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Gestão Eficiente de energia

Gestão Eficiente de Energia

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Gestão Eficiente de energia

MÓDULO 1 – INTRODUÇÃO À GESTÃO DE ENERGIA ............................................................................................... 3


AULA 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................................................... 3
AULA 2 - CONCEITOS........................................................................................................................................................ 4
CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA X VOLUME ÁGUA NOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS................................................................... 6
AULA 3 - COMO A ENERGIA ELÉTRICA É MEDIDA .................................................................................................................. 7
EXERCÍCIOS PRÁTICOS ............................................................................................................................................ 9
MÓDULO 2 – O PREÇO DA ENERGIA ELÉTRICA ...................................................................................................... 10
AULA 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................................................................. 10
AULA 2 - PREÇOS DA BAIXA TENSÃO – BT ......................................................................................................................... 11
AULA 3 - PREÇOS DA ALTA TENSÃO – AT .......................................................................................................................... 12
AULA 4 - TARIFAS ......................................................................................................................................................... 14
AULA 5 - TARIFAS DE ULTRAPASSAGEM............................................................................................................................. 15
EXEMPLO DE ULTRAPASSAGEM DE DEMANDA..................................................................................................... 15
AULA 6 - ESTRUTURA TARIFÁRIA ...................................................................................................................................... 17
AULA 7 - FATOR DE CARGA ............................................................................................................................................. 20
AULA 8 - CAMINHOS PARA AUMENTAR O FATOR DE CARGA .................................................................................. 22
AULA 9 - PREÇO MÉDIO........................................................................................................................................... 24
EXERCÍCIOS PRÁTICOS .......................................................................................................................................... 26
MÓDULO 3 – CONSUMO E CUSTO ESPECÍFICO ..................................................................................................... 27
AULA 1 - CONSUMO ESPECÍFICO - PARTE 1 ........................................................................................................................ 27
AULA 2 - CONSUMO ESPECÍFICO - PARTE 2 ........................................................................................................................ 29
AULA 3 - CUSTO ESPECÍFICO ........................................................................................................................................... 35
AULA 4 - COMO REDUZIR O CONSUMO ESPECÍFICO DE ENERGIA ELÉTRICA .............................................................................. 37
EXERCÍCIOS PRÁTICOS .......................................................................................................................................... 38
MÓDULO 4 – DIMENSIONAMENTO DAS ECONOMIAS .......................................................................................... 39
AULA 1 - COMO DIMENSIONAR A ECONOMIA EM KWH ........................................................................................................ 39
AULA 2 - COMO DIMENSIONAR A ECONOMIA EM R$ ........................................................................................................... 41
EXERCÍCIOS PRÁTICOS .......................................................................................................................................... 42
MÓDULO 5 – O RATEIO DA ENERGIA ELÉTRICA..................................................................................................... 43
AULA 1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 43
FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 44
AULA 2 - INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DA PLANILHA RATEIO ........................................................................................ 45
EXERCÍCIOS PRÁTICOS .......................................................................................................................................... 47
MÓDULO 6 – O GERENCIAMENTO DA DEMANDA ................................................................................................. 48
AULA 1 - ORIENTAÇÕES PARA GERENCIAR A DEMANDA ......................................................................................... 48
AULA 2 - EXEMPLOS DE SIMULAÇÕES DE FATURAMENTO ...................................................................................................... 50
AULA 3 - ANÁLISE COM MODULAÇÃO DE CARGAS ................................................................................................................ 52
AULA 4 - ANÁLISE COM NOVA MODULAÇÃO DE CARGAS ....................................................................................................... 54
EXERCÍCIOS PRÁTICOS .......................................................................................................................................... 56
MÓDULO 7 – ÍNDICES DE CONTROLE .................................................................................................................... 57
ÍNDICES DE CONTROLE..................................................................................................................................................... 57
EXERCÍCIOS PRÁTICOS .......................................................................................................................................... 63
MÓDULO 8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................. 65
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................................................... 65
LINKS DE INTERESSE .................................................................................................................................... 65
CONCLUSÃO......................................................................................................................................................... 66

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Módulo 1 – Introdução à Gestão de Energia


Aula 1 - Considerações iniciais

O correto gerenciamento energético de qualquer instalação requer o pleno conhecimento de


determinados aspectos, são eles:

Os sistemas energéticos
existentes

Os hábitos de
Os mecanismos de
utilização da aquisição de energia
instalação

A experiência dos usuários e


técnicos da edificação

A implementação de medidas isoladas, não coordenadas e não integradas a uma visão


global de toda instalação ou carente de uma avaliação de custo / benefício pode não produzir
os resultados esperados e minar a credibilidade de um programa de eficientização energética,
dificultando a continuidade do processo junto à Direção e aos ocupantes da planta.

Por isso, o primeiro passo é conhecer como a energia elétrica é consumida na instalação,
acompanhar o custo e o consumo de energia elétrica por produto ou serviço produzido,
mantendo um registro cuidadoso. Os dados mensais e históricos são de grande importância
para a execução do diagnóstico, podendo ser extraídos da conta de energia elétrica.

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Esses dados poderão fornecer informações preciosas sobre a contratação correta da


energia e seu uso adequado, bem como analisar seu desempenho subsidiando tomadas de
decisões visando à redução dos custos operacionais.

Para realizar a gestão de energia energia elétrica, recomendamos que as empresas criem a
CICE (comissão interna de conservação de energia) e delegue a essa comissão a tarefa de
desenvolver um programa de gestão energética (PGE), é necessário, antes, conhecer alguns
conceitos.

É o que faremos, a seguir.

Aula 2 - Conceitos
Energia Ativa (EA) - É a energia capaz de produzir trabalho; a unidade de medida usada é o
quilowatt-hora (kWh).

Energia Reativa (ER) – É a energia solicitada por alguns equipamentos elétricos, necessária à
manutenção dos fluxos magnéticos e que não produz trabalho; a unidade de medida usada é o
quilovar-hora (kvarh).

Potência - É a quantidade de energia solicitada na unidade de tempo; a unidade usada é o


quilowatt (kW).

Fator de Potência (FP) - Obtido da relação entre energia ativa e reativa horária, a partir de
leituras dos respectivos aparelhos de medição, conforme expressão:

Demanda - É a potência média, medida por aparelho integrador durante um intervalo,


usualmente de 15 (quinze) minutos.

Demanda Contratada - Demanda a ser obrigatória e continuamente colocada à disposição do


Cliente, por parte da CONCESSIONÁRIA, no ponto de entrega, conforme valor e período de
vigência fixado em contrato.

Carga Instalada - Soma da potência de todos os aparelhos instalados nas dependências da


unidade consumidora, que, em qualquer momento, podem utilizar energia elétrica da
CONCESSIONÁRIA.

Fator de Carga - Relação entre a demanda média e a demanda máxima ocorrida no período
de tempo definido.

Tarifa de Demanda - Valor em reais do kW de demanda, em um determinado segmento Horo-


Sazonal.

Tarifa de Consumo - Valor em reais do kWh ou MWh de energia utilizada, em um determinado


segmento Horo-Sazonal.

Tarifa de Ultrapassagem - Tarifa a ser aplicada ao valor de demanda registrada que superar o
valor da demanda contratada, respeitada a tolerância.

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Horário de Ponta (HP ou P) - Período definido pela concessionária e composto por três horas
consecutivas, exceção feita aos sábados e domingos, terça-feira de Carnaval, sexta-feira da
Paixão, Corpus Christi, dia de finados e os demais feriados definidos por lei federal (01/01,
21/04, 01/05, 07/09, 12/10, 15/11 e 25/12). Neste horário a tarifa de energia elétrica é mais
cara.

Horário Fora de Ponta (HFP ou F) - São as horas complementares às três horas consecutivas
que compõem o horário de ponta, acrescidas da totalidade das horas dos sábados e domingos
e dos 11(onze) feriados indicados acima. Neste horário a energia elétrica é mais barata.

Curva de Carga do Sistema - A curva de carga do sistema elétrico para um dia típico
apresenta o perfil mostrado no gráfico a seguir. O horário de ponta – HP representa o período
do dia que o sistema demanda mais carga.

Considerando que o sistema elétrico é dimensionado para atender a carga máxima, verifica-se
que, para atender uma nova carga no HP, a concessionária teria que investir para aumentar a
sua capacidade apenas para aquele período enquanto para uma nova carga no HFP, não seria
necessário nenhum investimento. Através da sinalização tarifária (preços mais elevados e mais
baixos nos HP e HFP, respectivamente) pretende-se que a curva do sistema torne-se mais
plana ao longo do dia.

