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TM-045

TM 045 Fundamentos de
Aerodinâmica
Cap. 01: Introdução e Motivação

1
Exemplos históricos
• Armada espanhola versus marinha inglesa
– Data: 08 de agosto
g de 1588.
– Local: Canal da Mancha, ao largo da cidade de
Gravelines.
Gravelines
– Forças espanholas: compostas por 130 navios
(grandes e pesados) e cerca de 30.000
30 000 homens,
homens
além de diversos canhões de munição pesada.
– Forças
F i l
inglesas: compostas por 197 naviosi
(pequenos) e cerca de 16.000 homens, além de
canhões
hõ leves.
l
2
Exemplos históricos
• Armada espanhola versus marinha inglesa

Armada Espanhola (Philip James de Loutherbourg, 1796)


3
Exemplos históricos
• Armada espanhola versus marinha inglesa
– As forças
ç inglesas
g afundam 6 navios espanhois,
p ,
desorganizando a armada espanhola e sendo
decisiva ppara os rumos do conflito.
– Os navios espanhois, mesmo com armas mais
poderosas não foram páreo contra as forças
poderosas,
inglesas, que contavam com embarcações mais
rápidas e fáceis de manobrar.
manobrar Ambos os lados
contavam apenas com navios a vela.

4
Exemplos históricos
• Armada espanhola versus marinha inglesa
– Poderio naval medido ppela velocidade e
manobralidade das embarcações.
– Problema de engenharia: diminuir a resistência
(arrasto) criado pelo escoamento de água sobre o
casco dos navios.
navios

5
Exemplos históricos
• Isaac Newton, 1687: publica sua famosa obra
p , com um volume dedicado à
Principia,
Mecânica dos Fluidos.

6
Exemplos históricos
• Em 1777 Jean LeRond d’Alembert realizou
p
uma série de experimentos para medir a força
p ç
de resistência de navios em canais. Verificou
que o modelo de Newton poderia ser
empregado apenas quando o ângulo θ esteja
entre
t 50 e 90° .
• Em 1781 Leonhard Euler observou também
inconsistências do modelo de Newton.

7
Exemplos históricos
• Euler notou que antes de
g uma superfície
atingir p sólida
em ângulo, as partículas de
fluido modificam a direção e
a velocidade de escoamento,
d modo
de d que ao atingir
ti i o
corpo o fluido escoe paralelo
à superfície sólida.

8
Exemplos históricos
• Durante a II Guerra Mundial, os alemães
desenvolveram o míssil V-2,, q
que apresentava
p
voo supersônico. Para reduzir o arrasto, a
geometria do V V-2
2 apresentava um nariz
pontiagudo.

9
Exemplos históricos
• Na década de 1950, com o desenvolvimento
das armas nucleares e de mísseis
intercontinentais, surgiu um problema: tais
mísseis atingiam velocidades entre cerca de
510 e 560 m/s, em voos suborbitais. Para essas
velocidades,
l id d d
durante
t a reentrada
t d atmosférica
t fé i
ocorre um severo aquecimento, que causaria a
explosão do artefato nuclear antes de atingir
seu alvo.
10
Exemplos históricos
• Primeira solução apontada: utilizar uma
geometria p
g pontiaguda
g e tentar manter um
escoamento laminar sobre a superfície do
veículo.
veículo
• Problema enfrentado: a dificuldade em manter
o escoamento laminar; na prática, sempre se
obtinha escoamentos turbulentos.

11
Exemplos históricos
• Solução apresentada por H. Julian Allen
((National Advisory
y Committee for
Aeronautics, NACA): empregar um corpo
rombudo para a reentrada atmosférica.
atmosférica
• No caso de um corpo rombudo, o aquecimento
ocorre, preferencialmente, em relação ao ar
atmosférico e não em relação à estrutura do
veículo.

12
Exemplos históricos

13
Variáveis fundamentais
• Quatro grandezas são fundamentais no estudo
da aerodinâmica:
– Pressão (p).
– Massa específica ou densidade (ρ).
(ρ)
– Temperatura (T).
– Velocidade do escoamento (V∞).

