERÊNCIAS

ACKERS, P. & WHITE, W.R. Sediment Transport: New Aproach and Analysis.
Journal of the Hydraulics Division, ASCE, vol. 99, No.HY 11, Nov.,
pp.2041-2060. 1973.

AGUIRRE-PE, J.; MONCADA, A.T. e OLIVERO, M.L. Transporte de Sedimentos en


Rios y Canales. In: XXI CONGRESSO LATINOAMERICANO DE
HIDRÁULICA, IAHR, Oct., 2004, São Pedro, SP. 10p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Solo - Análise


Granulométrica - Análise de Ensaio : NBR 7181. São Paulo, 1984. 13p.

CARVALHO, N. O. Guia de Práticas Sedimentométricas. Agência Nacional de


Energia Elétrica, Superintendência de Estudos e Informações
Hidrológicas, 2000. 154p.

CARVALHO, N. O. Hidrossedimentologia Prática. CPRM: ELETROBRÁS, 1994.


372p.

CHENG, N. S. Exponential Formula for Bedload Transport. Journal of Hydraulic


Engineering, ASCE, Vol. 128, n.10, Oct., pp.942-946. 2002.

KARIM, F. Bed Material Discharge Prediction for Nonuniform Bed Sediments.


Journal of Hydraulic Engineering, ASCE, Vol. 124, n. 6, Jun., pp.597-604.
1998.

LABORATÓRIO CESP DE ENGENHARIA CIVIL (LCEC), Ensaios


Sedimentométricos - Companhia Energética de São Paulo (CESP), Ilha
Solteira, SP, 2004.

MENDES, A. B. Einstein.xls, Modelo matemático para cálculo da descarga sólida


total pelo método modificado de Einstein. Monografia de final de Curso de
Engenharia Civil - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2001.

MOLINAS, A.; WU, B. Transport of Sediment in Large Sand-Bed Rivers. Journal of


Hydraulic Research, Vol. 39, n. 2, Oct., pp. 135-146. 2001.

PAIVA, J. B. D. Avaliação dos Modelos Matemáticos de Cálculo do Transporte


de Sedimentos em Rios. 1988. 315p. Tese (Doutorado em Hidráulica e
Saneamento). Universidade de São Carlos, São Paulo, 1988.

PAIVA, J. B. D. Métodos de Cálculo do Transporte de Sedimentos em Rios.


Hidrologia Aplicada a Gestão de Pequenas Bacias Hidrográficas. Porto
Alegre. ABRH, 2001. cap. 12, p. 313-364.
99

PAIVA, J. B. D. Quantidade dos Recursos Hídricos. Hidrologia Aplicada a Gestão


de Pequenas Bacias Hidrográficas. Porto Alegre. ABRH, 2001. cap. 19, p.
539-540.

PAIVA, L. E. D. Aplicação de Métodos Macroscópicos na Determinação da


Carga Sólida Total Transportada em Rios. 1995. 186f. Tese (Doutorado em
Recursos Hídricos e Saneamento). Universidade Estadual de Campinas, São
Paulo, 1995.

PONCE, R. J. C. Análise da Aplicabilidade e Modificações de Modelos de


Cálculo do Transporte de Sedimento por Arraste de Fundo em Rios de
Médio Porte. 1990. 373p. Tese (Doutorado em Hidráulica e Saneamento).
Universidade de São Carlos, São Paulo, 1990.

RIVAS, S. A. M.; SÁNCHEZ, J. L. L. Transporte de Sedimentos en el Río Orinoco. In:


XXI CONGRESSO LATINOAMERICANO DE HIDRÁULICA, IAHR, Oct.,
2004, São Pedro, SP. 7p.

SIMÕES, S. J. C.; COIADO, E. M. Processos Erosivos. Hidrologia Aplicada a


Gestão de Pequenas Bacias Hidrográficas. Porto Alegre. ABRH, 2001. cap.
10, p. 283-293.

VAN RIJN, L. C. Sediment Transport, Part I: Bed Load Transport. Journal of


Hydraulic Engineering, ASCE, Vol. 110, n.10, Oct., pp.1431-1456. 1984.

VAN RIJN, L. C. Sediment Transport, Part II: Suspended Load Transport . Journal
of Hydraulic Engineering, ASCE, Vol. 110, n.11, Nov., pp.1613-1641. 1984.