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Curva de carga de um dia útil

Período Seco (S) - É o período de 7 (sete) meses consecutivos, compreendendo os


fornecimentos abrangidos pelas leituras de maio a novembro de cada ano.

Período Úmido (U) - É o período de 5 (cinco) meses consecutivos, compreendendo os


fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano seguinte.

Segmentos Horários e Sazonais - Identificados também como "Segmentos Horo-Sazonais",


são formados pela composição dos períodos úmido e seco com os horários de ponta e fora de
ponta e determinados conforme abaixo:

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(PS) - Horário de Ponta em Período Seco;


(PU) - Horário de Ponta em Período Úmido;
(FS) - Horário Fora de Ponta em Período Seco;
(FU) - Horário Fora de Ponta em Período Úmido.

Estes períodos foram criados visando compatibilizar a demanda com a oferta de energia, isto é,
através da sinalização tarifária (preços mais elevados e mais baixos nos períodos seco e
úmido, respectivamente) mostra-se o custo da energia, conforme a lei de oferta e procura.

Consumo de Energia Elétrica x Volume Água nos


Reservatórios das Usinas

120
100
80
60
40
20
0
DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

ÁGUA ENERGIA

DEC - Duração Equivalente de interrupção por unidade Consumidora: Trata-se do tempo médio
que cada unidade consumidora da região ficou sem energia, no período de 1 mês.

DIC - Duração de interrupção Individual por unidade Consumidora: É o tempo real que cada
unidade consumidora ficou sem energia no período de 1 mês.

FEC - Freqüência Equivalente de interrupções por unidade Consumidora: Trata-se do número


de vezes, em média, que cada unidade consumidora ficou sem energia, no período de 1 mês.

FIC - Freqüência de interrupção Individual por unidade Consumidora: É o número de vezes que
cada unidade consumidora ficou sem energia no período de 1 mês.

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Na apuração dos indicadores (DEC, DIC, FEC e FIC) deverão ser


consideradas todas as interrupções que atingirem as unidades
consumidoras com duração maior ou igual a 3 (três) minutos,
admitidas apenas as seguintes exceções:

1) Falha nas instalações da unidade consumidora que não provoque


interrupção em instalações de terceiros;

2) Interrupção decorrente de obras de interesse exclusivo do


consumidor e que afete somente a unidade consumidora do mesmo.

Aula 3 - Como a Energia Elétrica é Medida

Quantificar a energia elétrica é difícil, já que ela é invisível (mas sensível).


Vamos tratar a energia elétrica como um produto e torná-lo o mais visível
possível.

Todos os equipamentos elétricos possuem uma potência que pode estar


identificada em Watts (W), em Horse Power (hp) ou em Cavalo Vapor (cv). Caso
a potência esteja identificada em hp ou cv, basta transformar em Watts usando as
seguintes conversões:

1 cv = 735 W e 1 hp = 746 W

ou

1kW = 1,36 cv = 1,34 hp

Exemplos:

Motor: 20 hp (15 kW); Chuveiro: 4.000 W; Geladeira: 200 W.

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Supondo a geladeira, do exemplo acima, funcionando durante 10 horas por dia, o consumo
de energia elétrica em 30 dias será: 200 W x 10 h x 30 dias = 60.000 Wh

Pode-se verificar que o consumo de energia elétrica é igual a potência em Watts (W) vezes o
tempo em horas (h), expressa em Watt hora (Wh), portanto, depende das potências (em Watts)
dos equipamentos e do tempo de funcionamento (em horas) destes.

Consumo (Wh) = Potência (W) x Tempo (h)

No caso das Contas de Energia Elétrica, como as grandezas envolvidas são elevadas,
milhares de Wh, padronizou-se o uso do kWh, que representa 1.000 Wh.

Um kWh representa:

A energia gasta num banho de 15 minutos (0,25 h) usando um chuveiro de


4.000 W;

O consumo de um motor de 20 hp (15 kW) por 4 minutos (0,067 h).

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Exercícios práticos

Durante o curso você terá a oportunidade de aplicar, no campo do trabalho, os


conhecimentos adquiridos no treinamento. Assim, ao final de cada módulo, estamos propondo
atividades práticas que você deve desenvolver.

Exercício modulo 4: Introdução a Gestão de Energia

1 - Qual é o horário de ponta, de acordo com o contrato com a Fornecedora, de


sua empresa? Qual o perfil de consumo diário e anual de sua empresa?.

2 - Em média, quantos kWh sua empresa consome (total, fora da ponta e na


ponta) por mês? E quantos MWh por ano.

Fim do módulo.

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Módulo 2 – O Preço da Energia Elétrica


Aula 1 - Considerações Iniciais
O preço da energia elétrica irá depender de uma série de fatores. Além dos equipamentos e suas condições
operacionais, a forma de contratação da energia poderá causar enormes diferenças de preços entre plantas
semelhantes.

A reestruturação do setor elétrico implicou no aparecimento de um agente no setor que inexistia até pouco
tempo atrás, o Consumidor Livre.

Abaixo um quadro comparativo entre clientes Cativos e Livres:

Consumidor Cativo Livre

Nº. de contratos 1 3
1. Compra de energia;
2. Uso do Sistema de distribuição ou
Tipo de contratos Fornecimento Transmissão;
3. Conexão.

Preço da energia – negociado


Tarifa regulada
Custos Tarifa regulada
Encargos – função dos
equipamentos especificados

Os consumidores cativos são regulados por legislação específica, notadamente a Resolução ANEEL nº 414, e
sujeitos a Tarifas de energia, como visto no quadro anterior.

O preço que os consumidores cativos estão sujeitos depende da tensão a qual ele está ligado, se baixa ou alta
tensão. E mesmo enquadrado dentro de uma dessas classes de tensão, o preço médio que pagará por sua
energia dependerá de alguns fatores que detalharemos a seguir.

No setor elétrico é considerado consumidor de Baixa Tensão (BT) aqueles que estão ligados em tensão
inferior a 2.300 V e de alta tensão aqueles ligados em tensão superior a 2.300 V.

Fim da aula

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Aula 2 - Preços da Baixa Tensão – BT

Na Baixa Tensão (BT) o preço médio da energia é igual às próprias tarifas acrescidas do
ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias, pois só é cobrado o consumo.

Os clientes atendidos na BT estão sujeitos às tarifas do Grupo B, nele, existem subgrupos


de acordo com as classes:

a) Subgrupo B1 - residencial; residencial baixa renda;

b) Subgrupo B2 - rural; cooperativa de eletrificação rural; irrigação;

c) Subgrupo B3 - demais classes;

d) Subgrupo B4 - iluminação pública.

O ICMS varia conforme a legislação tributária do Estado do consumidor. Por exemplo: Em


Minas Gerais a alíquota para a classe residencial é de 30% e nas demais classes é de 18%.

Observa-se que apesar do produto (energia) ser o mesmo, na BT o preço da energia varia
por tipo de classe (residencial, industrial/comércio e rural), por Estado conforme o ICMS, e
entre as concessionárias.

Fim da aula

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Aula 3 - Preços da Alta Tensão – AT

Na Alta Tensão (AT) a tarifa aplicada não é monômia como na Baixa Tensão
(BT) e sim binômia, ou seja, é cobrada além do consumo (kWh) registrado, a
demanda (kW) contratada ou a medida (a que for maior) acrescida do ICMS.

Os Clientes atendidos na Alta (AT) estão sujeitos às tarifas do Grupo A,


nele, os subgrupos não dependem das classes e sim do nível de tensão, são os
subgrupos:

A1– 230 kV ou mais;

A2 – 88 kV a 138 kV;

A3 – 69 kV;

A3a – 30 kV a 44 kV;

A4 – 2,3 kV a 25 kV;

AS – subterrâneo

No setor elétrico diz-se que os consumidores dos subgrupos AS, A4 e A3a estão
ligados em Média Tensão (MT).

No caso do atendimento em MT o preço médio da energia elétrica não será igual às tarifas,
ele irá variar conforme o fator de carga . São oferecidas neste tipo de atendimento 2
modalidades tarifárias:

Convencional:

Na modalidade Convencional há uma tarifa única para demanda e outra para


consumo. As tarifas independem dos horários Ponta e Fora de Ponta e dos
períodos Seco e Úmido.

