Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Direito Eleitoral - Santo Graal Vitaminado
Direito Eleitoral - Santo Graal Vitaminado
DIREITO ELEITORAL
1
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
SUMÁRIO
Ponto 4.b. Juntas, Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral. 60
Ponto 6.a. Propaganda eleitoral em geral. Início. Bens públicos e bens particulares.
Símbolos e imagens semelhantes às de órgãos do governo. 108
Ponto 6.c: Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação Social. Ação
de investigação judicial eleitoral. 121
Ponto 7.b. Recurso contra a Diplomação. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo. 132
Ponto 7.c. Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais. Captação
ilícita de sufrágio. 141
Ponto 8.a. Partidos Políticos. Princípios constitucionais a serem observados na sua criação.
Vedações. Fusão e incorporação. 148
Ponto 8.c. Autonomia dos Partidos Políticos. Normas de fidelidade e disciplina partidárias.
157
Ponto 9.b. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem jurídico protegido. Código
Eleitoral e legislação esparsa. 166
Ponto 9.c. Ação penal. Propositura. Titularidade. Processo e julgamento. Recursos. 173
3
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legislação básica: CF, art. 14,§1º, I,II; §2º; CE art.42; Res. TSE no. 21.538/2003
Consideração inicial: o domicílio eleitoral, local em que será feito o alistamento, não se
confunde com o domicílio civil, pois o domicílio eleitoral é caracterizado quando a pessoa,
mesmo não residindo no local com ânimo definitivo, com ele mantenha vínculos de
natureza meramente afetiva, social, econômica ou política.
Natureza Jurídica: segundo Marlon Reis, o alistamento tem natureza jurídica de ato jurídico
complexo, integrado por duas fases: a) verificação do preenchimento das condições
constitucionais e legais para votar (qualificação) e b) também a inscrição no cadastro
eleitoral. Na verdade quando se ressalta o caráter declaratório do alistamento está se
fazendo referencia ao fato de que a justiça eleitoral somente verifica a existência ou não
destes requisitos (ato vinculativo) gerando assim um caráter meramente declaratório (item
a), quando, na verdade, também é ato constitutivo da inscrição do eleitor no cadastro da
justiça eleitoral, gerando por consequência também a aquisição de sua capacidade eleitoral
ativa, conforme item “b” acima. Então é possível afirmar que possui natureza constitutiva
da capacidade eleitoral ativa (direito de votar) e da cidadania do nacional[1].
4
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Considerações genéricas sobre o título eleitoral: documento solene e formal que expressa a
cidadania brasileira; faz prova até a data de sua emissão que o eleitor está regular com a
Justiça Eleitoral; a emissão do título deve ser feita por computador (obrigatoriamente),
sendo assinado pelo juiz eleitoral, contendo a assinatura do eleitor para fins de conferência
na folha de votação que fica, no dia das eleições, nas seções eleitorais. No caso do eleitor
analfabeto, obviamente, poderá constar a impressão digital de seu polegar; nas hipóteses de
alistamento, transferência, revisão e segunda via, a data de emissão do título será a de
preenchimento do requerimento; a entrega do título é sempre pessoal, através de
comprovação de documento oficial de identidade do eleitor.
Note-se que o alistamento eleitoral não possibilita o exercício de todos os direitos políticos,
uma vez que a obtenção da capacidade eleitoral passiva depende do preenchimento de
outros requisitos constitucionalmente previstos e se dá de forma progressiva no tempo.
Entretanto, não é possível afirmar a existência de graus de cidadania. Acerca desta questão,
confira o seguinte trecho extraído da obra de José Afonso da Silva, in verbis: (...) Neste
caso, podemos admitir que a aquisição dos direitos políticos se opera por graus, apenas
para denotar o fato de que a plenitude de sua titularidade se opera por etapas: (1) aos 16
anos de idade, o nacional já pode alistar-se tornando-se titular do direito de votar; (2) aos
18 anos, é obrigado a alistar-se tornando-se titular do direito de votar, se não o fizera aos
16, e do direito de ser eleito Vereador; (3) aos 21 anos, o cidadão (nacional eleitor)
incorpora o direito de ser votado para Deputado Federal, Deputado Estadual ou
Deputado Distrital (Distrito Federal), Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; (4) aos 30
anos, obtém a possibilidade de ser eleito para Governador e Vice-Governador de Estado e
do Distrito Federal; (5) finalmente, aos 35 anos o cidadão chega ao ápice da cidadania
formal com o direito de ser votado para Presidente e Vice-Presidente da República e para
Senador Federal (art. 14, § 3°)[2].
5
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
6
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
embora esta causa de suspensão não esteja elencada no artigo 15 da Constituição Federal
(Resolução TSE n° 20.165, de 7 de abril de 1998).
A qualificação é o ato por meio do qual o indivíduo fornece suas informações pessoais.
Para alistar-se, o alistando deve apresentar-se em um Cartório Eleitoral ou local
previamente designado e fornecer as informações necessárias ao preenchimento do
Requerimento de Alistamento Eleitoral – RAE[4].
O requerimento será instruído com um dos seguintes documentos, que não poderão ser
supridos mediante justificação (artigo 44 do CE): I - carteira de identidade expedida pelo
órgão competente do Distrito Federal ou dos Estados; II - certificado de quitação do serviço
militar[5]; III - certidão de nascimento ou de casamento extraída do Registro Civil; IV -
instrumento público do qual se infira, por direito ter o requerente idade superior a dezoito
anos (ou dezesseis, pela regra atual da CF) e do qual constem, também, os demais
elementos necessários à sua qualificação; V - documento do qual se infira a nacionalidade
brasileira, originária ou adquirida, do requerente.
Será devolvido o requerimento que não contenha os dados constantes do modelo oficial, na
mesma ordem, e em caracteres inequívocos (rejeição preliminar, que abrange qualquer dos
requisitos formais prévios do requerimento).
Poderá o juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre qualquer outro
requisito para o alistamento, converter o julgamento em diligência para que o alistando
esclareça ou complete a prova ou, se for necessário, compareça pessoalmente à sua
presença. Depois de sanadas quaisquer dúvidas, o juiz deferirá o pedido, datando e
assinando o título e a folha individual. A lei veda expressamente a assinatura desses
documentos pelo juiz antes do deferimento do pedido. Tal ato constitui ilícito penal
eleitoral (45, §11, CE).
7
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de cada
mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes
dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem (Lei n° 6.996/82, art. 7°). A
possibilidade de interposição de recurso pelo delegado de partido contra decisão que deferir
o requerimento de alistamento eleitoral tem como objetivo retirar do corpo eleitoral os
eleitores que não possuam verdadeiro interesse na circunscrição eleitoral em que forem
inscritos, para garantir que o resultado das eleições corresponda à vontade legítima dos
eleitores da localidade. Cabe observar, ainda, que o membro do Ministério Público que
oficiar perante o juízo eleitoral terá legitimidade para recorrer e o prazo será igual àquele
deferido ao delegado de partido[6].
6. FASES DO ALISTAMENTO:
Prazo para alistamento: O artigo 91 da Lei 9504/97 determina que “Nenhum requerimento
de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos cento e cinquenta dias
anteriores à data da eleição”. O alistamento reabrir-se-á em cada zona, logo que estejam
concluídos os trabalhos da sua junta eleitoral. OBS: 2ª via: o eleitor já alistado poderá
requerer a 2ª via em até 10 dias das eleições.
Prazos de entrega dos títulos (art. 69, CE): resultantes dos pedidos de inscrição ou de
transferência: até 30 dias antes da eleição/ segunda via: até a véspera do pleito.
Por outro lado, compete aos juízes eleitorais fiscalizar o ato de alistamento do eleitor e seu
cancelamento. Possui também legitimidade para impugnar a inscrição de eleitores o
8
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Das decisões do juiz eleitoral cabe recurso para o Corregedor Regional no prazo de três
dias; e, das decisões do Corregedor Regional, cabe recurso para o corregedor–geral eleitoral
(que atua no TSE), no prazo de três dias. Trata-se de recurso INOMINADO. São
legitimados para a interposição os eleitores, partidos políticos e MP.
a) a infração dos artigos 5º e 42: trata-se das inscrições obtidas com desrespeito às vedações
legais: (1) dos que não saibam exprimir-se na língua nacional; (2) dos que estavam
privados, temporária ou definitivamente dos direitos políticos; (3) dos conscritos; (4) dos
que não são domiciliados no local do alistamento. O cancelamento, portanto, refere-se à
existência de vício ‘ab origine’, que não se convalida pelo decurso do tempo;
9
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
d) o falecimento do eleitor; neste caso, quando se tratar de fato notório, ficam dispensadas
as formalidades previstas nos incisos II e III do artigo supracitado (artigo 79 do Código
Eleitoral). Note-se que o § 3° do artigo 71 do Código Eleitoral estabelece a obrigação de os
oficiais de registro civil enviarem, até o dia 15 de cada mês, ao juiz eleitoral da zona em
que oficiarem, comunicação dos óbitos de cidadão alistáveis ocorridos no mês anterior,
para cancelamento das inscrições, sob pena de incorrem no delito previsto no artigo 293 do
Código Eleitoral.
OBS: Pode haver revisão em ano eleitoral? Note-se que, de acordo com o § 2° do artigo 58
da Resolução TSE n° 21.538/2003, não será realizada revisão de eleitorado em ano
eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando autorizada pelo Tribunal Superior
Eleitoral.
Os trabalhos de revisão são presididos pelo juiz eleitoral da zona, fiscalizados pelo
representante do Ministério Público que oficiar perante o juízo e inspecionados pelo
Tribunal Regional Eleitoral, por meio da Corregedoria Regional (artigos 59 58 e 62 da
10
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Resolução TSE n° 21.538/2003). Ademais, o juiz eleitoral deverá dar conhecimento aos
partidos políticos da realização da revisão, facultando-lhes, por meio dos delegados
credenciados nas zonas ou perante os TREs, o acompanhamento e fiscalização de todo o
trabalho (artigo 67 da Resolução TSE n° 21.538/2003). Nos termos do artigo 63 da citada
resolução, o juiz eleitoral deverá fazer publicar, com antecedência mínima de cinco dias do
início do processo revisional, edital para dar conhecimento da revisão aos eleitores
cadastrados no município ou zona, convocando-os a se apresentarem, pessoalmente, no
cartório ou nos postos criados, em datas previamente especificadas, com o objetivo de
efetuar a revisão de suas inscrições, com a confirmação dos seus domicílios, sob pena de
cancelamento das inscrições.
O termo ‘exclusão’ é também usado pelo CE para designar o próprio procedimento que visa
o cancelamento da inscrição. Nesse sentido, os artigos 73 e seguintes do CE, que
estabelecem o rito do processo (LER). O processo pode iniciar-se ex officio, sempre que o
juiz eleitoral tiver conhecimento de alguma causa de cancelamento (artigos 71, § 1°, e 74
do Código Eleitoral). O processo pode ser iniciado também a requerimento de delegado de
partido, do Ministério Público ou de qualquer eleitor.
OBS: Após cancelada, é possível uma nova inscrição eleitoral? Sim. De acordo com o
artigo 81, CE, cessada a causa de cancelamento, poderá o interessado requerer novamente a
inscrição eleitoral.
Nesses atos, os partidos são representados por seus delegados credenciados, no seguinte
número: perante o juízo eleitoral: 3 delegados; perante o TRE: 4 02 delegados (resolução
21538); perante o TSE: 5 delegados (não encontrei essa quantidade – onde está?);
O artigo 28 da referida resolução estabelece que, para os fins citados acima, os partidos
políticos poderão manter até dois delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral e até três
delegados em cada zona eleitoral, que se revezarão, não sendo permitida a atuação
simultânea de mais de um delegado de cada partido. Ressalte-se que os delegados
credenciados no Tribunal Regional Eleitoral poderão representar o partido, na
circunscrição, perante qualquer juiz eleitoral.
O VOTO:
Sufrágio corresponde ao direito de votar e ser votado. O voto é o ato material que
concretiza o direito de sufrágio. Escrutínio é a forma pela qual o voto se exterioriza,
podendo ser público ou secreto.
12
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Natureza jurídica do voto: Paulo Bonavides, ao tratar do sufrágio, menciona duas escolas
ou correntes principais (voto como função ou direito): A dos que acolhem a doutrina da
soberania nacional e são conduzidos a ver o sufrágio como uma função; A dos que se
apegam à doutrina da soberania popular e que inferem, daí, o voto como um direito. Diz
Paulo Bonavides que pela doutrina da soberania nacional o eleitor é tão somente um
instrumento ou órgão de que se serve a nação para criar um órgão maior. De outro lado, a
se adotar a corrente contrária (soberania popular), ter-se-á o eleitor como parte desse órgão
maior.
A maior parte da doutrina adota a posição de que o sufrágio (ou voto) no direito brasileiro
apresenta duplo aspecto de ser direito e dever.
Dalmo de Abreu Dalari explica que todos os países definem uma idade mínima para se
poder votar, havendo uma tendência para fixá-la em dezoito anos. Lembrar que, no Brasil,
o voto é obrigatório a partir dos 18 anos, sendo facultativo aos maiores de 16 e menores de
18 anos e maiores de 70.
O voto censitário fundamenta-se, segundo seus defensores, nas seguintes razões: os que têm
mais bens têm mais interesses em que os governos sejam melhores para protegerem seu
patrimônio; os mais ricos pagam mais impostos e portanto, têm o direito de escolherem
quem os haverá de administrar; podem acompanhar melhor a política por que não
necessitam trabalhar muitas horas por dia. Obviamente a tibieza dos argumentos não lhes
dá sustentação. No entanto, o poder econômico dos candidatos parece continuar sendo
importante para influenciar o voto.
No que concerne ao voto capacitário, vale dizer que grande parte dos países exige alguma
espécie de grau de instrução para que se possa votar. Porém, tendo em vista que, em muitos
países, tal restrição equivale a privar a maioria da população adulta de votar, há forte
tendência para afastar tal restrição.
Quanto aos portadores de deficiência (ou necessidades especiais) cabe distinguir entre os
que não têm consciência da significação do ato de votar devido a problemas mentais e o
deficiente físico. Este último deve ter não só o direito genérico de votar, mas também o
direito a que seja facilitado o exercício do voto. Deverão requerer ao juiz de sua zona
eleitoral, até trinta dias antes da eleição, a viabilização de meios para tanto.
13
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Por fim, há restrições para os praças (conscritos) visando evitar que a política invada os
quartéis.
Seja como for, a universalidade do voto sempre deverá ser entendida de forma relativa.
Sempre haverá restrições a grupos de pessoas tais como: os absolutamente incapazes, por
não poderem exercer de forma plena a liberdade de votar; e os estrangeiros[10]. Não há
contradição na existência dessas limitações, todavia será inadmissível a lei discriminar sem
o mínimo de racionalidade, pois, em tais casos, haveria infringência ao princípio
constitucional da isonomia da vedação à discriminação.
O voto também deverá ser secreto, dificultando fraudes e garantindo a liberdade de escolha
aos eleitores. A legislação dever garantir seu sigilo. A título de exemplo, vale lembrar que o
uso de telefone celular na sala de votação é proibido. Da mesma forma, é obrigatório que o
voto se efetive em cabine indevassável. Por outro lado, considerando que o exercício do
voto deve prevalecer, é lícito ao eleitor levar anotado o número ou nome do candidato de
sua preferência. Da mesma forma, na hipótese de um eleitor, plenamente capaz, que não
possa, por deficiência física, votar sozinho, poderá ser acompanhado por amigo ou parente.
Por fim, nada impede que os pais ou avós levem crianças para acompanhá-los a urna para
votar.
Outra característica consiste em ser o voto de igual valor para todos os cidadãos (one man,
one vote). Trata-se da aplicação no campo do direito eleitoral do princípio da isonomia.
O voto dever ser periódico, ou seja, os mandatos não podem ser demasiadamente longos.
Tendo em vista tratar-se de clausula pétrea, vem a dúvida quanto à alteração da
periodicidade dos mandatos eletivos.
Quanto à obrigatoriedade do voto, diz parte da doutrina que relaciona-se ao fato de ser o
exercício da cidadania ainda novidade para o povo brasileiro.
O eleitor que não vota ou justifica sofre sanções de ordem pecuniária, além de restrições a
direitos da seguinte forma: impossibilidade de participar de concursos públicos ou tomar
posse no cargo; tirar passaporte ou carteira de identidade; obter empréstimos de órgãos
públicos e o recebimento de remuneração pelos servidores ou empregados públicos.
Observar que os enfermos, quem estiver ausente de sua zona eleitoral e o servidor público
em serviço estão dispensados de votar.
14
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Questões de prova:
Alistamento eleitoral e voto. Ambos são facultativos para os que tem idade entre 16 e 18
anos e os maiores de 70 anos?
Se o alistável facultativo se alistar, o voto dele passa a ser obrigatório? Não. A Constituição
é clara ao afirmar que o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para essas pessoas.
O sigilo de voto é absoluto ou pode ser relativizado no caso de uma pessoa que precise de
ajuda para votar?
Voto obrigatório significa que eleitor tem que votar em algum candidato?
Voto eletrônico impresso, criado pela última reforma. ADIN, liminar, constitucionalidade
etc. Voto impresso, qual função? Vulnera o sigilo do voto?
15
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legislação básica: Código Eleitoral; Lei n.º 6.996/82; Lei n.º 9.504/97; Res. 21.538/2003.
1. DOMICÍLIO ELEITORAL:
Conceito legal de domicílio eleitoral (art. 42, § ún. do CE): “Para o efeito da inscrição, é
domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o
alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”.
Domicílio eleitoral afetivo: ocorre quando a pessoa transfere seu domicílio civil, mantendo,
porém, o domicílio eleitoral em outra circunscrição. Ac.-TSE n.º 16.397/2000 e
18.124/2000: o conceito de domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente, com o de
domicílio civil; aquele, mais flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar
onde o interessado tem vínculos (políticos, sociais, patrimoniais, negócios).
Obs.: ver Decreto-Lei n.º 201/67, art. 7.º, II: cassação do mandato de vereador quando
fixar residência fora do município.
Domicílio eleitoral do funcionário público: Há casos em que a lei não dá margem à escolha
do domicílio civil (hipóteses de domicílio legal ou necessário: entre outros, o do incapaz,
do servidor público, do militar, do marítimo e do preso (art. 76 do CC). É o caso do
funcionário público, cujo domicílio será obrigatoriamente o local de seu ofício (“o lugar em
que exercer permanentemente suas funções”). Todavia, admite-se que o funcionário público
transferido deixe de requerer sua transferência de inscrição eleitoral, mantendo inalterada
sua inscrição de origem, pois não lhe é imposta, obrigatoriamente, a transferência. Por
outro lado, se o funcionário público requerer transferência eleitoral para um lugar diferente
daquele onde exerce suas funções, esse pedido não pode ser deferido, pois seu domicílio
deverá ser o da sede da repartição. Nesse caso, faltar-lhe-ia condição para requerer a
16
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
transferência, pois não poderia fazer prova de que reside em local diferente da repartição.
Cuidado: apenas os conscritos não podem alistar-se como eleitores, durante o serviço
militar obrigatório (CF 14 § 2.º). Os demais militares devem inscrever-se. Ora, o domicílio
do militar é domicílio necessário (tal como o do marítimo): “o do militar, onde servir, e,
sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado” (CC 76 § único).
Crime do art. 289 do CE: “Art. 289. Inscrever-se, fraudulentamente, eleitor: Pena –
reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.” Segundo Vera Michels, o elemento
objetivo do tipo previsto nesse artigo consiste em declarar falsamente, no momento da
inscrição eleitoral, residência ou domicílio. (...) A jurisprudência do TSE é no sentido de
não se configurar a falsidade ideológica, quando couber a autoridade pública averiguar a
fidelidade da declaração que lhe é prestada
Prova do domicílio: dá-se por certidão de alistamento, para fins de transferência. Já para
fins de alistamento (qualificação + inscrição), a prova pode dar-se por qualquer outro meio
idôneo. “Domicílio eleitoral. Prova robusta de residência. Esparsas contas de luz e posse
de imóvel insuficiente. Simples inscrição no cartório eleitoral insuficiente. O domicílio
eleitoral deve ser provado de forma robusta, não bastando contas de luz esparsas e
simples aquisição de imóvel no local pretendido.” (Ac. no 12.565, de 17.9.92, rel. Min.
José Cândido.)
Voto fora do domicílio: A previsão foi incluída pela Lei nº 12.034/2009, a qual incluiu no
CE o art. 233-A, verbis: Art. 233-A. Aos eleitores em trânsito no território nacional é
igualmente assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da
República, em urnas especialmente instaladas nas capitais dos Estados e na forma
regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
17
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
2. TRANSFERÊNCIA E PRAZOS
Procedimento (art. 57 CE): (1) Pedido formulado pelo eleitor, instruído com o título
eleitoral, no juízo eleitoral do novo domicílio; (2) Publicação na imprensa oficial, na
Capital, e em cartório, nas demais localidades; (3) Impugnação no prazo de 10 dias; (4)
Decisão imediata pelo juiz a respeito das impugnações; (5) Recurso ao TRE em 3 dias, pelo
eleitor (pedido indeferido; a jurisprudência estendeu para o partido político) ou delegado de
partido (pedido deferido). Recurso ao TRE em 05 dias, pelo eleitor (pedido indeferido) e 10
dias para delegado de partido (pedido deferido). Inexistindo recurso, o juiz eleitoral
comunica a transferência ao TRE em 10 dias. Decisão pelo TRE em 5 dias.
18
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
O art. 60 do CE veda que o eleitor transferido vote no novo domicílio eleitoral em eleição
suplementar à que tiver sido realizada antes de sua transferência. Assim sendo, anulada a
eleição, o eleitor transferido de domicílio não poderá votar na nova eleição.
Se houver informação de filiação partidária, o juiz da zona para onde o eleitor se transferiu
oficia o juiz eleitoral da antiga zona para que a remeta.
Observação: (1) Qualquer pessoa pode se filiar a partido político? Não, somente as que
estiverem no pleno gozo dos direitos políticos, ressalvada a possibilidade de filiação do
eleitor considerado inelegível - Res.TSE 23.117, de 20.8.2009). (2) ser fundador ou
apoiador na criação da legenda não é sinônimo de ser filiado.
Medidas cabíveis: além dos recursos acima indicados, cabe MS, bem como as ações
autônomas de impugnação. “(...) Domicílio. Transferência. Procedimento administrativo.
Mandado de segurança. Cabimento. Assistência. Admissão. 1. Demonstrado o benefício
que a requerente poderá auferir com o provimento do recurso, admite-se seu ingresso no
feito como assistente. 2. A decisão judicial relativa a transferência de domicílio é de
natureza administrativa, não fazendo coisa julgada. Pode, assim, ser atacada por
mandado de segurança.” (Ac. de 14.2.2006 no AgRgAgRgREspe no 24.844, rel. Min.
Humberto Gomes de Barros.)
Visão panorâmica:
19
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Questões de prova:
Ligação afetiva com Belém do Pará, poderia ter domicílio eleitoral lá? Resposta do
examinador: deve ser critérios objetivos como vínculo patrimonial, familiar e profissional e
não pode afetivo.
20
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
21
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Considerações iniciais:
Direito de votar e ser votado: O direito de votar (capacidade eleitoral ativa) e o direito de
ser votado (capacidade eleitoral passiva) estão incluídos nos direitos políticos atribuídos ao
cidadão. A perda e a suspensão dos direitos políticos são hipóteses que atingem,
respectivamente, a titularidade para negá-los e o exercício para restringi-los
temporariamente. Têm como fundamento constitucional o art. 15 e, no CE, art. 71.
O art. 15 da CF/88 prevê que é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
suspensão só se dará nos casos enumerados nos incisos I a V, não as especificando.
Referido dispositivo constitucional decorre do estabelecimento do Estado Democrático de
Direito (art. 1°, caput), o qual tem como fundamento o pluralismo político (art. 1, V).
Natureza jurídica: Antônio Carlos Mendes acentua que a perda ou suspensão dos direitos
políticos não constituem sanção penal, mas sanção constitucional de natureza não penal.
22
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
23
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
24
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Suspensão é a privação temporária dos direitos políticos, que serão readquiridos nos futuro,
uma vez cessadas as causas que deram ensejo à suspensão. Atinge não a titularidade, mas o
exercício dos direitos políticos de forma temporária.
1.1) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (art. 15,
III): A hipótese atinge a condenação criminal por crime, doloso ou culposo ou contravenção
penal. O termo “enquanto durarem seus efeitos” se refere até a data da declaração do termo
de extinção da pena ou da punibilidade (art. 107, CP), (vide súmula 09, TSE). Uma vez
cumprida ou extinta a pena, a pessoa readquire os direitos políticos automaticamente.
OBS 1: Os incidentes na execução penal não fazem com que a pessoa readquira os direitos
políticos (ex.: livramento condicional e sursis). Então, o sujeito em sursis não readquire
seus direitos políticos, sendo necessária a declaração do termo de extinção da pena ou da
punibilidade para que automaticamente os direitos políticos sejam readquiridos.
OBS 3: A condenação a pena de multa importa na suspensão dos direitos políticos. Não é a
prisão que importa na suspensão dos direitos políticos, e sim a condenação criminal
transitada em julgado. Pena de multa é pena, a qual decorre de condenação criminal
transitada em julgado.
25
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS 6: Antes da AP 470 era assim: A condenação criminal transitada em julgado não
acarreta, de forma automática, a perda do mandato de Deputado Federal ou Senador (art.
