Você está na página 1de 10

Visão empreendedora

P ara iniciar esta aula vamos reproduzir uma história que confirma a afirmativa: O sucesso de hoje
não garante o sucesso amanhã.

“Grandes negócios também são efêmeros.” (CHIAVENATO, 2004, p. 64).


Francisco Matarazzo (1854-1937) chegou ao Brasil em 1881. No ano seguinte, abriu seu pri-
meiro empreendimento, uma venda em Sorocaba, estado de São Paulo. Logo iniciou a fabricação de
banha e, em 1891, mudou-se para a capital, onde fundou, com mais 43 sócios, as Indústrias Reunidas
Francisco Matarazzo. A partir de então, o conde italiano abriu dezenas de fábricas, que produziam
de tudo um pouco. Graças ao talento empreendedor e à facilidade de lidar com financistas, soube
aproveitar o início da industrialização do país para construir o maior império industrial da América
Latina. Infelizmente, o imenso grupo empresarial – manejado à mão-de-ferro pelo proprietário prin-
cipal – não conseguiu manter-se depois que a segunda geração da família assumiu o controle. Por fim,
acabou desaparecendo do mercado com uma rapidez incrível.
A decisão de abrir um negócio é muito mais do que uma análise de viabilidade econômica,
mercadológica ou financeira. É a busca da compatibilidade entre você – empreendedor – e sua idéia
de empreender.
Enquanto a missão se refere à essência do negócio e da própria razão de ser e de existir, a visão
está focada no futuro e no destino.
Podemos, então, conceituar a visão como a imagem que o empreendedor tem a respeito do futuro
do seu negócio, ou seja, é o que ele pretende que o negócio seja dentro de um certo horizonte de tempo.
Porém, como vimos na história Matarazzo, o sucesso futuro pode ser projetado e até alcançado
por um espaço de tempo mas, precisa que outros novos métodos e atitudes, periodicamente, sejam im-
plementados para garantir a continuidade do sucesso da empresa, tendo em vista os novos desafios.
O empreendedor deve trabalhar como um visionário e é preciso transmitir o que tem em mente
para o seu negócio para seus parceiros e seus colaboradores. A visão funciona como uma bússola,
indicando a direção que o negócio deve caminhar.
Segue um quadro sinóptico em que podemos observar a diferença entre missão e visão.

Missão Visão
Inclui o negócio da empresa É o sonho do negócio

É o ponto de partida É o lugar para onde vamos

É o documento de identidade da empresa É o passaporte para o futuro

Indica “quem somos” Projeta “quem desejamos ser”

Dá o rumo à empresa Fornece energia para a empresa

É orientadora É inspiradora
Pedagogia e Empreendedorismo

A questão do conflito
Todo problema traz em si a
semente da sua solução.

