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APRESENTAÇÃO
O Capítulo 1 apresenta uma revisão de conceitos básicos, de modo a permitir o estudo dos
materiais elétricos.
O Capítulo 2 trata com detalhes as propriedades dos materiais magnéticos, os quais possuem
a extrema importância nas máquinas elétricas e equipamentos.
Observa-se que, apesar de integrar o elenco de temas, os materiais semicondutores não são
abordados nesse texto. Isso se explica, pois é um assunto fundamental para sistemas eletrônicos e,
assim, será analisado especificamente na apostila correspondente.
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
ÍNDICE
Apesar do uso intensivo da eletricidade só ter- O átomo é a menor partícula que um elemento
se iniciado no século 19, sua descoberta data de 2.000 pode ser reduzido, mantendo as propriedades deste
anos e foi atribuída aos gregos. Eles observaram que elemento. Se uma gota de água for reduzida ao menor
quando um material, hoje conhecido como âmbar, era tamanho possível, obtém-se uma molécula de água.
atritado com alguns materiais, ele conseguia atrair Entretanto, se ela for reduzida mais ainda, chega-se aos
certos materiais, tais como folhas secas e serragem. Os átomos de hidrogênio e oxigênio.
gregos chamaram o âmbar de elektron, o que originou Se o átomo de um elemento for dividido, esse
a palavra eletricidade. elemento deixará de existir nas partículas que restarem.
A partir do século 17, vários cientistas A razão disso é que essas partículas menores estão
desenvolverem estudos no assunto, porém presentes em todos os átomos dos diferentes elementos
consideravam que a eletricidade era um fluido existentes.
composto de cargas positivas e negativas. Atualmente, Um átomo contém várias partículas
porém, ela é definida como sendo produzida por elementares, mas as principais para a eletricidade são
partículas denominadas elétrons e prótons. os elétrons, prótons e nêutrons.
2.0 - MATÉRIA
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Capítulo 1: Conceitos Gerais - 4
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
RESUMO
1.0 - INTRODUÇÃO
2.0 – IMÃS
A inseparabilidade dos pólos ocorre porque a Desta forma, um pedaço de metal colocado
estrutura magnética mais simples que existe na nesta região será atraído com maior ou menor
natureza é o dipolo magnético elementar. Em outras intensidade. Em outras palavras, a intensidade de
palavras, os imãs, ou os materiais de uma forma geral, campo (normalmente representada pela letra H) será
possuem uma infinidade de dipolos magnéticos maior ou menor conforme a distância de um
elementares, como àqueles apresentados determinado ponto e os pólos.
esquematicamente à figura 3 a seguir. Se, por outro lado, a intensidade de campo (H)
é a mesma em qualquer ponto, o campo magnético é
uniforme.
O campo magnético pode ser representado
através de linhas denominadas de força ou de campo,
sempre no sentido do pólo norte para o sul, como
ilustrado na figura 5.
B = /A (1)
Através da figura 1, verifica-se que o imã Observe-se que 1 maxwell é igual a uma linha
influência toda uma região do espaço em torno de si, a de campo e, assim:
qual é chamada de campo magnético. 1 Wb = 108 linhas.
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Capítulo 2: Materiais Magnéticos - 6
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
1 T = 104 G = 1 Wb/m2.
campo magnético externo. De uma forma geral, estes tendem a alinhar os dipolos no sentido deste campo,
materiais tendem a alinhar tais dipolos de forma imantando-se. Se o campo externo for retirado, alguns
paralela ao campo magnético aplicado. Fenômeno dos dipolos permanecerão com a orientação anterior,
deste tipo ocorre em materiais como o ferro, níquel, podendo-se dizer, portanto, que o material permanecerá
aço, cobalto, quase todos os tipos de aço e outros. imantado. Esta característica de imantação residual (ou
Nesses materiais: permanente) depende do tipo de material considerado.
