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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

DIREITO ELEITORAL

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

SUMÁRIO

Ponto 1.a. Alistamento eleitoral e voto. 4

Ponto 1.b. Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos. 16

Ponto 1.c. Perda ou suspensão dos direitos políticos. 22

Ponto 2.a. Voto universal, direto e secreto.

Ponto 2.b. Nacionalidade e Cidadania. Direitos políticos. Cargos privativos de brasileiro


nato. 36

Ponto 2.c. Plebiscito e referendo. Iniciativa popular. 42

Ponto 3.a. Seções, zonas e circunscrições eleitorais. 46

Ponto 3.b. Fraude no alistamento eleitoral e revisão do eleitorado. 48

Ponto 3.c. Votação. Voto eletrônico. Mesas receptoras. Fiscalização 51

Ponto 4.a. Jurisdição e Competência. Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Consultas,


instruções, administração e contencioso. 57

Ponto 4.b. Juntas, Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral. 60

Ponto 4.c. Recursos Eleitorais. 66

Ponto 5.a. Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais. LC 135/2010. 72

Ponto 5.b. Propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Direito de resposta.


Pesquisas e testes pré-eleitorais. 92

Ponto 5.c. Registro de candidaturas. Impugnação. Legitimidade. 97

Ponto 6.a. Propaganda eleitoral em geral. Início. Bens públicos e bens particulares.
Símbolos e imagens semelhantes às de órgãos do governo. 108

Ponto 6.b. Condições de elegibilidade. 118

Ponto 6.c: Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação Social. Ação
de investigação judicial eleitoral. 121

Ponto 7.a. Propaganda eleitoral na imprensa, na internet e mediante outdoors. Comícios.


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Alto-falantes e distribuição de material de propaganda política. Distribuição proporcional


de horários gratuitos pelos meios de comunicação audiovisuais. 126

Ponto 7.b. Recurso contra a Diplomação. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo. 132

Ponto 7.c. Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais. Captação
ilícita de sufrágio. 141

Ponto 8.a. Partidos Políticos. Princípios constitucionais a serem observados na sua criação.
Vedações. Fusão e incorporação. 148

Ponto 8.b. Personalidade jurídica dos Partidos Políticos. Registro e funcionamento.


Estatutos. Fundo Partidário. Propaganda partidária. 152

Ponto 8.c. Autonomia dos Partidos Políticos. Normas de fidelidade e disciplina partidárias.
157

Ponto 9.a. Crimes eleitorais. Jurisdição e competência. 161

Ponto 9.b. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem jurídico protegido. Código
Eleitoral e legislação esparsa. 166

Ponto 9.c. Ação penal. Propositura. Titularidade. Processo e julgamento. Recursos. 173

Ponto 10.a. A função eleitoral do Ministério Público Federal. Procuradoria Regional


Eleitoral. Ministério Público Estadual. 181

Ponto 10.b. A atuação do Ministério Público Eleitoral junto à Justiça Eleitoral.


Fiscalização, processos, ações e recursos. Legitimidade. 184

Ponto 10.c. Financiamento de campanhas. Fiscalização. Ações. 189

Ponto extra: Minirreforma Eleitoral: estudo do GENAFE.195

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Ponto 1.a. Alistamento eleitoral e voto.


Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Direito Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª
ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso Alcance. Roberto Almeida, 2013.

Legislação básica: CF, art. 14,§1º, I,II; §2º; CE art.42; Res. TSE no. 21.538/2003

Consideração inicial: o domicílio eleitoral, local em que será feito o alistamento, não se
confunde com o domicílio civil, pois o domicílio eleitoral é caracterizado quando a pessoa,
mesmo não residindo no local com ânimo definitivo, com ele mantenha vínculos de
natureza meramente afetiva, social, econômica ou política.

1. CONCEITO: É a primeira fase do processo eleitoral e decorre de um procedimento


cartorário que se perfaz pelo preenchimento do requerimento eleitoral (RAE), na forma da
Resolução TRE 21.538/2003. Consiste no reconhecimento da condição de eleitor (que é
cidadão), que corresponde à aquisição da cidadania, determinando a inclusão do nome do
alistando no corpo eleitoral [a partir do alistamento terá capacidade eleitoral ativa].
Formaliza, portanto, a inscrição eleitoral, para que possa ser exercida a obrigação ou a
faculdade do voto. A qualificação resume-se à comprovação de que o indivíduo atende a
todos os requisitos legais para se alistar e votar. De outra banda, a inscrição resume-se no
registro do nome e dados do eleitor perante a Justiça Eleitoral. O processo de alistamento é
iniciado por requerimento do interessado. O rígido controle sobre o processo de alistamento
justifica-se por ser esse ato o primeiro componente do sistema eleitoral, e eventuais fraudes
verificadas nessa fase podem comprometer a lisura do futuro pleito. Naqueles casos em que
o voto é obrigatório (alfabetizados, entre 18 e 70 anos), o requerimento de inscrição
constitui-se em dever. O pedido deve ser feito dentro de um ano, a contar do atingimento da
idade mínima, ou da nacionalização, sob pena de multa (3 a 10% do salário-mínimo do
valor utilizado como base de calculo – art. 80 e 85 CE). O artigo 8º do CE, que disciplina
essa multa, diz ela será imposta pelo juiz e cobrada no ato da inscrição eleitoral. Por outro
lado, não se aplicará a pena ao não alistado que requerer sua inscrição eleitoral até o
centésimo primeiro 151 º dia anterior à eleição subsequente à data em que completar
dezenove anos.

Natureza Jurídica: segundo Marlon Reis, o alistamento tem natureza jurídica de ato jurídico
complexo, integrado por duas fases: a) verificação do preenchimento das condições
constitucionais e legais para votar (qualificação) e b) também a inscrição no cadastro
eleitoral. Na verdade quando se ressalta o caráter declaratório do alistamento está se
fazendo referencia ao fato de que a justiça eleitoral somente verifica a existência ou não
destes requisitos (ato vinculativo) gerando assim um caráter meramente declaratório (item
a), quando, na verdade, também é ato constitutivo da inscrição do eleitor no cadastro da
justiça eleitoral, gerando por consequência também a aquisição de sua capacidade eleitoral
ativa, conforme item “b” acima. Então é possível afirmar que possui natureza constitutiva
da capacidade eleitoral ativa (direito de votar) e da cidadania do nacional[1].

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Considerações genéricas sobre o título eleitoral: documento solene e formal que expressa a
cidadania brasileira; faz prova até a data de sua emissão que o eleitor está regular com a
Justiça Eleitoral; a emissão do título deve ser feita por computador (obrigatoriamente),
sendo assinado pelo juiz eleitoral, contendo a assinatura do eleitor para fins de conferência
na folha de votação que fica, no dia das eleições, nas seções eleitorais. No caso do eleitor
analfabeto, obviamente, poderá constar a impressão digital de seu polegar; nas hipóteses de
alistamento, transferência, revisão e segunda via, a data de emissão do título será a de
preenchimento do requerimento; a entrega do título é sempre pessoal, através de
comprovação de documento oficial de identidade do eleitor.

Note-se que o alistamento eleitoral não possibilita o exercício de todos os direitos políticos,
uma vez que a obtenção da capacidade eleitoral passiva depende do preenchimento de
outros requisitos constitucionalmente previstos e se dá de forma progressiva no tempo.
Entretanto, não é possível afirmar a existência de graus de cidadania. Acerca desta questão,
confira o seguinte trecho extraído da obra de José Afonso da Silva, in verbis: (...) Neste
caso, podemos admitir que a aquisição dos direitos políticos se opera por graus, apenas
para denotar o fato de que a plenitude de sua titularidade se opera por etapas: (1) aos 16
anos de idade, o nacional já pode alistar-se tornando-se titular do direito de votar; (2) aos
18 anos, é obrigado a alistar-se tornando-se titular do direito de votar, se não o fizera aos
16, e do direito de ser eleito Vereador; (3) aos 21 anos, o cidadão (nacional eleitor)
incorpora o direito de ser votado para Deputado Federal, Deputado Estadual ou
Deputado Distrital (Distrito Federal), Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; (4) aos 30
anos, obtém a possibilidade de ser eleito para Governador e Vice-Governador de Estado e
do Distrito Federal; (5) finalmente, aos 35 anos o cidadão chega ao ápice da cidadania
formal com o direito de ser votado para Presidente e Vice-Presidente da República e para
Senador Federal (art. 14, § 3°)[2].

2. LOCAL: Via de regra, o alistamento realiza-se no cartório eleitoral. A legislação


também admite o deslocamento do juiz eleitoral a outro local, dentro de sua jurisdição, para
receber os pedidos de alistamento (artigo 43 do CE). Essa mobilidade funcional somente é
permitida aos juízes eleitorais, e nunca aos funcionários da Justiça. No caso de eleitores
cegos, o artigo 50 do CE ordena que o juiz eleitoral se desloque até o respectivo
estabelecimento de proteção, em data previamente fixada, para alistá-los. O eleitor ficará
inscrito em determinada Zona Eleitoral, a qual é verificada conforme o domicílio eleitoral

3. PRINCIPAIS EFEITOS: - permite determinar a condição do eleitor: Sua condição,


portanto, não fica sujeita a apuração e discussão no momento do exercício do voto. Essa
condição de eleitor persiste até que sobrevenha decisão judicial declaratória do
cancelamento ou da exclusão; - forma os dados numéricos do alistamento, necessários para
a fixação do número de representantes nas eleições proporcionais; - oferece maior
comodidade ao cumprimento do dever do voto, na medida em que estabelece a permanente
vinculação do eleitor a uma determinada seção eleitoral (46, §3º, CE). A seção é a menor
unidade da estrutura eleitoral, composta do conjunto de votantes com proximidade
domiciliar. Nas capitais, as seções são constituídas de até 500 400 eleitores, e nos demais
municípios, até 400 300; - delimita o termo inicial da incorporação do eleitor ao corpo
eleitoral da circunscrição, para que nela possa concorrer a cargos eletivos. Essa

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consequência decorre da exigência de domicílio eleitoral como requisito à elegibilidade.

4. REQUISITOS: Predomina, como regra geral, a obrigatoriedade do alistamento dos


maiores de 18 anos.

ALISTÁVEIS FACULTATIVOS: O alistamento é facultativo para: a) analfabetos; b)


maiores de 70 anos; c) maiores de 16 e menores de 18 anos. OBS: o analfabeto que venha a
ser alfabetizado não está sujeito à multa prevista no artigo 15 da Resolução TSE n°
21.538/2003, caso não efetue o alistamento eleitoral no prazo legalmente fixado. OBS:
Pontos do CE não recepcionados: os inválidos (CE) e para aqueles que se encontrem fora
do país. Estas disposições, contudo, não foram recepcionadas pela Constituição Federal de
1988. Como consignado no item acima, alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para
os relativamente incapazes em decorrência de deficiência mental e excepcionais, ressalvada
a possibilidade de a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou
demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais requerer ao juiz eleitoral
a expedição de certidão de quitação eleitoral, com prazo de validade indeterminado. Quanto
àqueles que se encontrem fora do país, a obrigação de alistamento eleitoral e do voto pode
ser cumprida por meio das representações diplomáticas ou consulares. OBS: É permitido o
alistamento de pessoa com 15 anos? Os menores entre 16 e 18 anos incompletos (CF), o
artigo 14 Resolução TSE n° 21.538/2003 faculta o alistamento, no ano em que se
realizarem as eleições, do menor que completar 16 anos até a data do pleito, inclusive.
Ressalte-se que o título de eleitor emitido nesta condição somente produzirá efeitos com o
implemento da idade de 16 anos.

INALISTÁVEIS: O alistamento é vedado para: a) estrangeiros; b) conscritos; c) os que


tenham perdido os direitos políticos em razão de cancelamento de naturalização por
sentença transitada em julgado, por prática de atividade nociva ao interesse nacional; d) os
que tenham perdido os direitos políticos em razão de aquisição de outra nacionalidade
voluntária, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira ou de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro
residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para
o exercício de direitos civis; e) os que tenham seus direitos políticos suspensos nos casos
de: incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, enquanto
durarem os seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa; improbidade administrativa. OBS: Pontos do CE não recepcionados: os que não
saibam exprimir-se na língua nacional (previsão do artigo 5, II, do Código Eleitoral - Pela
jurisprudência do TSE, esta exigência não foi recepcionada, sob o argumento de que
“Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja previsto na Lei
Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar a inexigibilidade
de fluência da língua pátria para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro possam
alistar-se eleitores”); OBS: Conforme ensina José Jairo Gomes, embora a Constituição
Federal seja silente, os apátridas também não podem ser inscritos como eleitores[3]. OBS:
Ante a possibilidade de o conscrito ter realizado seu alistamento eleitoral antes de ser
incorporado ao serviço militar (já que é facultado o alistamento eleitoral do maior de 16 e
menor de 18 anos), o TSE entendeu que o conscrito deve ser impedido de votar, por estar
com seus direitos políticos suspensos durante o período de serviço militar obrigatório,

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embora esta causa de suspensão não esteja elencada no artigo 15 da Constituição Federal
(Resolução TSE n° 20.165, de 7 de abril de 1998).

Estando o alistando dentro do rol dos obrigatórios ou facultativos, é iniciado o processo,


que compreende a qualificação e a inscrição (42 do CE).

A qualificação é o ato por meio do qual o indivíduo fornece suas informações pessoais.
Para alistar-se, o alistando deve apresentar-se em um Cartório Eleitoral ou local
previamente designado e fornecer as informações necessárias ao preenchimento do
Requerimento de Alistamento Eleitoral – RAE[4].

O requerimento será instruído com um dos seguintes documentos, que não poderão ser
supridos mediante justificação (artigo 44 do CE): I - carteira de identidade expedida pelo
órgão competente do Distrito Federal ou dos Estados; II - certificado de quitação do serviço
militar[5]; III - certidão de nascimento ou de casamento extraída do Registro Civil; IV -
instrumento público do qual se infira, por direito ter o requerente idade superior a dezoito
anos (ou dezesseis, pela regra atual da CF) e do qual constem, também, os demais
elementos necessários à sua qualificação; V - documento do qual se infira a nacionalidade
brasileira, originária ou adquirida, do requerente.

Será devolvido o requerimento que não contenha os dados constantes do modelo oficial, na
mesma ordem, e em caracteres inequívocos (rejeição preliminar, que abrange qualquer dos
requisitos formais prévios do requerimento).

5. PROCESSO: Incumbe aos partidos políticos, na pessoa de seus delegados, e ao MPE,


na pessoa do Promotor de Justiça Eleitoral, a fiscalização do procedimento. O eleitor deve
comparecer ao cartório ou outro local previamente definido, para subscrever o formulário.
O requerimento de alistamento eleitoral é preenchido apenas por servidor da Justiça
Eleitoral (Res.21538/03) que digitará as informações pessoais do eleitor, que deverá estar
presente no momento desse preenchimento. Faculta-se ao eleitor escolher o local de
votação com a disponibilização de relação de todas as seções que pertencem a sua zona
eleitoral. O pedido será submetido à apreciação do juiz eleitoral, nas 48h subsequentes.

Poderá o juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre qualquer outro
requisito para o alistamento, converter o julgamento em diligência para que o alistando
esclareça ou complete a prova ou, se for necessário, compareça pessoalmente à sua
presença. Depois de sanadas quaisquer dúvidas, o juiz deferirá o pedido, datando e
assinando o título e a folha individual. A lei veda expressamente a assinatura desses
documentos pelo juiz antes do deferimento do pedido. Tal ato constitui ilícito penal
eleitoral (45, §11, CE).

Se o pedido for indeferido: caberá recurso ao TRE (Resolução TSE n° 21.538/2003). Do


despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo
alistando no prazo de cinco dias. O parquet também tem legitimidade para recorrer na
qualidade de custus legis se o indeferimento for ilegal. Se o pedido for deferido: também é
cabível recurso para o TER do deferimento do alistamento, do qual poderá recorrer
qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias, contados da colocação da

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respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de cada
mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes
dessas datas e mesmo que os partidos não as consultem (Lei n° 6.996/82, art. 7°). A
possibilidade de interposição de recurso pelo delegado de partido contra decisão que deferir
o requerimento de alistamento eleitoral tem como objetivo retirar do corpo eleitoral os
eleitores que não possuam verdadeiro interesse na circunscrição eleitoral em que forem
inscritos, para garantir que o resultado das eleições corresponda à vontade legítima dos
eleitores da localidade. Cabe observar, ainda, que o membro do Ministério Público que
oficiar perante o juízo eleitoral terá legitimidade para recorrer e o prazo será igual àquele
deferido ao delegado de partido[6].

A interposição de recurso transforma a natureza do procedimento de alistamento eleitoral


de administrativa para judicial, porquanto surge conflito de interesses que deve ser
resolvido pelo Estado-juiz. Dessa forma, é necessário que o interessado preencha os
pressupostos processuais pertinentes, inclusive aqueles referentes à capacidade postulatória.
(ver artigo 29 e ss, do ce Resolução 21538 Do acesso às informações constantes do
cadastro).

Qualquer irregularidade determinante de cancelamento de inscrição deverá ser comunicada


por escrito ao juiz eleitoral, que observará o procedimento estabelecido nos arts. 77 a 80 do
Código Eleitoral. Por outro lado, exerce o MP a função de fiscal da ordem jurídica eleitoral
e sua atuação se dá de forma obrigatória em todos os termos do processo eleitoral, pelo que
pode acompanhar os procedimentos sobre alistamento.

6. FASES DO ALISTAMENTO:

Prazo para alistamento: O artigo 91 da Lei 9504/97 determina que “Nenhum requerimento
de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido dentro dos cento e cinquenta dias
anteriores à data da eleição”. O alistamento reabrir-se-á em cada zona, logo que estejam
concluídos os trabalhos da sua junta eleitoral. OBS: 2ª via: o eleitor já alistado poderá
requerer a 2ª via em até 10 dias das eleições.

Prazos de entrega dos títulos (art. 69, CE): resultantes dos pedidos de inscrição ou de
transferência: até 30 dias antes da eleição/ segunda via: até a véspera do pleito.

Fiscalização do TSE[7]: A Lei 9504/97 introduziu método de controle automático do TSE,


sobre o alistamento e a transferência, nos termos do artigo 92: O Tribunal Superior
Eleitoral, ao conduzir o processamento dos títulos eleitorais, determinará de ofício a
revisão ou correição das Zonas Eleitorais sempre que: I - o total de transferências de
eleitores ocorridas no ano em curso seja dez por cento superior ao do ano anterior; II - o
eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de idade
superior a setenta anos do território daquele Município; III - o eleitorado for superior a
sessenta e cinco por cento da população projetada para aquele ano pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE”.

Por outro lado, compete aos juízes eleitorais fiscalizar o ato de alistamento do eleitor e seu
cancelamento. Possui também legitimidade para impugnar a inscrição de eleitores o

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Ministério Público e os partidos políticos.

7. DUPLICIDADE E PLURALIDADE: É vedada a emissão ou permanência de mais de


um título ou inscrição eleitoral referentes ao mesmo eleitor. O processo administrativo e
conditio sine qua non para o exame da tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade da
conduta do eleitor (arts.289,290,291 e 350 CE).

A competência para a decisão administrativa de duplicidade ou pluralidade de alistamentos


é do juiz onde foi efetuada a inscrição mais recente (art.41 da Res.21538) quando envolver
uma mesma zona eleitoral. Em casos que envolvam zonas eleitorais diferentes a
competência será do Corregedor Regional Eleitoral.

Das decisões do juiz eleitoral cabe recurso para o Corregedor Regional no prazo de três
dias; e, das decisões do Corregedor Regional, cabe recurso para o corregedor–geral eleitoral
(que atua no TSE), no prazo de três dias. Trata-se de recurso INOMINADO. São
legitimados para a interposição os eleitores, partidos políticos e MP.

8. CANCELAMENTO E EXCLUSÃO: De início, importa esclarecer a diferença entre


cancelamento e exclusão. Em face de irregularidades expressamente previstas no Código
Eleitoral, o título de eleitor será cancelado e, consequentemente, o eleitor terá seu nome
excluído do banco de dados da JE. As inscrições eleitorais são permanentes, habilitando o
eleitor ao direito de sufrágio nos pleitos que se realizarem dentro da área política a que
pertence. Essa condição persiste até que sobrevenha decisão judicial impondo o
cancelamento da inscrição e a exclusão do eleitor.

Causas de cancelamento de inscrição: estão no artigo 71 do CE:

a) a infração dos artigos 5º e 42: trata-se das inscrições obtidas com desrespeito às vedações
legais: (1) dos que não saibam exprimir-se na língua nacional; (2) dos que estavam
privados, temporária ou definitivamente dos direitos políticos; (3) dos conscritos; (4) dos
que não são domiciliados no local do alistamento. O cancelamento, portanto, refere-se à
existência de vício ‘ab origine’, que não se convalida pelo decurso do tempo;

OBS: no que tange ao alistamento dos indígenas, a Resolução 20.806/2001,TSE estabelece


que o alistamento é exigido para os índios integrados e alfabetizados. Os índios não
integrados e os em vias de integração têm o direito ao alistamento e ao voto como
facultativo. Portanto, não é mais considerado causa de cancelamento da inscrição o fato de
ser um índio isolado ou não integrado.

b) a suspensão ou perda dos direitos políticos;

c) a pluralidade de inscrição: o cancelamento da inscrição em pluralidade obedecerá à


seguinte ordem (75 CE): (1) da inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral; (2)
daquela cujo título não haja sido entregue ao eleitor; (3) daquela cujo título não haja sido
utilizado para o exercício do voto na última eleição; e (4) da mais antiga;

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d) o falecimento do eleitor; neste caso, quando se tratar de fato notório, ficam dispensadas
as formalidades previstas nos incisos II e III do artigo supracitado (artigo 79 do Código
Eleitoral). Note-se que o § 3° do artigo 71 do Código Eleitoral estabelece a obrigação de os
oficiais de registro civil enviarem, até o dia 15 de cada mês, ao juiz eleitoral da zona em
que oficiarem, comunicação dos óbitos de cidadão alistáveis ocorridos no mês anterior,
para cancelamento das inscrições, sob pena de incorrem no delito previsto no artigo 293 do
Código Eleitoral.

e) abstenção reiterada: deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas, o cancelamento


não ocorrerá se o eleitor apresentar justificativa para a falta ou efetuar o pagamento da
multa que lhe for aplicada, conforme o disposto no § 6° do artigo 80 da Resolução n°
21.538/2003. Na contagem das faltas, são consideradas as ausências nas eleições com datas
fixadas pela Constituição, nos referendos, nos plebiscitos e nas novas eleições determinadas
pelos tribunais regionais eleitorais (v.g. eleições suplementares). Ressalte-se que não serão
computadas eleições que tiverem sido anuladas por força de determinação judicial.

OBS: Nos termos do artigo 80 da Resolução n° 21.538/2003, o prazo de apresentação de


justificativas para a ausência é de 60 dias a contar da data da realização da eleição. Para o
eleitor que se encontrar no exterior na data do pleito, o prazo será de 30 dias, contado da
data do seu retorno ao país. Por oportuno, cabe destacar que o pedido de justificação será
sempre dirigido ao juiz eleitoral da zona de inscrição, podendo ser formulado na zona
eleitoral em que se encontrar o eleitor, o qual providenciará sua remessa ao juízo
competente.

f) revisão do eleitorado: Há, ainda, uma hipótese genérica de cancelamento de inscrições


(em processo de ‘revisão’), trazida pela Lei 4961/66, que acrescentou §4º ao artigo 71 do
CE: A revisão do eleitorado consiste no procedimento administrativo em que é verificada a
regularidade da inscrição dos eleitores que figuram no cadastro eleitoral de determinada
zona ou município. O referido procedimento está previsto no § 4° do artigo 71 do Código
Eleitoral e no artigo 58 da Resolução TSE n° 21.538/2003, o qual determina que os
tribunais regionais eleitorais poderão determinar a realização de correição e de revisão do
eleitorado quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma zona ou
município: “§4º Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma
zona ou município, o Tribunal Regional poderá determinar a realização de correição e,
provada a fraude em proporção comprometedora, ordenará a revisão do eleitorado
obedecidas as Instruções do Tribunal Superior e as recomendações que, subsidiariamente,
baixar, com o cancelamento de ofício das inscrições correspondentes aos títulos que não
forem apresentados à revisão”.

OBS: Pode haver revisão em ano eleitoral? Note-se que, de acordo com o § 2° do artigo 58
da Resolução TSE n° 21.538/2003, não será realizada revisão de eleitorado em ano
eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando autorizada pelo Tribunal Superior
Eleitoral.

Os trabalhos de revisão são presididos pelo juiz eleitoral da zona, fiscalizados pelo
representante do Ministério Público que oficiar perante o juízo e inspecionados pelo
Tribunal Regional Eleitoral, por meio da Corregedoria Regional (artigos 59 58 e 62 da
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Resolução TSE n° 21.538/2003). Ademais, o juiz eleitoral deverá dar conhecimento aos
partidos políticos da realização da revisão, facultando-lhes, por meio dos delegados
credenciados nas zonas ou perante os TREs, o acompanhamento e fiscalização de todo o
trabalho (artigo 67 da Resolução TSE n° 21.538/2003). Nos termos do artigo 63 da citada
resolução, o juiz eleitoral deverá fazer publicar, com antecedência mínima de cinco dias do
início do processo revisional, edital para dar conhecimento da revisão aos eleitores
cadastrados no município ou zona, convocando-os a se apresentarem, pessoalmente, no
cartório ou nos postos criados, em datas previamente especificadas, com o objetivo de
efetuar a revisão de suas inscrições, com a confirmação dos seus domicílios, sob pena de
cancelamento das inscrições.

OBS: Cancelamento de inscrição eleitoral. Revisão do eleitorado. Não comparecimento ao


cartório no prazo estipulado. Legitimidade. O só envio de documentação no prazo não
supre a falta da presença do eleitor. É legítimo o cancelamento da inscrição do eleitor que
deixa de atender convocação para comparecer pessoalmente ao cartório eleitoral em
processo de revisão do eleitorado.” (TSE. Acórdão n° 1.222. Relator Ministro Eduardo
Alckmin. Julgado em 24 de novembro de 1998). Monica: a resolução permite se a pessoa
pegar uma senha, deixar os documentos para serem vistos depois do expediente.

Concluídos os trabalhos de revisão, ouvido o Ministério Público, o juiz eleitoral deverá


determinar o cancelamento das inscrições irregulares e daquelas cujos eleitores não tenham
comparecido, adotando as medidas legais cabíveis, em especial quanto às inscrições
consideradas irregulares, situações de duplicidade ou pluralidade e indícios de ilícito penal
a exigir apuração. Entretanto, o cancelamento das inscrições somente poderá ser efetivado
após a homologação da revisão pelo TRE (artigo 73, caput e parágrafo único, da Resolução
TSE n° 21.538/2003).

Na linguagem do CE, a exclusão aparece como o resultado final do processo, instaurado


diante de uma causa de cancelamento de inscrição. Diz o artigo 72, ‘caput’, do CE:
“Durante o processo e até a exclusão pode o eleitor votar validamente”. O parágrafo único
do artigo 72 determina a anulação dos votos, no seguinte caso: “Parágrafo único.
Tratando-se de inscrições contra as quais hajam sido interpostos recursos das decisões
que as deferiram, desde que tais recursos venham a ser providos pelo Tribunal Regional
ou Tribunal Superior, serão nulos os votos se o seu número for suficiente para alterar
qualquer representação partidária ou classificação de candidato eleito pelo princípio
majoritário”.

O termo ‘exclusão’ é também usado pelo CE para designar o próprio procedimento que visa
o cancelamento da inscrição. Nesse sentido, os artigos 73 e seguintes do CE, que
estabelecem o rito do processo (LER). O processo pode iniciar-se ex officio, sempre que o
juiz eleitoral tiver conhecimento de alguma causa de cancelamento (artigos 71, § 1°, e 74
do Código Eleitoral). O processo pode ser iniciado também a requerimento de delegado de
partido, do Ministério Público ou de qualquer eleitor.

A instauração do processo de cancelamento não se sujeita a prazo de preclusão ou a


escoamento de limites temporais, por se tratar de matéria de ordem pública, de natureza
constitucional.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

É interessante destacar o posicionamento de José Jairo Gomes acerca das causas de


cancelamento da inscrição. Adotando o entendimento exposto por Decoiman e Prade, o
referido autor assevera que algumas hipóteses legais de cancelamento de inscrição
poderiam ser consideradas, hoje em dia, causas de suspensão da eficácia do alistamento
eleitoral, tendo em vista que a sistemática legal foi prevista para uma realidade diferente da
atual.

OBS: Após cancelada, é possível uma nova inscrição eleitoral? Sim. De acordo com o
artigo 81, CE, cessada a causa de cancelamento, poderá o interessado requerer novamente a
inscrição eleitoral.

9. FISCALIZAÇÃO PARTIDÁRIA: Os partidos estão legalmente habilitados a


acompanhar todos os trabalhos sobre o ingresso e a exclusão no corpo eleitoral, exercendo
ampla atividade de fiscalização (artigo 66 do CE). Diante da disciplina legal, os partidos
políticos realizam todas essas atividades na condição de parte, não se limitando apenas a
formular representação e deixar tudo a critério da Justiça Eleitoral. A lei lhes outorgou
posição para que possam diretamente promover as medidas necessárias à lisura do
alistamento, instaurando o contencioso eleitoral adequado.

Nesses atos, os partidos são representados por seus delegados credenciados, no seguinte
número: perante o juízo eleitoral: 3 delegados; perante o TRE: 4 02 delegados (resolução
21538); perante o TSE: 5 delegados (não encontrei essa quantidade – onde está?);

Nos termos do artigo 27 da Resolução TSE n° 21.538/2003, poderão os partidos políticos,


por seus delegados: acompanhar os pedidos de alistamento, transferência, revisão, segunda
via e quaisquer outros, até mesmo emissão e entrega de títulos eleitorais/ requerer a
exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente e assumir a defesa do eleitor cuja exclusão
esteja sendo promovida/ examinar, sem perturbação dos serviços e na presença dos
servidores designados, os documentos relativos aos pedidos de alistamento, transferência,
revisão, segunda via e revisão de eleitorado, deles podendo requerer, de forma
fundamentada, cópia, sem ônus para a Justiça Eleitoral.

O artigo 28 da referida resolução estabelece que, para os fins citados acima, os partidos
políticos poderão manter até dois delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral e até três
delegados em cada zona eleitoral, que se revezarão, não sendo permitida a atuação
simultânea de mais de um delegado de cada partido. Ressalte-se que os delegados
credenciados no Tribunal Regional Eleitoral poderão representar o partido, na
circunscrição, perante qualquer juiz eleitoral.

O VOTO:

Sufrágio corresponde ao direito de votar e ser votado. O voto é o ato material que
concretiza o direito de sufrágio. Escrutínio é a forma pela qual o voto se exterioriza,
podendo ser público ou secreto.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Natureza jurídica do voto: Paulo Bonavides, ao tratar do sufrágio, menciona duas escolas
ou correntes principais (voto como função ou direito): A dos que acolhem a doutrina da
soberania nacional e são conduzidos a ver o sufrágio como uma função; A dos que se
apegam à doutrina da soberania popular e que inferem, daí, o voto como um direito. Diz
Paulo Bonavides que pela doutrina da soberania nacional o eleitor é tão somente um
instrumento ou órgão de que se serve a nação para criar um órgão maior. De outro lado, a
se adotar a corrente contrária (soberania popular), ter-se-á o eleitor como parte desse órgão
maior.

A maior parte da doutrina adota a posição de que o sufrágio (ou voto) no direito brasileiro
apresenta duplo aspecto de ser direito e dever.

O sufrágio pode ser universal ou restrito. O primeiro possibilita, de forma ampla, o


exercício do voto aos nacionais. A segunda forma possui restrições, tais como, em face da
fortuna (censitário, como estabelecia a Constituição do Império), sexo, capacidade
intelectual, etc.

Dalmo de Abreu Dalari explica que todos os países definem uma idade mínima para se
poder votar, havendo uma tendência para fixá-la em dezoito anos. Lembrar que, no Brasil,
o voto é obrigatório a partir dos 18 anos, sendo facultativo aos maiores de 16 e menores de
18 anos e maiores de 70.

O voto censitário fundamenta-se, segundo seus defensores, nas seguintes razões: os que têm
mais bens têm mais interesses em que os governos sejam melhores para protegerem seu
patrimônio; os mais ricos pagam mais impostos e portanto, têm o direito de escolherem
quem os haverá de administrar; podem acompanhar melhor a política por que não
necessitam trabalhar muitas horas por dia. Obviamente a tibieza dos argumentos não lhes
dá sustentação. No entanto, o poder econômico dos candidatos parece continuar sendo
importante para influenciar o voto.

No que concerne ao voto capacitário, vale dizer que grande parte dos países exige alguma
espécie de grau de instrução para que se possa votar. Porém, tendo em vista que, em muitos
países, tal restrição equivale a privar a maioria da população adulta de votar, há forte
tendência para afastar tal restrição.

Quanto aos portadores de deficiência (ou necessidades especiais) cabe distinguir entre os
que não têm consciência da significação do ato de votar devido a problemas mentais e o
deficiente físico. Este último deve ter não só o direito genérico de votar, mas também o
direito a que seja facilitado o exercício do voto. Deverão requerer ao juiz de sua zona
eleitoral, até trinta dias antes da eleição, a viabilização de meios para tanto.

Há também legislações, como a nossa, que impedem os condenados criminalmente de


votar. Argumenta-se que tal restrição se deve à necessidade de reeducação do criminoso
para que volte a exercer os atos da vida civil. Pode-se pensar que tal restrição corresponde à
morte civil do condenado e/ou que gera fundadas dúvidas acerca do auxílio que possa trazer
a sua recuperação.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Por fim, há restrições para os praças (conscritos) visando evitar que a política invada os
quartéis.

Seja como for, a universalidade do voto sempre deverá ser entendida de forma relativa.
Sempre haverá restrições a grupos de pessoas tais como: os absolutamente incapazes, por
não poderem exercer de forma plena a liberdade de votar; e os estrangeiros[10]. Não há
contradição na existência dessas limitações, todavia será inadmissível a lei discriminar sem
o mínimo de racionalidade, pois, em tais casos, haveria infringência ao princípio
constitucional da isonomia da vedação à discriminação.

No ordenamento jurídico brasileiro, o voto é direto, ou seja, o eleitor é qualquer cidadão


que não necessita de intermediários para escolher seus representantes. Em face da Lei
Maior de 1988, a regra eleva-se à condição de clausula pétrea e consiste na eleição direta
para todos os cargos eletivos, exceção feita exclusivamente no caso de vacância do cargo
de Presidente e Vice-Presidente da República nos dois últimos anos de mandato. Nesse
caso a Constituição prevê eleição indireta para o restante do mandato.

O voto também deverá ser secreto, dificultando fraudes e garantindo a liberdade de escolha
aos eleitores. A legislação dever garantir seu sigilo. A título de exemplo, vale lembrar que o
uso de telefone celular na sala de votação é proibido. Da mesma forma, é obrigatório que o
voto se efetive em cabine indevassável. Por outro lado, considerando que o exercício do
voto deve prevalecer, é lícito ao eleitor levar anotado o número ou nome do candidato de
sua preferência. Da mesma forma, na hipótese de um eleitor, plenamente capaz, que não
possa, por deficiência física, votar sozinho, poderá ser acompanhado por amigo ou parente.
Por fim, nada impede que os pais ou avós levem crianças para acompanhá-los a urna para
votar.

Outra característica consiste em ser o voto de igual valor para todos os cidadãos (one man,
one vote). Trata-se da aplicação no campo do direito eleitoral do princípio da isonomia.

O voto dever ser periódico, ou seja, os mandatos não podem ser demasiadamente longos.
Tendo em vista tratar-se de clausula pétrea, vem a dúvida quanto à alteração da
periodicidade dos mandatos eletivos.

O voto é um direito-dever do indivíduo-cidadão. Todavia, o constituinte, tendo em


consideração a realidade de nosso país, possibilitou que os analfabetos, os idosos e os
maiores de 16 e menores de 18 anos, não fossem obrigados a cumprir com esse dever.

Quanto à obrigatoriedade do voto, diz parte da doutrina que relaciona-se ao fato de ser o
exercício da cidadania ainda novidade para o povo brasileiro.

O eleitor que não vota ou justifica sofre sanções de ordem pecuniária, além de restrições a
direitos da seguinte forma: impossibilidade de participar de concursos públicos ou tomar
posse no cargo; tirar passaporte ou carteira de identidade; obter empréstimos de órgãos
públicos e o recebimento de remuneração pelos servidores ou empregados públicos.
Observar que os enfermos, quem estiver ausente de sua zona eleitoral e o servidor público
em serviço estão dispensados de votar.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

O tema “voto” também é objeto de análise do ponto 2.a.

Questões de prova:

Alistamento eleitoral e voto. Ambos são facultativos para os que tem idade entre 16 e 18
anos e os maiores de 70 anos?

O alistamento de brasileiro que reside no estrangeiro é obrigatório? Se se alistar no exterior


deve votar em quais eleições?

Todos os alistáveis são elegíveis?

Quais são os casos de alistabilidade facultativa? Os maiores de 70 anos, os maiores de 16 e


menores de 18 anos e os analfabetos.

Se o alistável facultativo se alistar, o voto dele passa a ser obrigatório? Não. A Constituição
é clara ao afirmar que o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para essas pessoas.

O sigilo de voto é absoluto ou pode ser relativizado no caso de uma pessoa que precise de
ajuda para votar?

Diferencie voto e sufrágio.

Voto obrigatório significa que eleitor tem que votar em algum candidato?

O que é voto direto, secreto, universal e periódico?

Voto eletrônico impresso, criado pela última reforma. ADIN, liminar, constitucionalidade
etc. Voto impresso, qual função? Vulnera o sigilo do voto?

Alistamento eleitoral já garante capacidade eleitoral passiva?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 1.b. Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos.


Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Direito Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª
ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso Alcance. Roberto Almeida, 2013.

Legislação básica: Código Eleitoral; Lei n.º 6.996/82; Lei n.º 9.504/97; Res. 21.538/2003.

1. DOMICÍLIO ELEITORAL:

No Direito Eleitoral, o conceito de domicílio eleitoral é mais amplo do que aquele do


Direito Civil, este sendo definido no art. 70 do CC (“O domicílio da pessoa natural é o
lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo” — elemento objetivo:
residência + elemento subjetivo: ânimo, intenção, de definitividade).

“Agravo de instrumento. Recurso especial. Revisão eleitoral. Domicílio eleitoral.


Cancelamento de inscrição. Existência de vínculo político, afetivo, patrimonial, e
comunitário. Restabelecimento da inscrição. 1. Demonstrado o interesse eleitoral, o
vínculo afetivo, patrimonial e comunitário da eleitora com o município e não tendo
ocorrido qualquer irregularidade no ato do seu alistamento, mantém-se o seu domicílio
eleitoral. 2. Precedentes. 3. Recurso conhecido e provido.” (Ac. no 2.306, de 17.8.2000 e,
no mesmo sentido, o Ac. no 16.305, de 17.8.2000, rel. Min. Waldemar Zveiter.)

Conceito legal de domicílio eleitoral (art. 42, § ún. do CE): “Para o efeito da inscrição, é
domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o
alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas”.

Domicílio eleitoral afetivo: ocorre quando a pessoa transfere seu domicílio civil, mantendo,
porém, o domicílio eleitoral em outra circunscrição. Ac.-TSE n.º 16.397/2000 e
18.124/2000: o conceito de domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente, com o de
domicílio civil; aquele, mais flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar
onde o interessado tem vínculos (políticos, sociais, patrimoniais, negócios).

Obs.: ver Decreto-Lei n.º 201/67, art. 7.º, II: cassação do mandato de vereador quando
fixar residência fora do município.

Domicílio eleitoral do funcionário público: Há casos em que a lei não dá margem à escolha
do domicílio civil (hipóteses de domicílio legal ou necessário: entre outros, o do incapaz,
do servidor público, do militar, do marítimo e do preso (art. 76 do CC). É o caso do
funcionário público, cujo domicílio será obrigatoriamente o local de seu ofício (“o lugar em
que exercer permanentemente suas funções”). Todavia, admite-se que o funcionário público
transferido deixe de requerer sua transferência de inscrição eleitoral, mantendo inalterada
sua inscrição de origem, pois não lhe é imposta, obrigatoriamente, a transferência. Por
outro lado, se o funcionário público requerer transferência eleitoral para um lugar diferente
daquele onde exerce suas funções, esse pedido não pode ser deferido, pois seu domicílio
deverá ser o da sede da repartição. Nesse caso, faltar-lhe-ia condição para requerer a
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

transferência, pois não poderia fazer prova de que reside em local diferente da repartição.

Cuidado: apenas os conscritos não podem alistar-se como eleitores, durante o serviço
militar obrigatório (CF 14 § 2.º). Os demais militares devem inscrever-se. Ora, o domicílio
do militar é domicílio necessário (tal como o do marítimo): “o do militar, onde servir, e,
sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado” (CC 76 § único).

Crime do art. 289 do CE: “Art. 289. Inscrever-se, fraudulentamente, eleitor: Pena –
reclusão até 5 anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.” Segundo Vera Michels, o elemento
objetivo do tipo previsto nesse artigo consiste em declarar falsamente, no momento da
inscrição eleitoral, residência ou domicílio. (...) A jurisprudência do TSE é no sentido de
não se configurar a falsidade ideológica, quando couber a autoridade pública averiguar a
fidelidade da declaração que lhe é prestada

Prova do domicílio: dá-se por certidão de alistamento, para fins de transferência. Já para
fins de alistamento (qualificação + inscrição), a prova pode dar-se por qualquer outro meio
idôneo. “Domicílio eleitoral. Prova robusta de residência. Esparsas contas de luz e posse
de imóvel insuficiente. Simples inscrição no cartório eleitoral insuficiente. O domicílio
eleitoral deve ser provado de forma robusta, não bastando contas de luz esparsas e
simples aquisição de imóvel no local pretendido.” (Ac. no 12.565, de 17.9.92, rel. Min.
José Cândido.)

Voto fora do domicílio: A previsão foi incluída pela Lei nº 12.034/2009, a qual incluiu no
CE o art. 233-A, verbis: Art. 233-A. Aos eleitores em trânsito no território nacional é
igualmente assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da
República, em urnas especialmente instaladas nas capitais dos Estados e na forma
regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Condições do local de Domicílio e sua influência na obrigatoriedade de alistamento e voto


do portador de necessidades especiais. Res.-TSE no 21.920/2004: Art. 1º - O alistamento
eleitoral e o voto são obrigatórios para todas as pessoas portadoras de deficiência.
Parágrafo único. Não estará sujeita a sanção a pessoa portadora de deficiência que torne
impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativas
ao alistamento e ao exercício do voto.

Res.-TSE no 21.385/2003: inexigibilidade de prova de opção pela nacionalidade brasileira


para fins de alistamento eleitoral, não prevista na legislação pertinente.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (Med. Liminar) 4467- O Tribunal,


por maioria e nos termos do voto da Relatora, contra os votos dos Senhores Ministros
Gilmar Mendes e o Presidente, Ministro Cezar Peluso, concedeu liminar para, mediante
interpretação conforme conferida ao artigo 91-A, da Lei nº 9.504/97, na redação que lhe foi
dada pela Lei nº 12.034/09, reconhecer que somente trará obstáculo ao exercício do direito
de voto a ausência de documento oficial de identidade, com fotografia. Ausente,
justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa, com voto proferido na assentada
anterior. (STF - Plenário, 30.09.2010.)

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

2. TRANSFERÊNCIA E PRAZOS

Conceito de Transferência: ato de natureza administrativa pelo qual, a requerimento do


eleitor, o juiz eleitoral autoriza seja o eleitor inscrito em outra seção, zona ou circunscrição
eleitoral, com a perda do domicílio eleitoral anterior. Pode haver desistência da
transferência, mas será deferida apenas enquanto o Formulário de Alistamento Eleitoral
ainda se encontrar no cartório, ou no caso de pluralidade de residências.

As regras e processamento da transferência estão nos artigos 55 a 61 do CE. Houve


alterações, que iremos comentar.

São quatro os requisitos cumulativos para a transferência: no mínimo 1 ano da inscrição no


antigo domicílio (o prazo é contado da inscrição imediatamente anterior ao novo domicílio.
Não se aplica quando se tratar de transferência de título eleitoral de servidor público civil,
militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou transferência);
residência mínima de 3 meses no novo domicílio (não se aplica quando se tratar de
transferência de título eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro
de sua família, por motivo de remoção ou transferência); até 150 dias da eleição (91 da Lei
9504/97) e estar quite com a Justiça Eleitoral.

OBS: a transferência do título eleitoral, em caso de mudança de domicílio, além de poder


ser feita apenas após o transcurso de pelo menos um ano da inscrição primitiva e da
exigência mínima de 3 meses no novo domicílio, deverá ser requerida pelo eleitor ao juiz
eleitoral do novo domicílio, mediante requerimento com entrada no cartório eleitoral até
150 dias antes da eleição. Atenção: remoção para outra localidade de empregado de
empresa privada não afasta a exigência mínima de 3 meses no novo domicílio. Atenção:
segunda transferência de domicílio não afasta a exigência de transcurso de 1 ano da
inscrição anterior.

Procedimento (art. 57 CE): (1) Pedido formulado pelo eleitor, instruído com o título
eleitoral, no juízo eleitoral do novo domicílio; (2) Publicação na imprensa oficial, na
Capital, e em cartório, nas demais localidades; (3) Impugnação no prazo de 10 dias; (4)
Decisão imediata pelo juiz a respeito das impugnações; (5) Recurso ao TRE em 3 dias, pelo
eleitor (pedido indeferido; a jurisprudência estendeu para o partido político) ou delegado de
partido (pedido deferido). Recurso ao TRE em 05 dias, pelo eleitor (pedido indeferido) e 10
dias para delegado de partido (pedido deferido). Inexistindo recurso, o juiz eleitoral
comunica a transferência ao TRE em 10 dias. Decisão pelo TRE em 5 dias.

Observações: Ac.-TSE no 15.143/98: incompatibilidade, com o cadastro eletrônico, do


voto em separado, na hipótese de omissão do nome do eleitor na folha de votação. Res.-
TSE no 20.686/2000: impossibilidade de voto em separado, nos locais em que adotada
urna eletrônica, com base no art. 62 da Lei no 9.504/97; nos locais onde for realizada a
votação por cédulas, somente poderá votar o eleitor cujo nome conste da folha de votação.
Res.-TSE no 20.638/2000: impossibilidade de voto em separado na hipótese de dúvida ou
impugnação quanto à identidade de eleitor, impedindo-o de votar na urna eletrônica até

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

decisão do juiz eleitoral.