14
Forças e momentos
• Todas as forças e momentos aerodinâmicos
que atuam em um corpo
q p ppossuem duas únicas
fontes:
– A distribuição de pressões sobre a superfície do
corpo.
– A distribuição
di t ib i ã ded tensões
t õ cisalhantes
i lh t sobre
b a
superfície do corpo.

15
Forças e momentos
• Da integração das distribuições de pressão (p)
e tensões de cisalhamento ((τ)) sobre a
superfície do corpo resultam a força
aerodinâmica resultante (R) e o momento (M)
sobre o corpo.

16
Forças e momentos

17
Forças e momentos
• A força aerodinâmica resultante (R) pode ser
p
decomposta nas seguintes
g componentes:
p
Sustentação (lift, L) e
Arrasto (drag, D);

ou

Força normal (N) e


Força axial (A).

18
Forças e momentos
• A sustentação (L)
( ) corresponde
d à componente
de R perpendicular a V∞.
• O arrasto (D) corresponde à componente de R
paralela a V∞.
p

• A força
f normall (N) é a componente t de
d R
perpendicular à corda (c).
• A força axial (A) é a componente de R paralela
à corda (c).
19
Forças e momentos
• Relações geométricas entre sustentação (L),
arrasto ((D),
), força
ç normal ((N)) e força
ç axial ((A):
)

L  N cos( )  A ssin(( )

D  N sin( )  A cos( )

20
Forças e momentos
• Nomenclatura para a integração da pressão e
da tensão de cisalhamento ppara obtenção
ç de
forças e momentos aerodinâmicos:

Leading edge (LE):


bordo de ataque

Trailing edge (TE):


bordo de fuga

u: índice do extradorso

l: índice do intradorso
21
Forças e momentos
• Forças no extradorso:
dN u   pu dsu cos    u dsu sin  
dAu   pu dsu sin     u dsu cos 

• Forças no intradorso:
dN l  pl dsl cos    l dsl sin  
dAl  pl dsl sin     l dsl cos 

22
Forças e momentos
• As forças normal e axial por unidade de
p
comprimento são obtidas,, então,, integrando-se
g
as expressões anteriores deste o bordo de
ataque (LE) até o bordo de fuga (TE):
 pu cos    u sin  dsu    pl cos    l sin  dsl
TE TE
N   
LE LE

 pu sin
i     u cos ds
d u    pl sin
i     l cos ds
TE TE
A   dl
LE LE

23
Forças e momentos
• Convenção de momentos aerodinâmicos:

24
Forças e momentos
• Momento aplicado no bordo de ataque por
p
unidade de comprimento:

 pu cos    u sin  x   pu sin     u cos ydsu


TE
M   
LE

 pl cos    l sin  x   pl sin     l cos ydsl


TE

LE

25
Forças e momentos
• Normalmente, ao invés de se determinar forças
e momentos aerodinâmicos,, trabalha-se
preferencialmente com coeficientes
adimensionais de forças e momentos.
momentos
• Para isto, define-se a pressão dinâmica como:
1
q   V2
2
sendo ρ∞ e V∞ a massa específica e a
velocidade do fluido em escoamento livre.
26
Forças e momentos
L
• Coeficiente de sustentação C L 
q S

D
• Coeficiente de arrasto C D 
q S
N
• Coeficiente de força normal C N 
q S

A
• Coeficiente de força axial C A 
q S

27
Forças e momentos
• Coeficiente de momento: C M  M
q S l
Algumas áreas e comprimentos
de referência:

No caso de asas, a área S é a


área planiforme e l é a corda
média.

No caso de uma esfera, a área S


é a área da seção transversal e l
é o diâmetro.
28
Forças e momentos
• No caso de corpos bidimensionais, é comum
p
apresentar os coeficientes aerodinâmicos p
por
letras minúsculas, como por exemplo:

L D M
cl  ; cd  ; cm 
q c q c q c 2

N
Nesses casos, a áárea de
d referência
f ê i é S = c(1)
(1) = c.

