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Anarquismo
1901
Nota do Tradutor
De Cleyre foi uma brilhante poetisa do século XIX – “a mais dadivosa e brilhante anarquista já nascida nos
Estados Unidos”, de acordo com Emma Goldman –, e seus textos refletem esse brilho. O seu estilo, além de refletir as
idiossincrasias de uma estadunidense traumatizada pela escola católica para se auto-educar, traz um rebuscado jogo de
palavras para alternar entre hesitação e paixão na sua apresentação de conceitos anárquicos. Esta tradução buscou
preservar os jogos de palavras onde possível, mas diversas traições de tradução foram necessárias para garantir a
legibilidade do texto para um leitor moderno. Foram mantidos grifos e capitalizações peculiares e inconstantes da
autora.
Neste ensaio, publicado pela primeira vez na Free Society (13 de outubro de 1901), Voltairine de Cleyre
apresenta sua visão universalista do anarquismo, que ela resume em uma declaração poderosa: “Anarquismo significa
liberdade para a alma assim como para o corpo – em todas as aspirações, todo crescimento”.
A contribuição original para o anarquismo emergente deste texto consiste em sua aceitação de todo e qualquer
tipo de ideias e práticas anarquistas (Anarquismo Individualista, Anarquismo Mutualista, Anarquismo Comunista e
Anarquismo Socialista), desde que fosse, em todos os casos, a opção livremente selecionada de seus advogados. E essa
aceitação sincera das diferenças é do que trata principalmente a liberdade (isto é, a anarquia), praticada de forma
consistente.
De fato, houve uma forte tendência a fazer isso entre uma parte dos anarquistas mais
instruídos, que primeiro foram trabalhadores, depois anarquistas por causa de seu ódio
instintivo ao chefe, e apenas mais tarde se tornaram estudantes e, varridos por uma ciência mal
digerida, imediatamente conceberam que era necessário ajustar seu anarquismo às revelações do
microscópio; caso contrário, a teoria também poderia ser abandonada. Lembro-me, com
considerável entretenimento, de uma discussão acalorada, há cinco ou seis anos, em que
médicos e doutores de embriões procuravam justificativa do anarquismo no desenvolvimento da
ameba, enquanto um engenheiro novato a procurava em quantidades matemáticas.
Eu mesma certa vez afirmei com firmeza que ninguém poderia ser anarquista e acreditar
em Deus ao mesmo tempo. Outros afirmam com firmeza que não se pode aceitar a filosofia
espiritualista e ser anarquista.
Não me parece mais necessário, portanto, que alguém baseie seu anarquismo em
qualquer concepção particular do mundo; é uma teoria das relações devidas ao homem e surge
como uma solução oferecida aos problemas sociais decorrentes da existência dessas duas
tendências das quais falei. Não importa de onde venham essas tendências, todos as reconhecem
como existentes; e por mais interessante que seja a especulação, por mais fascinante que seja se
perder novamente, de volta ao turbilhão de tempestades moleculares em que a figura do homem
é vista meramente como um agrupamento mais denso e feroz, um centro de tempestades mais
vívido, movendo-se entre outros, colidindo com outros, mas de nenhuma forma separado,
nenhuma forma isento da mesma necessidade que atua sobre todos os outros centros de força –
não é de modo algum necessário para entender a si mesmo no anarquismo.
Para falar em detalhes: nos velhos tempos do Mestre e do Homem – não tão velhos, a
ponto de muitos dos trabalhadores mais velhos conseguem lembrar das condições –, a oficina
era um lugar bastante tranquilo onde empregador e empregado trabalhavam juntos, não
conheciam sentimentos de classe, aproximavam-se fora do expediente, de regra não eram
obrigados a se apressar e, quando eram, confiavam no princípio do interesse comum e da
amizade (não no poder do dono de um escravo) para obter assistência ao longo do tempo. O
lucro proporcional no trabalho de cada homem pode até ter sido em geral mais alto, mas a
quantidade total possível de ser apropriada por um empregador era relativamente tão pequena
que nenhuma agregação tremenda de riqueza poderia surgir. Ser empregador não dava a
ninguém poder sobre as indas e vindas de outros, nem sobre sua fala enquanto trabalhava, nem
para forçá-lo além da resistência quando no limite, nem para submetê-lo a multas e tributos de
coisas indesejadas, como água gelada, escarradeiras sujas, xícaras de chá estragado e similares;
nem às indecências não mencionáveis da grande fábrica. A individualidade do trabalhador era
uma quantidade claramente reconhecida: sua vida era sua; ele não podia ser trancado e levado à
morte, como um cavalo de bonde, para o bem do público em geral e a importância primordial da
Sociedade.