Prazos: há divergência quanto ao prazo para recurso do indeferimento ou do deferimento da


transferência, diante do que dispõe a Lei nº 6.996/82, art. 7º, § 1º (“Do despacho que
indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo alistando no prazo de
5 (cinco) dias e, do que o deferir, poderá recorrer qualquer Delegado de partido político no
prazo de 10 (dez) dias”):

O art. 60 do CE veda que o eleitor transferido vote no novo domicílio eleitoral em eleição
suplementar à que tiver sido realizada antes de sua transferência. Assim sendo, anulada a
eleição, o eleitor transferido de domicílio não poderá votar na nova eleição.

Se houver informação de filiação partidária, o juiz da zona para onde o eleitor se transferiu
oficia o juiz eleitoral da antiga zona para que a remeta.

Observação: (1) Qualquer pessoa pode se filiar a partido político? Não, somente as que
estiverem no pleno gozo dos direitos políticos, ressalvada a possibilidade de filiação do
eleitor considerado inelegível - Res.TSE 23.117, de 20.8.2009). (2) ser fundador ou
apoiador na criação da legenda não é sinônimo de ser filiado.

Procedimento de revisão ou correição das Zonas Eleitorais (art. 92 da Lei 9.504/97): o


Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o processamento dos títulos eleitorais, determinará
de ofício a revisão ou correição das Zonas Eleitorais sempre que, cumulativamente (Res.-
TSE nos 20.472/99, 21.490/2003, 22.021/2005 e 22.140/2006), I – o total de transferências
de eleitores ocorridas no ano em curso seja dez por cento superior ao do ano anterior; II – o
eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de idade
superior a setenta anos do território daquele Município; III – o eleitorado for superior a
sessenta e cinco por cento da população projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).

Medidas cabíveis: além dos recursos acima indicados, cabe MS, bem como as ações
autônomas de impugnação. “(...) Domicílio. Transferência. Procedimento administrativo.
Mandado de segurança. Cabimento. Assistência. Admissão. 1. Demonstrado o benefício
que a requerente poderá auferir com o provimento do recurso, admite-se seu ingresso no
feito como assistente. 2. A decisão judicial relativa a transferência de domicílio é de
natureza administrativa, não fazendo coisa julgada. Pode, assim, ser atacada por
mandado de segurança.” (Ac. de 14.2.2006 no AgRgAgRgREspe no 24.844, rel. Min.
Humberto Gomes de Barros.)

Visão panorâmica:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Questões de prova:

Conceitue domicílio eleitoral.

Ligação afetiva com Belém do Pará, poderia ter domicílio eleitoral lá? Resposta do
examinador: deve ser critérios objetivos como vínculo patrimonial, familiar e profissional e
não pode afetivo.

Domicílio eleitoral é igual ao civil?

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Qual a relação entre domicílio eleitoral e elegibilidade?

Condenação criminal a partir de quando há suspensão? Da sentença? Do transito em


julgado?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 1.c. Perda ou suspensão dos direitos políticos.


Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Direito Eleitoral do José Jairo Gomes, 8ª
ed. Ed. Atlas, 2012; Aula de Direito Eleitoral do Curso Alcance.

Legislação básica: art. 15 da CR/88.

Considerações iniciais:

Direitos políticos positivos e negativos: Direitos políticos positivos consistem no conjunto


de normas que asseguram a participação do indivíduo no processo político e nos órgãos
governamentais. Ex: normas sobre o voto, normas sobre alistamento, plebiscito, referendo e
iniciativa popular. Os direitos políticos negativos correspondem às previsões que
restringem o acesso do indivíduo aos órgãos governamentais, mediante impedimentos a
candidatura. Ex: normas sobre perda e suspensão dos direitos políticos, normas sobre
inelegibilidade.

Direito de votar e ser votado: O direito de votar (capacidade eleitoral ativa) e o direito de
ser votado (capacidade eleitoral passiva) estão incluídos nos direitos políticos atribuídos ao
cidadão. A perda e a suspensão dos direitos políticos são hipóteses que atingem,
respectivamente, a titularidade para negá-los e o exercício para restringi-los
temporariamente. Têm como fundamento constitucional o art. 15 e, no CE, art. 71.

O art. 15 da CF/88 prevê que é vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
suspensão só se dará nos casos enumerados nos incisos I a V, não as especificando.
Referido dispositivo constitucional decorre do estabelecimento do Estado Democrático de
Direito (art. 1°, caput), o qual tem como fundamento o pluralismo político (art. 1, V).

OBS: Os art. 6º, I, e 8º, I do DL nº 201/67, falam em extinção do mandato de prefeito e


vereador declarado pelo Presidente da Câmara, quando ocorrer “cassação dos direitos
políticos” ou condenação por crime funcional ou eleitoral.

O art. 71 do CE prevê cinco causas de cancelamento da inscrição eleitoral, as quais


acarretam a privação do exercício dos direitos políticos: (1) A infração ao art. 5°
(inalistáveis) e art. 42 (domicílio eleitoral); (2) Suspensão ou perda dos direitos políticos;
(3) A pluralidade de inscrição; (4) O falecimento do eleitor; e (5) Deixar de votar em três
eleições consecutivas.

Perda e suspensão dos direitos políticos:

Natureza jurídica: Antônio Carlos Mendes acentua que a perda ou suspensão dos direitos
políticos não constituem sanção penal, mas sanção constitucional de natureza não penal.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

A classificação abaixo utilizada no que se refere às hipóteses de perda e suspensão de


direitos políticos tem como base a obra de Sanseverino. Entretanto, cabe referir que, para
Alexandre de Moraes, as hipóteses de suspensão são: incapacidade civil absoluta,
condenação criminal com trânsito em julgado, enquanto durarem seus efeitos, e
improbidade administrativa; as hipóteses de perda são: cancelamento da naturalização por
sentença transitada em julgado em virtude de atividade nociva ao interesse social (art. 12,
§4°, I, CF/88), aquisição de outra nacionalidade (art. 12, §4°, II, CF/88) e escusa de
consciência. A distinção entre perda e suspensão é temporal, não qualitativa.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

1) A suspensão dos direitos políticos:

Suspensão é a privação temporária dos direitos políticos, que serão readquiridos nos futuro,
uma vez cessadas as causas que deram ensejo à suspensão. Atinge não a titularidade, mas o
exercício dos direitos políticos de forma temporária.

1.1) Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (art. 15,
III): A hipótese atinge a condenação criminal por crime, doloso ou culposo ou contravenção
penal. O termo “enquanto durarem seus efeitos” se refere até a data da declaração do termo
de extinção da pena ou da punibilidade (art. 107, CP), (vide súmula 09, TSE). Uma vez
cumprida ou extinta a pena, a pessoa readquire os direitos políticos automaticamente.

OBS 1: Os incidentes na execução penal não fazem com que a pessoa readquira os direitos
políticos (ex.: livramento condicional e sursis). Então, o sujeito em sursis não readquire
seus direitos políticos, sendo necessária a declaração do termo de extinção da pena ou da
punibilidade para que automaticamente os direitos políticos sejam readquiridos.

OBS 2: Medida despenalizadora da Lei 9.099/95 acarreta em suspensão dos direitos


políticos? Nas hipóteses de transação penal ou de suspensão condicional do processo não
haverá sequer condenação, logo não há que se falar em suspensão de direitos políticos.

OBS 3: A condenação a pena de multa importa na suspensão dos direitos políticos. Não é a
prisão que importa na suspensão dos direitos políticos, e sim a condenação criminal
transitada em julgado. Pena de multa é pena, a qual decorre de condenação criminal
transitada em julgado.

OBS 4: Preso pode votar? Depende do fundamento da prisão. A prisão só suspende os


direitos políticos se for decorrente de condenação criminal transitada em julgado. O
entendimento atual é de que não há voto do preso provisório e do preso devedor de
alimentos por impossibilidade física na prática, pois ele mantém seus direitos políticos e
seu direito de votar. [caiu na discursiva do MPF 26]. [se pagar a multa na execução fiscal a
punibilidade se extingue e automaticamente readquire os direitos políticos].

OBS 5: Suspensão dos direitos políticos X Inelegibilidade do art. 1º, I, c, LC 64/90: O


prazo da LC 64/90 é de desde o trânsito em julgado ou de decisão de colegiado até 8 anos
após o cumprimento da pena [observe que houve a antecipação dos efeitos admitindo a
suspensão a partir de decisão de órgão colegiado sem o trânsito em julgado]. Linha do
tempo para entender: 1) condenação por juiz de primeiro grau: Nada acontece para o
Direito Eleitoral. Pode votar e pode ser votado. 2) Condenação por órgão colegiado: Se
iniciará a inelegibilidade com a privação dos direitos políticos passivos. Então, não poderá
ser votado, sendo inelegível a partir desse momento. Pode votar? Sim, a inelegibilidade
atinge apenas a capacidade eleitoral passiva. 3) Trânsito em julgado: ocorre a suspensão de
todos os direitos políticos, ativos e passivos. 4) Extinção da pena: cessam os efeitos da
condenação e readquire os direitos políticos ativos. Continua inelegível por força da LC
64/90. 5) Após 8 anos: readquire todos os direitos políticos. Portanto, a inelegibilidade só
atinge o direito de ser votado. A suspensão atinge o direito de ser votado e o de votar. Elas
ocorrem em momentos diferentes. Atenção 1: O que aconteceu com o Collor não foi

25
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

inelegibilidade. Ele sofreu processo de impeachment por crime de responsabilidade e ficou


impedido de exercer qualquer cargo público por 8 anos e não apenas inelegível por 8 anos,
o que atingiria apenas sua capacidade de ser votado. Atenção 2: Para o TSE, a decisão de
Tribunal de Júri é decisão de órgão colegiado, gerando a inelegibilidade acima.

OBS 6: Antes da AP 470 era assim: A condenação criminal transitada em julgado não
acarreta, de forma automática, a perda do mandato de Deputado Federal ou Senador (art.
55, VI, CF/88). Com efeito, o art. 55, IV, CF/88, prevê a perda do mandato no caso de
perda ou suspensão dos direitos políticos. Mas, como há regra específica de perda do
mandato por condenação criminal (inciso VI), aplica-se o princípio da especialidade e,
assim, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal
(art. 55, §2°). Após mudança de entendimento do STF na Ação Penal 470 é assim: O
Supremo Tribunal Federal decidiu, em 17/12/12, que parlamentares condenados
criminalmente pela corte na Ação Penal 470, o processo do mensalão, devem perder o
mandato após o trânsito em julgado do processo. A decisão foi proferida após o voto do
decano do tribunal, ministro Celso de Mello, dar maioria apertada à corrente defendida pelo
relator e presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa: cinco votos a quatro. Com a
decisão, os deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e
Pedro Henry (PP-MT), condenados no processo do mensalão, devem perder seus mandatos,
cabendo à Câmara ato meramente declaratório. Votaram pela perda de mandato Joaquim
Barbosa, Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Luiz Fux. Ficaram vencidos o
revisor, Ricardo Lewandowski, e os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Rosa Weber.
Em seu voto, Celso de Mello acompanhou o entendimento defendido pelo ministro Gilmar
Mendes. Ambos afirmam que a perda de mandato deve ser automática em dois casos:
quando a condenação superior a um ano contiver improbidade administrativa, ou quando a
pena for superior a quatro anos. “Nessas duas hipóteses, a perda de mandato é uma
consequência direta e imediata causada pela condenação criminal transitada em julgado”,
afirmou o decano. Nos demais casos, Celso e Gilmar defendem que caberá às Casas
Legislativas decidir quanto à perda mandato.

Jurisprudência do TSE:

- Súm.-TSE 9/92: “A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal


transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de
reabilitação ou de prova de reparação dos danos”. Ac.-TSE nos 13.027/96, 302/98,
15.338/99 e 252/2003: para incidência deste dispositivo, é irrelevante a espécie de crime, a
natureza da pena, bem como a suspensão condicional desta.

- LC 64/90, art. 1°, I, e, com a redação dada pelo art. 2º da LC nº 135/2010: inelegibilidade
desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos, após o cumprimento da pena,
para os crimes nela elencados.

- Ac.-TSE, de 3.4.2008, no REspe nº 28.390: a suspensão dos direitos políticos decorrente


de condenação criminal não se confunde com o disposto no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90.

- Res.-TSE nº 23.241/2010: “A exigência de documentos originários da Justiça Eleitoral


como condição para o exercício de atos da vida civil, à margem dos impedimentos

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

legalmente estabelecidos em razão do descumprimento das obrigações relativas ao voto,


representa ofensa a garantia fundamental, haja vista o caráter restritivo das aludidas
normas.”

- Ac.-TSE, de 15.10.2009, no REspe nº 35.803: “A suspensão dos direitos políticos prevista


no art. 15, III, da Constituição Federal é efeito automático da condenação criminal
transitada em julgado e não exige qualquer outro procedimento à sua aplicação”.

- Res.-TSE nº 22.193/2006: aplicação deste dispositivo quando imposta medida de


segurança. Ac.-TSE nº 13.293/96: incidência, ainda, sobre condenação por prática de
contravenção penal.

1.2) Interdição por incapacidade civil absoluta (art. 3º do CC): não gera por si só a
suspensão, sendo necessária a interdição.

OBS 1: Os menores de dezesseis anos não entram nas hipóteses de suspensão, pois é
hipótese de impedimento, pois o menor de 16 anos ainda sequer tem direitos políticos;

OBS 2: Uma pessoa em coma está com os direitos políticos suspensos? Não, pois o coma
não gera por si só a suspensão, sendo necessária a interdição.

1.3) Condenação transitada em julgado por improbidade administrativa, nos termos do art.
37, § 4º (art. 15, V): Não basta o ato de improbidade, tem que haver condenação transita em
julgado. Na Lei 8.429/92, o art. 12 prevê, entre outras sanções, a suspensão de direitos
políticos, nos seguintes prazos: I (enriquecimento ilícito) - 8 a 10 anos; II (prejuízo ao
erário) - 5 a 8 anos; e III (princípios da Administração Pública) - 3 a 5 anos. Essa suspensão
não é automática, devendo ser tratada expressamente na decisão da improbidade
administrativa. A Lei 8.429/92 estabelece a suspensão dos direitos políticos como uma das
sanções aplicáveis, cabendo ao juiz decidir sobre sua incidência no caso concreto e sobre o
prazo de suspensão. A condenação por improbidade também pode implicar inelegibilidade,
nos termos do art. 1°, I, “h” da LC 64/90.

2) A perda dos direitos políticos:

Perda dos direitos políticos é a privação definitiva dos direitos políticos que, entretanto,
poderão ser readquiridos no futuro, mediante provocação do interessado [a causa é
definitiva, mas se houver provocação pode readquirir os direitos políticos].

2.1) Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do
art. 5º, VIII (art. 15, IV): O serviço militar é obrigatório nos termos da lei (art. 143, CF/88).
Compete às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em
tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal
o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de
atividades de caráter essencialmente militar (art. 143, §1°). A regulamentação da regra
constitucional foi feita pela Lei 8.239/91, a qual dispõe sobre serviço militar obrigatório e

27
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

prevê a possibilidade de serviço alternativo (art. 3°, §§1° e 2°).

O art. 438, CPP, prevê como hipótese de perda dos direitos políticos a recusa ao serviço do
júri: “Art. 438. A recusa ao serviço do júri fundada em convicção religiosa, filosófica ou
política importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos
direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto. § 1o Entende-se por serviço
alternativo o exercício de atividades de caráter administrativo, assistencial, filantrópico ou
mesmo produtivo, no Poder Judiciário, na Defensoria Pública, no Ministério Público ou
em entidade conveniada para esses fins.

2.2) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado: Essa é a primeira


hipótese da perda dos direitos políticos. Também ocorre a perda dos direitos políticos
quando há opção voluntária para aquisição de outra nacionalidade pelo brasileiro nato.
Portanto, tanto o brasileiro nato quanto o naturalizado podem sofrer a perda dos direitos
políticos por essa hipótese.

Observações finais:

As hipóteses de incapacidade civil absoluta, previstas no art. 3°, I e III, CC, podem
envolver situações que só têm relevância para os efeitos dos direitos políticos se ocorrerem
após os 16 anos. As demais situações dos incisos II e III do Código Civil podem envolver
ou situação de suspensão (quando for provisória a causa de incapacidade civil) ou de perda
(quando for definitiva a causa da incapacidade). As hipóteses de incapacidade absoluta
estão indicadas no art. 3°, II do CC/02. Quanto aos menores de 16 anos, há impedimento à
aquisição de direitos políticos, pois são inalistáveis. Os demais casos, em regra, exigem
processo judicial de interdição. Decretada a interdição, o juiz cível deve comunicar o juiz
eleitoral ou o TRE. O art. 1773 do CC/02 dispõe que a sentença de interdição produz
efeitos desde logo, embora sujeita a recurso. Controvérsia: J. Jairo entende que a suspensão
de direitos políticos, por força do art. 1.773 do CC/02, não exige o trânsito em julgado; já
Rodrigo L. Zílio entende que o trânsito em julgado é necessário.

Outra situação de suspensão ocorre na hipótese do maior de 16 anos e menor de 18 anos,


que tenha feito alistamento eleitoral facultativo. Convocado para prestar serviço militar
obrigatório, passa para a condição de conscrito e, no âmbito dos direitos políticos, não pode
alistar-se (art. 14, §2°, CF/88). Parece razoável dizer-se que o indivíduo tem os seus
direitos políticos suspensos durante o período do serviço militar obrigatório.

Antônio Carlos Mendes chama a atenção para outra hipótese de perda que não está
expressamente prevista no rol do art. 15, CF/88. Trata-se da perda da nacionalidade do
brasileiro que adquirir outra nacionalidade (art. 12, §4°, CF/88), ressalvados os casos das
alíneas “a” e “b” do inciso II. É a aquisição voluntária de nacionalidade derivada.

Quadro esquemático do livro do Thales Tácito:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Questões de prova:

Improbidade administrativa é perda ou suspensão? A partir de quando?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Perda e suspensão dos direitos políticos, fale sobre cada uma prevista no art. 15, CF
dizendo se é perda ou suspensão.

Casos de perda e suspensão de direitos políticos, fale sobre elas.

Quais os casos de perda ou suspensão dos direitos políticos previstos na Constituição


Federal?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 2.a. Voto universal, direto e secreto.


Principais obras consultadas: Santo Graal 27º. José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 8ª
Edição. Ed. Atlas.201; Luiz Carlos dos Santos Gonçalves. Direito Eleitoral.Coleção
Concursos Jurídicos. Ed. Atlas.2010; A Constituição e o Supremo.
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/

Legislação básica: Art. 14º, I, II, III, e §1º CF. 60, §4°, II da CF. Art. 220 do CE. Arts. 59,
§4° e 61, LE. Lei 7.444/85

1. Noções Gerais: É um direito político e, portanto, um direito fundamental. No Brasil é


um direito público subjetivo e, ao mesmo tempo, um dever cívico. O voto direto secreto
universal e periódico é cláusula pétrea (art. 60, §4°, II da CF). No sistema eleitoral
brasileiro o voto apresenta as seguintes características: personalidade, obrigatoriedade,
liberdade, secreto, direto, periódico, igual. Importante destacar que também se trata de
direito humano (art. 25 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, de 1966/ Dec
592/92)

2. Conceitos.

A) Sufrágio e voto: sufrágio é o direito público subjetivo de participar da formação da


vontade política do Estado. Possui duas dimensões, ativa (direito de votar) e passiva
(direito de ser votado, de ser eleito). O voto é o ato pelo qual o direito de sufrágio é
concretamente exercido.

O sufrágio pode ser universal ou restrito, igual ou desigual: Sufrágio universal é aquele em
que o direito de votar é atribuído ao maior número possível de nacionais, excluídos apenas
aqueles que, por motivos razoáveis (eg, idade), não podem participar do processo político
eleitoral. Sufrágio restrito é aquele concedido somente a alguns nacionais, com base em
critérios discriminatórios e irrazoáveis. O sufrágio restrito pode ser censitário (baseado na
capacidade econômica do indivíduo), capacitário/cultural (fundado na aptidão intelectual do
indivíduo) ou masculino (fundado no sexo, com exclusão das mulheres). Sufrágio igual é
aquele fundado no princípio da isonomia, de modo que o voto de todos os cidadãos possui
idêntico peso político (one man, one vote). Sufrágio desigual é aquele caracterizado pela
superioridade de certos votantes. Exemplo é o voto familiar, em que o pai de família detém
número de votos correspondente ao de filhos. No Brasil, foi adotado o sufrágio universal e
igual, nos termos do art. 14 da CRFB. Há, porém, quem entenda que a inelegibilidade dos
analfabetos configura resquício do sufrágio capacitário/cultural. Sobre o pondo José Jairo
afirma que: “A vigente constituição acolheu em parte esse tipo de sufrágio. Com efeito,
nega a capacidade eleitoral passiva dos analfabetos, pois estabelece que eles são
inelegíveis(...)”Gomes. p. 46.

B) Voto e escrutínio: “enquanto o voto é o exercício do sufrágio, dos direitos políticos, o


escrutínio designa a maneira como esse processo se perfaz, isto é, como o voto se

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

concretiza” Gomes.p.51. O escrutínio no Brasil é secreto e informatizado, pois com isso se


procura resguardar a autenticidade da manifestação do eleitor, garantindo o sigilo da
votação.

C) Sufrágio e cidadania: “A cidadania constitui atributo jurídico que nasce no momento


em que o nacional se torna eleitor” Gomes. p. 46.

D) Voto: o voto concretiza o direito de sufrágio. Natureza jurídica: direito ou dever? A


doutrina da soberania popular entende que o voto é um direito. A doutrina da soberania
nacional entende que o voto é um dever, uma função política em benefício da coletividade e
do Estado. J. Jairo, assim como a maioria da doutrina brasileira, adota posição sincrética,
entendendo que o voto é um direito público subjetivo dotado de função social e política,
função esta que legitima sua obrigatoriedade. O voto no Brasil é pessoal (vedado o
exercício mediante representante), obrigatório (não exercício deve ser justificado), livre
(liberdade de escolha), secreto (conteúdo não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral),
direto (em regra, representantes são escolhidos sem intermediários), periódico (princípio
republicano) e igual (igual valor numérico e político). O voto direto, secreto, periódico e
universal é cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB). ATENÇÃO: a obrigatoriedade não é
protegida por cláusula pétrea.

E) Voto múltiplo: é aquele em que o eleitor pode votar mais de uma vez em circunscrições
diferentes. F) Voto Plural: é uma variação do voto múltiplo, que permite ao eleitor votar
mais de uma vez na mesma circunscrição.

3. Voto universal: ver acima o que foi dito sobre o sufrágio universal. É cláusula pétrea.

“Caracteriza-se, pois, o sufrágio universal, pela concessão genérica de cidadania, a qual


só é limitada excepcionalmente” Gomes. p. 46

“Significa que, embora nem todo o povo ou todos os habitantes votem, as restrições não
impedem a participação da maioria. Universal, portanto, não é sinônimo de “para todos”
porque os menores de 16 anos não votam, os estrangeiros não votam e quem tiver com os
direitos políticos perdidos ou suspensos também não” Gonçalves. p. 17

O preso provisório e o adolescente em conflito com a lei têm direito ao voto.

4. Voto direto: é aquele mediante o qual o eleitor escolhe seus representantes de modo
imediato, sem qualquer mediação por instância intermediária ou colégio eleitoral. É regido
pelo princípio da imediaticidade do voto. É cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a
garantir o princípio democrático. Não retira o caráter direto do voto a adoção do sistema
proporcional, pois, neste sistema, o voto do eleitor é que é decisivo para a atribuição do
mandato, não qualquer decisão a ser tomada por intermediário ou órgão colegiado.

OBS 1: O voto indireto constitui exceção ao cânone do exercício direto do sufrágio e é


previsto somente para a dupla vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente nos
últimos dois anos do período presidencial (art. 81, §1°, da CRFB). Neste caso de dupla
vacância, a eleição será feita pelo Congresso Nacional, em 30 dias da última vacância,

33
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

devendo ser observadas as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade. A


votação deve ser aberta, para que o eleitor conheça o voto de seu representante (STF, ADI
4.298/TO).

OBS 2: No âmbito dos Estados e dos Municípios, esta hipótese de voto indireto no caso de
dupla vacância não é caso de norma de reprodução obrigatória, pois não se submete ao
princípio da simetria, mas pode ser aplicada no âmbito dos Estados, desde que exista
previsão na Constituição Estadual, e dos Municípios desde que haja previsão na Lei
Orgânica e não exista vedação na respectiva Constituição Estadual (STF, ADI 3.549-GO).

OBS 3: As constituições estaduais podem dispor de modo diverso? Embora não deixem de
revelar certa conotação eleitoral, porque dispõe o procedimento de aquisição eletiva do
poder político, não haveria como reconhecer ou atribuir características de direito eleitoral
stricto sensu às normas que regem a eleição indireta no caso de dupla vacância no último
biênio do mandato. Em última instância, essas leis teriam por objeto matéria político
administrativa que demandaria típica decisão do poder geral de autogoverno, inerente à
autonomia política dos entes federados. Portanto, o artigo 81, §1º, CF se aplica somente à
dupla vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, como
especialíssima exceção ao cânone do exercício direto do sufrágio. Não obstante a
inaplicabilidade do princípio da simetria ao caso, se a constituição estadual reproduzir o
texto do artigo 81, §1º, CF, a reserva de lei ao qual a norma reproduzida se refere se trata de
lei de competência do próprio ente federado. [ADI 4298MC/TO, 2009]

5. Voto secreto: o conteúdo do voto não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral. O segredo
é direito do eleitor, sendo que só ele, querendo, pode revelar seu voto. O sigilo do voto é
cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a garantir a liberdade do eleitor e a lisura do
pleito. É nula a votação quando preterida formalidade essencial do sigilo do voto (art. 220,
IV do CE.). No caso de voto eletrônico a urna deverá possuir recursos que mediante
assinatura digital permitam o registro digital de cada voto e a identificação da urna em que
foi registrado, resguardando o anonimato do eleitor (arts. 59, §4° e 61,LE). Na ADI
4543/DF o STF por unanimidade deferiu medida cautelar para suspender eficácia do art. 5º
da Lei 12.034/2009 por entender vulnerado o sigilo do voto e a segurança do sistema.

6. Jurisprudência:

A) “Sigilo do voto: direito fundamental do cidadão. (...) A exigência legal do voto impresso
no processo de votação, contendo número de identificação associado à assinatura digital
do eleitor, vulnera o segredo do voto, garantia constitucional expressa. A garantia da
inviolabilidade do voto põe a necessidade de se garantir ser impessoal o voto para
garantia da liberdade de manifestação, evitando-se qualquer forma de coação sobre o
eleitor. A manutenção da urna em aberto põe em risco a segurança do sistema,
possibilitando fraudes, impossíveis no atual sistema, o qual se harmoniza com as normas
constitucionais de garantia do eleitor. Cautelar deferida para suspender a eficácia do art.
5º da Lei 12.034/2002.” (STF ADI 4.543-MC);

B) “Ação direta de inconstitucionalidade – Lei 6.571/1994, do Estado da Bahia – Dupla


vacância dos cargos de Governador e de Vice-Governador do Estado – Eleição pela

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Assembleia Legislativa para o exercício do mandato residual. (...) A cláusula tutelar


inscrita no art. 14, caput, da Constituição tem por destinatário específico e exclusivo o
eleitor comum, no exercício das prerrogativas inerentes ao status activae civitatis. Essa
norma de garantia não se aplica, contudo, ao membro do Poder Legislativo nos
procedimentos de votação parlamentar, em cujo âmbito prevalece, como regra, o
postulado da deliberação ostensiva ou aberta. As deliberações parlamentares regem-se,
ordinariamente, pelo princípio da publicidade, que traduz dogma do regime constitucional
democrático. A votação pública e ostensiva nas Casas Legislativas constitui um dos
instrumentos mais significativos de controle do poder estatal pela sociedade civil.” (STF
ADI 1.057-MC.) (grifo meu). “Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:I- plebiscito;II- Referendo; III- Iniciativa Popular”.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 2.b. Nacionalidade e Cidadania. Direitos políticos. Cargos


privativos de brasileiro nato.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º. José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 8ª
Edição. Ed. Atlas.201; Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.Direito Eleitoral.Coleção
Concursos Jurídicos. Ed. Atlas.2010; Pedro Lenza. Direito Constitucional
Esquematizado.Ed. Saraiva. 2012; A Constituição e o Supremo.
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/

Legislação básica. Arts. 12 a 16 da CF. Dec. 4246/2002. Lei 818/1949. Arts. 111 a 121 da
Lei 6.815/80. Dec. 3453/2000. Lei 4737/1965. Lei 9709/98.

1.Noções Gerais: Enquanto a cidadania identifica os detentores de direitos políticos, a


nacionalidade é um vínculo do indivíduo com o Estado. Ambos são direitos fundamentais.
Importante destacar que também se trata de direito humano (arts. 24 e 25 do Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos, de 1966/ Dec 592/92)

2. Nacionalidade e cidadania:

A nacionalidade é o vínculo jurídico-político que une uma pessoa física a um Estado, pois
perante o Estado ele é nacional ou estrangeiro, do qual decorre uma série de direitos e
obrigações. Aquisição de nacionalidade pode ser: 1) Originária ou primária: esse tipo, em
geral, não está relacionado a um ato de vontade, pois decorre de um fato natural, o
nascimento. Dois critérios predominam para definição da nacionalidade primária: o jus
solis e o jus sanguinis. O jus solis, ou critério territorial, determina a nacionalidade pelo
lugar do nascimento, sem influência da nacionalidade dos ascendentes. É adotada em países
que formaram seu povo com grande influência de imigrantes. Nos países onde predomina a
emigração, o critério predominante é do jus sanguinis, que atribui a nacionalidade pelos
ascendentes, é o critério mais antigo. 2) Secundária ou adquirida: é adquirida por fato
posterior ao nascimento, em geral por um ato de vontade.

A nacionalidade é um verdadeiro direito fundamental que une o indivíduo a um Estado.


Segundo Gilmar Ferreira Mendes a “nacionalidade configura vínculo político e pessoal
que se estabelece entre o Estado e o indivíduo, fazendo com que este integre uma dada
comunidade política, o que faz com que o estado distinga o nacional do estrangeiro para
diversos fins” MENDES, p. 679

Apatridia é um conflito negativo de atribuição de nacionalidade, ocorrendo pela sua perda


arbitrária, em geral por motivos políticos, ou não incidência de qualquer critério de
atribuição de nacionalidade a uma pessoa. Essa situação fere o direito humano à
nacionalidade. A Polipatria ou plurinacionalidade é um conflito positivo na atribuição da
nacionalidade devido à coincidência de critérios para uma mesma pessoa. Muito embora a
nacionalidade seja, primariamente, assunto de Direito interno (Convenção de Haia
Concernente a Certas Questões Relativas aos Conflitos de Leis sobre Nacionalidade, de

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

1930), o direito internacional regula alguns dos seus aspectos. A Declaração Universal dos
Direitos Humanos (art. XV, § 2°) afirma que “ninguém será arbitrariamente privado de sua
nacionalidade”, ou seja, é possível a perda da nacionalidade, contanto que seja em
decorrência de regras previamente estabelecidas e compatíveis com as normas
internacionais de direitos humanos. O Direito Internacional repugna a retirada da
nacionalidade por motivos políticos, raciais ou religiosos, ou a partir de considerações de
caráter meramente discricionário PORTELA, p.261.

Cidadania, ao seu turno, é a condição jurídica por meio da qual se permite que o nacional
exerça seus direitos políticos de votar e ser votado. A cidadania pressupõe a nacionalidade,
ou seja, para que se possa ser cidadão de um determinado Estado é imprescindível que a
pessoa também seja um dos nacionais deste Estado. Verifica-se, deste modo, que é
justamente a possibilidade de exercer direitos políticos que diferencia o nacional cidadão do
nacional destituído de cidadania, pois todo cidadão é nacional, mas nem todos nacional é
cidadão. OBS: é possível um não nacional, logo sem cidadania, exercer direitos políticos?
Sim. É o caso do português equiparado.

“Chama-se de cidadão o [nacional] detentor de direitos políticos. Trata-se do nacional


admitido a participar da vida política do País, seja escolhendo os governantes, seja sendo
acolhido para ocupar cargos político-eletivos. Conforme averba Silva (2006,p.347) “a
cidadania se adquire com a obtenção da qualidade de eleitor que documentalmente se
manifesta na posse de título de eleitor válido” José Jairo Gomes. Op. Cit. p.45

Cidadania X Nacionalidade: “É comum a confusão entre os conceitos de cidadania e


nacionalidade.(...) A cidadania é um status ligado ao regime político; identifica os
detentores de direitos políticos. Já a nacionalidade é um status do indivíduo perante o
Estado. Indica que uma pessoa encontra-se ligada a determinado Estado. (...) A cidadania
constitui atributo jurídico que nasce no momento que o cidadão se torna eleitor” Gomes.
p.45/46. Portanto: Cidadão, em regra, é um nacional, entretanto, há casos de cidadania sem
nacionalidade (português equiparado, art. 12, §1º, CRFB) e nacionalidade sem cidadania
(ex.: menor de 16 anos; art 15, CRFB, salvo o inciso I).

Como o indivíduo adquire a cidadania? O indivíduo adquire os direitos políticos da


cidadania por intermédio do alistamento eleitoral (que possui natureza jurídica de ato
administrativo declaratório). Isto é, na ocasião na ocasião em que o indivíduo obtém a
qualidade de eleitor, adquire o direito de votar nas eleições em geral, nos plebiscitos e
referendos, bem como de subscrever projetos de lei de iniciativa popular. A capacidade
eleitoral passiva, porém, é gradativa. Aos 18 anos, desde que preencher os demais
requisitos de elegibilidade, adquire a capacidade para ser vereador; aos 21 anos, deputado
estadual, deputado distril, deputado federal, Prefeito e vice; aos 30 anos, Governador e
vice; aos 35 anos, para senador, presidente ou vice-presidente da república.

É possível haver a perda da nacionalidade? Sim. Pode atingir tanto o brasileiro nato quanto
o naturalizado. O brasileiro nato e o naturalizado podem perder sua nacionalidade pela
aquisição de outra nacionalidade, por naturalização voluntária exceto se nas hipóteses do
art. 12, § 4º, inc. II, alíneas “a” e “b” (aquisição de nacionalidade originária ou imposição
de naturalização por outro Estado). O brasileiro naturalizado também pode perder sua
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

nacionalidade por cancelamento da naturalização brasileira, por sentença judicial, em razão


de atividade nociva ao interesse nacional (ex.: se condenado pelo crime de tráfico de drogas
– mas não é efeito direto ou automático da condenação penal, pois a perda da nacionalidade
é sanção de caráter administrativo. Atenção: não existe hipótese de perda da nacionalidade
brasileira como sanção de caráter penal).

Estatuto da igualdade: Estatuto da Igualdade entre brasileiros e portugueses de 1971 foi


substituído pelo Tratado de Amizade e Cooperação e Consulta entre a República
Portuguesa e o Brasil, de 22∕04∕2000. Tratado de ampla cooperação nos campos político,
cultural, científico, econômico e financeiro. Importante: Segundo REZEK, altera a clássica
noção da nacionalidade como pressuposto necessário da cidadania. “Seu regime torna
possível que, conservando incólume o vínculo de nacionalidade com um dos dois países, o
indivíduo passe a exercer no outros direitos inerentes à qualidade de cidadão”.

OBS 1: não é hipótese de aquisição de nacionalidade. É norma que permite o exercício de


direitos inerentes ao brasileiro nato, com exceção dos casos previstos na CF.

OBS 2: os benefícios do Estatuto da Igualdade NÃO SÃO AUTOMÁTICOS! Só serão


atribuídos aos brasileiros e portugueses que o requeiram, que sejam civilmente capazes e
com residência habitual no país em que são pleiteados, por decisão do Ministério da Justiça,
no Brasil, e do Ministério da Administração Interna, em Portugal.

Os portugueses podem requerer direitos iguais aos dos brasileiros naturalizados (não aos
dos brasileiros natos), sem se tornar nacionais do Brasil e sem perder sua nacionalidade de
origem – situação chamada de “quase-nacionalidade”. Dois procedimentos: a) quase-
nacionalidade restrita – Simples igualdade de direitos e obrigações civis – basta a prova da
sua nacionalidade, da sua capacidade civil e de sua admissão no Brasil em caráter
permanente, sem necessidade de prazo mínimo de residência no país; b) quase-
nacionalidade ampla – Para aquisição de direitos políticos – deve estar em gozo de seus
direitos políticos em Portugal e residir no Brasil há pelo menos 3 anos. Enquanto estiver
exercendo seus direitos políticos no Brasil, ficarão suspensos seus direitos políticos em
Portugal.

Por esse Estatuto, brasileiros e portugueses ainda: a) ficam submetidos à lei penal do
Estado de residência, nas mesmas condições dos respectivos nacionais; b) não estão
sujeitos à extradição, salvo se requerida pelo Governo do Estado da Nacionalidade; c) gozo
de iguais direitos e deveres; d) caso necessitem de proteção diplomática, será o país de
origem que irá protegê-lo; e) extinção do benefício estatutário – pela expulsão do território
nacional ou pela perda da nacionalidade originária. A suspensão dos direitos políticos no
país de origem acarretará também a extinção dos mesmos direitos no outro país.

O estatuto de igualdade se extinguirá com a perda, pelo beneficiário, de sua nacionalidade,


ou com a cessação da autorização de permanência.

OBS 1: Os beneficiários do Estatuto da Igualdade se submetem à lei do Estado em que


residem.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

OBS 2: O português e o brasileiro que gozam do Estatuto da igualdade não estão sujeitos à
extradição, salvo se requerida pelo governo do Estado de nacionalidade. (Info STF 121).

OBS 3: O status do português beneficiário NÃO SE IDENTIFICA COM O DO


BRASILEIRO NATURALIZADO, visto que o cidadão de Portugal pode ser extraditado e
expulso e, no exterior, não conta com proteção diplomática e consular.

OBS 4: Atualmente a principal dificuldade para a aplicação do Estatuto da Igualdade


Brasil-Portugal consiste na impossibilidade de Portugal atribuir status de cidadão português
e, portanto, detentor de cidadania europeia para cidadãos de um Estado não pertencente à
EU. Com isso, viola-se a regra constitucional da reciprocidade.

Nacionais do MERCOSUL: Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Parte do
Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e Acordo sobre Residência para
Nacionais do Mercosul Bolívia e Chile (Estados Associados) – promulgados no Brasil
pelos Decretos n. 6.964∕2009 e 6.975∕2009, respectivamente. O estrangeiro beneficiado com
os Acordos de Residência possui igualdade de direitos civis no Brasil. Deveres e
responsabilidades trabalhistas e previdenciárias são também resguardadas, além do direito
de transferir recursos. Interessante que os estrangeiros poderão requerer residência em
quaisquer dos Estados signatários, independentemente de estarem em situação migratória
regular ou irregular. Os que estiverem em situação irregular ficam isentos de multas ou
outras sanções administrativas relativas à sua situação migratória. É concedida a residência
temporária por dois anos; 90 dias antes de terminar esse prazo, o estrangeiro pode requerer
a transformação em residência permanente.

3. Critérios adotados pelo Brasil para aquisição da nacionalidade: Originária: a) Jus


soli – o indivíduo tem a nacionalidade do Estado em cujo território nasceu – critério
territorial (em regra, adotado pelos países de tradição imigratória); b) Jus sanguinis - a
nacionalidade se transmite por laços familiares de ascendência – critério familiar – fixado
por laços sanguíneos. O indivíduo tem a nacionalidade de seus pais, pouco importando o
local em que tenha nascido (em regra, adotado pelos países de tradição emigratória); c)
Sistema misto – combina os dois critérios – será nacional tanto aquele que nascer no
território do Estado quanto o que tem laços familiares com um nacional do Estado. Para a
maioria da doutrina, o Brasil adota o sistema misto (com prevalência do jus soli). Derivada
ou adquirida: é uma nacionalidade secundária, a qual é obtida mediante ato voluntário do
agente em um processo de naturalização. É aquela solicitada por vontade própria, por uma
decisão do indivíduo, conjugada à manifestação do Estado em conceder sua nacionalidade.
É a nacionalidade que o indivíduo adquire posteriormente ao seu nascimento e, em regra,
implica a ruptura do vínculo anterior. Depende do atendimento a requisitos, ora
alternativos, ora cumulativos, definidos pelo ordenamento jurídico de cada Estado.

OBS: Já houve no Brasil hipótese de naturalização tácita? Sim. Na Constituição de 1891.


[“São cidadãos brasileiros os estrangeiros que, achando-se no Brasil em 15 de novembro de
1889, não declararem, dentro de seis meses depois de entrar em vigor a Constituição o
ânimo de conservar a nacionalidade de origem].

OBS: A concessão de naturalização a estrangeiro é ato vinculado? Não. Em regra, a decisão

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

pela concessão da nacionalidade derivada é ato discricionário da autoridade pública


nacional, não sendo direito adquirido pelo estrangeiro, mesmo que ele preencha todos os
requisitos legais. Porém, existem hipóteses constitucionais em que o Estado é compelido a
conceder a naturalização (caso do art. 12, II da CF∕88).

4. Cargos Privativos de Brasileiros Natos: Destaque-se que apenas a Constituição pode


estabelecer distinção entre os brasileiros natos e naturalizados, sendo que ela o fez somente
em quatro aspectos: ocupação privativa de certos cargos, exercício privativo de funções,
propriedade de empresa jornalística e tratamento diferenciado para a extradição. Interessa-
nos, no presente ponto, apenas os dois primeiros. O rol de cargos privativos de brasileiros
natos está previsto no art. 12, § 3° da CR

A Constituição também estabelece em seu art. 89, inciso VII, que os seis cidadãos que
integram o Conselho da República devem ser brasileiros natos, maiores de 35 anos, sendo
que dois deles serão nomeados pelo Presidente da República, dois serão eleitos pelo Senado
Federal e outros dois eleitos pela Câmara dos Deputados.

OBS: Português equiparado: Português equiparado não pode ocupar cargos privativos de
brasileiro nato (art. 12, §3º, CRFB/88), sendo assim, não possui elegibilidade plena, visto
que jamais poderá ser presidente e vice-presidente da república. Deve-se fazer remissão à
resolução nº 21.538/03, art. 51, §4º c/c art. 17 do Decreto 3.927/01. Esses dispositivos
afirmam que, caso o português opte por exercer direitos políticos no Brasil, ficará suspenso
desses mesmos direitos em Portugal.

5. Direitos Políticos: “É o ramo do Direito Público cujo objeto são os princípios e as


normas que regulam a organização e o funcionamento do Estado e do Governo,
disciplinando o exercício e o acesso ao poder estatal. Encontra-se, pois, compreendido no
Direito Constitucional(...)”. “Denominam-se direitos políticos ou cívicos [aqueles]
inerentes à cidadania. Englobam o direito de participar direta ou indiretamente, da
organização e do funcionamento do Estado.” “(...) os direitos políticos disciplinam as
diversas manifestações da soberania popular, a qual se concretiza pelo sufrágio universal,
pelo voto direito e secreto (com valor igual para todos os votantes), pelo plebiscito
referendo e iniciativa popular”.

Existem duas modalidades de direitos políticos: os direitos políticos ativos e direitos


políticos passivos. Enquanto os primeiros asseguram a pessoa o direito subjetivo de
participação no processo político e nos órgãos governamentais, os direitos políticos
passivos facultam que ela possa ser votada e está ligado às condições de elegibilidade.
“Extrai-se do Capítulo IV, do Título II, da Constituição Federal, que os direitos políticos
disciplinam as diversas manifestações da soberania popular, a qual se concretiza pelo
sufrágio universal, pelo voto direito e secreto (com valor igual para todos os votantes), pelo
plebiscito, referendo e iniciativa popular.” Gomes. p.4.

Questões de prova:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Fale sobre a capacidade eleitoral passiva e ativa dos portugueses no brasil.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 2.c. Plebiscito e referendo. Iniciativa popular.


Principais obras consultadas: Santo Graal 27º. José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 8ª
Edição. Ed. Atlas.2012; Luiz Carlos dos Santos Gonçalves.Direito Eleitoral.Coleção
Concursos Jurídicos. Ed. Atlas.2010; Pedro Lenza. Direito Constitucional
Esquematizado.Ed. Saraiva. 2012; A Constituição e o Supremo.
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/

Legislação básica. Arts. 14 da CF. Art. 18 §3º e 4°da CF. Art. 49, XV da CF. Art. 61 §2º
da CF; Art. 2º do ADCT; Arts. 1o, II e III, 2º, §, 3º, 6º, 8º, 10 a 14 da Lei 9709/1998

1. Noções Gerais: A CRFB, no intuito de atenuar o formalismo da democracia


representativa, inovou na adoção de instrumentos da democracia direta ou semidireta.
Aproximou-se, assim, do ideal da democracia participativa. “No sistema brasileiro a
democracia representativa é temperada com mecanismos próprios de democracia direta,
entre os quais citem-se: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular (CF, art 14, I, II, III
e art. 61§ 2º)” Gomes. p. 40.

2. Conceitos: Plebiscito e referendo: São consultas formuladas ao povo para que delibere
sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional administrativa ou
legislativa. (art. 2º da Lei 9709/98). A diferença entre plebiscito e referendo concentra-se
no momento de sua realização.

Plebiscito: “(...) consiste na consulta prévia à edição de “ato legislativo ou administrativo,


cabendo ao povo aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido” (Lei 9709/98, art.
2º, §1º)” (grifo meu) Gomes. p. 40. (exp.: plebiscito sobre a monarquia de 1993).

Referendo: “É a consulta posterior à edição de “ato legislativo ou administrativo,


cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição” (Lei 9709/98, art. 2º, §2º)” (grifo
meu) Gomes. p. 40/41. Referendo é uma consulta posterior sobre determinado ato ou
decisão governamental, seja para atribuir-lhe eficácia que ainda não foi reconhecida
(condição suspensiva), seja para retirar a eficácia que lhe foi provisoriamente conferida
(condição resolutiva). (exp.: recente referendo sobre o uso de armas).

Iniciativa popular: “(...) é o poder atribuído aos cidadãos para apresentar projetos de lei
ao Parlamento, desfechando, com essa medida, procedimento legislativo que poderá
culminar em uma lei” Gomes. p.41.

3. Detalhamento: A realização de plebiscito e referendo depende de autorização do


Congresso Nacional (art. 49, XV da CRFB), excetuados os casos expressamente previsto na
Constituição (art. 18, §§3º e 4º da CRFB), para alteração territorial de Estados e
Municípios, e no art. 2º do ADCT, sobre a forma e sistema de governo.

O plebiscito e o referendo estão submetidos à reserva legal expressa (art. 14, caput da
CRFB). A matéria está hoje regulada na Lei nº 9.709/98. O art. 3º do aludido diploma
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

consagra que o plebiscito e o referendo serão convocados por meio de decreto legislativo
proposto por no mínimo 1/3 dos votos dos membros que compõem uma das Casas do
Congresso Nacional. Não se admite a convocação de plebiscito ou referendo mediante
iniciativa popular. De acordo com a Lei 9.709/98, plebiscito e referendo devem ser
convocados para questões de relevância nacional, bem como para formação e alteração
territoriais de Estados e Municípios (art. 18, §§ 3º e 4º da CRFB).

