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livros recebidos

SODRÉ, Nelson Werneck. História Militar do Brasil. São Paulo:


Expressão Popular, 2009 (576págs.)

Um clássico mais que contemporâneo


Paulo Ribeiro da Cunha
Professor de Teoria Política da FFC/Unesp – Marília

Na virada do milênio, alguns experiência neoliberal seria a pá de cal


acontecimentos se apresentam como naqueles analistas que sustentavam a
pontos de partida para uma reflexão. leitura de uma preponderância da mão
Afinal, em 2009, muitos analistas invisível do mercado associado à idéia
comemoram a vitória do capitalismo e o do estado mínimo.
conseqüente esgotamento das formas de
Passado os anos, ainda são tempos
transição ao socialismo, tal como ele foi
difíceis para a humanidade, e
expresso no leste europeu; em que pese,
igualmente para o Brasil, em que uma
reflexões críticas também emergissem,
agenda política recoloca ao país
chamando atenção para suas
desafios históricos que estavam
conseqüências sociais e políticas. A
aparentemente anestesiados; mas que se
história, no entanto, tem suas
apresentam em 2010 com outras
armadilhas. No mesmo ano, bem pouco
adjetivações, sem, no entanto, refletir
tempo depois daquelas precoces
diferenças estruturais e socialmente
comemorações entraria em colapso o
profundas em relação àquela do último
modelo do neoliberalismo, cujo
século. Com ele, também se apresenta o
acontecimento trouxe a luz alguns
desafio de aprendermos explicações e
questionamentos, em especial, a de
formulações para nós
evitar referenciar reducionismos
instrumentalizarmos intervir no
teóricos e analíticos como o do ‘fim da
processo político. Daí a importância de
história’, tese que ganhou contornos de
retomarmos os pensadores clássicos,
profecia. Mas social e politicamente
clássicos que são assim referenciados
catastrófica para a humanidade, a

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pelos contemporâneos pelas instigantes extra-muros acadêmicos, sendo ele um
pontuações que elaboraram em um dos últimos intelectuais públicos;
tempo distante (ou não) bem como daqueles que escreviam e dialogavam
pelos instrumentos teóricos formulados idéias para a sociedade e a nação; talvez
para a compreensão dos desafios isso, explique a constante reedição de
presentes. 1 seus trabalhos. A outra, vocação militar,
exercida como oficial de artilharia do
Nessa linha, é que se apresenta em
exército e que chegou a patente de
muito boa hora, a reedição do conjunto
General de Brigada, que está expressa
da obra de Nelson Werneck Sodré,
em 02 livros para apreender o papel dos
autor clássico do pensamento social
militares no Brasil: Memórias de um
brasileiro, e que acontece às vésperas do
centenário de seu nascimento. Sua obra Soldado e História Militar do Brasil.
Este último objeto da presente reedição,
é vasta e coerente, abarcando um
conjunto de dezenas de livros e milhares igualmente se distingue como um
de artigos, que versam sobre um arco de clássico. E por quê?
reflexões na história, literatura, História Militar do Brasil trouxe ao
sociedade, cultura e política. Embora o debate político e ideológico uma outra
autor ainda seja objeto de vivas leitura sobre os militares e sua
polêmicas, cujas teses são reatualizadas intervenção na história do Brasil, diga-
no debate político contemporâneo pelos se, nada isenta de polêmicas. Mas
desafios que enfrentou em elaborar um diferente de algumas teses que
projeto para a Nação; temos visto nos sustentam a presença dos militares por
últimos anos um reexame mais razões endógenas, Sodré chama atenção
categorizado (e menos preconceituoso) que eles não estão ausentes do processo
de seus trabalhos. A rigor, esta reflexão político, e muito menos dissociados das
clássica orienta-se por um aspecto influências extra-muros da caserna. Os
central, apreender a constituição da militares estão inseridos na sociedade e
sociedade brasileira; exposto em um dela recebem influências da mesma
desafio que se apresenta como forma que são por ela influenciados, se
possibilidade de apreensão e superação expressando historicamente no processo
em 03 livros referenciais: Introdução à político pela intervenção da instituição
Revolução Brasileira, História da militar ou por grupos, muitos deles
Burguesia Brasileira e Formação nacionalistas, alguns de esquerda. 2
Histórica do Brasil. Na verdade, sua reflexão reflete aquela
Nelson Werneck Sodré elaborou sua que é uma de suas teses mais
obra na condição de duas vocações, controversas, e a que
paralelas, confluentes e mediadas pela consequentemente, resultou numa
política. Uma delas, como intelectual, reação contundente de alguns analistas:
foi desenvolvida em grande medida o exército teve uma formação
democrática e assim interviu de forma
1
A título de ilustração, este pressuposto se progressista em muitas ocasiões na
sustenta particularmente em relação à reflexão
marxista, enterrada como em outras ocasiões
2
históricas; sendo verificado nos últimos tempos A rigor, não há também uma apreensão da
em vários países do mundo (mesmo na instituição militar em sua leitura de forma
Alemanha pós queda muro), uma expansão homogênea; ela reflete bem como se legítima no
extraordinária de suas obras e sua melhor processo político, na medida que, os grupos e
tradição no mercado editorial, e isso não foi classes que se apresentam na sociedade ao lado
diferente no Brasil. das causas nacionais e patrióticas.