29
Forças e momentos
• Coeficiente de pressão
p  p
Cp 
q
sendo p∞ a pressão do escoamento livre.
• Coeficiente de atrito de Fanno

cf 
q

30
Forças e momentos
• Relações geométricas:
dx  ds cos( )

dy   ds sin( )

S  c (1)

31
Forças e momentos
• Formas integrais dos coeficientes:
1 c dyyl  
cn    C p ,l  C p ,u dx
c dyyu
d    c f ,u  c f ,l ddx 
c 0 0
 dx dx  
1  c 
dx  0 c f ,u  c f ,l dx 
d u
dy d l
dy c
ca     C p ,u  C p ,l
c 0 dx dx  
1  c
 2   C p ,u  C p ,l x dx    c f ,u
c dyu dyl 
cmLE  c f ,l  x dx 
c 0 0
 dx dx 
c  dyu  c dyl  
0  C p ,u dx  c f ,u  yu dx  0   C p ,l dx  c f ,l  yl dx 
32
Forças e momentos
• Coeficientes de sustentação e arrasto
cl  cn cos( )  ca sin( )

cd  cn sin( )  ca cos( )

• As formas integrais de cl e cd podem ser


obtidas substituindo-se cn e ca nas expressões
anteriores.
t i

33
Centro de pressão
• O centro de pressão corresponde ao ponto no
qual a força
q ç resultante R ((originada
g da
integração das cargas distribuídas das tensões
cisalhantes e da pressão) deve ser aplicada ao
corpo de modo que o momento resultante MLE
aplicado
li d nesse pontot é nulo.
l

34
Centro de pressão
• Para um aerofólio, o centro de pressão
p
corresponde ao p
ponto no q
qual,, sendo aplicadas
p
as componentes normal e axial da força
resultante garante
resultante, garante-se
se o mesmo momento
aplicado ao bordo de ataque.

35
Centro de pressão
• Matematicamente, a posição do centro de
pressão é dada p
p por:

M LE
xcp  
N
• Definição
e ç o alternativa:
e v : o ce
centroo de p
pressão
ess o é o
ponto pertencente ao corpo no qual o momento
aerodinâmico é nulo.
nulo

36
Centro de pressão
• Nos casos em que o ângulo de ataque é
pequeno,
p q , tem-se:
sin( )  0; cos( )  1


M LE
xcp  
L
• Existem diferentes formas de especificar o
sistema
it f
força e momento
t em um aerofólio.
fóli

37
Centro de pressão
• Na figura: à esquerda, forças e momento são
p
aplicados na borda de ataque
q ((LE); ); no centro,, a
aplicação é feita a um quarto do comprimento
da corda a partir de LE; à direita,
direita as forças são
aplicadas no centro de pressão.

38
Centro de pressão
• Relação matemática entre os três casos
anteriores:
c
   L  M c / 4   xcp L
M LE
4

39
Análise dimensional
• Teorema de pi-Buckingham
– Seja
j K o número de dimensões fundamentais
requerido para descrever as variáveis físicas de um
pproblema. Considere qque P1, P2, ...,, PN
representem as N variáveis físicas referentes ao
funcional
f1 P1 , P2 ,, PN   0

40
Análise dimensional
• Teorema de pi-Buckingham
– Então a relação
ç física anterior ppode ser reescrita
como uma relação de (N-K) produtos
adimensionais ((chamados pprodutos Π):
)

f 2 1 ,  2 ,,  N  K   0

– Nota-se que cada produto Π é um produto


adimensional
di i l ded um conjuntoj d K variáveis
de iá i
físicas mais uma outra variável.

41
Análise dimensional
• Teorema de pi-Buckingham
– Considerando-se qque P1, P2, ...,, PN formem o
conjunto de variáveis físicas K selecionadas, então:

1  f 3 P1 , P2 ,, PK , PK 1 
 2  f 4 P1 , P2 ,, PK , PK  2 

 N  K  f 5 P1 , P2 ,, PK , PN 

42
Análise dimensional
• Teorema de pi-Buckingham
– A escolha das variáveis repetidas,
p , P1, P2, ...,, PN
deve ser tal que elas incluam todas as K dimensões
utilizadas no pproblema. Além disso,, todas as
variáveis dependentes devem aparecer uma única
vez nos pprodutos Π.