Máxima oriental

A existência de conflitos é inerente a todo relacionamento humano e é bas-


tante comum dentro das equipes de trabalho. No entanto, os gestores podem en-
frentar estes conflitos de duas formas: positiva ou negativa. Não é a existência dos
conflitos, mas a forma como ele é enfrentado que determinará se o conflito será
positivo ou negativo para as pessoas e para a empresa.
Geralmente, os conflitos surgem em uma organização devido aos problemas
de comunicação, relacionamentos pessoais ou estrutura organizacional.
Problemas de comunicação – mal-entendidos em conseqüência de se-
mântica, linguagem não-familiar, informação ambígua ou incompleta.
Problemas de estrutura – lutas pelo poder entre departamentos com obje-
tivos ou sistemas de recompensa conflitantes, concorrência por recursos
escassos, ou interdependência de dois ou mais grupos para consecução
de suas metas.
Problemas com pessoas – incompatibilidade de personalidade, de ob-
jetivos ou de valores sociais dos empregados com o comportamento do
papel exigido pelos seus cargos.
Certas características da personalidade, como autoritarismo ou dogmatis-
mo, também podem conduzir ao conflito.
Conflito pode ser definido como qualquer espécie de opressão ou interação
antagônica entre duas ou mais pessoas ou partes. Ele pode e deve ser visto como
um feixe de personalidades.
As pessoas dificilmente têm objetivos e interesses idênticos. São essas di-
ferenças que produzem alguma espécie de conflito. O conflito é inerente à vida
de cada indivíduo e faz parte da natureza humana. Constitui o lado oposto da
cooperação. O conflito pode ocorrer entre pessoas ou entre grupos como conjun-
to de pessoas.
A vida de uma pessoa é um constante defrontamento com conflitos, mui-
tos dos quais são tratados de uma maneira saudável até sua resolução. Outros
tornam difícil a vida da pessoa ou do grupo de pessoas. A resolução de um
conflito leva a novos e diferentes conflitos e assim, indefinidamente. Uma das
maneiras de se avaliar a eficácia da solução é verificar o caráter dos novos con-
flitos que dela decorrem.
Uma forma de gerenciar conflitos é utilizando a negociação. É importante
que o dirigente domine a arte de negociar para minimizar os resultados do confli-
to e até gerar efeitos positivos.
O conflito, pois, pode gerar efeitos positivos e negativos.

102
Visão empreendedora

São efeitos positivos:


despertar sentimentos e energia dos membros do grupo;
estimular sentimentos de identidade dentro do grupo, aumentando a co-
esão grupal;
um modo de chamar a atenção para os problemas existentes e serve para
evitar problemas mais sérios, atuando como mecanismo de correção.
Como efeitos negativos podemos destacar:
apresenta conseqüências altamente indesejáveis para o funcionamento
da organização, pois os indivíduos desenvolvem sentimentos de frustra-
ção e tensão;
grande parte da energia criada pelo conflito é dirigida e gasta nele mes-
mo, prejudicando a energia que poderia ser utilizada no trabalho produ-
tivo;
a cooperação passa a ser substituída por competição.
Como os conflitos podem trazer resultados construtivos ou negativos para
as pessoas ou grupo e, sobretudo para a organização como um todo, a questão
primordial é como administrar o conflito de forma a aumentar os efeitos positivos
e diminuir os negativos. Essa tarefa cabe ao gerente/diretor/gestor empreendedor.
Resolver um conflito significa não perder de vista o objetivo e direcionar
todos os movimentos, idéias e criatividade em direção ao mesmo.
Para resolver os conflitos, de forma construtiva, você deve:
Buscar um benefício comum: um entendimento que permita que todos os
envolvidos se beneficiem.
Procurar manter um bom relacionamento: aumente suas ligações com os
participantes, o respeito e a confiança.
Ter um foco no relacionamento a longo prazo: procure aumentar a habili-
dade dos participantes para resolver construtivamente conflitos futuros.
Avaliar a capacidade das pessoas: certifique-se de que as pessoas são
capazes de resolver conflitos.
Evitar avaliações prematuras: cuidado com seus preconceitos, ressenti-
mentos e hostilidades.
Buscar várias alternativas: envolva os participantes; considere que todos
desejam resolver o conflito da melhor forma possível.
Quando entramos no processo de negociação ouvimos uns ao outros, bus-
camos o que pode ser utilizado para atingir o objetivo, flexibilizamos a postura
individual (não necessariamente desacreditando no ponto de vista inicial) e, fi-
nalmente, construímos juntos uma terceira alternativa, atingindo dessa forma o
objetivo original.

103
Pedagogia e Empreendedorismo

Em um conflito, a tendência é cada um achar que tem razão e toda a ener-


gia que poderia estar sendo produtiva e criativa é gasta apenas para derrubar os
argumentos e posição contrárias. Aprender a resolver conflitos é estar disposto a
rever seus próprios valores.