Horo-sazonal:

Na modalidade Horo-sazonal existem 2 (dois) tipos de tarifa, Azul e Verde


(somente para a MT).

 AZUL: As tarifas de demanda são diferenciadas conforme os horários


(HP e HFP) e as de consumo são diferenciadas conforme os horários e
períodos (PS, PU, FS e FU).

 VERDE: Uma tarifa única de demanda é cobrada, as tarifas de


consumo são diferenciadas conforme os horários e períodos (PS, PU,

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FS e FU).

Fim da aula

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Aula 4 - Tarifas

A ANEEL homologa as tarifas de energia por concessionária, após análise das planilhas de
custos apresentados por elas. Assim as tarifas variam para cada área de concessão e seus
reajustes ocorrem em meses diferentes, também.

Para cada subgrupo é estabelecido um grupo de tarifas. Os clientes da Média tensão são
aqueles sujeitos a mais alternativas de tarifas (Azul, Verde e Convencional). Com o fim de
ilustrar os exemplos, a tabela abaixo apresenta tarifas hipotéticas, para o subgrupo A4 (2,3 a
25 kV).

CONSUMO (R$ / kWh)


TARIFAS DEMANDA (R$/kW)
PONTA FORA DE PONTA
FORA DE
TIPO PONTA SECO UMIDO SECO UMIDO
PONTA
AZUL 36,21 11,86 0,20611 0,18886 0,10402 0,09239
VERDE 11,86 0,88255 0,86530 0,10402 0,09239
CONVENCIONAL 22,30 0,15992

Recomenda-se, ou melhor, é dever de toda empresa conhecer as


tarifas as quais estão sujeitas. Deve-se conhecer TODAS as tarifas, e
não somente aquela a qual a unidade é tarifada, pois a análise das
alternativas tarifárias poderá indicar uma opção melhor. Essas tarifas
podem ser obtidas diretamente com a concessionária que o atende
ou através de pesquisa no site da ANEEL (veja) que publica, em suas
resoluções, as tarifas de todas as concessionárias do Brasil .

Fim da aula

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Aula 5 - Tarifas de Ultrapassagem


Tarifa aplicável sobre a diferença entre a demanda medida e a contratada,
quando a demanda medida exceder em 5 % a demanda contratada,. O valor é duas
vezes aos estabelecidos para as tarifas regulares. No caso exemplo as tarifas são:

DEMANDA (R$/kW)
TIPO PONTA FORA DE PONTA
AZUL 72,42 23,72
VERDE 23,72
CONVENCIONAL 44,60

Exemplo de ultrapassagem de demanda

Consumidor atendido em 13,8 kV (MT) com 1.000 kW de demanda contratada (a tolerância,


nesse caso é de 50 kW).

PARCELA COM TARIFA PARCELA COM TARIFA


DEMANDA MEDIDA
NORMAL ULTRAPASSAGEM
1.040 kW 1.040 kW -
1.120 kW 1.000 kW 120 kW

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Observe que a demanda de ultrapassagem será TODA a


parcela da demanda medida que superar à contratada em
mais de 5%, e não apenas o que exceder a tolerância. Nesse
exemplo, considerando que a demanda se refere à de fora
da ponta ou única, e usando as tarifas das tabelas acima,
teríamos:

1º exemplo: Demanda faturada = 1.040 x 11,86 = R$


12.334,40
2º exemplo: Demanda faturada = (1.000 x 11,86) + 120 x
23,72 = R$ 14.706,40

Uma diferença monetária de 19%, para uma diferença em kW de


apenas 8%.

Fim da aula

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Aula 6 - Estrutura tarifária

As regras para o enquadramento tarifário estão apresentadas a seguir e as


orientações para escolha da melhor opção tarifária serão detalhadas no final
deste módulo.

Título: Estrutura tarifária.

As regras para o enquadramento tarifário estão apresentadas na tabela a seguir e as orientações para
escolha da melhor opção tarifária serão detalhadas no final deste capítulo.

TARIFA CONVENCIONAL

Aplicada como opção para consumidores com demanda menor que 300kW.

OBS - Caso uma unidade consumidora enquadrada na THS, apresentar 9 (nove) registros
! de demanda medida menor que 300 kW, nos últimos 11 (onze) ciclos de faturamento,
poderá optar por retornar para a Convencional.

VALORES A SEREM FATURADOS:

CONSUMO (kWh):

Total registrado X Preço único

DEMANDA (kWh):

Maior Valor entre: Demanda medida X Preço único ou Demanda contratada X Preço único

EXCEÇÃO - Quando a unidade consumidora for classificada como rural ou reconhecida


! como sazonal; a demanda a ser faturada será:
Tarifa Convencional - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10 % da maior
demanda medida em qualquer dos 11 (onze) ciclos completos de faturamento anteriores;

Tarifa Horo-sazonal - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10 % da demanda


contratada. A cada 12 (doze) meses, a partir da data da assinatura do contrato de
fornecimento, deverá ser verificada, por segmento horário, demanda medida não inferior à
contratada em pelo menos 3 (três) ciclos completos de faturamento, ou, caso contrário, a
CONCESSIONÁRIA poderá cobrar, complementarmente, na fatura referente ao 12º
(décimo segundo) ciclo, as diferenças positivas entre as 3 (três) maiores demandas
contratadas e as respectivas demandas medidas.

ULTRAPASSAGEM DE DEMANDA:

Aplicável quando a demanda medida superar a contratada em mais de 5%.

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TARIFA VERDE

Aplicada como opção para consumidores da M.T. (média tensão)

OBS - Se nos últimos 11 meses de faturamento, o consumidor apresentar 3 registros


! consecutivos ou 6 alternados de demandas medidas maiores ou iguais a 300 kW, o cliente
será enquadrado compulsoriamente na Tarifa Horo-sazonal Azul, mas poderá fazer opção
pela Verde.

VALORES A SEREM FATURADOS:

CONSUMO (kWh):

Total registrado no HFP X Preços HFP para períodos seco e úmido


+
Total registrado no HP X Preços HP para períodos seco e úmido

DEMANDA (kWh):

Maior Valor entre:

Demanda medida X Preço único


ou
Demanda contratado X Preço único

EXCEÇÃO - Quando a unidade consumidora for classificada como rural ou reconhecida


! como sazonal; a demanda a ser faturada será:

Tarifa Convencional - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10 % da maior


demanda medida em qualquer dos 11 (onze) ciclos completos de faturamento anteriores;

Tarifa Horo-sazonal - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10 % da demanda


contratada. A cada 12 (doze) meses, a partir da data da assinatura do contrato de
fornecimento, deverá ser verificada, por segmento horário, demanda medida não inferior à
contratada em pelo menos 3 (três) ciclos completos de faturamento, ou, caso contrário, a
CONCESSIONÁRIA poderá cobrar, complementarmente, na fatura referente ao 12º
(décimo segundo) ciclo, as diferenças positivas entre as 3 (três) maiores demandas
contratadas e as respectivas demandas medidas.

ULTRAPASSAGEM DE DEMANDA:

Aplicável quando a demanda medida superar a contratada em mais de 5%.

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TARIFA AZUL

Aplicada de forma compulsória para clientes com demanda maior ou igual a 300 kW. E opcional para
aqueles com demanda entre 30 e 299 kW.

OBS - Se nos últimos 11 meses de faturamento, o consumidor apresentar 3 registros


! consecutivos ou 6 alternados de demandas medidas maiores ou iguais a 300 kW, o cliente
será enquadrado compulsoriamente na Tarifa Horo-sazonal Azul, mas poderá fazer opção
pela Verde.

VALORES A SEREM FATURADOS:

CONSUMO (kWh):

Total registrado no HFP X Preços HFP para períodos seco e úmido


+
Total registrado no HP X Preços HP para períodos seco e úmido

DEMANDA (kWh):

Maior Valor entre:

Demanda medida ou Demanda contratada no HFP X Preços no HFP

+
Demanda medida ou Demanda contratada no HP X Preços no para HP

EXCEÇÃO - Quando a unidade consumidora for classificada como rural ou reconhecida


! como sazonal; a demanda a ser faturada será:

Tarifa Convencional - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10 % da maior


demanda medida em qualquer dos 11 (onze) ciclos completos de faturamento anteriores;

Tarifa Horo-sazonal - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10 % da demanda


contratada. A cada 12 (doze) meses, a partir da data da assinatura do contrato de
fornecimento, deverá ser verificada, por segmento horário, demanda medida não inferior à
contratada em pelo menos 3 (três) ciclos completos de faturamento, ou, caso contrário, a
CONCESSIONÁRIA poderá cobrar, complementarmente, na fatura referente ao 12º
(décimo segundo) ciclo, as diferenças positivas entre as 3 (três) maiores demandas
contratadas e as respectivas demandas medidas.