Chegou a hora, portanto, em que o espírito da Ousadia chama alto por todas as fábricas e
oficinas para uma mudança nas relações de mestre e homem. Deve haver algum arranjo possível
que preserve os benefícios da nova produção e, ao mesmo tempo, restaure a dignidade
individual do trabalhador, – devolva a ousada independência do velho mestre de ofício, com as
liberdades adicionais, acumulando para ele as vantagens especiais dos desenvolvimentos
materiais da sociedade.
Agora é perfeitamente aparente que a Anarquia, tendo a ver quase inteiramente com as
relações dos homens em seus pensamentos e sentimentos, e não com a organização positiva da
produção e distribuição, um anarquista precisa complementar seu anarquismo com algumas
proposições econômicas, o que pode habilitá-lo a colocar em forma prática para si e para os
outros essa possibilidade de ânimo independente. Esse será o teste dele na escolha de qualquer
proposição desse tipo – a medida em que a individualidade está garantida. Não é suficiente para
ele garantir uma facilidade confortável, uma rotina agradável e bem-ordenada; jogo livre para o
espírito de mudança – essa é sua primeira demanda.
Todo anarquista tem isso em comum com todos os outros anarquistas, que o sistema
econômico deve ser subserviente para esse fim; nenhum sistema se recomenda a ele pela mera
beleza e suavidade de seu trabalho; ciumento das invasões da máquina, ele olha com feroz
suspeita uma aritmética com homens por unidades, uma sociedade correndo em encaixes e
trilhos, com a precisão tão bonita para alguém em quem o amor pela ordem é primeiro, mas que
apenas o faz fungar – “Atchim! Cheira a óleo de máquina”.
Por isso, digo que cada grupo de pessoas que age socialmente em liberdade pode
escolher qualquer um dos sistemas propostos e ser tão conscienciosamente anárquico quanto
aqueles que selecionam outro. Se esse ponto de vista for aceito, nos livraremos daquelas
excomunhões ultrajantes que pertencem adequadamente à Igreja de Roma e que não têm outro
propósito senão levar-nos ao desprezo merecido por pessoas de fora.
Além disso, tendo aceito-o a partir de um processo puramente teórico de raciocínio, creio
que se tem uma atitude mental de perceber certos fatores que explicam essas diferenças nos
sistemas propostos, e que até exigem tais diferenças, enquanto a produção esteja em seu estado
atual.
Vou agora me debruçar brevemente sobre essas várias proposições e explicar, à medida
que for avançando, quais são os fatores materiais aos quais acabei de aludir. Tomando o último
primeiro, a saber, o anarquismo socialista, – seu programa econômico é o mesmo do socialismo
político, em sua totalidade; – Quero dizer, antes que o trabalho da política prática tenha
fragmentado o socialismo em uma mera lista de melhorias governamentais. Tais anarquistas
socialistas sustentam que o Estado, o Governo Centralizado, foi e sempre será o representante
comercial da classe detentora de propriedades; que é uma expressão puramente de uma
determinada condição material e, com a passagem dessa condição, o Estado também deve
passar; que o socialismo, significando a tomada completa de todas as formas de propriedade das
mãos dos homens como posse indivisível do Homem, traz como resultado lógico e inevitável a
dissolução do Estado. Eles acreditam que com todo indivíduo tendo uma reivindicação igual
sobre a produção social e com o incentivo para tomar e ocultar afastado, os crimes (que são em
quase todos os casos a resposta instintiva a uma negação antecedente dessa reivindicação de
participação) desaparecem e, com eles a última desculpa para a existência do Estado. Como
regra geral, eles não esperam nenhuma transformação no aspecto material da sociedade, como
fazem alguns de nós. Um londrino me disse certa vez que acreditava que Londres continuaria
crescendo, o fluxo e o refluxo das nações continuariam a derramar por suas ruas serpentinas,
seus cem mil ônibus continuariam a circular da mesma maneira, e todo esse tráfego tremendo
que fascina e horroriza continuaria rolando como uma grande inundação para cima e para baixo,
para cima e para baixo, como a varredura do mar – após a realização do anarquismo, como
acontece agora. O nome daquele londrino era John Turner; ele disse, na mesma ocasião, que
acreditava profundamente na economia do socialismo.