>1 São exemplos de imãs artificiais permanentes
R
algumas ligas metálicas como o aço, aço-carbono (aço
Materiais Paramagnéticos com elevado teor de carbono), alnico (liga composta
A característica magnética deste tipo de material é a de por: alumínio, níquel e cobalto), etc.
permitir apenas uma leve orientação dos dipolos Imãs Artificiais Transitórios
magnéticos elementares, de forma paralela ao campo Estes materiais também apresentam
magnético externo que lhe é submetido. Boa parte dos comportamentos distintos quando da presença ou
chamados materiais isolantes é classificada como ausência de um campo magnético externo, a saber: na
paramagnética. Podem ser citados exemplos como a ausência de um campo magnético externo estes
madeira, vidro, ar, platina, alumínio, cromo, estanho e materiais apresentam, como os anteriores, uma
potássio entre outros. disposição aleatória para os seus dipolos. Sendo
Nesses materiais: submetidos a um campo externo, promovem o seu
R =1 alinhamento no sentido deste campo, tornando-se
imantados. No caso da retirada do campo externo, uma
Materiais Diamagnéticos parcela reduzida dos dipolos permanecerá com a
De forma semelhante aos materiais orientação anterior, podendo-se dizer que o material
paramagnéticos, os diamagnéticos permitem apenas praticamente será desmagnetizado.
uma orientação muito fraca dos seus dipolos Alguns exemplos de imãs artificiais
magnéticos elementares, quando da ação externa de um transitórios são o ferro, ligas metálicas como o ferro-
campo magnético. Entretanto, estes materiais silício, etc.
apresentam uma característica peculiar, que é de
alinhar os dipolos em sentido contrário ao campo
magnético aplicado. São exemplos deste tipo 8.0 - PONTO CURIE
magnético a água, o cobre, a prata, o ouro, o diamante, A partir de um determinado valor de
mercúrio, zinco e chumbo, entres outros. Note-se que temperatura, os materiais ferromagnéticos perdem as
os metais nobres (ouro, prata, cobre, etc) são suas propriedades magnéticas principais, ou seja,
classificados como diamagnéticos. perdem a orientação de seus dipolos. Este valor de
temperatura é denominado Ponto Curie ou
R <1
Temperatura de Curie, de um dado material.
A tabela 1 apresenta o ponto Curie de alguns
7.0 – TIPOS DE IMÃS materiais ferromagnéticos importantes.
Os imãs podem ser classificados em três tipos,
Materiais Ponto Curie (ºC)
ou seja, imã natural, artificial permanente e artificial
Níquel 358
transitório.
Ferro 770
Imãs Naturais Cobalto 1.131
Os imãs naturais são materiais com Tabela 1 - Ponto Curie de alguns materiais.
características magnéticas próprias, obtidas
diretamente da natureza, e apresentam uma orientação
bem definida dos dipolos magnéticos elementares. A 9.0 – CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR CORRENTE
magnetita pode ser citada como exemplo.
Em 1820, o físico dinamarquês Hans Christian
Imãs Artificiais Permanentes Oersted divulgou que havia descoberto que uma
São materiais que apresentam corrente elétrica circulando por um condutor produz
comportamentos distintos quando da presença ou não um campo magnético.
de um campo magnético externo, ou seja: na ausência Tal descoberta foi revolucionária, pois
de um campo magnético externo estes materiais associou a eletricidade e o magnetismo que se supunha
apresentam, de uma forma geral, uma disposição fenômenos distintos e sem relação.
aleatória para os seus dipolos magnéticos elementares. O francês André Marie Ampère, depois de
Ao serem submetidos a um campo externo, conhecer os resultados experimentais de Oersted,
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Capítulo 2: Materiais Magnéticos - 8
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
formulou uma lei que permite quantificar a indução Quando praticamente todos estes dipolos
magnética ou a densidade do campo magnético em estiverem orientados, mais difícil ficará o aumento do
função da intensidade da corrente. campo magnético. Neste ponto, diz-se que o material
O campo magnético envolve o condutor como está chegando à saturação. Portanto, a saturação de um
mostrado na figura 9. material corresponde à condição de quase totalidade de
orientação dos dipolos.
A relação gráfica entre o fluxo e a corrente de
excitação é conhecida por curva de saturação (ou de
magnetização).
fmm = N I = H l (4)
Onde:
PH – potência perdida por histerese, [W];
n – expoente de Steinmetz variável entre 1,6 e 2;
B – indução magnética máxima (antes da
saturação da chapa), dada em Gauss ou
Mx/cm2;
f – freqüência da rede, [Hz];
G – peso do material magnético do núcleo, [kg];
KH – coeficiente de Steinmetz, sendo alguns de Figura 17 – Ciclo de histerese dos materiais
seus valores dados na tabela 2, conforme o magnéticos duros
material magnético.