ULTRAPASSAGEM DE DEMANDA:

Aplicável quando a demanda medida superar a contratada em mais de 5% na MT e AT, nos


respectivos horários.

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Aula 7 - Fator de carga

O Fator de Carga, em linhas gerais, constitui-se em um indicador que informa como a


empresa utiliza a energia elétrica que lhe é disponibilizada pela concessionária. A
melhoria do Fator de Carga diminui o preço médio pago pela energia elétrica
consumida.

O Fator de Carga é um índice cujo valor varia entre 0 e 1, aponta a relação entre o
consumo de energia elétrica e a demanda de potência máxima, dentro de um
determinado espaço de tempo.

Esse tempo pode ser convencionado em 730 horas por mês, que representa o
número de horas médio em um mês genérico do ano [(365 dias/12 meses) x 24 horas].
Na prática o número de horas dependerá do intervalo de leitura .

Consumo Total (kWh)


FC médio =

Demanda (kW) x 730 (h)

No caso de consumidores enquadrados no Sistema Tarifário Horo-Sazonal, Modalidade


Azul, o Fator de Carga é definido por segmento horo-sazonal (ponta e fora de ponta), conforme
as seguintes expressões:

Consumo no HP (kWh)
FC HP =
Demanda do HP(kW) x nhp

O número de horas de ponta (nhp) irá depender do número de dias úteis no período de
medição. (nhp = Nº de dias úteis x 3)

Consumo no HFP (kWh)


FC HFP =
Demanda no HFP(kW) x
nhfp

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O número de horas fora de ponta (nhfp) irá depender do período de medição e das horas de
ponta. (nhfp = Nº de dias de medição x 24 – nhp)

A melhoria (aumento) do Fator de Carga, além de diminuir o preço médio pago pela energia
elétrica consumida, conduz a um melhor aproveitamento da instalação elétrica, inclusive de
motores e equipamentos e a uma otimização dos investimentos nas instalações.

Algumas medidas para aumentar o Fator de Carga:

Programe o uso dos equipamentos;

Diminua, sempre que possível, os períodos ociosos de cada equipamento e opere-os


de forma não simultânea;

Não acione simultaneamente motores que iniciem operação com carga;

Verifique as condições técnicas de suas instalações e dê a seus equipamentos


manutenção periódica.

Evite estes desperdícios de energia elétrica:

Equipamentos funcionando simulta-neamente quando poderiam operar em horários


distintos;

Equipamentos funcionando sem produzir em determinados períodos;

Falta de programação para a utilização de energia elétrica;

Curtos-circuitos e fugas de energia elétrica.

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Aula 8 - Caminhos para aumentar o Fator de Carga

Sua empresa tem dois caminhos para aumentar o Fator de Carga

Analise seus equipamentos, faça o levantamento de utilização e verifique como a


produção pode ser otimizada.

Depois disso, existem dois caminhos para elevar o Fator de Carga:

Manter o atual consumo de energia elétrica, e reduzir a parcela


correspondente à demanda. Isso se consegue diversificando o
funcionamento das máquinas, realizando cronogramas de
modulação.

Exemplo : Uma empresa conseguiu reduzir a demanda medida de 500 kW para 300 kW, após
uma reprogramação de cargas, mantendo o consumo de 120.000 kWh, e seu Fator de Carga que era
de:

120.000 (kWh)
FC médio = = 0,33
500 (kW) x 730 (h)

Passou para:

120.000 (kWh)
FC médio = = 0,55
300 (kW) x 730 (h)

Note que dessa forma ela poderá reduzir sua demanda contratada
em 200 kW, ou R$2.372,00, usando a tarifa verde (R$11,86).

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Gestão Eficiente de energia

Manter a demanda e aumentar o consumo de energia elétrica. Para tanto,


deve-se aumentar a produção, sem o acréscimo de novos equipamentos, mas
ampliando o período de operação. É o caso de se adicionar mais um turno de
trabalho.

No exemplo, se a empresa mencionada tivesse optado por esse caminho, conservaria a demanda
registrada de 500 kW, mas aumentaria o consumo de 120.000 kWh para 200.000 kWh e conseguiria o
seguinte:

200.000 (kWh)
FC médio = = 0,55
500 (kW) x 730 (h)

Escolha um desses dois caminhos, ou se possível os dois, e eleve o Fator de Carga que,
conseqüentemente, reduzirá o preço médio pago pela energia elétrica.

Resumindo, o Fator de Carga representa a relação entre a energia utilizada pela empresa e a
energia que a concessionária poderia ter fornecido no mesmo período. Em termos percentuais, indica a
percentagem que a empresa utilizou da carga que sua distribuidora disponibilizou.

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Aula 9 - Preço médio


Como já foi mencionado, o preço médio no fornecimento de energia em alta e média tensão
(R$/kWh) é diferente da tarifa (que representa o preço médio no caso de consumidores da
baixa tensão). Apesar de todos consumidores de uma mesma modalidade tarifária, estarem
sujeitos às mesmas tarifas, podem ter preços médios diferentes, devido ao fator de carga.

Observa-se que o preço médio é inversamente proporcional ao fator de carga, quanto maior
o FC menor será o PM e vice-versa.

Na tabela a seguir estão apresentados os preços médios (R$/kWh), em relação a diversos


fatores de carga, modalidades tarifárias e horários (HP e HFP), usando as tarifas do período
seco, exemplificadas anteriormente.

No arquivo “fatordecarga”, recomenda-se que cada usuário substitua as tarifas usadas como
exemplo pelas tarifas de sua concessionária fornecedora.

PREÇO MÉDIO – R$ / kWh – Período Seco

HORÁRIO DE PONTA (s/ICMS) HORÁRIO FORA DE PONTA (s/ICMS)


FC
AZUL VERDE CONVENC. AZUL VERDE CONVENC.
0,10 5,692 0,883 0,465 0,283 0,283 0,465
0,30 2,035 0,883 0,262 0,164 0,164 0,262
0,50 1,303 0,883 0,221 0,140 0,140 0,221
0,60 1,121 0,883 0,211 0,134 0,134 0,211
0,70 0,990 0,883 0,204 0,130 0,130 0,204
0,80 0,892 0,883 0,198 0,126 0,126 0,198
0,90 0,816 0,883 0,194 0,124 0,124 0,194

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Gestão Eficiente de energia

1,00 0,755 0,883 0,190 0,122 0,122 0,190

Pode-se observar que:

Na tarifa azul e na verde, no horário de ponta, a energia elétrica é bem mais


cara;

Conforme o FC, o preço varia na tarifa azul de ponta e em todas as tarifas de


fora de ponta;

Na tarifa convencional, para o mesmo fator de carga, o valor é o mesmo,


independente do horário (ponta ou fora de ponta);

Para aqueles consumidores sujeitos apenas às tarifas verde e azul (MT


acima de 300 kW de demanda), verifica-se que a partir de um determinado
valor de FC no HP, a opção pela tarifa azul é mais vantajosa (nesse caso, FC
> 0,81), visto que o custo fora da ponta é o mesmo;

Para consumidores da AT, sujeitos apenas à tarifa azul, as alternativas para


redução do preço médio é a melhoria do fator de carga, ou se possível, tornar-
se consumidor livre, desde que negocie a compra de energia em condições
mais vantajosas que as tarifas praticadas em sua área.

Na baixa tensão, para indústrias e comércio, o preço seria de R$ 0,31133 / kWh

Então, um banho utilizando um chuveiro de 4.000 W durante quinze minutos que consumirá 1
kWh, custará numa indústria em BT, R$ 0,31 mais ICMS e na MT pode variar de R$ 0,12 a R$
5,69. Dependerá da modalidade tarifária, do fator de carga e do horário no qual ele ocorreu.

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Exercícios práticos
Exercício modulo 5: O Preço da Energia Elétrica

1 - Em qual subgrupo tarifário está sua empresa?

2 - Quais as tarifas praticadas?

3 - Qual o preço médio de energia (total, fora da ponta e na ponta)?

4 - Qual o FC na ponta?

Fim do módulo.