43
Análise dimensional
• Considerando-se um corpo em um dado ângulo
q , como o caso do aerofólio abaixo:
de ataque,

44
Análise dimensional
• Espera-se que a força
f aerodinâmica
di i resultante,
l
R, dependa do(a):
– Velocidade não perturbada V∞ .
– Massa específica
p não pperturbada ρ∞ .
– A viscosidade do fluido não perturbado μ∞ .
– O tamanho do objeto, representado por algum
comprimento característico, como a corda c.
– A compressibilidade do fluido, que pode ser
representada pela velocidade do som do
escoamento não pperturbado, a∞ .
45
Análise dimensional
• Obtém-se assim a seguinte relação funcional:

R  f   ,V , c,   , a 

• que pode ser reescrita como


g R,   ,V , c,   , a   0

46
Análise dimensional
• Seguindo-se o teorema pi-Buckingham, tem-se
que as dimensões fundamentais são:
q
– m = dimensão de massa
– l = dimensão de comprimento
– t = dimensão de tempo
• Deste modo, tem-se K = 3.

47
Análise dimensional
• As variáveis físicas e suas dimensões são:
R   m l t 2
    m l 3

V   l t 1
c  l
   m l 1 t 1
a   l t 1
• Neste caso,
caso tem-se
tem se N = 6.
6
48
Análise dimensional
• Escolhendo-se ρ∞, V∞ e c como conjunto das K
variáveis físicas,, deve-se trabalhar,, então com
um total de N – K = 6 – 3 = 3 produtos Π
adimensionais ou seja,
adimensionais, seja
g 2  1 ,  2 ,  3   0

49
Análise dimensional
• Os produtos Π adimensionais são:
1  g 3   ,V , c, R 
 2  g 4   ,V , c,   
 3  g 5   ,V , c, a 
• Considerando-se apenas o produto Π1 no
momento, assume-se que:
1   d Vb c e R
• sendo d, b e e expoentes a determinar.
50
Análise dimensional
• Em termos dimensionais, tem-se:

1   m l  l t  l  m l t  2 
3 d 1 b e

• Como Π1 é um número adimensional, tem-se:


d 1  0
 3d  b  e  1  0
b2  0

• obtidas para m,
m l e t , respectivamente.
respectivamente
51
Análise dimensional
• Resolvendo-se o sistema, obtém-se:
d  1, b  2, e  2
• O que resulta em
R
1  R  V1
 
2
c 2

  V c
2 2

• O parâmetro c2, com unidade de área, pode ser


substituído por qualquer área de referência,
como p por exemplo
p a área p
planiforme S de uma
asa. 52
Análise dimensional
• Além disso, pode-se multiplicar Π1 por um
escalar qque o resultado continua a ser um
parâmetro adimensional. Desse modo,
redefine-se
redefine se Π1 como:
R R
1  
1
  V2 S q S
2

• Tem-se, assim, que Π1 é o coeficiente de força,


CR.
53
Análise dimensional
• De modo semelhante, para Π2 tem-se:
 2    Vh c i  j
• Que em termos adimensionais resulta em
 2   m l l t  l  m l
3 1 h i

1 1 j
t

• De onde se obtém:
h  1, i  1, j  1

54
Análise dimensional
• Assim, Π2 pode ser definido como
  V c
2   Re

• Ou seja, Π2 representa o Número de Reynolds,
e, do esco
Re, escoamento
e o não o pe perturbado.
u b do.
Fisicamente, Re representa a razão entre as
forças de inércia e as forças viscosas em um
escoamento.

55
Análise dimensional
• Por último, Π3 para tem-se:
 3  V  k c r as
• Em termos adimensionais:

 3   l t m l  l   l t 
1 3 k r 1 s

• Obtendo-se:
k  0, r  0, s  1

56
Análise dimensional
• Tem-se assim:
V
3   M
a

• Ou seja, Π3 representa o Número de Mach, M∞,


do esco
escoamento
e o livre.
v e. M∞ é a razãoo eentree a
velocidade do escoamento não perturbado e a
velocidade do som,
som sendo um parâmetro
fundamental na dinâmica dos gases.