Empregabilidade:
o desafio do fim do emprego
O que cria um verdadeiro empreendedor
é sua competência para intuir,
imaginar, farejar um novo negócio.
É necessário saber o que as pessoas
vão precisar, antes mesmo que elas saibam.

Roberto Shinyashiki

Estamos vivendo um momento tão significativo quanto a Revolução Indus-


trial: o fim do emprego.
Então responda:
o que isso significa?
quais são as conseqüências?
será um problema social?
Com certeza, será um problema existencial uma vez que os indivíduos serão
demitidos porque sua função deixou de existir e não por incompetência. Aquilo
que eles faziam já tão bem, por tanto tempo, não existe mais. Logo, a empregabi-
lidade será o bem mais valioso.
E o que é empregabilidade? É o conjunto das suas habilidades, conhecimen-
tos e capacitações que determinará se você será mantido na organização ou terá
de buscar oportunidades. É preciso aprimorar os seus talentos.
Hoje, o mercado necessita ser encarado pelo profissional como um conjunto
de oportunidades de trabalho. E, terá mais oportunidades aquele que tiver cora-
gem de empresariar a si mesmo, de vender sua competência, de investir em cursos
de atualização, na sua própria reciclagem.
Para ilustrar, apresentamos o texto: O funil estreitou, de Antenor Nascimen-
to e Roger Ferreira. Revista Veja, 4.12.96.

O funil estreitou
São Paulo, 7h30min da manhã. Uma multinacional americana vai sele-
cionar candidatos para estágio, com remuneração de 1.600 reais por mês. A
vaga é uma só e os candidatos são vinte, todos eles com curso universitário,

104
Visão empreendedora

conhecimentos de informática e inglês fluente. Os vinte jovens estão reunidos


numa sala quando entra o encarregado da seleção.
Quem leu os jornais hoje ? – pergunta ele.
Três levantaram a mão. Sem qualquer hesitação, o encarregado do teste
manda os três ficarem e dispensa os outros dezessete, antes mesmo de olhar seus
currículos ou de falar com eles. É como ser nocauteado no primeiro assalto.

A virada é radical e ninguém escapa. Para os cargos mais qualificados, já


não bastam os quinze anos de estudo que dão acesso ao título de bacharel, nem
as horas noturnas gastas em aulas de inglês. Além desses conhecimentos, que se
transformaram em requisitos triviais, as companhias querem gente bem infor-
mada, que tenha flexibilidade para trabalhar em áreas diferentes e saiba resolver
problemas antes mesmo que eles despertem a atenção do chefe. O perfil desejado
é o do sujeito ambicioso, crítico, criativo, que faz com que todos se mexam à sua
volta.
O velho hábito de procurar a empresa, munido do currículo, está acabando.
Há um novo ritual de contrato na praça. Uma das novas modas é reunir os candi-
datos numa sala e promover uma sessão de debates entre eles. Quando termina,
é escolhido aquele que foi mais claro na discussão, mais rápido nas respostas.
Há um mês, a Gessy-Lever promoveu um jogo entre dez candidatos a uma vaga.
Esses dez já haviam passado por outras baterias de testes, que desqualificaram
2.000 pretendentes. O jogo consistia em representar a imagem da empresa usando
palitos coloridos, cola, barbante e canudinhos. Os mais criativos ganharam pontos
valiosos na prancheta do examinador. Na reta final da seleção, os examinadores
queriam saber quem, naquela sala, tinha a mente mais aberta a soluções originais.
O que se buscava era uma qualidade sutil, quase imponderável. Os encarregados
do teste queriam saber quem, entre os candidatos, seria capaz de dar uma resposta
satisfatória a um desafio novo que aparece de surpresa.
Reflita: Que habilidades você pretende semear no seu patrimônio profissional?
Se na hora da seleção do candidato para um cargo na sua empresa você es-
colhe o mais ambicioso, criativo, crítico você já está, nesse momento, observando
questões ligadas à auto-estima e à auto-realização.