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Gestão Eficiente de energia

Módulo 3 – Consumo e Custo Específico

Aula 1 - Consumo Específico - parte 1


O consumo específico é um índice que indica o total de energia consumida para o
processamento completo de um determinado produto ou para prestação de um serviço. É um
dos parâmetros de maior importância em estudos que envolvam o uso racional de energia nas
empresas.

A importância da identificação do consumo específico ou dos consumos específicos se


prende ao fato que ele é um índice que facilita a comparação com outras unidades ou
empresas, e permite a apuração das economias e resultados.

A busca por um menor consumo especifico, através da implementação de ações voltadas


para o uso racional de energia, deve ser uma preocupação permanente da CICE.

Para explicar a necessidade da identificação do consumo específico, vamos usar a analogia


com o consumo de combustível por um veículo. O proprietário de um veículo, quando deseja
controlar o consumo de combustível do seu carro, não deve verificar qual o consumo total de
litros por mês, mas sim quantos km/l (quilômetros por litro), o veículo está desenvolvendo.

Muitas variáveis influenciam no consumo: quantos km foram percorridos na estrada e dentro


da cidade, se o ar condicionado foi ou não utilizado, quantos passageiros o carro transportou,
etc. É importante que o proprietário esteja atento a todas essas variações.

De maneira análoga deve ser feito o acompanhamento do consumo de energia elétrica (kWh).

Muitas variáveis influenciam no consumo de energia elétrica: o intervalo de leituras do


medidor de energia elétrica pode variar, o clima, férias, novos equipamentos que são ligados,
paradas programadas ou não, variação de produção, etc.

Portanto, da mesma maneira que não faz sentido acompanhar o consumo de combustível de
um veículo simplesmente pelos litros que ele consumiu, também não fará sentido acompanhar
o consumo de energia elétrica (kWh) pelo consumo mensal registrado (informado em sua
fatura).

Aproveitando a analogia com o consumo de combustível, o correto será identificar qual é o seu
consumo de energia elétrica para o processamento completo de um determinado produto ou
para prestação de um serviço.

O consumo específico da maioria das unidades consumidoras do setor comercial / serviços é


obtido dividindo-se o consumo total (kWh) pelo número de dias realmente trabalhados no
intervalo de leitura (kWh / dias trabalhados). Neste caso, ele serve para demonstrar quanta

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Gestão Eficiente de energia

energia elétrica é realmente utilizada para proporcionar um dia de trabalho da instalação.


Alguns segmentos deste setor (comercial) possuem outros tipos de consumo específicos, como
por exemplo: hotéis (kWh / diárias ou kWh / nº de hóspedes, este dependerá da taxa de
ocupação), hospitais (kWh / nº de leitos ocupados).

No setor industrial, geralmente, o consumo específico é medido pela relação entre o consumo
e o que está sendo produzido.

Exemplo: uma indústria consumiu 10.000 kWh para produzir 8 toneladas de um produto A e 3
toneladas de um produto B. O importante é descobrir quanto de energia elétrica foi utilizado para
produzir A e B. Vamos supor que após realizado o rateio de energia elétrica, chegou-se a 70% da
energia elétrica utilizada para produzir A; então:

O consumo específico de A é igual a 7.000 kWh/ 8t = 875 kWh/ t;

O consumo específico de B é igual a 3.000 kWh/ 3t = 1.000 kWh/ t.

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Aula 2 - Consumo Específico - parte 2


Através do exemplo anterior conclui-se que uma empresa pode ter mais de um consumo
específico. Algumas vezes, ou num primeiro momento, pode-se calcular um único
consumo específico. No exemplo, ele seria 10.000 kWh / 11 t ou 909 kWh / t.

Identificar o consumo específico vai depender do bom senso. O importante é


descobrir o que realmente faz alterar o consumo de energia elétrica. Existem
consumos que independem da produção ou do serviço (iluminação), se possível,
devem ser excluídos do cálculo, ou pode ser criado mais de um consumo
específico: um global e outros mais específicos, por setor ou (sub)produto. Cabe
à CICE realizar essa tarefa.

Acompanhar simplesmente a variação do consumo (kWh) mensal não é o


suficiente, pois após implementar medidas de economia de energia elétrica, o
consumo pode aumentar, devido a um aumento de produção, vejam os
exemplos.

Antes de adotar as medidas de eficiência energética, uma empresa consumia 1.000 kWh para
produzir 100 peças.

Então o Consumo Específico era (antes) = 1.000 kWh / 100 = 10 kWh/ pç

Exemplo 1: Supondo que após adotar as medidas de eficiência energética, a Empresa


passou a consumir 2.100 kWh, entretanto aumentou a produção para 300 peças.

Então, o Consumo Específico passou para 2.100 kWh / 300 = 7 kWh/pç

Exemplo 2: Após adotar as medidas de eficiência energética, passou a consumir 700 kWh,
mas continuou a produzir 100 peças.

Consumo Específico (após) = 700 kWh / 100 = 7 kWh/pç

Ao contrário do que possa parecer a implantação de um programa de gestão energética


não implica, necessariamente, em redução de consumo de energia elétrica (kWh) e sim,
na redução do consumo específico.

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Gestão Eficiente de energia

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Gestão Eficiente de energia

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Gestão Eficiente de energia

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Gestão Eficiente de energia

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Aula 3 - Custo específico


O outro índice que deverá ser identificado e gerenciado é o Custo Específico, que é o
produto do preço médio da energia elétrica (R$/kWh) da empresa pelo consumo específico
(kWh/produto ou serviço produzido), ou, simplesmente, o custo da energia por unidade ou
serviço produzido.

Custo Específico = Consumo Específico x Preço Médio

Ou

Custo Específico = Fatura de energia ÷ Produção (serviço).

Utilizando o exemplo onde o consumo específico anterior e após a


implantação de algumas medidas de eficentização energética era 10
kWh/pç e 7 kWh/pç, respectivamente, e considerando um preço
médio de R$ 0,22/kWh; obtém-se a redução do custo específico:

10 kWh/pç x R$ 0,22/kWh =R$ 2,20/pç

7 kWh/pç x R$ 0,22/kWh =R$ 1,54/pç

Notem que o preço médio pode ser alterado após a implantação das medidas,
nesse caso, foi mantido constante.

Para consumidores atendidos em Baixa Tensão, a única maneira de reduzir o


custo específico será atuando no consumo específico, pois como já foi visto, o
preço médio é a própria tarifa acrescida do ICMS.

Para consumidores atendidos em Alta e Média Tensão existem duas


possibilidades para redução do custo específico, atuar na redução do consumo
específico e no preço médio.

A redução do consumo específico será detalhada na próxima aula e para redução do


preço médio existem 3 caminhos:

Contratar demandas adequadas às reais necessidades da instalação. A


instalação de um controlador de demanda permite às empresas um melhor
gerenciamento, bem como evitar ultrapassagens. Cabe à CICE zelar para
que a demanda faturada seja igual à medida ou registrada, evitando
contratar demandas superiores às realmente demandadas e,
conseqüentemente, pagando por uma demanda não utilizada.

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Gestão Eficiente de energia

Modular a carga o máximo possível, para o horário fora de ponta


(Ex.: deslocar ou programar, sempre que possível, o funcionamento das
cargas para o horário fora de ponta e quando planejar alguma interrupção,
executá-la no horário de ponta).

Enquadrar-se na melhor modalidade tarifária possível (dependendo do


fator de carga e do funcionamento da instalação, a opção por uma das 3
modalidades existentes, poderá possibilitar um menor preço médio). A
tarifa azul é a que possibilita o menor preço, mas é necessário um alto fator
de carga (maior que 0,8) no horário de ponta.

Note que a demanda de ponta deve ser a menor possível e


com alto fator de carga. Caso não seja possível este arranjo,
geralmente a tarifa verde será mais favorável para consumidores
de média tensão.

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Aula 4 - Como Reduzir o Consumo Específico de


Energia Elétrica
Vamos verificar a fórmula de consumo específico:

Consumo de Energia
Consumo específico:
Produção ou Serviço

Considerando que a produção ou o serviço são determinados pela


demanda de mercado ou por estratégias empresariais, devemos atuar
apenas no numerador dessa relação, o consumo de energia.

Como já foi visto, o consumo de energia elétrica é igual à Potência x


Tempo (Wh), portanto, existem apenas 2 opções. A primeira é diminuir a
potência e a outra é diminuir o tempo de funcionamento.

Para diminuir a potência devem-se usar equipamentos ou processos


mais eficientes e procurar a redução da simultaneidade da operação das
diversas cargas que compõem a instalação (modulação).