Agora, esse ramo do partido anarquista saiu do antigo partido socialista e originalmente
representava a ala revolucionária desse partido, em oposição àqueles que adotaram a noção de
usar a política. E acredito que a razão material que justifica a aceitação desse esquema
econômico em particular é a seguinte (é claro que se aplica a todos os socialistas europeus), de
que o desenvolvimento social da Europa é algo da história de longa data; que quase desde
tempos imemoriais houve uma luta de classes reconhecida; que nenhum trabalhador vivo, nem
seu pai, nem seu avô, nem seu bisavô viram a terra da Europa passar, em vastos blocos, de uma
herança pública não reclamada para as mãos de um indivíduo comum como ele, sem um título
ou qualquer marca de distinção sobre si mesmo, como nós na América vimos. A terra e o
proprietário da terra sempre foram para ele quantidades inacessíveis – uma fonte reconhecida
de opressão, classe e posse de classe.
Se eu me atrever, a essa altura, a uma crítica a essa posição do anarquista socialista, diria
que a grande falha nessa concepção de Estado é supor que seja de origem simples; o Estado não
é meramente a ferramenta das classes governantes; tem suas raízes no desenvolvimento
religioso da natureza humana; e não desmoronará meramente pela abolição de classes e
propriedades. Ainda existem outros trabalhos a serem feitos. Quanto ao programa econômico,
criticarei isso, juntamente com todas as outras proposições, quando sumarizar minha posição.
A noção de que os homens não podem trabalhar juntos, a menos que tenham um
contramestre para tomar uma porcentagem de seu produto, é contrária ao bom senso e ao fato
observado. Como regra, os chefes simplesmente pioram a confusão quando tentam se misturar
com os rosnados de um trabalhador, como todo mecânico já viu na prática; e quanto ao esforço
social, por que os homens trabalhavam em comum enquanto ainda eram macacos; se você não
acredita, vá assistir os macacos. Eles também não renunciam à sua liberdade individual.
Quanto ao fator material que desenvolveu esse ideal entre os europeus, é a lembrança e
até alguns vestígios ainda remanescentes da aldeia medieval comunal – aqueles oásis no grande
Saara da degradação humana apresentado na história da Idade Média, quando a Igreja Católica
ficou triunfante sobre o Homem no pó. Tal é o ideal que se ilumina com o ouro morto de um sol
que se pôs, que brilha através das páginas de Morris e Kropotkin. Nós, na América, nunca
conhecemos a aldeia comunal. A civilização branca atingiu nossas costas em uma ampla maré e
varreu o país de forma ampla; entre nós nunca foi visto crescer de forma independente a
pequena comunidade a partir de um estado de barbárie, fora das indústrias primárias e
mantendo-se dentro de si mesma. Não houve mudança gradual do modo de vida do povo
nativo para o nosso; houve uma extinção e um transplante completo da última forma de
civilização europeia. A ideia da pequena comuna, portanto, chega instintivamente aos
anarquistas da Europa – principalmente os continentais; com eles é apenas o desenvolvimento
consciente de um instinto submerso. Para os americanos é uma importação.
Acredito que a maioria dos anarquistas comunistas evita a tolice dos socialistas em
considerar o Estado como filho de condições materiais puramente, embora eles enfatizem muito
o fato de ser a ferramenta da Propriedade e sustentem que, de uma forma ou de outra, o Estado
existirá enquanto houver qualquer propriedade.
Dinheiro para representar todas as mercadorias básicas, a ser emitidos por quem quiser;
naturalmente, os indivíduos depositariam seus títulos em bancos e aceitariam notas bancárias
em troca; tais notas bancárias representando o trabalho gasto na produção e sendo emitido em
quantidade suficiente (não há limite para que alguém inicie o negócio, sempre que os juros
começaram a aumentar, mais bancos seriam organizados e, portanto, a taxa percentual seria
constantemente controlada pela concorrência), as trocas ocorreriam livremente, as mercadorias
circulariam, os negócios de todos os tipos seriam estimulados e, com o privilégio do governo
retirado das invenções, as indústrias surgiam a cada passo, os chefes caçariam homens em vez
de homens caçarem patrões, os salários subiriam para a medida total da produção individual e
permaneceriam para sempre lá. Propriedade, propriedade real, finalmente existiria, o que não
existe atualmente, porque ninguém tem o que produz.