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história do Brasil. Tese esta ainda passaporte do futuro. Nelson Werneck
sujeita a questionamentos por muitos Sodré foi um deles, cujo
analistas, mas que o autor não foge a reconhecimento por aquela participação
eles, sustentando sua leitura com vasta foi inexistente; muito pelo contrário,
fundamentação documental e teórica quase todos tiveram suas carreiras
(além de prática pela condição de ter abortadas; sendo muitos transferidos do
sido oficial do exército). Mas é possível Rio de Janeiro para guarnições
identificar a atualidade de História distantes; outros reformados, e até
Militar do Brasil? Se sim, de que mesmo expulsos das Forças Armadas.
maneira? Vamos ao debate. Foi seu caso, exilado por alguns anos
em uma distante guarnição de fronteira,
Inicialmente, vale pontuar como é
tendo suas promoções na carreira
descrito o processo de constituição do
militar ocorrido em grande medida, por
livro, suas fases históricas e a
antiguidade até às vésperas do golpe de
qualificação que estas recebem do autor.
1964.
A Fase Colonial é a primeira; seguida
da Fase autônoma; tendo em 1930, Alias, para uma apreensão aprofundada
iniciado a Fase Nacional, sobre sua trajetória pessoal, vale
particularmente importante, e com ela pontuar que a reflexão exposta em
um adendo: o Exército muitas vezes História Militar do Brasil, não está
esteve ao lado do povo. A partir de deslocada de outro clássico do autor,
1945, o autor indica uma subfase, ‘Memórias de Um Soldado’. Em ambos
denominada Consulado Militar, iniciada os livros, ele não somente pensou,
em concomitantemente a Guerra Fria. formulou e reformulou paradigmas, mas
Nesse momento último, é que se também resgata sua presença militante
apresentou ao país, o debate como personagem histórico, já que
democrático e nacionalista; a polêmica interviu em muitos momentos decisivos
sobre o petróleo; as ameaças à da história política brasileira. Neles
Amazônia, confluindo essas questões no estão presentes de forma articulada, o
Clube Militar. Sodré participava da resgate das lutas dos anos 50, em que
Diretoria do Clube, cuja chapa incluía houve uma intensa reflexão sobre um
oficiais nacionalistas (alguns advindos projeto nacional e democrático
do tenentismo) e de esquerda, bem associado aos movimentos populares;
como dirigia sua prestigiada Revista. O mas não somente, lutas que refletiram a
Clube Militar pontificou naquela resistência de setores militares em
ocasião, uma das mais belas e enviar tropas brasileiras à Guerra da
significativas campanhas pela soberania Coréia. Em sua análise, a Fase Nacional
nacional de nossa história: a luta de O descrita em História Militar do Brasil, é
Petróleo é Nosso; cuja vitória assegurou que reflete a tradição histórica e
seu monopólio e a criação da Petrobrás. democrática que se expressaria em
movimentos na confrontação ao
Contudo, um parêntese se faz
Imperialismo e ao latifúndio. Como
necessário. Podemos interpretar, sem
veremos, Sodré estabeleceu igualmente
risco de grandes equívocos, que a
a distinção conceitual entre país e nação
geração atual é caudatária da luta destes
e o papel da instituição militar na
militares que hegemonizaram
particularidade da revolução burguesa
politicamente aquela tese patriótica e
em curso no Brasil; valorizando como
temos como seu maior legado hoje, o
missão das Forças Armadas, assegurar
Pré-sal; segundo muitos analistas, nosso