Auto-realização
Auto-realização sonho felicidade
“Sonho estruturante” (expressão usada por Dolabela) é o sonho que se so-
nha acordado, capaz de conduzir à auto-realização. E qualquer pessoa, em qual-
quer condição, tem a capacidade de formular sonhos, porque esse é um atributo
da natureza humana, alcançar a felicidade inclui aprender a construir a sua auto-
estima. É preciso aprender que a felicidade não é algo que depende apenas de
acontecimentos na sua vida; é muito mais um jeito de “estar” na vida. E, buscar
a felicidade significa tomar uma forte decisão sobre você ter direito à felicidade.

105
Pedagogia e Empreendedorismo

Concordamos com Dolabela quando afirma que


nada do que envolve o sonho é estático ou permanente. A representação da realidade feita
pelo indivíduo e sua história de vida irão estimular tanto os sonhos quanto as visões. Mas,
quando os sonhos são fortemente induzidos pelo sistema de valores, incluindo modelos e
papéis sociais, a visão é instigada por situações circunstanciais, habilidades, competên-
cias, conhecimentos, comportamentos. Por essa razão, a visão deve ser construída e re-
construída permanentemente, guardando congruência com as mudanças experimentadas
pelo modo de ser do indivíduo. (DOLABELA, 2003, p. 41).

O empreendedor faz a lapidação constante da compatibilidade entre seu ego


e a proposta de auto-realização representada pelo sonho, assim como no ambiente
em que seus trabalhos se processam.
A felicidade é um direito humano. Nós a merecemos e podemos buscá-la e,
assim, estarmos nos libertando, expandindo nossas possibilidades e alcançando a
auto-realização.

A busca da realização de um sonho


(DOLABELA, 2003, p. 70-71)

A compreensão da história como possibilidade,


e não como determinismo, [...] seria ininteligível
sem o sonho, assim como a concepção determinista
se sente incompatível com ele e, por isso, o nega.

Paulo Freire
A dinâmica pedagógica é dada pela ação que integra os dois momentos do ciclo de apren-
dizado do empreendedor: o sonho e a busca de sua realização. Ao envolver-se na tarefa de reali-
zação do sonho, o indivíduo estará ponderando a adequação entre o sonho, tudo o que o cerca e
o seu próprio eu. Para isso, buscará, de forma auto-suficiente, aprofundar conhecimentos sobre
si mesmo e sobre o ambiente do sonho, aumentando sua consciência sobre o mundo e os outros.
Com o sonho, o eu e o ambiente sofrem mudanças e se alteram permanentemente; desse modo, a
construção do conhecimento é dinâmica, o que lhe empresta força pedagógica.
Imaginar um sonho pode ser tarefa bastante simples. Mas adequá-lo ao “sistema ecológico
de vida” do indivíduo (FILION; DOLABELA, 2000) exige algumas habilidades. E buscar realizá-
lo conduz a conquistas crescentes que dizem respeito a um maior entendimento do mundo. Essa
dinâmica diz respeito à que a formulação e à busca de realização do sonho. Assim, forma-se um
movimento em espiral ascendente, no qual todas as partes mantêm relações de causa e efeito.
A conexão entre sonhar e buscar realizar o sonho é a essência do processo. Nada mais im-
portante do que ela, porque irá redefinir os dois elementos: de um lado, o sonho (em constante
mutação); de outro, habilidades, competências e recursos para realizá-lo (em constante evolução).
Nada é estático, portanto. Nesse processo, o agente habitua-se a lidar com situações caracteri-
zadas pela incerteza – indefinição e imprevisibilidade são elementos constitutivos do ambiente
empreendedor – e também com a criatividade, que leva à inovação e permite caminhar com mais
objetividade rumo à realização do sonho.