55, VI, CF/88). Com efeito, o art. 55, IV, CF/88, prevê a perda do mandato no caso de
perda ou suspensão dos direitos políticos. Mas, como há regra específica de perda do
mandato por condenação criminal (inciso VI), aplica-se o princípio da especialidade e,
assim, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal
(art. 55, §2°). Após mudança de entendimento do STF na Ação Penal 470 é assim: O
Supremo Tribunal Federal decidiu, em 17/12/12, que parlamentares condenados
criminalmente pela corte na Ação Penal 470, o processo do mensalão, devem perder o
mandato após o trânsito em julgado do processo. A decisão foi proferida após o voto do
decano do tribunal, ministro Celso de Mello, dar maioria apertada à corrente defendida pelo
relator e presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa: cinco votos a quatro. Com a
decisão, os deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e
Pedro Henry (PP-MT), condenados no processo do mensalão, devem perder seus mandatos,
cabendo à Câmara ato meramente declaratório. Votaram pela perda de mandato Joaquim
Barbosa, Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Luiz Fux. Ficaram vencidos o
revisor, Ricardo Lewandowski, e os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber.
Em seu voto, Celso de Mello acompanhou o entendimento defendido pelo ministro Gilmar
Mendes. Ambos afirmam que a perda de mandato deve ser automática em dois casos:
quando a condenação superior a um ano contiver improbidade administrativa, ou quando a
pena for superior a quatro anos. “Nessas duas hipóteses, a perda de mandato é uma
consequência direta e imediata causada pela condenação criminal transitada em julgado”,
afirmou o decano. Nos demais casos, Celso e Gilmar defendem que caberá às Casas
Legislativas decidir quanto à perda mandato.
Jurisprudência do TSE:
- LC 64/90, art. 1°, I, e, com a redação dada pelo art. 2º da LC nº 135/2010: inelegibilidade
desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos, após o cumprimento da pena,
para os crimes nela elencados.
26
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
1.2) Interdição por incapacidade civil absoluta (art. 3º do CC): não gera por si só a
suspensão, sendo necessária a interdição.
OBS 1: Os menores de dezesseis anos não entram nas hipóteses de suspensão, pois é
hipótese de impedimento, pois o menor de 16 anos ainda sequer tem direitos políticos;
OBS 2: Uma pessoa em coma está com os direitos políticos suspensos? Não, pois o coma
não gera por si só a suspensão, sendo necessária a interdição.
1.3) Condenação transitada em julgado por improbidade administrativa, nos termos do art.
37, § 4º (art. 15, V): Não basta o ato de improbidade, tem que haver condenação transita em
julgado. Na Lei 8.429/92, o art. 12 prevê, entre outras sanções, a suspensão de direitos
políticos, nos seguintes prazos: I (enriquecimento ilícito) - 8 a 10 anos; II (prejuízo ao
erário) - 5 a 8 anos; e III (princípios da Administração Pública) - 3 a 5 anos. Essa suspensão
não é automática, devendo ser tratada expressamente na decisão da improbidade
administrativa. A Lei 8.429/92 estabelece a suspensão dos direitos políticos como uma das
sanções aplicáveis, cabendo ao juiz decidir sobre sua incidência no caso concreto e sobre o
prazo de suspensão. A condenação por improbidade também pode implicar inelegibilidade,
nos termos do art. 1°, I, “h” da LC 64/90.
Perda dos direitos políticos é a privação definitiva dos direitos políticos que, entretanto,
poderão ser readquiridos no futuro, mediante provocação do interessado [a causa é
definitiva, mas se houver provocação pode readquirir os direitos políticos].
2.1) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII (art. 15, IV): O serviço militar é obrigatório nos termos da lei (art. 143, CF/88).
Compete às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em
tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal
o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de
atividades de caráter essencialmente militar (art. 143, §1°). A regulamentação da regra
constitucional foi feita pela Lei 8.239/91, a qual dispõe sobre serviço militar obrigatório e
27
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
O art. 438, CPP, prevê como hipótese de perda dos direitos políticos a recusa ao serviço do
júri: “Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou
política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos
direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto. § 1o Entende-se por serviço
alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou
mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou
em entidade conveniada para esses fins.
Observações finais:
As hipóteses de incapacidade civil absoluta, previstas no art. 3°, I e III, CC, podem
envolver situações que só têm relevância para os efeitos dos direitos políticos se ocorrerem
após os 16 anos. As demais situações dos incisos II e III do Código Civil podem envolver
ou situação de suspensão (quando for provisória a causa de incapacidade civil) ou de perda
(quando for definitiva a causa da incapacidade). As hipóteses de incapacidade absoluta
estão indicadas no art. 3°, II do CC/02. Quanto aos menores de 16 anos, há impedimento à
aquisição de direitos políticos, pois são inalistáveis. Os demais casos, em regra, exigem
processo judicial de interdição. Decretada a interdição, o juiz cível deve comunicar o juiz
eleitoral ou o TRE. O art. 1773 do CC/02 dispõe que a sentença de interdição produz
efeitos desde logo, embora sujeita a recurso. Controvérsia: J. Jairo entende que a suspensão
de direitos políticos, por força do art. 1.773 do CC/02, não exige o trânsito em julgado; já
Rodrigo L. Zílio entende que o trânsito em julgado é necessário.
Antônio Carlos Mendes chama a atenção para outra hipótese de perda que não está
expressamente prevista no rol do art. 15, CF/88. Trata-se da perda da nacionalidade do
brasileiro que adquirir outra nacionalidade (art. 12, §4°, CF/88), ressalvados os casos das
alíneas “a” e “b” do inciso II. É a aquisição voluntária de nacionalidade derivada.
28
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
29
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Questões de prova:
30
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Perda e suspensão dos direitos políticos, fale sobre cada uma prevista no art. 15, CF
dizendo se é perda ou suspensão.
31
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legislação básica: Art. 14º, I, II, III, e §1º CF. 60, §4°, II da CF. Art. 220 do CE. Arts. 59,
§4° e 61, LE. Lei 7.444/85
2. Conceitos.
O sufrágio pode ser universal ou restrito, igual ou desigual: Sufrágio universal é aquele em
que o direito de votar é atribuído ao maior número possível de nacionais, excluídos apenas
aqueles que, por motivos razoáveis (eg, idade), não podem participar do processo político
eleitoral. Sufrágio restrito é aquele concedido somente a alguns nacionais, com base em
critérios discriminatórios e irrazoáveis. O sufrágio restrito pode ser censitário (baseado na
capacidade econômica do indivíduo), capacitário/cultural (fundado na aptidão intelectual do
indivíduo) ou masculino (fundado no sexo, com exclusão das mulheres). Sufrágio igual é
aquele fundado no princípio da isonomia, de modo que o voto de todos os cidadãos possui
idêntico peso político (one man, one vote). Sufrágio desigual é aquele caracterizado pela
superioridade de certos votantes. Exemplo é o voto familiar, em que o pai de família detém
número de votos correspondente ao de filhos. No Brasil, foi adotado o sufrágio universal e
igual, nos termos do art. 14 da CRFB. Há, porém, quem entenda que a inelegibilidade dos
analfabetos configura resquício do sufrágio capacitário/cultural. Sobre o pondo José Jairo
afirma que: “A vigente constituição acolheu em parte esse tipo de sufrágio. Com efeito,
nega a capacidade eleitoral passiva dos analfabetos, pois estabelece que eles são
inelegíveis(...)”Gomes. p. 46.
32
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
E) Voto múltiplo: é aquele em que o eleitor pode votar mais de uma vez em circunscrições
diferentes. F) Voto Plural: é uma variação do voto múltiplo, que permite ao eleitor votar
mais de uma vez na mesma circunscrição.
3. Voto universal: ver acima o que foi dito sobre o sufrágio universal. É cláusula pétrea.
“Significa que, embora nem todo o povo ou todos os habitantes votem, as restrições não
impedem a participação da maioria. Universal, portanto, não é sinônimo de “para todos”
porque os menores de 16 anos não votam, os estrangeiros não votam e quem tiver com os
direitos políticos perdidos ou suspensos também não” Gonçalves. p. 17
4. Voto direto: é aquele mediante o qual o eleitor escolhe seus representantes de modo
imediato, sem qualquer mediação por instância intermediária ou colégio eleitoral. É regido
pelo princípio da imediaticidade do voto. É cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a
garantir o princípio democrático. Não retira o caráter direto do voto a adoção do sistema
proporcional, pois, neste sistema, o voto do eleitor é que é decisivo para a atribuição do
mandato, não qualquer decisão a ser tomada por intermediário ou órgão colegiado.
33
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS 2: No âmbito dos Estados e dos Municípios, esta hipótese de voto indireto no caso de
dupla vacância não é caso de norma de reprodução obrigatória, pois não se submete ao
princípio da simetria, mas pode ser aplicada no âmbito dos Estados, desde que exista
previsão na Constituição Estadual, e dos Municípios desde que haja previsão na Lei
Orgânica e não exista vedação na respectiva Constituição Estadual (STF, ADI 3.549-GO).
OBS 3: As constituições estaduais podem dispor de modo diverso? Embora não deixem de
revelar certa conotação eleitoral, porque dispõe o procedimento de aquisição eletiva do
poder político, não haveria como reconhecer ou atribuir características de direito eleitoral
stricto sensu às normas que regem a eleição indireta no caso de dupla vacância no último
biênio do mandato. Em última instância, essas leis teriam por objeto matéria político
administrativa que demandaria típica decisão do poder geral de autogoverno, inerente à
autonomia política dos entes federados. Portanto, o artigo 81, §1º, CF se aplica somente à
dupla vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, como
especialíssima exceção ao cânone do exercício direto do sufrágio. Não obstante a
inaplicabilidade do princípio da simetria ao caso, se a constituição estadual reproduzir o
texto do artigo 81, §1º, CF, a reserva de lei ao qual a norma reproduzida se refere se trata de
lei de competência do próprio ente federado. [ADI 4298MC/TO, 2009]
5. Voto secreto: o conteúdo do voto não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral. O segredo
é direito do eleitor, sendo que só ele, querendo, pode revelar seu voto. O sigilo do voto é
cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a garantir a liberdade do eleitor e a lisura do
pleito. É nula a votação quando preterida formalidade essencial do sigilo do voto (art. 220,
IV do CE.). No caso de voto eletrônico a urna deverá possuir recursos que mediante
assinatura digital permitam o registro digital de cada voto e a identificação da urna em que
foi registrado, resguardando o anonimato do eleitor (arts. 59, §4° e 61,LE). Na ADI
4543/DF o STF por unanimidade deferiu medida cautelar para suspender eficácia do art. 5º
da Lei 12.034/2009 por entender vulnerado o sigilo do voto e a segurança do sistema.
6. Jurisprudência:
A) “Sigilo do voto: direito fundamental do cidadão. (...) A exigência legal do voto impresso
no processo de votação, contendo número de identificação associado à assinatura digital
do eleitor, vulnera o segredo do voto, garantia constitucional expressa. A garantia da
inviolabilidade do voto põe a necessidade de se garantir ser impessoal o voto para
garantia da liberdade de manifestação, evitando-se qualquer forma de coação sobre o
eleitor. A manutenção da urna em aberto põe em risco a segurança do sistema,
possibilitando fraudes, impossíveis no atual sistema, o qual se harmoniza com as normas
constitucionais de garantia do eleitor. Cautelar deferida para suspender a eficácia do art.
5º da Lei 12.034/2002.” (STF ADI 4.543-MC);
34
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
35
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legislação básica. Arts. 12 a 16 da CF. Dec. 4246/2002. Lei 818/1949. Arts. 111 a 121 da
Lei 6.815/80. Dec. 3453/2000. Lei 4737/1965. Lei 9709/98.
2. Nacionalidade e cidadania:
A nacionalidade é o vínculo jurídico-político que une uma pessoa física a um Estado, pois
perante o Estado ele é nacional ou estrangeiro, do qual decorre uma série de direitos e
obrigações. Aquisição de nacionalidade pode ser: 1) Originária ou primária: esse tipo, em
geral, não está relacionado a um ato de vontade, pois decorre de um fato natural, o
nascimento. Dois critérios predominam para definição da nacionalidade primária: o jus
solis e o jus sanguinis. O jus solis, ou critério territorial, determina a nacionalidade pelo
lugar do nascimento, sem influência da nacionalidade dos ascendentes. É adotada em países
que formaram seu povo com grande influência de imigrantes. Nos países onde predomina a
emigração, o critério predominante é do jus sanguinis, que atribui a nacionalidade pelos
ascendentes, é o critério mais antigo. 2) Secundária ou adquirida: é adquirida por fato
posterior ao nascimento, em geral por um ato de vontade.
36
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
1930), o direito internacional regula alguns dos seus aspectos. A Declaração Universal dos
Direitos Humanos (art. XV, § 2°) afirma que “ninguém será arbitrariamente privado de sua
nacionalidade”, ou seja, é possível a perda da nacionalidade, contanto que seja em
decorrência de regras previamente estabelecidas e compatíveis com as normas
internacionais de direitos humanos. O Direito Internacional repugna a retirada da
nacionalidade por motivos políticos, raciais ou religiosos, ou a partir de considerações de
caráter meramente discricionário PORTELA, p.261.
Cidadania, ao seu turno, é a condição jurídica por meio da qual se permite que o nacional
exerça seus direitos políticos de votar e ser votado. A cidadania pressupõe a nacionalidade,
ou seja, para que se possa ser cidadão de um determinado Estado é imprescindível que a
pessoa também seja um dos nacionais deste Estado. Verifica-se, deste modo, que é
justamente a possibilidade de exercer direitos políticos que diferencia o nacional cidadão do
nacional destituído de cidadania, pois todo cidadão é nacional, mas nem todos nacional é
cidadão. OBS: é possível um não nacional, logo sem cidadania, exercer direitos políticos?
Sim. É o caso do português equiparado.
É possível haver a perda da nacionalidade? Sim. Pode atingir tanto o brasileiro nato quanto
o naturalizado. O brasileiro nato e o naturalizado podem perder sua nacionalidade pela
aquisição de outra nacionalidade, por naturalização voluntária exceto se nas hipóteses do
art. 12, § 4º, inc. II, alíneas “a” e “b” (aquisição de nacionalidade originária ou imposição
de naturalização por outro Estado). O brasileiro naturalizado também pode perder sua
37
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Os portugueses podem requerer direitos iguais aos dos brasileiros naturalizados (não aos
dos brasileiros natos), sem se tornar nacionais do Brasil e sem perder sua nacionalidade de
origem – situação chamada de “quase-nacionalidade”. Dois procedimentos: a) quase-
nacionalidade restrita – Simples igualdade de direitos e obrigações civis – basta a prova da
sua nacionalidade, da sua capacidade civil e de sua admissão no Brasil em caráter
permanente, sem necessidade de prazo mínimo de residência no país; b) quase-
nacionalidade ampla – Para aquisição de direitos políticos – deve estar em gozo de seus
direitos políticos em Portugal e residir no Brasil há pelo menos 3 anos. Enquanto estiver
exercendo seus direitos políticos no Brasil, ficarão suspensos seus direitos políticos em
Portugal.
Por esse Estatuto, brasileiros e portugueses ainda: a) ficam submetidos à lei penal do
Estado de residência, nas mesmas condições dos respectivos nacionais; b) não estão
sujeitos à extradição, salvo se requerida pelo Governo do Estado da Nacionalidade; c) gozo
de iguais direitos e deveres; d) caso necessitem de proteção diplomática, será o país de
origem que irá protegê-lo; e) extinção do benefício estatutário – pela expulsão do território
nacional ou pela perda da nacionalidade originária. A suspensão dos direitos políticos no
país de origem acarretará também a extinção dos mesmos direitos no outro país.
38
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS 2: O português e o brasileiro que gozam do Estatuto da igualdade não estão sujeitos à
extradição, salvo se requerida pelo governo do Estado de nacionalidade. (Info STF 121).
Nacionais do MERCOSUL: Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Parte do
Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e Acordo sobre Residência para
Nacionais do Mercosul Bolívia e Chile (Estados Associados) – promulgados no Brasil
pelos Decretos n. 6.964∕2009 e 6.975∕2009, respectivamente. O estrangeiro beneficiado com
os Acordos de Residência possui igualdade de direitos civis no Brasil. Deveres e
responsabilidades trabalhistas e previdenciárias são também resguardadas, além do direito
de transferir recursos. Interessante que os estrangeiros poderão requerer residência em
quaisquer dos Estados signatários, independentemente de estarem em situação migratória
regular ou irregular. Os que estiverem em situação irregular ficam isentos de multas ou
outras sanções administrativas relativas à sua situação migratória. É concedida a residência
temporária por dois anos; 90 dias antes de terminar esse prazo, o estrangeiro pode requerer
a transformação em residência permanente.
39
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
A Constituição também estabelece em seu art. 89, inciso VII, que os seis cidadãos que
integram o Conselho da República devem ser brasileiros natos, maiores de 35 anos, sendo
que dois deles serão nomeados pelo Presidente da República, dois serão eleitos pelo Senado
Federal e outros dois eleitos pela Câmara dos Deputados.
OBS: Português equiparado: Português equiparado não pode ocupar cargos privativos de
brasileiro nato (art. 12, §3º, CRFB/88), sendo assim, não possui elegibilidade plena, visto
que jamais poderá ser presidente e vice-presidente da república. Deve-se fazer remissão à
resolução nº 21.538/03, art. 51, §4º c/c art. 17 do Decreto 3.927/01. Esses dispositivos
afirmam que, caso o português opte por exercer direitos políticos no Brasil, ficará suspenso
desses mesmos direitos em Portugal.
Questões de prova:
40
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
41
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legislação básica. Arts. 14 da CF. Art. 18 §3º e 4°da CF. Art. 49, XV da CF. Art. 61 §2º
da CF; Art. 2º do ADCT; Arts. 1o, II e III, 2º, §, 3º, 6º, 8º, 10 a 14 da Lei 9709/1998
2. Conceitos: Plebiscito e referendo: São consultas formuladas ao povo para que delibere
sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional administrativa ou
legislativa. (art. 2º da Lei 9709/98). A diferença entre plebiscito e referendo concentra-se
no momento de sua realização.
Iniciativa popular: “(...) é o poder atribuído aos cidadãos para apresentar projetos de lei
ao Parlamento, desfechando, com essa medida, procedimento legislativo que poderá
culminar em uma lei” Gomes. p.41.
O plebiscito e o referendo estão submetidos à reserva legal expressa (art. 14, caput da
CRFB). A matéria está hoje regulada na Lei nº 9.709/98. O art. 3º do aludido diploma
42
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
consagra que o plebiscito e o referendo serão convocados por meio de decreto legislativo
proposto por no mínimo 1/3 dos votos dos membros que compõem uma das Casas do
Congresso Nacional. Não se admite a convocação de plebiscito ou referendo mediante
iniciativa popular. De acordo com a Lei 9.709/98, plebiscito e referendo devem ser
convocados para questões de relevância nacional, bem como para formação e alteração
territoriais de Estados e Municípios (art. 18, §§ 3º e 4º da CRFB).
Iniciativa popular: A iniciativa popular está prevista no art. 61, §2º da CRFB e poderá ser
exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no
mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos cinco Estados, com não
menos 0,3% do eleitorado de cada um destes Estados. A iniciativa popular também é
regulada pela Lei nº 9.709/98. Esta lei estabeleceu que o projeto de iniciativa popular deve
restringir-se a um único assunto e que não se pode rejeitar proposição decorrente de
iniciativa popular por vício de forma (art. 13, §2º). Como se observa, o povo não tem a
capacidade de legislar diretamente, apenas possuindo a prerrogativa de apresentar o projeto
de lei à Câmara que poderá, ou não, se tornar lei. ATENÇÃO: A doutrina majoritária não
admite iniciativa popular em sede de emendas constitucionais, por entender que o rol do art.
60 da CRFB é taxativo, mas existem fozes em sentido contrário entendendo que por um
critério de razoabilidade é admissível iniciativa popular de PEC com base na idéia de que o
titular do Poder Constituinte é o povo, concepção inexoravelmente ligada à noção de
soberania popular.
O resultado de plebiscito ou referendo pode ser alterado por lei ou emenda à constituição?
Segundo Pedro Lenza, o legislador não pode contrariar a vontade popular, que passa a ser
vinculante, e a lei ou a EC seriam inconstitucionais por violação aos artigos 14, I ou II c/c
art. 1º da Constituição.
4. Jurisprudência:
Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 2. O
citado diploma não prevê a possibilidade de que cidadãos, que desejam subscrever
eventual projeto de lei de iniciativa popular, possam fazê-lo por meio da urna eletrônica,
no momento de uma eleição realizada no país. 3. De igual modo, a mencionada lei
regulamentadora não prevê a possibilidade da divulgação dessa iniciativa por intermédio
dos meios de comunicação de massa, de forma gratuita. Pedido indeferido. (PA nº 19937 -
juiz de fora/MG, Resolução nº 22882 de 05/08/2008, Rel. Min. CARLOS EDUARDO
CAPUTO BASTOS);
44
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Nacional – é a população dos demais Estados da Federação, uma vez que a redefinição
territorial de determinado Estado-membro interessa não apenas ao respectivo ente
federativo, mas a todo o Estado Federal. O art. 7º da Lei 9.709, de 18-11-1998, conferiu
adequada interpretação ao art. 18, § 3º, da Constituição, sendo, portanto, plenamente
compatível com os postulados da Carta Republicana. A previsão normativa concorre para
concretizar, com plenitude, o princípio da soberania popular, da cidadania e da
autonomia dos Estados-membros. Dessa forma, contribui para que o povo exerça suas
prerrogativas de cidadania e de autogoverno de maneira bem mais enfática.” (STF ADI
2.650)
45
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS: a Zona eleitoral não se confunde com os limites do município. Há zonas eleitorais
que abrangem mais de uma município e há municípios com mais de uma zona eleitoral.
Segundo o art. 88 do CE, não é permitido registro de candidato, embora para cargos
diferentes, por mais de uma circunscrição ou para mais de um cargo na mesma
circunscrição.
46
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
votação.
Cabe ao juiz eleitoral da zona a tarefa de dividi-la em seções, sendo que as seções eleitorais
da capital devem ter entre 50 e 400 eleitores, e as demais localidades, entre 50 a 500,
podendo ter mais conforme juízo de conveniência e oportunidade da justiça eleitoral.
Devem ser providenciadas seções específicas para cegos, as quais, não atingido o número
mínimo exigido, poderão ser completadas com outros eleitores (CE, art. 117, §2º).
A força armada encarregada da segurança das eleições deverá conservar-se a cem metros da
seção eleitoral e não poderá aproximar-se do lugar de votação ou nele penetrar sem ordem
do presidente da mesa (CE, art. 141).
47
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
A revisão eleitoral encontra fundamento no artigo 71, §4º, do Código Eleitoral, no artigo 92
da Lei nº 9.504/97 e nos artigos 58 a 76 da Resolução TSE nº 21.538/2003.
A correição referida em tal dispositivo não é obrigatória, não sendo condição prévia à
revisão. O TRE, ao examinar a denúncia, pode entender desnecessária a realização de
correição, se, desde logo, considerar comprovada a fraude em proporção comprometedora.
Entende-se que os requisitos para a revisão previstos no artigo 92 da Lei nº 9.504/97 devem
ser preenchidos cumulativamente. Nesse sentido se manifestou o TSE (Res. ns. 22.162,
48
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
22.125 e 22.126).
Não será realizada revisão de eleitorado em ano eleitoral, salvo em situações excepcionais,
quando autorizada pelo TSE (Res. TSE 21.538/2003).
Vale ressaltar que, apesar de ser determinada pelo TRE ou TSE, a revisão eleitoral é
sempre presidida pelo juiz eleitoral da zona em que esta será ultimada e sua realização
conta com a fiscalização do Ministério Público e dos partidos políticos.
O Juiz Eleitoral deverá dar conhecimento da revisão aos partidos políticos, já que eles
também têm a prerrogativa de acompanhar e fiscalizar os trabalhos.
Prazo para início dos trabalhos de revisão: Depois de aprovada a revisão de eleitorado pelo
Tribunal competente, o Juiz da Zona Eleitoral terá o prazo de 30 (trinta) dias para dar início
aos serviços.
Atividades da revisão: A revisão deve ser precedida de intensa divulgação, indicando datas
e locais onde ocorrerá. A critério do Juiz, poderá haver postos de revisão fora dos cartórios
eleitorais. O período de revisão de eleitorado não pode ser inferior a 30 (trinta) dias. Caso
seja necessário prorrogá-lo, o magistrado deve requerer fundamentadamente ao Presidente
do Tribunal, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência do término do período
inicialmente estabelecido. O eleitor deve comparecer nos locais divulgados munido de
comprovante de domicílio eleitoral e de identidade, para assinar o caderno de revisão após
os servidores da Justiça Eleitoral compararem os dados dos documentos apresentados com
os constantes do caderno. Mesmo que os dados constantes do caderno de revisão não
coincidam completamente com os documentos apresentados, o eleitor será considerado
revisado e assinará o caderno de revisão se conseguir comprovar a sua identidade e o
domicílio eleitoral. Apenas não assinará o caderno de votação o eleitor que não comparecer
ou que, comparecendo, não conseguir comprovar a identidade ou o domicílio eleitoral
Com efeito, o TSE já decidiu que “[...] para a configuração do delito do art. 350 do
Código Eleitoral é necessário que a declaração falsa, prestada para fins eleitorais, seja
firmada pelo próprio eleitor interessado. 2. Assim, não há configuração do referido crime
em face de declaração subscrita por terceiro de modo a corroborar a comprovação de
domicílio por eleitor, porquanto suficiente tão-somente a própria declaração por este
49
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
firmada, nos termos da Lei nº 6.996/82. [...]”(Ac. de 21.8.2008 no RHC nº 116, rel. Min.
Arnaldo Versiani; no mesmo sentido o Ac. de 2.5.2006 no RESPE nº 25.417, rel. Min. José
Delgado.)
50
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Voto: O voto é um dos mais importantes instrumentos democráticos, pois enseja o exercício
da soberania popular e do sufrágio. Cuida-se de ato pelo qual os cidadãos escolhem os
ocupantes dos cargos politico-eletivos. O voto é personalíssimo, obrigatório, livre, secreto,
direto, periódico e igual.
Votação: Votação, por sua vez, é a série de atos para o exercício do direito de voto.