O Brasil já realizou um referendo sobre o sistema de governo, em 6 de janeiro de 1963,


durante a gestão de João Goulart. Em 21 de abril de 1993 foi realizado plebiscito sobre a
forma e o sistema de governo no Brasil (monarquia parlamentar ou república;
parlamentarismo ou presidencialismo). Em 23 de outubro de 2005 foi realizado referendo
sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, com vistas à aprovação
ou não do disposto no art. 35 da Lei nº 10.826, de 23 de dezembro de 2003, conhecida
como Estatuto do desarmamento. Nesta consulta, maioria do eleitorado optou pela não
proibição. ATENÇÃO: há quem sustente, como Ivo Dantas, que o sistema presidencialista
e a forma republicana de governo adquiriram o status de cláusulas pétreas após o plebiscito
de 1993.

Iniciativa popular: A iniciativa popular está prevista no art. 61, §2º da CRFB e poderá ser
exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no
mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos cinco Estados, com não
menos 0,3% do eleitorado de cada um destes Estados. A iniciativa popular também é
regulada pela Lei nº 9.709/98. Esta lei estabeleceu que o projeto de iniciativa popular deve
restringir-se a um único assunto e que não se pode rejeitar proposição decorrente de
iniciativa popular por vício de forma (art. 13, §2º). Como se observa, o povo não tem a
capacidade de legislar diretamente, apenas possuindo a prerrogativa de apresentar o projeto
de lei à Câmara que poderá, ou não, se tornar lei. ATENÇÃO: A doutrina majoritária não
admite iniciativa popular em sede de emendas constitucionais, por entender que o rol do art.
60 da CRFB é taxativo, mas existem fozes em sentido contrário entendendo que por um
critério de razoabilidade é admissível iniciativa popular de PEC com base na idéia de que o
titular do Poder Constituinte é o povo, concepção inexoravelmente ligada à noção de
soberania popular.

O resultado de plebiscito ou referendo pode ser alterado por lei ou emenda à constituição?
Segundo Pedro Lenza, o legislador não pode contrariar a vontade popular, que passa a ser
vinculante, e a lei ou a EC seriam inconstitucionais por violação aos artigos 14, I ou II c/c
art. 1º da Constituição.

4. Jurisprudência:

A) Pedido. Associação civil. Projeto. Iniciativa popular. Proposta. Alteração. Lei


Complementar nº 64/90. Eleitores. Apoio. Utilização. Urna eletrônica. Momento. Eleição
municipal de 2008. Divulgação. Meios de comunicação. Gratuidade. Impossibilidade.
Ausência. Previsão legal. Lei nº 9.709/98. 1. O art. 13 da Lei nº 9.709/98 - que
regulamenta o art. 14, I, II e III, da Constituição Federal - estabelece que a iniciativa
popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito
por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. 2. O
citado diploma não prevê a possibilidade de que cidadãos, que desejam subscrever
eventual projeto de lei de iniciativa popular, possam fazê-lo por meio da urna eletrônica,
no momento de uma eleição realizada no país. 3. De igual modo, a mencionada lei
regulamentadora não prevê a possibilidade da divulgação dessa iniciativa por intermédio
dos meios de comunicação de massa, de forma gratuita. Pedido indeferido. (PA nº 19937 -
juiz de fora/MG, Resolução nº 22882 de 05/08/2008, Rel. Min. CARLOS EDUARDO
CAPUTO BASTOS);

B) “Após a alteração promovida pela EC 15/1996, a Constituição explicitou o alcance do


âmbito de consulta para o caso de reformulação territorial de Municípios e, portanto, o
significado da expressão ‘populações diretamente interessadas’, contida na redação
originária do § 4º do art. 18 da Constituição, no sentido de ser necessária a consulta a
toda a população afetada pela modificação territorial, o que, no caso de desmembramento,
deve envolver tanto a população do território a ser desmembrado, quanto a do território
remanescente. Esse sempre foi o real sentido da exigência constitucional – a nova redação
conferida pela emenda, do mesmo modo que o art. 7º da Lei 9.709/1998, apenas tornou
explícito um conteúdo já presente na norma originária. A utilização de termos distintos
para as hipóteses de desmembramento de Estados-membros e de Municípios não pode
resultar na conclusão de que cada um teria um significado diverso, sob pena de se admitir
maior facilidade para o desmembramento de um Estado do que para o desmembramento
de um Município. Esse problema hermenêutico deve ser evitado por intermédio de
interpretação que dê a mesma solução para ambos os casos, sob pena de, caso contrário,
se ferir, inclusive, a isonomia entre os entes da federação. O presente caso exige, para
além de uma interpretação gramatical, uma interpretação sistemática da Constituição, tal
que se leve em conta a sua integralidade e a sua harmonia, sempre em busca da máxima
da unidade constitucional, de modo que a interpretação das normas constitucionais seja
realizada de maneira a evitar contradições entre elas. Esse objetivo será alcançado
mediante interpretação que extraia do termo ‘população diretamente interessada’ o
significado de que, para a hipótese de desmembramento, deve ser consultada, mediante
plebiscito, toda a população do Estado-membro ou do Município, e não apenas a
população da área a ser desmembrada. A realização de plebiscito abrangendo toda a
população do ente a ser desmembrado não fere os princípios da soberania popular e da
cidadania. O que parece afrontá-los é a própria vedação à realização do plebiscito na
área como um todo. Negar à população do Território remanescente o direito de participar
da decisão de desmembramento de seu Estado restringe esse direito a apenas alguns
cidadãos, em detrimento do princípio da isonomia, pilar de um Estado Democrático de
Direito. Sendo o desmembramento uma divisão territorial, uma separação, com o
desfalque de parte do território e de parte da sua população, não há como excluir da
consulta plebiscitária os interesses da população da área remanescente, população essa
que também será inevitavelmente afetada. O desmembramento dos entes federativos, além
de reduzir seu espaço territorial e sua população, pode resultar, ainda, na cisão da
unidade sociocultural, econômica e financeira do Estado, razão pela qual a vontade da
população do território remanescente não deve ser desconsiderada, nem deve ser essa
população rotulada como indiretamente interessada. Indiretamente interessada – e, por
isso, consultada apenas indiretamente, via seus representantes eleitos no Congresso

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Nacional – é a população dos demais Estados da Federação, uma vez que a redefinição
territorial de determinado Estado-membro interessa não apenas ao respectivo ente
federativo, mas a todo o Estado Federal. O art. 7º da Lei 9.709, de 18-11-1998, conferiu
adequada interpretação ao art. 18, § 3º, da Constituição, sendo, portanto, plenamente
compatível com os postulados da Carta Republicana. A previsão normativa concorre para
concretizar, com plenitude, o princípio da soberania popular, da cidadania e da
autonomia dos Estados-membros. Dessa forma, contribui para que o povo exerça suas
prerrogativas de cidadania e de autogoverno de maneira bem mais enfática.” (STF ADI
2.650)

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 3.a. Seções, zonas e circunscrições eleitorais.


Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Rodrigo Lopez Zilio. Direito Eleitoral, 3ª
Edição. Ed. Verbo Jurídico; José Jairo Gomes. Direito Eleitoral, 6ª Edição. Ed. Atlas.

Legislação básica: Código Eleitoral e Lei 9.504/97.

O CE dividiu o eleitorado brasileiro em circunscrição eleitoral, zona eleitoral e seções


eleitorais.

Circunscrição eleitoral: O conceito de circunscrição eleitoral é encontrado no art. 86 do


Código Eleitoral. É uma divisão territorial que tem em vista a realização do pleito. Nas
eleições municipais, cada município constitui uma circunscrição. Nas eleições gerais
(Governador, Senador e Deputado), a circunscrição é o Estado da Federação. Já nas
eleições presidenciais, a circunscrição é o território nacional.

Questões que envolvam eleições: Circunscrição municipal – juiz eleitoral; Circunscrição


estadual – TER; Circunscrição nacional – TSE

OBS: A circunscrição tem importância na fixação do domicílio e inelegibilidade parental.

Zona eleitoral: A zona eleitoral é unidade de jurisdição eleitoral – equivale, mutatis


mutandis, às varas da justiça comum. A cada zona corresponde um juiz eleitoral. São
organizadas dentro de cada circunscrição, conforme organização, de modo que o território
dos Estados é dividido em diversas zonas.

OBS: a Zona eleitoral não se confunde com os limites do município. Há zonas eleitorais
que abrangem mais de uma município e há municípios com mais de uma zona eleitoral.

Compete privativamente aos Tribunais Regionais Eleitorais dividir a respectiva


circunscrição em zonas, submetendo, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do
TSE (CE, art. 30, IX).

Compete ao TSE aprovar a divisão da circunscrição dos Estados em Zonas Eleitorais ou a


criação de novas Zonas (CE, art. 23,VIII).

Segundo o art. 88 do CE, não é permitido registro de candidato, embora para cargos
diferentes, por mais de uma circunscrição ou para mais de um cargo na mesma
circunscrição.

A seção eleitoral é uma subdivisão da zona e constitui a menor unidade de organização


eleitoral, permitindo facilitar os trabalhos eleitorais. Cada seção eleitoral corresponde a
uma unidade de votação, sendo que os eleitores são organizados a votar considerando a
zona e a seção na qual estão inscritos. Nela funcionará a mesa receptora, composta de seis
mesários nomeados pelo juiz eleitoral. Cada seção eleitoral terá no mínimo duas cabinas de

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

votação.

Cabe ao juiz eleitoral da zona a tarefa de dividi-la em seções, sendo que as seções eleitorais
da capital devem ter entre 50 e 400 eleitores, e as demais localidades, entre 50 a 500,
podendo ter mais conforme juízo de conveniência e oportunidade da justiça eleitoral.
Devem ser providenciadas seções específicas para cegos, as quais, não atingido o número
mínimo exigido, poderão ser completadas com outros eleitores (CE, art. 117, §2º).

A força armada encarregada da segurança das eleições deverá conservar-se a cem metros da
seção eleitoral e não poderá aproximar-se do lugar de votação ou nele penetrar sem ordem
do presidente da mesa (CE, art. 141).

Questões de prova: [Atenção: observe como as questões se repetem. A segunda pergunta é


da prova oral do 26º concurso e a última é da prova oral do 27º concurso].

Conceitos de seção, zona e circunscrição. Quem define as zonas eleitorais.

A zona coincide sempre com o município?

A zona coincide sempre com o Município? E com comarca?.

Hipóteses para a revisão eleitoral. Diferenciar as duas: a originária, de fraude, e a


complementar, hipóteses mais objetivas (o TSE tem entendido que são requisitos
cumulativos). Quem determina a revisão?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 3.b. Fraude no alistamento eleitoral e revisão do


eleitorado.
Principais obras consultadas: idem 3.a

Conceito: Segundo Rodrigo Zílio, o alistamento eleitoral consiste em ato voluntário de


manifestação de vontade do indivíduo nacional (nato ou naturalizado) que objetiva habilitá-
lo ao exercício dos direitos políticos.

A ocorrência de fraude no alistamento eleitoral pode desencadear a revisão do eleitorado,


que consiste em procedimento administrativo, de competência da Justiça Eleitoral, que tem
como finalidade reexaminar o cadastro dos eleitores de uma Zona ou Município, seja para
determinar que o cidadão comprove que mantém o domicílio eleitoral na respectiva zona,
seja para cancelar as inscrições irregulares. Assim, todos são convocados a comparecer
perante a Justiça Eleitoral para confirmar seus domicílios e a regularidade de suas
inscrições, sob pena de terem suas inscrições canceladas, sem prejuízo das sanções
cabíveis, se constatada irregularidade.

A revisão eleitoral encontra fundamento no artigo 71, §4º, do Código Eleitoral, no artigo 92
da Lei nº 9.504/97 e nos artigos 58 a 76 da Resolução TSE nº 21.538/2003.

Há dois tipos de revisão:

a) artigo 71, § 4º, do CE “Quando houver denúncia fundamentada de fraude no


alistamento de uma zona ou município, o Tribunal Regional poderá determinar a
realização de correição e, provada a fraude em proporção comprometedora, ordenará a
revisão do eleitorado obedecidas as Instruções do Tribunal Superior e as recomendações
que, subsidiariamente, baixar, com o cancelamento de ofício das inscrições
correspondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão”.

A correição referida em tal dispositivo não é obrigatória, não sendo condição prévia à
revisão. O TRE, ao examinar a denúncia, pode entender desnecessária a realização de
correição, se, desde logo, considerar comprovada a fraude em proporção comprometedora.

b) artigo 92 da Lei nº 9.504/97: O Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o processamento


dos títulos eleitorais, determinará de ofício a revisão ou correição das Zonas Eleitorais
sempre que: I - o total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja dez por
cento superior ao do ano anterior; II – o eleitorado for superior ao dobro da população entre
dez e quinze anos, somada à de idade superior a setenta anos do território daquele
Município; III - o eleitorado for superior a sessenta e cinco por cento da população
projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

Entende-se que os requisitos para a revisão previstos no artigo 92 da Lei nº 9.504/97 devem
ser preenchidos cumulativamente. Nesse sentido se manifestou o TSE (Res. ns. 22.162,

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

22.125 e 22.126).

Não será realizada revisão de eleitorado em ano eleitoral, salvo em situações excepcionais,
quando autorizada pelo TSE (Res. TSE 21.538/2003).

Vale ressaltar que, apesar de ser determinada pelo TRE ou TSE, a revisão eleitoral é
sempre presidida pelo juiz eleitoral da zona em que esta será ultimada e sua realização
conta com a fiscalização do Ministério Público e dos partidos políticos.

O Tribunal Regional Eleitoral, por intermédio da Corregedoria-Regional Eleitoral,


inspecionará os serviços de revisão.

O Juiz Eleitoral deverá dar conhecimento da revisão aos partidos políticos, já que eles
também têm a prerrogativa de acompanhar e fiscalizar os trabalhos.

Prazo para início dos trabalhos de revisão: Depois de aprovada a revisão de eleitorado pelo
Tribunal competente, o Juiz da Zona Eleitoral terá o prazo de 30 (trinta) dias para dar início
aos serviços.

Atividades da revisão: A revisão deve ser precedida de intensa divulgação, indicando datas
e locais onde ocorrerá. A critério do Juiz, poderá haver postos de revisão fora dos cartórios
eleitorais. O período de revisão de eleitorado não pode ser inferior a 30 (trinta) dias. Caso
seja necessário prorrogá-lo, o magistrado deve requerer fundamentadamente ao Presidente
do Tribunal, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência do término do período
inicialmente estabelecido. O eleitor deve comparecer nos locais divulgados munido de
comprovante de domicílio eleitoral e de identidade, para assinar o caderno de revisão após
os servidores da Justiça Eleitoral compararem os dados dos documentos apresentados com
os constantes do caderno. Mesmo que os dados constantes do caderno de revisão não
coincidam completamente com os documentos apresentados, o eleitor será considerado
revisado e assinará o caderno de revisão se conseguir comprovar a sua identidade e o
domicílio eleitoral. Apenas não assinará o caderno de votação o eleitor que não comparecer
ou que, comparecendo, não conseguir comprovar a identidade ou o domicílio eleitoral

Término da revisão de eleitorado: Terminados os trabalhos revisionais, o Juiz Eleitoral


deverá ouvir o Ministério Público e, após, no prazo de 10 (dias), proferir sentença
determinando o cancelamento das inscrições irregulares e daquelas cujos eleitores não
compareceram à revisão. Se houver indícios de infrações penais, o Ministério Público, que
será ouvido antes da sentença, promoverá a apuração. Contra essa sentença do cabe recurso
do interessado para o TRE no prazo de 03 dias. Se a sentença em vez de cancelar inscrição
aparentemente incorreta, ratificar a inscrição como legitima, tem se entendido que não há
recurso dessa decisão (José Jairo Gomes)

Com efeito, o TSE já decidiu que “[...] para a configuração do delito do art. 350 do
Código Eleitoral é necessário que a declaração falsa, prestada para fins eleitorais, seja
firmada pelo próprio eleitor interessado. 2. Assim, não há configuração do referido crime
em face de declaração subscrita por terceiro de modo a corroborar a comprovação de
domicílio por eleitor, porquanto suficiente tão-somente a própria declaração por este

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

firmada, nos termos da Lei nº 6.996/82. [...]”(Ac. de 21.8.2008 no RHC nº 116, rel. Min.
Arnaldo Versiani; no mesmo sentido o Ac. de 2.5.2006 no RESPE nº 25.417, rel. Min. José
Delgado.)

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 3.c. Votação. Voto eletrônico. Mesas receptoras.


Fiscalização
Principais obras consultadas: idem 3.a

Voto: O voto é um dos mais importantes instrumentos democráticos, pois enseja o exercício
da soberania popular e do sufrágio. Cuida-se de ato pelo qual os cidadãos escolhem os
ocupantes dos cargos politico-eletivos. O voto é personalíssimo, obrigatório, livre, secreto,
direto, periódico e igual.

Votação: Votação, por sua vez, é a série de atos para o exercício do direito de voto.
(Sufrágio é o direito de participar das decisões políticas, expressando sua vontade na
escolha dos ocupantes de cargos público-eletivos ou em deliberações em referedum ou
plebiscito. O voto é o meio jurídico de expressão da vontade, materializando o sufrágio). A
votação compreende os seguintes atos: apresentação e identificação do eleitor perante o
órgão da Justiça Eleitoral, no caso, a mesa receptora de votos; emissão de voto pelo eleitor;
entrega do comprovante de votação ao eleitor.

Voto de presos provisórios e adolescentes internados: O TSE expediu instruções para a


instalação de seções eleitorais em estabelecimentos prisionais e em unidades de internação
a fim de garantir o direito de voto de presos provisórios e adolescentes internados (Res.
22712 e 23219).

Voto em trânsito: A Lei 12.034/09 acrescentou ao CE o art. 233-A. “Aos eleitores em


trânsito no território nacional é igualmente assegurado o direito de voto nas eleições para
Presidente e Vice-Presidente da República, em urnas especialmente instaladas nas capitais
dos Estados e na forma regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral.”

Voto eletrônico: O voto eletrônico foi criado pela Justiça Eleitoral do Brasil com a
finalidade de prevenir as fraudes, antes existentes na votação e na totalização dos votos,
através de preenchimento manual. O Brasil adota prioritariamente o sistema eletrônico de
votação, então, em todo território nacional, a votação é feita por meio do voto em urnas
eletrônicas, salvo situação excepcional, ou seja, motivo de força maior que impeça a
votação eletrônica e seja conveniente a utilização do voto através de cédulas (votação
manual), cabendo ao TSE a avaliação das circunstâncias para fins de autorização da
votação manual, nos termos do art. 59 da Lei 9.504/97 (a cuja leitura se remete) que regula
o procedimento nestas hipóteses. A votação e totalização dos votos serão feitas pelo sistema
eletrônico de votação, como regra geral. ATENÇÃO: No sistema eletrônico de votação,
computam-se para a legenda partidária: a) os votos em que não seja possível a identificação
do candidato, desde que o número identificador do partido seja digitado de forma correta;
b) quando o eleitor assinalar o número do partido no momento de votar para determinado
cargo e somente para este será computado (arts 59, § 2º e 60 da Lei 9.504/97).

Local de votação: o local de votação será preferivelmente em prédios públicos, mas nada

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

impede o uso de propriedade particulares se faltarem locais públicos. É vedado o uso de


propriedade pertencente a candidato, membro de diretório de partido político, delegado ou
coligação, bem como de seus cônjuges ou parentes, consanguíneos ou afins até o 2º grau,
inclusive.

Impressão do voto eletrônico: A Lei 12.034/09 introduziu mudanças na votação, a saber:


“Art. 5º: Fica criado, a partir das eleições de 2014, inclusive, o voto impresso conferido
pelo eleitor, garantido o total sigilo do voto ( ...) ”.O STF deferiu medida cautelar em ação
direta de inconstitucionalidade (ADI 4543), ajuizada pelo Procurador Geral da República,
para suspender os efeitos do art. 5º da Lei 12.034/2009, que dispõe sobre a criação, a partir
das eleições de 2014, do voto impresso. Em 06/11/2013 o Pleno do STF julgou como
inconstitucional a impressão do voto eletrônico sob o argumento de que haveria maiores
possibilidades de violação ao sigilo dos votos, além de potencializar falhas e impedir o
transcurso regular dos trabalhos nas diversas seções eleitorais.

Voto em trânsito nas eleições presidenciais: segundo o disposto no art. 233-A do CE,
introduzido pela referida Lei, aos eleitores em trânsito no território nacional é igualmente
assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da república,
em urnas especialmente instaladas nas capitais dos estados e na forma regulamentada pelo
TSE (Na Resolução nº 23.215 do TSE estabelecida para as eleições de 2010, o eleitor
deveria se habilitar em qualquer cartório eleitoral do país, entre 15 de julho e 15 de agosto
de 2010, informando a capital do estado brasileiro em que estaria presente no dia da
eleição, não sendo admitida a habilitação por procurador). Desta forma, o eleitor faria uma
“transferência provisória” do seu título para as citadas seções especiais, mantendo, no
entanto, o domicílio eleitoral.

O que é zerésima? Antes de permitir que o primeiro eleitor vote, o presidente da mesa
receptora deve providenciar a emissão da zerésima, isto é, um documento emitido pela urna
eletrônica que é comprobatório de que não consta nenhum voto nela inserido até aquele
momento.

Mesas receptoras: As mesas receptoras são órgãos eventuais da Justiça Eleitoral, com a
função administrativa de colher os votos e proceder a apuração eletrônica nas eleições. A
votação se realiza perante a mesa receptora que vai receber os votos dos eleitores. A cada
seção eleitoral corresponde uma mesa receptora de votos. Compete aos juízes eleitorais
designar os lugares de votação onde funcionarão as mesas receptoras, 60 dias antes das
eleições, devendo ser publicada a designação (art. 135 do CE). Essas mesas são constituídas
de um presidente, dois mesários, dois secretários e um suplente, chamados indistintamente
de ‘mesários’. O Presidente da Mesa tem atribuições para decidir imediatamente todas as
dúvidas e dificuldades que ocorrerem (art. 127, II, do CE), tem o poder de polícia dos
trabalhos da seção (arts. 127, III, e 139 do CE) e a autoridade para expedir salvo-conduto
em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na sua liberdade de votar, ou pelo
fato de haver votado (art. 235 do CE), cuja desobediência acarreta prisão em flagrante do
agente. Na lei 9.504/97, estão previstos algumas peculiaridades das mesas receptoras: “Art.
63. Qualquer partido pode reclamar ao Juiz Eleitoral, no prazo de cinco dias, da
nomeação da Mesa Receptora, devendo a decisão ser proferida em 48 horas. § 1º Da
decisão do Juiz Eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto dentro de
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

três dias, devendo ser resolvido em igual prazo. § 2º Não podem ser nomeados presidentes
e mesários os menores de dezoito anos. Art. 64. É vedada a participação de parentes em
qualquer grau ou de servidores da mesma repartição pública ou empresa privada na
mesma Mesa, Turma ou Junta Eleitoral.

OBS: se o nome do eleitor não consta da lista de votação de sua seção por exclusão
indevida de seu nome do cadastro geral não é permitido o voto em separado. Ele ficará sem
votar. [vários precedentes do TSE nesse sentido]

Fiscalização: com o objetivo de garantir a lisura na votação, os partidos ou coligações têm o


direito subjetivo eleitoral de fiscalizar os trabalhos das mesas receptoras, designando
pessoas para atuarem como fiscal ou delegado. Enquanto o fiscal atua em uma seção ou
mais de uma (Lei 9.504/97, art. 65, § 1º), o delegado representa o partido tendo acesso a
todas as seções. Os fiscais e delegados atuam em todo o processo de votação e apuração
participando do preenchimento dos boletins de urna e observando o processamento
eletrônico da totalização dos resultados (art. 66 – Lei 9504/97), podendo formular protestos
e denunciar formalmente qualquer ato irregular por parte dos membros da Mesa receptora
(art. 132 CE). Algumas regras importantes sobre a fiscalização das eleições: Art. 65. A
escolha de fiscais e delegados, pelos partidos ou coligações, não poderá recair em menor
de dezoito anos ou em quem, por nomeação do Juiz Eleitoral, já faça parte de Mesa
Receptora. § 1º O fiscal poderá ser nomeado para fiscalizar mais de uma Seção Eleitoral,
no mesmo local de votação. § 2º As credenciais de fiscais e delegados serão expedidas,
exclusivamente, pelos partidos ou coligações. § 3º Para efeito do disposto no parágrafo
anterior, o presidente do partido ou o representante da coligação deverá registrar na
Justiça Eleitoral o nome das pessoas autorizadas a expedir as credenciais dos fiscais e
delegados. Art. 66. Os partidos e coligações poderão fiscalizar todas as fases do processo
de votação e apuração das eleições e o processamento eletrônico da totalização dos
resultados. § 1o Todos os programas de computador de propriedade do Tribunal Superior
Eleitoral, desenvolvidos por ele ou sob sua encomenda, utilizados nas urnas eletrônicas
para os processos de votação, apuração e totalização, poderão ter suas fases de
especificação e de desenvolvimento acompanhadas por técnicos indicados pelos partidos
políticos, Ordem dos Advogados do Brasil e Ministério Público, até seis meses antes das
eleições. (...) § 7o Os partidos concorrentes ao pleito poderão constituir sistema próprio de
fiscalização, apuração e totalização dos resultados contratando, inclusive, empresas de
auditoria de sistemas, que, credenciadas junto à Justiça Eleitoral, receberão, previamente,
os programas de computador e os mesmos dados alimentadores do sistema oficial de
apuração e totalização.

Competência para apuração: Eleições municipais: Juntas Eleitorais; Eleições gerais: TER;
Eleições presidenciais: TSE. Ressalte-se que em todas as eleições o trabalho inicial é feito
pelas Juntas Eleitorais, as quais remetem os resultados parciais obtidos ao TER. Este, em se
tratando de eleições gerais, providenciará a totalização dos votos e a divulgação dos
respectivos resultados. Se a eleição for presidencial, o TER encaminha os resultados
parciais para o TSE, sendo que este promove a totalização dos votos e a publicação dos
resultados.

OBS: O que é “teoria da própria conta e risco” e “teoria dos votos engavetados”? O
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

candidato que não tem seu registro deferido pode prosseguir na campanha eleitoral, sendo
apto para fazer propaganda eleitoral, participar de comícios, debates, mas por sua conta e
risco (teoria da conta e risco), ou seja, se no dia da votação ele não tiver registro, seus votos
serão considerados nulos. Assim, o candidato que tiver seu registro indeferido poderá
recorrer da decisão e prosseguir por sua conta e risco, enquanto estiver sub judice, em sua
campanha e ter seu nome mantido na urna eletrônica, ficando a validade de seus votos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. Isso porque, “transitada
em julgado a decisão que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado o
registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido”
(art. 15 da LC 64/90). Em fase de recurso, este não será substituído; todavia, se a decisão
recorrida se confirmar pela instância superior (leia-se TSE, e não STF, ou seja, não precisa
de trânsito em julgado) e o candidato vencer as eleições, os votos atribuídos a ele serão
nulos (teoria dos votos engavetados), regras válidas para as eleições majoritárias e
proporcionais. A Lei n. 12.034/2009, em seu art. 16-A, cria a possibilidade de um candidato
concorrer mesmo que seu registro esteja sub judice, ou seja, sem decisão final favorável do
TSE. Ele poderá fazer a campanha normalmente enquanto estiver nessa condição, inclusive
no rádio e na TV. Trata-se da adoção da teoria da conta e risco, aplicada pelo TSE em
várias eleições, ou seja, efeito suspensivo do indeferimento de registro (art. 15 da LC
64/90). Assim, caso a decisão não tenha sido apreciada pelo TSE, em sede de Embargos de
Declaração em REspe, até a eleição, seu nome também deverá figurar na urna eletrônica.
Todavia, os votos recebidos por ele só serão válidos se o pedido de registro for aceito
definitivamente pelo TSE, o que se denominou de “teoria dos votos engavetados” (após a
eleição, o efeito do recurso não será mais suspensivo, e os votos são nulos, para todos os
efeitos, enquanto o TSE não decidir o tema — art. 257 do CE). Uma vez indeferido o
registro, o candidato não mais poderá assumir seu cargo, caso vença as eleições, devendo,
nesse caso, assumir o 2º colocado (no caso de eleição majoritária), e não o Vice, uma vez
que, indeferido o registro do candidato a titular, não pode ser deferido o do Vice, já que a
chapa é “única e indivisível”. Caso a nulidade resultante da teoria dos votos engavetados,
leia-se dos votos atribuídos aos candidatos (e não os chamados votos apolíticos, isto é,
aquele em que o eleitor digita número inexistente na urna eletrônica e confirma), ultrapasse
50% + 1 dos votos, o TSE entendeu que devem ser realizadas novas eleições, nos termos do
art. 224 do CE que se aplica para AIRC (cf. Consulta n. 1.657/2008), sendo eleições
diretas, se estiverem nos 2 primeiros anos do mandato, e eleições indiretas (no Legislativo),
se estiverem nos 2 últimos anos do mandato. Se o TSE não acolher a decisão que impugnar
o registro de candidatura, deferindo-o, os votos que estavam “engavetados” são tornados
válidos, e, como tal, o candidato assume o cargo, caso tenha vencido a eleição,
independentemente de outros recursos no próprio TSE ou no STF.

No caso de eleição proporcional, assume o próximo que conseguir atingir o quociente


eleitoral e partidário, ou seja, os votos não vão para a legenda, como determina o art. 175, §
4º, do CE, pois, do contrário, bastaria colocar “candidato inelegível” que este teria o seu
registro impugnado, mas “daria votos à legenda dele”. Por isso, foi criada a teoria dos votos
engavetados. Assim, o partido ou coligação, quando percebe uma decisão judicial que
INDEFERE o registro de candidatura, pode manter seu candidato, pela teoria da conta e
risco, e aguardar até a decisão do TSE, o que poderá ocorrer ou, não querendo assumir o
risco do que possa ocorrer, poderá substituir o candidato, na forma e nas regras do art. 13

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

da Lei Eleitoral.

OBS: Explicação de porque não há efeito suspensivo para a teoria dos votos engavetados:
Não há efeito suspensivo do recurso contra decisão que indeferir o registro de candidatura,
pois, após as eleições, aplica-se a teoria dos votos engavetados, ou seja, os votos são
considerados nulos para todos os efeitos até decisão final do TSE. Assim, somente se aplica
a teoria dos votos engavetados se houver alguma decisão judicial que indefira o registro,
pois, enquanto estiver deferido, ainda que sub judice, não se aplica tal teoria, e sim assume
o vencedor até decisão final do TSE, inclusive podendo diplomar e tomar posse até tal
decisão.

Os processos que cuidam dos candidatos a cargo majoritário (por exemplo: Prefeito/Vice-
Prefeito) deverão ser julgados conjuntamente, e o registro da chapa majoritária somente
será deferido se ambos os candidatos forem considerados aptos, não podendo este ser
deferido sob condição. Se o juiz (eleição municipal), TRE (eleição geral) ou TSE (eleição
presidencial) indeferir o registro da chapa, deverá especificar qual dos candidatos, ou
ambos, não preenchem as exigências legais e deverá apontar o óbice existente, podendo o
partido político ou a coligação, por sua conta e risco, recorrer da decisão ou, desde logo,
indicar substituto ao candidato que não for considerado apto, na forma do art. 13 da Lei n.
9.504/97.

[Importante inclusão legislativa na lei no final de 2013: Coloco os artigos aqui apenas para
leitura, pois eles não alteram o dito acima. Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub
judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o
horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica
enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009). Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos
votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica
condicionado ao deferimento do registro do candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009). Art. 16-B. O disposto no art. 16-A quanto ao direito de participar da campanha
eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, aplica-se igualmente ao candidato

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

cujo pedido de registro tenha sido protocolado no prazo legal e ainda não tenha sido
apreciado pela Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)]

Justificativa: no dia da eleição, o eleitor que estiver fora de seu domicílio poderá
comparecer em qualquer seção eleitoral para justificar sua ausência no pleito. Se não o
fizer, poderá realizar a justificativa em até 60 dias após o pleito, por requerimento dirgido
ao juiz eleitoral. Se o eleitor estiver fora do país na data da eleição, terá 30 dias após o seu
retorno para justificar sua ausência.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 4.a. Jurisdição e Competência. Peculiaridades da Justiça


Eleitoral. Consultas, instruções, administração e contencioso.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Rodrigo Lopez Zilio. Direito Eleitoral, 3ª
Edição. Ed. Verbo Jurídico; José Jairo Gomes. Direito Eleitoral, 6ª Edição. Ed. Atlas.

Legislação básica: Constituição Federal, Código Eleitoral e Lei 9.504/97.

A Justiça Eleitoral foi criada pelo Decreto n.º: 21.076, de 21/02/1932 (Código Eleitoral de
1932) e constou na Constituição Federal de 1934, peça primeira vez. Compõe a justiça
especializada da União e, diferentemente das demais, além de exercer atividade
jurisdicional, no contencioso eleitoral, exerce atividade tipicamente administrativa a
preparar as eleições, seja na fase pré-eleitoral até a diplomação dos eleitos.

Sua competência é compreendida pelas funções:

1) administrativa/executiva: prepara, organiza e administra todo o processo eleitoral. O Juiz


age independentemente de provocação do interessado, possui poder de polícia
administrativa necessário para condução das atividades no processo eleitoral. Há função
administrativa na expedição de título eleitoral, na inscrição de eleitores, na transferência de
domicílio eleitoral, etc. (o juiz não pode, de ofício, impor multa no caso de propaganda
irregular - sempre perguntado no MPF).

2) jurisdicional: decide as contendas que lhe são submetidas – princípio da demanda – ou as


lides originadas das impugnações admitidas de procedimentos administrativos, caso em que
a atividade administrativa convola-se em atividade jurisdicional (ex: transferência de
domicílio eleitoral impugnado por delegado de partido).

3) normativa: a atividade legislativa da Justiça Eleitoral resta consubstanciada no poder


normativo inerente a todo e qualquer órgão judicial, ao proceder o disciplinamento interno
de seus serviços, além disso, cabe ao colegiado do TSE expedir resoluções, conforme art.
1º, parágrafo único, do Código Eleitoral e art. 23, IX, CE. O artigo 61 da LPP tem norma
em idêntico sentido. As resoluções se limitam a regulamentar a legislação eleitoral, não
podendo inovar a ordem jurídica, como se leis fossem, não sendo admitido restringir
direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas na legislação eleitoral (GOMES,
2010, p. 63). Artigo 105, Lei 9.504: Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o
TSE, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções
distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua
fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes
dos partidos políticos. § 1º O TSE publicará o código orçamentário para o recolhimento
das multas eleitorais ao Fundo Partidário, mediante documento de arrecadação
correspondente. § 2º Havendo substituição da UFIR por outro índice oficial, o TSE
procederá à alteração dos valores estabelecidos nesta Lei pelo novo índice. § 3º Serão
aplicáveis ao pleito eleitoral imediatamente seguinte apenas as resoluções publicadas até

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

a data referida no caput.

4) consultiva: O Código Eleitoral atribui competência para responder consulta sobre


matéria eleitoral, a serem formuladas por autoridade pública ou partido político, ao
Tribunal Superior Eleitoral (art. 23, inciso XIII) e aos Tribunais Regionais Eleitorais (art.
30, inciso VIII). A legitimidade para formular consultas junto ao TSE é de autoridade
pública, com jurisdição federal, ou partido político, através de seu órgão de direção
nacional, ao passo que, perante o TRE a legitimidade é do órgão de direção estadual do
partido político, além de autoridade pública. As consultas devem sempre ser feitas em tese
sem conexão com situações concretas. As respostas dadas pela JE decorrentes das consultas
formuladas não possuem caráter vinculante, mas podem servir de fundamente para decisões
administrativas e judiciais da JE. Como somente é possível conhecer de consulta formulada
em tese, o entendimento é que a JE somente responde consultas até o período anterior à
realização das convenções partidárias.

Peculiaridades:

Ausência de quadro próprio de juízes. Justificativa, pelo baixo número de processos, não
justifica estrutura própria. Para evitar prejuízo à dinâmica eleitoral, que exige rápido
cumprimento, o art. 26-B da LI e art. 94 da LE, coloca como atuação prioritária dos juízes
que exercem cumulativamente a judicatura de outro setor, exceto HC e MS, sob pena de
responsabilidade.

Temporariedade. Biênio. No máximo 2 consecutivos. A justiça eleitoral em si é perene, só


o exercício é temporário. No exercício, os juízes gozam de pleno exercício.

Ausência de quadro próprio de MP – também acumulam funções regulares com as


eleitorais e devem dar prioridade aos feitos eleitorais, sob pena de crime de
responsabilidade.

TSE – PGE (PGR)

TRE – PRE (PRP)

Juiz – promotor estadual (MPE)

Poder de polícia – juízes eleitorais podem determinar medidas necessárias a inibir a


realização de propaganda eleitoral.

Dinâmica bastante acelerada – prazos curtos, fluindo durante sábados, domingos feriados,
etc.

Questões de prova:

Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Fale sobre as funções diferenciadas da Justiça Eleitoral.


Quanto à função regulamentar, incide o princípio da anualidade? Afronta o princípio da

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

legalidade estrita?

Fale sobre a função de consulta da Justiça Eleitoral? Quem são os legitimados ativos? As
consultas são vinculantes?

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Ponto 4.b. Juntas, Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais.


Tribunal Superior Eleitoral.
Principais obras consultadas: idem ao 4.a

Dispõe o art. 118 da CF que a Justiça Eleitoral possui 4 órgãos, quais sejam: o Tribunal
Superior Eleitoral (inciso I); os Tribunais Regionais Eleitorais (inciso II); os Juízes
Eleitorais (inciso III) e a Junta Eleitoral (inciso IV).

Atenção: A justiça eleitoral não possui juízes próprios ou de carreira. Então os órgãos são
integrados por magistrados de outras justiças, advogados e cidadãos (convocados para a
composição das Juntas Eleitorais).

Divisão geográfica da Justiça Eleitoral: A Justiça Eleitoral segue peculiar divisão interna,
distinguindo-se a seção, a zona e a circunscrição eleitoral. A Zona Eleitoral encerra a
mesma ideia de comarca. É o espaço territorial sob a jurisdição do juiz eleitoral. No
entanto, uma comarca pode abrigar mais de uma zona. Ademais, a área da zona não
coincide necessariamente com a do município. Logo, uma zona pode abranger mais de um
município, assim como um município pode conter mais de uma zona eleitoral. A seção
eleitoral é uma subdivisão da zona. Trata-se do local onde os eleitores comparecem para
votar. A circunscrição é também uma divisão territorial, mas tem em vista a realização do
pleito. Nas eleições municipais, cada município constitui uma circunscrição. Nas eleições
gerais (Governador, Senador e Deputado), a circunscrição é o Estado da Federação. Já para
as eleições presidenciais, a circunscrição é o território nacional.

1) TSE:

O TSE será composto de, no mínimo, 7 ministros, escolhidos da seguinte forma: 3 oriundos
do STF (escolhidos por eleição mediante votação secreta); 2 oriundos do STJ (escolhidos

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

por eleição mediante votação secreta) e 2 advogados oriundos de lista sêxtupla indicados
pelo STF e nomeados pelo Presidente da República (requisitos: notável saber jurídico e
idoneidade moral). O Presidente de o Vice Presidente do TSE, obrigatoriamente, são
escolhidos entre os Ministros do STF, ao passo que o Corregedor Eleitoral,
obrigatoriamente, será escolhido entre os Ministros do STJ.

Não há previsão de indicação de membro do MP para compor o TSE.

O TSE delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus
membros (art. 19 do Código Eleitoral), salvo algumas exceções (ver artigo). O artigo 19
não se aplica aos TRE´s.

As decisões do TSE são irrecorríveis, salvo as que contrariarem a CF (caberá RE no prazo


de 03 dias – súmula 728 do STF) e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de
segurança (caberá recurso ordinário para o STF, nos termos do art. 102, inc. II da CF).

Competências do TSE estão previstas no Código Eleitoral, dentre as quais se destacam o


processamento e o julgamento do Registro e da Cassação de Registro de partidos políticos,
seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e Vice-Presidencia da República e
do conflito de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de Estados diferentes.

Também compete ao TSE responder, sobre matéria eleitoral, à consultas que lhe forem
feitas em tese por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político.

Não é demais lembrar que o TSE possui competência para regulamentar as leis eleitorais, o
fazendo, em regra, por meio de Resoluções. Assim, foi atribuída ao TSE a competência
privativa para expedição de instruções, visando à regulamentação e execução do Código
Eleitoral (inc. IX do art. 23 do Código Eleitoral).

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

2) TREs:

O art. 120 da CF prevê que haverá um TRE na capital de cada Estado e no DF.

Os TREs compor-se-ão mediante eleição, pelo voto secreto, de 2 desembargadores do TJ,


de 2 juízes de direito, escolhidos pelo TJ, de 1 juiz do TRF ou, não havendo, de um juiz
federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo e de 2 juízes dentre 6 advogados
indicados pelo TJ (sem participação da OAB) e nomeados pelo Presidente da República
(requisitos: notável saber jurídico e idoneidade moral).

OBS: O STF, em interpretação dada ao art. 94 da CF, tem entendido lícita a exigência de 10
anos de efetiva atividade jurídica como requisito para que advogados possam vir a integrar
os TREs (RMS 24.232, Rel. Joaquim Barbosa).

OBS: O TSE já decidiu que Procurador do Estado pode compor a lista tríplice do TRE.

OBS: De igual modo, não há previsão de indicação de membro do MP para compor o TRE.

Competências do TRE estão previstas no Código Eleitoral, dentre as quais se destacam o


processamento e o julgamento do registro e do cancelamento do registro dos diretórios
estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidato a Governador, Vice-
Governador, membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas e responder às
consultas em matéria eleitoral feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político.

OBS: O advogado que foi membro do TSE ou do TER tem que obedecer o período de
quarentena de 3 anos, tal como entendido elo CNJ em 2008, ficando tais magistrados
quando afastados do cargo no TSE ou TER, impedidos de exercer a advocacia pelo prazo
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

de 3 anos, mas atenção, é apenas perante os órgãos jurisdicionais em que atuaram.

OBS: No que tange a advocacia em geral, o CNJ entendeu que o magistrado eleitoral da
classe dos advogados tem o direito de exercer advocacia concomitante com a judicatura,
desde que em outras áreas que não a eleitoral.

3) JUIZES ELEITORAIS:

Os Juízes Eleitorais são juízes de Direito estaduais que exercem, por delegação, a função
eleitoral. São, portanto, oriundos da Justiça Estadual e designados pelo TRE.

Nos termos do art. 32 do Código Eleitoral, a jurisdição em cada zona eleitoral será exercida
por um juiz de direito em efetivo exercício (ou, na falta deste, por substituto legal), o qual
não se afastará de sua jurisdição ordinária.

Competências: estão elencadas no Código Eleitoral, destacando-se: processar e julgar os


crimes eleitorais, ressalvadas as competências do TSE e dos TREs (a competência penal do
TSE não foi recepcionada pela CR/88 - ver art. 105, I, a da CR); expedir títulos eleitorais;
dividir a zona em seções eleitorais; mandar organizar em ordem alfabética a relação dos
eleitores; ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos
municipais.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

4) JUNTAS ELEITORAIS:

A Junta Eleitoral é órgão colegiado na Justiça Eleitoral com existência, apenas, junto à
instância de primeiro grau. Sua existência é provisória, já que constituída apenas nas
eleições, sendo extinta após o término dos trabalhos de apuração dos votos, exceto nas
eleições municipais, em que permanece até a diplomação dos eleitos.

Composição: As Juntas Eleitorais serão compostas de um Juiz de Direito, que será o


presidente, e de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade (art. 36 do CE), devendo ser
nomeados até 60 dias antes da eleição pelo TRE (art. 36, §1º do CE). A Junta é presidida
pelo juiz eleitoral.

Competências: a apuração, no prazo de 10 dias, das eleições realizadas nas zonas eleitorais
sob sua jurisdição; resolver impugnações e demais incidentes verificados durante os
trabalhos de contagem e apuração; expedir boletins de apuração e expedir diploma aos
eleitos para os cargos municipais. OBS: e no município em que tem mais de uma zona
eleitoral? Compete à Junta que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo.

Não pode ser nomeado membro de juntas eleitorais: 1) os candidatos e seus parentes, ainda
que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem assim seu cônjuge; 2) os membros
de diretórios de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes tenham sido
oficialmente publicados; 3) as autoridades e os agentes policiais, bem como os funcionários
no desempenho de cargos de confiança do Executivo; 4) os que pertencem ao serviço

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

eleitoral; 5) os membros do Ministério Público; 6) os fiscais e delegados de partidos


políticos ou coligações; 7) os menores de 18 anos.

OBS: As juntas eleitorais podem ser desdobradas em turmas? Sim. Por decisão de seu
presidente as juntas eleitorais podem ser desdobradas em turmas.

OBS: É possível uma zona eleitoral ter mais de uma junta eleitoral? Excepcionalmente,
sim. O presidente do TER, com a aprovação deste, designará juízes de Direito da mesma ou
de outras Comarcas para presidi-las.

OBS: Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no
mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.

OBS: Os integrantes do TSE continuam a exercer suas atividades no STF, STJ e advocacia
de forma concomitante.

Questões de prova:
Fale sobre a composição do TRE ou TSE. Quem indica os membros da OAB, no TRE?
Quem os nomeia, no TRE?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 4.c. Recursos Eleitorais.


Principais obras consultadas: idem 4.a

1. ASPECTOS GERAIS:

Recurso ≠ Impugnação ≠ representação: Os recursos, entendidos como meios de


impugnação de decisões judiciais, voluntários, internos à relação jurídica processual em
que se forma o ato judicial atacado, aptos a obter deste a anulação, a reforma ou o
aprimoramento, evitando-se a preclusão ou a coisa julgada, distinguem-se das
impugnações, por estas serem manifestações da irresignação fora do contencioso eleitoral,
antes ou depois de tomada uma decisão, exaurindo-se no instante em que é apresentada,
diversamente do que ocorre com os recursos. Por sua vez, a representação, no processo
eleitoral, aproxima-se da correição parcial, na Justiça Comum, e pode ser usada para
colmatar omissões injustificadas de juízes e tribunais, ou quando do ato, da resolução ou do
despacho não couber recurso algum, como ressuma de diversas prescrições constantes do
CE, destacando-se, dentre elas, as regras substanciadas nos seus arts. 22, I, i, 29, I, g e 121
(Tito Costa).