VAN RIJN, L. C. Sediment Transport, Part III: Bed Forms and Alluvial Rougness .
Journal of Hydraulic Engineering, ASCE, Vol. 110, n.12, Dec., pp.1733-
1754. 1984.

YANG, C.T. Incipient Motion and Sediment Transport. Journal of the Hydraulics
Division, ASCE, Vol.99, n. HY10, Oct., pp.1679-1701. 1973.
ANEXOS
101

ANEXO A – DISTRIBUIÇÕES GRANULOMÉTRICAS DOS


SEDIMENTOS EM SUSPENSÃO FORNECIDAS A PARTIR DE
ENSAIOS DE PIPETAGEM E DO TUBO DE RETIRADA PELO FUNDO.

Tabela A1 - Faixa
Granulométrica 23/06/04
φ mm %<φ
2 99,4 Pip. Susp. Peneiramento (seco)

1 97,1
0,5 77,4

passado (%)
0,25 48,7
0,125 39,5
0,062 28,3
0,031 19,5
0,016 13,1
0,008 6,1 diâmetro dos grãos (mm)

0,004 4,0
0,002 1,8 Figura A1 - Curva Granulométrica 23/06/04

Tabela A2 - Faixa
Granulométrica 13/07/04
φ mm %<φ
Pip. Susp. Peneiramento (seco)
2 100,0
1 100,0
passado (%)

0,5 100,0
0,25 96,1
0,125 92,0
0,062 85,1
0,031 55,9
0,016 25,6
diâmetro dos grãos (mm)
0,008 10,1
0,004 6,3 Figura A2 - Curva Granulométrica 13/07/04
0,002 0
102

Tabela A3 - Faixa
Granulométrica 29/07/04
φ mm %<φ
2 100,0 Pip. Susp. Peneiramento (seco)

1 100,0
0,5 100,0

passado (%)
0,25 97,7
0,125 93,9
0,062 87,6
0,031 43,5
0,016 12,9
0,008 2,9 diâmetro dos grãos (mm)

0,004 2,9
0,002 0,6 Figura A3 - Curva Granulométrica 29/07/04

Tabela A4 - Faixa
Granulométrica 06/08/04
φ mm %<φ
Pip. Susp. Peneiramento (seco)
2 100,0
1 100,0
passado (%)

0,5 100,0
0,25 93,5
0,125 85,6
0,062 70,0
0,031 44,1
0,016 26,1
diâmetro dos grãos (mm)
0,008 12,9
0,004 8,2
Figura A4 - Curva Granulométrica 06/08/04
0,002 0,4
103

Tabela A5 - Faixa
Granulométrica 17/08/04
φ mm %<φ
2 100,0
1 100,0 Tubo Rem. Base Peneiramento (seco)
0,5 100,0
0,25 89,8

passado (%)
0,125 77,8
0,062 72,1
0,0442 59,0
0,0312 48,2
0,0221 36,4
0,0156 25,8 diâmetro dos grãos (mm)
0,0110 17,5
0,0078 11,7 Figura A5 - Curva Granulométrica 17/08/04
0,0055 7,7
0,0039 5,0

Tabela A6 - Faixa
Granulométrica 10/09/04
φ mm %<φ
Pip. Susp. Peneiramento (seco)
2 100,0
1 100,0
passado (%)

0,5 100,0
0,25 91,6
0,125 82,1
0,062 64,5
0,031 32,7
0,016 13,3
diâmetro dos grãos (mm)
0,008 6,8
0,004 2,1 Figura A6 - Curva Granulométrica 10/09/04
0,002 0
104

Tabela A7 - Faixa
Granulométrica 20/09/04
(1ºEvento)
φ mm %<φ
2 100,0
1 100,0 Tubo Rem. Base Peneiramento (seco)
0,5 100,0
0,25 94,8
0,125 81,9

passado (%)
0,062 64,5
0,0442 50,7
0,0312 42,8
0,0221 35,0
0,0156 27,9 diâmetro dos grãos (mm)

0,0110 22,0
0,0078 17,2 Figura A7 - Curva Granulométrica 20/09/04
(1ºEvento)
0,0055 13,4
0,0039 10,5

Tabela A8 - Faixa
Granulométrica 20/09/04
(2ºEvento)
φ mm %<φ
2 100,0
1 100,0 Tubo Rem. Base Peneiramento (seco)