(Sufrágio é o direito de participar das decisões políticas, expressando sua vontade na
escolha dos ocupantes de cargos público-eletivos ou em deliberações em referedum ou
plebiscito. O voto é o meio jurídico de expressão da vontade, materializando o sufrágio). A
votação compreende os seguintes atos: apresentação e identificação do eleitor perante o
órgão da Justiça Eleitoral, no caso, a mesa receptora de votos; emissão de voto pelo eleitor;
entrega do comprovante de votação ao eleitor.
Voto eletrônico: O voto eletrônico foi criado pela Justiça Eleitoral do Brasil com a
finalidade de prevenir as fraudes, antes existentes na votação e na totalização dos votos,
através de preenchimento manual. O Brasil adota prioritariamente o sistema eletrônico de
votação, então, em todo território nacional, a votação é feita por meio do voto em urnas
eletrônicas, salvo situação excepcional, ou seja, motivo de força maior que impeça a
votação eletrônica e seja conveniente a utilização do voto através de cédulas (votação
manual), cabendo ao TSE a avaliação das circunstâncias para fins de autorização da
votação manual, nos termos do art. 59 da Lei 9.504/97 (a cuja leitura se remete) que regula
o procedimento nestas hipóteses. A votação e totalização dos votos serão feitas pelo sistema
eletrônico de votação, como regra geral. ATENÇÃO: No sistema eletrônico de votação,
computam-se para a legenda partidária: a) os votos em que não seja possível a identificação
do candidato, desde que o número identificador do partido seja digitado de forma correta;
b) quando o eleitor assinalar o número do partido no momento de votar para determinado
cargo e somente para este será computado (arts 59, § 2º e 60 da Lei 9.504/97).
Local de votação: o local de votação será preferivelmente em prédios públicos, mas nada
51
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Voto em trânsito nas eleições presidenciais: segundo o disposto no art. 233-A do CE,
introduzido pela referida Lei, aos eleitores em trânsito no território nacional é igualmente
assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da república,
em urnas especialmente instaladas nas capitais dos estados e na forma regulamentada pelo
TSE (Na Resolução nº 23.215 do TSE estabelecida para as eleições de 2010, o eleitor
deveria se habilitar em qualquer cartório eleitoral do país, entre 15 de julho e 15 de agosto
de 2010, informando a capital do estado brasileiro em que estaria presente no dia da
eleição, não sendo admitida a habilitação por procurador). Desta forma, o eleitor faria uma
“transferência provisória” do seu título para as citadas seções especiais, mantendo, no
entanto, o domicílio eleitoral.
O que é zerésima? Antes de permitir que o primeiro eleitor vote, o presidente da mesa
receptora deve providenciar a emissão da zerésima, isto é, um documento emitido pela urna
eletrônica que é comprobatório de que não consta nenhum voto nela inserido até aquele
momento.
Mesas receptoras: As mesas receptoras são órgãos eventuais da Justiça Eleitoral, com a
função administrativa de colher os votos e proceder a apuração eletrônica nas eleições. A
votação se realiza perante a mesa receptora que vai receber os votos dos eleitores. A cada
seção eleitoral corresponde uma mesa receptora de votos. Compete aos juízes eleitorais
designar os lugares de votação onde funcionarão as mesas receptoras, 60 dias antes das
eleições, devendo ser publicada a designação (art. 135 do CE). Essas mesas são constituídas
de um presidente, dois mesários, dois secretários e um suplente, chamados indistintamente
de ‘mesários’. O Presidente da Mesa tem atribuições para decidir imediatamente todas as
dúvidas e dificuldades que ocorrerem (art. 127, II, do CE), tem o poder de polícia dos
trabalhos da seção (arts. 127, III, e 139 do CE) e a autoridade para expedir salvo-conduto
em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na sua liberdade de votar, ou pelo
fato de haver votado (art. 235 do CE), cuja desobediência acarreta prisão em flagrante do
agente. Na lei 9.504/97, estão previstos algumas peculiaridades das mesas receptoras: “Art.
63. Qualquer partido pode reclamar ao Juiz Eleitoral, no prazo de cinco dias, da
nomeação da Mesa Receptora, devendo a decisão ser proferida em 48 horas. § 1º Da
decisão do Juiz Eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto dentro de
52
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
três dias, devendo ser resolvido em igual prazo. § 2º Não podem ser nomeados presidentes
e mesários os menores de dezoito anos. Art. 64. É vedada a participação de parentes em
qualquer grau ou de servidores da mesma repartição pública ou empresa privada na
mesma Mesa, Turma ou Junta Eleitoral.
OBS: se o nome do eleitor não consta da lista de votação de sua seção por exclusão
indevida de seu nome do cadastro geral não é permitido o voto em separado. Ele ficará sem
votar. [vários precedentes do TSE nesse sentido]
Competência para apuração: Eleições municipais: Juntas Eleitorais; Eleições gerais: TER;
Eleições presidenciais: TSE. Ressalte-se que em todas as eleições o trabalho inicial é feito
pelas Juntas Eleitorais, as quais remetem os resultados parciais obtidos ao TER. Este, em se
tratando de eleições gerais, providenciará a totalização dos votos e a divulgação dos
respectivos resultados. Se a eleição for presidencial, o TER encaminha os resultados
parciais para o TSE, sendo que este promove a totalização dos votos e a publicação dos
resultados.
OBS: O que é “teoria da própria conta e risco” e “teoria dos votos engavetados”? O
53
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
candidato que não tem seu registro deferido pode prosseguir na campanha eleitoral, sendo
apto para fazer propaganda eleitoral, participar de comícios, debates, mas por sua conta e
risco (teoria da conta e risco), ou seja, se no dia da votação ele não tiver registro, seus votos
serão considerados nulos. Assim, o candidato que tiver seu registro indeferido poderá
recorrer da decisão e prosseguir por sua conta e risco, enquanto estiver sub judice, em sua
campanha e ter seu nome mantido na urna eletrônica, ficando a validade de seus votos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. Isso porque, “transitada
em julgado a decisão que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado o
registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido”
(art. 15 da LC 64/90). Em fase de recurso, este não será substituído; todavia, se a decisão
recorrida se confirmar pela instância superior (leia-se TSE, e não STF, ou seja, não precisa
de trânsito em julgado) e o candidato vencer as eleições, os votos atribuídos a ele serão
nulos (teoria dos votos engavetados), regras válidas para as eleições majoritárias e
proporcionais. A Lei n. 12.034/2009, em seu art. 16-A, cria a possibilidade de um candidato
concorrer mesmo que seu registro esteja sub judice, ou seja, sem decisão final favorável do
TSE. Ele poderá fazer a campanha normalmente enquanto estiver nessa condição, inclusive
no rádio e na TV. Trata-se da adoção da teoria da conta e risco, aplicada pelo TSE em
várias eleições, ou seja, efeito suspensivo do indeferimento de registro (art. 15 da LC
64/90). Assim, caso a decisão não tenha sido apreciada pelo TSE, em sede de Embargos de
Declaração em REspe, até a eleição, seu nome também deverá figurar na urna eletrônica.
Todavia, os votos recebidos por ele só serão válidos se o pedido de registro for aceito
definitivamente pelo TSE, o que se denominou de “teoria dos votos engavetados” (após a
eleição, o efeito do recurso não será mais suspensivo, e os votos são nulos, para todos os
efeitos, enquanto o TSE não decidir o tema — art. 257 do CE). Uma vez indeferido o
registro, o candidato não mais poderá assumir seu cargo, caso vença as eleições, devendo,
nesse caso, assumir o 2º colocado (no caso de eleição majoritária), e não o Vice, uma vez
que, indeferido o registro do candidato a titular, não pode ser deferido o do Vice, já que a
chapa é “única e indivisível”. Caso a nulidade resultante da teoria dos votos engavetados,
leia-se dos votos atribuídos aos candidatos (e não os chamados votos apolíticos, isto é,
aquele em que o eleitor digita número inexistente na urna eletrônica e confirma), ultrapasse
50% + 1 dos votos, o TSE entendeu que devem ser realizadas novas eleições, nos termos do
art. 224 do CE que se aplica para AIRC (cf. Consulta n. 1.657/2008), sendo eleições
diretas, se estiverem nos 2 primeiros anos do mandato, e eleições indiretas (no Legislativo),
se estiverem nos 2 últimos anos do mandato. Se o TSE não acolher a decisão que impugnar
o registro de candidatura, deferindo-o, os votos que estavam “engavetados” são tornados
válidos, e, como tal, o candidato assume o cargo, caso tenha vencido a eleição,
independentemente de outros recursos no próprio TSE ou no STF.
54
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
da Lei Eleitoral.
OBS: Explicação de porque não há efeito suspensivo para a teoria dos votos engavetados:
Não há efeito suspensivo do recurso contra decisão que indeferir o registro de candidatura,
pois, após as eleições, aplica-se a teoria dos votos engavetados, ou seja, os votos são
considerados nulos para todos os efeitos até decisão final do TSE. Assim, somente se aplica
a teoria dos votos engavetados se houver alguma decisão judicial que indefira o registro,
pois, enquanto estiver deferido, ainda que sub judice, não se aplica tal teoria, e sim assume
o vencedor até decisão final do TSE, inclusive podendo diplomar e tomar posse até tal
decisão.
Os processos que cuidam dos candidatos a cargo majoritário (por exemplo: Prefeito/Vice-
Prefeito) deverão ser julgados conjuntamente, e o registro da chapa majoritária somente
será deferido se ambos os candidatos forem considerados aptos, não podendo este ser
deferido sob condição. Se o juiz (eleição municipal), TRE (eleição geral) ou TSE (eleição
presidencial) indeferir o registro da chapa, deverá especificar qual dos candidatos, ou
ambos, não preenchem as exigências legais e deverá apontar o óbice existente, podendo o
partido político ou a coligação, por sua conta e risco, recorrer da decisão ou, desde logo,
indicar substituto ao candidato que não for considerado apto, na forma do art. 13 da Lei n.
9.504/97.
[Importante inclusão legislativa na lei no final de 2013: Coloco os artigos aqui apenas para
leitura, pois eles não alteram o dito acima. Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub
judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o
horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica
enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009). Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos
votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica
condicionado ao deferimento do registro do candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009). Art. 16-B. O disposto no art. 16-A quanto ao direito de participar da campanha
eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, aplica-se igualmente ao candidato
55
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
cujo pedido de registro tenha sido protocolado no prazo legal e ainda não tenha sido
apreciado pela Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)]
Justificativa: no dia da eleição, o eleitor que estiver fora de seu domicílio poderá
comparecer em qualquer seção eleitoral para justificar sua ausência no pleito. Se não o
fizer, poderá realizar a justificativa em até 60 dias após o pleito, por requerimento dirgido
ao juiz eleitoral. Se o eleitor estiver fora do país na data da eleição, terá 30 dias após o seu
retorno para justificar sua ausência.
56
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
A Justiça Eleitoral foi criada pelo Decreto n.º: 21.076, de 21/02/1932 (Código Eleitoral de
1932) e constou na Constituição Federal de 1934, peça primeira vez. Compõe a justiça
especializada da União e, diferentemente das demais, além de exercer atividade
jurisdicional, no contencioso eleitoral, exerce atividade tipicamente administrativa a
preparar as eleições, seja na fase pré-eleitoral até a diplomação dos eleitos.
57
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Peculiaridades:
Ausência de quadro próprio de juízes. Justificativa, pelo baixo número de processos, não
justifica estrutura própria. Para evitar prejuízo à dinâmica eleitoral, que exige rápido
cumprimento, o art. 26-B da LI e art. 94 da LE, coloca como atuação prioritária dos juízes
que exercem cumulativamente a judicatura de outro setor, exceto HC e MS, sob pena de
responsabilidade.
Dinâmica bastante acelerada – prazos curtos, fluindo durante sábados, domingos feriados,
etc.
Questões de prova:
58
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
legalidade estrita?
Fale sobre a função de consulta da Justiça Eleitoral? Quem são os legitimados ativos? As
consultas são vinculantes?
59
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Dispõe o art. 118 da CF que a Justiça Eleitoral possui 4 órgãos, quais sejam: o Tribunal
Superior Eleitoral (inciso I); os Tribunais Regionais Eleitorais (inciso II); os Juízes
Eleitorais (inciso III) e a Junta Eleitoral (inciso IV).
Atenção: A justiça eleitoral não possui juízes próprios ou de carreira. Então os órgãos são
integrados por magistrados de outras justiças, advogados e cidadãos (convocados para a
composição das Juntas Eleitorais).
Divisão geográfica da Justiça Eleitoral: A Justiça Eleitoral segue peculiar divisão interna,
distinguindo-se a seção, a zona e a circunscrição eleitoral. A Zona Eleitoral encerra a
mesma ideia de comarca. É o espaço territorial sob a jurisdição do juiz eleitoral. No
entanto, uma comarca pode abrigar mais de uma zona. Ademais, a área da zona não
coincide necessariamente com a do município. Logo, uma zona pode abranger mais de um
município, assim como um município pode conter mais de uma zona eleitoral. A seção
eleitoral é uma subdivisão da zona. Trata-se do local onde os eleitores comparecem para
votar. A circunscrição é também uma divisão territorial, mas tem em vista a realização do
pleito. Nas eleições municipais, cada município constitui uma circunscrição. Nas eleições
gerais (Governador, Senador e Deputado), a circunscrição é o Estado da Federação. Já para
as eleições presidenciais, a circunscrição é o território nacional.
1) TSE:
O TSE será composto de, no mínimo, 7 ministros, escolhidos da seguinte forma: 3 oriundos
do STF (escolhidos por eleição mediante votação secreta); 2 oriundos do STJ (escolhidos
60
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
por eleição mediante votação secreta) e 2 advogados oriundos de lista sêxtupla indicados
pelo STF e nomeados pelo Presidente da República (requisitos: notável saber jurídico e
idoneidade moral). O Presidente de o Vice Presidente do TSE, obrigatoriamente, são
escolhidos entre os Ministros do STF, ao passo que o Corregedor Eleitoral,
obrigatoriamente, será escolhido entre os Ministros do STJ.
O TSE delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus
membros (art. 19 do Código Eleitoral), salvo algumas exceções (ver artigo). O artigo 19
não se aplica aos TRE´s.
Também compete ao TSE responder, sobre matéria eleitoral, à consultas que lhe forem
feitas em tese por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político.
Não é demais lembrar que o TSE possui competência para regulamentar as leis eleitorais, o
fazendo, em regra, por meio de Resoluções. Assim, foi atribuída ao TSE a competência
privativa para expedição de instruções, visando à regulamentação e execução do Código
Eleitoral (inc. IX do art. 23 do Código Eleitoral).
61
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
2) TREs:
O art. 120 da CF prevê que haverá um TRE na capital de cada Estado e no DF.
OBS: O STF, em interpretação dada ao art. 94 da CF, tem entendido lícita a exigência de 10
anos de efetiva atividade jurídica como requisito para que advogados possam vir a integrar
os TREs (RMS 24.232, Rel. Joaquim Barbosa).
OBS: O TSE já decidiu que Procurador do Estado pode compor a lista tríplice do TRE.
OBS: De igual modo, não há previsão de indicação de membro do MP para compor o TRE.
OBS: O advogado que foi membro do TSE ou do TER tem que obedecer o período de
quarentena de 3 anos, tal como entendido elo CNJ em 2008, ficando tais magistrados
quando afastados do cargo no TSE ou TER, impedidos de exercer a advocacia pelo prazo
62
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS: No que tange a advocacia em geral, o CNJ entendeu que o magistrado eleitoral da
classe dos advogados tem o direito de exercer advocacia concomitante com a judicatura,
desde que em outras áreas que não a eleitoral.
3) JUIZES ELEITORAIS:
Os Juízes Eleitorais são juízes de Direito estaduais que exercem, por delegação, a função
eleitoral. São, portanto, oriundos da Justiça Estadual e designados pelo TRE.
Nos termos do art. 32 do Código Eleitoral, a jurisdição em cada zona eleitoral será exercida
por um juiz de direito em efetivo exercício (ou, na falta deste, por substituto legal), o qual
não se afastará de sua jurisdição ordinária.
63
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
4) JUNTAS ELEITORAIS:
A Junta Eleitoral é órgão colegiado na Justiça Eleitoral com existência, apenas, junto à
instância de primeiro grau. Sua existência é provisória, já que constituída apenas nas
eleições, sendo extinta após o término dos trabalhos de apuração dos votos, exceto nas
eleições municipais, em que permanece até a diplomação dos eleitos.
Competências: a apuração, no prazo de 10 dias, das eleições realizadas nas zonas eleitorais
sob sua jurisdição; resolver impugnações e demais incidentes verificados durante os
trabalhos de contagem e apuração; expedir boletins de apuração e expedir diploma aos
eleitos para os cargos municipais. OBS: e no município em que tem mais de uma zona
eleitoral? Compete à Junta que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo.
Não pode ser nomeado membro de juntas eleitorais: 1) os candidatos e seus parentes, ainda
que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim seu cônjuge; 2) os membros
de diretórios de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido
oficialmente publicados; 3) as autoridades e os agentes policiais, bem como os funcionários
no desempenho de cargos de confiança do Executivo; 4) os que pertencem ao serviço
64
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS: As juntas eleitorais podem ser desdobradas em turmas? Sim. Por decisão de seu
presidente as juntas eleitorais podem ser desdobradas em turmas.
OBS: É possível uma zona eleitoral ter mais de uma junta eleitoral? Excepcionalmente,
sim. O presidente do TER, com a aprovação deste, designará juízes de Direito da mesma ou
de outras Comarcas para presidi-las.
OBS: Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no
mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
OBS: Os integrantes do TSE continuam a exercer suas atividades no STF, STJ e advocacia
de forma concomitante.
Questões de prova:
Fale sobre a composição do TRE ou TSE. Quem indica os membros da OAB, no TRE?
Quem os nomeia, no TRE?
65
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
1. ASPECTOS GERAIS:
Efeitos: Na Justiça Eleitoral a regra é que os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo.
Porém, a parte poderá requerer, através de medida cautelar inominada, a concessão de
efeito suspensivo, a fim de impedir a ocorrência de dano grave e de difícil reparação (art.
257, CE). Quando recebido apenas em seu efeito devolutivo, a parte vencedora pode
executar provisoriamente a decisão. Atenção: existe um recurso eleitoral que possui efeito
devolutivo e suspensivo. Trata-se da apelação criminal ou recurso eleitoral criminal.
Atenção: Quando a AIJE é julgada procedente por juiz eleitoral, o recurso obsta os efeitos
da inelegibilidade, suspensão do registro ou nulidade do diploma (art. 15, LC 64/90).
Quanto ao efeito preclusivo, vale salientar que, embora ocorra preclusão das matérias não
impugnadas, o efeito preclusivo não incide sobre matérias constitucionais, as quais poderão
66
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
O efeito translativo ocorre quando o juízo ad quem puder examinar questões não suscitadas
nas razões recursais, ou mesmo não apreciadas pelo juízo a quo. Ex: questões de ordem
pública, como condições da ação e pressupostos processuais. Ex 2: no processo penal
eleitoral o recurso eleitoral criminal (apelação criminal), além do efeito devolutivo e
suspensivo, também possui o efeito translativo quando interposta pelo réu, pois o TRE
pode apreciar qualquer matéria em favor do apelante, mesmo que não formulada na sua
peça recursal (pois a liberdade de ir e vir é um direito indisponível).
O efeito substitutivo ocorre, pois o acórdão do TRE substitui e prevalece sobre a sentença
do juiz eleitoral.
1) Apelação criminal ou Recurso eleitoral criminal (REC): Art. 262, CE. Julgada pelo TER.
Prazo: 10 dias a partir da publicação da decisão. Legitimidade: Candidato, eleitor, não-
67
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
2) RESE: Art. 364, CPP. Deve ser interposto mediante petição para o juiz de 1º grau, mas
com razões dirigidas ao TRE. Julgado pelo TRE. Hipóteses: artigo 581, CPP. Efeitos:
devolutivo, mas permite o juízo de retratação (efeito regressivo). Prazo: 3 dias [Atenção:
prevalece o prazo de 3 dias previsto no 258, CE sobre o prazo de 5 dias previsto no CPP.
Cuidado, pois em prova eles colocam o prazo do CPP e está errado]. Contrarrazões em 3
dias. OBS: o RESE não será encaminhado para o TRE se houver retratação da decisão.
3) Recurso eleitoral inominado: Art. 265, CE. Julgado pelo TRE. Cabimento: É cabível o
recurso eleitoral inominado contra todos os atos, resoluções e despachos de juízes eleitorais
ou juntas eleitorais, desde que não relativos a matéria criminal e desde que não haja recurso
específico. Ex: contra despacho de juiz eleitoral que deferir ou indeferir inscrição eleitoral,
decisão que indeferir ou deferir a transferência eleitoral, decisão que acolher impedimento
de mesário etc. Efeitos: devolutivo. Prazo: 3 dias.
1) Recurso Parcial: É cabível contra decisão de Junta eleitoral (ou de TRE) sobre matéria
concernente à contagem e apuração de votos (está em desuso, pois hoje o sistema é
eletrônico). Legitimidade: Candidato, partido político, ocligação, delegado ou fiscal de
partido ou de coligação. Prazo: deve ser interposto de imediato. Forma: pode ser interposto
verbalmente ou por escrito, porém, as razões recursais devem ser interpostas por escrito.
3) Recurso contra a diplomação (RCD): é ação e não um recurso. Será estudado junto com
as ações.
68
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
2) Recurso contra diplomação (RCD): é ação e não um recurso. Será estudado junto com as
ações.
3) Recurso inominado eleitoral: Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou
despachos do presidente do TRE, quando não cabível recurso específico.
69
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
8) Recurso ordinário eleitoral (ROE): Cabimento: Cabível contra acórdão do TRE que (i)
versa sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; (ii)
anula diploma ou decreta a perda de mandato eletivo federal ou estadual; (iii) denega
habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. 121, § 4º,
inc. III a V, CF c.c art. 276, II, CE); (iv) infidelidade partidária (Resolução TSE 22.610),
(v) Prestação de contas partidárias (Lei 9.504/97, art. 37). Atenção: não cabe ROE contra
matéria estritamente administrativa (REspe 21.587/MA). Prazo: O prazo é de 3 dias.
Efeito: meramente devolutivo. Porém, é possível obter o efeito suspensivo por meio de
cautelar inominada perante o TSE. OBS: Não há juízo de admissibilidade, apenas o
oferecimento de razões e contrarrazões, devendo o recurso subir em seguida. Igualmente
aplicável o disposto no art. 270, CE, que dispõe: “se o recurso versar sobre coação, fraude,
uso de meios de que trata o art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de
sufrágios vedado por lei dependente de prova indicada pelas partes ao interpô-lo ou ao
impugná-lo, o Relator no Tribunal Regional deferi-la-á em vinte e quatro horas da
conclusão, realizando-se ele no prazo improrrogável de cinco dias”. OBS: Não exige o pré-
questionamento. OBS: como é recurso ordinário, a parte recorrente poderá fundamentá-lo
em fatos e, se quiser, fazer juntar documentos novos, para reexame fático probatório pelo
TSE.
9) Recurso especial eleitoral (REspE): Cabimento: Cabível contra acórdão de TRE que (i)
contraria disposição expressa da CF ou lei federal; e (ii) diverge (dissídio pretoriano) na
interpretação de lei com outro(s) tribunal(is) eleitoral(is) (art. 121, § 4º, I e II CF c.c art.
276, I, CE). Prazo: O prazo é de 3 dias (se for direito de resposta ou propaganda eleitoral
irregular é de 24 horas). Após o oferecimento de razões e contrarrazões, ocorre o juízo de
admissibilidade em 48 horas, uma vez admitido, abre-se 3 dias para as contrarrazões.
Requisitos: o REspE tem que preencher dois requisitos (o RE contra decisão do TSE
também tem que preencher esses mesmos requisitos): pré-questionamento e não rediscutir
ou reexaminar matéria fático probatória. Efeito: meramente devolutivo (pode ser concedido
efeito suspensivo mediante manejo de ação cautelar inominada para tal fim). Se negado
seguimento ao REspE, cabe agravo para o TSE no prazo de 3 dias.
1) Recurso inominado eleitoral: Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou
despachos do presidente do TSE, quando não cabível recurso específico.
2) Agravo de instrumento ou agravo: Cabimento: serve para fazer subir para o STF o RE
que teve seu seguimento negado pelo presidente do TSE. Prazo: 3 dias. OBS: Com a nova
redação do art. 544, CPC (alterado pela lei 12.322/10), agora, o processamento do agravo é
realizado nos mesmos autos, não se formando instrumento, o que é inteiramente aplicável
ao processo eleitoral (TSE).
3) Embargos de declaração:
70
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
7) Recuso extraordinário (RE): Cabimento: Cabível nas hipóteses do art. 102, III, a, b, c e
d, CF . O prazo é de 3 dias, conforme súmula 728, STF. Não é cabível contra acórdão dos
TRE’s. É o que se extrai do disposto no art. 121, caput, e seu § 4º, I, da CF de 1988, e nos
arts. 22, II, e 276, I e II, do CE (STF). Jurisprudência: CF/88, art. 102, II, a, e III:
cabimento de recurso ordinário e extraordinário; e art. 121, § 3º: irrecorribilidade das
decisões do TSE. Após o oferecimento de razões, ocorre o juízo de admissibilidade, de
forma idêntica aos recursos extraordinários não eleitorais. Prazo: 3 dias [Súmula STF nº
728/2003: "É de três dias o prazo para a interposição de recurso extraordinário contra
decisão do Tribunal Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir da publicação
do acórdão, na própria sessão de julgamento, nos termos do art. 12 da Lei nº 6.055/1974,
que não foi revogado pela Lei nº 8.950/1994]. Efeito: meramente devolutivo. Cabe medida
cautelar inominada em busca do efeito suspensivo. Requisitos: tem que preencher dois
requisitos: pré-questionamento e não rediscutir ou reexaminar matéria fático probatória.
OBS: Exige repercussão geral das questões constitucionais.
Observações finais:
(1) Lei 9.096/95, artigo 37, § 4º: Da decisão que desaprovar total ou parcialmente a
prestação de contas dos órgãos partidários caberá recurso para os Tribunais Regionais
Eleitorais ou para o Tribunal Superior Eleitoral, conforme o caso, o qual deverá ser
recebido com efeito suspensivo.