Para diminuir o tempo de funcionamento deve-se atuar na mudança de


hábitos/processos e uma outra alternativa é utilizar o recurso da
automação.

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Exercícios práticos
Exercício modulo 6: Custo e consumo específico

1 - Identifique pelo menos 2 unidades de produção ou serviço de sua


empresa para ser usada no cálculo e acompanhamento do consumo
específico. Levante seus valores verificados nos últimos doze meses, veja
se é possível, separar a produção ou serviço pelo horário de ponta e de
fora de ponta. Se não, rateie em função das horas trabalhadas.

2 - Calcule o custo específico de sua empresa, se possível separe-o nos


preços de ponta e fora de ponta. Baseado no preço final do produto ou
serviço, qual a participação da energia elétrica no custo de seu produto ou
serviço?

Fim do módulo

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Gestão Eficiente de energia

Módulo 4 – Dimensionamento das


economias

Aula 1 - Como dimensionar a economia em kWh


Os resultados esperados de um PGE, basicamente, são verificados através de apenas
duas constatações, a redução em kWh e em reais (R$).

A redução do consumo de energia elétrica em kWh é obtida através da diferença do


consumo específico antes e após a implementação das medidas, multiplicada pela
produção atual, isto é:

Redução em kWh = (Cons. Espec. antes - Cons. Espec. depois) x Produção

Nos exemplos utilizados na aula sobre consumo específico, as economias foram:

(Cons. Espec. antes - Cons. Espec. depois)


= 10 kWh/ pç – 7 kWh/ pç = 3 kWh/pç

3 kWh/ pç x 300 pç (produção exemplo 1)


= 900 kWh (43% de redução)

3 kWh/ pç x 100 pç (produção exemplo 2)


= 300 kWh (43% de redução)

Deve-se atentar para o aumento de carga (kW). É natural que ocorra acréscimos de
cargas. A CICE deve sempre tomar o conhecimento e realizar o levantamento do consumo
dessas novas cargas e calcular o aumento ou redução do consumo específico que elas
possam provocar. Este consumo específico estimado deve ser acrescido (ou reduzido) no
consumo específico anterior às medidas. Caso isso não seja feito, os resultados poderão
ser prejudicados.

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Gestão Eficiente de energia

Aproveitando o exemplo 1 anterior, vamos supor que após as medidas entrou em


operação uma carga responsável por um consumo mensal de 100 kWh elevando o
consumo para 2.200 kWh. O consumo específico de 7 kWh/pç passaria para 7,33 kWh/pç
(2.200 kWh/300 pç). A redução do consumo passaria de 900 kWh para:

(10 kWh/ pç – 7,33 kWh/ pç) x 300 pç


(produção exemplo 1)= 800 kWh

Para minimizar este efeito o certo seria acrescer ao consumo específico anterior o
consumo específico desta nova carga 0,33 kWh/pç, então o consumo específico anterior
passaria para 10,33 e a economia permaneceria a mesma.

Assim, antes de realizar ações de eficiência energética, estabeleça as condições


iniciais de referência: cargas, produção e produtos envolvidos, tempos de uso e outras
condições que possam afetar o consumo específico como condições climáticas,
operadores diferentes, qualidade da matéria-prima e do produto, etc.

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Aula 2 - Como dimensionar a economia em R$


A redução do consumo de energia elétrica em R$ é obtida através da diferença
do custo específico antes e após a implementação das medidas, multiplicada pela
produção atual ou simplesmente a economia total em kWh vezes o preço médio,
isto é:

Redução em R$ = (Custo Espec. antes - Custo Espec.


depois) x Produção

Ou

Redução em R$ = Redução em kWh x Preço Médio

Nos exemplos utilizados, a redução do custo específico seria de:

2,20 – 1,54 = 0,66 R$/pç, e a economia seria de:

Exemplo 1 - 0,66 R$/pç x 300 pç = 900 kWh x 0,22 R$/kWh = R$ 198,00

Exemplo 2 - 0,66 R$/pç x 100 pç = 300 kWh x 0,22 R$/kWh = R$ 66,00

Observe que o preço médio manteve-se constante, no exemplo, mas ele pode
ter seu valor reduzido, devido a ações de eficientização.

Da mesma forma que a entrada em operação de novas cargas prejudica os


resultados se não forem consideradas, o mesmo acontece quando os reajustes
tarifários não são considerados. Então sempre que ocorrer um reajuste tarifário, os
preços médios anteriores a implementação das medidas deverão ser recalculados
utilizando as tarifas reajustadas.

Para ser mais preciso, seria necessário identificar na redução obtida, o quanto
se refere ao horário de fora da ponta e na ponta (consumo e demanda), os valores
obtidos seriam multiplicados pelas respectivas tarifas.

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Exercícios práticos
Exercício modulo 7: Dimensionamento das economias

1 - Identifique, em sua empresa, duas medidas de redução de potência e


duas de redução de tempo de funcionamento sem reduzir produção.

2 - Quantos kWh mensais representaria uma economia de 10% do atual


consumo específico de sua empresa?

3 - Quantos R$ mensais representariam uma economia de 10% do atual


consumo específico de sua empresa? Compare essa economia com o
lucro dela, quanto ele representa?

Fim do módulo.

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Gestão Eficiente de energia

Módulo 5 – O rateio da Energia Elétrica

Aula 1 - Introdução
Para que o gerenciamento da energia elétrica possa ser feito de forma adequada, é
necessário que a CICE conheça o uso de energia da edificação de forma detalhada e setorial.
Para isso, é necessário realizar o levantamento das cargas da instalação e seu regime de
funcionamento. De posse desses dados deve-se proceder ao rateio de energia elétrica na
edificação. Um recurso para realizar o rateio é a criação de centros de custos.

Os centros de custos podem ser setores (administrativo, etapas do processo, oficinas,


utilidades, etc.); usos finais, por exemplo: iluminação, refrigeração, etc ou os dois, por exemplo,
criar centros de custo que sejam etapas dos processos sem considerar a carga da iluminação e
climatização e considerar estas como outros centros de custo.

O rateio tem por objetivo identificar o consumo de energia elétrica e demanda por estes
centros, isto é, conhecer a contribuição de cada área na conta de energia ou, se preferirem,
estabelecer contas de energia por centro de custo.

O rateio de energia elétrica visa identificar qual centro de custo (setor ou uso final) possui
uma participação percentual maior no consumo e na demanda da instalação, possibilitando a
priorização de onde atuar, de tal forma que as ações tragam melhores resultados, que possam
envolver todos os usuários dos centros e seja uma gestão mais efetiva e participativa.

A metodologia explicada a seguir pressupõe que a empresa não possua medições setoriais,
pois nesse caso, o rateio é realizado automaticamente pelos medidores.

Primeiro, faça um levantamento de todas cargas por centro de custo utilizando a planilha a
seguir, que serve para a AT e MT. Em Arquivos Anexos consta o arquivo “rateio” com a
planilha apresentada e outra semelhante para a BT.

Para facilitar a setorização ou criação dos centros de custo, desenhe um fluxograma da


produção ou dos processos da empresa e identifique setores de produção (equipamentos ou
operações onde o produto da empresa é processado), apoio (caldeiras, ar comprimido,
refrigeração, ETA, ETE, oficinas, laboratórios, etc.) e administrativos (escritórios, recepção,
cantinas, vestiários, posto bancário, etc). Um exemplo de fluxograma é apresentado a seguir.

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Gestão Eficiente de energia

Fluxograma de Produção

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Aula 2 - Instruções para preenchimento da planilha


rateio
Seguem instruções para o preenchimento da planilha.

 Para cada centro de custo levante as cargas, especifique-as na primeira coluna, de


forma que outros, que tiverem acesso a essa planilha, possam identificá-la.

 Caso as cargas tenham o mesmo regime de funcionamento e potência, poderão


ser agrupadas. Informe o número delas na coluna quantidade.

 Informe a unidade de potência da carga que está utilizando (cv, hp, W) no topo da
terceira coluna, em potência instalada. Informe a potência das cargas nessa
coluna.

 Converta a potência para kW e informe nas colunas adequadas a potência utilizada


no horário fora de ponta (HFP) e no de ponta (HP).

DE PARA kW, MULTIPLIQUE POR


cv 0,735
hp 0,746
W 0,001

 Indique o horário de funcionamento da carga nas colunas referente ao horário de 1


às 24 horas, preencha com a potência, somente os horários em que a carga está
ligada.

 Identifique o horário de ponta.