Pressupostos: A respeito dos seus pressupostos, quanto ao cabimento, vige o princípio da


taxatividade, podendo ser interpostos os recursos que têm previsão na CF/88, no Código
Eleitoral (CE) e na legislação eleitoral extravagante (v.g LC 64/90), aplicando-se
subsidiariamente o CPC e o CPP. Além do mais, a decisão tem que ser recorrível [As
decisões interlocutórias proferidas pela Justiça Eleitoral são irrecorríveis. As decisões do
TSE também são irrecorríveis, salvo se contrariar a CF (cabe RE) ou se denegarem MS ou
HC julgados em única instância (cabe ROC)]; quanto à legitimidade recursal predomina
que se restringe ao candidato, coligação, partidos políticos e MP (TSE), excluído o eleitor,
nada obstante exista doutrina em sentido contrário; quanto a tempestividade a regra é 3
dias, salvo disposição em contrário (art. 258, CE) [Atenção: Não há prazo diferenciado para
o MPE. Porém, a defensoria pública tem prazo em dobro]; e quanto ao preparo há isenção,
nos termos do art. 373 do CE [Não há pagamento de custas e honorários advocatícios na
Justiça Eleitoral].

Efeitos: Na Justiça Eleitoral a regra é que os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo.
Porém, a parte poderá requerer, através de medida cautelar inominada, a concessão de
efeito suspensivo, a fim de impedir a ocorrência de dano grave e de difícil reparação (art.
257, CE). Quando recebido apenas em seu efeito devolutivo, a parte vencedora pode
executar provisoriamente a decisão. Atenção: existe um recurso eleitoral que possui efeito
devolutivo e suspensivo. Trata-se da apelação criminal ou recurso eleitoral criminal.
Atenção: Quando a AIJE é julgada procedente por juiz eleitoral, o recurso obsta os efeitos
da inelegibilidade, suspensão do registro ou nulidade do diploma (art. 15, LC 64/90).

Quanto ao efeito preclusivo, vale salientar que, embora ocorra preclusão das matérias não
impugnadas, o efeito preclusivo não incide sobre matérias constitucionais, as quais poderão

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

ser objeto de novo recurso, em momento posterior (art. 259, CE).

É permitido o efeito extensivo, pois se apenas um dos litigantes interpuser o recurso o


resultado poderá beneficiar os litisconsortes.

O efeito regressivo é cabível no recurso inominado e no recurso em sentido estrito, pois


cabe o juízo de retratação em ambos.

O efeito translativo ocorre quando o juízo ad quem puder examinar questões não suscitadas
nas razões recursais, ou mesmo não apreciadas pelo juízo a quo. Ex: questões de ordem
pública, como condições da ação e pressupostos processuais. Ex 2: no processo penal
eleitoral o recurso eleitoral criminal (apelação criminal), além do efeito devolutivo e
suspensivo, também possui o efeito translativo quando interposta pelo réu, pois o TRE
pode apreciar qualquer matéria em favor do apelante, mesmo que não formulada na sua
peça recursal (pois a liberdade de ir e vir é um direito indisponível).

O efeito substitutivo ocorre, pois o acórdão do TRE substitui e prevalece sobre a sentença
do juiz eleitoral.

Princípios: os mesmos do CPC.

Desistência do recurso: MP: vedado pelo princípio da indisponibilidade. Parte: em regra,


pode desistir do recurso e não precisa da anuência da parte ex adversa. Porém, se o recurso
eleitoral abordar matéria de interesse público, a parte recorrente não poderá desistir do
recurso. Isso é uma peculiaridade única do processo eleitoral [há vários precedentes do TSE
nesse sentido].

Classificação: 1) Quanto ao objeto tutelado: a) Recursos ordinários ou normais: visam a


reapreciação da decisão. Basta a sucumbência para serem admitidos; b) Recursos
extraordinários e especiais: além da sucumbência, exigem outros pressupostos especiais
para sua admissibilidade. 2) Quanto ao fim pretendido: a) Reforma; b) Invalidação; c)
Esclarecimento ou integração. 3) Quanto à extensão da matéria: a) Parcial: apenas a matéria
impugnada será apreciada. As outras estão preclusas [exceto se for matéria constitucional];
b) Total. 4) Quanto à fundamentação: a) Recurso de fundamentação livre: todo e qualquer
fundamento pode ser utilizado; b) Recurso de fundamentação vinculada: o recurso somente
é admitido se a fundamentação exigida em lei for demonstrada. Ex: em um embargo de
declaração é obrigatório demonstrar o fundamento que e a omissão, obscuridade ou
contradição. 5) Quanto à fonte: a) Constitucionais; b) Legais; c) Regimentais.

2. RECURSOS CONTRA DECISÕES DOS JUÍZES ELEITORAIS.

São quatro recursos cabíveis:

1) Apelação criminal ou Recurso eleitoral criminal (REC): Art. 262, CE. Julgada pelo TER.
Prazo: 10 dias a partir da publicação da decisão. Legitimidade: Candidato, eleitor, não-

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

eleitor (com o objetivo de mudar a fundamentação) ou MPE (independente se atuou como


parte ou como custos legis). OBS: no caso de competência originária do TRE não cabe
REC para o TSE. Caberá REsp ou HC, apenas. Efeitos: devolutivo, suspensivo e, se
interposto pelo réu, translativo. OBS: se o réu estiver preso, a decisão absolutória somente
terá efeito devolutivo, devendo o réu ser solto imediatamente.

2) RESE: Art. 364, CPP. Deve ser interposto mediante petição para o juiz de 1º grau, mas
com razões dirigidas ao TRE. Julgado pelo TRE. Hipóteses: artigo 581, CPP. Efeitos:
devolutivo, mas permite o juízo de retratação (efeito regressivo). Prazo: 3 dias [Atenção:
prevalece o prazo de 3 dias previsto no 258, CE sobre o prazo de 5 dias previsto no CPP.
Cuidado, pois em prova eles colocam o prazo do CPP e está errado]. Contrarrazões em 3
dias. OBS: o RESE não será encaminhado para o TRE se houver retratação da decisão.

3) Recurso eleitoral inominado: Art. 265, CE. Julgado pelo TRE. Cabimento: É cabível o
recurso eleitoral inominado contra todos os atos, resoluções e despachos de juízes eleitorais
ou juntas eleitorais, desde que não relativos a matéria criminal e desde que não haja recurso
específico. Ex: contra despacho de juiz eleitoral que deferir ou indeferir inscrição eleitoral,
decisão que indeferir ou deferir a transferência eleitoral, decisão que acolher impedimento
de mesário etc. Efeitos: devolutivo. Prazo: 3 dias.

4) Embargos de declaração: É julgado pelo próprio juiz eleitoral. Prazo: 3 dias.

OBS: Agravo de instrumento: Predomina o entendimento jurisprudencial de não ser cabível


o recurso de agravo contra decisão interlocutória no processo eleitoral, em que pese a
crítica da doutrina (Tito Costa). Registre-se alguns poucos precedentes do TSE no sentido
de admitir a interposição do agravo na modalidade retida.

3. RECURSO CONTRA A DECISÃO DAS JUNTAS ELEITORAIS:

São quatro recursos cabíveis:

1) Recurso Parcial: É cabível contra decisão de Junta eleitoral (ou de TRE) sobre matéria
concernente à contagem e apuração de votos (está em desuso, pois hoje o sistema é
eletrônico). Legitimidade: Candidato, partido político, ocligação, delegado ou fiscal de
partido ou de coligação. Prazo: deve ser interposto de imediato. Forma: pode ser interposto
verbalmente ou por escrito, porém, as razões recursais devem ser interpostas por escrito.

2) Recurso inominado: igual para decisão de juiz eleitoral.

3) Recurso contra a diplomação (RCD): é ação e não um recurso. Será estudado junto com
as ações.

4) Embargos de declaração: igual para decisão de juiz eleitoral.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

4. RECURSOS CONTRA DECISÕES NOS TER:

São nove recursos cabíveis:

1) Recuso Parcial: É dirigido ao TSE. Mesmas regras acima.

2) Recurso contra diplomação (RCD): é ação e não um recurso. Será estudado junto com as
ações.

3) Recurso inominado eleitoral: Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou
despachos do presidente do TRE, quando não cabível recurso específico.

4) Embargos de declaração:. Cabimento: Apesar de previstos pelo CE apenas contra


acórdãos (art. 275, CE), à semelhança do que ocorre no processo civil e penal, admite-se a
oposição de embargos também contra decisão interlocutória monocrática e sentença. No
primeiro caso, há jurisprudência que entende pelo recebimento dos embargos como agravo
regimental. Não é cabível em sede de consulta (TSE). Cabível em hipóteses de obscuridade,
contradição, dúvida e omissão. Não é admitido quando houver simples dúvida de
interpretação do julgado, tendo em vista seu caráter estritamente subjetivo [TSE RO
912/06] Prazo: O prazo, em regra, é de 3 dias, tendo a lei 12.034/09 expressamente
consignado esse prazo nas representações (rectius: ações) previstas na lei 9.504/97,
superando, portanto, antiga jurisprudência do TSE que entendia pelo prazo de 24 h, com
fundamento no artigo 96 da Lei das Eleições (Atenção: o prazo de 3 dias na 9.504 é só nas
representações do 41-A, por isso aplicam o prazo de 24 horas no caso das representações do
art. 96). Efeitos: Apesar de o art. 275, § 4º, CE, textualmente prescrever que “os embargos
de declaração suspendem o prazo para a interposição de outros recursos, salvo se
manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão que os rejeitar”, a
jurisprudência do TSE assevera que ocorre interrupção do prazo, salvo se manifestamente
protelatórios.

5) Revisão criminal: Não é recurso. É ação rescisória no âmbito criminal direcionada ao


próprio TRE, que pode ser utilizada a qualquer tempo, com exclusividade em favor da
defesa. Será estudo junto com as ações.

6) Agravo regimental ou Agravo interno: É para o próprio TRE. Previsto no regimento


interno. Prazo: 3 dias (se for direito de resposta é de 24 horas). Cabimento: seve para
agravar decisão monocrática de membro do TRE. O mérito é julgado pelo pleno.

7) Agravo de instrumento eleitoral ou Agravo: Cabimento: é cabível sempre que o


presidente do TRE negar seguimento ao REspE ou quando o presidente do TSE negar
seguimento ao RE. Efeito: devolutivo. É possível obter o efeito suspensivo na instância
superior mediante o uso de ação cautelar inominada nos casos de lesão grave e difícil
reparação. Prazo: 3 dias, contados da intimação da denegatória de seguimento (ou 24 horas
se for direito de resposta ou representação por propaganda irregular). Igual prazo para as
contrarrazões. Atenção: em nenhuma hipótese, o presidente do TRE ou TSE poderá negar
seguimento a agravo, mesmo que ele tenha sido interposto fora do prazo legal.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

8) Recurso ordinário eleitoral (ROE): Cabimento: Cabível contra acórdão do TRE que (i)
versa sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; (ii)
anula diploma ou decreta a perda de mandato eletivo federal ou estadual; (iii) denega
habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. 121, § 4º,
inc. III a V, CF c.c art. 276, II, CE); (iv) infidelidade partidária (Resolução TSE 22.610),
(v) Prestação de contas partidárias (Lei 9.504/97, art. 37). Atenção: não cabe ROE contra
matéria estritamente administrativa (REspe 21.587/MA). Prazo: O prazo é de 3 dias.
Efeito: meramente devolutivo. Porém, é possível obter o efeito suspensivo por meio de
cautelar inominada perante o TSE. OBS: Não há juízo de admissibilidade, apenas o
oferecimento de razões e contrarrazões, devendo o recurso subir em seguida. Igualmente
aplicável o disposto no art. 270, CE, que dispõe: “se o recurso versar sobre coação, fraude,
uso de meios de que trata o art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de
sufrágios vedado por lei dependente de prova indicada pelas partes ao interpô-lo ou ao
impugná-lo, o Relator no Tribunal Regional deferi-la-á em vinte e quatro horas da
conclusão, realizando-se ele no prazo improrrogável de cinco dias”. OBS: Não exige o pré-
questionamento. OBS: como é recurso ordinário, a parte recorrente poderá fundamentá-lo
em fatos e, se quiser, fazer juntar documentos novos, para reexame fático probatório pelo
TSE.

9) Recurso especial eleitoral (REspE): Cabimento: Cabível contra acórdão de TRE que (i)
contraria disposição expressa da CF ou lei federal; e (ii) diverge (dissídio pretoriano) na
interpretação de lei com outro(s) tribunal(is) eleitoral(is) (art. 121, § 4º, I e II CF c.c art.
276, I, CE). Prazo: O prazo é de 3 dias (se for direito de resposta ou propaganda eleitoral
irregular é de 24 horas). Após o oferecimento de razões e contrarrazões, ocorre o juízo de
admissibilidade em 48 horas, uma vez admitido, abre-se 3 dias para as contrarrazões.
Requisitos: o REspE tem que preencher dois requisitos (o RE contra decisão do TSE
também tem que preencher esses mesmos requisitos): pré-questionamento e não rediscutir
ou reexaminar matéria fático probatória. Efeito: meramente devolutivo (pode ser concedido
efeito suspensivo mediante manejo de ação cautelar inominada para tal fim). Se negado
seguimento ao REspE, cabe agravo para o TSE no prazo de 3 dias.

4. RECURSOS CONTRA DECISÕES DO TSE:

Cabem sete recursos contra decisões do TSE:

1) Recurso inominado eleitoral: Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou
despachos do presidente do TSE, quando não cabível recurso específico.

2) Agravo de instrumento ou agravo: Cabimento: serve para fazer subir para o STF o RE
que teve seu seguimento negado pelo presidente do TSE. Prazo: 3 dias. OBS: Com a nova
redação do art. 544, CPC (alterado pela lei 12.322/10), agora, o processamento do agravo é
realizado nos mesmos autos, não se formando instrumento, o que é inteiramente aplicável
ao processo eleitoral (TSE).

3) Embargos de declaração:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

4) Agravo regimental ou Agravo interno: É para o próprio TSE. Previsto no regimento


interno. Prazo: 3 dias (se for direito de resposta é de 24 horas). Cabimento: seve para
agravar decisão monocrática de membro do TSE, levando a decisão impugnada ao
Colegiado. O mérito é julgado pelo pleno.

5) Revisão criminal: Não é recurso. Será estudado junto com as ações.

6) Recurso ordinário constitucional (ROC): Cabimento: É cabível em decisões de única


instância que denegar HC, MS, HD ou MI. Efeito: meramente devolutivo. É possível ao
STF atribuir efeito suspensivo. Prazo: 3 dias. OBS: Pode reexaminar fatos e provas.

7) Recuso extraordinário (RE): Cabimento: Cabível nas hipóteses do art. 102, III, a, b, c e
d, CF . O prazo é de 3 dias, conforme súmula 728, STF. Não é cabível contra acórdão dos
TRE’s. É o que se extrai do disposto no art. 121, caput, e seu § 4º, I, da CF de 1988, e nos
arts. 22, II, e 276, I e II, do CE (STF). Jurisprudência: CF/88, art. 102, II, a, e III:
cabimento de recurso ordinário e extraordinário; e art. 121, § 3º: irrecorribilidade das
decisões do TSE. Após o oferecimento de razões, ocorre o juízo de admissibilidade, de
forma idêntica aos recursos extraordinários não eleitorais. Prazo: 3 dias [Súmula STF nº
728/2003: "É de três dias o prazo para a interposição de recurso extraordinário contra
decisão do Tribunal Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir da publicação
do acórdão, na própria sessão de julgamento, nos termos do art. 12 da Lei nº 6.055/1974,
que não foi revogado pela Lei nº 8.950/1994]. Efeito: meramente devolutivo. Cabe medida
cautelar inominada em busca do efeito suspensivo. Requisitos: tem que preencher dois
requisitos: pré-questionamento e não rediscutir ou reexaminar matéria fático probatória.
OBS: Exige repercussão geral das questões constitucionais.

Observações finais:

(1) Lei 9.096/95, artigo 37, § 4º: Da decisão que desaprovar total ou parcialmente a
prestação de contas dos órgãos partidários caberá recurso para os Tribunais Regionais
Eleitorais ou para o Tribunal Superior Eleitoral, conforme o caso, o qual deverá ser
recebido com efeito suspensivo.

(2) § 5º. As prestações de contas desaprovadas pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal
Superior poderão ser revistas para fins de aplicação proporcional da sanção aplicada,
mediante requerimento ofertado nos autos da prestação de contas.

(3) Lei 9.096/95, artigo 45, § 5º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais que
julgarem procedente representação (por propaganda partidária irregular), cassando o direito
de transmissão de propaganda partidária, caberá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral,
que será recebido com efeito suspensivo.

Questões de prova:
Havendo um acórdão no TRE contrário à CF, qual é o recurso cabível? Seria cabível
recurso imediato para o STF?

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Ponto 5.a. Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais.


LC 135/2010.
Obras consultadas: Santo Graal 27º. Caderno Ênfase 2013. Gomes, José Jairo. Curso de
Direito Eleitoral, 7ª. Edição, 2011. Ramayana, Marcos. Legislação Eleitoral Brasileira, 6ª.
Edição www.tse.gov.br

Legislação: Lei nº 9.504/97, LC 64/90; LC 135/2010.

Introdução: os direitos políticos negativos correspondem às previsões constitucionais que


restringem o acesso do cidadão à participação nos órgãos governamentais, por meio de
impedimento às candidaturas. Dividem-se em regras sobre inelegibilidade e normas sobre
perda e suspensão dos direitos políticos.

Conceito de inelegibilidade: é inelegível a pessoa que, embora regularmente no gozo de


seus direitos políticos, esteja impedida de exercer temporariamente sua capacidade eleitoral
passiva, ou seja, da condição de ser candidato e, consequentemente, de poder ser votado. A
inelegibilidade é uma condição obstativa do exercício passivo da cidadania. Atenção:
inelegibilidade não é pena. A pessoa poder ser considerada inelegível sem o cometimento
de qualquer ilegalidade, mas tão somente em razão de suas características pessoais, tal
como a inelegibilidade decorrente de vínculo de parentesco e a inelegibilidade decorrente
de ocupar cargo de MP ou magistratura.

Inelegibilidade ≠ suspensão dos direitos políticos: Segundo Acórdãos do TSE n. 12.371/92


e n. 22.014/2004, a inelegibilidade atinge somente a capacidade eleitoral passiva, mas não
restringe o direito de votar (capacidade eleitoral ativa). Já a suspensão dos direitos políticos
atinge tanto a capacidade eleitoral ativa quanto a passiva

Inelegibilidade ≠ condições de elegibilidade: Condições de elegibilidade (nacionalidade


brasileira, pleno gozo dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na
circunscrição e filiação partidária deferida há pelo menos um ano antes do pleito). “No
caso da realização de novas eleições, é possível a mitigação de prazos relacionados a
propaganda eleitoral, convenções partidárias e desincompatibilização, de forma a atender
o disposto no art. 224 do Código Eleitoral”. TSE. AgR-MS - Agravo Regimental em
Mandado de Segurança nº 57264 - Ourolândia/BA Acórdão de 12/05/2011 Relator(a) Min.
MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA . Além disso, não pode pesar contra
o cidadão qualquer causa de inelegibilidade, cabendo diferenciar-se as causas
constitucionais de inelegibilidade, previstas no art. 14 da Constituição Federal, das causas
infraconstitucionais, reguladas pela Lei Complementar 64/90.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

A principal diferença entre condição de elegibilidade e inelegibilidade é a exigência de lei


ordinária para estabelecer condições de elegibilidade. Ex: para o crime de captação ilícita
de sufrágio a sanção é a cassação do registro ou do diploma do candidato (art. 41, a da Lei
nº 9.504/97). Esse artigo foi inserido por lei ordinária, mas o STF trouxe a diferença entre
os institutos e não precisa ser estabelecido por lei complementar.

Espécies de inelegibilidade:

Qual é a diferença entre as inelegibilidades constitucionais e legais? [essa pergunta caiu na


discursiva do MPF] As inelegibilidades constitucionais não precluem nunca, podendo ser
alegadas na fase de registro das candidaturas ou posteriormente, antes ou após as eleições.
As inelegibilidades legais precluem se não forem alegadas na fase de registro dos
candidatos, salvo quando supervenientes (art. 223 do CE).

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

I) Inelegibilidades Constitucionais:

1) Inelegibilidades constitucionais absolutas: As causas constitucionais de inelegibilidade


absolutas não precluem e podem ser arguidas a qualquer tempo, são as seguintes:

(a) os inalistáveis: A CRFB expressamente prevê duas pessoas: os estrangeiros, salvo o


português equiparado e os conscritos, no cumprimento de serviço militar obrigatório. E
quem se alistou aos 16 anos e depois foi cumprir o serviço militar obrigatório? O conscrito
já alistado não vota. Então, o jovem que realiza o alistamento eleitoral aos 16 (dezesseis)
anos, e aos 17 (dezessete) se alista no serviço militar não poderá votar segundo TSE. Além
das hipóteses constitucionais, há outras hipóteses de inalistáveis: 1) o menor de 16
(dezesseis) anos; e 2) as pessoas privadas dos direitos políticos (art. 5º, III do CE). As
hipóteses de privação de direitos políticos estão no art. 15 da CRFB e, o eleitor poderá
incorrer em uma delas antes ou após o alistamento. Se for antes, não pode se alistar; se for
após, o alistamento será cancelado. [Portanto, são inalistáveis: estrangeiro, salvo o
português equiparado, os conscritos, os menores de 16 anos e os que perderam ou tiveram
seus direitos políticos suspensos].

(b) os analfabetos: Analfabeto é alistável, mas é inelegível. Eles não podem se eleger, logo
foi revogado o art. 5º, I do CE. A prova da alfabetização se dará mediante comprovante de
escolaridade. Não havendo comprovante de escolaridade, admite-se a declaração de próprio
punho, podendo o juiz se houver dúvidas, determinar a aferição por outros meios, inclusive
teste de analfabetismo. O teste será realizado individualmente com o pré-candidato e sem
que lhe sejam causados constrangimentos. O TSE admite a elegibilidade do analfabeto
funcional, desde que tenha demonstrado um nível mínimo de compreensão escrita em teste.
O TSE considerou que a mera assinatura em documentos é insuficiente para provar a
condição de alfabetizado - Respe 21958/2004. Para a UNESCO, o analfabeto funcional é
aquele que não completou 5 (cinco) anos de escolaridade. No Brasil, é aquele que não
consegue produzir e compreender textos simples.

2) Inelegibilidades constitucionais relativas: A inelegibilidade relativa alcança apenas


alguns casos.

(a) motivos funcionais: O art. 14, §5º, CF foi inserido pela EC nº 16/97. Ele proíbe a
reeleição para um terceiro mandato consecutivo A regra compreende três personagens:
Chefes do Executivo, quem os tenha sucedido (Vice) e quem os tenha substituído
(decorrente de impedimento).

Titular do executivo: para a reeleição não se exige a desincompatibilização, entretanto para


os chefes do executivo concorrerem a outros cargos deverão renunciar aos respectivos
mandatos até 6 (seis) meses anteriores as eleições (art. 14, §6º da CRFB).

Manobra que o STF rejeitou: no final do segundo mandato o governador renunciou e se


candidatou ao Governo na eleição que se aproximava, objetivando não caracterizar uma
segunda reeleição e sim uma nova eleição. O STF rejeitou essa manobra e caracterizou a
vedação à segunda reeleição [Atenção: se houver um mandato de intervalo, a pessoa pode
se candidatar novamente e se eleger e se reeleger novamente]. Diferente é se duas vezes

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

como vice-governador a pessoa se candidata a governador na “terceira” vez, pois como o


cargo é diferente, não há que se fala em segunda reeleição.

OBS: para o chefe do executivo a desincompatibilização é definitiva, pois ele tem que
renunciar ao cargo. Há, porém, desincompatibilizações temporárias nas quais se pede uma
licença, retornando depois do pleito, se não eleito, ao cargo em que ocupava, é o caso do
servidores públicos da administração direta que querem se candidatar.

OBS: não pode aquele que foi titular de dois mandatos consecutivos na chefia do executivo
se candidatar no período subsequente ao cargo de vice.

OBS: a figura do prefeito itinerante, também chamado de prefeito profissional foi apreciado
pelo STF. O prefeito itinerante é aquele que transfere um ano antes do término do mandato
para outro município seu domicílio eleitoral para se candidatar a um terceiro mandato
consecutivo. Inicialmente, o TSE entendia ser possível, pois a CRFB vedava o exercício ao
mesmo cargo. Em 2008, houve virada jurisprudencial. Segundo o STF, a mudança de
domicílio eleitoral para município diverso por quem já exercera dois mandatos
consecutivos como prefeito de outra localidade configura fraude a regra constitucional que
proíbe uma segunda reeleição. Essa prática configura desvio de finalidade visando a
monopolização do poder local, havendo presunção da fraude nas seguintes hipóteses: I) os
municípios forem muito próximos ou limítrofes de modo a pressupor a existência de uma
microrregião eleitoral, formada por eleitores com características comuns e igualmente
influenciados pelos grupos políticos atuantes na região; II) os municípios tiverem origem
comum, resultante de fusão, incorporação ou desmembramento. Nessas hipóteses, há
presunção de que a transferência de domicilio eleitoral visa alcançar finalidade
incompatível com o art. 14, §5º e a perpetuação no poder local com o comprometimento ao
princípio republicano (vide RE 637.485). No julgado supramencionado, o STF em nome da
proteção da confiança legítima usou o princípio da anualidade eleitoral para que a regra se
aplique apenas às próximas eleições. [observe que o supremo aplicou o principio da
anualidade eleitoral para uma nova interpretação, para uma virada jurisprudencial, e não
para uma mudança legislativa] [o julgamento é do final de 2013].

Vice: A desincompatibilização no que se refere aos vices: já os vices poderão concorrer a


outros cargos preservando os respectivos mandatos [ou seja: vice não tem que
desincompatibilizar para concorrer a outros cargos], desde que, nos 6 (seis) meses
anteriores as eleições não tenham sucedido ou substituído o titular. (art. 1º, §2º da Lei
Complementar 64/90).

OBS: os vices poderão se candidatar ao cargo do titular, mesmo tendo substituído este no
curso do primeiro e/ou segundo mandato. Entretanto, ocorrendo vacância do cargo o vice
sucederá definitivamente, caso em que somente poderá se candidatar para um único período
subsequente. [pois como passa a ser titular, também passa a respeitar a regra dos titulares]

OBS: segundo o TSE a substituição nos 6 (seis) meses anteriores a eleição configura um
primeiro mandato eletivo (vide Resolução nº 21.456/06 do TSE).

Resumindo:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

(b) reflexas: Ela está prevista no art. 14, §7º da CRFB. A regra torna inelegível o cônjuge,
parentes ou afins até o segundo grau dentro da circunscrição territorial do Chefe do
Executivo [Tio e primo pode. Cunhado, sogra ou sogro não pode].

Inelegibilidade reflexa e Heterodesincompatibilização: A desincompatibilização do chefe


do executivo para se eleger a outro cargo eletivo é hipótese de autodesincompatibilização,
pois permite o afastamento da própria inelegibilidade funcional. Porém, o ato de
desincompatibilização do chefe do executivo pode beneficiar um terceiro que está
reflexamente inelegível por ele, sendo esse caso chamado de heterodesincompatibilização.
Assim, segundo orientação do TSE, se o titular do mandato se afastar definitivamente do
cargo 6 meses antes das eleições e não se candidatar à reeleição (afastamento esse que não
era necessário para sua reeleição), evitará a inelegibilidade dos respectivos parentes.

OBS 1: as mesmas vedações atingem o cônjuge, parentes ou afins dos vices, que tenham
sucedido o chefe do executivo ou que os tenha substituído nos 6 (seis) meses anteriores ao
pleito.

OBS 2: a inelegibilidade alcança ainda pessoas que vivam em união estável ou


homoafetivas (Respe 24564/2004).

OBS 3: O TSE também entende no rol das inelegibilidades reflexas a relação de parentesco
socioafetiva (Recurso Especial Eleitoral nº 303157).

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

OBS 4: a inelegibilidade reflexa somente se verifica do ente maior para menor. Da menor
para maior não reflete. [Então, o cônjuge do prefeito pode se candidatar a governador ou
presidente da república].
Cônjuge, parentes ou afins até o segundo Inelegível para:
grau de:
Prefeito Prefeito, vice-prefeito e vereador dentro do
mesmo Município.
Governador Prefeito, vice-prefeito, vereador, governador
e vice-governador, deputado estadual,
deputado federal e senador dentro do mesmo
Estado ou DF [ou seja: inelegível para todos
os Municípios do Estado ou qualquer cargo
por aquele Estado].
Presidente Qualquer cargo do país.
OBS 5: A inelegibilidade reflexa é o vínculo de parentesco com o chefe do poder executivo
ou do vice que o tiver sucedido ou substituído no seis meses anteriores para o poder
executivo e para o poder legislativo. Porém, o parentesco com membros do poder
legislativo não afetará a elegibilidade de nenhum parente para nenhum cargo.

OBS 6: O governador Garotinho exerceu o primeiro mandato e poderia se reeleger uma


única vez. Todavia, 6 (seis) meses antes das eleições ele renunciou para concorrer ao cargo
de Presidente da República, assumindo a Vice Governadora, sua mulher. Desse modo, sua
esposa pode concorrer ao cargo de Chefe do Executivo do Estado. Rosinha exerceu apenas
um mandato, e não pode buscar a reeleição, pois foi considerando que o núcleo familiar
estaria no terceiro mandato. Note-se que a súmula n° 6 do TSE que vedava a elegibilidade
de parentes resta superada. No caso em tela, o STF aplicou a proibição do terceiro mandato
consecutivo e a inelegibilidade reflexa. Assim, impediu que uma mesma família se
perpetuasse no poder e, portanto, nenhum cônjuge, parente ou afim até o 2º grau poderia
concorrer. [observe que o STF combinou duas regras constitucionais, a inelegibilidade
reflexa e a vedação de três mandatos consecutivos]. [se Garotinho tivesse renunciado no
segundo mandato, a sua mulher, que era vice, não poderia sequer concorrer ao cargo de
governadora, pois isso caracterizaria o terceiro mandato consecutivo]. Atenção: a
inelegibilidade reflexa estaria afastada se fosse para outro cargo, como prefeita de Campos,
pois estaria afastada a vedação de terceiro mandato.

OBS 7: A súmula vinculante 18 [A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no


curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição
Federal] visa afastar o uso de manobras para afastar a inelegibilidade reflexa. Então, o que
se divorcia no curso do mandato do chefe do executivo, continua inelegível na
circunscrição dele. [mas não é inelegível em outros lugares]. A LC nº 135/10 [lei da ficha
limpa] agravou o determinado na súmula vinculante 18 e tornou inelegível para qualquer
cargo por 8 anos após a decisão que reconhecer a fraude aquele que simulou o
desfazimento do vínculo conjugal com intuito de afastar a inelegibilidade reflexa, nos
termos do art. 1º, I, n da LC nº 64/10.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

OBS 8: Os cônjuges, parentes ou afins até o segundo grau do prefeito do município-mãe


são inelegíveis no município desmembrado e ainda não instalado, consoante súmula nº 12
do TSE. [após instalado, será outro Município e não terá a inelegibilidade].

OBS 9: A inelegibilidade reflexa não alcança o cônjuge supérstite (sobrevivente, viúvo)


quando o falecimento tiver ocorrido no primeiro mandato, com regular sucessão do vice-
prefeito, e tendo em conta a construção de novo núcleo familiar. (STF, 2013, Info 703).

Portanto, um resumos dessas OBS fica assim:

(c) serviço militar: Há conflito tríplice de normas constitucionais. O art. 142, §3º, V da
CRFB estabelece a impossibilidade de militar da ativa estar filiado a partido político. O art.
14, §3º, V da CRFB assevera que filiação é condição de elegibilidade. O art. 14, §8º da
CRFB permite que o militar alistável seja elegível, observados as seguintes condições. A

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

jurisprudência solucionou o conflito, vejamos: o militar da reserva pode concorrer a cargos


eletivos e o prazo de um ano de filiação. OBS: Se a inatividade ocorrer faltando menos de
um ano para eleição, ele deverá se filiar no prazo de 48 (quarenta e oito) horas após tornar-
se inativo. Essa orientação afasta o requisito de um ano de filiação partidária. O militar da
ativa não pode estar filiado. Então como fazer para um militar da ativa concorrer a um
cargo público? Segundo o TSE, o partido, após a escolha do militar da ativa em convenção
partidária e com a autorização do militar, deverá pedir o registro da candidatura à Justiça
Eleitoral, suprindo a exigência de filiação (vide Resolução nº 21.787/04). Haverá
vinculação ao partido, mas não há filiação ao partido. [se eleito, irá para a inatividade]
Quem é o militar alistável? Serão alistáveis os militares não conscritos, desde que atendidas
condições da CRFB. Condições: 1) Os militares com menos de 10 (dez) anos de serviço,
devem requerer desligamento do serviço militar. 2) Por outro lado, aqueles com mais de 10
(dez) anos, serão agregados pela autoridade superior. [Se não eleito, retorna ao serviço
militar. Se eleito, será diplomado e passará para a inatividade].

II) Inelegibilidades legais:

As inelegibilidades legais estão previstas em lei complementar, art. 14, §9º da CRFB c/c
LC n° 64/90. Devem ser arguidas no período do Registro, sob pena de preclusão, salvo as
supervenientes. [Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a
moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso
do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta].

A LC nº 135/10 (Lei da Ficha Limpa) alterou a LC n° 64/90 tornando inelegíveis aqueles


que foram condenados por órgão colegiado ou decisão transitada em julgado e aumentando
o período de inelegibilidade para 8 (oito) anos. [Atenção: Órgão colegiado de qualquer
tribunal: Isso mesmo, basta a condenação de Órgão colegiado, sem exigir trânsito em
julgado nesse caso. Também não se exige que seja matéria penal, pois improbidade
administrativa também gera a inelegibilidade. Mas basta condenação? Não. Pode ser
condenado em vários juízos e ser ficha limpa, desde que sejam condenações de primeiro
grau e não transitadas em julgado].

A LC nº 135/10 observou o princípio da anualidade? Resposta: O TSE, em sede de


consulta, entendeu inicialmente que se aplicaria a LC nº 135/10 imediatamente, pois seria
norma de direito material. O STF decidiu em sentido oposto: decidiu que a lei não poderia
ser aplica às eleições de 2010 em razão do princípio da anuidade e em nome do princípio da
proteção da confiança. (vide RE 633.703, ADC 29 e 30, ADI 4.578)

Constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa: O TSE entendeu que a lei da ficha limpa se
aplicava a fatos ocorridos antes de sua vigência, encontrando argumento na valorização da
moralidade e do interesse público. Porém, argumentava-se que pelo princípio da
irretroatividade da lei e pelo princípio da não culpabilidade isso não poderia ocorrer. O STF
declarou que a lei da ficha limpa é constitucional e se aplica a fatos ocorridos antes de sua

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

vigência, com fundamento no argumento da valorização da moralidade e do interesse


público. Argumentou, ainda, que a lei atende à razoabilidade e proporcionalidade, pois
atende à necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito. Além disso,
asseverou que a inelegibilidade não seria pena e, por isso não se aplicaria o princípio da
irretroatividade da lei penal, nem na presunção de inocência. Além disso, o Supremo
entendeu que ele não poderia agir como legislador positivo e alterar o prazo de
inelegibilidade previsto em lei.

Estrutura da lei da ficha limpa: As situações de inelegibilidades legais estão expressas no


art. 1º da LC nº 64/90, quais sejam: A) Absoluta: a pessoa fica inelegível para qualquer
cargo (art. 1º, I); B) Relativa (também chamadas de incompatibilidades): estão ligadas a
alguém que ocupa um cargo e está incompatível a concorrer algum cargo, devendo se
desincompatibilizar. São elas: B.1) Presidente da república (art. 1º, II); B.2) Governador
(art. 1º, III); B.3) Prefeito (art. 1º, IV); B.4) Senador (art. 1º, V); B.5) Deputado federal,
estadual e do distrito federal (art. 1º, VI); B.6) Vereador (art. 1º, VII)

Prazo para a desincompatibilização: Pode ser de 6 (seis), 4 (quatro) ou 3 (três) meses a


depender do cargo pretendido e qual ocupa.

Inelegibilidade legal absoluta:

1) Renúncia do mandato: se renunciar ao mandato para evitar a perda do cargo gera a


inelegibilidade (Art. 1º, I, k da LC nº 64/90) [Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer
cargo: [...] k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o
Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara
Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o
oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por
infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se
realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído pela Lei Complementar nº
135, de 2010)]. OBS: No passado, a condenação a perda do mandato tornaria inelegível por
3 (três) anos. Portanto, atualmente, a renúncia gera inelegibilidade, desde que haja alguma
representação capaz de gerar a perda do mandato (exceção art. 1º, §5º da LC nº 64/90).
Atenção: não é qualquer renúncia que gera a inelegibilidade: Art. 1º, [...] § 5º A renúncia
para atender à desincompatibilização com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para
assunção de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a
Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei
Complementar nº 135, de 2010).

2) Abuso do poder político ou econômico: (art. 1º, I, “d” e "h" da LC nº 64/90) O art. 1º, I,
d se refere aquele que cometeu o abuso, mas não é titular de cargo na Administração direta
ou indireta. Ressalte-se que não se exige que a potencialidade lesiva afete o resultado das
eleições para decretação de inelegibilidade decorrente de abuso de poder político,
econômico ou do uso indevido dos meios de comunicação social. Assim, a LC 135/2010
alterou consolidada jurisprudência das cortes eleitorais, que fixavam tal exigência. Basta a
gravidade da conduta. OBS: A representação que fala a letra “e” é a ação de investigação
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

judicial eleitoral (AIJE) que se destina a afastar abuso de poder político e econômico
[conteúdo mais abrangente], a outro turno a ação de impugnação do mandato eleitoral
(AIME) é mais restrita e se restringe a abuso do poder econômico. OBS: O tempo de
inelegibilidade se aplica a eleição que concorreu e para os 8 anos subsequentes (vide
súmula n° 19 do TSE) [Logo, se a condenação acontecer 8 anos após a eleição, a decisão
retroagirá à data da eleição, e como o tempo já passou, a decisão fica ineficaz. Como
atualmente basta a decisão de colegiado, não necessitando mais do trânsito em julgado, é
mais difícil acontecer isso, mas é juridicamente possível].

3) Prática de captação ilícita de sufrágio, captação ou gasto ilícito de recursos em


campanhas eleitorais e conduta vedada em campanhas eleitorais: (artigo 1, I, j e,
respectivamente, art. 41-A, 30-A e art. 73 a 77 todos da Lei n° 9.504/97). Essas condutas
estão previstos na art. 1º, I, j da LC nº 64/90 e o pedido será a cassação ou do registro ou
diploma.

4) Decorrente de condenação criminal: (art. 1º, I, e da LC nº 64/90) Não basta a condenação


criminal, devendo ser preenchidos dois requisitos: (i) condenação de órgão colegiado ou
trânsito em julgado por um dos crimes especificados em lei; [condenação de juiz de
primeiro grau não significa nada] e (ii) não tenha havido suspensão cautelar da
inelegibilidade (c/c art. 26-C da LC nº 64/90). Atenção 1: Crimes que não geram
inelegibilidade: A inelegibilidade não se aplica aos crimes culposos, aos crimes de menor
potencial ofensivo e aos crimes de ação penal privada (art. 1º, §4º da LC nº 64/90). Atenção
2: A decisão do conteúdo da moralidade é aferida pelo juiz no caso concreto ou está
reservado à lei essa definição? Anotações criminais, inquéritos criminais em curso ou
processo criminal em tramitação podem ser consideradas como vida pregressa e
imoralidade para fins de elegibilidade? Existe discussão doutrinária sobre a abrangência da
expressão “vida pregressa” constante do art. 14, §9º da CRFB. Marcos Ramayana e o Min.
Ayres Brito entendem ser norma autoaplicável e caberá ao Judiciário valorar os fatos para
verificar a satisfação do requisito moralidade para fins de elegibilidade. A outro turno, o
entendimento do STF e da súmula nº 13 do TSE é no sentido de que o art. 14, §9º da CRFB
não é autoaplicável. Nesse sentido, o princípio da moralidade não é autoaplicável, ou seja,
faz-se necessária a produção legislativa para explicitar quais casos que ensejam imoralidade
para fins de elegibilidade. Entendimento consagrado na ADPF 144 do STF.

Observe a diferença da inelegibilidade do art. 1º, I, e da LC nº 64/90 para a suspensão dos


direitos políticos decorrente de condenação criminal:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

5) Rejeição das contas: (art. 1º, I, g da LC nº 64/90). A irregularidade decorre de ato doloso
de improbidade, somada a decisão irrecorrível do órgão competente para julgar as contas.
Quem julga as contas? Regra: O Chefe do Executivo terá as contas julgadas pelo Poder
Legislativo, pois atuam como executores do orçamento. O papel do Tribunal de Contas será
emitir parecer prévio (art. 71, I e art. 85, VI ambos da CRFB). Exceção: O Tribunal de
Contas da União que julga as contas dos prefeitos, que versam sobre aplicação de verba
federal [e não o legislativo], salvo quando incorporadas ao patrimônio do município,
conforme súmula nº 208 e 209 do STJ. As contas dos demais administradores públicos são
julgadas pelo Tribunal de Contas. Não se trata de responsabilidade política pela execução
do orçamento, e sim, responsabilidade técnica pela ordenação de despesas. A quem cabe
verificar se o ato constitui ato doloso improbidade? José Jairo Gomes atribui a Justiça
Eleitoral a valoração os fatos e confirmar a ocorrência de ato doloso de improbidade, não
precisando haver ação de improbidade em curso. [é um requisito da lei eleitoral, então cabe
ao juiz eleitoral valorar]. Qual o efeito da ação judicial desconstitutiva de rejeição das
contas? Ela suspende a inelegibilidade, desde que preenchidos dois requisitos: i) a ação
desconstitutiva deve ser ajuizada antes da ação impugnação de registro de candidato -
súmula n° 1 do TSE e ii) deferimento de liminar que suspenda rejeição das contas.

Questões de prova:

Conceituar inelegibilidades constitucionais. Citar as principais inelegiblidades


constitucionais. Há diferença entre condições de elegibilidade e inelegibilidades? Quais as
principais inovações trazidas pela LC 135/2010. Discussão no STF acerca da lei da ficha
limpa. Quem é competente pra julgar o RCED. Principais inovações trazidas pela mini
reforma eleitoral.

Fale sobre desincompatibilização. Filho de governando que já é Deputado Estadual, tem

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

alguma restrição para candidatar-se a deputado federal?

Crimes da LC 64/90 que geram inelegibilidade. (drogas, eleitorais, adm. pública...)

PONTO EXTRA:

Texto do Santo Graal 27 sobre o debate acerca da constitucionalidade e aplicação da LC


135/2010. A questão jurídica de maior repercussão pertinente à LC 135 diz respeito ao
debate em torno da constitucionalidade da chamada “Lei da Ficha Limpa”, ou dos “Ficha
Suja” como pretendem alguns. Para os detratores da Lei, impondo-lhe a pecha de
inconstitucional, o regime das inexigibilidade representa um regramento de conteúdo
sancionatório, identificando as inexigibilidades previstas na LC 64/90 como verdadeiras
reprimenda, a condenar o cidadão no acutilamento da dimensão passiva de seus Direitos
Políticos. Deste modo, deveria a LC 135 ser aplicada apenas nos casos em que a
inelegibilidade teria sido “Imposta” após a vigência da Lei, não podendo, portanto,
retroagir para casos anteriores à sua vigência, como previsto. Ademais, a LC 135 incorreria
ainda em outra inconstitucionalidade, na medida em que representaria estatuto carente de
razoabilidade, em face da imputação de sanções extremamente pesadas (ex. Inelegibilidade
por 8 anos após o cumprimento da pena) que determinariam, em variados números de casos
a imputação de “penalidades” virtualmente perpétuas (imagine o caso de um cidadão
condenado a 30 anos de prisão, a inelegibilidade perduraria por 38 anos).

Uma segunda corrente (por fim encampada pelo STF), negando o caráter sancionatório,
identifica nas inelegibilidades determinadas características, que agregadas ao status
jurídico-político do cidadão[18]. Trata-se de elemento personalíssimo que, realizando uma
distinção do eleitor diante das características por ele encampadas, determina o afastamento
do cidadão do processo de escolha popular, mediante sufrágio, limitando a dimensão
passiva de seus direitos políticos, segundo regras e princípios jurídicos preestabelecidos na
Constituição e legislação complementar de regência. Trata-se, consoante doutrina de escol,
guiada pela lição do Ex-Ministro Moreira Alves, de um “requisito negativo” para o registro
da candidatura ou diplomação do eleito, compondo em conjunto com as condições de
elegibilidade, qualificadas como “requisitos positivos”, o estatuto jurídico que tutela o
exercício da dimensão passiva dos Direitos Políticos.

Sobre o tema, é valioso registrar trecho da obra do Emérito Ministro: Pressupostos de


elegibilidade são requisitos que se devem preencher para que se possa concorrer a
eleições. Assim, estar no gozo de direitos políticos, ser alistado como eleitor, estar filiado
a partido político, ter sido escolhido como candidato no partido a que se acha filiado,
haver sido registrado, pela justiça eleitoral, como candidato por este partido. Já as
inelegibilidades são impedimentos que, se não afastados por quem preenche os
pressupostos de elegibilidade, lhe obstam concorrer às eleições ou – se supervenientes ao
registro ou se de natureza constitucional – servem de fundamento à impugnação de sua
diplomação, se eleito. (…) Portanto, para que alguém possa ser eleito, precisa de

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

preencher pressupostos de elegibilidade (requisito positivo) e não incidir em impedimentos


(requisito negativo). Quem não reunir estas duas espécies de requisitos – o positivo
(preenchimentos de pressupostos) e o negativo (não incidência em impedimentos) – não
pode concorrer ao cargo eletivo. Tendo em vista, porém, que o resultado da inocorrência
de qualquer desses dois requisitos é o mesmo – a não elegibilidade – o substantivo
inelegibilidade (e o mesmo sucede com o adjetivo inelegível) é geralmente empregado para
significar tantos os casos de ausência dos pressupostos de elegibilidade quanto os
impedimentos que obstam à elegibilidade. (ALVES, José Carlos Moreira. Pressupostos de
elegibilidade e inelegibilidades, in: Estudos de direito público em homenagem a Aliomar
Baleeiro. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1976).

Cite-se ainda no trilhar desta lição autores como Joel José Cândido, Antônio Carlos
Mendes, Marcos Ramayana e Pedro Henrique Távora Niess, entre outros.

Esta doutrina determina explicação coerente para o fato de que uma pessoa possa ser
considerada inelegível, mesmo sem o cometimento de qualquer ilegalidade, mas em razão
de suas características pessoais, tal como ocorre no caso das inelegibilidade decorrentes do
vínculo de parentesco, em que, em homenagem ao Princípio Republicano, à Moralidade e à
Impessoalidade, o cidadão é afastado de concorrer a determinados cargos eletivos; outro
exemplo elucidativo é referente à inelegibilidade que afeta os membros do Ministério
Público e da Magistratura, em que, inobstante não haver o cometimento de qualquer
ilicitude, é vedada a candidatura a cargo eletivo.