Esses materiais são utilizados como imãs
Material Magnético KH permanentes e em dispositivos e equipamentos que
Ferro doce 2.5 requerem elevado grau de magnetismo residual, como:
Aço doce 2.7 alto-falantes, telefones, medidores, etc. São exemplos:
Aço doce para máquinas 10.0 o ferrite, imãs permanentes utilizados para
Aço fundido 15.0 armazenamento de dados e aço-carbono, entre outros.
Fundição 17.0 Por outro lado, existem os materiais
magnéticos moles, os quais apresentam magnetismo
Aço doce, 2% de silício 1.5
residual bastante reduzido, o que implica na
Aço doce, 3% de silício 1.25
necessidade de uma força coercitiva de pequena
Aço doce, 4% de silício 1.00 intensidade. Conseqüentemente a área do ciclo de
Laminação doce 3.10 histerese é reduzida, como pode ser observado através
Laminação delgada 3.80 da figura 18.
Laminação ordinária 4.20
onde:
Desta forma, a perda total será reduzida de 1/n desperdício de energia, como também má performance
àquelas que ocorrem com o núcleo sólido. dos equipamentos elétricos, constituindo-se em um
item de grande importância comercial.
(W/kg), medida a uma determinada freqüência e com filmes com alta rigidez dielétrica minimiza as
densidade de fluxo. Ao escolher um aço ao silício o correntes parasitas que circulam entre lâminas.
usuário deve especificar a perda magnética máxima, na
indução magnética (B) e freqüência (f) determinadas.
As condições de testes padronizadas para os aços ao
silício são:
GNO GO
Indução 1,0 ou 1,.5
magnética (B) 1,5 ou 1,7 Tesla
Tesla
Freqüência (f) 50 ou 60 Hz 50 ou 60 Hz
Em alguns casos os revestimentos são
Ao fazer a especificação, o usuário deve utilizados para melhorar a estampabilidade do aço,
escolher a combinação entre uma indução e uma aumentando a vida útil do ferramental e reduzindo o
freqüência, tendo assim a perda magnética equivalente. custo de estampagem das lâminas.
A Acesita oferta 4 tipos de revestimento para
Por exemplo: os aços GNO, diferenciados quanto a composição
Aço Silício GNO: química, resistividade elétrica, estampabilidade,
Perda magnética máxima para B = 1,0 T e f = 60 Hz resistência térmica e soldabilidade. A composição do
(P10/60) revestimento determina a maior parte das suas
propriedades. A composição orgânica privilegia
ou resistividade e estampabilidade e a composição
Aço Silício GO: inorgânica privilegia resistência térmica e
Perda magnética máxima para B = 1,5 T e f = 60 Hz soldabilidade. No catálogo de produtos da Acesita são
(P15/60) descritos os tipos de revestimentos ofertados e suas
características.
A Acesita garante a perda magnética máxima
para apenas uma condição de teste, conforme
apresentado em seu catálogo de produtos, tendo o
usuário a opção de escolher uma entre as combinações
apresentadas.
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Capítulo 2: Materiais Magnéticos - 14
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
RESUMO
1.0 - INTRODUÇÃO
Portanto, um fio de alumínio deve apresentar 2.3 – Resistência de Contato nos Metais
uma bitola, aproximadamente, 64% maior que
a do fio de cobre, para que eles possuam a Quando se aplica uma peça metálica sobre
mesma resistência e comprimento. outra, com objetivo de contato elétrico, estas ficam na
verdade separadas, qualquer que seja a pressão a que
2.2 – Variação da Resistência Com a Temperatura sejam submetidas, por uma distância relativamente
grande, se comparada às dimensões do átomo.