(2) § 5º. As prestações de contas desaprovadas pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal
Superior poderão ser revistas para fins de aplicação proporcional da sanção aplicada,
mediante requerimento ofertado nos autos da prestação de contas.
(3) Lei 9.096/95, artigo 45, § 5º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais que
julgarem procedente representação (por propaganda partidária irregular), cassando o direito
de transmissão de propaganda partidária, caberá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral,
que será recebido com efeito suspensivo.
Questões de prova:
Havendo um acórdão no TRE contrário à CF, qual é o recurso cabível? Seria cabível
recurso imediato para o STF?
71
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
72
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
73
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Espécies de inelegibilidade:
74
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
I) Inelegibilidades Constitucionais:
(b) os analfabetos: Analfabeto é alistável, mas é inelegível. Eles não podem se eleger, logo
foi revogado o art. 5º, I do CE. A prova da alfabetização se dará mediante comprovante de
escolaridade. Não havendo comprovante de escolaridade, admite-se a declaração de próprio
punho, podendo o juiz se houver dúvidas, determinar a aferição por outros meios, inclusive
teste de analfabetismo. O teste será realizado individualmente com o pré-candidato e sem
que lhe sejam causados constrangimentos. O TSE admite a elegibilidade do analfabeto
funcional, desde que tenha demonstrado um nível mínimo de compreensão escrita em teste.
O TSE considerou que a mera assinatura em documentos é insuficiente para provar a
condição de alfabetizado - Respe 21958/2004. Para a UNESCO, o analfabeto funcional é
aquele que não completou 5 (cinco) anos de escolaridade. No Brasil, é aquele que não
consegue produzir e compreender textos simples.
(a) motivos funcionais: O art. 14, §5º, CF foi inserido pela EC nº 16/97. Ele proíbe a
reeleição para um terceiro mandato consecutivo A regra compreende três personagens:
Chefes do Executivo, quem os tenha sucedido (Vice) e quem os tenha substituído
(decorrente de impedimento).
75
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS: para o chefe do executivo a desincompatibilização é definitiva, pois ele tem que
renunciar ao cargo. Há, porém, desincompatibilizações temporárias nas quais se pede uma
licença, retornando depois do pleito, se não eleito, ao cargo em que ocupava, é o caso do
servidores públicos da administração direta que querem se candidatar.
OBS: não pode aquele que foi titular de dois mandatos consecutivos na chefia do executivo
se candidatar no período subsequente ao cargo de vice.
OBS: a figura do prefeito itinerante, também chamado de prefeito profissional foi apreciado
pelo STF. O prefeito itinerante é aquele que transfere um ano antes do término do mandato
para outro município seu domicílio eleitoral para se candidatar a um terceiro mandato
consecutivo. Inicialmente, o TSE entendia ser possível, pois a CRFB vedava o exercício ao
mesmo cargo. Em 2008, houve virada jurisprudencial. Segundo o STF, a mudança de
domicílio eleitoral para município diverso por quem já exercera dois mandatos
consecutivos como prefeito de outra localidade configura fraude a regra constitucional que
proíbe uma segunda reeleição. Essa prática configura desvio de finalidade visando a
monopolização do poder local, havendo presunção da fraude nas seguintes hipóteses: I) os
municípios forem muito próximos ou limítrofes de modo a pressupor a existência de uma
microrregião eleitoral, formada por eleitores com características comuns e igualmente
influenciados pelos grupos políticos atuantes na região; II) os municípios tiverem origem
comum, resultante de fusão, incorporação ou desmembramento. Nessas hipóteses, há
presunção de que a transferência de domicilio eleitoral visa alcançar finalidade
incompatível com o art. 14, §5º e a perpetuação no poder local com o comprometimento ao
princípio republicano (vide RE 637.485). No julgado supramencionado, o STF em nome da
proteção da confiança legítima usou o princípio da anualidade eleitoral para que a regra se
aplique apenas às próximas eleições. [observe que o supremo aplicou o principio da
anualidade eleitoral para uma nova interpretação, para uma virada jurisprudencial, e não
para uma mudança legislativa] [o julgamento é do final de 2013].
OBS: os vices poderão se candidatar ao cargo do titular, mesmo tendo substituído este no
curso do primeiro e/ou segundo mandato. Entretanto, ocorrendo vacância do cargo o vice
sucederá definitivamente, caso em que somente poderá se candidatar para um único período
subsequente. [pois como passa a ser titular, também passa a respeitar a regra dos titulares]
OBS: segundo o TSE a substituição nos 6 (seis) meses anteriores a eleição configura um
primeiro mandato eletivo (vide Resolução nº 21.456/06 do TSE).
Resumindo:
76
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
77
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
(b) reflexas: Ela está prevista no art. 14, §7º da CRFB. A regra torna inelegível o cônjuge,
parentes ou afins até o segundo grau dentro da circunscrição territorial do Chefe do
Executivo [Tio e primo pode. Cunhado, sogra ou sogro não pode].
OBS 1: as mesmas vedações atingem o cônjuge, parentes ou afins dos vices, que tenham
sucedido o chefe do executivo ou que os tenha substituído nos 6 (seis) meses anteriores ao
pleito.
OBS 3: O TSE também entende no rol das inelegibilidades reflexas a relação de parentesco
socioafetiva (Recurso Especial Eleitoral nº 303157).
78
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS 4: a inelegibilidade reflexa somente se verifica do ente maior para menor. Da menor
para maior não reflete. [Então, o cônjuge do prefeito pode se candidatar a governador ou
presidente da república].
Cônjuge, parentes ou afins até o segundo Inelegível para:
grau de:
Prefeito Prefeito, vice-prefeito e vereador dentro do
mesmo Município.
Governador Prefeito, vice-prefeito, vereador, governador
e vice-governador, deputado estadual,
deputado federal e senador dentro do mesmo
Estado ou DF [ou seja: inelegível para todos
os Municípios do Estado ou qualquer cargo
por aquele Estado].
Presidente Qualquer cargo do país.
OBS 5: A inelegibilidade reflexa é o vínculo de parentesco com o chefe do poder executivo
ou do vice que o tiver sucedido ou substituído no seis meses anteriores para o poder
executivo e para o poder legislativo. Porém, o parentesco com membros do poder
legislativo não afetará a elegibilidade de nenhum parente para nenhum cargo.
79
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
(c) serviço militar: Há conflito tríplice de normas constitucionais. O art. 142, §3º, V da
CRFB estabelece a impossibilidade de militar da ativa estar filiado a partido político. O art.
14, §3º, V da CRFB assevera que filiação é condição de elegibilidade. O art. 14, §8º da
CRFB permite que o militar alistável seja elegível, observados as seguintes condições. A
80
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
As inelegibilidades legais estão previstas em lei complementar, art. 14, §9º da CRFB c/c
LC n° 64/90. Devem ser arguidas no período do Registro, sob pena de preclusão, salvo as
supervenientes. [Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a
moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta].
Constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa: O TSE entendeu que a lei da ficha limpa se
aplicava a fatos ocorridos antes de sua vigência, encontrando argumento na valorização da
moralidade e do interesse público. Porém, argumentava-se que pelo princípio da
irretroatividade da lei e pelo princípio da não culpabilidade isso não poderia ocorrer. O STF
declarou que a lei da ficha limpa é constitucional e se aplica a fatos ocorridos antes de sua
81
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
2) Abuso do poder político ou econômico: (art. 1º, I, “d” e "h" da LC nº 64/90) O art. 1º, I,
d se refere aquele que cometeu o abuso, mas não é titular de cargo na Administração direta
ou indireta. Ressalte-se que não se exige que a potencialidade lesiva afete o resultado das
eleições para decretação de inelegibilidade decorrente de abuso de poder político,
econômico ou do uso indevido dos meios de comunicação social. Assim, a LC 135/2010
alterou consolidada jurisprudência das cortes eleitorais, que fixavam tal exigência. Basta a
gravidade da conduta. OBS: A representação que fala a letra “e” é a ação de investigação
82
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
judicial eleitoral (AIJE) que se destina a afastar abuso de poder político e econômico
[conteúdo mais abrangente], a outro turno a ação de impugnação do mandato eleitoral
(AIME) é mais restrita e se restringe a abuso do poder econômico. OBS: O tempo de
inelegibilidade se aplica a eleição que concorreu e para os 8 anos subsequentes (vide
súmula n° 19 do TSE) [Logo, se a condenação acontecer 8 anos após a eleição, a decisão
retroagirá à data da eleição, e como o tempo já passou, a decisão fica ineficaz. Como
atualmente basta a decisão de colegiado, não necessitando mais do trânsito em julgado, é
mais difícil acontecer isso, mas é juridicamente possível].
83
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
84
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
5) Rejeição das contas: (art. 1º, I, g da LC nº 64/90). A irregularidade decorre de ato doloso
de improbidade, somada a decisão irrecorrível do órgão competente para julgar as contas.
Quem julga as contas? Regra: O Chefe do Executivo terá as contas julgadas pelo Poder
Legislativo, pois atuam como executores do orçamento. O papel do Tribunal de Contas será
emitir parecer prévio (art. 71, I e art. 85, VI ambos da CRFB). Exceção: O Tribunal de
Contas da União que julga as contas dos prefeitos, que versam sobre aplicação de verba
federal [e não o legislativo], salvo quando incorporadas ao patrimônio do município,
conforme súmula nº 208 e 209 do STJ. As contas dos demais administradores públicos são
julgadas pelo Tribunal de Contas. Não se trata de responsabilidade política pela execução
do orçamento, e sim, responsabilidade técnica pela ordenação de despesas. A quem cabe
verificar se o ato constitui ato doloso improbidade? José Jairo Gomes atribui a Justiça
Eleitoral a valoração os fatos e confirmar a ocorrência de ato doloso de improbidade, não
precisando haver ação de improbidade em curso. [é um requisito da lei eleitoral, então cabe
ao juiz eleitoral valorar]. Qual o efeito da ação judicial desconstitutiva de rejeição das
contas? Ela suspende a inelegibilidade, desde que preenchidos dois requisitos: i) a ação
desconstitutiva deve ser ajuizada antes da ação impugnação de registro de candidato -
súmula n° 1 do TSE e ii) deferimento de liminar que suspenda rejeição das contas.
Questões de prova:
85
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
PONTO EXTRA:
Uma segunda corrente (por fim encampada pelo STF), negando o caráter sancionatório,
identifica nas inelegibilidades determinadas características, que agregadas ao status
jurídico-político do cidadão[18]. Trata-se de elemento personalíssimo que, realizando uma
distinção do eleitor diante das características por ele encampadas, determina o afastamento
do cidadão do processo de escolha popular, mediante sufrágio, limitando a dimensão
passiva de seus direitos políticos, segundo regras e princípios jurídicos preestabelecidos na
Constituição e legislação complementar de regência. Trata-se, consoante doutrina de escol,
guiada pela lição do Ex-Ministro Moreira Alves, de um “requisito negativo” para o registro
da candidatura ou diplomação do eleito, compondo em conjunto com as condições de
elegibilidade, qualificadas como “requisitos positivos”, o estatuto jurídico que tutela o
exercício da dimensão passiva dos Direitos Políticos.
86
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Cite-se ainda no trilhar desta lição autores como Joel José Cândido, Antônio Carlos
Mendes, Marcos Ramayana e Pedro Henrique Távora Niess, entre outros.
Esta doutrina determina explicação coerente para o fato de que uma pessoa possa ser
considerada inelegível, mesmo sem o cometimento de qualquer ilegalidade, mas em razão
de suas características pessoais, tal como ocorre no caso das inelegibilidade decorrentes do
vínculo de parentesco, em que, em homenagem ao Princípio Republicano, à Moralidade e à
Impessoalidade, o cidadão é afastado de concorrer a determinados cargos eletivos; outro
exemplo elucidativo é referente à inelegibilidade que afeta os membros do Ministério
Público e da Magistratura, em que, inobstante não haver o cometimento de qualquer
ilicitude, é vedada a candidatura a cargo eletivo.
Veja a exemplo uma hipotética condenação em uma AIJE baseada no art. 41-A ou art. 73,
da Lei 9.504/97: Da leitura dos artigos transcritos, verifica-se que uma condenação
importaria em “pena de multa de mil a cinquenta mil UFIR, e cassação do registro ou do
diploma”, no caso do art. 41-A, além “multa no valor de cinco a cem mil UFIR” e
87
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Assim, seja diante de uma relação de parentesco, de um cargo público já titularizado, seja
ainda diante dos efeitos projetados por uma condenação decorrente de ato ilícito, a
legislação eleitoral, segundo uma ordem de valores estabelecida, passa a considerar esse
fatos na definição do status civitatis do cidadão brasileiro. Dessa maneira, essas
características, encampadas por aqueles que pretendem concorrer a cargo eletivo, referentes
às condições de elegibilidade (requisito positivo) e às causas de inelegibilidade (requisitos
negativos), devem ser confrontadas com as regras de Direito vigente a cada eleição,
segundo o que determina o art. 11, §10 da Lei nº 9.504/97.
Essas questões foram postas pelo plenário do STF, em sede do julgamento conjunto das
ADC 29 e 30, e ADI 4578, onde restou afirmada a plena constitucionalidade da LC
135/2010, inclusive no que diz respeito às alegações de ofensa à razoabilidade.
O que foi afirmado pelo STF é a capacidade da nova Lei Complementar, que alterou o
regime jurídico das eleições, examinar fatos passados em retrospectiva, projetando, porém,
efeitos futuros, sem jamais retroagir para invadir relações jurídicas passadas já
convalidadas, segundo a égide do Direito vigentes à época.
No julgamento conjuntos das aludidas ações de controle, o Min. Luiz Fux, relator dos
processos, citando a obra de Canotilho, apresenta distinção entre retroatividade autêntica e
inautêntica, afirmando a possibilidade de aplicação da lei em retrospectividade, tendo
inclusive exemplo recente em nosso ordenamento, nos seguintes termos: O mestre de
Coimbra, sob a influência do direito alemão, faz a distinção entre: (i) a retroatividade
autêntica: a norma possui eficácia ex tunc, gerando efeitos sobre situação pretéritas, ou,
apesar de pretensamente possuir eficácia meramente ex nunc atinge, na verdade, situações,
88
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Neste trilhar de ideias o STF entendeu que a LC 135/2010 não teria o condão de retroagir,
afetando relações pretéritas (ex. Registro de candidatura das eleições de 2008 ou 2010),
mas sendo capaz de projetar efeitos jurídicos futuros (eleições 2012), levando em
consideração fatos pretéritos, sob um enfoque retrospectivo. É de se notar, portanto, que a
LC 135/2010 não altera qualquer relação jurídica ocorrida antes da sua entrada em
vigência, não sendo ademais aplicável às eleições 2010, em razão do princípio da
anualidade, tampouco pretendeu imiscuir-se nas regras que tutelaram as eleições de 2008.
É valioso lembrar que o TSE, por ocasião da Consulta nº 1147, já teve a oportunidade de se
pronunciar sobre o tema, afirmando categoricamente não haver “direito adquirido às causas
de inelegibilidade anteriormente previstas”.
No que diz respeito à autoridade da Coisa Julgada, fortemente invocada pelos opositores da
aplicação imediata da LC 135/2010, de igual forma não consiste em barreira para sua
aplicação, uma vez que não se está criando nova sanção, ou ressuscitando sanção já
devidamente cumprida, decorrente de fato já julgado, mas tão somente avaliando a
adequação do eleitor que pretenda candidatar-se ao novo regime jurídico eleitoral, diante
das características pessoais por ele encampadas.
Não é determinada qualquer invasão aos processos já julgados, o que a nova lei faz é
considerar se o cidadão sofreu condenação nesses moldes, e, caso tenha sofrido, passa a
considerar que a inelegibilidade perdurará por 8 anos; não havendo qualquer ofensa às
89
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Por fim é de se registar a ementa dos julgados, acima citados, a fim de melhor ilustrar o que
se vem afirmando: Ação Direta De Inconstitucionalidade 4.578 Distrito Federal. Relator:
Min. Luiz Fux. Reqte.(S): Confederação Nacional Das Profissões liberais-CNPL. Intdo.
(A/S): Congresso Nacional. Intdo.(A/S): Presidente Da República.
3. A presunção de inocência consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal deve ser
reconhecida como uma regra e interpretada com o recurso da metodologia análoga a uma
redução teleológica, que reaproxime o enunciado normativo da sua própria literalidade, de
modo a reconduzi-la aos efeitos próprios da condenação criminal (que podem incluir a
perda ou a suspensão de direitos políticos, mas não a inelegibilidade), sob pena de frustrar o
propósito moralizante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal.
4. Não é violado pela Lei Complementar nº 135/10 não viola o princípio constitucional da
vedação de retrocesso, posto não vislumbrado o pressuposto de sua aplicabilidade
concernente na existência de consenso básico, que tenha inserido na consciência jurídica
geral a extensão da presunção de inocência para o âmbito eleitoral.
90
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
5. O direito político passivo (ius honorum) é possível de ser restringido pela lei, nas
hipóteses que, in casu, não podem ser consideradas arbitrárias, porquanto se adequam à
exigência constitucional da razoabilidade, revelando elevadíssima carga de reprovabilidade
social, sob os enfoques da violação à moralidade ou denotativos de improbidade, de abuso
de poder econômico ou de poder político.
8. A Lei Complementar nº 135/10 também não fere o núcleo essencial dos direitos
políticos, na medida em que estabelece restrições temporárias aos direitos políticos
passivos, sem prejuízo das situações políticas ativas.
11. A inelegibilidade tem as suas causas previstas nos §§ 4º a 9º do art. 14 da Carta Magna
de 1988, que se traduzem em condições objetivas cuja verificação impede o indivíduo de
concorrer a cargos eletivos ou, acaso eleito, de os exercer, e não se confunde com a
suspensão ou perda dos direitos políticos, cujas hipóteses são previstas no art. 15 da
Constituição da República, e que importa restrição não apenas ao direito de concorrer a
cargos eletivos (ius honorum), mas também ao direito de voto (ius sufragii). Por essa razão,
não há inconstitucionalidade na cumulação entre a inelegibilidade e a suspensão de direitos
políticos.
12. A extensão da inelegibilidade por oito anos após o cumprimento da pena, admissível à
luz da disciplina legal anterior, viola a proporcionalidade numa sistemática em que a
interdição política se põe já antes do trânsito em julgado, cumprindo, mediante
interpretação conforme a Constituição, deduzir do prazo posterior ao cumprimento da pena
o período de inelegibilidade decorrido entre a condenação e o trânsito em julgado.
91
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
92
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Rádio e TV: é restrita ao horário eleitoral gratuito. Ocorre nos 45 dias anteriores à eleição.
Rádio: segunda a sábado, de 7h às 7h30 e de 12h às 12h30. TV: segunda a sábado, de 13h
às 13h30 e de 20h30 às 21h. Distribuição do tempo: a) um terço igualitariamente; b) dois
terços proporcionalmente ao nº de representantes na Câmara dos Deputados, considerado,
no caso de coligação, o resultado da soma de todos os partidos que a integram. OBS: O
STF, em recente julgamento (ADI n. 4430), declarou a inconstitucionalidade da expressão
“e representação na Câmara dos Deputados”, contida no § 2º do art. 47, da Lei n. 9540/97 e
deu interpretação conforme a Constituição ao inciso II do § 2º do art. 47, com o fim de
assegurar aos partidos novos, criados após a realização de eleições para a Câmara dos
Deputados, o direito de acesso proporcional aos 2/3 do tempo destinado à propaganda
eleitoral no rádio e na televisão, considerada a representação dos deputados federais que
migrarem diretamente dos partidos pelos quais tiverem sido eleitos para a nova legenda na
sua criação. 2º turno: se houve segundo turno nas eleições majoritárias o tempo será
distribuído igualmente. Serão dois períodos diários de 20 minutos a ser divididos entre os
candidatos.
93
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
qual está suprimida a parte que proibia: na veiculação das inserções, é vedada a divulgação
de mensagens que possam degradar ou ridicularizar candidato, partido ou coligação,
aplicando-se-lhes, ainda, todas as demais regras aplicadas ao horário de propaganda
eleitoral, previstas no art. 47.
OBS: A Justiça Eleitoral pode suspender a programação normal de uma emissora por
infração à legislação eleitoral? Sim. Pode determinar a suspensão por 24h de programação
normal da emissora que deixar de cumprir as disposições legais eleitorais sobre
propaganda, duplicado tal período em cada reiteração de conduta ilícita.
OBS: Responsabilidade pelo pagamento de multas: artigo 6º, §5º, Lei 9. 504/97: A
responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária
entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando outros partidos mesmo
quando integrantes de uma mesma coligação. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).
Propaganda pelo TSE: Art. 93-A: O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no período
compreendido entre 1o de março e 30 de junho dos anos eleitorais, em tempo igual ao
disposto no art. 93 desta Lei, poderá promover propaganda institucional, em rádio e
televisão, destinada a incentivar a igualdade de gênero e a participação feminina na política.
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013). [Art. 93. O Tribunal Superior Eleitoral poderá
requisitar, das emissoras de rádio e televisão, no período compreendido entre 31 de julho e
o dia do pleito, até dez minutos diários, contínuos ou não, que poderão ser somados e
usados em dias espaçados, para a divulgação de seus comunicados, boletins e instruções ao
eleitorado.]
95
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
com.br/imagens/textos/files/Resolucao%20TSE%2023367%20-%20Representacoes,%20
reclamacoes%20e%20pedido%20de%20resposta.pdf
OBS: Nota fiscal de pesquisa: A Lei 12. 891/12 determina que haja nota fiscal com nome
de qual pagou a realização da pesquisa. [texto da lei: art. 33, VII: nome de quem pagou pela
realização do trabalho e cópia da respectiva nota fiscal.].
[Como era: consiste em pesquisa menos rigorosa quanto à abrangência e ao método, NÃO
SENDO NECESSÁRIO REGISTRO NA JE. “Consoante o art. 21 da Res.-TSE nº
23.190/2009, na divulgação de resultado de enquete, deverá constar informação de que não
se trata de pesquisa eleitoral, mas de mero levantamento de opinião, sem controle de
amostra, o qual não utiliza método científico para sua realização e depende somente da
participação espontânea do interessado”. TSE. 1296-85.2010.615.0000. 2011]. Texto
tachado para que você memorize visualmente que essa regra não tem validade atualmente.
97
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS: Até onde vai a competência da Justiça Eleitoral? Os autores, de modo geral, afirmam
que a competência da Justiça eleitoral vai até a fase da diplomação, entretanto, imagine-se
que uma impugnação da apuração, proposta antes da diplomação, venha a ser julgada após
a diplomação. Nesse caso, ainda assim, a competência será da Justiça eleitoral. Também
existem impugnações eleitorais propostas após a diplomação que são de competência da
Justiça eleitoral [recurso contra a diplomação e ação de impugnação ao mandato eletivo,
que são propostas após a diplomação]. A posse e o exercício dos candidatos não são de
competência da Justiça eleitoral [é das casas respectivas]. Nesse aspecto, a competência vai
até a diplomação, mas prossegue em relação às impugnações.
98
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Coligações: como dito acima, as convenções partidárias podem deliberar sobre coligações.
Conceito: Coligação é a aliança entre dois ou mais partido políticos, dentro de uma mesma
circunscrição, com o objetivo comum de, conjuntamente, escolherem seus candidatos para
disputarem as eleições a se realizarem, seja para eleições proporcionais ou majoritárias,
podendo formar mais de uma colocação para o pleito proporcional entre os partidos que
integrarem a coligação par o pleito majoritário. Natureza jurídica: as coligações não são
dotadas de personalidade jurídica, mas atuam como uma entidade jurídica autônoma dotada
de direitos e deveres similares à agremiação partidária. Funcionam perante a Justiça
Eleitoral como se um único partido fosse. Ela que deterá a legitimidade ativa e passiva nas
ações judiciais eleitorais. Pode ter qualquer nome, exceto referência a nome de candidato
ou pedido de voto (ex: coligação voto no 11; Coligação agora é a vez de Fulano).
Verticalização: em 2002 o TSE impôs por Resolução a obrigatoriedade de se reproduzir
alianças ou coligações partidárias no âmbito nacional e regional. Porém, em 2006 o
Congresso Nacional alterou o artigo 17 da CF, pondo fim à verticalização nas eleições
brasileiras.
99
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
de todos os partidos que a integram; na propaganda para eleição proporcional, cada partido
usará apenas sua legenda sob o nome da coligação. Na formação de coligações, devem ser
observadas, ainda, as seguintes normas: na chapa da coligação, podem inscrever-se
candidatos filiados a qualquer partido político dela integrante; o pedido de registro dos
candidatos deve ser subscrito pelos presidentes dos partidos coligados, por seus delegados,
pela maioria dos membros dos respectivos órgãos executivos de direção ou por
representante da coligação; os partidos integrantes da coligação devem designar um
representante, que terá atribuições equivalentes às de presidente de partido político, no trato
dos interesses e na representação da coligação, no que se refere ao processo eleitoral; a
coligação será representada perante a Justiça Eleitoral pela pessoa designada na forma do
inciso III ou por delegados indicados pelos partidos que a compõem, podendo nomear até:
a) três delegados perante o Juízo Eleitoral; b) quatro delegados perante o Tribunal Regional
Eleitoral; c) cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral. OBS: O partido político
coligado somente possui legitimidade para atuar de forma isolada no processo eleitoral
quando questionar a validade da própria coligação, durante o período compreendido entre a
data da convenção e o termo final do prazo para a impugnação do registro de candidatos.
OBS: A responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é
solidária entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando outros partidos
mesmo quando integrantes de uma mesma coligação.
100
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
A condição de candidato e a candidatura só surgem com o registro. Antes disso, aquele que
foi indicado em convenção partidária goza do status de pré-candidato.