O charme deste programa é que ele não propõe mudanças radicais em nosso séquito
diário; não nos deixa perplexos como proposições mais revolucionárias. Seus remédios são auto-
atuantes; eles não dependem de esforços conscientes dos indivíduos para estabelecer justiça e
construir harmonia; a competição em liberdade é a grande válvula automática que abre ou fecha
à medida que as demandas aumentam ou diminuem, e tudo o que é necessário é deixar o que é
suficiente em paz e não tentar ajudá-lo.
É certo que nove em cada dez americanos que nunca ouviram falar de nenhum desses
programas ouvirão com muito mais interesse e aprovação esse do que aos outros. A razão
material que explica essa atitude mental é muito evidente. Neste país, fora da questão dos
negros, nunca tivemos a divisão histórica de classes; estamos apenas fazendo essa história agora;
nunca sentimos a necessidade do espírito associativo de operário com operário, porque em
nossa sociedade foi o indivíduo que fez as coisas; o trabalhador do dia de hoje era o empregador
do dia de amanhã; vastas oportunidades abertas a ele no território não-explorado, ele colocou as
ferramentas nos ombros e desenvolveu a si mesmo com as próprias mãos. Mesmo agora, cada
vez mais feroz, a luta está aumentando, cada vez mais o trabalhador está sendo encurralado, a
linha de divisão entre classes e classes está sendo constantemente quebrada, e o primeiro lema
do americano é “o Senhor ajuda quem ajuda a si mesmo”. Consequentemente, esse programa
econômico, cuja nota-chave é “deixe quieto”, apela fortemente às simpatias e hábitos de vida
tradicionais de um povo que viu um patrimônio quase ilimitado ser levantado, como um
jogador levanta suas apostas, por homens que jogavam com ele na escola ou trabalharam com
ele em uma loja um ano ou dez anos antes.
Esse ramo específico do movimento anarquista não aceita a posição comunista de que o
governo surge da propriedade; pelo contrário, responsabilizam o governo pela negação da
propriedade real (a saber: ao produtor a posse exclusiva do que ele produziu). Eles enfatizam
mais sua origem metafísica na natureza humana do Medo, que cria autoridade. O ataque deles é
direcionado centralmente à ideia de Autoridade; assim, os erros materiais parecem fluir do erro
espiritual (se é que posso arriscar a palavra sem medo de má interpretação), que é precisamente
o contrário da visão socialista.
A verdade não está “entre os dois”, mas em uma síntese das duas opiniões.
O fator material que explica as diferenças que existem entre individualistas e mutualistas
é, creio, o fato de que o primeiro se originou no cérebro daqueles que, sejam trabalhadores ou
homens de negócios, viviam do chamado esforço independente. Josiah Warren, embora pobre,
vivia de maneira individualista e fazia sua experiência social de vida livre em pequenos
assentamentos rurais, muito distantes das grandes indústrias organizadas. Tucker também,
embora seja um homem da cidade, nunca teve uma associação pessoal com essas indústrias. Eles
nunca conheceram diretamente as opressões da grande fábrica, nem se misturaram às
associações de trabalhadores. Os Mutualistas, consequentemente, inclinavam-se para um
Comunismo maior. Dyer D. Lum passou a maior parte de sua vida na construção de sindicatos
de trabalhadores, sendo ele próprio um trabalhador manual, um encadernador de livros.
Lembre-se, também, que nenhum desses esquemas é proposto por si só, mas porque
através dele, seus projetores acreditam, a liberdade pode ser mais bem garantida. Todo
anarquista, como anarquista, estaria perfeitamente disposto a renunciar diretamente ao seu
próprio esquema, se visse que outro funcionava melhor.
Para mim, acredito que tudo isso e muito mais poderia ser experimentado com vantagem
em diferentes localidades; eu veria os instintos e hábitos das pessoas se expressarem em livre
escolha em todas as comunidades; e tenho certeza de que ambientes distintos exigiriam
adaptações distintas.