Deveras, para a imposição de ônus admoestatório o Direito exige, sempre, ou a realização


de um ato ilícito, ou, ao menos, a ocorrência de um dano imputável, observados no
contexto de um processo em que sejam garantidos o contraditório e a ampla defesa; tal,
porém, não ocorre de modo necessário para a configuração de hipótese de Inelegibilidade.
Cite-se, de modo meramente exemplificativo, a inelegibilidade decorrente do parentesco
com titular da chefia do Executivo, dentro da respectiva circunscrição administrativa; a
inelegibilidade para o período subsequente, para o mesmo cargo executivo, após dois
mandatos consecutivos, dentre outros vários exemplos. Nos aludidos casos
exemplificativos não se percebe a ocorrência de qualquer ilicitude a ser sancionada,
tampouco se exige qualquer decisão judicial para a declaração (ou “condenação”, acaso
correta estivesse a primeira corrente) de inelegibilidade, operando-se o instituto ipso facto.
Não é de se ignorar o fato de a legislação eleitoral conter expressões tais como “sanção de
inelegibilidade” ou referir-se à “condenação” em inelegibilidade, mas após o julgamento da
ADI 4578, resta evidente tratar-se de lamentável atecnia legislativa.

De fato, alguns casos de inelegibilidade decorrem de uma condenação, mas é preciso


distinguir a condenação em si, dos efeitos jurídicos irradiados a partir dela. De fato, a
inelegibilidade não se confunde com a condenação, mas pode ser dela efeito decorrente,
conforme aquilatado pela legislação eleitoral específica.

Veja a exemplo uma hipotética condenação em uma AIJE baseada no art. 41-A ou art. 73,
da Lei 9.504/97: Da leitura dos artigos transcritos, verifica-se que uma condenação
importaria em “pena de multa de mil a cinquenta mil UFIR, e cassação do registro ou do
diploma”, no caso do art. 41-A, além “multa no valor de cinco a cem mil UFIR” e
87
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

“cassação do registro ou do diploma para os casos do art. 73”. É de se registrar que


inelegibilidade não é uma sanção prevista pelos arts. 41-A e 73 da Lei 9.504/97, normas
invocadas para condenar o Recorrente na AIJE de 2004, mas tão somente a multa e a
cassação do registro de candidatura, o que foi feito naquele processo. A inelegibilidade é
um efeito decorrente desta condenação pelos arts. 41-A e 73 e não uma espécie de sanção
prevista neles, efeito imputado de forma taxativa pela LC 64/90.

Assim, seja diante de uma relação de parentesco, de um cargo público já titularizado, seja
ainda diante dos efeitos projetados por uma condenação decorrente de ato ilícito, a
legislação eleitoral, segundo uma ordem de valores estabelecida, passa a considerar esse
fatos na definição do status civitatis do cidadão brasileiro. Dessa maneira, essas
características, encampadas por aqueles que pretendem concorrer a cargo eletivo, referentes
às condições de elegibilidade (requisito positivo) e às causas de inelegibilidade (requisitos
negativos), devem ser confrontadas com as regras de Direito vigente a cada eleição,
segundo o que determina o art. 11, §10 da Lei nº 9.504/97.

É justamente neste contexto, que os defensores da constitucionalidade da LC 135/2010


sustentavam a tese de que a Lei poderia ser aplicada mesmo às hipóteses de inelegibilidade
verificadas antes da vigência da Lei da Ficha Limpa, porém ainda no período de
inelegibilidade estabelecido na nova lei, uma vez que foram introduzidas no Regime
Jurídico Eleitoral inovações, perante as quais caberia aos interessados em concorrer às
eleições aderir e adequar-se as regras em agora em vigor, sejam elas favoráveis ou
contrárias aos seus interesses políticos particulares, considerando por fim a inexistência de
Direito Adquirido a Regime Jurídico.

Essas questões foram postas pelo plenário do STF, em sede do julgamento conjunto das
ADC 29 e 30, e ADI 4578, onde restou afirmada a plena constitucionalidade da LC
135/2010, inclusive no que diz respeito às alegações de ofensa à razoabilidade.

Para o Supremo a constatação de causas de inelegibilidade, segundo os critérios


estabelecidos pela LC 135/2010, considerando eventos ocorridos antes de sua vigência, não
encontra barreiras nas garantias previstas no Art. 5º, XXXVI, da Constituição da República,
porquanto não ofende direito adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada, tampouco
estaria havendo aplicação retroativa da Lei.

O que foi afirmado pelo STF é a capacidade da nova Lei Complementar, que alterou o
regime jurídico das eleições, examinar fatos passados em retrospectiva, projetando, porém,
efeitos futuros, sem jamais retroagir para invadir relações jurídicas passadas já
convalidadas, segundo a égide do Direito vigentes à época.

No julgamento conjuntos das aludidas ações de controle, o Min. Luiz Fux, relator dos
processos, citando a obra de Canotilho, apresenta distinção entre retroatividade autêntica e
inautêntica, afirmando a possibilidade de aplicação da lei em retrospectividade, tendo
inclusive exemplo recente em nosso ordenamento, nos seguintes termos: O mestre de
Coimbra, sob a influência do direito alemão, faz a distinção entre: (i) a retroatividade
autêntica: a norma possui eficácia ex tunc, gerando efeitos sobre situação pretéritas, ou,
apesar de pretensamente possuir eficácia meramente ex nunc atinge, na verdade, situações,

88
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

direitos e ou relações jurídicas estabelecidas no passado; e (ii) A retroatividade inautêntica


(ou retrospectividade): a norma jurídica atribui efeitos futuros a situações ou relações
jurídicas já existentes, tendo-se, como exemplos clássicos, as modificações dos estatutos
funcionais ou de regras de previdência dos servidores públicos (v. ADI 3105 e 3128, Rel.
para o acórdão Min. Cezar Peluso).

Neste trilhar de ideias o STF entendeu que a LC 135/2010 não teria o condão de retroagir,
afetando relações pretéritas (ex. Registro de candidatura das eleições de 2008 ou 2010),
mas sendo capaz de projetar efeitos jurídicos futuros (eleições 2012), levando em
consideração fatos pretéritos, sob um enfoque retrospectivo. É de se notar, portanto, que a
LC 135/2010 não altera qualquer relação jurídica ocorrida antes da sua entrada em
vigência, não sendo ademais aplicável às eleições 2010, em razão do princípio da
anualidade, tampouco pretendeu imiscuir-se nas regras que tutelaram as eleições de 2008.

Assim, a LC 135/2010 foi capaz de produzir efeitos imediatos e gerais (respeitando a


anualidade), alterando o regime jurídico eleitoral, a fim de reger as eleições após sua entra
em vigor, mesmo que considerando aspectos pessoais do eleitor que busque candidatar-se a
cargo eletivo ocorridos antes mesmo da entrada em vigor da Lei, descabendo assim falar de
retroatividade, conforme explicitado pelo STF na ADI 4578.

Considerando, outrossim, que o regime das inelegibilidades, consiste, sobretudo, na


adequação do indivíduo, consoante suas características pessoais, ao regime jurídico vigente
a cada eleição, segundo as normas emanadas da Constituição e da Legislação
Complementar, não é possível ao cidadão invocar a proteção ao direito adquirido.

Deveras, o fato do cidadão, em determinado momento, não se encontrar sujeito ao limites


impostos pelo regime de inelegibilidade, não passa a integrar seu patrimônio jurídico de
modo perpétuo, na qualidade de direito subjetivo público, oponível até mesmo a eventuais
mudanças na legislação de regência. Como já é assente na jurisprudência nacional,
sobretudo no STF, não há direito adquirido a regime jurídico, cabendo, portanto, ao cidadão
tão somente curvar-se e se adequar às novas regras que tutelam o regime jurídico das
inelegibilidades.

É valioso lembrar que o TSE, por ocasião da Consulta nº 1147, já teve a oportunidade de se
pronunciar sobre o tema, afirmando categoricamente não haver “direito adquirido às causas
de inelegibilidade anteriormente previstas”.

No que diz respeito à autoridade da Coisa Julgada, fortemente invocada pelos opositores da
aplicação imediata da LC 135/2010, de igual forma não consiste em barreira para sua
aplicação, uma vez que não se está criando nova sanção, ou ressuscitando sanção já
devidamente cumprida, decorrente de fato já julgado, mas tão somente avaliando a
adequação do eleitor que pretenda candidatar-se ao novo regime jurídico eleitoral, diante
das características pessoais por ele encampadas.

Não é determinada qualquer invasão aos processos já julgados, o que a nova lei faz é
considerar se o cidadão sofreu condenação nesses moldes, e, caso tenha sofrido, passa a
considerar que a inelegibilidade perdurará por 8 anos; não havendo qualquer ofensa às

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

proteções consagradas no art. 5º, XXXVI da CR/88.

Por fim é de se registar a ementa dos julgados, acima citados, a fim de melhor ilustrar o que
se vem afirmando: Ação Direta De Inconstitucionalidade 4.578 Distrito Federal. Relator:
Min. Luiz Fux. Reqte.(S): Confederação Nacional Das Profissões liberais-CNPL. Intdo.
(A/S): Congresso Nacional. Intdo.(A/S): Presidente Da República.

EMENTA: Ações Declaratórias de Constitucionalidade e Ação Direta de


Inconstitucionalidade em Julgamento Conjunto. Lei complementar nº 135/10. Hipóteses de
inelegibilidade. Art. 14, § 9º, da constituição federal. Moralidade para o exercício de
mandatos eletivos. Inexistência de afronta à irretroatividade das leis: agravamento do
regime jurídico eleitoral. Ilegitimidade da expectativa do indivíduo enquadrado nas
hipóteses legais de inelegibilidade. Presunção de inocência (art. 5º, LVII, da Constituição
Federal): exegese análoga à redução teleológica, para limitar sua aplicabilidade aos efeitos
da condenação penal. Atendimento dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Observância do princípio democrático: fidelidade política aos cidadãos. Vida pregressa:
conceito jurídico indeterminado. Prestígio da solução legislativa no preenchimento do
conceito. Constitucionalidade da lei. Afastamento de sua incidência para as eleições já
ocorridas em 2010 e as anteriores, bem como e para os mandatos em curso.

1. A elegibilidade é a adequação do indivíduo ao regime jurídico – constitucional e legal


complementar – do processo eleitoral, razão pela qual a aplicação da Lei Complementar nº
135/10 com a consideração de fatos anteriores não pode ser capitulada na retroatividade
vedada pelo art. 5º, XXXV, da Constituição, mercê de incabível a invocação de direito
adquirido ou de autoridade da coisa julgada (que opera sob o pálio da cláusula rebus sic
stantibus) anteriormente ao pleito em oposição ao diploma legal retromencionado; subjaz a
mera adequação ao sistema normativo pretérito (expectativa de direito).

2. A razoabilidade da expectativa de um indivíduo de concorrer a cargo público eletivo, à


luz da exigência constitucional de moralidade para o exercício do mandato (art. 14, § 9º),
resta afastada em face da condenação prolatada em segunda instância ou por um colegiado
no exercício da competência de foro por prerrogativa de função, da rejeição de contas
públicas, da perda de cargo público ou do impedimento do exercício de profissão por
violação de dever ético-profissional.

3. A presunção de inocência consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal deve ser
reconhecida como uma regra e interpretada com o recurso da metodologia análoga a uma
redução teleológica, que reaproxime o enunciado normativo da sua própria literalidade, de
modo a reconduzi-la aos efeitos próprios da condenação criminal (que podem incluir a
perda ou a suspensão de direitos políticos, mas não a inelegibilidade), sob pena de frustrar o
propósito moralizante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal.

4. Não é violado pela Lei Complementar nº 135/10 não viola o princípio constitucional da
vedação de retrocesso, posto não vislumbrado o pressuposto de sua aplicabilidade
concernente na existência de consenso básico, que tenha inserido na consciência jurídica
geral a extensão da presunção de inocência para o âmbito eleitoral.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

5. O direito político passivo (ius honorum) é possível de ser restringido pela lei, nas
hipóteses que, in casu, não podem ser consideradas arbitrárias, porquanto se adequam à
exigência constitucional da razoabilidade, revelando elevadíssima carga de reprovabilidade
social, sob os enfoques da violação à moralidade ou denotativos de improbidade, de abuso
de poder econômico ou de poder político.

6. O princípio da proporcionalidade resta prestigiado pela Lei Complementar nº 135/10, na


medida em que: (i) atende aos fins moralizadores a que se destina; (ii) estabelece requisitos
qualificados de inelegibilidade e (iii) impõe sacrifício à liberdade individual de candidatar-
se a cargo público eletivo que não supera os benefícios socialmente desejados em termos de
moralidade e probidade para o exercício de referido munus publico.

7. O exercício do ius honorum (direito de concorrer a cargos eletivos), em um juízo de


ponderação no caso das inelegibilidades previstas na Lei Complementar nº 135/10, opõe-se
à própria democracia, que pressupõe a fidelidade política da atuação dos representantes
populares.

8. A Lei Complementar nº 135/10 também não fere o núcleo essencial dos direitos
políticos, na medida em que estabelece restrições temporárias aos direitos políticos
passivos, sem prejuízo das situações políticas ativas.

9. O cognominado desacordo moral razoável impõe o prestígio da manifestação legítima do


legislador democraticamente eleito acerca do conceito jurídico indeterminado de vida
pregressa, constante do art. 14, § 9.º, da Constituição Federal.

10. O abuso de direito à renúncia é gerador de inelegibilidade dos detentores de mandato


eletivo que renunciarem aos seus cargos, posto hipótese em perfeita compatibilidade com a
repressão, constante do ordenamento jurídico brasileiro (v.g., o art. 53, § 6º, da
Constituição Federal e o art. 187 do Código Civil), ao exercício de direito em manifesta
transposição dos limites da boa-fé.

11. A inelegibilidade tem as suas causas previstas nos §§ 4º a 9º do art. 14 da Carta Magna
de 1988, que se traduzem em condições objetivas cuja verificação impede o indivíduo de
concorrer a cargos eletivos ou, acaso eleito, de os exercer, e não se confunde com a
suspensão ou perda dos direitos políticos, cujas hipóteses são previstas no art. 15 da
Constituição da República, e que importa restrição não apenas ao direito de concorrer a
cargos eletivos (ius honorum), mas também ao direito de voto (ius sufragii). Por essa razão,
não há inconstitucionalidade na cumulação entre a inelegibilidade e a suspensão de direitos
políticos.

12. A extensão da inelegibilidade por oito anos após o cumprimento da pena, admissível à
luz da disciplina legal anterior, viola a proporcionalidade numa sistemática em que a
interdição política se põe já antes do trânsito em julgado, cumprindo, mediante
interpretação conforme a Constituição, deduzir do prazo posterior ao cumprimento da pena
o período de inelegibilidade decorrido entre a condenação e o trânsito em julgado.

13. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga improcedente. Ações

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

declaratórias de constitucionalidade cujos pedidos se julgam procedentes, mediante a


declaração de constitucionalidade das hipóteses de inelegibilidade instituídas pelas alíneas
“c”, “d”, “f”, “g”, “h”, “j”, “m”, “n”, “o”, “p” e “q” do art. 1º, inciso I, da Lei
Complementar nº 64/90, introduzidas pela Lei Complementar nº 135/10, vencido o Relator
em parte mínima, naquilo em que, em interpretação conforme a Constituição, admitia a
subtração, do prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade posteriores ao cumprimento da pena,
do prazo de inelegibilidade decorrido entre a condenação e o seu trânsito em julgado.

14. Inaplicabilidade das hipóteses de inelegibilidade às eleições de 2010 e anteriores, bem


como para os mandatos em curso, à luz do disposto no art. 16 da Constituição. Precedente:
RE 633.703, Rel. Min. GILMAR MENDES (repercussão geral).

A C Ó R D Ã O: Vistos, relatados e discutidos este autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Senhor Ministro
Cezar Peluso, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por
maioria de votos, em julgar improcedente a ação direta. Brasília, 16 de fevereiro de 2012.
LUIZ FUX – Relator.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 5.b. Propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.


Direito de resposta. Pesquisas e testes pré-eleitorais.
Obras consultadas: Santo Graal 27º. Gomes, José Jairo. Curso de Direito Eleitoral, 7ª.
Edição, 2011. Ramayana, Marcos. Legislação Eleitoral Brasileira, 6ª. Edição.
www.tse.gov.br

Legislação: Lei nº 9.504/97. Lei 12.891/13.

1. Propaganda eleitoral no rádio e na televisão: (a) vedado propaganda paga


(compensação fiscal); (b) foram suspensas, por liminar em ADI, as disposições das
“normas do inciso II e da segunda parte do inciso III, ambos do art. 45, bem como, por
arrastamento, dos §§ 4º e 5º do mesmo artigo, todos da Lei 9.504/97”, admitindo-se a
veiculação de programas humorísticos, mesmo que satirizem o candidato, após 1º de julho
do ano das eleições: “Dando-se que o exercício concreto dessa liberdade em plenitude
assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom
áspero, contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as
autoridades e aparelhos de Estado. Respondendo, penal e civilmente, pelos abusos que
cometer, e sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art.
5º, inciso V”. (STF. ADI 4451 MC-REF/ DF -. Relator(a): Min. AYRES BRITTO .
Julgamento: 02/09/2010). Por outro lado, caso a conduta será vedada se houver intuito de
favorecer determinado candidato. (c) busca-se privilegiar a isonomia e o equilíbrio entre os
candidatos no acesso à TV e ao rádio. (d) confecção e definição do conteúdo do programa
são de responsabilidade do candidato.

Rádio e TV: é restrita ao horário eleitoral gratuito. Ocorre nos 45 dias anteriores à eleição.
Rádio: segunda a sábado, de 7h às 7h30 e de 12h às 12h30. TV: segunda a sábado, de 13h
às 13h30 e de 20h30 às 21h. Distribuição do tempo: a) um terço igualitariamente; b) dois
terços proporcionalmente ao nº de representantes na Câmara dos Deputados, considerado,
no caso de coligação, o resultado da soma de todos os partidos que a integram. OBS: O
STF, em recente julgamento (ADI n. 4430), declarou a inconstitucionalidade da expressão
“e representação na Câmara dos Deputados”, contida no § 2º do art. 47, da Lei n. 9540/97 e
deu interpretação conforme a Constituição ao inciso II do § 2º do art. 47, com o fim de
assegurar aos partidos novos, criados após a realização de eleições para a Câmara dos
Deputados, o direito de acesso proporcional aos 2/3 do tempo destinado à propaganda
eleitoral no rádio e na televisão, considerada a representação dos deputados federais que
migrarem diretamente dos partidos pelos quais tiverem sido eleitos para a nova legenda na
sua criação. 2º turno: se houve segundo turno nas eleições majoritárias o tempo será
distribuído igualmente. Serão dois períodos diários de 20 minutos a ser divididos entre os
candidatos.

Gravações externas, montagens ou trucagens, computação gráfica, desenhos animados e


efeitos especiais: Foram permitidos pela Lei 12.891/13. Atenção. Antes, a lei 9.504
proibia tais condutas no artigo 51, IV. Agora o referido artigo tem a seguinte redação, a

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

qual está suprimida a parte que proibia: na veiculação das inserções, é vedada a divulgação
de mensagens que possam degradar ou ridicularizar candidato, partido ou coligação,
aplicando-se-lhes, ainda, todas as demais regras aplicadas ao horário de propaganda
eleitoral, previstas no art. 47.

Veiculações idênticas: É vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de


programação, exceto se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os
intervalos disponíveis, sendo vedada a transmissão em sequência para o mesmo partido
político. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

Propaganda eleitoral gratuita desblocada: as emissoras de TV e rádio têm que destinar 30


minutos diários em inserções de até 60 segundos de propaganda eleitoral, a critério do
partido ou coligação, distribuídos ao longo do dia entre 8h e 24h. Condutas vedadas às
emissoras de TV e rádio: transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística,
imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza
eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de
dados; usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer
forma, degrade ou ridicularize candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular
programa com esse efeito; veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou
contrária a candidato, partido, coligação ou seus órgãos ou representantes; dar tratamento
privilegiado a candidato, partido ou coligação; veicular ou divulgar filmes, no velas,
minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato ou partido,
mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou de debates políticos e;
divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda
quando preexistente, inclusive se coincidente com nome do candidato ou com a variação
nominal por ele adotada. Sendo o nome do programa o mesmo que o do candidato, fica
proibida a sua divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo registro. Candidato que
é apresentador de TV ou rádio: a partir do resultado da convenção, é vedado às emissoras
de rádio e TV transmitirem programas apresentados ou comentados por candidatos
escolhidos em convenção.

OBS: A Justiça Eleitoral pode suspender a programação normal de uma emissora por
infração à legislação eleitoral? Sim. Pode determinar a suspensão por 24h de programação
normal da emissora que deixar de cumprir as disposições legais eleitorais sobre
propaganda, duplicado tal período em cada reiteração de conduta ilícita.
OBS: Responsabilidade pelo pagamento de multas: artigo 6º, §5º, Lei 9. 504/97: A
responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária
entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando outros partidos mesmo
quando integrantes de uma mesma coligação. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).

Propaganda de candidatura diversa: Art. 53-A: É vedado aos partidos políticos e às


coligações incluir no horário destinado aos candidatos às eleições proporcionais
propaganda das candidaturas a eleições majoritárias ou vice-versa, ressalvada a utilização,
durante a exibição do programa, de legendas com referência aos candidatos majoritários ou,
ao fundo, de cartazes ou fotografias desses candidatos, ficando autorizada a menção ao
nome e ao número de qualquer candidato do partido ou da coligação. Sanção: A
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

inobservância do disposto neste artigo sujeita o partido ou coligação à perda de tempo


equivalente ao dobro do usado na prática do ilícito, no período do horário gratuito
subsequente, dobrada a cada reincidência, devendo o tempo correspondente ser veiculado
após o programa dos demais candidatos com a informação de que a não veiculação do
programa resulta de infração da lei eleitoral [antes se usava o próprio horário do infrator].
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013). Comentário GENAFE: As partes sublinhadas
são inovações da lei.

Propaganda pelo TSE: Art. 93-A: O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no período
compreendido entre 1o de março e 30 de junho dos anos eleitorais, em tempo igual ao
disposto no art. 93 desta Lei, poderá promover propaganda institucional, em rádio e
televisão, destinada a incentivar a igualdade de gênero e a participação feminina na política.
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013). [Art. 93. O Tribunal Superior Eleitoral poderá
requisitar, das emissoras de rádio e televisão, no período compreendido entre 31 de julho e
o dia do pleito, até dez minutos diários, contínuos ou não, que poderão ser somados e
usados em dias espaçados, para a divulgação de seus comunicados, boletins e instruções ao
eleitorado.]

DEBATES: podem ser realizados nas campanhas majoritárias ou proporcionais, sendo


obrigatório o convite daqueles partidos que tenham representação na Câmara dos
Deputados. As emissora não são obrigadas a realizar debates. São obrigatoriamente
gratuitos. Somente após 06/07 e fora do horário gratuito de propaganda eleitoral. As regras
são estabelecidas por acordo entre os partidos e a emissora, dando ciência à Justiça
Eleitoral. Para os debates do 1º turno, considera-se aprovado o acordo que tiver a
concordância de 2/3 dos partidos ou coligações com candidatos aptos ao debate. Somente
candidatos podem participar dos debates, e tem que ser candidato ao mesmo cargo e na
mesma circunscrição. É permitido vários entrevistadores. É obrigatório o convite de todos
os partidos ou coligações que tenham representação na Câmara dos Deputados e que
possuam candidatos no prazo mínimo de 72 horas de antecedência. É facultado ao
candidato ir ou não. A emissora que descumprir as regras fica sujeita à sanção de retirada
da programação normal por 24 horas.

ENTREVISTAS: é admissível a realização de entrevistas na forma que a emissora entender


conveniente (TSE, AgRgAC 2787/PA). “O art. 36-A da Lei n° 9.504/97 estabelece que
não será considerada propaganda eleitoral antecipada a participação de filiados a
partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates
no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos
políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento
isonômico”[Atualizei aqui a redação do texto pela alteração ocorrida em 2013]. AgR-REspe
- Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 532581 - joão pessoa/PB Acórdão
de 04/08/2011. Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI. CENSURA PRÉVIA –
proíbe-se a censura prévia. INVASÃO DE HORÁRIO – não é permitido que candidato
majoritário faça inclusão no horário da propaganda das eleições proporcionais e vice-versa,
sob pena de perda do horário equivalente do candidato beneficiado. “A regra do art. 53-A
não contempla a "invasão" de candidatos majoritários em espaço de propaganda
majoritária. Protege apenas a ocupação pelos majoritários dos espaços destinados aos

95
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

proporcionais e vice-versa”. Rp - Representação nº 254673 – brasília/DF. Acórdão de


31/08/2010 Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA. PARTICIPAÇÃO DE
FILIADOS A OUTRO PARTIDO: os candidatos filiados a partidos diversos não podem se
manifestar em programas de rádio e televisão do outro, só se admitindo que o uso na
“propaganda regional da ‘imagem e da voz de candidato ou militante de partido político
que integre a sua coligação no âmbito nacional’” (GOMES, 2010, 345). TIPOS:
propaganda em rede – é a propaganda fixa, com período determinado, transmitidas de
segunda a sábado, distribuído o horário entre os candidatos com representação na Câmara
dos Deputados; propaganda em inserção – veiculadas diariamente, inclusive aos domingos,
levadas ao ar entre 8h e 24h, assegurando-se participação de todos os candidatos.

RETRANSMISSÃO: estações repetidoras ou retransmissoras não necessitam gerar


programas eleitorais específicos para os municípios onde se situam (devem bloquear a
transmissão de programas de municípios diversos, substituindo por uma imagem estática
com os dizeres: horário destinado à propaganda eleitoral gratuita). TSE Pet 2860/DF –
2008).

2. DIREITO DE RESPOSTA: Constitui corolário do princípio da informação e da


veracidade que norteia a propaganda eleitoral. DEFINIÇÃO: consiste em demanda na qual
se postula o direito de resposta. LEGITIMAÇÃO ATIVA: candidato, partido ou coligação
atingidos de forma direita ou indireta. Atenção: é a única ação eleitoral que o MPF ao tem
legitimidade ativa, porém é obrigatória sua oitiva como fiscal da lei. O direito de resposta
também poderia ser pedido por qualquer ofendido, seja pessoa física ou jurídica, mas seria
de competência da justiça eleitoral o julgamento do pedido do direito de resposta se a
ofensa fosse veiculada na propaganda eleitoral gratuita. OBS: É assegurado direito de
resposta a terceiro? A Resolução 21575, TSE estabelece a legitimidade de terceiro para
buscar o direito de resposta. CABIMENTO: cabível somente a partir da escolha de
candidatos em convenção, se for veiculada propaganda, por qualquer meio de comunicação
social, contendo imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente
inverídica. PRAZO: a ação em busca do direito de resposta tem que ser interposta nos
seguintes prazos, sob pena de decadência: 24h para horário eleitoral gratuito, 48h para
programação de rádio e TV e 72h para órgão de imprensa escrita. PROCEDIMENTO:
notificação imediata para defesa que deverá ocorrer em 24 horas. Com ou sem defesa o
MPE deve ser ouvido como custus legis. No máximo em 72 horas do pedido tem que haver
decisão judicial. Caso a decisão não seja prolatada em 72 (setenta e duas) horas da data da
formulação do pedido, a Justiça Eleitoral, de ofício, providenciará a alocação de Juiz
auxiliar [Regra incluída pela Lei 12.891/13]. Cabe recurso em 24 horas, com contrarrazões
em igual prazo. Atenção: o pedido de direito de resposta e as representações por
propaganda irregular em rádio, televisão e internet tramitarão preferencialmente em relação
aos demais processos. CUSTOS: os custos do direito de resposta correrão por conta do
ofensor. PEDIDO PREJUDICADO: após as eleições, os pedidos do direito de resposta
ainda não apreciados estarão prejudicados, já que se destinam ao equilíbrio da disputa
eleitoral.

OBS: O procedimento do direito de resposta está na resolução http://www.eleitoralbrasil.


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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

com.br/imagens/textos/files/Resolucao%20TSE%2023367%20-%20Representacoes,%20
reclamacoes%20e%20pedido%20de%20resposta.pdf

3. PESQUISAS E TESTES PRÉ-ELEITORAIS: Definição: pesquisas e testes pré-


eleitorais não são espécie de propaganda eleitoral. Consiste no “levantamento e a
interpretação de dados atinentes à opinião ou preferência do eleitorado quanto aos
candidatos que disputam as eleições” (GOMES, 2010, p. 292). Tipos: interna (circunscrita
as instâncias do partido) e externa (submetida à divulgação e disciplinada pelo direito
eleitoral). Critérios: veracidade e confiabilidade. Obrigatoriedade do registro: é obrigatório
o registro na justiça eleitoral 5 dias antes da divulgação. Juízo de registro: eleições
municipais: juiz eleitoral; eleições estaduais e federais: TRE; eleições presidenciais: TSE.
MOMENTO DA DIVULGAÇÃO: podem ser divulgadas a qualquer tempo, até mesmo no
dia da eleição, desde a empresa responsável pela pesquisa ou teste pré-eleitoral a registre na
Justiça eleitoral com 5 dias de antecedência de sua publicação. Porém, a pesquisa realizada
no dia da eleição somente poderá ser divulgada após as 17h do dia do pleito. OBS: A
justiça eleitoral pode proibir a divulgação de pesquisa eleitoral? Não. O registro da pesquisa
não está sujeito a deferimento ou indeferimento. Se houver irregularidade no prazo de 5
dias, a justiça eleitoral poderá aplicar multa, apenas.

OBS: Nota fiscal de pesquisa: A Lei 12. 891/12 determina que haja nota fiscal com nome
de qual pagou a realização da pesquisa. [texto da lei: art. 33, VII: nome de quem pagou pela
realização do trabalho e cópia da respectiva nota fiscal.].

ENQUETE ou SONDAGEM: Atenção!! Foi vedado totalmente a realização de enquete


no período de campanha eleitoral pela Lei 12. 891/12.

[Como era: consiste em pesquisa menos rigorosa quanto à abrangência e ao método, NÃO
SENDO NECESSÁRIO REGISTRO NA JE. “Consoante o art. 21 da Res.-TSE nº
23.190/2009, na divulgação de resultado de enquete, deverá constar informação de que não
se trata de pesquisa eleitoral, mas de mero levantamento de opinião, sem controle de
amostra, o qual não utiliza método científico para sua realização e depende somente da
participação espontânea do interessado”. TSE. 1296-85.2010.615.0000. 2011]. Texto
tachado para que você memorize visualmente que essa regra não tem validade atualmente.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 5.c. Registro de candidaturas. Impugnação. Legitimidade.


Obras consultadas: Santo Graal 27º. Gomes, José Jairo. Curso de Direito Eleitoral, 7ª.
Edição, 2011. Ramayana, Marcos. Legislação Eleitoral Brasileira, 6ª. Edição.
www.tse.gov.br

Legislação: Lei nº 9.504/97.

Situando o ponto na matéria: O processo eleitoral se desenvolve em etapas. Segundo Joel


José Cândido, as fases do processo eleitoral são as seguintes: i) preparatória; ii) fase de
votação; iii) apuração e; iv) diplomação.

A fase preparatória se subdivide em outras três: convenções partidárias, registro de


candidatos e medidas preliminares à votação.

OBS: Até onde vai a competência da Justiça Eleitoral? Os autores, de modo geral, afirmam
que a competência da Justiça eleitoral vai até a fase da diplomação, entretanto, imagine-se
que uma impugnação da apuração, proposta antes da diplomação, venha a ser julgada após
a diplomação. Nesse caso, ainda assim, a competência será da Justiça eleitoral. Também
existem impugnações eleitorais propostas após a diplomação que são de competência da
Justiça eleitoral [recurso contra a diplomação e ação de impugnação ao mandato eletivo,
que são propostas após a diplomação]. A posse e o exercício dos candidatos não são de
competência da Justiça eleitoral [é das casas respectivas]. Nesse aspecto, a competência vai
até a diplomação, mas prossegue em relação às impugnações.

Convenções partidárias: ocorrerá após o alistamento eleitoral se o partido político


entender necessário. É ato solene para se realizar a escolha de candidatos e para deliberar
sobre eventuais coligações. Outros assuntos também podem ser tratados, como o limite de
gastos dos candidatos, a definição do número com os quais irão concorrer. É ato interna
corporis, devendo ser previsto no Estatuto. Pode ser convenção municipal, estadual ou
nacional. Podem ser feitas no período de 12 a 30 de junho do ano das eleições [OBS:
Alteração legislativa recente: A escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre
coligações deverão ser feitas no período de 12 a 30 de junho do ano em que se realizarem
as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral,
publicada em 24 (vinte e quatro) horas em qualquer meio de comunicação. (Redação dada
pela Lei nº 12.891, de 2013)]. É permitido o uso de prédio público. A utilização gratuita de
prédio público é direito subjetivo da agremiação partidária. Basta comunicar ao agente
público com a antecedência mínima de 72 horas. O partido é responsável por eventuais
danos ao patrimônio público. Em caso de mais de uma agremiação solicitar o local para o
mesmo dia e hora, será observada a ordem de protocolo. Para ser escolhido o candidato
deverá estar filiado há pelo menos um ano antes das eleições ao partido e, por igual prazo,
possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição [havendo fusão ou incorporação de

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

partidos há menos de um ano das eleições, é considerado a data de filiação ao partido de


origem. É permitido a propaganda no âmbito interno do partido [propaganda
intrapartidária] pelo pré-candidato no período de 15 dias que antecederem a convenção. É
vedado o uso de rádio, outdoor e TV para a propaganda intrapartidária. OBS: Regras: A
convenção deve se realizar com a observância de regras disciplinadas no Estatuto dos
partidos, pois dizem respeito à autonomia partidária. São assuntos interna corporis e,
portanto, insuscetíveis de intervenção estatal. Ex: Regras sobre presidência da convenção,
forma de escolha dos candidatos, quorum de votação, formação de coligações eleitorais,
dentre outras. Diante da omissão do Estatuto, a lei estabelece que caberá ao diretório
nacional do próprio partido fixar as regras até 180 dias antes das eleições. Essas regras
vinculam as convenções em todos os níveis.

Coligações: como dito acima, as convenções partidárias podem deliberar sobre coligações.
Conceito: Coligação é a aliança entre dois ou mais partido políticos, dentro de uma mesma
circunscrição, com o objetivo comum de, conjuntamente, escolherem seus candidatos para
disputarem as eleições a se realizarem, seja para eleições proporcionais ou majoritárias,
podendo formar mais de uma colocação para o pleito proporcional entre os partidos que
integrarem a coligação par o pleito majoritário. Natureza jurídica: as coligações não são
dotadas de personalidade jurídica, mas atuam como uma entidade jurídica autônoma dotada
de direitos e deveres similares à agremiação partidária. Funcionam perante a Justiça
Eleitoral como se um único partido fosse. Ela que deterá a legitimidade ativa e passiva nas
ações judiciais eleitorais. Pode ter qualquer nome, exceto referência a nome de candidato
ou pedido de voto (ex: coligação voto no 11; Coligação agora é a vez de Fulano).
Verticalização: em 2002 o TSE impôs por Resolução a obrigatoriedade de se reproduzir
alianças ou coligações partidárias no âmbito nacional e regional. Porém, em 2006 o
Congresso Nacional alterou o artigo 17 da CF, pondo fim à verticalização nas eleições
brasileiras.

Regras para as coligações: É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma


circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária, proporcional, ou para ambas,
podendo, neste último caso, formar-se mais de uma coligação para a eleição proporcional
dentre os partidos que integram a coligação para o pleito majoritário. [Atenção: se tiver
coligação para a majoritária, os partidos podem concorrer na proporcional sozinho ou
coligar para a proporcional APENAS com os partidos que participaram da coligação
majoritária [em coligação fechada ou coligação casada], seja lá em qual combinação de
partidos for, podendo gerar várias subcoligações [coligação casada], pois não poderá
coligar com nenhum partido que não tenha participado da coligação majoritária]. A
coligação terá denominação própria, que poderá ser a junção de todas as siglas dos partidos
que a integram, sendo a ela atribuídas as prerrogativas e obrigações de partido político no
que se refere ao processo eleitoral, e devendo funcionar como um só partido no
relacionamento com a Justiça Eleitoral e no trato dos interesses interpartidários. A
denominação da coligação não poderá coincidir, incluir ou fazer referência a nome ou
número de candidato, nem conter pedido de voto para partido político. Na propaganda para
eleição majoritária, a coligação usará, obrigatoriamente, sob sua denominação, as legendas

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

de todos os partidos que a integram; na propaganda para eleição proporcional, cada partido
usará apenas sua legenda sob o nome da coligação. Na formação de coligações, devem ser
observadas, ainda, as seguintes normas: na chapa da coligação, podem inscrever-se
candidatos filiados a qualquer partido político dela integrante; o pedido de registro dos
candidatos deve ser subscrito pelos presidentes dos partidos coligados, por seus delegados,
pela maioria dos membros dos respectivos órgãos executivos de direção ou por
representante da coligação; os partidos integrantes da coligação devem designar um
representante, que terá atribuições equivalentes às de presidente de partido político, no trato
dos interesses e na representação da coligação, no que se refere ao processo eleitoral; a
coligação será representada perante a Justiça Eleitoral pela pessoa designada na forma do
inciso III ou por delegados indicados pelos partidos que a compõem, podendo nomear até:
a) três delegados perante o Juízo Eleitoral; b) quatro delegados perante o Tribunal Regional
Eleitoral; c) cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral. OBS: O partido político
coligado somente possui legitimidade para atuar de forma isolada no processo eleitoral
quando questionar a validade da própria coligação, durante o período compreendido entre a
data da convenção e o termo final do prazo para a impugnação do registro de candidatos.
OBS: A responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é
solidária entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando outros partidos
mesmo quando integrantes de uma mesma coligação.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Registro de candidatura (RCAN): é o procedimento de formalização da candidatura, em


regra iniciado por pedido de partido ou coligação, na qual são aferidas as condições de
elegibilidade, as causas de inelegibilidade e as “condições de registrabilidade” (Ex.
propostas defendidas pelo candidato – Lei 12.034/2009, somente para os cargos do
executivo).

A condição de candidato e a candidatura só surgem com o registro. Antes disso, aquele que
foi indicado em convenção partidária goza do status de pré-candidato.

Só em dois casos o pedido de registro de candidatura pode ser feito sem prévia escolha em
convenção partidária: i) substituição de candidato (art.13, LE) e ii) indicação suplementar
das vagas remanescentes (art. 10, §5° da LE), hipóteses em que a escolha do pré-candidato
será feita pelo órgão de direção do partido. Tais hipóteses não se confundem com a
“candidatura nata”, privilégio de pedir o registro sem passar pelo crivo das convenções
partidárias concedido de candidatos à reeleição nas eleições proporcionais. (eficácia
suspensa em virtude de liminar ADI 2.530-9, ajuizada pelo PGR).

Natureza jurídica do RCAN: três posições: a) natureza administrativa (Rodrigo L. Zílio), b)


natureza jurisdicional / jurisdição voluntária (Adriano Soares da Costa) e c) natureza mista.
O STF já assentou a natureza administrativa do RCAN (QO na Ação ordinária 510/1998).
Importante é saber que não há lide, não há conflito, de modo que cabe ao juiz examinar de
ofício todas as condições do registro, salvo a inelegibilidade decretada em ação específica,
que pode ser conhecida de ofício pelo juiz eleitoral no exame do RCAN.

Aferição das condições: As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem


ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas
as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade
(art. 11, §10 da LE).

Momento de aferição ≠ Momento de perfeição: As condições devem ser aferidas no


momento de registro, mas tendo em vista data da eleição, quando deverão estar presentes
(exceção: idade mínima, cujo exame deve ter em vista a data da posse, nos termos do art.
11, §2° da LE). Caso determinada condição possa ser preenchida até a eleição pelo advento
de simples termo, evento futuro e certo, o RCAN não deve ser indeferido. Há ainda um
processo geral ou raiz, que tem por objetivo analisar a regularidade da agremiação e dos
atos por ela praticados com vistas à disputa eleitoral. (Gomes, p. 237).

OBS: se houver anulação da eleição majoritária ocorrerá renovação das eleições, sendo
possível a candidatura daqueles que, ao pleito anulado, tiveram seu registro indeferido por
ausência de desincompatibilização, desde que obedeçam os prazos estabelecidos na
regulamentação da nova eleição. (TSE, consulta 1.707/DF)

Procedimento: pedido de registro de candidatura (até 5 de julho, às 19:00)→ publicação de


edital com lista de candidatos (pedido suplementar de RCAN pelo pré-candidato preterido
pelo partido/coligação, em até 48 h e impugnação via AIRC, em até 5 dias) → diligências
(72h) → decisão (3 dias) → recurso ao TRE (3 dias) → recurso ao TSE (3 dias) → recurso
ao STF (3 dias). O processo é desdobrado em duas vertentes: processo geral, que objetiva

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

analisar a regularidade do partido/coligação, e processo individual, que examina o pedido


de cada postulante em particular. Novidade da Lei 12.034/2009. “A questão nova, alusiva
à quitação eleitoral, diz respeito à condição de elegibilidade, que não deve ser examinada
em prestação de contas, mas em eventual processo de registro de candidatura, momento
em que poderá ser discutida a aplicação do disposto no § 7º do art. 11 da Lei nº 9.504/97,
acrescido pela Lei nº 12.034/2009. TSE. 1310-86.2010.600.0000. 2011”.

Competência: a) Juízes Eleitorais: candidatos a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores; b)


Tribunais Regionais Eleitorais: candidatos a Governador, Vice-governador, Senadores,
Deputados Federais e Deputados Estaduais; c) Tribunal Superior Eleitoral: candidatos e
Presidente e Vice-Presidente.

Prazo: Os partidos e coligações devem solicitar à Justiça Eleitoral o registro de seus


candidatos até as 19h do dia 05 de julho do ano das eleições. Se esses se omitirem, os pré-
candidatos poderão fazê-lo até 48h depois da publicação da lista de candidatos. (art. 11,
§4º, LE). Depois desse prazo, ainda será possível a substituição de candidatos (art. 13 da
LE).

Pedido de registro: iniciativa: a) partido/coligação; b) pré-candidatos preteridos pelos


partidos/coligações, até 48h depois da publicação da lista de candidatos (art. 11, §4º, LE). O
pedido deve ser acompanhado dos documentos indicados no art. 11, § 1° da LE.
Verificando vício sanável, o juiz é obrigado a conceder oportunidade de saneamento, em
até 72h (art. 11, § 3° da LE. Não concedido o prazo de saneamento, o documento poderá
ser juntado na fase recursal (Súmula 03 do TSE). Nas eleições majoritárias, deve-se
registrar a chapa completa (unicidade da chapa). Candidatos a titular do Poder Executivo
devem registrar suas propostas (novidade da Lei 12.034/09). Princípio da unicidade do
registro: só é admissível um registro por candidato, independentemente do cargo ou da
circunscrição (art. 88 do CE). Princípio da celeridade: até 45 dias antes das eleições, todos
os RCAN devem estar julgados em todas as instâncias (art. 16, § 1° da LE). Reserva de
sexo: Cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para
candidaturas de cada sexo (art. 10 da LE). OBS 1: Cálculo com base no número de
candidatos “efetivamente lançados pelo partido ou coligação, não se levando em conta os
limites estabelecidos no art. 10, caput e § 1º, da Lei nº 9.504/97”. TSE. REspE 78432.
2010.

Cota de gênero: A lei 12.034/09 inovou com a cota de gênero, que permite um aumento da
participação feminina no processo eleitoral. Serão destinadas, no mínimo, 30% (trinta por
cento) e, no máximo, 70% (setenta por cento) das vagas para candidatura de cada sexo (art.
10, §3º, Lei 9.504/97). Atenção: Houve discussão acerca da base de cálculo da cota de
gênero. O TSE firmou orientação no sentido de que a base de cálculo deve observar o
número de candidaturas efetivamente requeridas e, não, o número abstratamente previsto
em lei (vide REsp 78432). OBS: se o partido ou coligação não observar o percentual
mínimo de 30% para um dos sexos o pedido de registro coletivo do partido ou da coligação
deverá ser indeferido pela Justiça Eleitoral, após concessão de prazo para que seja sanado o
problema. (TSE, nov. 2012, REspE 2939). OBS: Há Resolução do TSE que já regulou essa
cota de gênero, prevendo a solução para hipótese em que o resultado percentual for fração,
equivalendo a um inteiro, arredondando para cima (Art. 20, §§ 4º e 5º, Resolução nº
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

22.156/06).

Quantidade de candidatos: Eleição proporcional: Limites estabelecidos no art. 10, caput e §


1º, da Lei nº 9.504/97: de 150% (partido) e 200% (coligação) para registro. Ex 1: partido
isolado: 36 vagas  150% de 36 = (36 + 18) = 54 candidatos. Ex 2: Coligação: 36 vagas
 200% de 36 = (36 + 36) = 72 candidatos. Exceção: Há exceção prevista na lei, em
relação à eleição proporcional, que é a dos estados em que a população elege até 20 (vinte)
deputados federais. Nesse caso, cada partido poderá registrar até o dobro do número de
vagas a preencher e a coligação, além do dobro, mais 50% (cinquenta por cento) daquele
número de vagas. Eleição majoritária: não há distinção entre partido e coligação. Para chefe
do executivo, cada partido ou coligação poderá registrar um titular e um vice. Para senador,
cada partido ou coligação poderá registrar até um titular e dois suplentes. Em relação ao
senador, se houver renovação de dois terços do Senado (art. 46, §2º, CRFB/88), cada
partido ou coligação poderá registrar dois titulares e quatro suplentes, sendo dois para cada
titular.

Vagas remanescentes: As vagas remanescentes representam a diferença entre o número de


candidaturas que foram efetivamente requeridas e aquelas que poderiam ser requeridas
abstratamente. Essas vagas podem ser preenchidas posteriormente pelo órgão de direção do
partido, até 60 dias antes da eleição, dispensada nova escolha em convenção partidária (art.
10, §5º, lei 9.504). [Art. 10, §5º - No caso de as convenções para a escolha de candidatos
não indicarem o número máximo de candidatos previsto no caput e nos §§ 1º e 2º deste
artigo, os órgãos de direção dos partidos respectivos poderão preencher as vagas
remanescentes até sessenta dias antes do pleito].