Só em dois casos o pedido de registro de candidatura pode ser feito sem prévia escolha em
convenção partidária: i) substituição de candidato (art.13, LE) e ii) indicação suplementar
das vagas remanescentes (art. 10, §5° da LE), hipóteses em que a escolha do pré-candidato
será feita pelo órgão de direção do partido. Tais hipóteses não se confundem com a
“candidatura nata”, privilégio de pedir o registro sem passar pelo crivo das convenções
partidárias concedido de candidatos à reeleição nas eleições proporcionais. (eficácia
suspensa em virtude de liminar ADI 2.530-9, ajuizada pelo PGR).
OBS: se houver anulação da eleição majoritária ocorrerá renovação das eleições, sendo
possível a candidatura daqueles que, ao pleito anulado, tiveram seu registro indeferido por
ausência de desincompatibilização, desde que obedeçam os prazos estabelecidos na
regulamentação da nova eleição. (TSE, consulta 1.707/DF)
101
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Cota de gênero: A lei 12.034/09 inovou com a cota de gênero, que permite um aumento da
participação feminina no processo eleitoral. Serão destinadas, no mínimo, 30% (trinta por
cento) e, no máximo, 70% (setenta por cento) das vagas para candidatura de cada sexo (art.
10, §3º, Lei 9.504/97). Atenção: Houve discussão acerca da base de cálculo da cota de
gênero. O TSE firmou orientação no sentido de que a base de cálculo deve observar o
número de candidaturas efetivamente requeridas e, não, o número abstratamente previsto
em lei (vide REsp 78432). OBS: se o partido ou coligação não observar o percentual
mínimo de 30% para um dos sexos o pedido de registro coletivo do partido ou da coligação
deverá ser indeferido pela Justiça Eleitoral, após concessão de prazo para que seja sanado o
problema. (TSE, nov. 2012, REspE 2939). OBS: Há Resolução do TSE que já regulou essa
cota de gênero, prevendo a solução para hipótese em que o resultado percentual for fração,
equivalendo a um inteiro, arredondando para cima (Art. 20, §§ 4º e 5º, Resolução nº
102
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
22.156/06).
103
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Prazo para substituição: Tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, a
substituição só se efetivará se o novo pedido for apresentado até 20 (vinte) dias antes do
pleito, exceto em caso de falecimento de candidato, quando a substituição poderá ser
efetivada após esse prazo. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).
Cancelamento do registro: o candidato que, até a data das eleições, for expulso do partido,
observado devido processo legal, terá o registro de sua candidatura cancelada por
solicitação do partido à justiça eleitoral.
Candidatura nata: O art. 8º, §1º da lei 9.504/97 trata da candidatura nata, que é o direito de
se obter o registro da candidatura para a reeleição no mesmo cargo. O STF suspendeu a
aplicação deste artigo, por entender que todos os candidatos devem ser escolhidos,
inclusive os que já exercem o cargo (vide ADI 2530-9).
Ação de impugnação de registro de candidatura (AIRC): ação que tem por finalidade
obter o indeferimento do pedido de registro de candidatura, em virtude da ausência de
condições de elegibilidade, da incidência de causas de inelegibilidade ou da falta de
condições formais de registro (“condições de registrabilidade”). A AIRC constitui incidente
no procedimento de RCAN, que é principal em relação a ela. Daí porque RCAN e AIRC
devem ser decididos na mesma sentença. Rito: ordinário, art. 2° a 16 da LC 64/90.
Prazo: até 5 dias após a publicação do edital com lista dos registros pedidos. Prazos
contínuos, peremptórios, correm em cartório e, a partir do fim do prazo de registro, não se
suspendem aos sábados, domingos e feriados (art. 16 da LC 64/90). Pela especialidade, esta
regra vale também para o MP, constituindo exceção à regra que garante a intimação
pessoal, com vista dos autos (art. 18, II, “h” da LC75/93 e art. 236, §2° do CPC).
Competência: a mesma do RCAN, art. 2° da LC 64/90.
Legitimidade:
104
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional. Esta súmula não se aplica ao MP. Por
fim, frise-se que o cidadão não tem legitimidade, podendo apenas apresentar “notícia” aos
órgãos legitimados para agir (o art. 97, §3° do CE foi revogado pelo art. 3° da LC 64/90).
Competência: TSE: Presidente e vice; TRE: Governador, vice, Senador, Deputado Federal,
Deputado Estadual e Deputado Distrital. Juiz Eleitoral: Prefeito, vice e Vereador.
Procedimento: (a) são 07 dias para contestar (b) são no máximo 06 testemunhas (c) 05 dias
para o juiz diligenciar e mais 05 dias para as alegações finais em prazo comum para as
partes (d) são 03 dias para sentenciar, para recorrer e para contrarrazoar.
Recurso: "No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou não tem
legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria
constitucional" (Súmula 11 – TSE). Exige-se a representação de advogado para recurso
(AC 23668/2004). Prazo: 3 dias.
OBS: Entendimento superado: Apesar de a súmula falar apenas em “partido” que não
impugnou o registro, o TSE aplicava esse entendimento também para o Ministério Público.
Assim, o TSE afirmava que “a parte que não impugnou o registro de candidatura, seja ela
candidato, partido político, coligação ou o Ministério Público Eleitoral, não tem
105
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
legitimidade para recorrer da decisão que o deferiu, salvo em casos que envolvem matéria
constitucional”. O STF muda esse entendimento, olhe:
STF, 2013: O Plenário do STF reconheceu que o Ministério Público Eleitoral possui
legitimidade para recorrer de decisão que deferiu registro de candidatura, mesmo que não
tenha apresentado impugnação ao pedido inicial desse registro. O relator do caso, Min.
Ricardo Lewandowski, sustentou que o art. 127 da CF/88, ao incumbir o Ministério Público
de defender a ordem pública e o regime democrático, outorga a ele a possibilidade de
recorrer, como custos legis (fiscal da lei), contra o deferimento de registros, mesmo que não
tenha impugnado o pleito original, por se tratar de matéria de ordem pública. O STF, com
essa decisão, modifica a posição até então dominante no TSE. Vale ressaltar, no entanto,
que esse novo entendimento manifestado pelo STF foi modulado e só valerá a partir das
eleições de 2014. Assim, nos recursos que tratam sobre o tema, referentes ao pleito de
2012, deverá continuar sendo aplicado o entendimento do TSE que estendia ao MP a regra
da Súmula 11-TSE. [STF. Plenário. ARE 728188/RJ. Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 18/12/2013 (Info 733)].
Da decisão da AIRC cabe recurso: 1) Sentença de Juiz Eleitoral: cabe recurso inominado
para o TRE. 2) Acórdão de TRE: Cabe Recurso Ordinário Eleitoral (ROE quando versar
sobre inelegibilidade) ou Recurso Especial Eleitoral (REspE quando versar sobre condições
de elegibilidade), ambos para o TSE.
O que é “teoria da própria conta e risco” e “teoria dos votos engavetados”? O candidato que
não tem seu registro deferido pode prosseguir na campanha eleitoral, sendo apto para fazer
propaganda eleitoral, participar de comícios, debates, mas por sua conta e risco (teoria da
conta e risco), ou seja, se no dia da votação ele não tiver registro, seus votos serão
considerados nulos. Assim, o candidato que tiver seu registro indeferido poderá recorrer da
decisão e prosseguir por sua conta e risco, enquanto estiver sub judice, em sua campanha e
ter seu nome mantido na urna eletrônica, ficando a validade de seus votos condicionada ao
deferimento de seu registro por instância superior. Isso porque, “transitada em julgado a
decisão que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado o registro, ou
cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido” (art. 15 da
LC 64/90). Em fase de recurso, este não será substituído; todavia, se a decisão recorrida se
confirmar pela instância superior (leia-se TSE, e não STF, ou seja, não precisa de trânsito
em julgado) e o candidato vencer as eleições, os votos atribuídos a ele serão nulos (teoria
dos votos engavetados), regras válidas para as eleições majoritárias e proporcionais. A Lei
n. 12.034/2009, em seu art. 16-A, cria a possibilidade de um candidato concorrer mesmo
que seu registro esteja sub judice, ou seja, sem decisão final favorável do TSE. Ele poderá
fazer a campanha normalmente enquanto estiver nessa condição, inclusive no rádio e na
TV. Trata-se da adoção da teoria da conta e risco, aplicada pelo TSE em várias eleições, ou
seja, efeito suspensivo do indeferimento de registro (art. 15 da LC 64/90). Assim, caso a
decisão não tenha sido apreciada pelo TSE, em sede de Embargos de Declaração em
REspe, até a eleição, seu nome também deverá figurar na urna eletrônica. Todavia, os votos
recebidos por ele só serão válidos se o pedido de registro for aceito definitivamente pelo
TSE, o que se denominou de “teoria dos votos engavetados” (após a eleição, o efeito do
recurso não será mais suspensivo, e os votos são nulos, para todos os efeitos, enquanto o
106
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
TSE não decidir o tema — art. 257 do CE). Uma vez indeferido o registro, o candidato não
mais poderá assumir seu cargo, caso vença as eleições, devendo, nesse caso, assumir o 2º
colocado (no caso de eleição majoritária), e não o Vice, uma vez que, indeferido o registro
do candidato a titular, não pode ser deferido o do Vice, já que a chapa é “única e
indivisível”. Caso a nulidade resultante da teoria dos votos engavetados, leia-se dos votos
atribuídos aos candidatos (e não os chamados votos apolíticos, isto é, aquele em que o
eleitor digita número inexistente na urna eletrônica e confirma), ultrapasse 50% + 1 dos
votos, o TSE entendeu que devem ser realizadas novas eleições, nos termos do art. 224 do
CE que se aplica para AIRC (cf. Consulta n. 1.657/2008), sendo eleições diretas, se
estiverem nos 2 primeiros anos do mandato, e eleições indiretas (no Legislativo), se
estiverem nos 2 últimos anos do mandato. Se o TSE não acolher a decisão que impugnar o
registro de candidatura, deferindo-o, os votos que estavam “engavetados” são tornados
válidos, e, como tal, o candidato assume o cargo, caso tenha vencido a eleição,
independentemente de outros recursos no próprio TSE ou no STF.
OBS: Explicação de porque não há efeito suspensivo para a teoria dos votos engavetados:
Não há efeito suspensivo do recurso contra decisão que indeferir o registro de candidatura,
pois, após as eleições, aplica-se a teoria dos votos engavetados, ou seja, os votos são
considerados nulos para todos os efeitos até decisão final do TSE. Assim, somente se aplica
a teoria dos votos engavetados se houver alguma decisão judicial que indefira o registro,
pois, enquanto estiver deferido, ainda que sub judice, não se aplica tal teoria, e sim assume
o vencedor até decisão final do TSE, inclusive podendo diplomar e tomar posse até tal
107
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
decisão.
Os processos que cuidam dos candidatos a cargo majoritário (por exemplo: Prefeito/Vice-
Prefeito) deverão ser julgados conjuntamente, e o registro da chapa majoritária somente
será deferido se ambos os candidatos forem considerados aptos, não podendo este ser
deferido sob condição. Se o juiz (eleição municipal), TRE (eleição geral) ou TSE (eleição
presidencial) indeferir o registro da chapa, deverá especificar qual dos candidatos, ou
ambos, não preenchem as exigências legais e deverá apontar o óbice existente, podendo o
partido político ou a coligação, por sua conta e risco, recorrer da decisão ou, desde logo,
indicar substituto ao candidato que não for considerado apto, na forma do art. 13 da Lei n.
9.504/97.
[Importante inclusão legislativa na lei no final de 2013: Coloco os artigos aqui apenas para
leitura, pois eles não alteram o dito acima. Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub
judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o
horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica
enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009). Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos
votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica
condicionado ao deferimento do registro do candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009). Art. 16-B. O disposto no art. 16-A quanto ao direito de participar da campanha
eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, aplica-se igualmente ao candidato
cujo pedido de registro tenha sido protocolado no prazo legal e ainda não tenha sido
apreciado pela Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)]
108
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
110
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
111
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
A) Propaganda eleitoral:
Princípios:
a) princípio da legalidade: uma vez que é regulada por lei. Início: A propaganda eleitoral
somente é permitida após o dia 05 de julho do ano da eleição (art. 36 da Lei 9.504/97),
podendo se realizada, inclusive, por candidato que estiver com o registro sub judice (art.
16-A da Lei 9504/97). OBS 1: A propaganda eleitoral realizada antes desta data será
considerada propaganda antecipada e, nesta medida, considerada irregular, sujeitando o
responsável pela divulgação da propaganda, e também o seu beneficiário quando for
comprovado o seu prévio conhecimento, e multa (art. 36, §3º, da Lei n. 9.504/97). Segundo
o TSE, o pedido de voto não é requisito essencial para a configuração da propaganda
antecipada, desde que haja alusão à circunstância associada à candidatura (AgRg no Ag nº
5.120, Rel. Min. Gilmar Mendes), ainda que de forma subliminar. OBS 2: não será
considerada propaganda antecipada a do artigo 36-A da lei 9.504/07. A propaganda
eleitoral ilícita é dividida em duas espécies: a) ilícita criminal: é a que configura crime
eleitoral. Ex: uso de símbolos de órgão governamentais em propaganda, realizar calúnia,
injúria ou difamação; b) irregular (ilícito civil-eleitoral): é a que, por ausência de previsão
legal, não configura crime, mas enseja a aplicação de multa ou outra penalidade prevista em
lei. Ex: uso na imprensa escrita de espaço superior ao permitido, propaganda na TV ou
rádio fora do horário eleitoral gratuito, propaganda extemporânea (fora do prazo legal).
112
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Início: após o dia 5 de julho, ou a partir do dia 6 de julho do ano eleitoral. Antes disso será
considerada propaganda antecipada.
Não caracteriza propaganda antecipada ou extemporânea: O art. 36-A listou condutas que
não serão consideradas propaganda antecipada e poderão ter cobertura dos meios de
comunicação social, inclusive via internet, quais sejam: I - a participação de filiados a
partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no
rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos
políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento
isonômico; II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e
a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais,
discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às
eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação
intrapartidária; III - a realização de prévias partidárias e sua divulgação pelos instrumentos
de comunicação intrapartidária e pelas redes sociais; IV - a divulgação de atos de
parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos; V - a
manifestação e o posicionamento pessoal sobre questões políticas nas redes sociais.
Parágrafo único. É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das
prévias partidárias. (Atenção: artigo alterado pela Lei nº 12.891, de 2013). Comentários do
GENAFE: as partes sublinhadas no artigo acima são as alterações que foram feitas. O
Grupo de estudos do MPF entende que houve uma maior amplitude à disseminação da
candidatura, tanto que foi suprimida a expressão “desde que não se mencione a possível
candidatura” da anterior redação do artigo. Também foi suprimida a expressão “desde que
não haja pedido de votos”. Ou seja: houve uma ampla liberação dos atos de pré-campanha.
OBS: A lei não fixa um marco a partir do qual a propaganda eleitoral é considerada
antecipada, já tendo o TSE entendido ser irrelevante a distância temporal entre o ato
impugnado e a data das eleições (RRp nº 1.406/DF, 2010, Min. JOELSON COSTA DIAS).
OBS: quando o Presidente da República enaltece feitos de sua administração em discurso
ou em propaganda de rádio ou TV faz prestação de contas de sua administração não
caracteriza propaganda antecipada [TSE AgRgRg 914/2006].
113
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
114
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS: A Justiça Eleitoral pode suspender a programação normal de uma emissora por
infração à legislação eleitoral? Sim. Pode determinar a suspensão por 24h de programação
normal da emissora que deixar de cumprir as disposições legais eleitorais sobre
propaganda, duplicado tal período em cada reiteração de conduta ilícita.
OBS: Responsabilidade pelo pagamento de multas: artigo 6º, §5º, Lei 9. 504/97: A
responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária
entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando outros partidos mesmo
quando integrantes de uma mesma coligação. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).
Propaganda cruzada: Art. 53-A: É vedado aos partidos políticos e às coligações incluir no
horário destinado aos candidatos às eleições proporcionais propaganda das candidaturas a
eleições majoritárias ou vice-versa, ressalvada a utilização, durante a exibição do programa,
de legendas com referência aos candidatos majoritários ou, ao fundo, de cartazes ou
fotografias desses candidatos, ficando autorizada a menção ao nome e ao número de
qualquer candidato do partido ou da coligação. Sanção: A inobservância do disposto neste
artigo sujeita o partido ou coligação à perda de tempo equivalente ao dobro do usado na
prática do ilícito, no período do horário gratuito subsequente, dobrada a cada reincidência,
devendo o tempo correspondente ser veiculado após o programa dos demais candidatos
com a informação de que a não veiculação do programa resulta de infração da lei eleitoral.
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).
B) Propaganda partidária:
Não está vinculada a nenhuma eleição em específico. Tem o objetivo de difundir, entre
outros temas, o programa e a ideologia político-partidária e, assim, receber da população
adeptos, simpatizantes e novos filiados. A propaganda partidária não pode ser veiculada no
segundo semestre de ano de eleição. Não pode servir de palanque para futuro candidato.
Deve obrigatoriamente ser enter 19h30 e 22h.
Obrigatoriamente gratuito: é vedado o uso de TV ou rádio de forma paga, sendo restrito aos
horários gratuitos disciplinados por lei. As empresas de comunicação têm direito a
compensação fiscal.
115
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
semestral e regular. A propaganda partidária regular seria destinada apenas aos partidos
políticos que tivessem funcionamento parlamentar. A propaganda partidária semestral seria
destinada a partido políticos que não tivessem funcionamento parlamentar. O STF declarou
inconstitucional os artigos 48 e 49 da referida lei, também declarando inconstitucional o
artigo 13 que estabelecia a “cláusula de barreira ou cláusula de desempenho” [ADI 1351 e
1354]. Passou a vigorar em caráter definitivo as regras de transição constantes no artigo 56,
III e IV e artigo 57 da lei 9.096/97, os quais estabelecem uma “cláusula de barreira
flexível”. OBS: a cláusula de barreira ia além da divisão do tempo de propaganda
partidária, pois os partidos deveriam preencher o percentual mínimo de votos para também
ter acesso à estrutura de liderança de bancada, a indicar parlamentar seu para atuar em
comissão mista no Congresso Nacional, de CPI ou para participar de Mesa diretora da casa
legislativa.
116
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legitimidade para propor ação contra a propaganda irregular: Partidos políticos, e MPE.
OBS: a lei 9.096/97 somente atribui legitimidade a partido político, porém, o MP encontra
sua legitimidade na CF. STF, 2013: ADI 4617: O Ministério Público possui legitimidade
para representar contra a propaganda partidária irregular.
Competência: TSE: para programas em bloco ou inserções nacionais. TER: para programas
em bloco ou inserções nos respectivos Estados.
C) Propaganda intrapartidária:
2. Bens públicos: O art. 37, caput, da Lei n. 9504/97 veda a realização de propaganda
eleitoral nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público (bancas de
jornal, ônibus, táxi), ou que a ele pertençam (hospitais, unidades de ensino, delegacias,
museus, bibliotecas), e nos de uso comum (no Direito eleitoral seu significado é mais
extenso do que no direito civil, pois compreende os bens privados que a população em geral
tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios,
estádios, nos termos do art. 37, §4°, da Lei n. 9504/97), inclusive postes de iluminação
pública, passarelas, viadutos, pontes, paradas de ônibus, cinemas, clubes, lojas, templos,
estádios, ainda que de propriedade privada.
O parágrafo quinto do art. 37, da Lei n. 9504/97, veda, ainda, a publicidade nas árvores e
nos jardins localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas e tapumes
divisórios, mesmo que não lhes cause dano.
É permitida a colocação de cavaletes, bonecos, cartazes, etc. ao longo das vias públicas
desde que tais objetos sejam móveis, não prejudiquem o trânsito e sejam retirados entre as
117
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Questões de prova:
O que é propaganda eleitoral? Quando inicia? Pode em bens públicos? E bens particulares?
E os símbolos?
118
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
119
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
b) Pleno exercício dos direitos políticos: Denotam a capacidade de votar e ser votado e são
adquiridos com o alistamento. A suspensão e a perda de direitos políticos afeta a
elegibilidade (art. 15 da CRFB).
120
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
no mínimo, seis meses antes do pleito, quando deve ocorrer a desincompatibilização (LC nº
64/90, arts. 1º, II, a, 8, 14 e j). Militares: não é exigida a filiação partidária do militar da
ativa, bastando o alistamento e o registro de candidatura. O militar da reserva pode se filiar.
[Atenção: não existe mais a regra de dupla filiação!!! Como a alteração é muito recente
deixo o texto que atualizei com o livro de 2013 para comparação: no caso de dupla filiação
as duas serão nulas; no caso de tripla filiação ocorre a nulidade das duas primeiras,
tornando a terceira filiação lícita. Portanto. O sujeito está filiado ao partido em que ocorrer
a terceira filiação [TSE, REspE nº16.477].
Questões de prova:
O que são condições de elegibilidade? Qual forma da norma necessária para regulamentar
as condições de elegibilidade?
121
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
122
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
1) Abuso de poder:
Conceito. Abuso de poder pode ser conceituado como sendo o uso indevido ou exorbitante
da aptidão para a prática de um ato, que pode apresentar-se inicialmente em conformidade
ou desde a origem destoar do ordenamento jurídico. Trata-se de conceito fluido,
indeterminado, que, na realidade fenomênica, pode assumir contornos diversos,
desequilibrando indevidamente a eleição e mitigando a igualdade de chances. Para a
configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato alterar o
resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.
O Abuso do poder econômico é combatido por AIJE, que pode ter as seguintes sanções:
cassação do registro ou do diploma, se já houver sido outorgado, + multa, + inelegibilidade
por 8 anos (lei da ficha limpa). Cópia dos autos da AIJE devem ser enviados para o MPE
apurar eventuais infrações penais. A decisão que julgar procedente tem efeitos imediatos.
Eventual recurso tem efeito devolutivo, salvo se o recorrente obtiver medida cautelar
suspensiva perante instância superior. OBS: a agremiação partidária que violar ou
descumprir normas referentes à arrecadação e aplicação de recursos receberá como sanção
a perda do direito de recebimento da quota do fundo partidário no ano seguinte (sem
prejuízo do candidato beneficiado responder por abuso de poder econômico).
123
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
2) Abuso de poder político. É o uso indevido de cargo ou função pública, com a finalidade
de obter votos para determinado candidato ou coligação ou partido. Caracteriza-se, dessa
forma, como desvio de finalidade do uso do cargo, para atender a anseios pessoais. Adriano
Soares da Costa entende que é uma atividade ímproba do administrador, com a finalidade
de influenciar no pleito eleitoral de modo ilícito, desequilibrando a disputa. Sem
improbidade não há abuso de poder político. Ex: uso de verbas públicas, de servidores
públicos ou de bens públicos em campanhas eleitorais. Segundo decisão do TSE: “na
apuração de abuso de poder, não se indaga se houve responsabilidade, participação ou
anuência do candidato, mas sim se o fato o beneficiou” (Agravo Regimental em Recurso
Especial Eleitoral nº 3888128, DJE 07/04/2011).
O Abuso do poder político é combatido por AIJE, que pode ter as seguintes sanções:
cassação do registro ou do diploma, se já houver sido outorgado, + multa, + inelegibilidade
por 8 anos (lei da ficha limpa). Cópia dos autos da AIJE devem ser enviados para o MPE
apurar eventuais infrações penais. A decisão que julgar procedente tem efeitos imediatos.
Eventual recurso tem efeito devolutivo, salvo se o recorrente obtiver medida cautelar
suspensiva perante instância superior. OBS: a agremiação partidária que violar ou
descumprir normas referentes à arrecadação e aplicação de recursos receberá como sanção
a perda do direito de recebimento da quota do fundo partidário no ano seguinte (sem
prejuízo do candidato beneficiado responder por abuso de poder econômico).
não será considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado das eleições, mas apenas
a gravidade das circunstâncias que o caracterizam [art. 22, XVI, LC 64/90].
A AIJE pode resultar em: para a empresa de comunicação, em procedimento aferido pela
Lei de Eleições, artigo 16, multa e suspensão por 24h da TV, rádio ou site que realizaram o
abuso. Se caracterizar abuso de poder político ou econômico, além de multa, pode levar À
cassação do registro ou do diploma e tornar o infrator inelegível por 8 anos, em
procedimento do artigo 22, LC 64/90.
b) Prazo: A lei não fixa termo inicial ou final. Foi consagrado o entendimento que a AIJE
pode ser intentada após o pedido de registro de candidato, mesmo que pendente de recurso,
até a data da diplomação dos eleitos. Após essa data, deve ser extinto, eis que presente a
decadência. OBS: segundo posição majoritária, a AIJE pode apurar atos anteriores ao
período de início. Nesse sentido, TSE: “admite-se a AIJE fundada no art. 22 da LC 64/90
que tenha como objeto abuso ocorrido antes da escolha e registro do candidato” (RO nº
722/PR, 2004). OBS: a AIJE para apurar a prática de conduta vedada (artigo 73, da Lei da
Eleições) seve ser proposta até a data das eleições (REspE 25.935/SC). OBS 3: Há
possibilidade de propor AIJE após a diplomação? Sim. Qualquer partido político ou
coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 dias da datada diplomação,
relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar
condutas em desacordo com as normas das eleições, relativas à arrecadação e gatos de
recursos.
125
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
e) Litispendência: Não há litispendência entre as ações eleitorais, ainda que fundadas nos
mesmos fatos, por serem ações autônomas, com causa de pedir própria e consequências
distintas, o que impede que o julgamento favorável ou desfavorável de alguma delas tenha
influência sobre as outras, segundo entendimento do TSE (Recurso Contra Expedição de
Diploma nº 696, Acórdão de 04/02/2010, Relator(a) Min. ENRIQUE RICARDO
LEWANDOWSKI, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Volume -, Tomo 62,
Data 05/04/2010, Página 207).
g) Competência: a competência para conhecer e julgar a ação está ligada à natureza das
eleições. No caso do TRE e do TSE a AIJE é direcionada ao corregedor.
j) Medida Cautelar: encontra previsão no art. 22, I, “b”, da LC 64/90: “determinará que se
suspenda o ato que deu motivo à representação, quando for relevante o fundamento e do ato
impugnado puder resultar a ineficiência da medida, caso seja julgada procedente”.
k) Efeitos: julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o
Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a
prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem
nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro
ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou
pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a
remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar,
se for o caso, e de ação penal,ordenando quaisquer outras providências que a espécie
comportar.