0,5 100,0
0,25 85,2
passado (%)

0,125 68,6
0,062 37,6
0,0442 31,4
0,0312 26,7
0,0221 21,7
0,0156 16,9 diâmetro dos grãos (mm)

0,0110 12,9
0,0078 9,7 Figura A8 - Curva Granulométrica 20/09/04
0,0055 7,3 (2ºEvento)
0,0039 5,5
105

Tabela A9 - Faixa
Granulométrica 20/09/04
(3ºEvento)
φ mm %<φ Pip. Susp. Peneiramento (seco)

2 100,0
1 99,7

passado (%)
0,5 97,3
0,25 88,8
0,125 78,2
0,062 63,8
0,031 48,8
0,016 27,1 diâmetro dos grãos (mm)

0,008 15,4 Figura A9 - Curva Granulométrica 20/09/04


0,004 8,0 (3ºEvento)
0,002 4,0

Tabela A10 - Faixa


Granulométrica 16/10/04
φ mm %<φ
2 100,0
Tubo Rem. Base Peneiramento (seco)
1 100,0
0,5 100,0
0,25 98,4
passado (%)

0,125 95,1
0,062 88,7
0,0442 62,5
0,0312 51,1
0,0221 40,7
diâmetro dos grãos (mm)
0,0156 31,8
0,0110 24,5
0,0078 18,9 Figura A10 - Curva Granulométrica 16/10/04
0,0055 14,5
0,0039 11,2
106

Tabela A11 - Faixa


Granulométrica 09/11/04
(1ºEvento)
φ mm %<φ Pip. Susp. Peneiramento (seco)

2 100,0
1 99,7

passado (%)
0,5 97,3
0,25 88,8
0,125 78,2
0,062 63,8
0,031 48,8
0,016 27,1 diâmetro dos grãos (mm)

0,008 15,4
0,004 8,0 Figura A11 - Curva Granulométrica 09/11/04
(1ºEvento)
0,002 4,0

Tabela A12 - Faixa


Granulométrica 09/11/04
(2ºEvento)
φ mm %<φ
Pip. Susp. Peneiramento (seco)
2 100,0
1 99,9
passado (%)

0,5 98,0
0,25 84,9
0,125 66,6
0,062 47,5
0,031 35,8
0,016 23,5
diâmetro dos grãos (mm)
0,008 14,9
0,004 8,1
Figura A12 - Curva Granulométrica 09/11/04
0,002 4,3 (2ºEvento)
107

ANEXO B – EXEMPLO DE CÁLCULO PARA OS MÉTODOS DE


COLBY (1957), ENGELUND E HANSEN (1967), YANG (1973),
ACKERS E WHITE (1973), VAN RIJN (1984), KARIM (1998) E CHENG
(2002), USANDO COMO EXEMPLO O EVENTO DO DIA 15/12/2003.

Evento dia 15/12/2003


Q= 13,1 m³/s
A= 11,41 m²
B= 5,35 m
C= 1183,33 mg/L
U= 1,15 m/s
d= 2,215 m
D90= 2,4 mm
D84= 1,2 mm
D65= 0,65 mm
D50= 0,5 mm
D35= 0,35 mm
D16= 0,2 mm
Rh= 1,71 m
S= 0,00316 m/m
Dm= 1,06 mm
α= 10
g= 9,81m/s²
ν= 0,00000102 m²/s

B1 - Método de Colby (1957)


Qsm= 0,0864*Q*C’s= 1339,34 ton/dia
log qnm= 3,432*logU + 1,6004 = 64,37 ton/dia/m
log Cr = A. log U + B = 820,58 mg/L
C' s
e= = 1,44
Cr
108

 C' s 
log K = 0,4732. log  + 0,0753 = 1,41
 Cr 
Qnm = qnm.B.K = 487,08 ton/dia
Qst= Qsm + Qnm= 1826,42 ton/dia

B2 - Método de Engelund e Hansen (1967)


τo= γ. Rh.S= 5,40 kgf/m²
1 3

 D50 2  τo 2
gs = 0,05.γs.U 
2
   = 16,31 kgf/m.s
 g(γs / γ − 1)  (γs − γ )D50 
Qt= gs.B.86400/1000= 7541,53 ton/dia

B3 - Método de Yang (1973)


