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Alexandre Almeida Schubert
Alexandre Almeida Schubert
O poema Der Erlkönig foi a primeira peça publicada de Schubert em 1815, com
apenas 18 anos. O poema descreve um pai a percorrer a cidade cavalo numa noite ventosa,
com o seu filho doente nos braços. O filho vê imagens de um ser sobrenatural que o está
a atacar, o Erlking. Nesta canção, o cantor interpreta 4 personagens: o narrador, o filho,
o pai e o Erlking. Schubert transporta o enredo para a música através da escolha de várias
tonalidades maiores e menores para representar emoções contrastantes. Utiliza também
diferentes estilos de acompanhamento e registos vocais variados para cada personagem.
Os gritos do filho para o pai são sempre transmitidos numa tonalidade menor e
num registo mais agudo, como forma de expressar o seu medo. As canções de tentação
do Erlking estão em tonalidades maiores e utilizam um acompanhamento contrastante.
As suas palavras finais, no entanto, estão numa tonalidade menor, sendo este o momento
em que retira o filho à força. É de realçar o papel do pai, que canta num registo grave e
muda de um tom de segurança numa tonalidade maior, para um nível de preocupação
num misto de tonalidade maior e menor e finalmente para um nível de aceitação pelo
destino do filho em tonlalidade menor.
As modulações utilizadas ao longo da peça têm o intuito de representar as 4
personagens. Acompanhando o aumento da tensão, as entradas do filho e do Erlking estão
em tonalidades cada vez mais agudas e deixam de ser tonalidades próximas para serem
tonalidades afastadas. O aumento progressivo do uso do cromatismo sugere o aumento
da velocidade do galope do cavalo.
A canção inicia com uma breve introdução do piano, estabelecendo a tonalidade
de Sol menor.
O filho faz uma questão ao pai, num registo agudo e em dó menor, simulando o
medo que sente.
Através destas 3 figuras podemos observar aquilo que foi dito no início do
trabalho: Schubert utiliza os diferentes modos e registos como forma de expressividade,
atribuindo certas características musicais a cada personagem e a cada estado de espírito.
No seguimento do trabalho, vão ser referidas várias vezes estas utilizações da escrita
musical para inferir expressão à música, nem sempre sendo ilustradas com figuras.
Aparece então a primeira provocação do Erlking, em Síb maior, com recurso a um
novo acompanhamento num estilo diferente para alterar o espírito, procurando atrair a
criança.
De repente a música retorna a Sol menor, enquanto o filho grita para o pai num
acorde de 9ª baixada sobre ré (primeiro destaque a vermelho). O uso do cromatismo cria
instabilidade, tensão e sugere um aumento de velocidade do galope. Existe uma rápida
modulação para a tonalidade afastada de Sí menor, uma 3ª acima de Sol menor. O pai
conforta novamente o filho, desta vez num misto de tonalidade maior e menor, podendo
sugerir a sua perda de confiança (segundo destaque a vermelho).
A segunda provocação do Erlking, novamente em modo maior, é um tom mais
agudo que a primeira com cromatismo adicionado e recorrendo a um novo
acompanhamento. As tonalidades irão continuar a subir ao longo da canção, com o intuito
de demonstrar a insistência do Erlking.