126
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
l) Causa de pedir: a causa de pedir da AIJE pode ser: a utilização indevida, o desvio ou o
abuso do poder econômico; o uso indevido, o desvio ou o abuso do poder político ou de
autoridade; a utilização indevida dos meios de comunicação; o uso indevido dos veículos
de transporte [lei nº 6.091/74].
Questões de prova:
É necessária alguma outra ação após a AIJE para reconhecer que o candidato praticou
ilícito, tudo isto após as eleições ou se basta a AIJE?
Distinção entre abuso de poder econômico e político. Consequências da AIJE. Como era
antes e como é depois da ficha limpa. Acabou pulando para o RCED, falando da mudança
da lei no fim de 2013.
127
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Propaganda eleitoral na internet: A Lei 12.034/09 acresceu os arts. 57-A a 57-I à Lei de
Eleições (Lei n. 9.504/97), traçando regras específicas para o uso da internet nas eleições.
128
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
d) por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo
conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de
qualquer pessoa natural.
b) Propaganda eleitoral, ainda que gratuita, veiculada em site de pessoas jurídicas, com ou
sem fins lucrativos;
A Justiça Eleitoral pode suspender por 24 horas (duplicada a cada reiteração) o acesso a
todo o conteúdo informativo de sites que deixarem de cumprir as disposições da lei
eleitoral. Deverá ser informado que o site encontra-se temporariamente inoperante por
determinação da Justiça Eleitoral.
129
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Carretas e passeatas: é permitido até as 22h do dia em que antecede as eleições. É preciso
comunicar com 24h de antecedência a autoridade policial para que haja segurança e evite
transtornos ao trânsito. Não é necessário comunicar à Justiça Eleitoral.
Mesas e bandeiras móveis: são permitidos, desde que sejam móveis e não dificultem o bom
andamento do trânsito e das pessoas. Também é permitida a distribuição de bandeirinhas
para colocar em carro particular. Atenção: A Lei 12.891/13 proibiu o uso de cavaletes,
bonecos e cartazes ao longo de vias públicas.
Homem-cartaz: inexiste vedação aos cartazes carregados por pessoas na rua, desde que não
atrapalhem o trânsito (Resolução TSE 21.610 , art. 14).
130
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Comícios: Os comícios são permitidos entre 06/07 e dois dias antes das eleições, desde que
não haja distribuição de brindes, sorteio de bens ou realização de shows artísticos. A
realização de comícios e a utilização de aparelhagens de sonorização fixas são permitidas
no horário compreendido entre as 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) horas, com exceção do
comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas
[prorrogação de horário estabelecido pela Lei nº 12.891]. Vale ressaltar que é crime
realizar comício no dia das eleições (art. 39, §5º, da Lei das Eleições). A realização de
comício deve ser comunicada à autoridade policial com antecedência mínima de 24 horas,
mas não precisa de autorização da Justiça Eleitoral. A utilização de trio elétrico é permitida
somente para sonorizar o evento [pois a utilização de trio em si é vedada].
Limite de gastos: Artigo 26, Parágrafo único, Lei 9.504/97: São estabelecidos os seguintes
limites com relação ao total do gasto da campanha: I - alimentação do pessoal que presta
serviços às candidaturas ou aos comitês eleitorais: 10% (dez por cento); II - aluguel de
veículos automotores: 20% (vinte por cento). (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com
a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor
de cinco mil a quinze mil UFIR, o uso de alto-falantes e amplificadores de som.
131
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Propagandas vedadas: Não se pode elaborar, em hipótese alguma, qualquer material que
possa proporcionar vantagem ao eleitor (bonés, canetas, chaveiros, brindes, etc.).
132
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
No segundo turno das eleições majoritárias, o tempo há de ser distribuído igualmente entre
os dois candidatos remanescentes, pouco importando a representação na Câmara dos
Deputados: cada candidato fica com 50% do tempo.
Obrigatoriedade de divulgação de gastos: Art. 28, §4º, Lei 9.504/74: Os partidos políticos,
as coligações e os candidatos são obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela
rede mundial de computadores (internet), nos dias 8 de agosto e 8 de setembro, relatório
discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para
financiamento da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça
Eleitoral para esse fim, exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos
valores doados somente na prestação de contas final de que tratam os incisos III e IV do art.
29 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).
Questões de prova:
Propaganda na internet, pode ser feita pelo candidato? Pode ser feita por qualquer pessoa?
O candidato pode entrar numa universidade, escola, e distribuir santinhos? (Discutível, mas
dizer que não, luta do MPE).
Perguntou sobre a recente alteração na mini reforma eleitoral que explicitou, ainda mais, a
proibição dos outdoors. Pediu para eu explicar como funciona a repartição do horário na
TV? De que modo as TVs são ressarcidas pela Administração Pública? É em dinheiro ou
por benefícios? Quais benefícios? Como é feita a propaganda pela internet? Em que é
permitida? Vedações?
133
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Diplomação:
Conceito: é o ato pelo qual a justiça eleitoral atesta quem são, efetivamente, os eleitos e os
suplentes com a entrega do diploma devidamente assinado. Não é decisão judicial. É ato
administrativo certificatório e declaratório. A diplomação é a última fase do processo
eleitoral.
Competência para diplomar: TSE: presidente e vice; TRE: Governador, vice, deputados e
senador; Juiz Eleitoral: Prefeito, vice e vereador.
Perda do diploma: poderá ser declarada a perda do diploma pela Justiça Eleitoral, por
decisão definitiva, quando: cassar definitivamente o registro de candidatura. Der
provimento a recurso contra expedição de diploma ou acolher pedido contido em ação de
impugnação de mandato eletivo.
Linhas gerais: previsto no artigo 262, CE. Trata-se de instrumento jurídico-legal destinado
134
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Natureza jurídica: A despeito de ser denominado como recurso e ter recebido tal tratamento
pelo Código Eleitoral, tal instrumento não tem natureza recursal, pois a diplomação não é
decisão judicial e sim ato administrativo certificatório e declaratório. Prevalece que se trata
de ação eleitoral de cunho impugnativo à diplomação.
Destaque-se, a propósito, que a diplomação não é decisão judicial, mas sim ato
administrativo declaratório da conclusão da última fase do processo eleitoral.
Legitimidade ativa: Podem ajuizar os candidatos, os partidos políticos que não tiverem
formado coligação, coligações, suplentes e o Ministério Público Eleitoral. A propositura de
RCD por outro legitimado, não impede a atuação do MP.
O TSE, alterando seu posicionamento, passou a entender que nas ações eleitorais que
possam implicar perda do registro ou diploma, há litisconsórcio passivo necessário entre
titular e vice da chapa majoritária (Ac. de 29.4.2010 no AgR-REspe nº 35.762, rel. Min.
Arnaldo Versiani). Assim como entre senador e suplente.
OBS: Os partidos políticos não são litisconsortes passivos necessários em processos que
visem à perda de diploma ou de mandato, podendo atuar voluntariamente como assistentes,
segundo entendimento do TSE (Ac. de 29.9.2009 no RO nº 2.349, rel. Min. Fernando
Gonçalves e Ac. nºgraph-definition> 3.255, de 7.5.2002, rel. Min. Fernando Neves.)
Anota-se que os casos descritos nos incisos II e III encontram-se praticamente em desuso,
135
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Há polêmica no que toca as eleições presidenciais, pois não houve previsão legal de RCD
de Presidente da República, existindo várias correntes: a) competência do STF; b) manejo
do mandado de segurança; c) cabimento de recurso extraordinário, desde que preenchidos
os requisitos de admissibilidade; d) não ser cabível RCD ou recurso extraordinário contra a
expedição de diploma nas eleições presidenciais, por ausência de previsão constitucional; e)
competência do próprio TSE. [não há posição majoritária].
Hipóteses de cabimento: O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos
de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de
elegibilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 11/12/2013)
136
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Está prevista no art. 14, §§ 10 e 11 da CF, dispositivos que ainda não receberam
regulamentação infraconstitucional.
Prazo: até 15 dias após a diplomação. Trata-se de prazo decadencial, que não se suspende,
tampouco se interrompe. O TSE entende que: “o prazo para a propositura da AIME,
conquanto tenha natureza decadencial, submete-se à regra do art. 184, § 1º, do CPC,
segundo a qual se prorroga para o primeiro dia útil seguinte se o termo final cair em feriado
ou dia em que não haja expediente normal no Tribunal”. (Agravo Regimental em Ação
Cautelar nº 428581, Acórdão de 15/02/2011, Relator(a) Min. MARCELO HENRIQUES
RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data
14/03/2011, Página 13/14).
Legitimidade ativa: Pode ser proposta pelo Ministério Público, por partido político que não
tiver formado coligação, por coligação ou por candidato. Se o MP não for o ator, deve atuar
obrigatoriamente como custos legis. O TSE entende que o eleitor não tem legitimidade.
Legitimidade passiva: Devem figurar como réus os diplomados que cometeram o abuso do
poder econômico, político, fraude ou corrupção ou foram por eles beneficiado.
Portanto, a posição atual do TSE é: Tanto em RCD, AIME, AIJE ou Representações a ação
deve ser promovida com formação de litisconsórcio passivo necessário entre o titular e vice
ou entre senador e suplente.
137
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Não são cabíveis a antecipação dos efeitos da tutela e a concessão de medida cautelar
preparatória.
Deve tramitar sob segredo de justiça. O julgamento, no entanto, deve ser público.
Eficácia: Aplicando-se o art. 257 do Código Eleitoral, a decisão tem eficácia imediata,
aguardando-se apenas a publicação, no entendimento do TSE (AGRAVO REGIMENTAL
EM MEDIDA CAUTELAR nº 1833, Acórdão de 28/06/2006, Relator(a) Min. JOSÉ
GERARDO GROSSI, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 22/08/2006, Página 115).
Eventual efeito suspensivo, através de medida cautelar imediata, somente será concedida
em casos excepcionais, cabendo ao recorrente comprovar, de plano, os vícios da decisão
recorrida.
Questões de prova:
Comparar o recurso contra a diplomação e AIME? Qual o prazo, a sua natureza jurídica e
as consequências que decorre da natureza jurídica da AIME? Qual o rito dessa última? Se
em ambas as ações é necessária a prova pré-constituída? Diferenças, aspectos processuais?
Cotejar RCD e AIME. Competência: partiu da primeira instância e seguiu até TSE.
Explicar porque para as eleições presidenciais a competência para o RCD e AIME coincide
no TSE.
Condutas vedadas e abuso de poder político, qual a diferença? Representação por conduta
vedada x AIJE por abuso de poder politico. (questiona atos anteriores, mas precisa de
138
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
gravidade)
Quais as mudanças trazidas pela LC 135. Os crimes que estão previstos como condenação
nesta lei, são dolosos e culposos, ou só dolosos? Quais as inelegibilidade constitucionais?
PONTO EXTRA:
Como no edital os instrumentos processuais eleitorais estão espalhados pelos pontos, isso
não nos permite ter uma visão panorâmica sobre seu desenrolar no tempo durante o
processo eleitoral. O Thales Tácito tem uma parte excelente sobre isso e que nos permite ter
essa visão global, situando cada coisa no seu devido lugar. Por este motivo, crio o ponto
extra com considerações do livro dele.
O TSE entende que, dos 10 instrumentos jurídicos citados, apenas cinco servem para
declarar a inelegibilidade: AIJE, AIME, RCD, Ação Rescisória Eleitoral e recursos desses
quatro citados.
E, finalmente, as representações pelos arts. 30-A, 41-A e 73/77 são, para o TSE, “sanções
eleitorais” e, para estes autores, “condição de elegibilidade implícita”.
139
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
(1) AIRC: prazo de 5 dias de ajuizamento, a contar da publicação dos editais no cartório
eleitoral (eleições municipais) ou no Diário Oficial (eleições gerais ou presidencial).
(2) AIJE: prazo de ajuizamento: a partir do pedido de registro de candidatura até a sessão
de diplomação (veicula abuso — art. 22 da LC 64/90).
Nota: O Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar
no Habeas Corpus (HC) 107.869, para suspender o depoimento pessoal do deputado federal
Filipe Pereira (PSC-RJ) perante o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ).
A oitiva do parlamentar, suspensa pela decisão, estava marcada para o dia 5 de abril em
processo de investigação judicial eleitoral que tramita naquela corte.
(3) R. 30-A: prazo de ajuizamento: a partir da diplomação até 15 dias dessa (exclui o dia da
diplomação). Entendemos que é possível a representação pelo art. 30-A desde o registro até
15 dias da diplomação (posição doutrinária — conferir o motivo quando do estudo do art.
30-A na obra Reformas Eleitorais Comentadas). Portanto, pela Lei n. 12.034/2009, a R. 30-
A é uma ação contra candidato-vencedor, sendo que, para estes autores, é para candidato (a
lei fala em “negar diploma”).
(7) RCD: prazo de ajuizamento: 3 dias a contar da diplomação (exclui o dia da diplomação)
O TSE entendeu, ao julgar o RCD n. 703 (julgado em 21.2.2008), que era necessária a
citação do Vice e permitiu, somente nesse caso, em face da inversão da jurisprudência
140
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
dominante, que fosse feita a citação do Vice. Porém, em obter dictum (dito ao final) do
RCD n. 703/2008, o TSE manifestou que, daquele julgado em diante, em todas as ações
eleitorais nas quais poderia haver perda do mandato (AIJE, AIME, representações pelos
arts. 30-A, 41-A e 73/77 da LE), seria obrigatória a citação do Vice, sob pena de
“decadência eleitoral”.
Da mesma forma, após essa decisão do TSE, no caso de Senador, Deputado ou Vereador,
seria necessário citar o suplente.
Como a AIRC também tem “potencialidade de perda de mandato”, caso julgada após a
eleição pelo TSE (em competência originária ou competência recursal), por força do art.
16-A da LE (teoria dos votos engavetados), recomendamos a citação do Vice na AIRC em
litisconsórcio necessário passivo, uma vez que, apesar de a Lei n. 12.034/2009 ter fixado
prazo de 45 dias para julgamento de todos os registros de candidatura, inclusive os sub
judice (art. 16, § 1º, da LE), pode acontecer de o julgamento ultrapassar as eleições e a
decisão final do TSE (“trânsito em julgado eleitoral”)3 importar a cassação do diploma e
perda do mandato, razão pela qual entendemos a citação do Vice ser obrigatória, também,
em sede de AIRC.
Da mesma forma, após essa decisão do TSE, no caso de Senador, Deputado ou Vereador,
faz-se necessário citar o suplente.
Concluindo, muitas ações referentes às eleições de 2008 foram ajuizadas sem a citação do
candidato a Vice. No mês de outubro de 2009, o TSE começou a julgar essas ações ao
firmar o seguinte entendimento no REspe 35.292/2009:
141
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
3. No caso dos autos, o vice-prefeito não foi citado para integrar a lide, tendo
ingressado na relação processual apenas com a interposição de recurso especial
eleitoral, quando já cassado o diploma dos recorrentes. Ademais, da moldura fática do
v. acórdão regional, extrai-se que a captação ilícita de sufrágio teria sido praticada
diretamente pelo vice-prefeito que, frise-se, não foi citado para integrar a lide.
4. Recursos especiais eleitorais providos.
Portanto, as ações nas quais o candidato a Vice não foi citado em eleições pretéritas serão
extintas sem julgamento do mérito, e a Justiça Eleitoral poderá fazê-lo de ofício, mesmo
que a parte prejudicada não tenha alegado a “decadência eleitoral”, uma vez que se trata de
matéria de ordem pública. Os Ministros entendem que a citação posterior do Vice somente
seria possível se o prazo para ajuizamento da ação ainda estivesse em aberto (por exemplo:
AIME — até 15 dias da diplomação); caso contrário, o feito será arquivado, ou seja, a falta
de citação do Vice não pode ser sanada.
(8) Ação Rescisória Eleitoral: prazo de ajuizamento: 120 dias do trânsito em julgado de
decisão somente do TSE (em competência originária ou recursal) e somente em matéria de
inelegibilidade.
142
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Linhas gerais: Diversas condutas dos agentes públicos são vedadas com a finalidade de
evitar a ocorrência de abuso de poder político, especificamente a utilização de bens ou
recursos públicos em benefício de candidatos ou partidos ou coligações próximas ao
Governo. O conjunto destas condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas
eleitorais encontra-se previsto nos art. 73 a 78 da Lei de Eleições.
Agente público: O art. 73, §1º, Lei n. 9.504/97 define agente público como aquele que
“exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta ou
fundacional”. Como se vê, é um conceito amplo, abrangendo os detentores de mandato
eletivo.
- Usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam
as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram. OBS:
Segundo o TSE, essa conduta pode configurar-se como conduta vedada mesmo antes do
pedido de registro de candidatura (Recurso Ordinário nº 643257, Acórdão de 22/03/2012,
Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Tomo 81, Data 02/05/2012, Página 129);
143
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
- Realizar despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais,
ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos nos
últimos três anos que antecedem o pleito ou do último ano anterior à eleição;
Rol de conduta vedada nos três meses que antecedem o prélio eleitoral até a posse dos
eleitos:
144
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
- Autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da
administração indireta, com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham
concorrência no mercado, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim
reconhecida pela Justiça Eleitoral;
OBS: Um mesmo fato pode caracterizar propaganda extemporânea e conduta vedada, não
podendo se falar em bis in idem, pois o mesmo fato pode ser analisado e sancionado por
fundamentos diferentes.
OBS: A configuração de conduta vedada ocorre com a mera prática do ato, independente da
potencialidade lesiva de influenciar o resultado do pleito, havendo presunção de que a
conduta tende a afetar a igualdade de oportunidades [Info TSE 11/2012].
Sanções: a) suspensão imediata da conduta vedada; b) multa, a ser imposta aos agentes
públicos responsáveis pelas condutas vedadas e aos partidos, coligações e candidatos que
delas se beneficiarem; e c) cassação do registro ou do diploma do candidato beneficiado,
agente público ou não.
As multas eleitorais compõem receita para o fundo partidário. Contudo, o partido político
que deu origem a multa decorrente das condutas vedadas não se beneficiará dessa receita,
ficando excluído do rateio (art. 73, §9º da Lei n. 9504/97).
O TSE “já firmou entendimento no sentido de que, quanto às condutas vedadas do art. 73
da Lei nº 9.504/97, a sanção de cassação somente deve ser imposta em casos mais graves,
cabendo ser aplicado o princípio da proporcionalidade da sanção em relação à conduta”.
(Agravo Regimental em Recurso Ordinário nº 890235, Acórdão de 14/06/2012, Relator(a)
Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Tomo 160, Data 21/08/2012, Página 38).
Visão panorâmica:
145
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
146
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
147
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Linhas gerais: Considera-se captação ilícita de sufrágio, nos termos do art. 41-A da Lei
9.504/97, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-
lhe o voto, bem ou qualquer vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou
função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição. Também caracteriza a
captação ilícita de sufrágio a prática de atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o
fim de obter-lhe o voto. OBS: a conduta também constitui crime previsto no artigo 229 do
CE.
148
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Prazo: a ação por captação ilícita de sufrágio poderá ser ajuizada, até a data de diplomação,
observando o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar n. 64, de 18 de maio
de 1990.
Legitimados passivos: O TSE, alterando seu posicionamento, passou a entender que nas
ações eleitorais que possam implicar perda do registro ou diploma, há litisconsórcio passivo
necessário entre titular e vice da chapa majoritária (Ac. de 29.4.2010 no AgR-REspe nº
35.762, rel. Min. Arnaldo Versiani).
OBS: Os partidos políticos não são litisconsortes passivos necessários em processos que
visem à perda de diploma ou de mandato, podendo atuar voluntariamente como assistentes,
segundo entendimento do TSE (Ac. de 29.9.2009 no RO nº 2.349, rel. Min. Fernando
Gonçalves Ac. nºgraph-definition> 3.255, de 7.5.2002, rel. Min. Fernando Neves.)
Questão de prova:
149
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
150
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legislação básica: CR/88 (Tít II, Cap. V – Partidos Políticos); Lei n.º 9.096/95 (Lei
Orgânica dos Partidos Políticos – LOPP); Código Civil (Art. 44, V e § 3º, 2.031, parágrafo
único); Lei n.º 9.504/97 (Lei das Eleições – LE); Lei n.º 12.016/09 (art. 1º, §1º); Resoluções
n.º 20.034/97 e 22.610/07 do TSE .
1. Partidos Políticos: Trata-se de pessoa jurídica de direito privado, formada por uma
organização de pessoas reunidas em torno de um mesmo programa político com a
finalidade de assumir o poder e mantê-lo ou, ao menos, de influenciar na gestão da coisa
pública através de críticas e oposição, pondo em prática uma determinada ideologia
político-administrativa.
José Jairo Gomes menciona que os partidos políticos são canais legítimos de atuação
política e social, peças essenciais para o funcionamento do complexo mecanismo
democrático. Segundo o autor, eventuais querelas existentes entre um partido e uma pessoa
natural ou jurídica, entre dois partidos, entre órgãos do mesmo partido ou entre partido e
seus filiados devem ser ajuizadas na Justiça Comum Estadual, não sendo competente a
Justiça Eleitoral, exceto se a controvérsia provocar relevante influência em processo
eleitoral já em curso (GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 7ª edição. Ed. Atlas., pp. 83 e
85).
MS contra representantes ou órgãos de partido político: Importante destacar que a Lei n.º
12.016/09 equiparou às autoridades os “representantes ou órgãos de partidos políticos” (art.
1º, § 1º), de modo que é possível impetrar mandado de segurança contra eles.
OBS: Os recursos do Fundo Partidário não estão sujeitos ao regime da Lei no 8.666, de 21
de junho de 1993, tendo os partidos políticos autonomia para contratar e realizar despesas.
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).
151
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Nos termos do art. 4º da LOPP, aos filiados é assegurada igualdade de direitos e deveres.
3. Vedações: Além das proibições referidas nos itens “a” e “b” do tópico anterior, os
partidos políticos não podem ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de
organização da mesma natureza e adotar uniforme para seus membros (art. 17, § 4º, CF e
art. 6º, LOPP). Um partido com tal desenho representaria evidente ameaça ao regime
democrático, pois levantaria perigosamente a bandeira de regimes totalitários, além de lhes
avocar a memória (GOMES, op. cit., p. 88).
Ademais, conforme o art. 7º, § 2º, da LOPP, o partido que não tenha registrado seu estatuto
no Tribunal Superior Eleitoral não pode participar do processo eleitoral, receber recursos
do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão.
i - entidade ou governo estrangeiros (idem art. 17, II, CF) – atenção ao artigo 24 da LE, que
veda algumas doações a partido e candidato para campanhas eleitorais;
152
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
economia mista e fundações instituídas em virtude de lei e para cujos recursos concorram
órgãos ou entidades governamentais – Ac.-TSE, de 9.2.2006, no REspe n° 25.559: “O que
se contém no inciso III do art. 31 da Lei n° 9.096/1995, quanto às fundações, há de ser
observado consideradas as fundações de natureza pública.”;
Para que possa ocorrer a fusão, é preciso que sejam observadas as exigências do art. 29, §
1º, LOPP. Nessa hipótese, a existência legal do novo partido tem início com o registro, no
Ofício Civil competente da Capital Federal, do estatuto e do programa (art. 29, § 4º,
LOPP). O novo partido passa a ser reconhecido, com toda as prerrogativas legais, antes
mesmo da averbação de seu estatuto no TSE, sendo desnecessária a comprovação do
“apoiamento mínimo” exigido na criação de novos partidos políticos.
OBS: (1) No caso de fusão ou incorporação: os prazos de filiação serão mantidos para os
fins do artigo 19 da Lei 9.096/95. Agora, se o partido for extinto há menos de um ano da
eleição, seus filiados ficarão impedidos de concorrer a esse pleito (Res. 22089/2010). (2) A
permissão para se desfiliar de partido político em caso de incorporação, levando o
parlamentar o mandato, só se justifica quando ele pertença ao partido político incorporado,
e não ao incorporador (Res. 22885/08).
Questão de prova:
Por que a CF prevê tantas normas sobre partidos políticos? Qual a relação disso com a
sistemática da CF anterior sobre partidos políticos?
153
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Fale sobre a legitimidade ativa do partido político quando ele está coligado.
Segundo a Lei Geral das Eleições, os partidos políticos que estejam coligados perdem sua
legitimidade ativa para estar em juízo, transferindo-a à coligação formada. A única ressalva
ocorre quando o partido político coligado deseja questionar a validade da própria coligação
formada, durante o período compreendido entre a data da convenção e o termo final do
prazo para impugnação dos registros de candidatura.
154
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Portanto, após adquirir a personalidade jurídica termos da lei civil, o partido político deverá
registrar seu estatuto perante o TSE.
O STF, ao verificar a natureza do registro dos estatutos perante o TSE, decidiu que tal ato é
meramente administrativo e destinado a verificar a obediência ou não da agremiação
partidária interessada aos requisitos constitucionais e legais. [logo, sua natureza jurídico-
administrativa impede que a decisão do registro seja impugnada via recursal
extraordinária].
II. Registro e funcionamento: O registro do partido junto ao TSE deve ser realizado após
a sua constituição e a designação de seus dirigentes, na forma de seu estatuto (art. 17, § 2º,
CF e art. 9º, LOPP). Somente os partidos com registro podem: a) credenciar os delegados a
que se refere o art. 11 da LOPP; b) participar do processo eleitoral, receber recursos do
Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão (art. 7º, § 2º, LOPP); c) ter
exclusividade sobre sua denominação, sigla e símbolos, de modo a se vedar a utilização,
por outros partidos, de variações que venham a induzir a erro ou confusão (art. 7º, § 3º,
LOPP).