57
Análise dimensional
• Da análise dimensional, obtém-se então
 
 R   V c V 
g2  , , 0
1 V2S  a 
   
2 

g 2 C R , Re, M    0

C R  g 6 Re, M  

58
Análise dimensional
• Observa-se, assim, que:
– R ppode ser expressa
p em termos de um coeficiente
de força adimensional, CR:
R R
CR  
1
  V2 S q S
2
– CR é função apenas de Re e M∞

59
Análise dimensional
• Uma vez que a sustentação, L, e o arrasto, D,
p
são componentes da força
ç resultante,, então:
C L  g 7 Re, M  

C D  g 8 Re, M  

• De modo análogo ao procedimento anterior,


obtém-se
bté t bé que
também
C M  g 9 Re, M  
60
Análise dimensional
• A análise anterior é válida para um dado
g
ângulo de ataque
q α fixo. Caso α também seja
j
variável, de um modo geral, as expressões
anteriores serão generalizadas para:
C L  g10 Re, M  , 
C D  g11 Re, M  , 
C M  g12 Re,
Re M  , 

61
Similaridade de escoamentos
• Considerando-se dois escoamentos sobre dois
p
corpos diferentes. Por definição,
ç , os
escoamentos serão dinamicamente similar se:
– A configuração das linhas de corrente é
geometricamente similar.
– As
A distribuições
di t ib i õ de
d razões
õ V/V∞, p/p / ∞, T/T∞ entre
t
outras, através do campo de escoamento, são
i i quando
iguais d plotadas
l t d em um mesmo sistema it d
de
coordenadas adimensional.
– Os coeficientes de forças são idênticos.
62
Similaridade de escoamentos
• Na prática, tem-se que dois escoamentos serão
dinamicamente similares se:
– Os corpos e quaisquer outras fronteiras sólidas são
geometricamente similares para ambos os
escoamentos.
– Os parâmetros de similaridade são idênticos para
ambos os escoamentos.

63
Similaridade de escoamentos
• Para muitas aplicações aerodinâmicas, apenas
dois p
parâmetros,, Re e M∞, são de longe g os
parâmetros de similaridade dominantes. Assim,
em uma grande quantidade de problemas,
problemas para
corpos geometricamente semelhantes e Re e
M∞ idênticos,
idê ti pode-se
d afirmar
fi que os
escoamentos apresentam mesmos coeficientes
de sustentação, arrasto e momento. Este é um
ponto fundamental na validação
p ç de um modelo
em testes de túnel de vento. 64
Tipos de escoamentos
• Escoamento viscoso versus invíscido
– Teoricamente,, um escoamento invíscido é um caso
limite no qual o número de Reynolds tende ao
infinito. No entanto,, ppara muitos pproblemas
práticos, um escoamento pode ser assumido como
invíscido mesmo ppara números de Reynolds y
finitos.
– O conceito de camada camada-limite
limite, atualmente
empregado no estudo de escoamentos viscosos, se
deve aos estudos de Prandtl no início do Séc.
Séc XX.
XX
65
Tipos de escoamento
• Escoamento viscoso versus invíscido
– A camada limite se constitui em uma fina porção
p ç
do escoamento, dentro da qual os efeitos viscosos
são importantes.
p

66
Tipos de escoamento
• Escoamento viscoso versus invíscido

67
Tipos de escoamento
• Escoamentos incompressíveis versus
p
compressíveis
– Todo fluido apresenta uma variação de sua massa
específica quando sujeito a uma variação de
pressão. Contudo, em muitos casos essa variação é
pequena o suficiente para ser desprezada.
desprezada Nesse
caso, o fluido e o escoamento podem ser
considerados incompressíveis.
incompressíveis De um modo geral,
geral
escoamentos com M∞ < 0,3 são essencialmente
incompressíveis.
incompressíveis
68
Tipos de escoamento
• Escoamentos compressíveis: de acordo com o
número de Mach observado,, os escoamentos
compressíveis são divididos nos seguintes
regimes:
– Subsônico;
– Transônico;
– Supersônico;
– Hipersônico.

