Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A avaliação económica do projecto duma instalação química passa necessariamente pela análise
do comportamento e da estrutura dos vários custos neles envolvidos. Por isso, o engenheiro de
projecto ao elaborar o plano orçamental do projecto tem que ter a consciência clara dos diversos
tipos de despesas que será necessário efectuar ao longo de todas as fases de desenvolvimento do
projecto e mesmo durante a fase de exploração empresarial.
Existem duas categorias de custos que é necessário ter em consideração quando um projecto
industrial é levado a cabo: os custos de investimento e os custos de exploração. Os primeiros
referem-se ao montante necessário para a criação e arranque do projecto, enquanto que os
segundos dizem respeito a exploração da unidade produtiva em si, já na fase empresarial.
Custos Directos.
Custos de Produção Encargos Fixos.
Despesas Gerais Fabris.
Custo Total do Custos Administrativos.
Produto Despesas de Distribuição e Vendas.
($/ano) Custos de Investigação e
Despesa Gerais Desenvolvimento.
Custos de Financiamento.
Os custos directos são aqueles que são proporcionais ao volume de produção. São custos
relacionados directamente com as actividades de produção, como por exemplo, aqueles
relacionados com a compra da matéria-prima, incluindo o seu transporte e descarga; da mão-de-
obra directa; de manutenção e reparações; fornecimentos para as operações (óleos, lubrificantes e
outros consumíveis pela produção); vapor; energia eléctrica; combustíveis; refrigeração; água;
patentes; etc.
Os custos fixos são as despesas que permanecem praticamente constantes de ano para ano e não
variam significativamente com o nível de produção. Constituem custos fixos: a depreciação, as
taxas, o seguro, o aluguer, etc.
As despesas gerais fabris incluem os gastos gerais que não estão directamente ligadas com as
operações fabris, mas fundamentais para o bom desempenho e harmonia na empresa. São: a
assistência médica e medicamentosa; manutenção geral dos edifícios; segurança das instalações e
protecção contra incêndios; pensões; seguro social; serviços sociais e de recreação; jardinagem e
ornamentação; laboratórios de controlo; embalagem; armazenagem; iluminação; comunicações
internas; etc.
Estes custos apresentam um comportamento similar aos fixos, na medida em que não variam
significativamente com o volume de produção.
A soma dos custos directos, encargos fixos e despesas gerais fabris dá os custos de produção.
Custos de financiamento. Se o investimento for realizado com base em capital alheio, duma
instituição de crédito, é necessário deduzir o custo extra do seu “procurement” que é traduzido
pelo juro aplicável. O juro é definido como sendo a compensação paga pelo dinheiro emprestado.
Não obstante o juro ser um encargo fixo, vários estudos contestam que ele seja integrado nos
custos de produção, quando se faz uma análise completa da estrutura do custo total dum produto
industrial. Daí que o juro é incluído nas despesas gerais.
O capital de investimento fixo diz respeito apenas a unidade física, pronta para entrar em
operação. No entanto, para cobrir os gastos do dia a dia com as operações é necessário dispor-se
também dum fundo chamado capital circulante. Este fundo destina-se a cobrir as necessidades
em consumíveis, tais como por exemplo: o stock da matéria-prima e subsidiária, o stock do
produto semi-processado, ainda em fabricação, o orçamento da tesouraria, etc. Dependendo da
natureza do processo, o capital circulante deverá cobrir pelo menos as necessidades de 1 mês de
trabalho. Estima-se em 10 – 20% do capital de investimento total.
Tubagem………………………………… 4 9 17
Contingências……………………………. 12 12 12
Quando o engenheiro determina os custos para um determinado processo industrial, deseja acima
de tudo que sejam tão correctas quanto possível. Para tal, o engenheiro deve ter uma
compreensão clara dos diversos factores que podem afectar os custos e consequentemente os
resultados da análise. Por exemplo, a aquisição de equipamento especial é mais dispendiosa que
a do standard, pois este último é fabricado em série e normalmente existe em stock nos
respectivos fabricantes; a aquisição de equipamento em segunda pode baixar consideravelmente
os custos quando comparando com o equipamento novo. Por outro lado, é prática comum, as
companhias celebrarem contracto com fornecedores preferenciais de matéria-prima, conseguindo
deste modo, uma redução no seu preço, comparado com o médio praticado no mercado. Se o
engenheiro tiver determinado a estrutura de custos com base nos preços da praça, pode,
eventualmente, chegar a conclusão de que o projecto não é viável. O preço é, portanto, um factor
importante a ter em consideração na análise dos indicadores de viabilidade.