U* = (9,81* Rh* S)0,5= 0,23 m/s
2 γ
[ .g.( s - 1).Di3 + 36. ν2 ] - 6.ν
(1/2)

3 γ = 0,10 m/s
W=
Di
U .D
∗ = 239,27
ν

Uc U .D
= 2,05 para 70 < ∗
W ν
 W.D  U∗
logCT = 5,435 - 0,286.log.  - 0.457.log. +
 ν  W

 W.D U∗  U.S Uc.S 


+ 1,799 - 0,409.log. - 0,314.log. .log - 
 ν W  W W 
CT= 2379,16 ppm
Qt= 0,0864*Q*CT= 2692,82 ton/dia

B4 - Método de Ackers e White (1973)


U* = (9,81* Rh* S)0,5 = 0,26 m/s
1

 g(s − 1) 3
Dgr = D35   = 8,74
 ν
2

109

1− n
 
 
U* n
 U 
Fgr = . =1,33
gD 35 (s − 1)   α.d  
 5,657. log  
  D 35  
m
 Fgr 
Ggr = CA  − 1 =1,02
 A 
Para 1 ≤ Dgr ≤ 60:

n= 1 – 0,56.logDgr = 0,47

0,23
A= + 0,14 = 0,22
(Dgr )0,5
9,66
m= + 1,34 =2,44
Dgr
logCA=2,86.logDgr–(logDgr)2–3,53=0,02
Ggr.s.D35 1
C= . n
=861,46 ppm
d U* 
 
U
Qt=0,0864.Q.C=975,03 ton/dia

B5 - Método de Van Rijn (1984)


4.Rh.U
Rey = = 7711764,706
υ
Ks = 3.D90= 0,0072 m
 K  
   
1   4.Rh  + 2,510,5  = 0,02
= - 0,86.ln
f
0,5
 3,7 Rey.f 
 
 
Rey/f > 8.106 → fw= 0,197.(Rey/f)-0,155= 0,0092
2.d
fb = f + ( f - fw ) = 0,03
B
Ab fb.U2
Rb = = = 0,16 m
Pb 8.g.s
1/ 3
 (s - 1).g 
D ∗ = D50.  = 12,48
 ν
2

110

 12.Rb 
C = 18. log  = 43,54
,

 3.D90 
0,5
g
u∗ =[ ].U = 0,08 m/s
,

C'
10< D* ≤20 → θcr = 0,04.D*-0,10= 0,03

θ cr =
(ucr ) 2

= 0,016
(s − 1)gD 50

2 2
(u, ∗ ) - (u∗cr )
T= = 26,21
(u∗cr )2
qb 2,1
T = 0,001 m³/s/m
0,5
= 0.053.
[(s - 1).g ] .D 501,5 D ∗0,3

se Ks ≥ 0,01.d, então a= Ks, senão a=0,01.d; a= 0,022


D50 T1,5
Ca = 0,015. . = 0,021
a D ∗0,3

 D84 D16 
σ s = 0,5. +  = 1,4
 D50 D50 
Ds
= 1 + 0,011.( σ s - 1).(T - 25) = 0,0005 m
D50

υ   0,01.(s - 1).g.Ds3  
0,5

W = 10. .1+  - 1 = 0,07 m/s


Ds   υ
2
 
u* = [g.d.S] 0,5= 0,26 m/s
2
W W
β = 1 + 2.  , para 0,1 < < 1= 1,15
 u∗  u∗
0,8 0, 4
 W   Ca  W
ϕ = 2,5.  .  para 0,01 ≤ ≤ 1= 0,23
 u∗   Co  u∗

W
Z= = 0,60
β.K.u ∗
Z' = Z + ϕ = 0,82
a a 1,2
[ ]Z - [ ]
,

F= d d = 0,049
a Z
[1 - ] .[1,2 - Z ]
,
,

d
111

qs = F.U.d.ca = 0,003 m³/s/m


qT = qb + qs = 0,004 m³/s/m

Qt= 2,65.B.qt.86400= 4593,68 ton/dia

B6 - Método de Karim (1998)


 2 36ν 2 36ν 2 
W = + −  g.∆.D50 = 0,06 m/s
 3 g.∆.D350 g.∆.D350 
 
2,97
qs  V  u*
1, 47

= 0,00139    ; qs= 0,001 m³/s/m


g.∆.D 350  g.∆.D  W
 50 
Qt= qs * 2,65 * 86400 * B= 1226,64 ton/dia

B7 - Método de Cheng (2002)


u 2*
Θ= = 8,48
∆.g.D 50

 0,05 
Φ = 13Θ1,5 exp − 1,5  = 320,61
 Θ 
qb
Φ= ; qb= 0,0140 m³/s/m
D50 ∆.g.D50

Qt= qb*B*86400*2,65= 17665,25 ton/dia


112

ANEXO C – ENSAIOS LABORATORIAIS DE SEDIMENTAÇÃO, TUBO


DE RETIRADA PELO FUNDO E PIPETAGEM.