Note-se que, como a resistência elétrica de um Na verdade existem alguns pontos de contato
material é dependente da resistividade, ela também é perfeito e o resto dos pontos à distância da ordem de
afetada pela temperatura. mm, de onde se entende a existência da resistência de
Assim, no caso de um condutor que apresente contato.
uma resistência R0 a uma temperatura T0, a resistência
R a uma temperatura T é, aproximadamente:
R = R0 [1 + (T – T0)] (6)
Onde é conhecido como coeficiente de
temperatura do material, cuja unidade é o ohm/graus
Celsius ( /0C).
Exercícios de fixação
Figura 2 – Pontos de contato.
1) A resistência de um condutor a 40 0C é 10 .
Sabendo-se que o coeficiente de temperatura Chama-se de resistência de contato, no
do material do condutor é de 0,004 /0C, entanto, a relação entre a tensão nos bornes de um
calcule o valor de sua resistência a 80 0C. contato e a intensidade de corrente que o atravessa.
Solução: Esta resistência não é constante e depende da pressão a
que estão submetidas as peças (pressão de contato), da
Substituindo-se os valores correspondentes na composição destas, da sua forma, da sua seção, do
expressão (2) tem-se: sentido e intensidade da corrente, etc.
A prata, o cobre, o bronze, o latão e o
tungstênio dão bons contatos, a resistência dos contatos
R = R0 [1 + (T – T0)] de alumínio, entretanto, é muito elevada. O contato em
corrente contínua apresenta uma resistência
R = 10 . [1 + 0,004 (80 – 40)] independente da intensidade de corrente.
Pode-se considerar bom um contato quando
R = 11,6 resulta muito pequena a diferença de temperatura entre
2) A resistência elétrica de um condutor a 30 0C o mesmo e os pontos ao redor. O mau contato,
é 5 . Qual é o valor da temperatura para que portanto, produz uma resistência de contato elevada e
a resistência seja 5,4 ? Adotar o coeficiente geração de pontos quentes, como ilustra a imagem
de temperatura do material do condutor igual termográfica da figura 3.
a 0,004 /0C.
Solução:
Substituindo-se os valores correspondentes na
expressão (2) tem-se:
R = R0 [1 + (T – T0)]
5,4 = 5 . [1 + 0,004 (T – 30)]
De onde:
T = 50 0C
Atente-se que, para esse caso, a elevação de
temperatura entre as duas situações é de:
Figura 3 – Imagem termográfica de um ponto quente
T – T0 = 50 – 30 = 20 0C. devido ao mau contato de um fusível com sua base.
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Capítulo 3: Materiais Condutores - 17
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
3.0 - MATERIAIS DE ELEVADA CONDUTIVIDADE casos em que se exige elevada dureza, resistência à
tração e pequeno desgaste, como no caso de redes
Os metais são elementos químicos que aéreas de cabo nu em tração elétrica, particularmente,
formam sólidos opacos, lustrosos, bons condutores de para fios telefônicos, para peças de contato e para anéis
eletricidade e calor e, quando polidos, bons refletores coletores. Em todos os demais casos, principalmente
de luz. A maioria dos metais é forte, dúctil, maleável e, em enrolamentos, barramentos e cabos isolados, se usa
em geral, de alta densidade. o cobre mole ou recozido.
3.1 - Cobre
3.1.1 - Características
existe facilidade de formação de elementos galvânicos, manganês, suporta bem, em particular, o calor,
que corroem ou dissolvem o zinco. O metal que menos reduzindo a possibilidade de oxidação do níquel,
corroí o zinco é o aço, o qual pode, assim, ser usado sobretudo acima dos 900 0C. Outro setor onde o níquel
para recobrimento e proteção do zinco. O zinco é ainda é usado é o dos termoelementos, em substituição ao par
usado para revestimento - a zincagem - através de platina - platina-sódio, para temperaturas até 1200 0C.
zincagem a fogo (imersão em estado de fusão), Combinado com o ferro, leva a liga magnéticas
aplicação por pulverização, ou zincagem eletrolítica. apropriadas.
Ligas de zinco - resultam sobretudo da união de zinco
Cromo
com alumínio e cobre, a fim de elevar sua resistência à
É um metal de brilho prateado-azulado,
tração e demais propriedades mecânicas.
extremamente duro. O cromo é usado para proteger
Cádmio outros metais que oxidam com maior facilidade.