106
Visão empreendedora

O autor do sonho estará sempre diante da pergunta: “Qual é o próximo passo?”. E sabe que
ele, e somente ele, poderá dar a resposta que levará à ação.
Em resumo: o processo pedagógico vai se dedicar, principalmente, à conexão entre o sonho e
a sua realização, pois esta, em suas várias formas, contém o elemento dinâmico que irá construir
permanentemente o sonhar e o realizar, alterando-os de acordo com o aprendizado feito na tenta-
tiva de estabelecer a ligação entre as duas instâncias.

a) Analise o texto e faça uma apreciação crítica, individualmente.

b) Em grupo, discutam o texto e redijam uma crítica sobre as conclusões a que chegaram.

107
Pedagogia e Empreendedorismo

Seja qual for a sua concepção de Deus e o nome que você atribua a Ele, haverá, com certeza,
um ponto em comum com todas as demais concepções: a convicção de que Ele nos colocou neste
mundo para sermos felizes. Não há outro sentido mais digno para a vida senão a busca e a convivên-
cia com a felicidade.
O homem tem legado maravilhosos feitos à humanidade ao longo de sua história. É obra,
talvez, do seu lado divino, já que somos todos semideuses criados à imagem e semelhança Dele.
Mas há o nosso lado humano, imperfeito em essência, carente de aprendizado e crescimento. É este
lado, não inteiramente desenvolvido, que traz consigo as ervas daninhas da violência, da injustiça,
dos preconceitos e do desamor, impedindo a paz universal. Na verdade, o homem nunca encontrará
a paz universal enquanto não descobrir a sua própria paz interior. É ela o antídoto contra todas as
distorções do comportamento humano, que vai tornar o homem feliz e espalhar a paz interior em
seus semelhantes.
Essa paz interior chama-se amor e sua semente encontra-se no coração de todos os homens.
Essa é mais uma das incontáveis mágicas da natureza; há uma semente de amor no coração de todos
os homens. Se ele não for todo insensível, perceberá sua existência e deixará que brote e cresça, des-
tinando seus frutos, em muitas ações, em benefício do próprio homem.
No entanto, como em tudo na vida, o amor precisa ser praticado para tornar-se bastante, tal
como se faz com a pequena semente para que se torne uma grande árvore. O amor requer aprendi-
zado, porque é sutil, multifacetado e se alimenta de muitos sentimentos. Há que se aprender e admi-
nistrar aqueles frutos saborosos, como ternura, paciência, compreensão, solidariedade, dedicação e
entrega, distinguindo-os daqueles outros quase sempre amargos, como o egoísmo, a deslealdade, a
desconfiança e a inveja.
Não importa quanto tempo leve, nem quão longa possa ser essa viagem; é preciso empreendê-la
mais cedo ou mais tarde. (SEBRAE, 2003, p. 33, aula 12).
Finalizando, vamos analisar o texto do Dr. Cláudio de Moura Castro – “A melhor escola para
seu filho”, publicado na Revista Veja (19.5.99), seção Ponto de Vista. Neste texto, ele ressalta que
“onde os pais vigiam, censuram e aplaudem, a educação melhora”. Estão presentes os conflitos, as
negociações e a cooperação: um trabalho verdadeiramente integrado e integrador.

A melhor escola para seu filho


A experiência recente mostra claramente: os sistemas educativos que estão melhorando são
aqueles em que há pais vigiando cuidadosamente as escolas de seus filhos. As escolas refletem o
tanto que são vigiadas, execradas ou glorificadas. Portanto, se queremos boas escolas, a receita é
clara: olho arregalado, espírito crítico e conhecimento de causa. Onde os pais vigiam, censuram
e aplaudem, a educação melhora. Mas para isso é preciso que os pais saibam avaliar, criticar,
cobrar e apoiar.