Meu ideal seria uma condição na qual todos os recursos naturais fossem eternamente
livres para todos, e o trabalhador individualmente capaz de produzir para si próprio o suficiente
para todas as suas necessidades vitais, se assim o desejasse, para que ele não precise governar
seu trabalho ou não trabalho pelos tempos e estações dos seus companheiros. Eu acho que pode
chegar a hora; mas será apenas através do desenvolvimento dos modos de produção e do gosto
das pessoas. Enquanto isso, todos gritamos com uma só voz pela liberdade de tentar.
Esses são todos os objetivos do anarquismo? Eles são apenas o começo. Eles são um
esboço do que é exigido ao produtor de material. Se, como trabalhador, você não pensa além de
como se libertar da horrível escravidão do capitalismo, então essa é a medida do anarquismo
para você. Mas você mesmo coloca o limite lá, se for colocado. Imensuravelmente mais
profundo, incomensuravelmente mais alto, mergulha e eleva a alma que saiu de seu invólucro
de costume e covardia, e se atreveu a reivindicar seu Eu.
Anarquismo significa liberdade para a alma e para o corpo – em toda aspiração, todo
crescimento.
Isso também está passando. Eu digo o seguinte: todos os métodos são de capacidade e
decisão individuais.
Há John Most – velho, cansado do trabalho, com o peso de anos de prisão sobre ele –,
ainda assim feroz, mais feroz e tão amargo em suas denúncias da classe dominante que exigiria
a energia de uma dúzia de homens mais jovens para proferir – descendo a últimas colinas da
vida, despertando a consciência das injúrias entre seus companheiros. Bom! Essa consciência
deve ser despertada. Que por muito tempo essa língua ardente ainda fale.
Benjamin Tucker – frio, autônomo, crítico – envia suas flechas duras e duras entre
inimigos e amigos com imparcialidade gelada, acertando rápido e cortante, – e sempre pronto
para atingir um traidor. Tendo a resistência passiva como a mais eficaz, pronta para alterá-la
sempre que julgar sábio. Isso combina com ele; em seu campo, ele está sozinho, inestimável.
E há Peter Kropotkin apelando para os jovens, e olhando com doce, caloroso e ansioso
olhar para todos os esforços, e saudando com entusiasmo de uma criança os levantes dos
trabalhadores e acreditando na revolução com toda a sua alma. À ele também agradecemos.
1 Quaker significa “tremedor”, e é uma denominação pejorativa para o movimento protestante antianglicano e ultra-
pacifista Sociedade Religiosa dos Amigos;
E há George Brown pregando expropriação pacífica através dos sindicatos federados dos
trabalhadores; e isso é bom. É o seu melhor lugar; ele está em casa lá; ele pode realizar mais em
seu próprio campo escolhido.
E ali na sua cela funerária na Itália, dorme o homem [Gaetano Bresci], cujo método era
matar um rei, e chocar as nações em uma consciência repentina da vacuidade de sua lei e ordem.
Ele também, ele e seu ato, sem reservas, aceito, e me curvo em silencioso reconhecimento da
força do homem.
Pois existem alguns cuja natureza é pensar e pleitear, e ceder e, ainda assim, retornar ao
endereço, e assim avançar na mente de seus semelhantes; e há outros que são severos e imóveis,
resolutos e implacáveis como o sonho do Deus de Judá; – e aqueles homens atacam – atacam
uma vez e terminam. Mas o golpe ressoa em todo o mundo. E, como em uma noite em que o céu
está pesado com a tempestade, um súbito raio branco brilha através dele, e todo objeto faísca
bruscamente – no fulgor do tiro da pistola de Bresci, o mundo inteiro por viu um momento a
figura trágica do povo italiano, faminto, atrofiado, aleijado, amontoado, degradado, assassinado;
e no mesmo momento em que seus dentes bateram de medo, eles vieram e pediram aos
anarquistas que se explicassem. E centenas de milhares de pessoas leram mais nesses poucos
dias do que jamais haviam lido sobre a ideia antes.
Peça um método? Você pergunta a Primavera o método dela? O que é mais necessário, o
sol ou a chuva? Eles são contraditórios – sim; eles se destroem – sim, mas dessa destruição
resultam as flores.
Cada um escolhe o método que melhor expressa sua individualidade e não condena
nenhum outro homem porque, de outra forma, expressa seu próprio eu.