O cádmio é um acompanhante constante dos Aliando sua baixa oxidação à elevada estabilidade
minérios de zinco e assim se constitui num subproduto térmica e à alta resistividade elétrica, resulta ampla
do mesmo. O cádmio é mais mole que o zinco, porém utilização do cromo na fabricação de fios resistivos, em
no mais suas propriedades são bem semelhantes a este. forma pura ou como liga.
Por seu brilho metálico, tem sido usado como metal de Tungstênio
recobrimento, na proteção contra a oxidação. Por ser Utilizado na fabricação de fios ou filamentos
mais caro que o zinco essa aplicação de cádmio hoje é de lâmpadas incandescentes, que operam a altas
quase que totalmente substituída pela zincagem. Assim temperaturas ou em ligas sujeitas a temperaturas
o seu uso fica condicionado à fabricação das baterias elevadas, como por exemplo, contatos com arcos
de Ni-Cd. O cádmio é venenoso. voltaicos intensos.
Níquel Ferro
É um metal cinzento claro, com propriedades A resistividade do ferro ou do aço é 6 a 7
ferromagnéticas. Puro, é usado em forma gasosa em vezes a do cobre, ou mesmo mais. Além de terem
tubos e para revestimentos de metais de fácil oxidação. aplicação como materiais estruturais e magnéticos, o
É resistente a sais, gases e materiais orgânicos sendo, ferro e o aço são também largamente empregados
porém, sensível à ação do enxofre. Aquecido ao ar, não como condutores elétricos, estando algumas aplicações
reage com o mesmo até 500 oC. Assim, seu uso está listadas a seguir.
difundido na indústria química, particularmente em a) circuitos de tração elétrica: nas estradas de
aplicações sobre o ferro, pois ambos têm o mesmo ferro o circuito de retorno para a corrente
coeficiente de dilatação e temperatura de fusão. elétrica é geralmente formado pelos próprios
A deformação a quente é processada a 1.100 trilhos, soldados entre si ou ligados por curtos
o
C, devido à sua elevada dureza. cabos de cobre. Nos sistemas em que se utiliza
Seu uso resulta assim para fios de eletrodos, um terceiro trilho para condução da corrente
anodos, grades, parafusos, etc. É de difícil evaporação elétrica (em lugar de uma linha aérea),
no vácuo. A emissão de elétrons é elevada pelo empregam-se para o terceiro trilho aços doces,
acréscimo de cobre até 3,5%. Fios de níquel podem ser com resistividade de 7 a 9 vezes a do cobre;
soldados a outros de cobre sem problemas. Nas b) ligas de ferro para resistências elétricas: a
lâmpadas incandescentes, fios de níquel são usados grande maioria das resistências para
como alimentadores do filamento de tungstênio devido aquecimento elétrico, ou para a confecção de
ao seu comportamento térmico. O seu elevado reostatos, é manufaturada com ligas de ferro;
coeficiente de temperatura o recomenda para c) linhas aéreas: nestas são utilizados
termômetros resistivos. Encontramos seu uso nos freqüentemente tanto como condutores
acumuladores de Ni-Cd e nas ligas de Ag-Ni para (eletrificação rural, aço galvanizado) como
contatos elétricos. Aliás, todas as ligas de níquel se alma de cabos de alumínio, para aumentar a
identificam por serem resistentes, mecanicamente, e resistência mecânica.
contra a corrosão e por suportarem bem o calor. Sua
presença em ligas Ni-Cu já altera a cor típica do cobre,
tornando-se praticamente igual à prata com 40% de Ni. 4.0 - MATERIAIS DE ELEVADA RESISTIVIDADE
A condutividade elétrica do cobre cai rapidamente na
presença do níquel, chegando ao seu valor mínimo a Ligas Resistivas
50% de Ni. Assim, ligas de níquel são adequadas na As ligas metálicas resistivas são utilizadas
fabricação de resistores, a exemplo do Konstantan. com três finalidades básicas:
Monel, e outros. A liga Ni - Cr (ou nicrom),
eventualmente com pequenos acréscimos de ferro a) ligas para fins térmicos ou de aquecimento;
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Capítulo 3: Materiais Condutores - 21
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
b) ligas para fins de medição; seu caráter refratário. Ao produto assim obtido dá-se
c) ligas para fins de regulação. habitualmente o nome de carvão eletrografítico.