Substituição de candidatos: é facultado ao partido ou coligação substituir o candidato que


for considerado inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo de registro ou,
ainda, tiver seu registro indeferido (procedência de AIRC) ou cancelado (em virtude
expulsão do candidato do respectivo partido político, art. 14 da LE). A escolha do
substituto será feita pelo órgão de direção do partido do substituído, não em nova
convenção. Nas eleições majoritárias: se houver coligação, a escolha do substituído será
feita pelo voto da maioria absoluta dos órgãos de direção dos partidos coligados, podendo o
substituto ser filiado a qualquer partido dela integrante, desde que o partido ao qual
pertencia o substituído renuncie ao direito de preferência. Se for candidato de partido não
coligado, incumbirá à própria agremiação partidária indicar o nome do substituto. O pedido
de substituição deve ser feito até 10 dias do fato ou da notificação da decisão judicial que
deu origem à substituição. Se esse prazo vencer depois da eleição, o termo final ocorrerá na
véspera da mesma. Se a urna já tiver sido preparada, o substituto concorrerá com nome,
número e foto do substituído e todos os votos dados ao candidato anterior serão
computados em favor do substituto. Entre o 1° e o 2° turno das eleições, não é possível a
substituição do titular da chapa, por força do art. 77, §4° da CRFB (convoca-se, entre os
remanescentes, o de maior votação). O TSE, porém, admite a substituição do vice (AC
24340/94). Ex: se em uma eleição majoritária o mais votado no 1º turno falece, o 2º turno
será entre o 2º e 3º mais votados, não podendo o partido ou coligação fazer a substituição.
Porém, se for o vice que morre entre o 1º e o 2º turno, pode ser substituído. Eleições
proporcionais: prazo de 10 dias do fato ou da notificação.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Prazo para substituição: Tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, a
substituição só se efetivará se o novo pedido for apresentado até 20 (vinte) dias antes do
pleito, exceto em caso de falecimento de candidato, quando a substituição poderá ser
efetivada após esse prazo. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).

Cancelamento do registro: o candidato que, até a data das eleições, for expulso do partido,
observado devido processo legal, terá o registro de sua candidatura cancelada por
solicitação do partido à justiça eleitoral.

Candidatura nata: O art. 8º, §1º da lei 9.504/97 trata da candidatura nata, que é o direito de
se obter o registro da candidatura para a reeleição no mesmo cargo. O STF suspendeu a
aplicação deste artigo, por entender que todos os candidatos devem ser escolhidos,
inclusive os que já exercem o cargo (vide ADI 2530-9).

Ação de impugnação de registro de candidatura (AIRC): ação que tem por finalidade
obter o indeferimento do pedido de registro de candidatura, em virtude da ausência de
condições de elegibilidade, da incidência de causas de inelegibilidade ou da falta de
condições formais de registro (“condições de registrabilidade”). A AIRC constitui incidente
no procedimento de RCAN, que é principal em relação a ela. Daí porque RCAN e AIRC
devem ser decididos na mesma sentença. Rito: ordinário, art. 2° a 16 da LC 64/90.

Prazo: até 5 dias após a publicação do edital com lista dos registros pedidos. Prazos
contínuos, peremptórios, correm em cartório e, a partir do fim do prazo de registro, não se
suspendem aos sábados, domingos e feriados (art. 16 da LC 64/90). Pela especialidade, esta
regra vale também para o MP, constituindo exceção à regra que garante a intimação
pessoal, com vista dos autos (art. 18, II, “h” da LC75/93 e art. 236, §2° do CPC).
Competência: a mesma do RCAN, art. 2° da LC 64/90.

Legitimidade:

1) Legitimidade ativa: São legitimados concorrentemente: a) MP, impedido o membro que


tiver exercido atividade partidária ou disputado eleição nos últimos 2 anos; b) Partido
Político, desde que não coligado (art. 6°, §4° da LE); c) Coligação e d) Candidato. A
legitimidade do candidato independe do cargo disputado, podendo, eg, candidato a vereador
impugnar registro de candidato a prefeito (neste sentido, J. Jairo e R.L. Zílio, contra, A.
Soares da Costa). “Candidato” que teve o RCAN indeferido ou ainda não deferido também
tem legitimidade ativa para impugnar RCAN dos demais candidatos. O TSE admite a
legitimidade do “pré-candidato” derrotado na convenção para impugnar o RCAN do
candidato escolhido, com base em vícios da convenção. Candidatos de outros partidos
também têm legitimidade para impugnar o RCAN de seus adversários, vedada, porém, a
invocação de matéria interna corporis do outro partido (eg, vícios da convenção). É
possível o litisconsórcio facultativo ativo. A ação proposta pelo partido, candidato ou
coligação não impede atuação do MPE. Partido político não pode propor AIRC contra seus
próprios filiados. Quanto à fase recursal, dispõe a súmula 11 do TSE que partido político
que não tenha impugnado o RCAN não tem legitimidade para recorrer da sentença que o

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional. Esta súmula não se aplica ao MP. Por
fim, frise-se que o cidadão não tem legitimidade, podendo apenas apresentar “notícia” aos
órgãos legitimados para agir (o art. 97, §3° do CE foi revogado pelo art. 3° da LC 64/90).

2) Legitimidade passiva: pré-candidato, ou seja, aquele que pede o RCAN. Não há


litisconsórcio passivo necessário entre pré-candidato e seu partido/coligação. A lei não
impõe e nem há unidade de relação jurídica material. Admite-se a assistência simples do
partido/coligação (interesse jurídico). Nas eleições majoritárias, não há litisconsórcio
passivo necessário entre titular e vice ou suplente, pois as condições de elegibilidade e
causas de inelegibilidade têm caráter personalíssimo. Ademais, é possível pedir a
substituição do titular ou do vice que tiver seu RCAN indeferido (art. 13 da LE).

Competência: TSE: Presidente e vice; TRE: Governador, vice, Senador, Deputado Federal,
Deputado Estadual e Deputado Distrital. Juiz Eleitoral: Prefeito, vice e Vereador.

Capacidade postulatória: a) eleições municipais: AIRC dispensa advogado, salvo em grau


recursal; b) eleições estaduais, federais e presidencial: exige-se advogado desde o início,
pois a AIRC será proposta diretamente perante tribunal. Neste sentido, J. Jairo e TSE.

Causa de pedir: ausência de condições de elegibilidade, incidência de causas de


inelegibilidade ou falta condições formais de registro (“condições de registrabilidade”).
Atenção: a AIRC não se presta à decretação de inelegibilidade por abuso de poder. A AIRC
só pode ter como causa de pedir a inelegibilidade originária ou a inelegibilidade cominada
já reconhecida em processo específico anterior.

Preclusão: as inelegibilidade devem ser arguídas na primeira oportunidade possível, sob


pena de preclusão (art. 259, CE). Não alegadas na AIRC, só não precluem as
inelegibilidades constitucionais e as supervenientes (legais ou constitucionais), que poderão
ser posteriormente invocadas em recurso contra a expedição de diploma.

Antecipação de tutela: não tem cabimento em sede de AIRC (permite-se a continuidade da


campanha por conta e risco do candidato impugnado). Admite-se, por outro lado,
julgamento antecipado da lide.

Procedimento: (a) são 07 dias para contestar (b) são no máximo 06 testemunhas (c) 05 dias
para o juiz diligenciar e mais 05 dias para as alegações finais em prazo comum para as
partes (d) são 03 dias para sentenciar, para recorrer e para contrarrazoar.

Recurso: "No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou não tem
legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria
constitucional" (Súmula 11 – TSE). Exige-se a representação de advogado para recurso
(AC 23668/2004). Prazo: 3 dias.

OBS: Entendimento superado: Apesar de a súmula falar apenas em “partido” que não
impugnou o registro, o TSE aplicava esse entendimento também para o Ministério Público.
Assim, o TSE afirmava que “a parte que não impugnou o registro de candidatura, seja ela
candidato, partido político, coligação ou o Ministério Público Eleitoral, não tem

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

legitimidade para recorrer da decisão que o deferiu, salvo em casos que envolvem matéria
constitucional”. O STF muda esse entendimento, olhe:

STF, 2013: O Plenário do STF reconheceu que o Ministério Público Eleitoral possui
legitimidade para recorrer de decisão que deferiu registro de candidatura, mesmo que não
tenha apresentado impugnação ao pedido inicial desse registro. O relator do caso, Min.
Ricardo Lewandowski, sustentou que o art. 127 da CF/88, ao incumbir o Ministério Público
de defender a ordem pública e o regime democrático, outorga a ele a possibilidade de
recorrer, como custos legis (fiscal da lei), contra o deferimento de registros, mesmo que não
tenha impugnado o pleito original, por se tratar de matéria de ordem pública. O STF, com
essa decisão, modifica a posição até então dominante no TSE. Vale ressaltar, no entanto,
que esse novo entendimento manifestado pelo STF foi modulado e só valerá a partir das
eleições de 2014. Assim, nos recursos que tratam sobre o tema, referentes ao pleito de
2012, deverá continuar sendo aplicado o entendimento do TSE que estendia ao MP a regra
da Súmula 11-TSE. [STF. Plenário. ARE 728188/RJ. Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 18/12/2013 (Info 733)].

Da decisão da AIRC cabe recurso: 1) Sentença de Juiz Eleitoral: cabe recurso inominado
para o TRE. 2) Acórdão de TRE: Cabe Recurso Ordinário Eleitoral (ROE quando versar
sobre inelegibilidade) ou Recurso Especial Eleitoral (REspE quando versar sobre condições
de elegibilidade), ambos para o TSE.

O que é “teoria da própria conta e risco” e “teoria dos votos engavetados”? O candidato que
não tem seu registro deferido pode prosseguir na campanha eleitoral, sendo apto para fazer
propaganda eleitoral, participar de comícios, debates, mas por sua conta e risco (teoria da
conta e risco), ou seja, se no dia da votação ele não tiver registro, seus votos serão
considerados nulos. Assim, o candidato que tiver seu registro indeferido poderá recorrer da
decisão e prosseguir por sua conta e risco, enquanto estiver sub judice, em sua campanha e
ter seu nome mantido na urna eletrônica, ficando a validade de seus votos condicionada ao
deferimento de seu registro por instância superior. Isso porque, “transitada em julgado a
decisão que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado o registro, ou
cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido” (art. 15 da
LC 64/90). Em fase de recurso, este não será substituído; todavia, se a decisão recorrida se
confirmar pela instância superior (leia-se TSE, e não STF, ou seja, não precisa de trânsito
em julgado) e o candidato vencer as eleições, os votos atribuídos a ele serão nulos (teoria
dos votos engavetados), regras válidas para as eleições majoritárias e proporcionais. A Lei
n. 12.034/2009, em seu art. 16-A, cria a possibilidade de um candidato concorrer mesmo
que seu registro esteja sub judice, ou seja, sem decisão final favorável do TSE. Ele poderá
fazer a campanha normalmente enquanto estiver nessa condição, inclusive no rádio e na
TV. Trata-se da adoção da teoria da conta e risco, aplicada pelo TSE em várias eleições, ou
seja, efeito suspensivo do indeferimento de registro (art. 15 da LC 64/90). Assim, caso a
decisão não tenha sido apreciada pelo TSE, em sede de Embargos de Declaração em
REspe, até a eleição, seu nome também deverá figurar na urna eletrônica. Todavia, os votos
recebidos por ele só serão válidos se o pedido de registro for aceito definitivamente pelo
TSE, o que se denominou de “teoria dos votos engavetados” (após a eleição, o efeito do
recurso não será mais suspensivo, e os votos são nulos, para todos os efeitos, enquanto o

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

TSE não decidir o tema — art. 257 do CE). Uma vez indeferido o registro, o candidato não
mais poderá assumir seu cargo, caso vença as eleições, devendo, nesse caso, assumir o 2º
colocado (no caso de eleição majoritária), e não o Vice, uma vez que, indeferido o registro
do candidato a titular, não pode ser deferido o do Vice, já que a chapa é “única e
indivisível”. Caso a nulidade resultante da teoria dos votos engavetados, leia-se dos votos
atribuídos aos candidatos (e não os chamados votos apolíticos, isto é, aquele em que o
eleitor digita número inexistente na urna eletrônica e confirma), ultrapasse 50% + 1 dos
votos, o TSE entendeu que devem ser realizadas novas eleições, nos termos do art. 224 do
CE que se aplica para AIRC (cf. Consulta n. 1.657/2008), sendo eleições diretas, se
estiverem nos 2 primeiros anos do mandato, e eleições indiretas (no Legislativo), se
estiverem nos 2 últimos anos do mandato. Se o TSE não acolher a decisão que impugnar o
registro de candidatura, deferindo-o, os votos que estavam “engavetados” são tornados
válidos, e, como tal, o candidato assume o cargo, caso tenha vencido a eleição,
independentemente de outros recursos no próprio TSE ou no STF.

No caso de eleição proporcional, assume o próximo que conseguir atingir o quociente


eleitoral e partidário, ou seja, os votos não vão para a legenda, como determina o art. 175, §
4º, do CE, pois, do contrário, bastaria colocar “candidato inelegível” que este teria o seu
registro impugnado, mas “daria votos à legenda dele”. Por isso, foi criada a teoria dos votos
engavetados. Assim, o partido ou coligação, quando percebe uma decisão judicial que
INDEFERE o registro de candidatura, pode manter seu candidato, pela teoria da conta e
risco, e aguardar até a decisão do TSE, o que poderá ocorrer ou, não querendo assumir o
risco do que possa ocorrer, poderá substituir o candidato, na forma e nas regras do art. 13
da Lei Eleitoral.

OBS: Explicação de porque não há efeito suspensivo para a teoria dos votos engavetados:
Não há efeito suspensivo do recurso contra decisão que indeferir o registro de candidatura,
pois, após as eleições, aplica-se a teoria dos votos engavetados, ou seja, os votos são
considerados nulos para todos os efeitos até decisão final do TSE. Assim, somente se aplica
a teoria dos votos engavetados se houver alguma decisão judicial que indefira o registro,
pois, enquanto estiver deferido, ainda que sub judice, não se aplica tal teoria, e sim assume
o vencedor até decisão final do TSE, inclusive podendo diplomar e tomar posse até tal

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

decisão.

Os processos que cuidam dos candidatos a cargo majoritário (por exemplo: Prefeito/Vice-
Prefeito) deverão ser julgados conjuntamente, e o registro da chapa majoritária somente
será deferido se ambos os candidatos forem considerados aptos, não podendo este ser
deferido sob condição. Se o juiz (eleição municipal), TRE (eleição geral) ou TSE (eleição
presidencial) indeferir o registro da chapa, deverá especificar qual dos candidatos, ou
ambos, não preenchem as exigências legais e deverá apontar o óbice existente, podendo o
partido político ou a coligação, por sua conta e risco, recorrer da decisão ou, desde logo,
indicar substituto ao candidato que não for considerado apto, na forma do art. 13 da Lei n.
9.504/97.

[Importante inclusão legislativa na lei no final de 2013: Coloco os artigos aqui apenas para
leitura, pois eles não alteram o dito acima. Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub
judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha eleitoral, inclusive utilizar o
horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica
enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos
condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº
12.034, de 2009). Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido ou coligação, dos
votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica
condicionado ao deferimento do registro do candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de
2009). Art. 16-B. O disposto no art. 16-A quanto ao direito de participar da campanha
eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, aplica-se igualmente ao candidato
cujo pedido de registro tenha sido protocolado no prazo legal e ainda não tenha sido
apreciado pela Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)]

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 6.a. Propaganda eleitoral em geral. Início. Bens públicos e


bens particulares. Símbolos e imagens semelhantes às de órgãos
do governo.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 6ª
Edição. Ed. Atlas. Rodrigo López Zílio. Direito Eleitoral. 2ª Ed. Ed. Verbo Jurídico.
Adriano Soares da Costa. Instituições de Direito Eleitoral, 8a Ed. Lumen Juris, 2009.

Legislação básica: Lei n. 9.504/97 (Lei das Eleições).

1. Propaganda eleitoral em geral:

O vocábulo propaganda traduz procedimentos de comunicação em massa, pelos quais se


difundem ideias, informações e crenças com vistas a obter-se a adesão dos destinatários.

Propaganda política: A propaganda política é o gênero, constituído pelas espécies:


propaganda eleitoral, propaganda partidária e propaganda intrapartidária.

Propaganda eleitoral Divulgação de propostas por candidatos,


partidos políticos e coligações com o intuito
de obter o voto do eleitor; Realizada a partir
de 6 de julho do ano eleitoral; Diversas
modalidades , tais como rádio, jornal, TV,
faixas, cartazes, comícios, etc. É vedado
outdoor.

Propaganda Intrapartidária Propaganda interna dos filiados próximos


da realização das convenções com o afã de
serem nelas escolhidos como futuros
candidatos, após o deferimento do pedido
de registro perante a Justiça Eleitoral;
Realizada nos quinze dias que antecedem a
concenção partidária; Não se admite o uso
de rádio, TV e outdoor.

Propaganda partidária Propaganda do próprio partido político no


rádio e na TV, não vinculada a qualquer
eleição e com o objetivo de propagar, dentre
outros temas, o programa e a ideologia
político-partidária e,assim, receber da
população adeptos, simpatizantes e novos
filiados; Realizada entre as 19h30 e 22h;
Não pode ser veiculada no segundo
semestre do anos eleitoral; Não pode servir
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

de palanque para o futuro candidato.

Visão geral das regras:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

A) Propaganda eleitoral:

A propaganda eleitoral é disciplinada na Lei 9.504/97 e supletivamente pelo CE.

Conceito: Segundo J. Jairo, propaganda eleitoral é a elaborada por partidos políticos e


candidatos com a finalidade de captar votos do eleitorado para investidura em cargo
público-eletivo.

Princípios:

a) princípio da legalidade: uma vez que é regulada por lei. Início: A propaganda eleitoral
somente é permitida após o dia 05 de julho do ano da eleição (art. 36 da Lei 9.504/97),
podendo se realizada, inclusive, por candidato que estiver com o registro sub judice (art.
16-A da Lei 9504/97). OBS 1: A propaganda eleitoral realizada antes desta data será
considerada propaganda antecipada e, nesta medida, considerada irregular, sujeitando o
responsável pela divulgação da propaganda, e também o seu beneficiário quando for
comprovado o seu prévio conhecimento, e multa (art. 36, §3º, da Lei n. 9.504/97). Segundo
o TSE, o pedido de voto não é requisito essencial para a configuração da propaganda
antecipada, desde que haja alusão à circunstância associada à candidatura (AgRg no Ag nº
5.120, Rel. Min. Gilmar Mendes), ainda que de forma subliminar. OBS 2: não será
considerada propaganda antecipada a do artigo 36-A da lei 9.504/07. A propaganda
eleitoral ilícita é dividida em duas espécies: a) ilícita criminal: é a que configura crime
eleitoral. Ex: uso de símbolos de órgão governamentais em propaganda, realizar calúnia,
injúria ou difamação; b) irregular (ilícito civil-eleitoral): é a que, por ausência de previsão
legal, não configura crime, mas enseja a aplicação de multa ou outra penalidade prevista em
lei. Ex: uso na imprensa escrita de espaço superior ao permitido, propaganda na TV ou
rádio fora do horário eleitoral gratuito, propaganda extemporânea (fora do prazo legal).

b) princípio da liberdade: é livre a manifestação de pensamento na propaganda política, ou


seja, toda e qualquer propaganda é permitida, com ressalva das restrições legais (art. 39,
caput, da Lei das Eleições e art. 248 do Código Eleitoral). Quanto à liberdade a propaganda
eleitoral é classificada em permitida, vedada e não-regulamentada. OBS: É admitido
censura na propaganda eleitoral? Não é admitido cortes instantâneos ou qualquer tipo de
censura prévia nos programas eleitorais gratuitos.

Competência da Justiça Eleitoral: Art. 57-D. É livre a manifestação do pensamento, vedado


o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores -
internet, assegurado o direito de resposta, nos termos das alíneas a, b e c do inciso IV do §
3o do art. 58 e do 58-A, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante
mensagem eletrônica. § 3o Sem prejuízo das sanções civis e criminais aplicáveis ao
responsável, a Justiça Eleitoral poderá determinar, por solicitação do ofendido, a retirada de
publicações que contenham agressões ou ataques a candidatos em sítios da internet,
inclusive redes sociais. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).

c) princípio da responsabilidade: Não obstante a livre manifestação do pensamento, abusos,


ilícitos ou excessos cometido na propaganda política será alvo de responsabilidade civil,
penal e administrativa. O art. 241 do Código Eleitoral impôs a responsabilidade solidária

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

aos partidos e candidatos pelos excessos cometidos.

d) controle judicial: O MPE, partidos políticos, coligações e candidatos têm legitimidade


ativa para propor demanda junto à Justiça Eleitoral contra propaganda política viciada. Em
todas as demandas o MPE atuará como custos legis, sob pena de nulidade processual.

e) informação: pois os eleitores possuem o direito de serem informados de todas as


qualidades – positivas ou negativas – dos candidatos;

f) veracidade: os atos e informações veiculados devem corresponder à veracidade (vide art.


45, II, da Lei n. 9504/97).

Início: após o dia 5 de julho, ou a partir do dia 6 de julho do ano eleitoral. Antes disso será
considerada propaganda antecipada.

Não caracteriza propaganda antecipada ou extemporânea: O art. 36-A listou condutas que
não serão consideradas propaganda antecipada e poderão ter cobertura dos meios de
comunicação social, inclusive via internet, quais sejam: I - a participação de filiados a
partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no
rádio, na televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos
políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento
isonômico; II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e
a expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais,
discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às
eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação
intrapartidária; III - a realização de prévias partidárias e sua divulgação pelos instrumentos
de comunicação intrapartidária e pelas redes sociais; IV - a divulgação de atos de
parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos; V - a
manifestação e o posicionamento pessoal sobre questões políticas nas redes sociais.
Parágrafo único. É vedada a transmissão ao vivo por emissoras de rádio e de televisão das
prévias partidárias. (Atenção: artigo alterado pela Lei nº 12.891, de 2013). Comentários do
GENAFE: as partes sublinhadas no artigo acima são as alterações que foram feitas. O
Grupo de estudos do MPF entende que houve uma maior amplitude à disseminação da
candidatura, tanto que foi suprimida a expressão “desde que não se mencione a possível
candidatura” da anterior redação do artigo. Também foi suprimida a expressão “desde que
não haja pedido de votos”. Ou seja: houve uma ampla liberação dos atos de pré-campanha.

OBS: A lei não fixa um marco a partir do qual a propaganda eleitoral é considerada
antecipada, já tendo o TSE entendido ser irrelevante a distância temporal entre o ato
impugnado e a data das eleições (RRp nº 1.406/DF, 2010, Min. JOELSON COSTA DIAS).
OBS: quando o Presidente da República enaltece feitos de sua administração em discurso
ou em propaganda de rádio ou TV faz prestação de contas de sua administração não
caracteriza propaganda antecipada [TSE AgRgRg 914/2006].

Caracteriza propaganda antecipada ou extemporânea: Será considerada propaganda


eleitoral antecipada a convocação, por parte do Presidente da República, dos Presidentes da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, de redes de

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

radiodifusão para divulgação de atos que denotem propaganda política ou ataques a


partidos políticos e seus filiados ou instituições Parágrafo único. Nos casos permitidos de
convocação das redes de radiodifusão, é vedada a utilização de símbolos ou imagens,
exceto aqueles previstos no § 1o do art. 13 da Constituição Federal. (Atenção: artigo 36-B
foi incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).

Meios de veiculação da propaganda eleitoral: 1) Outdoor: é vedado pela lei 11.300/06.


Para responsabilizar o candidato é preciso demonstrar seu prévio conhecimento. Será
considerado responsável o candidato que intimado da existência da propaganda irregular
não providenciar sua retirada ou regularização em 48 horas, e, ainda, o que consideradas as
circunstâncias do caso e suas peculiaridades ficar revelado a impossibilidade de o
beneficiário não ter tido conhecimento da propaganda. Atenção: é vedado o uso de faixa ou
pintura em muro particular em dimensões de outdoor. O tamanho máximo permitido é de
4m2. 2) Imprensa escrita: é permitido até 10 anúncio por veículo, em datas diversas, a
partir de 06/07 até a antevéspera das eleições, desde que não ultrapasse 1/8 de página de
jornal ou 1/4 de página de revista ou tabloide. É modalidade de propaganda paga. É
obrigatório constar de forma visível o valor pago, bem como quem foi o responsável pela
inserção. 3) Rádio e TV: é restrita ao horário eleitoral gratuito. Ocorre nos 45 dias
anteriores à eleição. Rádio: segunda a sábado, de 7h às 7h30 e de 12h às 12h30. TV:
segunda a sábado, de 13h às 13h30 e de 20h30 às 21h. Distribuição do tempo: a) um terço
igualitariamente; b) dois terços proporcionalmente ao nº de representantes na Câmara dos
Deputados, considerado, no caso de coligação, o resultado da soma de todos os partidos que
a integram. OBS: O STF, em recente julgamento (ADI n. 4430), declarou a
inconstitucionalidade da expressão “e representação na Câmara dos Deputados”, contida no
§ 2º do art. 47, da Lei n. 9540/97 e deu interpretação conforme a Constituição ao inciso II
do § 2º do art. 47, com o fim de assegurar aos partidos novos, criados após a realização de
eleições para a Câmara dos Deputados, o direito de acesso proporcional aos 2/3 do tempo
destinado à propaganda eleitoral no rádio e na televisão, considerada a representação dos
deputados federais que migrarem diretamente dos partidos pelos quais tiverem sido eleitos
para a nova legenda na sua criação. 2º turno: se houve segundo turno nas eleições
majoritárias o tempo será distribuído igualmente. Serão dois períodos diários de 20 minutos
a ser divididos entre os candidatos.

Propaganda eleitoral gratuita desblocada: as emissoras de TV e rádio têm que destinar 30


minutos diários em inserções de até 60 segundos de propaganda eleitoral, a critério do
partido ou coligação, distribuídos ao longo do dia entre 8h e 24h. Condutas vedadas às
emissoras de TV e rádio: transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística,
imagens de realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza
eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de
dados; usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer
forma, degrade ou ridicularize candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular
programa com esse efeito; veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou
contrária a candidato, partido, coligação ou seus órgãos ou representantes; dar tratamento
privilegiado a candidato, partido ou coligação; veicular ou divulgar filmes, no velas,
minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato ou partido,
mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou de debates políticos e;

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda


quando preexistente, inclusive se coincidente com nome do candidato ou com a variação
nominal por ele adotada. Sendo o nome do programa o mesmo que o do candidato, fica
proibida a sua divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo registro. Candidato que
é apresentador de TV ou rádio: a partir do resultado da convenção, é vedado às emissoras
de rádio e TV transmitirem programas apresentados ou comentados por candidatos
escolhidos em convenção.

OBS: A Justiça Eleitoral pode suspender a programação normal de uma emissora por
infração à legislação eleitoral? Sim. Pode determinar a suspensão por 24h de programação
normal da emissora que deixar de cumprir as disposições legais eleitorais sobre
propaganda, duplicado tal período em cada reiteração de conduta ilícita.
OBS: Responsabilidade pelo pagamento de multas: artigo 6º, §5º, Lei 9. 504/97: A
responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária
entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando outros partidos mesmo
quando integrantes de uma mesma coligação. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).

Propaganda cruzada: Art. 53-A: É vedado aos partidos políticos e às coligações incluir no
horário destinado aos candidatos às eleições proporcionais propaganda das candidaturas a
eleições majoritárias ou vice-versa, ressalvada a utilização, durante a exibição do programa,
de legendas com referência aos candidatos majoritários ou, ao fundo, de cartazes ou
fotografias desses candidatos, ficando autorizada a menção ao nome e ao número de
qualquer candidato do partido ou da coligação. Sanção: A inobservância do disposto neste
artigo sujeita o partido ou coligação à perda de tempo equivalente ao dobro do usado na
prática do ilícito, no período do horário gratuito subsequente, dobrada a cada reincidência,
devendo o tempo correspondente ser veiculado após o programa dos demais candidatos
com a informação de que a não veiculação do programa resulta de infração da lei eleitoral.
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).

B) Propaganda partidária:

Não está vinculada a nenhuma eleição em específico. Tem o objetivo de difundir, entre
outros temas, o programa e a ideologia político-partidária e, assim, receber da população
adeptos, simpatizantes e novos filiados. A propaganda partidária não pode ser veiculada no
segundo semestre de ano de eleição. Não pode servir de palanque para futuro candidato.
Deve obrigatoriamente ser enter 19h30 e 22h.

Direito de antena: a propaganda eleitoral e a propaganda partidária, veiculadas por rádio e


TV, é a forma de exteriorização do que se chama de direito de antena, pois o partido tem
por lei o direito ao acesso sem ônus aos veículos de comunicação de massa.

Obrigatoriamente gratuito: é vedado o uso de TV ou rádio de forma paga, sendo restrito aos
horários gratuitos disciplinados por lei. As empresas de comunicação têm direito a
compensação fiscal.

Havia duas espécies: os artigos 48 e 49 da lei 9.096/97 previam a propaganda partidária

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

semestral e regular. A propaganda partidária regular seria destinada apenas aos partidos
políticos que tivessem funcionamento parlamentar. A propaganda partidária semestral seria
destinada a partido políticos que não tivessem funcionamento parlamentar. O STF declarou
inconstitucional os artigos 48 e 49 da referida lei, também declarando inconstitucional o
artigo 13 que estabelecia a “cláusula de barreira ou cláusula de desempenho” [ADI 1351 e
1354]. Passou a vigorar em caráter definitivo as regras de transição constantes no artigo 56,
III e IV e artigo 57 da lei 9.096/97, os quais estabelecem uma “cláusula de barreira
flexível”. OBS: a cláusula de barreira ia além da divisão do tempo de propaganda
partidária, pois os partidos deveriam preencher o percentual mínimo de votos para também
ter acesso à estrutura de liderança de bancada, a indicar parlamentar seu para atuar em
comissão mista no Congresso Nacional, de CPI ou para participar de Mesa diretora da casa
legislativa.

Cláusula de barreira flexível: as regras de transição são as seguintes:

Partidos políticos Tempo de propaganda partidária


Partidos com funcionamento parlamentar de a) um programa partidário por semestre, em
acordo com o artigo 57 da LOPP: cadeia nacional, com duração de 10
minutos;
b) inserções de 30 segundos a 1 minuto, no
máximo, por semestre, em cadeia nacional e
cadeiras regionais com duração total de 20
minutos.
Partidos com funcionamento parlamentar de a) um programa partidário anual, em cadeia
acordo com o artigo 56, III da LOPP: nacional, com duração de 10 minutos;
b) não há direito de inserções.
Partido com funcionamento parlamentar de a) um programa partidário anual, em cadeira
acordo com o artigo 56, IV da LOPP nacional, com duração de 5 minutos;
b) não há direito de inserções.
OBS: O material de áudio e vídeo com os programas em bloco ou as inserções será
entregue às emissoras com antecedência mínima de 12 (doze) horas da transmissão,
podendo as inserções de rádio ser enviadas por meio de correspondência eletrônica.
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)

Finalidades: difundir os programas partidários; transmitir a mensagem aos filiados sobre a


execução do programa partidário, dos eventos com este relacionados e das atividades
congressuais do partido; divulgar a posição do partido em relação a temas político-
comunitários; promover e difundir a participação feminina, dedicando às mulheres o tempo
que Serpa fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 10%.

Vedações: são vedadas na propaganda partidária a participação de pessoa filiada a partido


que não o responsável pelo programa; a divulgação de propaganda de candidato a cargos
eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos; a utilização de imagens ou

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que distorçam ou


falseiem os fatos ou a sua comunicação.

OBS: É vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de programação,


exceto se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os intervalos
disponíveis, sendo vedada a transmissão em sequência para o mesmo partido político.
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

Sanções: se houver desobediência à legislação eleitoral que disciplina a propaganda


partidária, a Justiça Eleitoral aplicará as seguintes sanções: a) quando a infração ocorrer nas
transmissões em bloco: haverá cassação do direito de transmissão no semestre seguinte; b)
quando a infração ocorrer nas transmissões em inserções: aplica a sanção equivalente a
cassação de tempo equivalente a 5 vezes ao da inserção ilícita, no semestre seguinte.

Legitimidade para propor ação contra a propaganda irregular: Partidos políticos, e MPE.
OBS: a lei 9.096/97 somente atribui legitimidade a partido político, porém, o MP encontra
sua legitimidade na CF. STF, 2013: ADI 4617: O Ministério Público possui legitimidade
para representar contra a propaganda partidária irregular.

Competência: TSE: para programas em bloco ou inserções nacionais. TER: para programas
em bloco ou inserções nos respectivos Estados.

C) Propaganda intrapartidária:

Se refere ao postulante a cargo eletivo. É permitida a realização de propaganda na quinzena


anterior à convenção partidária. É vedado o uso de rádio, TV e outdoor, pois se trata de
propaganda interna corporis. É vedada sua utilização como meio de propaganda eleitoral,
pois vai configurar propaganda extemporânea. A penalidade será aplicada ao responsável
pela divulgação da propaganda e ao beneficiário, de forma individualizada, desde que seja
provado seu prévio conhecimento.

2. Bens públicos: O art. 37, caput, da Lei n. 9504/97 veda a realização de propaganda
eleitoral nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público (bancas de
jornal, ônibus, táxi), ou que a ele pertençam (hospitais, unidades de ensino, delegacias,
museus, bibliotecas), e nos de uso comum (no Direito eleitoral seu significado é mais
extenso do que no direito civil, pois compreende os bens privados que a população em geral
tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios,
estádios, nos termos do art. 37, §4°, da Lei n. 9504/97), inclusive postes de iluminação
pública, passarelas, viadutos, pontes, paradas de ônibus, cinemas, clubes, lojas, templos,
estádios, ainda que de propriedade privada.

O parágrafo quinto do art. 37, da Lei n. 9504/97, veda, ainda, a publicidade nas árvores e
nos jardins localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas e tapumes
divisórios, mesmo que não lhes cause dano.

É permitida a colocação de cavaletes, bonecos, cartazes, etc. ao longo das vias públicas
desde que tais objetos sejam móveis, não prejudiquem o trânsito e sejam retirados entre as

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

22 horas e às 06h da manhã (art. 37, §§6° e 7°).

Nas dependências do poder legislativo: a propaganda eleitoral, a critério da mesa diretora,


poderá vir a ser permitida ou vedada (Lei das Eleições, art. 37, §3º)

3. Bens particulares: É permitido, mas depende apenas do consentimento do proprietário


ou possuidor, sendo desnecessária a obtenção de licença municipal ou autorização da
Justiça Eleitoral (art. 37, §2, da Lei n. 9504/97). O consentimento deve ser espontâneo e a
cessão gratuita (art. 37, § 8º, da Lei n. 9504/97). A veiculação de propaganda fica limitada a
quatro metros quadrados, independentemente da forma (pintura, placa, cartaz, etc.),
obstaculizando, portanto, que por via transversa se realize propaganda por meio de outdoor
(art. 37, §2, da Lei n. 9504/97). Os infratores ficam sujeitos à restauração do bem, e,
somente em caso de não cumprimento, lhe imputam multa (art. 37, §1°).

4. Símbolos e Imagens: É vedado o uso de símbolos, frases ou imagens associadas ou


semelhantes às empregadas por órgãos de governo, empresas públicas ou sociedades de
economia mista, sendo que tal, conduta, acaso verificada, configurará crime, punível com
detenção de 06 meses a 1 ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade
pelo mesmo período, além do pagamento de multa (art. 40, da Lei n. 9504/97).

Manifestação silenciosa e individual de eleitor: é plenamente permitida, inclusive no dia


das eleições, a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido
político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches
dísticos e adesivos. Proíbe-se no dia da eleição: até o término do horário de votação é
proibida a aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, bem como
instrumentos de propaganda de modo a caracterizar manifestação coletiva, com ou sem
utilização de veículos.

Questões de prova:

O que é propaganda eleitoral? Quando inicia? Pode em bens públicos? E bens particulares?
E os símbolos?

Propaganda eleitoral. Conceito. A partir de que momento pode ser realizada?

Indique algumas condutas proibidas de serem feitas na propaganda.

Fale de propaganda eleitoral em língua estrangeira, militar, showmício, em bens públicos,


etc.

Propaganda intrapartidária: pode se feita em qualquer lugar?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 6.b. Condições de elegibilidade.


Principais obras consultadas: Santo graal 27º; José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 6ª
Edição. Ed. Atlas. Adriano Soares da Costa. Instituições de Direito Eleitoral, 8a Ed. Lumen
Juris, 2009.

Legislação básica: arts. 14, §3o, da CF.

Considerações iniciais: Elegibilidade é a aptidão para o exercício da capacidade eleitoral


passiva. É o direito público subjetivo atribuído ao cidadão de disputar cargos eletivos. Há
pessoas que são inelegíveis. Ex: Estrangeiros, conscritos e analfabetos. A elegibilidade se
faz por etapas, não sendo adquirida em um único momento. Então, é possível que uma
pessoa tenha elegibilidade, mas não a tenha em sua forma plena, sendo uma elegibilidade
parcial. Ex: uma pessoa de 18 anos tem elegibilidade para ser vereador, mas não a possui
para ser Presidente da República. Portanto, a elegibilidade plena somente é adquirida aos
35 anos.. Portanto, para ser eleito tem que preencher as condições de elegibilidade e não
incorrer em nenhuma das hipóteses de inelegibilidade previstas na lei.

Condições de elegibilidade: Segundo J. Jairo, condições de elegibilidade são exigências ou


requisitos positivos que devem, necessariamente, ser preenchidos por quem queira registrar
candidatura e receber votos validamente, exercendo a capacidade eleitoral passiva, ou seja,
são pressupostos necessários para o exercício da capacidade eleitoral passiva. As condições
de elegibilidade estão taxativamente previstas no art. 14, §3° da CRFB e podem ser
reguladas por lei ordinária (reserva legal simples). A doutrina divide essas condições em
duas espécies: 1) Condições próprias ou expressas: são aquelas previstas diretamente na
Constituição (art. 14, §3º). 2) Condições impróprias: são aquelas que, embora não previstas
na Constituição, também configuram pressupostos ou requisitos para o exercício do
mandato. As condições impróprias de elegibilidade podem ser previstas em legislação
ordinária, não sendo reservadas à lei complementar (art. 14, §9º, CF), saliente-se, porém,
que a lei ordinária não pode criar novas condições. [Atenção: as condições de
inelegibilidade somente podem ser previstas em lei complementar. Porém, condições de
inelegibilidade é diferente de condições de elegibilidade, as quais podem ser previstas tanto
em lei complementar quanto em lei ordinária].

Condições próprias de elegibilidade:

a) Nacionalidade brasileira: Por nacionalidade entende-se o vínculo jurídico-político que


liga o indivíduo a determinado Estado. Apenas o nacional detém capacidade eleitoral
passiva. Os portugueses equiparados configuram exceção a esta condição, pois,
independentemente de naturalização, podem gozar de direitos políticos no Brasil. Portanto,
Presidente da república e vice são cargos privativos de brasileiro nato. Os demais cargos
eletivos podem ser presididos por brasileiros natos ou naturalizados e por português
equiparado [há outras vedações, mas não são cargos eletivos].

119
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

b) Pleno exercício dos direitos políticos: Denotam a capacidade de votar e ser votado e são
adquiridos com o alistamento. A suspensão e a perda de direitos políticos afeta a
elegibilidade (art. 15 da CRFB).

c) Alistamento eleitoral: Através do alistamento eleitoral que se adquire a cidadania. A


prova de alistado é feita pelo título eleitoral.

d) Domicílio eleitoral na circunscrição: No mínimo, um ano antes da eleição (art. 9, Lei n.


9504/97). Domicílio eleitoral é o local da residência ou moradia e, havendo mais de uma, o
de qualquer delas (art. 42, p.u. Código Eleitoral). Domicílio eleitoral não se confunde com
domicílio civil: Domicílio civil é o local no qual a pessoa estabelece residência com ânimo
definitivo. A residência é onde a pessoa se estabelece permanentemente. Moradia é o local
onde a pessoa se estabelece episodicamente. O conceito de domicílio eleitoral está no art.
42, parágrafo único do Código Eleitoral e é um conceito bem elástico, porque alcança o
domicílio e a residência. Atenção: O TSE elasteceu ainda mais o conceito de domicílio
eleitoral. Segundo o TSE, a configuração do domicílio eleitoral requer a comprovação de
pelo menos um dos seguintes vínculos: patrimonial, laborativo ou social. Observe que com
o requisito patrimonial a pessoa não precisa ter domicílio na circunscrição, nem residência,
bastando ter um patrimônio no local. Já com o vínculo social fica mais amplo ainda, pois o
que é vínculo social? É a sogra morar lá? Logo, difícil é uma pessoa não ter domicílio
eleitoral onde ela quiser. Para que seja analisada a circunscrição, o vínculo deve ser
comprovado em diversos âmbitos, dependendo da abrangência da eleição e poderá ser
nacional, regional ou municipal. Portanto: A legislação eleitoral exige período mínimo de 1
(um) ano de domicílio eleitoral na circunscrição, segundo art. 9º da Lei nº 9.504/97.

e) Filiação partidária: A CRFB adotou democracia partidária, inexistindo candidatura


avulsa. Como regra geral, tempo mínimo de um ano antes da eleição (art. 9, LE). Estatutos
partidários podem exigir tempo maior, o qual não poderá ser alterado em ano de eleição
(arts. 18 e 20 Lei dos Partidos Políticos, lei n. 9.096/1995). OBS: Suspensão de direitos
políticos: a filiação não é cancelada, mas só suspensa, sendo possível o aproveitamento do
tempo anterior à suspensão para fim de comprovação do prazo mínimo de filiação. A
filiação pode ser provada por qualquer meio, não só pelas listas enviadas à justiça eleitoral
(súmula 20 do TSE). OBS: a candidatura nata era prevista na Lei das Eleições. Ela garantia
direito àqueles que já eram titulares a cargos eletivos a estarem indicados a concorrer à
reeleição. O STF declarou a inconstitucionalidade desse artigo. Ficou assentada a
orientação que mesmo aqueles detentores de cargos devem ser escolhidos em convenção,
sob o fundamento de que o cargo pertence ao partido que o elegeu, e não ao filiado. OBS:
O registro da candidatura será realizada pelo próprio partido, ocorrerá até 5 de julho do ano
eleitoral, e se o partido for omisso, caberá ao candidato fazê-lo em 48 (quarenta e oito)
horas. OBS: A comprovação da filiação partidária se dará por comunicação dos próprios
partidos que devem remeter ao juiz eleitoral a relação de nomes dos seus filiados, conforme
art. 19 da Lei nº 9.096/95. Em caso de omissão do partido, é facultado ao prejudicado
requerer diretamente a justiça eleitoral a inclusão do seu nome na lista. Segundo o TSE,
havendo omissão do partido, a prova da filiação poderá ser feita por outros meios (vide
súmula nº 20 do TSE). Ex: cópia do formulário de filiação, protocolo do requerimento de
filiação. OBS: Membros do MP, magistrados e membros de Tribunais de Contas: filiação,

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

no mínimo, seis meses antes do pleito, quando deve ocorrer a desincompatibilização (LC nº
64/90, arts. 1º, II, a, 8, 14 e j). Militares: não é exigida a filiação partidária do militar da
ativa, bastando o alistamento e o registro de candidatura. O militar da reserva pode se filiar.

OBS: pluralidade de filiação: Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a


mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 11/12/2013).

[Atenção: não existe mais a regra de dupla filiação!!! Como a alteração é muito recente
deixo o texto que atualizei com o livro de 2013 para comparação: no caso de dupla filiação
as duas serão nulas; no caso de tripla filiação ocorre a nulidade das duas primeiras,
tornando a terceira filiação lícita. Portanto. O sujeito está filiado ao partido em que ocorrer
a terceira filiação [TSE, REspE nº16.477].

f) Idade mínima: 35 anos (Presidente, Vice e Senador), 30 anos (Governador e Vice), 21


anos (Deputado Federal ou Estadual, Prefeito e Vice e juiz de paz) e 18 anos (Vereador).
OBS: Idade mínima exigida constitucionalmente deve ser atingida na data da posse. Assim,
segundo corrente majoritária o menor com 17 (dezessete) anos pode concorrer a eleição
para vereador, desde que complete 18 (dezoito) anos até a data da posse. OBS: A CRFB
exigiu apenas idade mínima. Inexiste idade máxima para concorrer a cargo político, pelo
princípio da não restrição dos direitos políticos. Pela mesma razão, não há aposentaria
compulsória aos 70 (setenta) anos. OBS: O substituto não precisa ter a mesma idade do
substituído. Ex: É possível alguém ser Presidente da República com idade inferior a 35
(trinta e cinco) anos, desde que seja deputado federal presidente da câmara e venha a
substituir oPresiente.

Momento de aferição: A prova da satisfação das condições de elegibilidade se dará, em


regra, no registro da candidatura. Porém, as condições de elegibilidade do domicílio
eleitoral e da filiação partidária se auferem na data da eleição, ressalvadas as alterações,
fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade (art. 11, §10 da
Lei n. 9504/97). O juiz realiza uma análise prospectiva. OBS: O TSE entende que fato
superveniente “aquele que ocorre depois da propositura da demanda, sobre o qual não se
tinha controle, tampouco conhecimento de sua existência, como acontece nos casos em que
se obtêm liminares ou antecipações de tutela que afastem provisoriamente a condenação ou
o fato, ou mesmo decisão definitiva que acarrete a extinção da causa geradora da
inelegibilidade, não constituindo alteração fática ou jurídica superveniente o eventual
transcurso de prazo de inelegibilidade antes da data de realização das eleições” (Agravo
Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 380-59/PR, rel. Min. Arnaldo Versiani, em
6.11.2012). Ressalva-se que a análise da idade mínima, deve ter em vista a data da posse,
nos termos do art. 11, §2° da Lei n. 9504/97.

Questões de prova:

O que são condições de elegibilidade? Qual forma da norma necessária para regulamentar
as condições de elegibilidade?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Inelegibilidades (requisitos negativos) e condições de elegibilidade (requisitos positivos).

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 6.c: Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de


Comunicação Social. Ação de investigação judicial eleitoral.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 6ª
Edição. Ed. Atlas. Adriano Soares da Costa. Instituições de Direito Eleitoral, 8a Ed. Lumen
Juris, 2009.

Legislação básica: arts. 22 da LC 64/90.

1) Abuso de poder:

O combate aos chamados “abusos” tem fundamento constitucional (art.14, §§ 9º e 10º) e


hoje se encontra sistematizado basicamente no âmbito da LC 64/90, com as achegas do CE,
arts. 237, 222 e 262, IV.

Conceito. Abuso de poder pode ser conceituado como sendo o uso indevido ou exorbitante
da aptidão para a prática de um ato, que pode apresentar-se inicialmente em conformidade
ou desde a origem destoar do ordenamento jurídico. Trata-se de conceito fluido,
indeterminado, que, na realidade fenomênica, pode assumir contornos diversos,
desequilibrando indevidamente a eleição e mitigando a igualdade de chances. Para a
configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato alterar o
resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.

Há três espécies de abuso de poder: econômico, político e dos meios de comunicação.

1) Abuso de poder econômico. Refere-se à utilização excessiva, antes ou durante a


campanha eleitoral, de recursos materiais ou humanos que representem valor econômico,
buscando beneficiar candidato, partido ou coligação, dada ou ofertada a uma coletividade
de eleitores, indeterminada ou determinável. Casuística: utilização indevida de transporte
nas eleições; o recebimento e a utilização de recursos vedados, ou superiores ao permitido
em lei; a realização de gastos eleitorais em montante superior ao declarado; a utilização de
numerários e serviços, a exemplo de serviços gráficos, do próprio candidato, sem incluí-los
no montante de gastos eleitorais.