Um outro factor que tem um efeito importante nos custos é o grau de exploração da capacidade
instalada do equipamento industrial. A unidade deve ser explorada acima do seu ponto crítico,
com vista a maximização dos lucros das operações. Quando o equipamento permanece em "stand
by", nos tempos mortos, os custos fixos devidos a amortização e seguros existem e são sempre
deduzidos, não obstante o equipamento não se encontrar em operação.
A política da companhia pode reflectir-se significativamente nos custos. Um dos aspectos deste
factor já foi referido atrás. É o problema dos contractos com os fornecedores permanentes da
matéria-prima que por um lado obtêm a garantia de que a compra será sempre feita neles e em
contrapartida, compensam com a redução do preço. A política da companhia em relação ao
método da amortização tem também efeito directo sobre os custos unitários, conforme será visto
mais adiante. Os acordos com os sindicatos em relação aos direitos e benefícios sociais dos
trabalhadores, têm que ser tomados em consideração.
Como já foi referido nas secções anteriores, o juro representa a compensação paga pelo crédito
concedido por uma instituição financeira. O juro é, portanto, um custo extra do “procurement”
do financiamento que é pago a uma taxa fixa, acordada na altura da negociação do crédito. O
período normal sobre o qual a taxa de juro é deduzida é de 1 ano. O juro tanto pode ser simples
ou composto, efectivo ou nominal, conforme veremos a seguir.
Se P é o valor presente, i a taxa de juro simples, n o número de períodos em que é taxado o juro
e I, a compensação exigida, teremos:
I = Pin
O valor futuro S que constitui o montante total acumulado, a restituir a partir dum dado período
é:
S = P + I = P (1 + i n)
No entanto, quando se trata de juro composto a taxa de juro é deduzida a partir do valor
acumulado no início de cada período. Assim, para o empréstimo inicial de $ 1 000, a taxa anual
de 10%, a compensação requerida para o primeiro ano é de $ 100. Se o pagamento não for feito,
o valor acumulado no início do segundo período será de $ 1000 + $ 100 = $ 1 100. A
compensação necessária no fim do segundo período será de $ 1 100 x 0.1 = $ 110 e o montante
total a restituir de $ 1 210. Verifica-se, portanto, um efeito de composição do juro.
O valor futuro acumulado num dado número de períodos, devido ao juro composto, é
determinado como se segue:
1 P Pi P + P i = P(1 + i)
2 P(1 + i) P(1 + i) i P(1 + i) + P(1 + i) i = P(1 + i )2
3 P(1 + i)2 P(1 + i)2 i P(1 + i) 3
n P(1 + i) n - 1 P(1 + i) n – 1 i P(1 + i) n
O valor futuro de P, devido ao juro composto é:
S = P ( 1 + i )n
n
Sabe-se que: S = P (1 + i)
Se j for a taxa de juro nominal, em condições sob as quais há m períodos de conversão por ano,
então para cada período unitário a taxa de juro correspondente será j/m, e o montante após um
ano é:
m
j
S depois de um ano = P 1 +( m )
Designando a taxa de juro efectiva por ie, o montante após um ano é:
S depois de um ano = P ( 1 + i e )
m
j
Donde:
P ( 1 + ie ) (
= P 1 +
m )
m
j
ie = ( 1 +
m ) − 1
2.1.3 Anuidade.
Anuidade é uma série de pagamentos iguais que ocorrem em intervalos regulares de tempo.
Pagamentos deste tipo podem ser usados para a amortização dum débito, por exemplo, ou para
acumular uma certa quantia, no fim de um determinado período, através de depósitos iguais em
intervalos de tempo regulares. Os engenheiros encontram frequentemente a anuidade nos
cálculos da amortização do equipamento.
A forma mais frequente da anuidade é aquela que envolve os pagamentos no fim de cada ano.