São muitas aplicações do carvão em
Carbono e Grafite (C) eletrotécnica: elementos de resistências, resistências
O carbono é um corpo simples de que se fixas elevadas, eletrodos para fornos de arco, eletrodos
conhecem algumas variedades. Com exceção do para arcos de iluminação, carvões para soldadura,
diamante, as diversas variedades, que são mais ou carvões para contatos elétricos.
menos negras, são condutoras ou, pelo menos,
adquirem esta propriedade quando são submetidas a
uma temperatura adequada (600 0C).
Podem ser classificadas em grafites e
carbonos amorfos, sendo os primeiros melhores
condutores de eletricidade. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Se o carvão amorfo for levado a temperaturas
acima 2200 0C, produz-se uma modificação cristalina e [1] Rolim, J. G. – “EEL7052 - Materiais Elétricos”.
uma purificação. Daí uma evolução das propriedades Apostila. Centro Tecnológico da UFSC -
do carvão no sentido das da grafite: aumento de Universidade Federal de Santa Catarina; abril de
densidade, de condutibilidade elétrica e térmica e do 2002.
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Capítulo 3: Materiais Condutores - 22
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
1.0 - INTRODUÇÃO
2.2 - Capacitor
surge um outro fenômeno que origina perdas e que tem C - capacitância do dielétrico;
o nome de histerese dielétrica. A energia perdida é w - freqüência angular (ou 2 f, sendo f a freqüência
também transformada em calor. O nome deste da tensão aplicada);
fenômeno é dado pela analogia existente com a tg - fator de perdas (fator de dissipação dielétrica).
histerese magnética. A explicação física das perdas por
histerese dielétrica é dada por consideração da falta de Em geral, tais perdas são desprezíveis, a não
homogeneidade do dielétrico. ser em casos de freqüência e/ou tensões muito
elevadas.
3.5 - Fator de Perdas e de Potência do Isolamento Por outro lado, no projeto de transformadores
e máquinas elétricas, devem ser tomadas precauções
Quando um dielétrico está sujeito a um campo para evitar que haja grandes intensidades do campo
elétrico alternado, a corrente que o atravessa deveria elétrico em alguns pontos; neste caso, as perdas podem
estar avançada de 900 em relação à tensão, mas pelo se tornar apreciáveis.
fato de existir uma queda ôhmica através da massa do
isolante, haverá uma componente da corrente que fica 3.6 - Efeito Corona
em fase com a tensão.
Assim, o ângulo de diferença de fase será: Se, entre dois condutores, existir uma grande
diferença de potencial, junto às suas superfícies poderá
= 900 - surgir um campo elétrico de valor tal que o gás ou o ar,
no meio do qual se encontram seja ionizado.
sendo chamado ângulo de perdas. Se isto acontecer, o efeito obtido é equivalente
ao aumento das dimensões dos condutores, visto o gás
O valor do ângulo de perdas pode ir de poucos ou o ar ionizado se tornar condutor também. Nessas
minutos, se o dielétrico for bom, até a alguns graus, se condições, dá-se como que uma aproximação dos
for de má qualidade. condutores e um aumento da sua superfície. Estes dois
À tg , que pode se tornar igual ao ângulo fatores que se verificam tendem a modificar o campo
expresso em radianos (quando os ângulos muito nos dois sentidos, prevalecendo um ou outro conforme
pequenos) é dada o nome de fator de perdas. as circunstâncias.
Observando-se que quanto menor for o ângulo De uma maneira geral, pode-se dizer que, se
pode-se dizer que: os condutores forem de pequena seção e estiverem
bastante afastados, o efeito da ionização traduz-se por
uma diminuição do campo na zona circunvizinha.
cos = tg (6)
Desta forma, ionizada a primeira camada que envolve
os condutores, a ionização não prossegue nas camadas
Sendo o cos definido como o fator de
seguintes e o fenômeno não progride.
potência do isolamento.