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as liberdades democráticas e a livre Um outro fundamento importante desta
expansão econômica nacional. tese é aquela em que chama atenção
para os vários momentos da história do
Com efeito, a tese central posta em
Brasil que os militares estiveram ao
História Militar do Brasil sobre a
lado do povo. E são muitos. A
presença democrática dos militares é
campanha da abolição e a conseqüente
sustentada e reafirmada empiricamente;
proclamação da República é uma delas;
mas não somente, é também analisada
exemplos dignificantes de patriotas são
no livro enquanto polêmica e
citados em generais como Floriano e
controvérsias, visto que, além do
Lott; ou referenciados nas suas páginas
resgate amplo, ele mesmo não se escuda
as expressões do movimento tenentista,
em analisar os momentos que a
bem como a Coluna Prestes; como
instituição militar se pautou por
também a Campanha do Petróleo é
posições conservadoras, quiçá
Nosso; ou aqueles movimentos de
reacionárias. Vale registrar que Sodré
resistência como o 11 de Novembro e a
pagaria ainda um alto preço pela
posse de João Goulart; como exemplos
coerência de suas posições ao longo dos
de manifestações progressistas e
anos seguintes, sendo inclusive preso
democráticas dos militares ao longo da
com o golpe militar. Mas Sodré não
história. Mas em seu livro, o autor
deixou de chamar atenção que a derrota
também não se abstém de analisar
das forças em 1964, foi uma derrota
criticamente as situações que os
política, tendo inclusive lamentado que
militares se envolveram ou foram
houvesse uma radicalização à esquerda
envolvidos negativamente, e não faltam
no pré-64; aspecto este que teria
exemplos como a campanha de
contribuído para o golpe na medida que
Canudos; a chamada Intentona
resultaria no isolamento das forças
Comunista e suas conseqüências em que
políticas progressistas e nacionalistas.
uma versão foi veiculada como fato;
Como ressaltado, Nelson Werneck atuação golpista em 1937; a Doutrina
Sodré não abdicou desta tese histórica e Góes Monteiro; e especialmente, algo
duas questões se apresentam para de triste memória, o golpe de 1964.
sustentar sua leitura sobre a questão Ainda assim, Sodré defende que a
democrática e os militares. Uma delas, a história dos militares é um componente
composição social do exército, ao qual, da história do Brasil em seus avanços e
ele é um expoente. Sodré chama recuos, nada isolada do processo
atenção que a instituição era composta político brasileiro. Fica ainda, no
em grande medida por membros entanto, uma indagação: em que
advindos da pequena burguesia e que no medida, essa tese se apresenta
seu tempo (mas também nos períodos contemporaneamente? Ou melhor, há
subseqüentes), o exército era quase que alguma factibilidade da questão
a única possibilidade daqueles jovens democrática e nacional quando
ascenderem socialmente. De forma analisamos as Forças Armadas hoje?
correlata, sustentou neste livro, que o Vamos por partes.
exército pela sua vascularização
Há pistas importantes para corroborar
nacional, era uma instituição que
esta hipótese, especialmente, na última
expressava a integração bem como
parte de História Militar do Brasil. O
possibilitava milhares de jovens
livro foi publicado em 1965, um ano
educação, e isto não é pouco em um
após o golpe, quando ainda se
país como o Brasil.
verificava uma luta interna entre as