69
Tipos de escoamento
• Escoamento subsônico:
– M   0,8 ou M  1.
– Linhas de corrente suaves.
– Variação contínua das propriedades.
propriedades
– Para aerofólios comumente utilizados, o
escoamento, normalmente,
l é i i
inteiramente
subsônico caso M   0,8

70
Tipos de escoamento
• Escoamento transônico:
– 0,8  M   1,2.
– Regiões de escoamento sub e supersônico.
– Formação de ondas de choque.
choque

71
Tipos de escoamento
• Escoamento supersônico:
– Para todos os ppontos: M  1 ou M   1,2.
– Formação de choques oblíquos – variação abrupta
de propriedades.
propriedades

72
Tipos de escoamento
• Escoamento hipersônico:
– M   5.
– A onda de choque ocorre próxima à superfície do
corpo
corpo.
– Pode haver dissociação ou mesmo ionização do
gás.
gás

73
Escoamento viscoso
• Em 1904, o fluidodinamicista alemão Ludwig
Prandtl ppropôs
p uma teoria na q qual o
escoamento sobre um fluido sobre um corpo
sólido poderia ser dividido em duas porções:
– Em uma vasta região do escoamento, distante do
corpo, os gradientes
di t d velocidade
de l id d seriam i
relativamente pequenos e o atrito, virtualmente,
não desempenharia nenhum
nenh m papel importante.
importante

74
Escoamento viscoso
– Para uma pequena região do escoamento,
adjacente à superfície, no entanto, os gradientes de
velocidade são grandes e o atrito desempenha um
papel crucial.
– Essa região em que os efeitos viscosos são
importantes é conhecida como camada limite.
– Alguns exemplos de efeitos ligados à camada
limite são o arrasto de atrito sobre aeronaves, o
descolamento e separação do escoamento (e
formação
o ação da este
esteiraa vviscosa),
scosa), eentre
t e out
outros.
os.
75
Escoamento viscoso
• Enquanto para o escoamento invíscido tem-se
ç
a condição de escorregamento
g sobre a
superfície sólida, o mesmo não ocorre para o
escoamento viscoso,
viscoso para o qual deve ser
observada a condição de não-escorregamento.

76
Escoamento viscoso
• Tanto experimental quanto teoricamente pode-
se verificar q
que a p pressão através da camada
limite em uma direção perpendicular à
superfície sólida é constante.
constante
• Esse fato torna possível empregar o campo de
pressões obtidos a partir de um modelo de
escoamento invíscido p para uma superfície
p real
com resultados acurados. Isto, porém, é válido
para camadas limites finas, aderidas ao corpo.
77
Escoamento viscoso
• A condição de não-escorregamento também é
válida qquando se avalia o p perfil de
temperaturas dentro da camada limite.
• Observa-se,
Observa se contudo,
contudo que a temperatura é
governada pela combinação de dois
mecanismos: a condução de calor e a
p
dissipação viscosa.

78
Escoamento viscoso
• Existem dois tipos básicos de escoamentos
viscosos:
– Escoamento laminar, no qual as linhas de corrente
são suaves e regulares,
regulares e uma partícula de fluido
move-se suavemente ao longo de uma linha de
corrente.
corrente
– Escoamento turbulento, no qual as linhas de
corrente deixam de existir e uma partícula de
fluido descreve um movimento aleatório, irregular.

79
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Quais são valores típicos do coeficiente de
arrasto para
p diferentes configurações
g ç
aerodinâmicas?
• Tem-se
Tem se que o CD = f (Re,M).
(Re M) No entanto,
entanto caso
o escoamento ocorra a baixas velocidades, é
possível considerá-lo incompressível, de modo
que apenas
q p o número de Reynolds
y seja
j um
parâmetro importante.