A ionização limita-se como que a uma bainha
Embora o fator de potência seja definido da
à volta dos condutores, visível sob o aspecto de uma
mesma forma que a de um circuito de corrente
luz azulada e sensível pelo cheiro a ozônio. Esta
alternada, os conceitos não devem ser confundidos.
situação é aquilo a que chamamos de efeito coroa ou
Neste último caso, é interessante que o fator de
corona.
potência assuma altos valores, enquanto que, no caso
Se a forma e a distância dos condutores forem
dos dielétricos, ele deverá ser o menor possível.
outras, pode dar-se o contrário, isto é, o campo ir
Naturalmente, o cos não é constante,
mantendo nas camadas sucessivas valores
dependendo da freqüência e da temperatura.
suficientemente altos para provocarem a ionização até
Em função do exposto, verifica-se que surgem
o ponto de se estabelecer um caminho de gás ou ar
perdas no dielétrico, quando este é submetido a um
ionizado entre os condutores.
campo elétrico produzido pela tensão aplicada, as quais
As cargas elétricas deixam de encontrar
se traduzem em seu aquecimento. Tais perdas podem
resistência e passam em grande quantidade de um
ser calculadas através da expressão (7), ou seja:
condutor para o outro, sob a forma de um arco. É a
descarga elétrica.
Pdi = U2 w C tg (7)
4.0 - CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS ISOLANTES
onde:
Conforme a aplicação, alguns isolantes
apresentam, em certos casos, nítida superioridade sobre
Pdi - perdas no dielétrico; outros, sendo inteiramente inadequados em casos
U - tensão aplicada; diferentes.
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Capítulo 4: Materiais Isolantes - 26
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
necessário para que escoe um certo volume de tal A cifra ou número de neutralização varia entre
fluido em condições preestabelecidas. 0 e 1, considerando-se um índice normal de acidez o
Quanto mais viscoso for um fluido, mais que se apresenta com valor 0,4; alguns ensaios
dificuldade ele encontrará para escoar; a água, por mostram que a borra começa a se formar a partir deste
exemplo, escoa com bastante facilidade e assim possui índice, ou seja, verifica-se que quanto mais escura for a
baixa viscosidade. cor do óleo, o mesmo estará com uma acidez maior.
A viscosidade dos fluidos dielétricos é uma A tabela 5 fornece alguns elementos
grandeza que depende fortemente da temperatura. Ela relacionados ao controle da acidez.
varia inversamente com as variações da temperatura, (o
que representa uma relação essencial para o óleo em Índice de
Interpretação Observação
termos de refrigeração). Sendo assim, quanto maior for Neutralização
a sua temperatura, mais facilidade ele encontrará para Até 0.05 Novo Óleo novo, sem uso.
escoar, trocando calor com meio externo.
Desta forma, a viscosidade deve ser tal que Óleo usado. Tratamento
permita a circulação de óleo livremente pelas aletas de de 0,05 a 0,25 Bom
desnecessário.
refrigeração do transformador.
A viscosidade não é afetada pela
contaminação ou deterioração de um óleo, mas serve Improvável formação de
para identificar o seu tipo. lama. Tratar ou trocar.
de 0,25 a 0,40 Duvidoso
Desnecessário lavar
núcleo com jato de óleo.
7.5.6 - Ponto de anilina Início de formação de
lama. Tratar ou trocar.
Ponto de anilina é a temperatura em que há a de 0,40 a 0,7 Precário Lavar todos os
separação de anilina de uma mistura de anilina e óleo. componentes com jato de
O ponto de anilina está, de certa forma, óleo
relacionado com a propriedade de dissolver materiais Formação franca de
com os quais entra em contato e com seu conteúdo lama. Trocar.
aromático. Indispensável lavagem de
todos os componentes
7.5.7 - Acidez (Número ou índice de neutralização) acima de 0,7 Perigoso
com jato de óleo.
Verificar isolamento
Os ácidos constituem justamente um tipo de sólido do transformador
substância cuja presença é apenas tolerada em – possíveis danos.
pequenas quantidades. A acidez normalmente admitida
nas especificações para óleos isolantes novos é de 1 a 2 Tabela 5 - Controle de Acidez
moléculas de ácido para cada 10 moléculas de óleo;
isto corresponde, aproximadamente, ao limite de Observe-se que a análise da acidez do óleo é
detecção dos métodos vulgares de determinação de imprescindível para a verificação da qualidade do óleo.
acidez de óleos minerais.