C1 - Ensaio de Sedimentação

O método é descrito na NBR 7181/1984 e objetiva a determinação da


granulometria dos sedimentos em suspensão através da precipitação das partículas.
O processo de análise é baseado na lei de Stokes. A amostra, com o passar do
tempo vai se tornando heterogênea devido a sedimentação das partículas.
A porcentagem de material em suspensão é dada pela seguinte equação:
δ Vδc (L − Ld)
Qs = N ×
(δ − δd) Ph
× 100
(100 + h)
Onde:
Qs: porcentagem de solo em suspensão no instante da leitura do densímetro;
N: porcentagem de material que passa na peneira 200mm;
δ: massa específica dos grãos de solo (g/cm³);
δd: massa específica do meio dispersor (g/cm³);
V: volume da suspensão em cm³;
δc: massa específica da água a temperatura de calibração (20°C) em g/cm³;
L: leitura do densímetro na suspensão;
Ld: leitura do densímetro no meio dispersor;
Ph: massa do material úmido (g);
h: umidade higroscópica da amostra;
O diâmetro das partículas de solo em suspensão é dado pela seguinte
equação: (Lei de Stokes)
1800n a
d= ⋅
δ − δd t

Onde:
d: diâmetro máximo das partículas em mm;
n: coeficiente de viscosidade (g.s/cm²);
a: altura de queda das partículas com resolução de 0,1 cm, correspondente à leitura
113

do densímetro, em cm;
t: tempo de sedimentação (s);
δ: massa específica do grão de solo (g/cm³);
δd: massa específica do meio dispersor à temperatura de ensaio (g/cm³);
O traçado da curva é dado plotando-se os diâmetros dos grãos no eixo das
abscissas e as porcentagens das partículas menores do que os diâmetros
considerados no eixo das ordenadas.

Tabela C1 – Tabela de cálculo para determinação da curva granulométrica pelo


ensaio de Sedimentação.

Massa Esp.sólidos (g/cm³): 2.650 Peso úmido (g): 120.00 Peso seco (g): 119.72
Tempo Temperatura Viscosidade Densidade Correção Altura Queda Diâmetro (%) Amost.
Decorrido T (ºC) m (g.s\cm2) L Ld h (cm) D (mm) Total < Diâm.
30 seg 22.4 9.7011E-06 1.0130 1.00370 17.40 0.0783 11.05
1 min 22.4 9.7011E-06 1.0105 1.00370 17.86 0.0561 8.08
2 min 22.4 9.7011E-06 1.0100 1.00370 17.95 0.0398 7.49
4 min 22.4 9.7011E-06 1.0095 1.00370 16.94 0.0273 6.89
8 min 22.4 9.7011E-06 1.0095 1.00370 16.94 0.0193 6.89
15 min 22.4 9.7011E-06 1.0090 1.00370 17.04 0.0142 6.30
30 min 22.4 9.7011E-06 1.0090 1.00370 17.04 0.0100 6.30
60 min 22.4 9.7011E-06 1.0085 1.00370 17.13 0.0071 5.70
120 min 22.4 9.7011E-06 1.0070 1.00370 17.41 0.0051 3.92
240 min 22.6 9.6559E-06 1.0070 1.00366 17.41 0.0036 3.97
1260 min 25.4 9.0565E-06 1.0060 1.00306 17.59 0.0015 3.49
1440 min 18.8 1.0574E-05 1.0060 1.00436 17.59 0.0015 1.95