Nos termos do art. 12 da LOPP, o partido político funciona, nas Casas Legislativas, por
meio de uma bancada, que deve constituir suas lideranças conforme o respectivo estatuto,
155
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
as disposições regimentais da Casa e as regras da LOPP. O art. 13 dessa lei foi declarado
inconstitucional pelo STF (ADIs 1.351-3 e 1.354-8).
OBS: o que um partido político necessita fazer para participar de uma eleição? Dois são os
requisitos para que uma agremiação partidária participe de uma eleição: 1) que tenha o
estatuto registrado junto ao TSE há pelo menos um ano antes da eleição; 2) que haja
constituído e anotado o órgão de direção nacional nas eleições presidenciais (perante o
TSE), o órgão de direção estadual (perante o TRE) ou o órgão de direção municipal
(perante o juiz eleitoral) até a data da convenção para a escolha de candidatos.
IV. Fundo Partidário: O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos
(Fundo Partidário) é previsto no art. 17, § 3º, da CF e, consoante o art. 38 da LOPP,
156
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
constitui-se de: I – multas e penalidades pecuniárias; II – recursos financeiros que lhe forem
destinados por lei , em caráter permanente ou eventual; III – doações de pessoa física ou
jurídica , efetuadas por intermédio de depósitos bancários diretamente na conta do Fundo
Partidário; e IV – dotações orçamentárias da União. [OBS: Conforme a Res.-TSE n°
23.086/2009, “o partido pode receber doações de pessoas físicas ou jurídicas para financiar
a propaganda intrapartidária, bem como para a realização das prévias partidárias”].
Nos termos do art. 7º, § 2º, da LOPP, somente os partidos registrados no TSE podem ter
acesso a recursos do Fundo Partidário. Cabe ao TSE fazer a distribuição aos órgãos
nacionais dos partidos os recursos do fundo partidário.
Atenção: Os recursos do Fundo Partidário não estão sujeitos ao regime da Lei no 8.666, de
21 de junho de 1993, tendo os partidos políticos autonomia para contratar e realizar
despesas. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)
157
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
TV, é a forma de exteriorização do que se chama de direito de antena, pois o partido tem
por lei o direito ao acesso sem ônus aos veículos de comunicação de massa.
Obrigatoriamente gratuito: é vedado o uso de TV ou rádio de forma paga, sendo restrito aos
horários gratuitos disciplinados por lei. As empresas de comunicação têm direito a
compensação fiscal.
158
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
execução do programa partidário, dos eventos com este relacionados e das atividades
congressuais do partido; divulgar a posição do partido em relação a temas político-
comunitários; promover e difundir a participação feminina, dedicando às mulheres o tempo
que Serpa fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 10%.
Legitimidade para propor ação contra a propaganda irregular: Partidos políticos, e MPE.
OBS: a lei 9.096/97 somente atribui legitimidade a partido político, porém, o MP encontra
sua legitimidade na CF.
Competência: TSE: para programas em bloco ou inserções nacionais. TER: para programas
em bloco ou inserções nos respectivos Estados.
159
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
No mesmo sentido, o art. 15, V, da LOPP determina que o Estatuto do partido deve conter,
entre outras, normas sobre fidelidade e disciplina partidárias, processo para apuração das
infrações e aplicação das penalidades, assegurado amplo direito de defesa. Ainda, o artigo
25 da mesma lei estabelece a possibilidade de o Estatuto estabelecer, além das medidas
disciplinares básicas de caráter partidário, normas sobre penalidades, inclusive com
desligamento temporário da bancada, suspensão do direito de voto nas reuniões internas ou
perda de todas as prerrogativas, cargos e funções que exerça em decorrência da
representação e da proporção partidária, na respectiva Casa Legislativa, ao parlamentar que
se opuser, pela atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos
partidários.
A LOPP também proíbe que seja imposta medida disciplinar ou punição a filiado por
conduta que não esteja tipificada no estatuto do partido político (art. 23, § 1º), assegura ao
acusado amplo direito de defesa (art. 23, § 2º) e impõe ao integrante da bancada de partido
o dever de, na Casa Legislativa, subordinar sua ação parlamentar aos princípios
doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção
160
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Entendimento anterior: Como não existe previsão legal para a perda de mandato decorrente
de infidelidade partidária, durante muito tempo prevaleceu o entendimento de que o
princípio da fidelidade partidária restringia-se ao campo administrativo, interno, regulando
apenas as relações entre filiado e partido. Por isso, admitia-se que o mandatário contrariasse
a orientação do partido e até mesmo o abandonasse, sem que isso implicasse a perda do
mandato. Tal entendimento deu ensejo à tese do mandato livre, adotada pelo STF no
julgamento do MS nº 20.927-5 (DJ 15/4/94).
Entendimento atual: No entanto, como observa José Jairo Gomes, tal interpretação não
mais subsiste (GOMES, op.cit., p. 89). Isso porque o TSE fixou o entendimento segundo o
qual “os Partidos Políticos e as coligações conservam direito à vaga obtida pelo sistema
proporcional, quando houver pedido de cancelamento de filiação ou de transferência do
candidato eleito por um partido para outra legenda” (Consulta n.º 1.398, respondida em
27/3/2007) 1. Superou-se, pois, a ideia de que o mandato pertenceria ao indivíduo eleito.
Portanto: atualmente o mandato eletivo pertence ao partido político, sendo que a troca de
legenda, após o pleito, sem uma justificativa plausível, é considerada infidelidade partidária
a sujeitar o infrator, seja ele ocupante de mandato eletivo proporcional ou majoritário ao
perdimento do próprio cargo para o qual foi eleito ]Resolução TSE 22610]. OBS: Essa
resolução foi objeto da ADI n.º 4.086 e o STF disse que é constitucional até que o
Congresso disponha de modo contrário.
A exegese do TSE foi mantida pelo STF, que reviu sua posição a respeito do assunto.
Entendeu-se que a mudança de agremiação sem uma razão legítima viola o sistema
proporcional das eleições, determinado no art. 45 da CF, desfalcando a representação dos
partidos e fraudando a vontade do eleitor.
Legitimidade ativa e prazo: Segundo ela, o detentor de mandato eletivo tem o prazo
decadencial de 30 dias para propor o processo administrativo para a perda do mandato junto
à Justiça Eleitoral. Ultrapassado esse prazo, o MP ou quem tiver interesse jurídico [vice e
suplentes] (após, em novo prazo de 30 dias) pode pleitear na Justiça Eleitoral a “decretação
da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa”, em
legitimidade supletiva ou concorrente. OBS: somente aquele que poderá vir a ocupar a vaga
161
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
tem legitimidade ativa como interesse jurídico. Logo, terceiro suplente filiado a partido
diverso daquele que poderia ocupar a vaga não tem legitimidade [TSE, RO 2201, 2009].
Se perder o mandato, quem deve ocupar o cargo? Curial salientar que, consoante a
orientação firmada recentemente pelo Pretório Excelso, a vaga decorrente da vacância de
mandato parlamentar deve ser ocupada pelos suplentes da coligação (MS n.º 30.272/MG e
MS n.º 30.260/DF, ambos julgado na sessão plenária de 27/4/11).
É possível tutela antecipada? Não. Não obstante previsão na Resolução 22610, o TSE não
admite a tutela antecipada na ação de perda de cargo por infidelidade partidária.
Portanto, estando o agente político enquadrado em qualquer dessa hipóteses, não será
decretada a perda do respectivo mandato eletivo, pois não há caracterização de infidelidade
partidária. OBS: no caso da criação de um novo partido, o TSE entende que a mudança de
partido deve ocorrer em até 30 dias após a data de registro do estatuto pelo TSE [consulta
75535, 2011]. OBS: o ajuizamento de ação declaratória de justa causa para desfiliação
partidária na Justiça Eleitoral não pode ser considerado pelo partido como pedido implícito
de desfiliação. Trata-se de livre acesso ao poder judiciário. OBS: resolução do partido
determinando a expulsão ou determinação de pedido de desligamento, sob pena de
expulsão configura justa causa, não podendo o partido entrar com ação para reivindicar o
cargo por infidelidade partidária. OBS: o acordo entre os partido para que ocorra a troca de
legendas não tem o condão de afastar a Resolução 22610, constituindo infidelidade
partidária.
MP e ação de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária: o MP pode atuar como
parte autora ou como fiscal da lei. A legitimidade do MP como autor da ação é supletiva ou
concorrencial, pois cabe ao partido político interessado ingressar com a ação nos primeiros
30 dias.
162
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
eleitoral para a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária: ao requerente cabe
provar. Tem natureza jurídico desconstitutiva ou constitutiva negativa. 2) processo
administrativo de justificação de abandono de sigla: o requerente tem que provar a justa
causa. Tem natureza declaratória.
163
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
I. Crimes eleitorais: crime eleitoral é um delito que está tipificado no Código Eleitoral e
nas leis eleitorais extravagantes e que pode ser praticado por qualquer pessoa. Em que pese
bastante discutida a natureza jurídica dos crimes eleitorais, pacificou-se, junto ao Supremo
Tribunal Federal, o entendimento de que se trata de espécie de crime comum e não como
crime de responsabilidade.
Os crimes eleitorais serão apurados pela polícia federal. contudo, no município em que não
houver polícia federal, admite-se a atuação suplementar da polícia civil.
Portanto, salvo as exceções previstas na lei ou na CF, os crimes eleitorais devem ser
processados e julgados perante a Justiça Eleitoral de 1º grau do lugar da prática delitiva.
[i) Supremo Tribunal Federal: processamento e julgamento originário dos crimes eleitorais
praticados pelas seguintes pessoas (art. 102, I, “b” e “c”, CR/88): o Presidente da
República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros,
o Procurador-Geral da República, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
permanente. ii) Superior Tribunal de Justiça: processamento e julgamento originário dos
crimes eleitorais praticados pelas seguintes pessoas (art. 105, I, “a”, CR/88): os
164
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS: O TSE não possui competência penal originária [a parte do CE que diz que tem não
foi recepcionada]. As Juntas Eleitorais não têm competência penal.
Portanto: Os juízes eleitorais têm, portanto, competência penal residual, pois a eles cabe
processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, exceto os casos
acima.
2) prática de crime eleitoral por menor de 18ª: crime eleitoral praticado por adolescente –
por mais que, originariamente, identifique-se como crime eleitoral, essa conduta, será
processada e julgada perante a Justiça Estadual (Vara de Infância e da Juventude), já que,
em razão do autor da infração, formalmente, possui natureza de ato infracional
(competência absoluta);
3) cometimento de crime doloso contra a vida conexo com crime eleitoral: os processos
devem ser separados, cabendo ao Júri o julgamento do ato doloso contra a vida e à Justiça
Eleitoral o julgamento do crime eleitoral.
Existe crime eleitoral de menor potencial ofensivo? Aos crimes eleitorais de menor
potencial ofensivo, diante da inexistência de Juizados Especiais Eleitorais, mesmo sendo
julgados perante a Justiça Especializada, aplica-se a Lei 9.099/95, pois, nas palavras de
Pacelli, “o que realmente importa em tema de jurisdição penal é, pelo menos, a realização
da igualdade de tratamento perante os jurisdicionados.”
165
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
penais conexas a crimes eleitorais, pois, no concurso entre jurisdição comum e a especial,
prevalecerá a desta última (art. 78, IV, CPP). Jurisdição comum é a da Justiça Estadual e da
Justiça Federal, enquanto jurisdição especial é a da Justiça Eleitoral e a da Justiça Militar
(obs.: não haverá reunião de processos da competência da Justiça Militar com os de
qualquer outra jurisdição, diante da absoluta especialização e especialidade daquela - art.
79, I, CPP - Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
julgamento, salvo: I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;).
Observe-se que tanto a Justiça Federal quanto a Justiça Eleitoral têm a sua competência
expressamente assegurada na CF. Assim, o artigo 78, IV, do CPP, afasta fonte de
competência constitucional (art. 109, CR/88), dado preferência ao foro eleitoral.
Panorâmica:
166
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
167
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Questão de prova:
168
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legislação básica: Lei nº 12.891/2013. Código Eleitoral - CE (arts. 283 a 364). LC 64/90
(arts. 20 e 25). Lei 9.504/97 (arts. 33, 34, 40 e 41-A). Lei 6.091/74 (art. 11)
I. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais: Para o STF o crime eleitoral é espécie de
crime comum.
Atenção: Apesar de alguns autores mencionam que os crimes eleitorais derivam dos crimes
políticos, sendo pois uma subdivisão dos mesmos, para efeitos de estabelecer a
competência eles são tratados como crimes comuns, segundo remansosa jurisprudência do
STF. Por isso não se pode dizer que cabe aplicação do art. 102, II, b da CF.
Importante mencionar que não há previsão de qualquer tipo penal eleitoral na modalidade
culposa, mas apenas dolosa.
III. Código eleitoral e legislação esparsa: Tanto o código eleitoral quanto a legislação
esparsa trazem tipos penais (LC 64/90, arts. 20 e 25; lei 9.504/97, arts. 33, 34, 40; lei
6.091/74, art. 11).
Fávila Ribeiro propõe classificação atentando para aos bens lesados ou colocados em
perigo: I) lesivos à autenticidade do processo eleitoral (fraude eleitoral, corrupção eleitoral,
169
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
O Direito Eleitoral tem legislação criminal própria, bem como procedimento criminal
específico, deslocados do direito penal/processual comum, constante dos artigos 283 a 364
do Código Eleitoral. Tais dispositivos podem ser divididos em três partes distintas: a)
normas gerais de direito penal (arts. 283-288); b) tipos incriminadores (arts. 289-354); e c)
normas processuais (arts. 355-364).
Além destes dispositivos, há outras figuras típicas criminais espalhadas pelo Código
Eleitoral e em outras leis eleitorais extravagantes, quais sejam: a) Lei n° 6091/74
(Fornecimento gratuito de transporte no dia das eleições, a eleitores residentes nas áreas
rurais e dá outras providências); b) Lei n° 6996/82 (Processamento eletrônico de dados nos
serviços eleitorais); c) Lei n° 7021/82 (Estabelece o modelo de cédula oficial); d) Lei
Complementar n° 64/90 (Estabelece, de acordo com a CF/88, casos de inelegibilidade,
prazos de cessação e outras providências); e) Lei n° 9504/97 (Lei das Eleições).
a) Disposições gerais penais: São apenas três tipos de normas penais gerais previstas: i)
relativas ao conceito de funcionário público; ii) a aplicação das penalidades, iii) um
dispositivo específico relativo a aplicação das normas do CE quando aos delitos praticados
por meio de imprensa. Dessa forma, nos termos dispostos no art. 287, deve-se dar ampla
aplicação das normas da Parte Geral do Código Penal no que não houver disposição
especial.
Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça
Eleitoral: I - os magistrados que, mesmo não exercendo funções eleitorais, estejam
presidindo Juntas Apuradoras ou se encontrem no exercício de outra função por
designação de Tribunal Eleitoral; II - Os cidadãos que temporariamente integram órgãos
da Justiça Eleitoral; III - Os cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas receptoras
ou Juntas Apuradoras; IV - Os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral. § 1º
Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos indicados no presente
artigo, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública. § 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal ou em sociedade de economia mista.
Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de
quinze dias para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão. Art. 285. Quando a
lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o "quantum", deve o juiz
170
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao Tesouro Nacional, de uma soma de
dinheiro, que é fixada em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no
máximo, 300 (trezentos) dias-multa. § 1º O montante do dia-multa é fixado segundo o
prudente arbítrio do juiz, devendo êste ter em conta as condições pessoais e econômicas do
condenado, mas não pode ser inferior ao salário-mínimo diário da região, nem superior
ao valor de um salário-mínimo mensal. § 2º A multa pode ser aumentada até o triplo,
embora não possa exceder o máximo genérico (caput), se o juiz considerar que, em virtude
da situação econômica do condenado, é ineficaz a cominada, ainda que no máximo, ao
crime de que se trate.
As disposições gerais dos arts. 284 a 286 do CE são bastante diferentes em relação ao que
está disposto sobre o mesmo assunto no Direito Penal comum. Aqui, a pena mínima
privativa de liberdade é definida com o mesmo tempo de duração – de detenção, 15 dias; de
reclusão, 1 ano – a todos os crimes eleitorais. No direito comum, a definição das penas
mínimas e máximas vêm somente na Parte Especial e difere de um crime para o outro,
mesmo cominada uma espécie de pena, detenção ou reclusão. No direito eleitoral, ainda, há
agravação ou atenuação da pena em quantum fixo nas regas gerais, uniforme para todos os
casos. No direito comum não há um quantum uniforme para os casos especiais de aumento
e diminuição que estão, diferenciadamente, na Parte Especial somente. Também não são
iguais as disposições relativas à pena de multa.
Ainda com relação as penas cabe mencionar que os crimes eleitorais são punidos também
com a perda do registro ou diploma eleitoral, e ainda a suspensão das atividades eleitorais.
A pena de cassação do registro esta prevista no tipo do art. 334 do CE. O crime tipificado
no art. 11 da Lei nº 6.091/74 prevê cumulativamente a pena do cancelamento do registro, se
candidato, ou do diploma, se já eleito, ao infrator desse tipo criminal eleitoral.
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei as regras gerais do Código Penal.
Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rádio ou da televisão,
aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as remissões a outra lei nele
contempladas.
Nos crimes eleitorais cometidos por meio de imprensa, rádio e televisão, aplicar-se-á,
apenas, o Código Penal, além do CE. A Lei de Imprensa (não recepciona, segundo o STF)
nunca foi aplicada nos crimes eleitorais contra honra praticados através de meios de
informação e divulgação.
b) Crimes Eleitorais em Espécie: Deve-se destacar aqui que a mera leitura dos tipos
penais basta para seu conhecimento. Aliás, os autores que comentam direito eleitoral nada
mais fazem do que repetir os tipos com outras palavras. Dessa forma, apenas algumas
menções importantes serão feitas.
Importante ressaltar que além dos tipos previstos no art. 289 à 354 , em outros dispositivos
esparsos também há normas incriminadoras. Por fim serão transcritos os tipos existentes em
leis esparsas.
171
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
a) Crimes contra a Organização Administrativa da Justiça Eleitoral (arts. 305, 306, 310,
311, 318 e 340, todos do Código Eleitoral);
b) Crimes contra o Serviço da Justiça Eleitoral (arts. 289 a 293, 296, 303, 304, 341 a 347;
art. 11 da Lei n° 6091/74; arts 45, §§ 9° e 11; 47, § 4°; 68, § 2°; 71, § 3°; 114, parágrafo
único e 120, § 5°, todos do Código Eleitoral).
c) Crimes contra a Fé Pública Eleitoral (arts. 313 a 316, 348 a 354; art.15 da Lei n° 6996/82
e art 174, § 3° , do Código Eleitoral);
d) Crimes contra a Propaganda Eleitoral (arts 323 a 327; 330 a 332 e 334 a 337, todos do
Código Eleitoral);
e) Crimes contra o Sigilo e o Exercício de Voto (arts. 295, 297 a 302, 307 a 309, 312, 317,
339, art. 5° da Lei n° 7021/82; arts. 129, parágrafo único e 135, § 5°, do Código Eleitoral);
f) Crimes contra os partidos políticos (arts. 319 a 321 e 338 do Código Eleitoral e art. 25 da
Lei Complementar 64/90).
ii) Art. 290 – Induzir alguém a inscrever-se fraudulentamente (com infração a qualquer
dispositivo do CE). É crime formal, consumando-se com o mero induzimento,
independentemente do deferimento da inscrição, que é mero exaurimento.
iii) Art. 291 – Inscrição fraudulenta efetuada pelo juiz (crime próprio).
iv) Art. 299 – Corrupção Eleitoral (Pode ser ativa ou passiva) – Crime comum. A
promessa deve ser a pessoa determinada. Promessas genéricas não constituem o crime. A
promessa deve, ainda, vincular o voto. Distribuição de brindes (camisetas, canetas, etc.) não
caracteriza o crime, via de regra, apesar de não constituírem gastos lícitos da campanha
(Mônica: acho que essa distribuição é ilícita. O que diferencia é o dolo específico de
corromper – ver com os colegas). Porém, em determinadas circunstâncias pode configurar,
se exercer profunda influência no voto (art. 26, III, CE).
Atenção: Nova tipificação penal: A Lei 12.891/13 estabeleceu no artigo 100-A limites para
contratação de cabos eleitorais, determinando no seu §5º que o descumprimento enseja em
corrupção eleitoral, criando nova conduta que se amolda ao tipo incriminador. [§ 5o O
descumprimento dos limites previstos nesta Lei sujeitará o candidato às penas previstas no
172
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
art. 299 da Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)].
v) Art 41-A da Lei das Eleições vs. Art. 299 do CE (importante!): "A compra de votos por
pré-candidato no ano de eleição para prefeito torna irrelevante o fato do denunciado já ter
sido, ou não, escolhido como candidato em convenção partidária para efeito da tipificação
do crime de corrupção eleitoral previsto no artigo 299 do Código Eleitoral." Inq 2197.
Contudo, para a representação por captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da LE) o elemento
normativo “candidato” é essencial ("constitui captação de sufrágio o candidato doar...").
Nesse sentido, JJ Gomes (2011, p. 495): "Claro está no texto do artigo 41-A da LE que a
conduta só se torna juridicamente relevante se ocorrer no curso do processo eleitoral, isto
é, entre a data designada para a formulação do pedido de registro de candidaturas (5 de
julho do ano eleitoral) e as eleições. Com efeito, a captação é de "sufrágio", sendo
realizada por "candidato" em relação a "eleitor".
vi) Art. 300 – Coação Eleitoral: crime próprio – só o servidor público, membro ou
funcionário da Justiça Eleitoral pode ser sujeito ativo. Ex. Anular o voto ou votar em
branco, em razão de coação, caracteriza o crime.
viii) Art.. 302 – Transporte irregular de eleitor: Exige-se o fim de embaraçar ou fraudar o
voto. Obs.: Lei. 6091, art. 11, III - é mais aplicada quanto à condução irregular de eleitores.
Não se pode transportar eleitor gratuitamente no dia anterior ou no dia da eleição.
Jurisprudencialmente tem-se exigido o dolo específico da finalidade de aliciamento
eleitoral.
ix) Art. 317 – Violação de urna: Crime comum. Resguarda a lei o sigilo do voto. Há
previsão do tipo de “violar ou tentar violar”, do que se verifica uma quebra da regra ao art.
14 do CP que adota da teoria objetiva na punição da tentativa (enfoque na lesão do bem
jurídico). Aqui também importa o elemento subjetivo (enfoque na intenção do agente),
173
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
tendo-se adotado, neste caso a teoria objetivo-subjetivo. O mesmo ocorre nos delitos do art.
309 e 312.
xi) Art. 342 – Omissão do Ministério Público: crime próprio. Trata-se de omissão do
promotor de justiça eleitoral na prática de dever funcional.
xii) Arts. 324 a 326 – Crimes contra a Honra: Injúria Calúnia ou Difamação. Exige-se o
elemento subjetivo específico de influenciar ou incutir no leitorado uma impressão negativa
do candidato. Mesmo que contra a honra, a ação penal é pública incondicionada. Art. 327:
estabelece causas de aumento de pena (são as mesmas previstas no CP). Ressalta-se que
somente será competência da Justiça Eleitoral se existir o dolo específico da finalidade
eleitoral, do contrário será da Justiça comum.
xiii) Arts. 348 a 356 – Crimes de falsidade: em regra, possuem correspondente com o CP,
diferenciando-se em relação à finalidade.
xiv) Arts. 347 – desobediência e resistência eleitoral: Condutas vedadas pela lei eleitoral
que não prevêem sanção. Ex. carro com som transitando em local ou horário proibido. Se
configura quando a ordem é específica e dirigida a pessoas determinadas. A ordem
obviamente que deve ser legítima e dada por autoridade competente.
xv) Art. 39, da Lei n° 9504/97: Crimes que são cometidos só no dia da eleição: comício,
carreata, distribuição de propaganda eleitoral, uso de alto-falantes, dentre outras práticas.
Obs.: Segundo Suzana de Camargo Gomes (op.cit., pág. 152), “na atualidade, não
constituem mais crimes as condutas antes descritas nos arts. 322, 328, 329 e 333 do Cód.
Eleitoral, dado que na nova ordem vigente, tais comportamentos podem caracterizar, tão-
somente, infrações de natureza administrativa. É que a Lei n° 9.504/97, expressamente em
seu art. 107, revogou esses dispositivos do Código Eleitoral, pelo que, nesse particular,
ocorreu a abolitio criminis, restando somente aplicáveis as penalidades administrativas
previstas nesse mesmo diploma legal. Desta forma, o delito que era tipificado no art. 322
174
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
xvi) Art. 57-H, §1º, da Lei 9504/97: Nova tipificação penal criada pela Lei 12.891/13. § 1o
Constitui crime a contratação direta ou indireta de grupo de pessoas com a finalidade
específica de emitir mensagens ou comentários na internet para ofender a honra ou denegrir
a imagem de candidato, partido ou coligação, punível com detenção de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos e multa de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).
xvii) Art. 57-H, §1º, da Lei 9504/97: Nova tipificação penal criada pela Lei 12.891/13. § 2o
Igualmente incorrem em crime, punível com detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, com
alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), as pessoas contratadas na forma
do § 1o. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
175
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Legislação básica: CR/88 (art. 102). Código Eleitoral (a partir do art. 355).
I. Ação Penal: Todos os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada (art.
355 do CE). Assim, qualquer pessoa que tomar conhecimento da prática de crime eleitoral,
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicar o fato ao Juiz Eleitoral local, o qual
remeterá a notícia-crime ao Ministério Público ou, se entender necessário, à polícia
judiciária eleitoral, requisitando a instauração de inquérito policial ou, se o crime for de
menor potencial ofensivo, de termo circunstanciado de ocorrência (art. 356 do CE).
A denuncia deve ser apresentada em 10 dias, estando o réu preso ou solto (artigo 357, §3º e
4º, CE). Na inércia do MPE cabe queixa-crime em ação penal subsidiária da pública.