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várias facções do exército quanto aos mesmo uma agenda não equacionada,
rumos que o processo iria decorrer. Ao em especial quanto à extensão da anistia
mesmo tempo em que o autor privilegia aos setores cassados e aos subalternos;
o resgate da questão democrática; ou mesmo a inconclusa questão sobre a
objetiva, na conclusão, com uma punição aos torturadores e a abertura
proposta de intervenção política para dos arquivos militares. Em seus últimos
setores específicos da oficialidade no artigos, afirmava que as diferenças do
pós-64 (afinal, com os processos de pré 64 estavam superadas; portanto,
expurgo nas FA, não havia mais havia que estabelecer pontes de diálogo,
esquerda militar, movimento de especialmente no setor nacionalista no
subalternos e marinheiros como sentido de aproximar os militares e a
componentes a influir; além de ser sociedade civil. Talvez, esta tenha sido
politicamente impensável), muitos deles sua última missão, quiçá, o seu último
insatisfeitos com possíveis combate; e com ele a perspectiva
desdobramentos de uma intervenção de retomarmos um projeto de Nação.
longo prazo. É bem provável que essa A atual agenda política, em alguma
última e diferenciada parte conclusiva
medida, não difere daquela que ele
tenha sido elaborada logo depois do
esteve envolvido em 1964; e com a
golpe, quando a ditadura militar estava
queda do neoliberalismo em 2009; alias
envolvida em distensões internas e o
denunciado por ele como farsa, quando
quadro político indefinido. Ao que
esteve em voga nos anos 90 em um de
parece, o autor indicava para setores seus últimos livros (com o título, Farsa
militares uma política de resistência à do Neoliberalismo). Por essa razão, sua
ditadura a partir do aprofundamento de obra se apresenta como um imperativo
uma perspectiva democrática que estava para repensar a Nação, em que o papel
posta no debate, mas sugeria igualmente do Estado ganha centralidade e, com
a (re) valorização da questão nacional, ele, a perspectiva de um projeto
incorporando osmoticamente o popular nacional, que seja efetivamente
na configuração de um projeto de democrático e popular. Afinal, como
nação. 3 bem pontuou o autor em um ensaio
Contemporaneamente, há uma nova ‘Quem é Povo no Brasil’4, os militares
geração de militares emergindo no fizeram parte do povo em várias
cenário político e, vale dizer, ocasiões de nossa história. Em sua
inegavelmente tem pautado sua análise, Povo teria por significado maior
presença pela disciplina, pelo (e que difere do conceito de população),
cumprimento do dever submetido às a confluência de vários segmentos a
normas democráticas advindas do favor das causas democráticas e
processo de transição. Evidentemente, progressistas; portanto nada mais
há muitas inquietações políticas, e coerente que somar a esta opção, os
militares, e em reconhecê-los como ator
3
importante deste processo de
Por hipótese, se o autor tivesse vivido mais
construção; algo atualmente em curso
alguns anos, é bem possível que esta parte
última sofresse algum grau de reelaboração, já em outros países da América Latina em
que sugere nela uma reflexão que pudesse vir a
ser uma contribuição ao processo político. Esta
4
é uma hipótese, alias, factível, na medida que é Ensaio histórico editado inicialmente para a
uma característica de Sodré em dialogar e Coleção Cadernos do Povo Brasileiro e
reavaliar pontos de seus livros entre uma edição reeditado numa série que comporia a clássica
e outra. Introdução à Revolução Brasileira.