Este tipo de anuidade chama-se ordinária. Neste caso, o juro é deduzido sobre todo o valor
acumulado, a taxa indicada, compondo-se anualmente. O termo da anuidade é o tempo que
decorre desde o primeiro pagamento até ao último. O montante acumulado é a soma de todos os
pagamentos mais o juro deduzido.
n − 1 n − 2
S = R (1 + i ) + R ( 1 + i) + . . . + R (1+ i) + R
Multiplicando a esquerda e a direita da equação por (1+i) e subtraindo a equação anterior, obtém-
se:
S i = R ( 1 + i )n − R
( 1 + i )n − 1
S = R
ou seja: i
n
n(1 + i) − 1
P (1 + i ) = R
i
n
(1 + i ) − 1
P = R
Donde: i ( 1 + i )n
Exemplo 2.
Uma peça dum certo equipamento tem um valor $12 000, instalado. O período de vida útil é
estimado em 10 anos e seu valor residual, no fim da vida útil, de $ 2 000. A depreciação será
deduzida como um custo fixo, sendo a primeira dedução feita no final do primeiro ano. O fundo
da depreciação será acumulado a uma taxa anual de 6%. No fim da vida útil, uma quantia
importante terá sido acumulada pela contabilidade, equivalente ao decréscimo do valor do
equipamento com o tempo.
Determine o custo anual devido a depreciação nestas condições. (OBS: este método de cálculo
da depreciação com base em anuidade ordinária, chama-se método "sinking-fund").
Solução:
Montante da anuidade = S
Montante total da depreciação = $ 12 000 — $ 2 000 = $ 10 000
Custo anual da depreciação = R
Número de pagamentos = n = 10
Taxa de juro anual = i = 0.06
i 0 .06
R = S = $ 10 000 = $ 759 / ano
( 1 + i)n − 1 (1 + 0 . 06)10 − 1
Consideremos o exemplo, no qual o custo original duma peça dum equipamento é $ 12 000, o
tempo de vida útil de 10 e o valor residual de $ 2 000. O engenheiro considera que a peça vai
necessitar de reposição periódica por cada 10 anos, e assim, sucessivamente. Isto significa que
por cada período de 10 anos deve-se dispor dum fundo de reposição de $ 10 000, para a
substituição da peça. Portanto, o que o engenheiro deseja é disponibilizar logo no início um
fundo de certa magnitude, tal que ao fim dos 10 anos se tenha acumulado o suficiente para cobrir
as despesas de reposição e permitir também que haja um saldo suficiente para iniciar um novo
ciclo. Se o fundo for acumulado a uma taxa de juro anual de 6%, o fundo de partida necessário
12000−2000
P= =12. 644 . 660
será de (1+0 . 06 )10 −1 $ (12 650), o qual ao fim de 10 anos terá acumulado:
$ 12 644.660 (1 + 0.06) 10 = 22644.660 $ (22 650). Tirando deste, o fundo de reposição, o saldo
para o ciclo seguinte será novamente de $ 12 650 e outros ciclos posteriores podem se repetir
indefinidamente.
S = P ( 1 + i )n
que mostra a acumulação de P durante o período n a taxa de juro anual i. O montante acumulado
deve permitir por uma lado a cobertura dos custos de reposição e por outro, a geração dum saldo
suficiente para o início do ciclo seguinte, por isso:
P = S − CR
CR
P =
ou seja: ( 1 + i )n − 1
O custo capitalizado é por definição, a soma do fundo inicial P mais o custo de aquisição do
equipamento:
CR
K = CV +
( 1 + i )n − 1
Exemplo 3
Uma peça dum equipamento, completamente instalada custa $ 12 000 e terá como valor de
sucata $ 2 000 no fim da sua vida útil. Se o tempo de vida útil for de 10 anos e a taxa de juro for
de 6% anuais, qual é o custo capitalizado da peça?
Solução:
O custo da substituição da peça no fim da vida útil (assumindo que o preço não varia) =
$ 12 000 — $ 2 000 = $ 10 000.
CV = $ 12 000
CR = $ 10 000
i = 0.06
n = 10
CR
CV +
Custo capitalizado = ( 1 + i )n − 1
$ 10 000
$ 12 000 + = $ 24 000
(1 + 0 .06 )10 − 1