108
Visão empreendedora

O que gostaríamos de ver nas escolas que freqüentam nossos filhos? Aí vai um decálogo:
1. Qual a atmosfera da escola? Favorece o trabalho sério? Tem bons fluidos ou baixo
astral? É difícil definir isso, mas a gente sabe quando o ambiente é bom. Na verdade,
a escola tem a cara do diretor. Mau agouro se o diretor é fraco, ausente, desanimado
ou sem liderança.
2. Quais as missões da escola? São claras para todos? Há alguns objetivos pairando acima
dos outros e que todos conhecem e perseguem? Em boas instituições, todos sabem a que
vieram e são claros no que tentam fazer. E todos empurram na mesma direção.
3. Os alunos lêem além do estritamente necessário para a lição? Há bibliotecas? Há livros
que incendeiam a imaginação dos alunos? Os alunos escrevem bastante, qualquer que
seja a disciplina? Ler e escrever são os assuntos mais centrais da escola. Se ela falhar
neles, é difícil salvar o resto.
4. Há quantas horas efetivas de aula diária? Quantos dias por ano de aula (contados no lápis
e não anunciados nos planos de estudo)? Sabemos que o aprendizado é em grande parte
explicado pela fórmula A=f (traseiro/cadeira/hora), ou seja, quanto mais horas sentado
estudando, mais se aprende.
5. Quantas horas por semana os alunos gastam fazendo o dever de casa? Esse tempo se
inclui na fórmula anterior, aumentando o aprendizado. Menos de duas horas por dia é
pouco, menos de uma é inaceitável. Mau sinal se a televisão ocupa mais tempo do estu-
dante do que os deveres.
6. Quanto tempo os alunos passam ouvindo o professor falar ou ditar (método frontal) e quan-
to tempo passam discutindo, respondendo a perguntas, pesquisando, escrevendo ou traba-
lhando em grupo? Quanto mais tempo ouvindo passivamente a aula, menos se aprende.
7. Há atividades práticas para ilustrar e aplicar as teorias ensinadas nas aulas? A dedução de
fórmulas é menos importante do que a sua indução, isto é, observar o mundo e redesco-
brir as teorias.
8. Importa relativamente pouco o que se aprende nos cursos do tipo “moral e cívica”. O que
interessa é se a escola no seu cotidiano pratica justiça, responsabilidade pessoal, tolerân-
cia, liberdade de expressão e generosidade. Civismo se aprende vendo a escola funcionar
e não ouvindo a pregação do professor.
9. A escola dialoga séria e criativamente com os pais? Os pais são sócios da escola na em-
preitada de educar o aluno. Escola e pais têm de trabalhar como um time.
10. Se a escola do seu filho fica aquém desses princípios e se não é possível mudar seu filho
de escola, mude a escola! Deu certo onde foi tentado seriamente. Reclame, faça barulho,
organize os outros pais. Mas não se esqueça de ajudar, não é só reclamar. Os professores
precisam da apreciação e do apoio dos pais, tanto ou mais do que de cobrança.

109
Pedagogia e Empreendedorismo

Em grupo
Objetivo – Levar os alunos a vivenciarem uma situação de consenso.

1. O grupo deverá, em 15 minutos, chegar a uma solução para a questão apresentada no texto O
funil estreitou.

2. Após esse tempo, cada grupo aponta a sua solução e o dinamizador do encontro anotará no
quadro e comentará as conclusões.

3. Vocês devem chegar a um consenso sobre quais das cinco catástrofes abaixo citadas causariam
maiores danos à humanidade. Coloque-as em rigorosa ordem decrescente.
– Falta absoluta de energia elétrica por seis meses.
– Falta absoluta de água durante três meses.
– Greve de todos os meios de transporte por um mês.
– Falta absoluta de frutas e legumes por dois anos.
– Greve total de médicos por seis meses.
– Greve total de policiais e bombeiros por seis meses.
– Falta de todo e qualquer anestésico e analgésico por quatro meses.
– Greve geral da imprensa falada, escrita e televisionada por dez meses.
– Falta absoluta de petróleo por três anos.
– Proibição total à prática de qualquer religião por cinco anos.

110

Você também pode gostar