O Abuso do poder econômico é combatido por AIJE, que pode ter as seguintes sanções:
cassação do registro ou do diploma, se já houver sido outorgado, + multa, + inelegibilidade
por 8 anos (lei da ficha limpa). Cópia dos autos da AIJE devem ser enviados para o MPE
apurar eventuais infrações penais. A decisão que julgar procedente tem efeitos imediatos.
Eventual recurso tem efeito devolutivo, salvo se o recorrente obtiver medida cautelar
suspensiva perante instância superior. OBS: a agremiação partidária que violar ou
descumprir normas referentes à arrecadação e aplicação de recursos receberá como sanção
a perda do direito de recebimento da quota do fundo partidário no ano seguinte (sem
prejuízo do candidato beneficiado responder por abuso de poder econômico).

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Link: captação ilícita de sufrágio: olhar o ponto 7c.

2) Abuso de poder político. É o uso indevido de cargo ou função pública, com a finalidade
de obter votos para determinado candidato ou coligação ou partido. Caracteriza-se, dessa
forma, como desvio de finalidade do uso do cargo, para atender a anseios pessoais. Adriano
Soares da Costa entende que é uma atividade ímproba do administrador, com a finalidade
de influenciar no pleito eleitoral de modo ilícito, desequilibrando a disputa. Sem
improbidade não há abuso de poder político. Ex: uso de verbas públicas, de servidores
públicos ou de bens públicos em campanhas eleitorais. Segundo decisão do TSE: “na
apuração de abuso de poder, não se indaga se houve responsabilidade, participação ou
anuência do candidato, mas sim se o fato o beneficiou” (Agravo Regimental em Recurso
Especial Eleitoral nº 3888128, DJE 07/04/2011).

O Abuso do poder político é combatido por AIJE, que pode ter as seguintes sanções:
cassação do registro ou do diploma, se já houver sido outorgado, + multa, + inelegibilidade
por 8 anos (lei da ficha limpa). Cópia dos autos da AIJE devem ser enviados para o MPE
apurar eventuais infrações penais. A decisão que julgar procedente tem efeitos imediatos.
Eventual recurso tem efeito devolutivo, salvo se o recorrente obtiver medida cautelar
suspensiva perante instância superior. OBS: a agremiação partidária que violar ou
descumprir normas referentes à arrecadação e aplicação de recursos receberá como sanção
a perda do direito de recebimento da quota do fundo partidário no ano seguinte (sem
prejuízo do candidato beneficiado responder por abuso de poder econômico).

Abuso de poder político-econômico. Em uma mesma circunstância fática, podem estar


presentes o abuso do poder político e o econômico, embora não seja obrigatório. Nesse
sentido: “o abuso de poder econômico entrelaçado com o abuso de poder político pode ser
objeto de AIME, porquanto abusa do poder econômico o candidato que despende recursos
patrimoniais públicos ou privados, dos quais detém o controle ou a gestão em contexto
revelador de desbordamento ou excesso no emprego desses recursos em seu favorecimento
eleitoral” (TSE – AAI nº 11.708/MG, 2010).

3) Abuso dos meios de comunicação social. Ocorre quando há utilização indevida,


excessiva ou deturpada dos meios de comunicação social no processo eleitoral. A
legislação eleitoral sofreu alterações recentes para obstar a utilização indevida dos meios de
comunicação pública, com a finalidade de permitir o uso sadio e igualitário dos meios de
comunicação, permitindo que os eleitores conheçam os candidatos, partidos e coligações e
que esses mostrem suas plataformas. Exemplos: divulgação, na televisão ou no rádio,
oferecendo tratamento privilegiado a algum candidato, mesmo que em uma tentativa
discreta em matéria jornalística; uso indevido de propaganda eleitoral; desobediência às
restrições para a propaganda institucional.

Atenção: não se deve confundir qualquer violação às regras da propaganda eleitoral ou o


simples uso indevido da mídia com o abuso de poder no uso dos meios de comunicação
social. Para a caracterização do abuso do poder no uso dos meios de comunicação é
indispensável a comprovação da gravidade da conduta lesiva comprometedora da
normalidade e da legitimidade do pleito. Ausente esta, haverá de ser aplicada apenas a
sanção pela divulgação da propaganda irregular. Porém, para a configuração do ato abusivo
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

não será considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado das eleições, mas apenas
a gravidade das circunstâncias que o caracterizam [art. 22, XVI, LC 64/90].

A AIJE pode resultar em: para a empresa de comunicação, em procedimento aferido pela
Lei de Eleições, artigo 16, multa e suspensão por 24h da TV, rádio ou site que realizaram o
abuso. Se caracterizar abuso de poder político ou econômico, além de multa, pode levar À
cassação do registro ou do diploma e tornar o infrator inelegível por 8 anos, em
procedimento do artigo 22, LC 64/90.

2. Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE).

Previsão: arts. 19 e ss. da LC 64/90 (procedimento sumário).

a) Finalidade: A AIJE é medida de caráter jurisdicional destinada a apurar e punir a prática


de desvio ou abuso do poder econômico ou político, a utilização indevida de veículos ou
meios de comunicação social ou a fraude no pleito eleitoral, em benefício de candidato ou
de partido político. Visa proteger a regularidade do pleito e a higidez da disputa

b) Prazo: A lei não fixa termo inicial ou final. Foi consagrado o entendimento que a AIJE
pode ser intentada após o pedido de registro de candidato, mesmo que pendente de recurso,
até a data da diplomação dos eleitos. Após essa data, deve ser extinto, eis que presente a
decadência. OBS: segundo posição majoritária, a AIJE pode apurar atos anteriores ao
período de início. Nesse sentido, TSE: “admite-se a AIJE fundada no art. 22 da LC 64/90
que tenha como objeto abuso ocorrido antes da escolha e registro do candidato” (RO nº
722/PR, 2004). OBS: a AIJE para apurar a prática de conduta vedada (artigo 73, da Lei da
Eleições) seve ser proposta até a data das eleições (REspE 25.935/SC). OBS 3: Há
possibilidade de propor AIJE após a diplomação? Sim. Qualquer partido político ou
coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 dias da datada diplomação,
relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar
condutas em desacordo com as normas das eleições, relativas à arrecadação e gatos de
recursos.

c) Legitimados ativos: partidos políticos que não formaram coligações, coligações,


candidato, pré-candidato (foi escolhido na convenção, mas ainda não teve o pedido de
registro deferido pela Justiça Eleitoral) e Ministério Público Eleitoral.

d) Legitimados passivos: candidato, pré-candidato e qualquer pessoa que haja contribuído


para a prática abusiva, inclusive autoridades públicas. Frisa-se que partido, coligação ou
pessoa jurídica não podem figurar no polo passivo da AIJE, já que não podem sofrer as
consequências próprias da ação (inelegibilidade e cassação), conforme entendimento do
TSE (Rp nコ 373, 2005). OBS 1: O TSE, alterando seu posicionamento, passou a entender
que nas ações eleitorais que possam implicar perda do registro ou diploma, há litisconsócio
passivo necessário entre titular e vice da chapa majoritária (Ac. de 29.4.2010 no AgR-
REspe nº 35.762, rel. Min. Arnaldo Versiani). OBS 2: Os partidos políticos não são
litisconsortes passivos necessários em processos que visem à perda de diploma ou de

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

mandato, podendo atuar voluntariamente como assistentes, segundo entendimento do TSE


(Ac. de 29.9.2009 no RO nコ 2.349, rel. Min. Fernando Gonçalves

e Ac. nº 3.255, de 7.5.2002, rel. Min. Fernando Neves.)

e) Litispendência: Não há litispendência entre as ações eleitorais, ainda que fundadas nos
mesmos fatos, por serem ações autônomas, com causa de pedir própria e consequências
distintas, o que impede que o julgamento favorável ou desfavorável de alguma delas tenha
influência sobre as outras, segundo entendimento do TSE (Recurso Contra Expedição de
Diploma nº 696, Acórdão de 04/02/2010, Relator(a) Min. ENRIQUE RICARDO
LEWANDOWSKI, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Volume -, Tomo 62,
Data 05/04/2010, Página 207).

f) Desistência: Em caso de desistência do autor da AIJE, o Ministério Público deve assumir


a titularidade da ação, em decorrência do interesse público existente. Precedente TSE:
Recurso Contra Expedição de Diploma nº 661, Acórdão de 21/09/2010, Relator(a) Min.
ALDIR GUIMARÃES PASSARINHO JUNIOR, Publicação: DJE - Diário da Justiça
Eletrônico, Tomo 033, Data 16/02/2011, Página 49);

g) Competência: a competência para conhecer e julgar a ação está ligada à natureza das
eleições. No caso do TRE e do TSE a AIJE é direcionada ao corregedor.

h) Rito: previsto no artigo 22, LC 64/90. É ação de natureza cognitiva desconstitutiva ou


constitutiva declaratória. A petição inicial deve indicar as provas e o rol de testemunhas
(máximo 6). 05 dias para apresentar defesa, também máximo de 6 testemunhas. MPE, se
não for autor, deve atuar obrigatoriamente como custus legis. Se for relevante o
fundamento e se o resultado da medida se mostrar ineficiente se julgado procedente, desde
já o juiz eleitoral ou o corregedor determinará que se suspensa o ato que deu motivo à
representação. 3 dias para todas as diligências. 2 dias para as alegações finais. Recurso em
3 dias para o TRE (decisões de juiz eleitora) ou TSE (decisões de TRE).

i) Antecipação de tutela: entende-se que esse instituto não é cabível.

j) Medida Cautelar: encontra previsão no art. 22, I, “b”, da LC 64/90: “determinará que se
suspenda o ato que deu motivo à representação, quando for relevante o fundamento e do ato
impugnado puder resultar a ineficiência da medida, caso seja julgada procedente”.

k) Efeitos: julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação dos eleitos, o
Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a
prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem
nos 8 (oito) anos subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro
ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou
pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, determinando a
remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar,
se for o caso, e de ação penal,ordenando quaisquer outras providências que a espécie
comportar.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

l) Causa de pedir: a causa de pedir da AIJE pode ser: a utilização indevida, o desvio ou o
abuso do poder econômico; o uso indevido, o desvio ou o abuso do poder político ou de
autoridade; a utilização indevida dos meios de comunicação; o uso indevido dos veículos
de transporte [lei nº 6.091/74].

m) Prioridade: os processos de desvio ou abuso de poder econômico ou poder de autoridade


até que sejam julgados terão prioridade sobre quaisquer outros, ressalvados HC e MS.
Membro do MP e magistrados obrigatoriamente têm que cumprir os prazos previstos na lei
de inelegibilidades. Não podem alegar acúmulo de trabalho. Receita federal, estadual ou
municipal, tribunais e órgãos de contas, banco central, COAF e polícia civil e federal
auxiliarão a Justiça Eleitoral e o MPS na apuração dos delitos eleitorais com prioridade
sobre as atribuições regulares. CNJ e CNMP e corregedorias eleitorais devem verificar
descumprimentos de prazos e, se for o caso, promover a responsabilização de quem lhe der
causa.

Questões de prova:

AIJE e conceito de poder econômico. O que é o abuso?

É necessária alguma outra ação após a AIJE para reconhecer que o candidato praticou
ilícito, tudo isto após as eleições ou se basta a AIJE?

Distinção entre abuso de poder econômico e político. Consequências da AIJE. Como era
antes e como é depois da ficha limpa. Acabou pulando para o RCED, falando da mudança
da lei no fim de 2013.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 7.a. Propaganda eleitoral na imprensa, na internet e


mediante outdoors. Comícios. Alto-falantes e distribuição de
material de propaganda política. Distribuição proporcional de
horários gratuitos pelos meios de comunicação audiovisuais.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 6ª
Edição. Ed. Atlas. Rodrigo López Zílio. Direito Eleitoral. 2ª Ed. Ed. Verbo Jurídico.
Adriano Soares da Costa. Instituições de Direito Eleitoral, 8a Ed. Lumen Juris, 2009.

Legislação básica: arts. 43 a 58 da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições).

Propaganda eleitoral na imprensa escrita: A propaganda eleitoral na imprensa escrita


(jornais, periódicos e a reprodução na internet do jornal impresso) é autorizada, limitando-
se a até 10 anúncios de propaganda eleitoral, por veículo, em datas diversas. Tal veículo de
comunicação pode ser utilizado até a antevéspera das eleições. Cada edição não pode
ultrapassar 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão ou ¼ (um quarto) de página de
revista ou tabloide para cada candidato, partido ou coligação. A inobservância da prescrição
legal sujeita os responsáveis pelos veículos de divulgação e os partidos, coligações ou
candidatos ao pagamento de multa ou equivalente ao da divulgação da propaganda paga, se
este for maior.

Trata-se de modalidade de propaganda eleitoral paga, devendo constar no anúncio o valor


da inserção e de quem o financiou (Lei n. 43, §1 º, 9.504/97).

Propaganda eleitoral na internet: A Lei 12.034/09 acresceu os arts. 57-A a 57-I à Lei de
Eleições (Lei n. 9.504/97), traçando regras específicas para o uso da internet nas eleições.

Na internet, é permitido realizar propaganda eleitoral:

a) em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e


hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no
País;

b) em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comunicado à Justiça


Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet
estabelecido no País;

c) por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo


candidato, partido ou coligação. As mensagens eletrônicas, enviadas por qualquer meio,
deverão dispor de mecanismo que permita seu descadastramento pelo destinatário,
obrigando o remetente a providenciá-lo no prazo de quarenta e oito horas. Caso seja
enviada mensagem após o término do prazo, os responsáveis ficam sujeitos ao pagamento
de multa por mensagem.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

d) por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo
conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de
qualquer pessoa natural.

O TSE entende que o “twitter se insere no conceito de ‘sítios de mensagens instantâneas e


assemelhados’, previsto no art. 57-B da Lei 9.504/97, e é alcançado pela referência a
‘qualquer veículo de comunicação social’ contida no art. 58 da Lei das Eleições”
(Representação nº 361895, Acórdão de 29/10/2010, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES
DA SILVA, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 29/10/2010), por isso “é meio
apto à divulgação de propaganda eleitoral extemporânea, eis que amplamente utilizado para
a divulgação de ideias e informações ao conhecimento geral, além de permitir interação
com outros serviços e redes sociais da internet” (Recurso em Representação nº 182524,
Acórdão de 15/03/2012, Relator(a) Min. ALDIR GUIMARÃES PASSARINHO JUNIOR,
Relator(a) designado(a) Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA,
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 094, Data 21/05/2012, Página
101/102 ).

De outro vértice, veda-se:

a) Qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet;

b) Propaganda eleitoral, ainda que gratuita, veiculada em site de pessoas jurídicas, com ou
sem fins lucrativos;

c) Propaganda eleitoral veiculada em sites oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades


da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.

A Justiça Eleitoral pode suspender por 24 horas (duplicada a cada reiteração) o acesso a
todo o conteúdo informativo de sites que deixarem de cumprir as disposições da lei
eleitoral. Deverá ser informado que o site encontra-se temporariamente inoperante por
determinação da Justiça Eleitoral.

O provedor de conteúdo e de serviços multimídia que hospeda a divulgação da propaganda


eleitoral de candidato, de partido ou de coligação pode sofrer penalidade, se, no prazo
determinado pela Justiça Eleitoral, contado a partir da notificação de decisão sobre a
existência de propaganda irregular, não tomar providências para a cessação dessa
divulgação. O provedor de conteúdo ou de serviços multimídia só será considerado
responsável pela divulgação da propaganda se a publicação do material for
comprovadamente de seu prévio conhecimento.

É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral na


internet. É assegurado o direito de resposta, inclusive por meios de comunicação
interpessoal mediante mensagem eletrônica.

A utilização, doação, cessão ou venda de cadastro eletrônico (lista de emails) é vedada a


partido e candidato.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Propaganda eleitoral em outdoors: já foi permitida a realização de propaganda eleitoral


em outdoor. Tratava-se de modalidade paga, de custo elevado e de acesso restrito a poucos.
A Lei n. 11.300/2006, que alterou a Lei n. 9504/97, vedou expressamente a realização de
propaganda eleitoral em outdoors (art. 39, §8º). É vedada a propaganda eleitoral mediante
outdoors, inclusive eletrônicos [outdoor eletrônico proibido pela lei Lei nº 12.891, mas
atenção que a jurisprudência já proibia]. O descumprimento impõe a retirada imediata e
sujeita à empresa responsável, os partidos políticos, as coligações e os candidatos ao
pagamento de multa. A legislação eleitoral também veda usar uma faixa ou uma pintura em
muro particular com as dimensões de um outdoor. A Lei n. 9.504/97, em seu artigo 37, §1º,
autoriza a afixação, em bens particulares, de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições,
desde que não excedam a 4m2 (quatro metros quadrados).

Propaganda na TV: Gravações externas, montagens ou trucagens, computação gráfica,


desenhos animados e efeitos especiais: Foram permitidos pela Lei 12.891/13. Atenção.
Antes, a lei 9.504 proibia tais condutas no artigo 51, IV. Agora o referido artigo tem a
seguinte redação, a qual está suprimida a parte que proibia: na veiculação das inserções, é
vedada a divulgação de mensagens que possam degradar ou ridicularizar candidato, partido
ou coligação, aplicando-se-lhes, ainda, todas as demais regras aplicadas ao horário de
propaganda eleitoral, previstas no art. 47.

Veiculações idênticas: É vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de


programação, exceto se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os
intervalos disponíveis, sendo vedada a transmissão em sequência para o mesmo partido
político. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).

Comícios. Alto-falantes e distribuição de material de propaganda política:

Carretas e passeatas: é permitido até as 22h do dia em que antecede as eleições. É preciso
comunicar com 24h de antecedência a autoridade policial para que haja segurança e evite
transtornos ao trânsito. Não é necessário comunicar à Justiça Eleitoral.

Mesas e bandeiras móveis: são permitidos, desde que sejam móveis e não dificultem o bom
andamento do trânsito e das pessoas. Também é permitida a distribuição de bandeirinhas
para colocar em carro particular. Atenção: A Lei 12.891/13 proibiu o uso de cavaletes,
bonecos e cartazes ao longo de vias públicas.

Homem-cartaz: inexiste vedação aos cartazes carregados por pessoas na rua, desde que não
atrapalhem o trânsito (Resolução TSE 21.610 , art. 14).

Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral: a


veiculação de propaganda eleitoral pela distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros
impressos, os quais devem ser editados sob a responsabilidade do partido, coligação ou
candidato, independe de obtenção de licença municipal ou de autorização da Justiça
Eleitoral.

130
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Adesivo: Os adesivos poderão ter a dimensão máxima de 50 (cinquenta) centímetros por 40


(quarenta) centímetros. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

Veículos: É proibido colar propaganda eleitoral em veículos, exceto adesivos


microperfurados até a extensão total do para-brisa traseiro e, em outras posições, adesivos
até a dimensão máxima de 50 (cinquenta) centímetros por 40 (quarenta) centímetros.
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).

Adesivos podem ser afixados em veículos particulares.

Comícios: Os comícios são permitidos entre 06/07 e dois dias antes das eleições, desde que
não haja distribuição de brindes, sorteio de bens ou realização de shows artísticos. A
realização de comícios e a utilização de aparelhagens de sonorização fixas são permitidas
no horário compreendido entre as 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) horas, com exceção do
comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas
[prorrogação de horário estabelecido pela Lei nº 12.891]. Vale ressaltar que é crime
realizar comício no dia das eleições (art. 39, §5º, da Lei das Eleições). A realização de
comício deve ser comunicada à autoridade policial com antecedência mínima de 24 horas,
mas não precisa de autorização da Justiça Eleitoral. A utilização de trio elétrico é permitida
somente para sonorizar o evento [pois a utilização de trio em si é vedada].

Alto-falantes: Os amplificadores de som móveis são permitidos, desde que observados


alguns parâmetros: (a) devem ser instalados em veículo do partido, da coligação ou do
candidato; (b) utilizado entre as 8 e 22 horas, até a véspera das eleições, sendo que em
comícios podem ser usados até as 24h; (c) não podem ser utilizados a menos de 200 metros
de hospitais, escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros (quando em funcionamento), de
quartéis e das sedes de repartições dos três poderes.

Carros de som e minitrios: É permitida a circulação de carros de som e minitrios como


meio de propaganda eleitoral, desde que observado o limite de 80 (oitenta) decibéis de
nível de pressão sonora, medido a 7 (sete) metros de distância do veículo, e respeitados os
limites de adesivagem para o veículo. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013. Comentário
GENAFE: A lei nova disciplinou com critérios objetivos o uso do carro de som,
determinando a necessidade de utilização de aparelho de decibelímetro pela fiscalização).

Limite de gastos: Artigo 26, Parágrafo único, Lei 9.504/97: São estabelecidos os seguintes
limites com relação ao total do gasto da campanha: I - alimentação do pessoal que presta
serviços às candidaturas ou aos comitês eleitorais: 10% (dez por cento); II - aluguel de
veículos automotores: 20% (vinte por cento). (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com
a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor
de cinco mil a quinze mil UFIR, o uso de alto-falantes e amplificadores de som.

Distribuição de material de propaganda política: A propaganda impressa (santinhos) pode


ser utilizada, desde que não seja apócrifa. Deve constar o CPF/CNPJ do responsável por
sua elaboração, quem contratou sua confecção e a correspondente tiragem. Somente podem

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

ser utilizados até às 22 horas da véspera das eleições.

Propagandas vedadas: Não se pode elaborar, em hipótese alguma, qualquer material que
possa proporcionar vantagem ao eleitor (bonés, canetas, chaveiros, brindes, etc.).

Resumindo: é vedado qualquer propaganda paga no rádio ou na TV; é vedado o uso de


outdoor; é vedado showmício; é vedado propaganda em outro idioma; é vedado boca de
urna; é vedado aglomeração de pessoas no dia da eleição, portando bandeiras, camisas ou
qualquer instrumento de propaganda; é vedado a propaganda em postes, árvores, cercas,
tapumes ou qualquer área pública; é vedado ao candidato comparecer a inauguração de
obra pública nos três meses que antecedem o pleito; é vedado utilizar cavaletes, bonecos e
cartazes ao longo de vias públicas.

Cabos eleitorais: A Lei 12.891/2013 fixou critérios objetivos para a contratação,


remunerada de cabos eleitorais com o novel artigo 100-A. Agora, os contratantes são
obrigados a indicar o nome e o CPF dos contratados na prestação de contas. Criou também
mais uma modalidade de corrupção eleitoral no seu §5º, a qual será estudada no ponto
próprio do edital. Comentários do GENAFE: Para o MPF a inovação legislativa abre
margem para burla das regras que ela mesma criou, pois em seu §6º exclui do cômputo do
limite de contratação a militância não remunerada, pessoal contratado para apoio
administrativo e operacional, fiscais e delegados credenciados para trabalhar nas eleições e
os advogados dos candidatos ou dos partidos e coligações [traduzindo: político dá com uma
mão e tira com as duas].

Distribuição proporcional de horários gratuitos pelos meios de comunicação


audiovisuais: As emissoras de rádio e TV reservarão, nos 45 dias anteriores à antevéspera
das eleições, horários destinados à propaganda eleitoral gratuita.

Os horários reservados à propaganda de cada eleição serão distribuídos entre todos os


partidos e coligações que tenham candidato e representação na Câmara dos Deputados,
observados os seguintes critérios, segundo o art. 47, §2o, da Lei n. 9504/97: I - um terço,
igualitariamente; e dois terços, proporcionalmente ao número de representantes na Câmara
dos Deputados, considerado, no caso de coligação, o resultado da soma do número de
representantes de todos os partidos que a integram.

OBS: O STF, em recente julgamento (ADI n. 4430), declarou a inconstitucionalidade da


expressão “e representação na Câmara dos Deputados”, contida no § 2º do art. 47, da Lei n.
9540/97 e deu interpretação conforme a Constituição ao inciso II do § 2º do art. 47, com o
fim de assegurar aos partidos novos, criados após a realização de eleições para a Câmara
dos Deputados, o direito de acesso proporcional aos 2/3 do tempo destinado à propaganda
eleitoral no rádio e na televisão, considerada a representação dos deputados federais que
migrarem diretamente dos partidos pelos quais tiverem sido eleitos para a nova legenda na
sua criação.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

No segundo turno das eleições majoritárias, o tempo há de ser distribuído igualmente entre
os dois candidatos remanescentes, pouco importando a representação na Câmara dos
Deputados: cada candidato fica com 50% do tempo.

Obrigatoriedade de divulgação de gastos: Art. 28, §4º, Lei 9.504/74: Os partidos políticos,
as coligações e os candidatos são obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela
rede mundial de computadores (internet), nos dias 8 de agosto e 8 de setembro, relatório
discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para
financiamento da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça
Eleitoral para esse fim, exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos
valores doados somente na prestação de contas final de que tratam os incisos III e IV do art.
29 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).

Questões de prova:

É admitida a propaganda eleitoral paga na imprensa escrita? (Sim, mas há limites).

Propaganda na internet, pode ser feita pelo candidato? Pode ser feita por qualquer pessoa?

Distribuição de panfletos, pode ser feita na rua? (Sim, mas há limites).

O candidato pode entrar numa universidade, escola, e distribuir santinhos? (Discutível, mas
dizer que não, luta do MPE).

Pode em estabelecimentos comerciais? Onde o público tenha livre acesso? E em prédios


públicos?

Perguntou sobre a recente alteração na mini reforma eleitoral que explicitou, ainda mais, a
proibição dos outdoors. Pediu para eu explicar como funciona a repartição do horário na
TV? De que modo as TVs são ressarcidas pela Administração Pública? É em dinheiro ou
por benefícios? Quais benefícios? Como é feita a propaganda pela internet? Em que é
permitida? Vedações?

Propaganda eleitoral: como é feita a distribuição de horários na TV e no rádio? A


distribuição nas eleições pra vereador tinham por base a representação na Câmara?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 7.b. Recurso contra a Diplomação. Ação de Impugnação


de Mandato Eletivo.
Principais obras consultadas: Resumo dos Grupos do 25º e 26 o CPR; José Jairo Gomes.
Direito Eleitoral. 6ª Edição. Ed. Atlas. Adriano Soares da Costa. Instituições de Direito
Eleitoral, 8a Ed. Lumen Juris, 2009.

Legislação básica: arts. 258 a 262 do Código Eleitoral e 14, §§ 10 e 11 da CF.

[Antes de entrar no ponto, vamos entender sobre o que o ponto fala]

Diplomação:

Conceito: é o ato pelo qual a justiça eleitoral atesta quem são, efetivamente, os eleitos e os
suplentes com a entrega do diploma devidamente assinado. Não é decisão judicial. É ato
administrativo certificatório e declaratório. A diplomação é a última fase do processo
eleitoral.

Natureza jurídica: É ato administrativo certificatório e declaratório do resultado eleitoral.

Prazo: até dia 19 de dezembro do ano das eleições.

Competência para diplomar: TSE: presidente e vice; TRE: Governador, vice, deputados e
senador; Juiz Eleitoral: Prefeito, vice e vereador.

Prerrogativas e vedações a partir da diplomação: Prerrogativas: todas as prerrogativas do


artigo 53, CF se dão a partir da diplomação, quais sejam: foro privilegiado; impossibilidade
de prisão, salvo por flagrante delito de crime inafiançável; sustação de processo penal para
crimes ocorridos após a diplomação; facultatividade de testemunhar sobre informações
obtidas ou prestas em razão do exercício do mandato; impossibilidade de serem
incorporados às forças armadas, salvo licença prévia da casa. Vedações: firmar ou manter
contrato com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia
mista ou empresa concessionária de serviço público; aceitar ou exercer cargo, função ou
emprego público remunerado.

Perda do diploma: poderá ser declarada a perda do diploma pela Justiça Eleitoral, por
decisão definitiva, quando: cassar definitivamente o registro de candidatura. Der
provimento a recurso contra expedição de diploma ou acolher pedido contido em ação de
impugnação de mandato eletivo.

1) Recurso contra a Diplomação (RCD):

Linhas gerais: previsto no artigo 262, CE. Trata-se de instrumento jurídico-legal destinado

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

à arguição de inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato diplomado. Deve ser


manejado no prazo de 03 (três) dias, contados da realização da sessão de diplomação.

Natureza jurídica: A despeito de ser denominado como recurso e ter recebido tal tratamento
pelo Código Eleitoral, tal instrumento não tem natureza recursal, pois a diplomação não é
decisão judicial e sim ato administrativo certificatório e declaratório. Prevalece que se trata
de ação eleitoral de cunho impugnativo à diplomação.

Destaque-se, a propósito, que a diplomação não é decisão judicial, mas sim ato
administrativo declaratório da conclusão da última fase do processo eleitoral.

Legitimidade ativa: Podem ajuizar os candidatos, os partidos políticos que não tiverem
formado coligação, coligações, suplentes e o Ministério Público Eleitoral. A propositura de
RCD por outro legitimado, não impede a atuação do MP.

Legitimidade passiva: Deve ser proposta em face do candidato eleito e diplomado.

O TSE, alterando seu posicionamento, passou a entender que nas ações eleitorais que
possam implicar perda do registro ou diploma, há litisconsórcio passivo necessário entre
titular e vice da chapa majoritária (Ac. de 29.4.2010 no AgR-REspe nº 35.762, rel. Min.
Arnaldo Versiani). Assim como entre senador e suplente.

OBS: Os partidos políticos não são litisconsortes passivos necessários em processos que
visem à perda de diploma ou de mandato, podendo atuar voluntariamente como assistentes,
segundo entendimento do TSE (Ac. de 29.9.2009 no RO nº 2.349, rel. Min. Fernando
Gonçalves e Ac. nºgraph-definition> 3.255, de 7.5.2002, rel. Min. Fernando Neves.)

Cabimento: O art. 262 do Código Eleitoral enumera taxativamente as hipóteses de


cabimento:

I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato. Somente pode ser alegada


inelegibilidade infraconstitucional superveniente ao deferimento do registro da candidatura
ou inelegibilidade constitucional, nos termos do art. 259 do Código Eleitoral e do
entendimento do TSE (Recurso Contra Expedição de Diploma nº 1384, Acórdão de
06/03/2012, Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário de
justiça eletrônico, Tomo 70, Data 16/04/2012, Página 25-26).

II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação


proporcional;

III - erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação do quociente


eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua
contemplação sob determinada legenda (de pouca utilização prática atualmente, em razão
da totalização eletrônica dos votos);

IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova dos autos.

Anota-se que os casos descritos nos incisos II e III encontram-se praticamente em desuso,
135
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

tendo em vista o sistema eletrônico de apuração e votação que minimiza as discussões


acerca dos temas.

Competência: O RCD sempre será julgado na instância superior.

O TRE é competente no que se refere à diplomação realizada pela Junta Eleitoral. O


ajuizamento é feito na primeira instância perante o juiz eleitoral, devendo ser endereçado ao
juiz que presidir a Junta Eleitoral. Após as contrarrazões em 3 dias e vista ao autor acerca
de novos documentos em 48 horas, o Juiz Eleitoral deve remeter os autos para o TRE.

O TSE é competente no que se refere à diplomação realizada pelos TREs. O ajuizamento é


feito perante o TRE. Após as contrarrazões em 3 dias e vista ao autor acerca de novos
documentos, o relator deve remeter os autos para o TSE em 48 horas.

Há polêmica no que toca as eleições presidenciais, pois não houve previsão legal de RCD
de Presidente da República, existindo várias correntes: a) competência do STF; b) manejo
do mandado de segurança; c) cabimento de recurso extraordinário, desde que preenchidos
os requisitos de admissibilidade; d) não ser cabível RCD ou recurso extraordinário contra a
expedição de diploma nas eleições presidenciais, por ausência de previsão constitucional; e)
competência do próprio TSE. [não há posição majoritária].

Hipóteses de cabimento: O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos
de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de
elegibilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 11/12/2013)

Desnecessidade de prova pré-constituída: O TSE firmou o entendimento “... pela


possibilidade de produção, no Recurso contra Expedição de Diploma, de todos os meios
lícitos de provas, desde que indicados na petição inicial, não havendo o requisito da prova
pré-constituída. (Recurso Contra Expedição de Diploma nº 745, Acórdão de 24/06/2010,
DJE 24/08/2010).

Eficácia: A eficácia do julgamento do RCD só ocorre após o trânsito em julgado da


decisão, pois o candidato eleito e diplomado tem o direito líquido e certo ao pleno exercício
do mandato eletivo (art. 216 do CE).

2) Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME):

Linhas gerais: Trata-se de ação civil-eleitoral de natureza constitucional destinada a


impugnar mandato eletivo obtido com abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.

Abuso de poder econômico: Refere-se à utilização excessiva, antes ou durante a campanha


eleitoral, de recursos materiais ou humanos que representem valor econômico, buscando
beneficiar candidato, partido ou coligação, dada ou ofertada a uma coletividade de
eleitores, indeterminada ou determinável. Segundo o TSE, “o abuso de poder político com
viés econômico pode ser objeto de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME)”.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

(Recurso Especial Eleitoral nº 1322564, Acórdão de 15/05/2012, Relator(a) Min. GILSON


LANGARO DIPP, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 113, Data
18/06/2012, Página 30).

Corrupção: consiste no oferecimento de vantagens ao eleitor, viciando a sua liberdade.

Fraude: Segundo o TSE, “a fraude eleitoral a ser apurada na ação de impugnação de


mandato eletivo não se deve restringir àquela sucedida no exato momento da votação ou da
apuração dos votos, podendo-se configurar, também, por qualquer artifício ou ardil que
induza o eleitor a erro, com possibilidade de influenciar sua vontade no momento do voto,
favorecendo candidato ou prejudicando seu adversário”. (AGRAVO DE INSTRUMENTO
nº 4661, Acórdão nº 4661 de 15/06/2004, Relator(a) Min. FERNANDO NEVES DA
SILVA, Publicação: DJ - Diário de Justiça, Volume 1, Data 06/08/2004, Página 162 RJTSE
- Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 15, Tomo 3, Página 248).

Está prevista no art. 14, §§ 10 e 11 da CF, dispositivos que ainda não receberam
regulamentação infraconstitucional.

Consumação: A consumação da infração é de natureza formal, não sendo necessário que o


resultado seja alcançado.

Prazo: até 15 dias após a diplomação. Trata-se de prazo decadencial, que não se suspende,
tampouco se interrompe. O TSE entende que: “o prazo para a propositura da AIME,
conquanto tenha natureza decadencial, submete-se à regra do art. 184, § 1º, do CPC,
segundo a qual se prorroga para o primeiro dia útil seguinte se o termo final cair em feriado
ou dia em que não haja expediente normal no Tribunal”. (Agravo Regimental em Ação
Cautelar nº 428581, Acórdão de 15/02/2011, Relator(a) Min. MARCELO HENRIQUES
RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data
14/03/2011, Página 13/14).

Legitimidade ativa: Pode ser proposta pelo Ministério Público, por partido político que não
tiver formado coligação, por coligação ou por candidato. Se o MP não for o ator, deve atuar
obrigatoriamente como custos legis. O TSE entende que o eleitor não tem legitimidade.

Legitimidade passiva: Devem figurar como réus os diplomados que cometeram o abuso do
poder econômico, político, fraude ou corrupção ou foram por eles beneficiado.

OBS: há litisconsórcio passivo necessário com os suplentes do diplomado senador e os vice


de presidente, governador ou prefeito, sob pena de indeferimento da inicial.

OBS: partido político não é litisconsorte passivo necessário.

Portanto, a posição atual do TSE é: Tanto em RCD, AIME, AIJE ou Representações a ação
deve ser promovida com formação de litisconsórcio passivo necessário entre o titular e vice
ou entre senador e suplente.

Competência: é fixada pelo parágrafo único do art. 2º da LC 64/90 (Inelegibilidades): TSE,

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

se o diplomado for o Presidente ou Vice-Presidente da República; TRE, se o diplomado for


Governador e Vice-Governador, Senador, Deputado Federal ou Deputado Distrital; Juízes
Eleitorais, se o diplomado for Prefeito, Vice-Prefeito ou Vereador.

Procedimento: Segundo o TSE, deve tramitar segundo o procedimento da ação de


impugnação do pedido de registro de candidaturas encartado na Lei Complementar 64/90
(Resolução nº 21634/2004)

Não são cabíveis a antecipação dos efeitos da tutela e a concessão de medida cautelar
preparatória.

Deve tramitar sob segredo de justiça. O julgamento, no entanto, deve ser público.

O autor responde, na forma da lei, se a ação for temerária ou de manifesta má-fé.

Não há cobrança de custas ou honorários advocatícios, salvo comprovada litigância de má-


fé.

A AIME não pressupõe o ajuizamento da AIJE. A AIME é ação autônoma.

Eficácia: Aplicando-se o art. 257 do Código Eleitoral, a decisão tem eficácia imediata,
aguardando-se apenas a publicação, no entendimento do TSE (AGRAVO REGIMENTAL
EM MEDIDA CAUTELAR nº 1833, Acórdão de 28/06/2006, Relator(a) Min. JOSÉ
GERARDO GROSSI, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 22/08/2006, Página 115).
Eventual efeito suspensivo, através de medida cautelar imediata, somente será concedida
em casos excepcionais, cabendo ao recorrente comprovar, de plano, os vícios da decisão
recorrida.

Sanções: Além da responsabilidade penal, temos as seguintes sanções: Multa + cassação do


registro ou diploma + inelegibilidade por 8 anos.

Questões de prova:

Comparar o recurso contra a diplomação e AIME? Qual o prazo, a sua natureza jurídica e
as consequências que decorre da natureza jurídica da AIME? Qual o rito dessa última? Se
em ambas as ações é necessária a prova pré-constituída? Diferenças, aspectos processuais?

Cotejar RCD e AIME. Competência: partiu da primeira instância e seguiu até TSE.
Explicar porque para as eleições presidenciais a competência para o RCD e AIME coincide
no TSE.

Recurso contra diplomação, inelegibilidade superveniente de governador, qual órgão julga?


(TSE)

Condutas vedadas e abuso de poder político, qual a diferença? Representação por conduta
vedada x AIJE por abuso de poder politico. (questiona atos anteriores, mas precisa de

138
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

gravidade)

Quais as mudanças trazidas pela LC 135. Os crimes que estão previstos como condenação
nesta lei, são dolosos e culposos, ou só dolosos? Quais as inelegibilidade constitucionais?

PONTO EXTRA:

Como no edital os instrumentos processuais eleitorais estão espalhados pelos pontos, isso
não nos permite ter uma visão panorâmica sobre seu desenrolar no tempo durante o
processo eleitoral. O Thales Tácito tem uma parte excelente sobre isso e que nos permite ter
essa visão global, situando cada coisa no seu devido lugar. Por este motivo, crio o ponto
extra com considerações do livro dele.

O TSE entende que, dos 10 instrumentos jurídicos citados, apenas cinco servem para
declarar a inelegibilidade: AIJE, AIME, RCD, Ação Rescisória Eleitoral e recursos desses
quatro citados.

O primeiro instrumento é administrativo-eleitoral para o TSE, função preventiva tão


somente.

A AIRC serve para declarar a existência ou não de condição de elegibilidade.

E, finalmente, as representações pelos arts. 30-A, 41-A e 73/77 são, para o TSE, “sanções
eleitorais” e, para estes autores, “condição de elegibilidade implícita”.

Os prazos de ações eleitorais são os seguintes:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

(1) AIRC: prazo de 5 dias de ajuizamento, a contar da publicação dos editais no cartório
eleitoral (eleições municipais) ou no Diário Oficial (eleições gerais ou presidencial).

(2) AIJE: prazo de ajuizamento: a partir do pedido de registro de candidatura até a sessão
de diplomação (veicula abuso — art. 22 da LC 64/90).

Nota: O Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar
no Habeas Corpus (HC) 107.869, para suspender o depoimento pessoal do deputado federal
Filipe Pereira (PSC-RJ) perante o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ).
A oitiva do parlamentar, suspensa pela decisão, estava marcada para o dia 5 de abril em
processo de investigação judicial eleitoral que tramita naquela corte.

Ao conceder a liminar, o ministro se baseou em precedente firmado no julgamento do HC


85.029. De acordo com esse entendimento, as autoridades citadas pelo Código de Processo
Civil (art. 411) têm a prerrogativa de designar o local e a data de seu depoimento, seja
como parte do processo, seja como testemunha. Ainda de acordo com o precedente, a
disciplina legal da investigação judicial (art. 22 da LC 64/90) não contém a previsão de
depoimento pessoal do investigado.

(3) R. 30-A: prazo de ajuizamento: a partir da diplomação até 15 dias dessa (exclui o dia da
diplomação). Entendemos que é possível a representação pelo art. 30-A desde o registro até
15 dias da diplomação (posição doutrinária — conferir o motivo quando do estudo do art.
30-A na obra Reformas Eleitorais Comentadas). Portanto, pela Lei n. 12.034/2009, a R. 30-
A é uma ação contra candidato-vencedor, sendo que, para estes autores, é para candidato (a
lei fala em “negar diploma”).

(4) R. 41-A: prazo de ajuizamento: a partir do pedido de registro de candidatura até a


diplomação.

(5) R. 73/77: prazo de ajuizamento: a partir do pedido de registro de candidatura até a


diplomação.

(6) AIME: prazo de ajuizamento: 15 dias a contar da diplomação (exclui o dia da


diplomação).

(7) RCD: prazo de ajuizamento: 3 dias a contar da diplomação (exclui o dia da diplomação)

Nota: Litisconsórcio necessário passivo em todas ações eleitorais: No RCD n. 703/SC1


(“Caso Luiz Henrique — Governador de SC”), o TSE entendeu que existe litisconsórcio
necessário passivo (art. 47 do CPC) entre titular e Vice; portanto, sugerimos ser isso
observado nas ações eleitorais similares (AIJE e AIME, bem como nas Representações n.
30-A, n. 41-A e ns. 73/77), sob pena de nulidade, pois, sendo a chapa una e indivisível (art.
91 do CE), os efeitos da coisa julgada atingem o Vice (art. 472 do CPC), razão pela qual ele
deve ser citado para se defender.

O TSE entendeu, ao julgar o RCD n. 703 (julgado em 21.2.2008), que era necessária a
citação do Vice e permitiu, somente nesse caso, em face da inversão da jurisprudência

140
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

dominante, que fosse feita a citação do Vice. Porém, em obter dictum (dito ao final) do
RCD n. 703/2008, o TSE manifestou que, daquele julgado em diante, em todas as ações
eleitorais nas quais poderia haver perda do mandato (AIJE, AIME, representações pelos
arts. 30-A, 41-A e 73/77 da LE), seria obrigatória a citação do Vice, sob pena de
“decadência eleitoral”.

Da mesma forma, após essa decisão do TSE, no caso de Senador, Deputado ou Vereador,
seria necessário citar o suplente.

Assim, após o RCD n. 703/2008, há litisconsórcio necessário entre o chefe do Poder


Executivo e seu Vice em todas as ações cujas decisões possam acarretar a perda do
mandato, devendo o Vice necessariamente ser citado para integrá-las.2

Como a AIRC também tem “potencialidade de perda de mandato”, caso julgada após a
eleição pelo TSE (em competência originária ou competência recursal), por força do art.
16-A da LE (teoria dos votos engavetados), recomendamos a citação do Vice na AIRC em
litisconsórcio necessário passivo, uma vez que, apesar de a Lei n. 12.034/2009 ter fixado
prazo de 45 dias para julgamento de todos os registros de candidatura, inclusive os sub
judice (art. 16, § 1º, da LE), pode acontecer de o julgamento ultrapassar as eleições e a
decisão final do TSE (“trânsito em julgado eleitoral”)3 importar a cassação do diploma e
perda do mandato, razão pela qual entendemos a citação do Vice ser obrigatória, também,
em sede de AIRC.

Portanto, o TSE, na ocasião do julgamento do RCD n. 703/2008, estabeleceu que as ações


ajuizadas antes daquela data sem a citação do Vice seriam aceitas, porquanto ajuizadas com
base no entendimento anterior. No entanto, dali em diante, a presença do Vice na lide seria
obrigatória.

Da mesma forma, após essa decisão do TSE, no caso de Senador, Deputado ou Vereador,
faz-se necessário citar o suplente.

Concluindo, muitas ações referentes às eleições de 2008 foram ajuizadas sem a citação do
candidato a Vice. No mês de outubro de 2009, o TSE começou a julgar essas ações ao
firmar o seguinte entendimento no REspe 35.292/2009:

RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL


ELEITORAL (AIJE). CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ART. 41-A DA LEI N.
9.504/97. ABUSO DE PODER ECONÔMICO. ART. 22 DA LC N. 64/90. VICE-
PREFEITO. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. PROVIMENTO.
1. Há litisconsórcio necessário entre o chefe do Poder Executivo e seu vice nas ações
cujas decisões possam acarretar a perda do mandato, devendo o vice necessariamente
ser citado para integrá-las. Precedentes:
AC n. 3.063/RO Min. Arnaldo Versiani, DJE de 8.12.2008; REspe n. 25.478/RO Min.
2. A eficácia da sentença prevista no art. 47 do Código de Processo Civil é de ordem
pública, motivo pelo qual faz-se mister a presença, antes do julgamento, de todas as
partes em relação às quais o juiz decidirá a lide de modo uniforme. Precedente: ED-RO
n. 1.497/PB, Rel. Min. Eros Grau, DJE de 24.3.2009.

141
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

3. No caso dos autos, o vice-prefeito não foi citado para integrar a lide, tendo
ingressado na relação processual apenas com a interposição de recurso especial
eleitoral, quando já cassado o diploma dos recorrentes. Ademais, da moldura fática do
v. acórdão regional, extrai-se que a captação ilícita de sufrágio teria sido praticada
diretamente pelo vice-prefeito que, frise-se, não foi citado para integrar a lide.
4. Recursos especiais eleitorais providos.
Portanto, as ações nas quais o candidato a Vice não foi citado em eleições pretéritas serão
extintas sem julgamento do mérito, e a Justiça Eleitoral poderá fazê-lo de ofício, mesmo
que a parte prejudicada não tenha alegado a “decadência eleitoral”, uma vez que se trata de
matéria de ordem pública. Os Ministros entendem que a citação posterior do Vice somente
seria possível se o prazo para ajuizamento da ação ainda estivesse em aberto (por exemplo:
AIME — até 15 dias da diplomação); caso contrário, o feito será arquivado, ou seja, a falta
de citação do Vice não pode ser sanada.

Já para novas ações eleitorais referentes às eleições de 2010 em diante, é importante


destacar que a Justiça Eleitoral (por seu órgão competente) pode aplicar a chamada
intervenção iussu iudice (art. 47 do CPC) e determinar a citação do Vice de ofício, por se
tratar de litisconsórcio necessário passivo, devendo assim agir desde que o prazo da ação
em particular não tenha sido escoado, sob pena de extinção do processo sem julgamento do
mérito por “decadência eleitoral”.

(8) Ação Rescisória Eleitoral: prazo de ajuizamento: 120 dias do trânsito em julgado de
decisão somente do TSE (em competência originária ou recursal) e somente em matéria de
inelegibilidade.