80
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações

81
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações

82
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Uma placa
l plana
l orientada
i d perpendicularmente
di l
ao escoamento apresenta o maior coeficiente
de arrasto possível entre qualquer configuração
convencional:
D
CD  2
q S
• Neste caso, S é a área frontal por unidade de
comprimento;
i t nesse caso, S = (d) (1); (1) para
Reynolds, o comprimento característico
t bé é d.
também d
83
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• No caso de cilindros, o valor de CD é
p
relativamente independente do Reynolds
y para
p
o intervalo de 104 a 105. Por esse motivo,
desde que a geometria seja semelhante,
semelhante o valor
de CD é basicamente o mesmo.
• No caso de valores mais elevados de
y
Reynolds, a diminuição dos valores de CD está
relacionada à formação da esteira turbulenta
apenas em uma porção posterior do cilindro.
84
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• O arrasto sobre qualquer corpo aerodinâmico é
p
composto por duas p
p parcelas: uma referente ao
arrasto de pressão e outra referente ao arrasto
de atrito.
atrito
• A divisão do arrasto total em componentes de
pressão e atrito normalmente é útil para a
análise de fenômenos aerodinâmicos.

85
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações

86
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações

87
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Existem dois formatos genéricos de corpos em
aerodinâmica:
– Corpos rombudos: para os quais a parcela principal
do arrasto se deve ao arrasto de pressão.
pressão
– Corpos aerodinâmicos: para os quais a parcela
principal do arrasto se deve ao arrasto de atrito
viscoso.

88
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Considerando-se
id d uma placa
l plana
l com ângulo
l
de ataque nulo, tem-se que o coeficiente de
atrito de Fanno é dado por:

D D
Cf  
q S q c (1)

• Nesse caso, a área de referência é a área


planiforme por unidade de comprimento, isto
é, a área da vista de topo da placa.
89
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Variação de Cf com o número de Reynolds.

90
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Cf varia fortemente com o número de
y
Reynolds, , sendo o comprimento
p característico
a corda da placa.
• O valor de Cf depende do tipo de escoamento
sobre a placa, se laminar ou turbulento.
• A magnitude de Cf varia de 0,001 a 0,01 em
uma ampla faixa de números de Reynolds.

91
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Coeficiente de sustentação para o perfil NACA
63-210 com Re = 3x106.

92
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Há um crescimento linear de cl com o ângulo
q α até aproximadamente
de ataque p 14°.
• Ângulos superiores estão relacionados ao
descolamento da camada limite e estol
aerodinâmico.
• Valores típicos da razão L/D (razão entre
sustentação e arrasto) para esse aerofólio são
da ordem de 100, muito superior a valores
observados para aeronaves completas.
completas
93
Coeficientes aerodinâmicos –
magnitudes e variações
• Variação da sustentação com o ângulo de
q p
ataque para o T-38.

94
Arrasto e sustentação
• Os coeficientes de arrasto e sustentação
possuem um p
p papel
p importante
p no p projeto
j
preliminar e análise de desempenho de
aeronaves.
aeronaves
• Considerando-se um avião com velocidade de
cruzeiro a Mach constante, em voo horizontal.
Nessa situação, qquatro forças atuam sobre o
avião: sustentação (L), peso (W), arrasto (D) e
empuxo (T).
95
Arrasto e sustentação
• Nesse caso, tem-se que, para sustentar o avião
em voo
L W
• E
Enquanto para que o voo esteja
j em regime
i
permanente
T D
• P
Para velocidades
l id d de d cruzeiro
i convencionais,
i i
tem-se
L / D  15 a 20
96
Arrasto e sustentação
• A menor velocidade possível para a qual o
g
avião consegue manter um voo em regime g
permanente é a velocidade de estol (Vstall).
• Para defini-la,
defini la parte do coeficiente de
sustentação:
L W 2W
CL   
q S q S  V2 S

97
Arrasto e sustentação
• Solucionando-se a equação anterior para V∞,
tem-se:
2W
V 
  SC L
• Considerando-se
Co s de do se p propriedades
op ed des físicas
s c s de voo
constantes, obtém-se
2W
Vstall 
  SC L ,max
98
Arrasto e sustentação
• Já a máxima velocidade que um avião pode
ç é determinado a p
alcançar partir do menor valor
possível para o coeficiente de arrasto. Assim:
D T 2T
CD   
q S q S  V2 S
• Solucionando para a velocidade:
2T
V 
  SC D
99
Arrasto e sustentação
• Considerando-se o máximo empuxo de um
avião em voo
2Tmax
Vmax 
  SC D ,min

100

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