A presença de ácidos nos óleos isolantes é 7.5.8 - Tensão interfacial
indesejada pois se trata de substância atividade química
relativamente elevada. A sua presença pode provocar o A forte atração recíproca entre moléculas da
ataque dos diversos materiais usados nos superfície de um líquido resulta em um fenômeno
transformadores (em particular, os metais) e, como denominado tensão interfacial. Sendo assim, nos óleos
conseqüência, haverá uma diminuição das novos, o valor da tensão interfacial é uma medida para
características dielétricas do óleo; este por sua vez, já é a pureza do óleo e, portanto, para avaliação de que
afetado pela simples presença de substância ácidas. houve adequada remoção de contaminantes (em
Portanto, o índice de acidez mede a particular subprodutos da refinação).
quantidade de ácidos minerais existentes no óleo, Supondo-se dois líquidos não miscíveis, por
formados por oxidação e que são responsáveis diretos exemplo, água e óleo, tem-se que este flutua sobre o
pela formação de borra. primeiro devido a sua menor densidade.
No caso de adição ao óleo, por exemplo, de Se certos contaminantes são agregados ao
hidróxido de potássio (KOH), o número de óleo, tais como ácidos gasosos saponificados,
neutralização desejado será dado pela quantidade de partículas de pó ou produtos de oxidação, estas
hidróxido (em mg) necessário para neutralizar um substâncias tendem a concentrar-se entre a mistura de
grama de óleo (mg KOH/g). água-óleo; quanto maior for essa concentração, menor
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Capítulo 4: Materiais Isolantes - 32
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
Observa-se que o valor da rigidez dielétrica se É o material pastoso não-polar mais usado e
altera conforme o formato e a distância dos eletrodos. mais barato. É obtido de uma das fases de
Sendo assim, quando se fornece o valor da decomposição do petróleo, com elevado teor de
rigidez é obrigatório também informar o tipo de metano, através de uma destilação adequada.
eletrodo e “gap’ utilizado pois a tensão de ruptura será Após o esfriamento desse destilado, a pasta de
diferente. parafina se separa do volume restante de material; a
A figura 11 esclarece para o caso de uma parafina assim obtida passa por processo de purificação
rigidez de 40 kV/mm, onde a tensão de ruptura é de 60 subseqüente, para eliminar restos de óleo e de materiais
kV para os eletrodos VDE e de 85 kV para os do tipo residuais de fácil oxidação. Uma parafina de boa
ASTM. qualidade se apresenta com aparência branca, livre de
ácidos, de bolhas impurezas. A constante dielétrica se
reduz com elevação de temperatura, mudando
bruscamente seu valor quando passa do estado sólido
ao líquido. É altamente anti-higroscópio ou repelente à
água, o que mantém elevada sua rigidez dielétrica e a
resistividade superficial e transversal, e o recomenda
como material de recobrimento de outros isolantes.
A baixa estabilidade térmica representa
vantagem e desvantagem. Se um lado, esse valor
demonstrar a desnecessidade de calorias elevadas para
liquefazer a parafina durante um processo de
impregnação ou recobrimento, facilitando assim o seu
emprego, essa mesma propriedade limita seu uso para
os casos em que o nível de aquecimento do
componente se mantém baixo. Esse último caso
Figura 11 – Rigidez dielétrica e tensão de ruptura para praticamente só ocorre na área das pequenas perdas
vários tipos de eletrodos Joule às baixas correntes circulantes, situação
encontrada, particularmente, nos componentes
Muitas vezes, diz-se que a rigidez dielétrica é eletrônicos. Assim, a importante característica de
30 kV, por exemplo. Na verdade, isto deve ser repelência à água, muito procurada para componentes
considerando como 30 kV/0,1” ou 30 kV/2,54 mm. eletrotécnicos usados ao ar livre, não pode ser
caso os eletrodos sejam do tipo disco (ANSI/ABNT). satisfatoriamente resolvida com a parafina.
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Capítulo 4: Materiais Isolantes - 34
EI 106 - MATERIAIS ELÉTRICOS
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Capítulo 4: Materiais Isolantes - 36