 Calcule e informe o número de horas de funcionamento das cargas no mês, para o


horário de fora de ponta e de ponta.

 Calcule e informe o número de horas de funcionamento das cargas no mês, para o


horário de fora de ponta e de ponta.

o Exemplo:

• Horas / mês HFP = 13 horas X 30 dias = 390 horas


• Horas / mês HP = 3 horas X 22 dias = 66 horas

 Calcule o consumo potencial de energia, multiplique a potência da carga pelo


número de horas de funcionamento para o período de fora de ponta e de ponta,
respectivamente.

o Exemplo:
• Consumo kWh/mês em HFP = 390 horas X 73,5 kW = 28.665 kWh
• Consumo kWh/mês em HP = 66 horas X 73,5 kW = 4.851 kWh

 Agregue as cargas e consumos por centro de custo.

 Preenchida a planilha, utilize a planilha de rateio apresentada a seguir para fazer o


rateio. Será necessário a conta de energia do mês para obter-se os dados
verificados de Consumo e Demanda registrados ou medidos de ponta e fora de

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Gestão Eficiente de energia

ponta. Essas planilhas, incluindo as de BT, encontram-se em Arquivos Anexos no


arquivo “rateio”.

A seguir instruções para o preenchimento da planilha

o Repasse os dados agregados por centro de custo para a planilha rateio (1ª a 5ª
coluna).

o Os fatores de utilização dos equipamentos / centros de custo de consumo e


demanda, ponta e fora de ponta são calculados dividindo se os valores registrados
/ medidos de cada um desses parâmetros (obtidos da conta do mês) pela
somatório dos respectivos valores calculados / estimados (linha total - 2ª a 5ª
coluna).

o Preencha estes campos com os dados de sua conta de energia elétrica.


Atente para as diferenças entre consumo e demanda e HFP e HP.

o Use as colunas de percentual para verificar a participação de cada centro e


parâmetro no custo total daquele parâmetro.

Para aquelas empresas que possuem medições em alguns setores, deve-se trabalhar com
os valores medidos, expurgando esses centros de custo do rateio que será feito usando os
índices de utilização, bem como seus consumos do consumo total.

Para todos os centros de custo ou setores foi utilizado o mesmo índice de utilização, para
um melhor refinamento, caso os responsáveis conheçam ou possuam o fator por setor ou por
carga, esse deverá ser utilizado em substituição ao estimado, somente para aquela carga.

Utilizando-se dos dados obtidos e das tarifas de energia da concessionária ou dos custos
médios (R$/kW e R$/kWh) verificados da fatura de energia poder-se-á realizar o rateio da
conta de energia por centro de custo.

Esse rateio permitirá acompanhar e gerar valores de referência, incluir dados de produção
para verificar consumos e preços específicos, priorizar setores a serem trabalhados, estudar
relocação de cargas ou de regime de funcionamento, enfim será um instrumento muito útil para
a CICE na gestão da energia da empresa.

Fim da aula

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Gestão Eficiente de energia

Exercícios práticos
Exercício modulo 8: O rateio da Energia Elétrica

1 - Desenhe um fluxograma da produção ou dos usos finais


da empresa e identifique setores de produção, apoio e
administrativos.

2 – Levante as cargas de sua empresa, conforme modelo


apresentado.

3 – Realize o rateio conforme metodologia proposta.

4 – Identifique os principais setores, em termos de energia


elétrica.

5 – Procure realizar o mesmo procedimento para outros


insumos, por exemplo: água, combustíveis, vapor, etc.

Fim do módulo

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Gestão Eficiente de energia

Módulo 6 – O gerenciamento da demanda

Aula 1 - Orientações para gerenciar a demanda


A análise da demanda tem por objetivo a sua adequação às reais necessidades da unidade
consumidora. Devem ser analisadas as demandas de potência contratada, medidas (ou
registradas) e as efetivamente faturadas.

A demanda é medida em intervalos de quinze em quinze minutos. O medidor integraliza as


potências instantâneas, registrando a potência média de cada intervalo e registra a potência
média ocorrida em todos os intervalos durante o período de faturamento. A maior dessas
potências registradas será a demanda medida, expressa em quilowatts (kW).

As concessionárias disponibilizam um relatório onde é possível verificar todos os registros de


demanda em cada intervalo, por um preço tabelado. Caso a indústria não possua um
controlador de demanda, é interessante solicitar este serviço (memória de massa). Quando for
solicitar esse serviço, deve-se aproveitar para fazer controles das condições da planta,
anotando a hora de entrada das diversas cargas e seu período de funcionamento, de modo a
poder verificar no relatório qual a demanda medida para a carga que entrou em operação.

Exemplo: às 8 horas de um dia foi ligado apenas parte da iluminação, às 9 horas entrou em
operação o sistema de ar-condicionado central. As medições dessas cargas poderão ser
identificadas ou mensuradas com o relatório de memória de massa e confrontados com as
demandas levantadas na metodologia do rateio (módulo anterior).

Outra alternativa é adquirir um controlador de demanda. Estes equipamentos, além de outras


funções, controlam as demandas solicitadas no sistema de medição da concessionária visando
impedir a ultrapassagem da demanda contratada. Cargas pré-definidas são retiradas evitando
que ocorra a ultrapassagem. Estes equipamentos podem ser adquiridos com um sistema de
supervisão onde é possível verificar on-line a entrada em operação de diversos centros de
custos.

Na análise devem ser considerados os faturamentos com a tarifa convencional, se aplicável, e


horo-sazonal. O período de observação deve ser, em princípio, igual ou superior a 12 meses.
Deve se adotar um período de 12 meses pelo fato de ser mais representativo e para evitar
distorções decorrentes de sazonalidades.

Uma primeira ação é levantar as cargas com funcionamento no HP e verificar a possibilidade


de transferência para o HFP, visando tirar maior proveito da tarifa Horo-sazonal. Procure
desligar cargas no horário de ponta, que não comprometam o serviço ou a produção.

(Ex.: desligar cargas de refrigeração, talvez a queda de temperatura que ocorrerá nas 3 horas
do período de ponta não irá comprometer a qualidade dos produtos que estão sendo

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refrigerados; desligue parcela das cargas, por exemplo, no tanque da ETE, desligue um dos
agitadores / areadores; quando planejar alguma interrupção, fazê-la no horário de ponta).

Para exemplificar faremos um exercício de análises e simulações de faturamento. No arquivo


“modulação”, em Arquivos Anexos encontram-se as planilhas usadas nesse exemplo.
Utilizaremos um exemplo da MT, por apresentar mais alternativas.

Para o cálculo do faturamento, serão usadas as tarifas apresentadas como exemplo (Módulo 2,
aula 4)

Fim da aula

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Aula 2 - Exemplos de simulações de faturamento


Situação Original: Na situação original, uma unidade consumidora está enquadrada na
tarifa convencional (demanda menor que 300 kW). Pelas faturas de energia elétrica pode-
se levantar os valores médios mensais típicos de demanda e consumo conforme tabelas a
seguir.

Elaborando-se o rateio de consumo e demanda conforme aula anterior, temos o


seguinte exemplo:

Quadro de levantamento de cargas e horários de funcionamento:

Quadro para levantamento do consumo:

Dados a serem considerados para o faturamento:

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Quadro Resumo - Valores de faturamento:

A melhor opção recai sobre a tarifa convencional que proporciona uma economia de
7,0% em relação à tarifa azul e 14,1% em relação à verde.

Fim da aula

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Aula 3 - Análise com modulação de cargas


Se, após a análise, fosse realizada uma mudança dos horários de funcionamento dos
transportadores e do ar condicionado e reduzida a operação dos refrigeradores e ar
comprimido no horário de ponta, através de melhoria de isolamento, redução do horário de
operação, redução de vazamentos, etc. (deve-se procurar reduzir a carga de refrigeração
e de ar comprimido).

A nova planilha após reprogramação de cargas ficaria conforme abaixo.

Quadro de levantamento de cargas e horários de funcionamento:

Quadro para levantamento do consumo mensal previsto:

Dados a serem considerados para o faturamento:

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Quadro Resumo - Valores de faturamento:

Após modulação a tarifa verde passou a proporcionar uma economia de 4,4% em


relação às tarifas convencional e Azul. Além de uma economia mensal de
R$1.688,01.
Fim da aula

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Aula 4 - Análise com nova modulação de cargas


Se com nova análise fosse reduzido o número de compressores pela metade e não se
operasse o sistema de refrigeração no horário de ponta, a nova planilha após
reprogramação de cargas ficaria conforme abaixo.