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que eles assumem papéis relevantes face de uma agenda correlata e foram
com este objetivo. partícipes legítimos do processo político
brasileiro ao longo da história, como os
A partir de História Militar do Brasil,
muitos exemplos citados pelo autor
podemos identificar pistas sobre a sua
neste livro. Seguramente, aspectos da
contemporaneidade. Temos algumas
atual agenda nacional como o Pré-sal; a
hipóteses. Pesquisas recentes
questão da internacionalização
demonstram que a composição social do
Amazônia; entre outros temas, podem e
exército, tem se alterado, aproximando
devem demandar sua opinião como
daquela que foi uma constante ao longo
atores diretamente envolvidos no
do século XX (tendo inclusive oficiais
processo. Mas não somente.
filhos de praças). Paralelamente, a
instituição tem tido uma intervenção A reforma agrária, uma tese histórica
social pedagógica, já sinalizada pelo dos primeiros tenentes desde os anos
autor em várias partes do país, 20, e, equivocadamente
particularmente na Amazônia. Por sua operacionalizada por muitos militares
composição social estaria mais próxima como políticas de colonização ou
da tese exposta pelo autor; e por sua reassentamento podem vir a ser um
presença no processo político ponto de identidade e aproximação com
incorporando causas nacionalistas (de os movimentos sociais, particularmente
maneira tímida e não publicamente); os ao ser resgatado e valorizado na
militares - por hipótese – estariam se perspectiva de um projeto nacional.
inserindo gradual e democraticamente Um indicativo positivo desta
no debate político. Controvérsias e possibilidade é a recente formulação da
rumores em curso sobre a real Estratégia Nacional de Defesa (END),
imobilidade dos militares também plano idealizado por setores militares e
fazem parte do debate político e civis no sentido de propor uma política
acadêmico, mas nada que tenha abalado de defesa ao país que, pioneiramente
o processo advindo da constituição de aponta que sua factibilidade passa pelo
1988. Hipóteses factíveis ou não, é um seu equacionamento da questão
dado a ser contemplado. fundiária. Embora esta tese não teve a
mesma dimensão que outros aspectos
Todavia, ainda permanecem as
elencados no documento, e tendo sido
dificuldades em lidar com as seqüelas
expressa de forma bem residual,
da intervenção militar de 1964, e que se
somente seu reconhecimento significa
fazem presentes através da atuação de
um passo à frente como política de
alguns oficiais de extrema direita
diálogo e aproximação com os
militar, que criam dificuldades neste
movimentos sociais do campo. Faltou,
diálogo ao resgatar um espírito de
no entanto, chamar esses últimos como
corpo; embora muitos jovens militares
agentes diretamente envolvidos e
lamentem serem penalizados por uma
interessados para somar e influir nas
dívida de gerações anteriores e que
decisões bem como no esforço de
absolutamente não lhe dizem respeito.
implementação.
Talvez, este seja um ponto a ser
superado, e explique certa timidez por Contudo, este aspecto, parece estar
parte de muitos nacionalistas em se evoluindo no debate político no Brasil,
posicionarem propositivamente nas havendo inclusive um gradual consenso
grandes questões nacionais; nada em qualificar o golpe de 64 como ‘Civil
distante daqueles que estiveram face a Militar’ (e não somente golpe militar);

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em que pese, haja manifestações das Forças Armadas numa perspectiva
condenáveis (muitas vindas de setores estratégica, saltou os muros da caserna
acadêmicos) que procuram suavizar incorporando outros setores não
aquele período como Ditabranda. militares neste debate.
Outros indicativos também sugerem a
Estes aspectos correlatos, sem dúvida,
contemporaneidade do debate proposto
já seriam suficientes para recomendar
por Nelson Werneck Sodré. Há em
ao leitor que, História Militar do Brasil
curso – polemicamente, diga-se de
não é somente um livro de história, e
passagem - movimentos de jovens
sim a história como processo em curso;
militares no sentido de democratizar as
reflexo de uma tese clássica que é
Forças Armadas, e nesta linha, atuam
contemporânea em seus desafios;
algumas entidades de praças; sem
especialmente no quesito de que se
deixar de mencionar a gradual presença
podem pensar os militares como atores
de militares estudando universidades,
nacionais na construção de uma
bem como participando de congressos
sociedade efetivamente democrática.
acadêmicos. No Congresso Nacional,
Sua leitura soma ao resgate de uma
uma tímida evolução é perceptível pela
reflexão sobre seu papel na agenda
interlocução da instituição com os
nacional, contribuindo para o diálogo
militares, havendo inclusive uma
destes com outros segmentos nacionais
gradual especialização de parlamentares
e populares, superando preconceitos e
na temática Forças Armadas, sendo
agravos; leia-se os reconhecendo como
alguns de seus interlocutores mais
um componente do povo; tese
categorizados, deputados de esquerda.
igualmente cara a Nelson Werneck
Ao que parece, ocorre de parte a parte,
Sodré, mas que os confluiria
um diálogo sem maiores
conjuntamente com os vários atores
constrangimentos ideológicos. Mesmo
nacionais no desafio maior: a
a atual proposta sobre o reequipamento
construção da nação brasileira.

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