176
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento pessoal do acusado,
ordenando a citação deste e notificação do Ministério Público. O réu terá o prazo de dez
dias para oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas. Realizada a instrução do
processo, abrir-se-á o prazo de cinco dias a cada uma das partes – acusação e defesa – para
alegações finais. Decorrido este prazo e conclusos o os autos para o juiz, dentro de quarenta
e oito horas, terá o mesmo prazo de dez dias para proferir a sentença.
Das decisões finais de condenação ou absolvição, cabe recurso ao TRE, a ser interposto no
prazo de dez dias (apelação).
Atenção: o rito acima é de antes da reforma do CPP!!! Penso que isso está ultrapassado. O
livro não fala nada. Tem que pesquisar mais.
OBS: Prevalece hoje o entendimento no sentido da aplicação da transação penal aos crimes
eleitorais com pena máxima de dois anos, bem como da possibilidade de aplicação da
suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95), mantida a competência da
Justiça Eleitoral.
IV. Recursos:
ASPECTOS GERAIS:
177
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
CE, destacando-se, dentre elas, as regras substanciadas nos seus arts. 22, I, i, 29, I, g e 121
(Tito Costa).
Efeitos: Na Justiça Eleitoral a regra é que os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo.
Porém, a parte poderá requerer, através de medida cautelar inominada, a concessão de
efeito suspensivo, a fim de impedir a ocorrência de dano grave e de difícil reparação (art.
257, CE). Quando recebido apenas em seu efeito devolutivo, a parte vencedora pode
executar provisoriamente a decisão. Atenção: existe um recurso eleitoral que possui efeito
devolutivo e suspensivo. Trata-se da apelação criminal ou recurso eleitoral criminal.
Atenção: Quando a AIJE é julgada procedente por juiz eleitoral, o recurso obsta os efeitos
da inelegibilidade, suspensão do registro ou nulidade do diploma (art. 15, LC 64/90).
Quanto ao efeito preclusivo, vale salientar que, embora ocorra preclusão das matérias não
impugnadas, o efeito preclusivo não incide sobre matérias constitucionais, as quais poderão
ser objeto de novo recurso, em momento posterior (art. 259, CE).
O efeito translativo ocorre quando o juízo ad quem puder examinar questões não suscitadas
nas razões recursais, ou mesmo não apreciadas pelo juízo a quo. Ex: questões de ordem
pública, como condições da ação e pressupostos processuais. Ex 2: no processo penal
eleitoral o recurso eleitoral criminal (apelação criminal), além do efeito devolutivo e
suspensivo, também possui o efeito translativo quando interposta pelo réu, pois o TRE
pode apreciar qualquer matéria em favor do apelante, mesmo que não formulada na sua
peça recursal (pois a liberdade de ir e vir é um direito indisponível).
O efeito substitutivo ocorre, pois o acórdão do TRE substitui e prevalece sobre a sentença
do juiz eleitoral.
178
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
1) Apelação criminal ou Recurso eleitoral criminal (REC): Art. 262, CE. Julgada pelo TER.
Prazo: 10 dias a partir da publicação da decisão. Legitimidade: Candidato, eleitor, não-
eleitor (com o objetivo de mudar a fundamentação) ou MPE (independente se atuou como
parte ou como custos legis). OBS: no caso de competência originária do TRE não cabe
REC para o TSE. Caberá REsp ou HC, apenas. Efeitos: devolutivo, suspensivo e, se
interposto pelo réu, translativo. OBS: se o réu estiver preso, a decisão absolutória somente
terá efeito devolutivo, devendo o réu ser solto imediatamente.
2) RESE: Art. 364, CPP. Deve ser interposto mediante petição para o juiz de 1º grau, mas
com razões dirigidas ao TRE. Julgado pelo TRE. Hipóteses: artigo 581, CPP. Efeitos:
devolutivo, mas permite o juízo de retratação (efeito regressivo). Prazo: 3 dias [Atenção:
prevalece o prazo de 3 dias previsto no 258, CE sobre o prazo de 5 dias previsto no CPP.
Cuidado, pois em prova eles colocam o prazo do CPP e está errado]. Contrarrazões em 3
dias. OBS: o RESE não será encaminhado para o TRE se houver retratação da decisão.
3) Recurso eleitoral inominado: Art. 265, CE. Julgado pelo TRE. Cabimento: É cabível o
recurso eleitoral inominado contra todos os atos, resoluções e despachos de juízes eleitorais
ou juntas eleitorais, desde que não relativos a matéria criminal e desde que não haja recurso
específico. Ex: contra despacho de juiz eleitoral que deferir ou indeferir inscrição eleitoral,
decisão que indeferir ou deferir a transferência eleitoral, decisão que acolher impedimento
de mesário etc. Efeitos: devolutivo. Prazo: 3 dias.
179
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
1) Recurso Parcial: É cabível contra decisão de Junta eleitoral (ou de TRE) sobre matéria
concernente à contagem e apuração de votos (está em desuso, pois hoje o sistema é
eletrônico). Legitimidade: Candidato, partido político, ocligação, delegado ou fiscal de
partido ou de coligação. Prazo: deve ser interposto de imediato. Forma: pode ser interposto
verbalmente ou por escrito, porém, as razões recursais devem ser interpostas por escrito.
3) Recurso contra a diplomação (RCD): é ação e não um recurso. Será estudado junto com
as ações.
2) Recurso contra diplomação (RCD): é ação e não um recurso. Será estudado junto com as
ações.
3) Recurso inominado eleitoral: Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou
despachos do presidente do TRE, quando não cabível recurso específico.
180
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
consignado esse prazo nas representações (rectius: ações) previstas na lei 9.504/97,
superando, portanto, antiga jurisprudência do TSE que entendia pelo prazo de 24 h, com
fundamento no artigo 96 da Lei das Eleições (Atenção: o prazo de 3 dias na 9.504 é só nas
representações do 41-A, por isso aplicam o prazo de 24 horas no caso das representações do
art. 96). Efeitos: Apesar de o art. 275, § 4º, CE, textualmente prescrever que “os embargos
de declaração suspendem o prazo para a interposição de outros recursos, salvo se
manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão que os rejeitar”, a
jurisprudência do TSE assevera que ocorre interrupção do prazo, salvo se manifestamente
protelatórios.
8) Recurso ordinário eleitoral (ROE): Cabimento: Cabível contra acórdão do TRE que (i)
versa sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; (ii)
anula diploma ou decreta a perda de mandato eletivo federal ou estadual; (iii) denega
habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. 121, § 4º,
inc. III a V, CF c.c art. 276, II, CE); (iv) infidelidade partidária (Resolução TSE 22.610),
(v) Prestação de contas partidárias (Lei 9.504/97, art. 37). Atenção: não cabe ROE contra
matéria estritamente administrativa (REspe 21.587/MA). Prazo: O prazo é de 3 dias.
Efeito: meramente devolutivo. Porém, é possível obter o efeito suspensivo por meio de
cautelar inominada perante o TSE. OBS: Não há juízo de admissibilidade, apenas o
oferecimento de razões e contrarrazões, devendo o recurso subir em seguida. Igualmente
aplicável o disposto no art. 270, CE, que dispõe: “se o recurso versar sobre coação, fraude,
uso de meios de que trata o art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de
sufrágios vedado por lei dependente de prova indicada pelas partes ao interpô-lo ou ao
impugná-lo, o Relator no Tribunal Regional deferi-la-á em vinte e quatro horas da
conclusão, realizando-se ele no prazo improrrogável de cinco dias”. OBS: Não exige o pré-
questionamento. OBS: como é recurso ordinário, a parte recorrente poderá fundamentá-lo
em fatos e, se quiser, fazer juntar documentos novos, para reexame fático probatório pelo
TSE.
9) Recurso especial eleitoral (REspE): Cabimento: Cabível contra acórdão de TRE que (i)
181
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
1) Recurso inominado eleitoral: Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou
despachos do presidente do TSE, quando não cabível recurso específico.
2) Agravo de instrumento ou agravo: Cabimento: serve para fazer subir para o STF o RE
que teve seu seguimento negado pelo presidente do TSE. Prazo: 3 dias. OBS: Com a nova
redação do art. 544, CPC (alterado pela lei 12.322/10), agora, o processamento do agravo é
realizado nos mesmos autos, não se formando instrumento, o que é inteiramente aplicável
ao processo eleitoral (TSE).
3) Embargos de declaração:
7) Recuso extraordinário (RE): Cabimento: Cabível nas hipóteses do art. 102, III, a, b, c e
d, CF . O prazo é de 3 dias, conforme súmula 728, STF. Não é cabível contra acórdão dos
TRE’s. É o que se extrai do disposto no art. 121, caput, e seu § 4º, I, da CF de 1988, e nos
arts. 22, II, e 276, I e II, do CE (STF). Jurisprudência: CF/88, art. 102, II, a, e III:
cabimento de recurso ordinário e extraordinário; e art. 121, § 3º: irrecorribilidade das
decisões do TSE. Após o oferecimento de razões, ocorre o juízo de admissibilidade, de
forma idêntica aos recursos extraordinários não eleitorais. Prazo: 3 dias [Súmula STF nº
728/2003: "É de três dias o prazo para a interposição de recurso extraordinário contra
182
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
decisão do Tribunal Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir da publicação
do acórdão, na própria sessão de julgamento, nos termos do art. 12 da Lei nº 6.055/1974,
que não foi revogado pela Lei nº 8.950/1994]. Efeito: meramente devolutivo. Cabe medida
cautelar inominada em busca do efeito suspensivo. Requisitos: tem que preencher dois
requisitos: pré-questionamento e não rediscutir ou reexaminar matéria fático probatória.
OBS: Exige repercussão geral das questões constitucionais.
Observações finais:
(1) Lei 9.096/95, artigo 37, § 4º: Da decisão que desaprovar total ou parcialmente a
prestação de contas dos órgãos partidários caberá recurso para os Tribunais Regionais
Eleitorais ou para o Tribunal Superior Eleitoral, conforme o caso, o qual deverá ser
recebido com efeito suspensivo.
(2) § 5º. As prestações de contas desaprovadas pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal
Superior poderão ser revistas para fins de aplicação proporcional da sanção aplicada,
mediante requerimento ofertado nos autos da prestação de contas.
(3) Lei 9.096/95, artigo 45, § 5º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais que
julgarem procedente representação (por propaganda partidária irregular), cassando o direito
de transmissão de propaganda partidária, caberá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral,
que será recebido com efeito suspensivo.
183
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Dessa forma, “compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto à
Justiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias
do processo eleitoral.” (art. 72, LOMPU).
184
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
A designação ocorre para um mandato de dois anos, podendo ser reconduzido uma vez e
destituído, antes do término do mandato, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral,
anuindo a maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal (arts. 75 e
76 da LOMPU).
O caráter temporário dos mandatos guarda simetria com o regramento constitucional dos
juízes que integram os TRE’s. O art. 27, § 3º c/c art. 357, § 1º, ambos do Código Eleitoral,
estabelecem que o PRE, no âmbito do Estado em que oficiar, exercerá atribuições
semelhantes às que são cometidas ao PGE.
Da mesma forma que o PGE tem a atribuição de transmitir instruções aos PRE’s, a fim de
que haja uniformidade na atuação e na adoção de providências para a fiel observância da lei
eleitoral, os PRE’s cumprem o mesmo papel quanto aos Promotores Eleitorais. Assim,
nesse particular, os Promotores Eleitorais encontram-se funcionalmente (não
administrativamente!) subordinados a ele, e não ao Procurador-Geral de Justiça (Gomes,
p. 78).
Caso haja eventual ato constritivo da liberdade imputado ao PRE, a competência para
apreciação do HC será do TSE, por interpretação analógica do art. 105, I, ‘a’ e ‘c’, da CF,
em face da simetria entre os órgãos judiciários (TSE, HC nº 545).
185
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
A escolha dos membros dos Ministérios Públicos Estaduais que atuarão como promotor
eleitoral foi regulamentada pelo Conselho Nacional do Ministério Público por meio da
Resolução nº 30 de 2008.
Embora não haja previsão normativa quanto à destituição do Promotor Eleitoral, em razão
da lógica do sistema, o PRE poderá destituir o representante do ministério público eleitoral
antes de expirar o biênio, desde que haja ato fundamentado pautado no estrito interesse do
serviço eleitoral (Gomes, p. 80).
Questão de prova:
Quem exercia a função de Procurador Eleitoral nos TREs? Por quanto tempo? Se o PGE
tinha algum impedimento, algum motivo para ser afastado da função. Se o PGR podia ser
destituído do cargo.
186
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
187
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
A natureza dessas lides e a qualidade das partes nelas envolvidas justificam, de per si, a
presença e a atuação efetivas do Ministério Público em todo o processo eleitoral (CPC,
arts. 82, 83 e 499, § 2º). Não existe, em Direito Eleitoral, ato algum – quer de jurisdição
voluntária, quer da jurisdição contenciosa – que não seja de Direito Público, não se
admitindo, por conseguinte, seja ele realizado longe do alcance processual do Ministério
Público (Cândido, p. 61).
Quando não atuar como parte, oficiará como custos legis, com a mesma legitimidade
assegurada aos partidos políticos, coligações e candidatos. Perante o TSE, oficia o
Procurador-Geral Eleitoral e o Vice-PGE; no TRE, oficia o Procurador Regional Eleitoral;
na primeira instância, oficiam os membros do parquet estadual.
Fiscaliza o pleito na fase pré-eleitoral, nas propagandas, no dia da eleição, além de verificar
a prestação de contas dos candidatos.
1) Em época sem eleição: A atuação do MPE é reduzida, mas não menos importante.
Deve, ordinariamente, o Promotor Eleitoral, na primeira instância, entre outras funções:
188
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Exercer todas as atribuições previstas para a instauração e andamento das ações penais
eleitorais, inclusive da legislação criminal eleitoral extravagante, desde o recebimento de
eventual notícia-crime, representação ou peças informativas, diretamente ou através do Juiz
Eleitoral, até a execução das respectivas sentenças e acórdãos (art. 356, §§ 1º e 2º e art. 363,
parágrafo único, do CE).
Proceder o exame a que se refere o art. 35, parágrafo único, da Lei nº 9.096/1995, quando a
prestação de contas ocorrer perante os juízes eleitorais.
Opinar, em vista que lhe deve ser pessoalmente concedida – e se não for deve ser requerida
– em todos os processos de pedidos de registro de candidaturas de prefeitos, vice-prefeitos
e vereadores, haja ou não impugnação de terceiros, atuando como fiscal da lei eleitoral,
podendo, inclusive, requerer diligências imprescindíveis antes da análise de mérito.
as medidas necessárias (CE, art. 245, º 3º). Ingressar com o pedido de Investigação Judicial
Eleitoral, quando for o caso, na forma do art. 19 e seguintes da Lei Complementar nº
64/1990.
Zelar pela boa execução dos demais atos preparatórios do pleito, mormente os relativos às
seções eleitorais, mesas receptoras e suas localizações (CE, art. 135, § 7º).
Normalmente, junto com o Juiz Eleitoral – cuja presença física na Zona Eleitoral, de
plantão, é também imprescindível – fiscalizam, de ofício ou quando solicitados, as mesas
eleitorais, no mínimo por amostragem. Nesse trabalho, tem oportunidade de prestar
esclarecimentos a mesários, fiscais e eleitores; isso sempre contribui – quando não decide –
para um regular e satisfatório desenvolvimento do pleito. Não se compreenderia a ausência
do Ministério Público Eleitoral e do Juiz Eleitoral em caso de eventual crime eleitoral de
repercussão, com prisão em flagrante. A própria imprensa, muitas vezes, presta bons
serviços à Justiça Eleitoral, denunciando irregularidades em mesas eleitorais, incidentes que
de pronto poderão ser solucionados com a intervenção sumária e segura dessas autoridades
e dos funcionários autorizados do cartório eleitoral. Deve ainda:
Opinar, oralmente ou por escrito, em todos os casos surgidos nesse dia, em sua esfera de
atribuição, inclusive em matéria criminal (representação de prisão preventiva, parecer em
pedido de liberdade provisória, etc.).
Fiscalizar a entrega das urnas certificando-se que todas as seções encerraram o recebimento
de votos no horário legal, observando eventual caso de violação e tomando as providências
necessárias (CE, art. 165, § 1º, I a V).
190
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Receber, conferir e assinar boletins, mapas e atas eleitorais emitidos pela Junta Eleitoral,
requerendo o que entender necessário para coibir ou corrigir as eventuais ilegalidades (CE,
art. 179, § 4º).
Fiscalizar a expedição de diplomas eleitorais, zelando pela coincidência de seus dados (art.
215, parágrafo único, do CE) com os resultados da totalização definitiva do pleito,
expedidos pela Junta Eleitoral.
Assistir à sessão de diplomação realizada pela Junta Eleitoral, com assento à direita de seu
presidente, sendo dela previamente notificado. (Lei nº 8.625/1993, art. 41, IV e XI).
Nas eleições municipais a atuação do Promotor Eleitoral abrange todos os atos de todas as
fases do processo eleitoral; nas eleições gerais e presidenciais, atuará a instituição em parte
da fase preparatória (com exceção dos registros, formação das Juntas e alguns casos de
191
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
propaganda), na totalidade dos atos relativos às fases de eleição e da apuração e não atuará
na fase de diplomação (Cândido, p. 66-70).
3. Legitimidade: É ampla legitimidade do Ministério Público para atuar, ora como parte,
ora como fiscal da lei, em todo o processo eleitoral, ainda que a legislação eleitoral muitas
vezes não o tenha elencado.
Não existe a figura do Ministério Público como substituto processual em matéria eleitoral.
Desde o alistamento e seus eventuais incidentes, à diplomação dos eleitos, e às ações e aos
recursos que daí podem decorrer, é imprescindível a atuação do Ministério Público
Eleitoral nesses feitos (Cândido, p. 63).
192
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
1. Financiamento de campanhas:
Outro princípio em voga neste tema é o da legalidade, pois as regras da lei eleitoral
servirão de orientação segura para o entendimento da abrangência da dicotomia
abusividade/regularidade, justamente por serem regras cogentes, de ordem pública, e por
isso indisponíveis e de incidência erga omnes. Assim, aquilo que estiver normatizado como
possível na lei eleitoral, servirá como orientação segura do que é lícito e ilícito nas
campanhas eleitorais. Portanto, a participação do poder econômico nas campanhas
eleitorais, que se qualifique como lícita, também será valida, eficaz e aceita quanto à sua
origem (Michels, p. 190).
As regras legais estão estipuladas na Lei nº 9.504/97, nos arts. 17 a 27, 81 e 99. Embora tais
regras devam ser observadas pelos partidos políticos e candidatos participantes do pleito
eleitoral (princípio da responsabilidade financeira solidária – art. 17 da Lei nº 9.504/97), a
Lei dos Partidos Políticos também prevê algumas regras nesse sentido, voltadas
especificamente às agremiações partidárias (Lei 9.096/95, arts. 31; 38 a 44), uma vez que
podem ser feitas doações financeiras aos partidos políticos em época não eleitoral, que
podem ser aplicadas em campanhas eleitorais (Lei 9.096/95, art. 39, § 5º).
Há previsão de que a lei, a cada eleição e até o dia 10 de julho do ano eleitoral, fixará o
limite de gastos dos partidos políticos com a campanha eleitoral. Ausente referida lei, ficará
a cargo de o próprio partido político fixar o limite de gastos (art. 17-A da Lei nº 9.504/97).
Também haverá a estipulação de valores máximos por cargo eletivo, informado pelo
partido quando do registro de candidatura. Eventual gasto que ultrapasse tais limites,
ensejará a aplicação de multa incidente sobre o valor em excesso (art. 18 da Lei nº
9.504/97), além de possível ocorrência de abuso do poder econômico, a desaguar em
eventual impugnação do mandato eletivo.
193
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
O TSE admite a retificação do limite de gastos já registrado na JE, desde que haja
demonstração de fato superveniente e imprevisível que tenha causado impacto sobre o
financiamento da campanha, em ordem a inviabilizar o limite fixado anteriormente (Res. nº
23.217/2010, art. 2º, § 6º).
ATENÇÃO: ADI 4650. O Supremo Tribunal Federal (STF) está realizando o julgamento
da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650, ajuizada pelo Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em que são questionadas regras relativas a
doações privadas para campanhas eleitorais e partidos políticos. Na ADI, são atacados
dispositivos da Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) e Lei dos Partidos Políticos (Lei
9.096/1995), que tratam de contribuições de pessoas jurídicas e pessoas físicas para
campanhas. A votação atualmente está em 6 a 1 por proibir a doação eleitoral de empresas,
sendo que faltam 4 votos, ou seja: a proibição já ocorreu por voto da maioria. Então, temos
que aguardar o fim do julgamento para saber se haverá modulação dos efeitos. Com a
decisão, candidatos precisarão financiar suas campanhas com doações de pessoas físicas e
com verbas do fundo partidário, de origem pública.
Limite do financiamento por pessoa física: O limite do financiamento privado é de até 10%
dos rendimentos auferidos por pessoas físicas no ano anterior ao da eleição. Quanto às
pessoas jurídicas, o limite é de até 2% de seu faturamento bruto no ano anterior ao da
eleição. No caso de utilização de recursos próprios dos candidatos, o limite é o valor
máximo de gastos estabelecido pela lei ou, na ausência desta, pelo seu próprio partido.
194
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
OBS: Alteração da Lei nº 12.891: As doações feitas por pessoas físicas a candidato
específico, comitê ou partido, que sejam estimáveis em dinheiro, deverão ser feitas
mediante recibo, assinado pelo doador, exceto nas seguintes hipóteses, nas quais estão
dispensadas de comprovação na prestação de contas: I - a cessão de bens móveis, limitada
ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por pessoa cedente; II - doações estimáveis em
dinheiro entre candidatos, partidos ou comitês financeiros, decorrentes do uso comum tanto
de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá ser registrado na
prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa. [art. 23, §2º c/c art. 28,
§6º]. Comentário do GENAFE: restringiu-se a emissão de recebo eleitoral. Exigia-se para
toda doação, agora somente para doações estimáveis em dinheiro, com assinatura do
doador. Por outro lado, a Resolução TSE sobre prestação de contas para as eleições de 2014
(Res. 23.406/14) estabelece a obrigatoriedade e apresentação de recibos, inclusive para
doações estimáveis em dinheiro (art. 10).
2. Fiscalização:
A fiscalização dá-se mediante a fiscalização contábil exercida pela Justiça Eleitoral, por
meio das seguintes regras.
195
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
Atenção: O artigo 26 foi alterado pela Lei 12.891/13, a qual acrescentou ao artigo o
seguinte parágrafo único:
Art. 26: Parágrafo único. São estabelecidos os seguintes limites com relação ao
total do gasto da campanha:
OBS: Alteração da Lei nº 12.891: As doações feitas por pessoas físicas a candidato
específico, comitê ou partido, que sejam estimáveis em dinheiro, deverão ser feitas
mediante recibo, assinado pelo doador, exceto nas seguintes hipóteses, nas quais estão
dispensadas de comprovação na prestação de contas: I - a cessão de bens móveis, limitada
ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por pessoa cedente; II - doações estimáveis em
dinheiro entre candidatos, partidos ou comitês financeiros, decorrentes do uso comum tanto
de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá ser registrado na
196
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa. [art. 23, §2º c/c art. 28,
§6º]. Comentário do GENAFE: restringiu-se a emissão de recebo eleitoral. Exigia-se para
toda doação, agora somente para doações estimáveis em dinheiro, com assinatura do
doador. Por outro lado, a Resolução TSE sobre prestação de contas para as eleições de 2014
(Res. 23.406/14) estabelece a obrigatoriedade e apresentação de recibos, inclusive para
doações estimáveis em dinheiro (art. 10).
OBS: A PGR ajuizou a ADIN 4899 com pedido de MEDIDA CAUTELAR, para que o e.
Supremo Tribunal Federal dê interpretação conforme a Constituição Federal ao § parágrafo
7º artigo 11 da Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, para que a expressão "apresentação
das contas", que integra o conceito de quitação eleitoral, presente no referido dispositivo
legal, seja entendida em seu sentido substancial, em consonância com a ordem
constitucional, e não apenas literal, devendo a certidão de quitação eleitoral abranger, a
apresentação regular das contas de campanha.
OBS: Alteração da Lei nº 12.891: Agora a data para a apresentação de contas parciais é
dia 8 de agosto e de setembro. [texto da lei: art. 28, §4º: Os partidos políticos, as coligações
e os candidatos são obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede mundial
de computadores (internet), nos dias 8 de agosto e 8 de setembro, relatório discriminando
os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para financiamento
da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral para
esse fim, exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos valores doados
somente na prestação de contas final de que tratam os incisos III e IV do art. 29 desta Lei].
OBS: Alteração da Lei nº 12.891: Incluiu o §6º no art. 28 [texto da lei: Ficam também
dispensadas de comprovação na prestação de contas: I - a cessão de bens móveis, limitada
ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por pessoa cedente; II - doações estimáveis em
dinheiro entre candidatos, partidos ou comitês financeiros, decorrentes do uso comum tanto
de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá ser registrado na
197
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
3. Ações:
O art. 30-A da Lei das Eleições prevê que qualquer partido político ou coligação poderá
representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 dias da diplomação, relatando os fatos e
indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar as condutas em
desacordo com as normas referentes à arrecadação e gastos dos recursos.
Registre-se por fim, que após a edição da Lei nº 12.034/2009, os processos de prestação de
contas de campanha têm natureza judicial, com possibilidade de interposição de recursos,
conforme o disposto nos §§ 5º, 6º e 7º do art. 30 da Lei das Eleições, o que implica a
necessidade de estrita observância das disposições previstas na legislação eleitoral, não
havendo possibilidade de mitigação da coisa julgada com base nos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº
834-14/MG, Relator: Ministro Arnaldo Versiani. DJE em 8.2.2012)
Questão de prova:
Como é o sistema de financiamento de campanha brasileiro?
198
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti
199