C2 - Ensaio do Tubo de Retirada pelo Fundo

O ensaio é descrito em Carvalho (1994) e objetiva a determinação da


granulometria e da concentração de sedimentos em suspensão contida na amostra
através da precipitação das partículas. O processo de análise é baseado na teoria
de Oden e na lei de Stokes. A distribuição granulométrica é dada pelo traçado da
curva de Oden: em um papel milimetrado, plota-se, em escala horizontal, o tempo de
deposição das partículas de sedimentos (em minutos) e em escala vertical, a
114

porcentagem de sedimentos em suspensão. Na escala dos tempos usa-se o artifício


de superposição de valores, isto é, faz a escala variar nos limites de 0 a 14, 0 a 140,
0 a 1400 e 0 a 14000 minutos. Após traçadas as curvas, emprega-se a tabela de
tempo para ser usada com a curva de Oden. A tabela apresenta na primeira coluna,
temperaturas de 10 a 32 °C, no alto das colunas seguintes estão os diâmetros das
partículas em mm: 1, 0,5, 0,25, 0,125, 0,062, 0,044, 0,031, 0,022, 0,016, 0,011,
0,008, 0,006, 0,004, 0,003 e 0,002. Nas colunas verticais em correspondência com
as temperaturas de ensaio lêem-se valores referentes a cada diâmetro padrão.
Esses valores são levados ao gráfico da curva de Oden tomando como referência a
escala horizontal dos tempos. Por esses pontos são traçadas tangentes à curva até
interceptarem o eixo vertical onde encontrarão as porcentagens referentes ao
diâmetro considerado.

Tabela C2 - Tabela de cálculo para determinação da curva granulométrica pelo


ensaio do Tubo de Retirada pelo fundo.

Altura da coluna: 100.0 Tubo nº: 1 sedim.em tempo p/ φ


%<φ
temp.ºC (h:mm:ss) alt.queda becker p. s.+ t. tara (g) suspens. dep.100cm
22.0 10:10:00 100.0 - - - (%) (min.) (mm)
22.0 10:10:30 90.3 52 46.9548 46.8594 100.0 0.0 0.0442 50.7
22.0 10:11:00 80.0 55 45.1032 45.0242 94.9 0.6 0.0312 42.8
22.0 10:12:00 70.3 1 46.2683 46.1944 92.6 1.3 0.0221 35.0
22.0 10:15:00 60.5 8 45.5152 45.3435 89.8 2.8 0.0156 27.9
22.0 10:23:00 50.0 46 45.5108 45.3964 60.5 8.3 0.0110 22.0
22.0 10:42:00 39.9 32 45.3777 45.3164 38.7 26.0 0.0078 17.2
22.0 11:30:00 29.9 2 45.7196 45.6838 26.2 80.2 0.0055 13.4
22.0 12:50:00 20.0 31 44.8277 44.8073 18.9 267.6 0.0039 10.5
22.0 17:40:00 10.0 51 44.4960 44.4833 16.4 800.0 Areia = 35.5 %
22.0 17:41:00 0.0 4 45.2119 45.1928 21.5 4500.0 Silte = 54.0 %
Coleta final (lavagem do tubo): 15 47.0181 46.9994 Conc.: 334.91 mg/l Argila = 10.5 %
115

C3 - Ensaio de Pipetagem

O método é descrito em Carvalho (1994) e objetiva a determinação da


granulometria e da concentração de sedimentos em suspensão contida na amostra
através da precipitação das partículas. O processo de análise é baseado na lei de
Stokes. Para o ensaio da pipeta é usada uma tabela do tempo de pipetagem em
função da temperatura, profundidade de retirada e diâmetro das partículas. Traça-se
a curva granulométrica onde no eixo das ordenadas são plotadas as porcentagens
do material e no eixo das abscissas são plotados os diâmetros conforme a tabela.

Tabela C3 – Tabela de cálculo para determinação da curva granulométrica pelo


ensaio de Pipetagem.

tam. profund. t.retirada temp. caps. sed.+ t. tara %<φ intervalo


(mm) (cm) (h:mm:ss) (ºC) nº (g) (g) (%)
0.062 10 0:01:00 27.0 50 46.8440 46.7288 63.8 -
0.031 10 0:02:38 27.0 62 45.9329 45.8438 48.8 15.0
0.016 10 0:07:31 27.0 30 44.0634 44.0121 27.1 21.7
0.008 10 0:27:00 27.0 52 46.8937 46.8629 15.4 11.8
0.004 7 1:13:56 27.0 20 45.0903 45.0723 8.0 7.3
0.002 7 4:52:33 27.0 47 45.7455 45.7346 4.0 4.1

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