Quadro de levantamento de cargas e horários de funcionamento:

Quadro para levantamento do consumo mensal previsto:

Dados a serem considerados para o faturamento:

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Quadro Resumo - Valores de faturamento:

Após as novas alterações a tarifa azul proporcionou uma economia de 29,4% em


relação à tarifa convencional e de 3,1% em relação à tarifa verde.

Verifica-se, pelos exemplos anteriores, que apenas com rearranjos de horários e


mudanças do modo de operação podemos chegar a diferentes opções tarifárias. Nesse
exemplo, o último resultado proporcionaria uma economia anual de R$ 75.586,2756 ou
25,5% do valor original.

Fim da aula

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Exercícios práticos
Exercício modulo 9: O gerenciamento da demanda

1 – Identifique as cargas que funcionam no horário de ponta de sua empresa.


Verifique se é possível:

 Desligá-la.
 Reduzir seu tempo de funcionamento no horário de ponta.
 Diminuir a potência do equipamento de acionamento dela.

2 - Qual a melhor modalidade tarifária para sua empresa?

Fim do módulo

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Módulo 7 – Índices de controle


Índices de controle
"O que não é medido, não é controlado". Na gestão energética, este dito, se aplica inteiramente.
A verificação, análise e acompanhamento dos resultados é uma premissa básica nas atividades a
serem desenvolvidas pela CICE.

Visando facilitar o controle dos resultados, será apresentada uma metodologia que permite
acompanhar a evolução do consumo e custo específicos, economias em kWh e reais . A
planilha apresentada está simplificada, baseia-se apenas no consumo total e em apenas um
produto.

Para empresas com mais de um produto e que tenham feito o rateio da energia por centros de
custo, podem refinar as planilhas apresentadas a seguir, dividindo o consumo nos horários de ponta
e fora de ponta, fazendo o levantamento por centro de custo e por produto. Em arquivos Anexos
estão os arquivos que contem as planilhas apresentadas a seguir e outra para cálculos mais
apurados considerando o horário de ponta e fora de ponta. (arquivo controle)

Reúna as Contas de Energia Elétrica e proceda conforme a seguir:

Cabeçalho - Preencha os dados de identificação da empresa. Servirá para que


terceiros identifiquem a unidade consumidora.

Identifique o intervalo de leitura - O intervalo de leitura compreende os dias entre a


data da leitura anterior e a data da leitura atual, corresponde ao ciclo de faturamento.

Verifique a produção neste intervalo - Faça o levantamento do que foi produzido


durante o intervalo de leitura. Se não for possível, estime, baseie-se na produção
média diária verificada em período próximo ao intervalo de leitura. Preencha qual a
unidade de produção será utilizada. Por exemplo: Número de dias realmente
trabalhados, horas ou dias trabalhadas, toneladas de produto, peças, etc.

Indique o valor da fatura e os consumos de energia do período - Não se esqueça


que os valores da fatura do mês referem-se ao consumo do mês anterior. Escolha se
irá utilizar valor com ou sem impostos e taxas, e mantenha essa escolha em todos os
meses. Devido às variações de ICMS, e sua recuperação, e outras taxas,
aconselhamos utilizar somente as tarifas publicadas, sem impostos,esse montante é
denominado "importe".

Calcule o preço médio - Divida a fatura pelo consumo total.

Calcule o consumo específico - Divida o consumo total pela produção do respectivo


período.

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Planilha de acompanhamento e comparativo de consumo e de custo de energia elétrica:

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Planilha de Valor Economizado:

Calcule o custo específico - Divida a fatura de energia elétrica pela produção do respectivo
período.

Calcule as economias - A partir da 13ª conta já será possível calcular as economias. Ver
metodologia apresentada no Módulo 4 .

Elabore os gráficos de acompanhamento - do "Consumo Específico", "Custo Específico",


"Economia de Energia elétrica" e "Economia em Reais" . Gráficos são elementos visuais que
facilitam o entendimento de todos e auxiliam na identificação de situações atípicas.

No arquivo "controle", contido em Arquivos Anexos , os cálculos descritos e a geração dos


gráficos já estão automatizados.

Análise - Analise os motivos das variações. Toda alteração atípica tem que ser investigada e
justificada para obter ou manter a aprovação de todos envolvidos. Essas variações podem ter
sido causadas por: adoção de medidas de economia, maior número de feriados, maior número
de horas trabalhadas, produtos com características diferentes, mudança de processo,
acréscimos de equipamentos, etc.

• O valor positivo indica economia de energia elétrica ou redução da produção,


devendo ser verificadas quais as medidas implementadas contribuíram para essa
economia ou fatos ocorridos que justifiquem a economia.
• Valor negativo indica que pode ter ocorrido um desperdício de energia elétrica ou
aumento de carga. Procurar identificar os motivos e descrevê-los. (por ex.: horas
extras, aumento de carga, etc.).

Divulgação - É importante que tanto o gráfico como a tabela, sejam do conhecimento de todos
e não somente dos responsáveis pelo pagamento das contas e da CICE.

Metas - Uma vez analisados e justificados os resultados, é necessário agir proativamente.


Estabeleça metas de redução do consumo específico de energia elétrica. Por exemplo: reduzir
em 10% o consumo específico do respectivo mês do ano anterior ou 10% a média dos
consumos específicos do ano anterior. Estabeleça metas desafiadoras, mas factíveis, e quais
as ações para atingir a meta.

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Gestão Eficiente de energia

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O controle apresentado corresponde a um modelo mais simplificado, cabe a CICE ou à


empresa, em função de suas experiências e complexidades, aprimorar o modelo proposto.

Como já dito, os controles podem ser realizados considerando os horários de ponta e de fora
de ponta, os centros de custo, compensar sazonalidades, tais como os custos do período seco
e úmido e outras particularidades que houverem no processo da empresa. Realizar controles
por tipo de produto ou setores. As opções são várias, dependerá da motivação e da
capacitação dos membros da CICE. Um modelo de planilha para um controle mais complexo
encontra-se no arquivo "controle", em Arquivos Anexos.

Fim da aula

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Exercícios práticos
Exercício modulo 10: Índices de controle

Identifique na sua empresa onde e/ou quem poderá informar os dados


necessários para exercitar o controle proposto. Estabeleça os
procedimentos para sua obtenção de forma regular e no formato desejado.

Fim do módulo.

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Fim da aula

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Módulo 8 – Considerações Finais


Bibliografia
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução nº 456 -
Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica. Brasília.
2000

CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS. Manual de Prédios Eficientes


em Energia Elétrica – Guia Técnico. Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2002.
225 p.

CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS. Gestão Energética – Guia


Técnico. Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2005. 188 p.

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Como estruturar


uma Comissão Interna de Economia de Energia no Serviço Público.
Belo Horizonte: Cemig, {s.d.}.

COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. PROGEN –


Programa de Gestão Energética. Belo Horizonte: Cemig, 2003.

ESCOLA FEDERAL DE ENGENHARIA DE ITAJUBÁ. Curso


Tecnológico de Otimização Energética. Itajubá: EFEI, 2000.

Manuais Procel:

Conservação de Energia Elétrica.

Orientações Gerais para Conservação de Energia Elétrica em


Edificações.

Tarifação de Energia Elétrica.

Links de Interesse

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Conclusão
Chegamos ao fim de uma etapa de aprendizagem e inicio da aplicação pratica dos
conhecimentos adquiridos. O sucesso deste treinamento será medido pela economia, que
os conhecimentos aqui difundidos, traga para as respectivas empresas.

As informações deste treinamento constituem parte de um conjunto de


conhecimentos que uma empresa deve possuir para um correto
gerenciamento energético. Outros conhecimentos são necessários e
complementares ao aqui apresentado, principalmente quanto aos usos
finais de energia (Iluminação, força motriz, aquecimento, eletrolise, etc).

A gestão de energia em uma empresa necessita de conhecimentos na


área de planejamento, logística, comportamento humano, comunicação
empresarial, economia e outras.

Nosso objetivo é oferecer novas oportunidades de aprendizado nessas áreas. (A


Efficientia coloca-se à disposição das empresas para auxilia-las no desenvolvimento de
seu programa de gestão de energia ou na identificação de medidas de economia de
energia)

Sugestões de melhorias e criticas são bem vindas para aperfeiçoarmos nosso trabalho,
favor encaminha-las para o tutor,

Um abraço!

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