Nota: Ação Rescisória Eleitoral: O art. 22, I, j, do CE determina como competência


originária do TSE a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada
dentro do prazo de 120 dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o “exercício do
mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”. Essa alínea (j) foi acrescida pelo art. 1º da
LC 86/96. Porém, o Ac.-STF, de 17.3.1999, na ADI 1.459, declarou inconstitucionais o
trecho destacado em negrito e itálico citado e a expressão “aplicando-se, inclusive, às
decisões havidas até cento e vinte dias anteriores à sua vigência”, constante do art. 2º da LC
86/96. Conforme os Acórdãos do TSE n. 106/2000 e n. 89/2001, o TRE não é competente
para o julgamento de ação rescisória. A LC 86/96, ao introduzir a ação rescisória no âmbito
da Justiça Eleitoral, incumbiu somente ao TSE seu processo e julgamento, originariamente,
contra seus próprios julgados. Já, no Acórdão n. 124/2001, há cabimento de ação rescisória
contra decisão monocrática de juiz do TSE, e, nos Acórdãos n. 19.617/2002 e n.
19.618/2002, há cabimento de ação rescisória de julgado de TRE em matéria não eleitoral,
aplicando-se a legislação processual civil, e não a eleitoral.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 7.c. Condutas vedadas aos agentes públicos nas


campanhas eleitorais. Captação ilícita de sufrágio.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; José Jairo Gomes. Direito Eleitoral. 6ª
Edição. Ed. Atlas. Adriano Soares da Costa. Instituições de Direito Eleitoral, 8ª Ed. Lumen
Juris, 2009.

Legislação básica: arts. 41-A, 73 a 78 da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições).

1. Condutas vedadas aos agentes públicos:

Linhas gerais: Diversas condutas dos agentes públicos são vedadas com a finalidade de
evitar a ocorrência de abuso de poder político, especificamente a utilização de bens ou
recursos públicos em benefício de candidatos ou partidos ou coligações próximas ao
Governo. O conjunto destas condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas
eleitorais encontra-se previsto nos art. 73 a 78 da Lei de Eleições.

Agente público: O art. 73, §1º, Lei n. 9.504/97 define agente público como aquele que
“exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta ou
fundacional”. Como se vê, é um conceito amplo, abrangendo os detentores de mandato
eletivo.

Rol de condutas vedadas:

- Ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou


imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária.
OBS: Segundo o TSE, essa conduta pode configurar-se como conduta vedada mesmo antes
do pedido de registro de candidatura (Recurso Ordinário nº 643257, Acórdão de
22/03/2012, Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário de
justiça eletrônico, Tomo 81, Data 02/05/2012, Página 129);

- Usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam
as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram. OBS:
Segundo o TSE, essa conduta pode configurar-se como conduta vedada mesmo antes do
pedido de registro de candidatura (Recurso Ordinário nº 643257, Acórdão de 22/03/2012,
Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Tomo 81, Data 02/05/2012, Página 129);

- Ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual


ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha
eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente

143
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;

- Fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação,


de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados
pelo Poder Público;

- Realizar despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais,
ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos nos
últimos três anos que antecedem o pleito ou do último ano anterior à eleição;

- Distribuir gratuitamente bens, valores ou benefícios por parte da administração pública,


exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais
autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o
Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e
administrativa.

Rol de conduta vedada a partir de abril do ano eleitoral:

- Fazer, na circunscrição do pleito, aumento real ou revisão geral da remuneração dos


servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo
do ano da eleição, a partir do período destinado para as convenções partidárias até a posse
dos eleitos. OBS: é permitida a recomposição de perdas. OBS: Roberto Almeida afirma que
é vedado é a revisão geral, apenas, sendo possível que a revisão alcance apenas uma parte
dos servidores, como dar aumento para os professores (2013, p. 560). OBS: a proibição se
refere à circunscrição, logo durante uma eleição municipal é possível se fazer revisão geral
de servidores federais.

Rol de conduta vedada nos três meses que antecedem o prélio eleitoral até a posse dos
eleitos:

- Nomear, contratar, demitir, remover ex officio, transferir ex officio, exonerar ex officio


servidores públicos ou por outros meios impedir o exercício funcional, na circunscrição do
pleito, nos três meses que o antecede e até a posse dos eleitos. . OBS: as vedações se
aplicam apenas no âmbito da circunscrição na qual se realizam eleições. OBS: Estão
excluídas da vedação: i) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e a designação
ou dispensa de funções de confiança; ii) a nomeação para cargos do Ministério Público,
Judiciário, tribunais de contas e órgãos da Presidência da República; iii) nomeação de
aprovados em concursos públicos homologados até o início do prazo de três meses; iv)
nomeação necessária ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, desde
que expressamente e previamente autorizadas pelo chefe do Executivo; e v) transferência
ou remoção de militares, policiais civis e agentes penitenciários

- Realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos


Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos
destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em
andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência
e de calamidade pública;

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

- Autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da
administração indireta, com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham
concorrência no mercado, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim
reconhecida pela Justiça Eleitoral;

- Fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito,


salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e
característica das funções de governo;

- Contratar shows artísticos pagos com recursos públicos na realização de inaugurações;

- Participar de inauguração de obras públicas. OBS: a vedação se dá no âmbito da


circunscrição da eleição, logo um candidato a prefeito na cidade X pode participar de
inauguração de obra pública em outra cidade [TSE, REspe 24.122, 2004].

OBS: Um mesmo fato pode caracterizar propaganda extemporânea e conduta vedada, não
podendo se falar em bis in idem, pois o mesmo fato pode ser analisado e sancionado por
fundamentos diferentes.

OBS: A configuração de conduta vedada ocorre com a mera prática do ato, independente da
potencialidade lesiva de influenciar o resultado do pleito, havendo presunção de que a
conduta tende a afetar a igualdade de oportunidades [Info TSE 11/2012].

Sanções: a) suspensão imediata da conduta vedada; b) multa, a ser imposta aos agentes
públicos responsáveis pelas condutas vedadas e aos partidos, coligações e candidatos que
delas se beneficiarem; e c) cassação do registro ou do diploma do candidato beneficiado,
agente público ou não.

As multas eleitorais compõem receita para o fundo partidário. Contudo, o partido político
que deu origem a multa decorrente das condutas vedadas não se beneficiará dessa receita,
ficando excluído do rateio (art. 73, §9º da Lei n. 9504/97).

O TSE “já firmou entendimento no sentido de que, quanto às condutas vedadas do art. 73
da Lei nº 9.504/97, a sanção de cassação somente deve ser imposta em casos mais graves,
cabendo ser aplicado o princípio da proporcionalidade da sanção em relação à conduta”.
(Agravo Regimental em Recurso Ordinário nº 890235, Acórdão de 14/06/2012, Relator(a)
Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Tomo 160, Data 21/08/2012, Página 38).

Ato de improbidade administrativa: o parágrafo sétimo do art. 73 da Lei n. 9504/97


qualifica como ato de improbidade administrativa as condutas vedadas aos agentes
públicos, submetendo-as também às sanções previstas na Lei n. 8429/92.

Visão panorâmica:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Atenção: Os esquemas acima foram tirados do livro esquematizado do Thales Tácito. As


notas foram mantidas na imagem para marcar o que é um neologismo do autor. Pode ser
que a banca se utilize dessas expressões. Eu acho difícil que eles façam isso, mas é bom
saber tendo em vista a envergadura e respeito pelo referido autor.

2. Captação ilícita de sufrágio:

Linhas gerais: Considera-se captação ilícita de sufrágio, nos termos do art. 41-A da Lei
9.504/97, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-
lhe o voto, bem ou qualquer vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou
função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição. Também caracteriza a
captação ilícita de sufrágio a prática de atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o
fim de obter-lhe o voto. OBS: a conduta também constitui crime previsto no artigo 229 do
CE.

A definição da captação ilícita de sufrágio foi fruto de projeto de iniciativa popular.

A captação ilícita de sufrágio é hipótese específica de abuso de poder econômico.

Sob a ótica eleitoral somente é relevante se praticado entre a formalização do pedido de


registro de candidatura e o dia da eleição, inclusive. [Quanto à aferição do ilícito previsto
no art. 41-A, o termo inicial é o pedido do registro da candidatura].

Caracterização: Para a caracterização de tais condutas não é preciso o pedido explícito de


votos, sendo suficiente que o oferecimento de vantagem tenha especial fim de agir, qual
seja: captação de votos. Para a incidência da norma basta a promessa ou o oferecimento de

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

vantagem de qualquer natureza, não sendo necessária a obtenção, de fato, de vantagem


pessoal. O oferecimento de vantagem deve ser feito a eleitores determinados. Basta o
oferecimento de vantagem a um único eleitor para caracterização do fato.

Portanto, há 4 requisitos cumulativos para caracterizar a captação ilícita de sufrágio: 1)


Prática da conduta punível: é preciso dar, oferecer, prometer ou entregar bem ou vantagem
pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública a eleitor, sendo
desnecessário o pedido explícito de voto, bastando a evidência do dolo no especial fim de
agir; 2) A legitimidade da conduta: tem que ser o candidato ou terceiro a mando dele,
bastando a ciência do candidato. E o beneficiário tem que ser eleitor; 3) A finalidade: tem
que ter o dolo de obter o voto; 4) Lapso temporal: tem que ser após o registro de
candidatura até o dia das eleições, inclusive.

Prazo: a ação por captação ilícita de sufrágio poderá ser ajuizada, até a data de diplomação,
observando o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar n. 64, de 18 de maio
de 1990.

Participação do candidato: Não se exige a participação direta do candidato para a


caracterização da captação ilícita de sufrágio. Basta o consentimento, a anuência, o
conhecimento ou a ciência dos fatos que resultaram na prática do ilícito eleitoral, consoante
entendimento do TSE: “Resta caracterizada a captação de sufrágio prevista no art. 41-A da
Lei n° 9.504/97, quando o candidato praticar, participar ou mesmo anuir explicitamente às
condutas abusivas e ilícitas capituladas naquele artigo” (RECURSO ESPECIAL
ELEITORAL nº 19566, Acórdão nº 19566 de 18/12/2001, Relator(a) Min. SÁLVIO DE
FIGUEIREDO TEIXEIRA, Publicação: DJ - Diário de Justiça, Volume 1, Data
26/04/2002, Página 185 RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 13, Tomo 2,
Página 278 ).

Legitimados passivos: O TSE, alterando seu posicionamento, passou a entender que nas
ações eleitorais que possam implicar perda do registro ou diploma, há litisconsórcio passivo
necessário entre titular e vice da chapa majoritária (Ac. de 29.4.2010 no AgR-REspe nº
35.762, rel. Min. Arnaldo Versiani).

OBS: Os partidos políticos não são litisconsortes passivos necessários em processos que
visem à perda de diploma ou de mandato, podendo atuar voluntariamente como assistentes,
segundo entendimento do TSE (Ac. de 29.9.2009 no RO nº 2.349, rel. Min. Fernando
Gonçalves Ac. nºgraph-definition> 3.255, de 7.5.2002, rel. Min. Fernando Neves.)

Sanções: As consequências da captação ilícita de sufrágio são a aplicação de multa e a


cassação do registro ou do diploma. A aplicação da sanção tem eficácia imediata, ou seja,
eventual recurso não terá efeito suspensivo. É praxe, no entanto, o uso de medida cautelar
inominada para se obter o efeito suspensivo.

Questão de prova:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

O que é captação ilícita para sufrágio? O que ela combate?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 8.a. Partidos Políticos. Princípios constitucionais a serem


observados na sua criação. Vedações. Fusão e incorporação.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Roberto Almeida 2013; Caderno Ênfase
2013.

Legislação básica: CR/88 (Tít II, Cap. V – Partidos Políticos); Lei n.º 9.096/95 (Lei
Orgânica dos Partidos Políticos – LOPP); Código Civil (Art. 44, V e § 3º, 2.031, parágrafo
único); Lei n.º 9.504/97 (Lei das Eleições – LE); Lei n.º 12.016/09 (art. 1º, §1º); Resoluções
n.º 20.034/97 e 22.610/07 do TSE .

1. Partidos Políticos: Trata-se de pessoa jurídica de direito privado, formada por uma
organização de pessoas reunidas em torno de um mesmo programa político com a
finalidade de assumir o poder e mantê-lo ou, ao menos, de influenciar na gestão da coisa
pública através de críticas e oposição, pondo em prática uma determinada ideologia
político-administrativa.

José Jairo Gomes menciona que os partidos políticos são canais legítimos de atuação
política e social, peças essenciais para o funcionamento do complexo mecanismo
democrático. Segundo o autor, eventuais querelas existentes entre um partido e uma pessoa
natural ou jurídica, entre dois partidos, entre órgãos do mesmo partido ou entre partido e
seus filiados devem ser ajuizadas na Justiça Comum Estadual, não sendo competente a
Justiça Eleitoral, exceto se a controvérsia provocar relevante influência em processo
eleitoral já em curso (GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 7ª edição. Ed. Atlas., pp. 83 e
85).

MS contra representantes ou órgãos de partido político: Importante destacar que a Lei n.º
12.016/09 equiparou às autoridades os “representantes ou órgãos de partidos políticos” (art.
1º, § 1º), de modo que é possível impetrar mandado de segurança contra eles.

OBS: Os recursos do Fundo Partidário não estão sujeitos ao regime da Lei no 8.666, de 21
de junho de 1993, tendo os partidos políticos autonomia para contratar e realizar despesas.
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).

Finalidade: Os partido políticos se destinam a assegurar, segundo SOS ditames do regime


democrático, a autenticidade do sistema representativo, a postular pela defesa dos direitos
fundamentais encartados na CF. bem assim, assumir e permanecer no poder ou, pelo
menos, influenciar suas decisões e pôr em prática uma determinada ideologia político-
administrativa.

Sistemas partidários: a doutrina elenca três sistemas partidários: monopartidarismo,


bipartidarismo e pluripartidarismo. 1) Monopartidarismo: admite apenas um partido. Está
em extinção no mundo. Ainda tem no oriente médio; 2) Bipartidarismo: admite a existência
de dois partidos. No período da ditadura militar o Brasil tinha apenas dois partidos, a Arena

151
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

e o MDB; 3) Pluripartidarismo: admite a presença de tantos partidos quanto forem as


correntes de opinião existentes. Adotado atualmente pelo Brasil.

2. Princípios constitucionais a serem observados na sua criação: A CF adotou o


princípio da liberdade de organização, de forma que, consoante o disposto em seu art. 17,
os partidos políticos, enquanto protagonistas do jogo democrático, podem ser livremente
criados, fundidos, incorporados e extintos, desde que sejam resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa
humana.

Limites à liberdade partidária: Tendo em vista as limitações à liberdade partidária,


determina a Constituição que tais agremiações devem observar os seguintes preceitos [ou
seja: a liberdade partidária não é absoluta]: a) Caráter nacional: é vedada a criação de
partidos políticos regionais, estaduais ou municipais, sob pena de não ser deferido o pedido
de registro do estatuto do Partido no TSE; b) Proibição de recebimento de recursos
financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes: o escopo da
norma é a proteção do interesse nacional; c) Prestação de contas à Justiça Eleitoral: 1)
contas partidárias: os partidos devem manter, a partir de seus órgãos nacionais, regionais e
municipais, escrituração contábil, de modo que se possa conhecer a origem de suas receitas
e destinação de suas despesas. 2) contas de campanha: determina-se, inclusive, que até 180
dias após a diplomação, os candidatos ou partidos devem conservar a documentação
referente a suas contas (LE, art. 32); d) Funcionamento parlamentar de acordo com a lei: tal
funcionamento vem disciplinado por meio da LOPP.

Nos termos do art. 4º da LOPP, aos filiados é assegurada igualdade de direitos e deveres.

3. Vedações: Além das proibições referidas nos itens “a” e “b” do tópico anterior, os
partidos políticos não podem ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de
organização da mesma natureza e adotar uniforme para seus membros (art. 17, § 4º, CF e
art. 6º, LOPP). Um partido com tal desenho representaria evidente ameaça ao regime
democrático, pois levantaria perigosamente a bandeira de regimes totalitários, além de lhes
avocar a memória (GOMES, op. cit., p. 88).

Ademais, conforme o art. 7º, § 2º, da LOPP, o partido que não tenha registrado seu estatuto
no Tribunal Superior Eleitoral não pode participar do processo eleitoral, receber recursos
do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão.

Finalmente, nos termos do art. 31 da LOPP, é vedado ao partido receber, direta ou


indiretamente, sob qualquer forma ou pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou
estimável em dinheiro, inclusive através de publicidade de qualquer espécie, procedente de:

i - entidade ou governo estrangeiros (idem art. 17, II, CF) – atenção ao artigo 24 da LE, que
veda algumas doações a partido e candidato para campanhas eleitorais;

ii - autoridade ou órgãos públicos, ressalvadas as dotações referidas no art. 38;

iii - autarquias, empresas públicas ou concessionárias de serviços públicos, sociedades de

152
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

economia mista e fundações instituídas em virtude de lei e para cujos recursos concorram
órgãos ou entidades governamentais – Ac.-TSE, de 9.2.2006, no REspe n° 25.559: “O que
se contém no inciso III do art. 31 da Lei n° 9.096/1995, quanto às fundações, há de ser
observado consideradas as fundações de natureza pública.”;

iv - entidade de classe ou sindical.

4. Fusão e incorporação: Na fusão, dois partidos se juntam, extinguindo-se, para formar


um novo partido; na incorporação, um partido deixa de existir, passando a fazer parte de
outro.

Para que possa ocorrer a fusão, é preciso que sejam observadas as exigências do art. 29, §
1º, LOPP. Nessa hipótese, a existência legal do novo partido tem início com o registro, no
Ofício Civil competente da Capital Federal, do estatuto e do programa (art. 29, § 4º,
LOPP). O novo partido passa a ser reconhecido, com toda as prerrogativas legais, antes
mesmo da averbação de seu estatuto no TSE, sendo desnecessária a comprovação do
“apoiamento mínimo” exigido na criação de novos partidos políticos.

Já a incorporação pressupõe a observância dos requisitos previstos nos §§ 2º, 3º e 5º do art.


29 da LOPP. Importante destacar que os votos obtidos, na última eleição geral para a
Câmara dos Deputados, pelos partidos políticos fundidos ou incorporados, devem ser
somados para efeito do funcionamento parlamentar, da distribuição dos recursos do Fundo
Partidário e do acesso gratuito ao rádio e à televisão (art. 29, § 6º, LOPP). Nos termos da
Res.-TSE n° 22.592/2007, o partido incorporador tem direito à percepção das cotas do
Fundo Partidário devidas ao partido incorporado, anteriores à averbação do registro no
TSE. De acordo com o § 7º do art. 29, o novo estatuto ou instrumento de incorporação deve
ser levado a registro e averbado, respectivamente, no Ofício Civil e no Tribunal Superior
Eleitoral.

OBS: (1) No caso de fusão ou incorporação: os prazos de filiação serão mantidos para os
fins do artigo 19 da Lei 9.096/95. Agora, se o partido for extinto há menos de um ano da
eleição, seus filiados ficarão impedidos de concorrer a esse pleito (Res. 22089/2010). (2) A
permissão para se desfiliar de partido político em caso de incorporação, levando o
parlamentar o mandato, só se justifica quando ele pertença ao partido político incorporado,
e não ao incorporador (Res. 22885/08).

Questão de prova:

O que são partidos políticos?

Como se dá a constituição dos partidos políticos?

Por que a CF prevê tantas normas sobre partidos políticos? Qual a relação disso com a
sistemática da CF anterior sobre partidos políticos?

153
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Fale sobre a legitimidade ativa do partido político quando ele está coligado.

Segundo a Lei Geral das Eleições, os partidos políticos que estejam coligados perdem sua
legitimidade ativa para estar em juízo, transferindo-a à coligação formada. A única ressalva
ocorre quando o partido político coligado deseja questionar a validade da própria coligação
formada, durante o período compreendido entre a data da convenção e o termo final do
prazo para impugnação dos registros de candidatura.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 8.b. Personalidade jurídica dos Partidos Políticos.


Registro e funcionamento. Estatutos. Fundo Partidário.
Propaganda partidária.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Roberto Almeida, 2013, Caderno Ênfase
2013.

Legislação básica: idem ao ponto 8.a. Res.-TSE n° 23.086/2009

I. Personalidade jurídica dos Partidos Políticos: Os partidos políticos são pessoas


jurídicas de direito privado (art. 1º da LOPP e art. 44, V e § 3º, CC) que se constituem
mediante a observância dos requisitos previstos no art. 8º da LOPP (requerimento de
registro dirigido a cartório competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas, da Capital
Federal, subscrito pelos seus fundadores – pelo menos 101 –, com domicílio eleitoral em,
no mínimo, um terço dos Estados; registro pelo Oficial no livro competente).

Adquirida a personalidade, o partido promove a obtenção do apoiamento mínimo de


eleitores (0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados,
distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% do eleitorado que
haja votado em cada um deles) e realiza os atos necessários para a constituição definitiva de
seus órgãos e designação dos dirigentes, na forma de seu estatuto (art. 8º, § 3º, LOPP). O
apoiamento mínimo comprova o caráter nacional do partido, que é requisito fixado na CF e
condição para o registro do estatuto no TSE (art. 7º, § 1º, LOPP).

Portanto, após adquirir a personalidade jurídica termos da lei civil, o partido político deverá
registrar seu estatuto perante o TSE.

O STF, ao verificar a natureza do registro dos estatutos perante o TSE, decidiu que tal ato é
meramente administrativo e destinado a verificar a obediência ou não da agremiação
partidária interessada aos requisitos constitucionais e legais. [logo, sua natureza jurídico-
administrativa impede que a decisão do registro seja impugnada via recursal
extraordinária].

II. Registro e funcionamento: O registro do partido junto ao TSE deve ser realizado após
a sua constituição e a designação de seus dirigentes, na forma de seu estatuto (art. 17, § 2º,
CF e art. 9º, LOPP). Somente os partidos com registro podem: a) credenciar os delegados a
que se refere o art. 11 da LOPP; b) participar do processo eleitoral, receber recursos do
Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão (art. 7º, § 2º, LOPP); c) ter
exclusividade sobre sua denominação, sigla e símbolos, de modo a se vedar a utilização,
por outros partidos, de variações que venham a induzir a erro ou confusão (art. 7º, § 3º,
LOPP).

Nos termos do art. 12 da LOPP, o partido político funciona, nas Casas Legislativas, por
meio de uma bancada, que deve constituir suas lideranças conforme o respectivo estatuto,

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

as disposições regimentais da Casa e as regras da LOPP. O art. 13 dessa lei foi declarado
inconstitucional pelo STF (ADIs 1.351-3 e 1.354-8).

Portanto: a existência (ou personalidade jurídica) do partido político se dá com o registro de


seu Estatuto no cartório de registro civil de pessoas jurídicas (art. 45 do CC). Aí nasce
juridicamente o partido, conforme o Texto Constitucional determina. O registro do partido
no cartório de registro civil deve seguir toda a disciplina do art. 7º da Lei n. 9.096/95, ou
seja, após adquirir personalidade jurídica na forma da Lei Civil, deve registrar seu Estatuto
no TSE para que possa participar do processo eleitoral, receber verbas do Fundo Partidário
e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão, além de ter exclusividade da sua denominação,
sigla e símbolos, vedada a utilização, por outros partidos, de variações que venham a
induzir a erro ou confusão.

OBS: o que um partido político necessita fazer para participar de uma eleição? Dois são os
requisitos para que uma agremiação partidária participe de uma eleição: 1) que tenha o
estatuto registrado junto ao TSE há pelo menos um ano antes da eleição; 2) que haja
constituído e anotado o órgão de direção nacional nas eleições presidenciais (perante o
TSE), o órgão de direção estadual (perante o TRE) ou o órgão de direção municipal
(perante o juiz eleitoral) até a data da convenção para a escolha de candidatos.

III. Estatutos: Em atenção ao princípio da liberdade de organização previsto no art. 17 da


CF, o art. 14 da LOPP determina que, observadas as disposições constitucionais e as desta
lei, o partido é livre para estabelecer, em seu estatuto, a sua estrutura interna, organização e
funcionamento.

O art. 15 prevê um conteúdo mínimo obrigatório para os estatutos (I - nome, denominação


abreviada e sede na Capital Federal; II - filiação e desligamento de seus membros; III -
direitos e deveres dos filiados; IV - modo de organização e administração; V - fidelidade e
disciplina partidárias; VI - condições e forma de escolha de seus candidatos a cargos e
funções eletivas; VII - finanças e contabilidade (anualmente, o partido envia o balanço
contábil até 30 de abri. No ano eleitoral, é mensal durante os 4 meses anteriores e 2 meses
posteriores ao pleito); VIII - critérios de distribuição dos recursos do Fundo Partidário entre
os órgãos de nível municipal, estadual e nacional que compõem o partido; IX -
procedimento de reforma do programa e do estatuto.). O art. 15-A, a regra sobre
responsabilidade, inclusive civil e trabalhista, por atos ilícitos.

IV. Fundo Partidário: O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos
(Fundo Partidário) é previsto no art. 17, § 3º, da CF e, consoante o art. 38 da LOPP,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

constitui-se de: I – multas e penalidades pecuniárias; II – recursos financeiros que lhe forem
destinados por lei , em caráter permanente ou eventual; III – doações de pessoa física ou
jurídica , efetuadas por intermédio de depósitos bancários diretamente na conta do Fundo
Partidário; e IV – dotações orçamentárias da União. [OBS: Conforme a Res.-TSE n°
23.086/2009, “o partido pode receber doações de pessoas físicas ou jurídicas para financiar
a propaganda intrapartidária, bem como para a realização das prévias partidárias”].

Os recursos do Fundo Partidário deverão ser aplicados (art. 44, LOPP):

i – na manutenção das sedes e serviços do partido, permitido o pagamento de pessoal até o


limite de 50% do total recebido [Ac.-TSE, de 30.3.2010, na Pet n° 1.831: não inclusão do
pagamento de juros e multas entre as despesas autorizadas por este inciso]; [Ac.-TSE, de
30.3.2010, no AgR-RMS n° 712: “o não cumprimento dessa regra, por si só, não implica
automática rejeição das contas de agremiação político-partidária, ainda mais quando
demonstrada a inocorrência da má-fé e desídia”];

ii – na propaganda doutrinária e política;

iii – no alistamento e campanhas eleitorais;

iv – na criação e manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de doutrinação e


educação política (mínimo 20%) – Res.-TSE n° 22.226/2006: “As fundações criadas devem
ter a forma de pessoa jurídica de direito privado (art. 1° da Res.-TSE n° 22.121, de
9.12.2005)”; a execução dos programas de divulgação da linha programática partidária é
matéria interna corporis dos partidos políticos; OBS: No exercício financeiro em que a
fundação ou instituto de pesquisa não despender a totalidade dos recursos que lhe forem
assinalados, a eventual sobra poderá ser revertida para outras atividades partidárias,
conforme previstas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

v – na criação e manutenção de programas de promoção da participação política das


mulheres (mínimo de 5%).

Nos termos do art. 7º, § 2º, da LOPP, somente os partidos registrados no TSE podem ter
acesso a recursos do Fundo Partidário. Cabe ao TSE fazer a distribuição aos órgãos
nacionais dos partidos os recursos do fundo partidário.

Atenção: Os recursos do Fundo Partidário não estão sujeitos ao regime da Lei no 8.666, de
21 de junho de 1993, tendo os partidos políticos autonomia para contratar e realizar
despesas. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)

V. Propaganda partidária: Não está vinculada a nenhuma eleição em específico. Tem o


objetivo de difundir, entre outros temas, o programa e a ideologia político-partidária e,
assim, receber da população adeptos, simpatizantes e novos filiados. A propaganda
partidária não pode ser veiculada no segundo semestre de ano de eleição. Não pode servir
de palanque para futuro candidato. Deve obrigatoriamente ser enter 19h30 e 22h.

Direito de antena: a propaganda eleitoral e a propaganda partidária, veiculadas por rádio e

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

TV, é a forma de exteriorização do que se chama de direito de antena, pois o partido tem
por lei o direito ao acesso sem ônus aos veículos de comunicação de massa.

Obrigatoriamente gratuito: é vedado o uso de TV ou rádio de forma paga, sendo restrito aos
horários gratuitos disciplinados por lei. As empresas de comunicação têm direito a
compensação fiscal.

Havia duas espécies: os artigos 48 e 49 da lei 9.096/97 previam a propaganda partidária


semestral e regular. A propaganda partidária regular seria destinada apenas aos partidos
políticos que tivessem funcionamento parlamentar. A propaganda partidária semestral seria
destinada a partido políticos que não tivessem funcionamento parlamentar. O STF declarou
inconstitucional os artigos 48 e 49 da referida lei, também declarando inconstitucional o
artigo 13 que estabelecia a “cláusula de barreira ou cláusula de desempenho” [ADI 1351 e
1354]. Passou a vigorar em caráter definitivo as regras de transição constantes no artigo 56,
III e IV e artigo 57 da lei 9.096/97, os quais estabelecem uma “cláusula de barreira
flexível”. OBS: a cláusula de barreira ia além da divisão do tempo de propaganda
partidária, pois os partidos deveriam preencher o percentual mínimo de votos para também
ter acesso à estrutura de liderança de bancada, a indicar parlamentar seu para atuar em
comissão mista no Congresso Nacional, de CPI ou para participar de Mesa diretora da casa
legislativa.

Cláusula de barreira flexível: as regras de transição são as seguintes:

Partidos políticos Tempo de propaganda partidária


Partidos com funcionamento parlamentar de a) um programa partidário por semestre, em
acordo com o artigo 57 da LOPP: cadeia nacional, com duração de 10
minutos;
b) inserções de 30 segundos a 1 minuto, no
máximo, por semestre, em cadeia nacional e
cadeiras regionais com duração total de 20
minutos.
Partidos com funcionamento parlamentar de a) um programa partidário anual, em cadeia
acordo com o artigo 56, III da LOPP: nacional, com duração de 10 minutos;
b) não há direito de inserções.
Partido com funcionamento parlamentar de a) um programa partidário anual, em cadeira
acordo com o artigo 56, IV da LOPP nacional, com duração de 5 minutos;
b) não há direito de inserções.
OBS: O material de áudio e vídeo com os programas em bloco ou as inserções será
entregue às emissoras com antecedência mínima de 12 (doze) horas da transmissão,
podendo as inserções de rádio ser enviadas por meio de correspondência eletrônica.
(Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013)

Finalidades: difundir os programas partidários; transmitir a mensagem aos filiados sobre a

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

execução do programa partidário, dos eventos com este relacionados e das atividades
congressuais do partido; divulgar a posição do partido em relação a temas político-
comunitários; promover e difundir a participação feminina, dedicando às mulheres o tempo
que Serpa fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 10%.

Vedações: são vedadas na propaganda partidária a participação de pessoa filiada a partido


que não o responsável pelo programa; a divulgação de propaganda de candidato a cargos
eletivos e a defesa de interesses pessoais ou de outros partidos; a utilização de imagens ou
cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos que distorçam ou
falseiem os fatos ou a sua comunicação.

OBS: É vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de programação,


exceto se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os intervalos
disponíveis, sendo vedada a transmissão em sequência para o mesmo partido político.
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

Sanções: se houver desobediência à legislação eleitoral que disciplina a propaganda


partidária, a Justiça Eleitoral aplicará as seguintes sanções: a) quando a infração ocorrer nas
transmissões em bloco: haverá cassação do direito de transmissão no semestre seguinte; b)
quando a infração ocorrer nas transmissões em inserções: aplica a sanção equivalente a
cassação de tempo equivalente a 5 vezes ao da inserção ilícita, no semestre seguinte.

Legitimidade para propor ação contra a propaganda irregular: Partidos políticos, e MPE.
OBS: a lei 9.096/97 somente atribui legitimidade a partido político, porém, o MP encontra
sua legitimidade na CF.

Competência: TSE: para programas em bloco ou inserções nacionais. TER: para programas
em bloco ou inserções nos respectivos Estados.

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Ponto 8.c. Autonomia dos Partidos Políticos. Normas de


fidelidade e disciplina partidárias.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Roberto Almeida, 2013, Caderno Ênfase
2013.

Legislação básica: CR/88; LOPP; Res.-TSE nº 22.610/2007

I. Autonomia dos Partidos Políticos: A Constituição assegurou aos partidos políticos


autonomia (art. 17), adotando o princípio da liberdade de organização partidária, que
consiste na autonomia para a agremiação configurar: a) estrutura interna; b) organização; c)
funcionamento; d) liberdade para criação, fusão, incorporação e extinção. OBS: Cabe ao
partido adotar os critério de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional , estadual, distrital
ou municipal. Incumbe ao estatuto partidário, dentre outros assuntos, estabelecer normas de
fidelidade e disciplina partidária, eis que a ideologia partidária é matérias interna corporis e,
portanto, excluída de qualquer interferência estatal. OBS: As limitações à autonomia são as
seguintes: 1) soberania nacional; 2) necessidade de observância do regime democrático; 3)
pluripartidarismo; 4) direitos fundamentais da pessoa humana; 5) vedação ao recebimento
de recursos de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; 6) vedação a
qualquer conotação paramilitar (uniformes, doutrina, organização).

II. Normas de fidelidade e disciplina partidárias: De acordo com o § 1º do art. 17 da


CR/88, é assegurada aos partidos políticos autonomia para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

No mesmo sentido, o art. 15, V, da LOPP determina que o Estatuto do partido deve conter,
entre outras, normas sobre fidelidade e disciplina partidárias, processo para apuração das
infrações e aplicação das penalidades, assegurado amplo direito de defesa. Ainda, o artigo
25 da mesma lei estabelece a possibilidade de o Estatuto estabelecer, além das medidas
disciplinares básicas de caráter partidário, normas sobre penalidades, inclusive com
desligamento temporário da bancada, suspensão do direito de voto nas reuniões internas ou
perda de todas as prerrogativas, cargos e funções que exerça em decorrência da
representação e da proporção partidária, na respectiva Casa Legislativa, ao parlamentar que
se opuser, pela atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos
partidários.

A LOPP também proíbe que seja imposta medida disciplinar ou punição a filiado por
conduta que não esteja tipificada no estatuto do partido político (art. 23, § 1º), assegura ao
acusado amplo direito de defesa (art. 23, § 2º) e impõe ao integrante da bancada de partido
o dever de, na Casa Legislativa, subordinar sua ação parlamentar aos princípios
doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

partidários, na forma do estatuto (art. 24).

Note-se que a lei e a Constituição não instituem diretamente normas de fidelidade


partidária; apenas atribuem ao estatuto do partido político a obrigação do estabelecimento
de tais normas.

Entendimento anterior: Como não existe previsão legal para a perda de mandato decorrente
de infidelidade partidária, durante muito tempo prevaleceu o entendimento de que o
princípio da fidelidade partidária restringia-se ao campo administrativo, interno, regulando
apenas as relações entre filiado e partido. Por isso, admitia-se que o mandatário contrariasse
a orientação do partido e até mesmo o abandonasse, sem que isso implicasse a perda do
mandato. Tal entendimento deu ensejo à tese do mandato livre, adotada pelo STF no
julgamento do MS nº 20.927-5 (DJ 15/4/94).

Entendimento atual: No entanto, como observa José Jairo Gomes, tal interpretação não
mais subsiste (GOMES, op.cit., p. 89). Isso porque o TSE fixou o entendimento segundo o
qual “os Partidos Políticos e as coligações conservam direito à vaga obtida pelo sistema
proporcional, quando houver pedido de cancelamento de filiação ou de transferência do
candidato eleito por um partido para outra legenda” (Consulta n.º 1.398, respondida em
27/3/2007) 1. Superou-se, pois, a ideia de que o mandato pertenceria ao indivíduo eleito.

A Corte assentou também a necessidade de observância da fidelidade partidária pelos


detentores de mandato majoritário, de modo que “uma arbitrária desfiliação partidária
implica renúncia tácita do mandato, a legitimar, portanto, a reivindicação da vaga pelos
partidos” (Consulta n.º 1.407/2007, respondida em 16/10/2007).

Portanto: atualmente o mandato eletivo pertence ao partido político, sendo que a troca de
legenda, após o pleito, sem uma justificativa plausível, é considerada infidelidade partidária
a sujeitar o infrator, seja ele ocupante de mandato eletivo proporcional ou majoritário ao
perdimento do próprio cargo para o qual foi eleito ]Resolução TSE 22610]. OBS: Essa
resolução foi objeto da ADI n.º 4.086 e o STF disse que é constitucional até que o
Congresso disponha de modo contrário.

A exegese do TSE foi mantida pelo STF, que reviu sua posição a respeito do assunto.
Entendeu-se que a mudança de agremiação sem uma razão legítima viola o sistema
proporcional das eleições, determinado no art. 45 da CF, desfalcando a representação dos
partidos e fraudando a vontade do eleitor.

A fim de disciplinar o processo de perda de cargo eletivo, bem como de justificação de


desfiliação partidária, o TSE editou a Resolução n.º 22.610 (publicada no DJ de 30/10/07).

Legitimidade ativa e prazo: Segundo ela, o detentor de mandato eletivo tem o prazo
decadencial de 30 dias para propor o processo administrativo para a perda do mandato junto
à Justiça Eleitoral. Ultrapassado esse prazo, o MP ou quem tiver interesse jurídico [vice e
suplentes] (após, em novo prazo de 30 dias) pode pleitear na Justiça Eleitoral a “decretação
da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa”, em
legitimidade supletiva ou concorrente. OBS: somente aquele que poderá vir a ocupar a vaga

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

tem legitimidade ativa como interesse jurídico. Logo, terceiro suplente filiado a partido
diverso daquele que poderia ocupar a vaga não tem legitimidade [TSE, RO 2201, 2009].

A seu turno, o mandatário pode requerer à Justiça Eleitoral “a declaração de existência de


justa causa” para o seu desligamento da organização partidária.

Competência: A competência para conhecer e julgar o pedido é do TSE (mandatos federais)


ou dos TREs (mandatos estaduais e municipais). OBS: jamais um Juiz Eleitoral terá
competência para ação de decretação de perda de mandato eletivo por infidelidade
partidária.

Se perder o mandato, quem deve ocupar o cargo? Curial salientar que, consoante a
orientação firmada recentemente pelo Pretório Excelso, a vaga decorrente da vacância de
mandato parlamentar deve ser ocupada pelos suplentes da coligação (MS n.º 30.272/MG e
MS n.º 30.260/DF, ambos julgado na sessão plenária de 27/4/11).

É possível tutela antecipada? Não. Não obstante previsão na Resolução 22610, o TSE não
admite a tutela antecipada na ação de perda de cargo por infidelidade partidária.

Hipóteses de justa causa: A Resolução 22610/97 estabeleceu um rol taxativo de hipóteses


justificadoras de desfiliação partidária, quais sejam: I) incorporação ou fusão do partido; II)
criação de novo partido; III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa
partidário; IV) grave discriminação pessoal.

Portanto, estando o agente político enquadrado em qualquer dessa hipóteses, não será
decretada a perda do respectivo mandato eletivo, pois não há caracterização de infidelidade
partidária. OBS: no caso da criação de um novo partido, o TSE entende que a mudança de
partido deve ocorrer em até 30 dias após a data de registro do estatuto pelo TSE [consulta
75535, 2011]. OBS: o ajuizamento de ação declaratória de justa causa para desfiliação
partidária na Justiça Eleitoral não pode ser considerado pelo partido como pedido implícito
de desfiliação. Trata-se de livre acesso ao poder judiciário. OBS: resolução do partido
determinando a expulsão ou determinação de pedido de desligamento, sob pena de
expulsão configura justa causa, não podendo o partido entrar com ação para reivindicar o
cargo por infidelidade partidária. OBS: o acordo entre os partido para que ocorra a troca de
legendas não tem o condão de afastar a Resolução 22610, constituindo infidelidade
partidária.

MP e ação de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária: o MP pode atuar como
parte autora ou como fiscal da lei. A legitimidade do MP como autor da ação é supletiva ou
concorrencial, pois cabe ao partido político interessado ingressar com a ação nos primeiros
30 dias.

E o promotor eleitoral? Como a competência é originária de Tribunal, caso o promotor


tome conhecimento de desfiliação partidária no âmbito da ZE que atua, deve comunicar o
fato ao procurador regional eleitoral para as providências que entender cabíveis.

Procedimento: há dois procedimentos administrativos: 1) procedimento administrativo

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

eleitoral para a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária: ao requerente cabe
provar. Tem natureza jurídico desconstitutiva ou constitutiva negativa. 2) processo
administrativo de justificação de abandono de sigla: o requerente tem que provar a justa
causa. Tem natureza declaratória.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 9.a. Crimes eleitorais. Jurisdição e competência.


Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; Roberto Almeida, 2013, Caderno Ênfase
2013.

Legislação básica: CR/88, CPP (arts. 77 a 79)

I. Crimes eleitorais: crime eleitoral é um delito que está tipificado no Código Eleitoral e
nas leis eleitorais extravagantes e que pode ser praticado por qualquer pessoa. Em que pese
bastante discutida a natureza jurídica dos crimes eleitorais, pacificou-se, junto ao Supremo
Tribunal Federal, o entendimento de que se trata de espécie de crime comum e não como
crime de responsabilidade.

De acordo com o art. 121, caput, da Constituição Federal, a competência da Justiça


Eleitoral, inclusive criminal, deveria estar definida por lei complementar federal. Ocorre,
contudo, que tal lei ainda não foi editada. Não obstante tal omissão, pacificou-se,
jurisprudencialmente, o entendimento de que é da competência da Justiça Eleitoral o
julgamento dos crimes eleitorais e dos crimes comuns que lhe são conexos.

Os crimes eleitorais serão apurados pela polícia federal. contudo, no município em que não
houver polícia federal, admite-se a atuação suplementar da polícia civil.

II. Jurisdição e competência: A competência da Justiça Eleitoral possui natureza


MATERIAL. A delineação constitucional não deixa margem a dúvidas: são da competência
da Justiça Eleitoral os crimes definidos em lei como crimes eleitorais, não sendo
necessário, porém, que tais delitos estejam previstos exclusivamente no Código Eleitoral.

Portanto, salvo as exceções previstas na lei ou na CF, os crimes eleitorais devem ser
processados e julgados perante a Justiça Eleitoral de 1º grau do lugar da prática delitiva.

Quais são as exceções?

1) foro privilegiado por prerrogativa de função: a depender da autoridade a competência


será do STF, STJ ou TRE.

[i) Supremo Tribunal Federal: processamento e julgamento originário dos crimes eleitorais
praticados pelas seguintes pessoas (art. 102, I, “b” e “c”, CR/88): o Presidente da
República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros,
o Procurador-Geral da República, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais
Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
permanente. ii) Superior Tribunal de Justiça: processamento e julgamento originário dos
crimes eleitorais praticados pelas seguintes pessoas (art. 105, I, “a”, CR/88): os

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os


desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros
dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem
perante tribunais. iii) Tribunal Superior Eleitoral: A competência originária do TSE para o
julgamento de crimes eleitorais restou esvaziada desde o advento da CR/88, que, ao
contrário do disposto no Código Eleitoral, determinou que, pelo cometimento de crimes
eleitorais, os Ministros do TSE sejam julgados pelo STF e os membros dos Tribunais
Regionais Eleitorais, pelo STJ. iv) Tribunais Regionais Eleitorais: processamento e
julgamento das infrações penais eleitorais, praticadas pelas seguintes autoridades: juízes
eleitorais de sua área de jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho
(art. 108, I, “a” da CF); membros do Ministério Público da União, ressalvados aqueles que
têm exercício funcional perante Tribunais (art. 108, I, “a” da CF); juízes estaduais e do
Distrito Federal e dos Territórios (art. 96, III da CF), membros do Ministério Público dos
Estados, inclusive aqueles que tenham atuação perante o Tribunal de Justiça (art. 96, III da
CF); Deputados Estaduais e Distritais; prefeitos municipais e juízes eleitorais].

OBS: O TSE não possui competência penal originária [a parte do CE que diz que tem não
foi recepcionada]. As Juntas Eleitorais não têm competência penal.

Portanto: Os juízes eleitorais têm, portanto, competência penal residual, pois a eles cabe
processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, exceto os casos
acima.

2) prática de crime eleitoral por menor de 18ª: crime eleitoral praticado por adolescente –
por mais que, originariamente, identifique-se como crime eleitoral, essa conduta, será
processada e julgada perante a Justiça Estadual (Vara de Infância e da Juventude), já que,
em razão do autor da infração, formalmente, possui natureza de ato infracional
(competência absoluta);

3) cometimento de crime doloso contra a vida conexo com crime eleitoral: os processos
devem ser separados, cabendo ao Júri o julgamento do ato doloso contra a vida e à Justiça
Eleitoral o julgamento do crime eleitoral.

Existe crime eleitoral de menor potencial ofensivo? Aos crimes eleitorais de menor
potencial ofensivo, diante da inexistência de Juizados Especiais Eleitorais, mesmo sendo
julgados perante a Justiça Especializada, aplica-se a Lei 9.099/95, pois, nas palavras de
Pacelli, “o que realmente importa em tema de jurisdição penal é, pelo menos, a realização
da igualdade de tratamento perante os jurisdicionados.”

Regras de conexão e continência: Em relação aos crimes conexos ou em continência com


os crimes eleitorais vale a regra da competência eleitoral prevalente, segundo a qual a
Justiça Eleitoral atrai para a sua competência o crime eleitoral e o crime não eleitoral,
exceto se for competência do Júri.

Portanto, a competência da Justiça Eleitoral estende-se ao julgamento de outras infrações

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

penais conexas a crimes eleitorais, pois, no concurso entre jurisdição comum e a especial,
prevalecerá a desta última (art. 78, IV, CPP). Jurisdição comum é a da Justiça Estadual e da
Justiça Federal, enquanto jurisdição especial é a da Justiça Eleitoral e a da Justiça Militar
(obs.: não haverá reunião de processos da competência da Justiça Militar com os de
qualquer outra jurisdição, diante da absoluta especialização e especialidade daquela - art.
79, I, CPP - Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
julgamento, salvo: I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;).

Observe-se que tanto a Justiça Federal quanto a Justiça Eleitoral têm a sua competência
expressamente assegurada na CF. Assim, o artigo 78, IV, do CPP, afasta fonte de
competência constitucional (art. 109, CR/88), dado preferência ao foro eleitoral.

Segundo Pacelli, apenas na hipótese de continência (art. 77 do CPP), em que ocorre


unidade de conduta, a reclamar unidade de resposta penal estatal, é que se poderá cogitar da
prevalência da Justiça Eleitoral para o processo e julgamento do crime eleitoral, e do crime
comum. Quando o concurso for decorrente de conexão, em que a reunião de processos
presta-se mais a tutelar o proveito probatório do que exigir a unidade da jurisdição, para
Pacelli, a melhor solução será a separação dos processos (comum e eleitoral), de modo a se
preservar o juiz natural.

Embora o critério de distinção manejado (conexão, destinada a preservar a qualidade


probatória, e continência, visando a coerência e unidade das decisões das decisões judiciais
sobre o mesmo fato), possa parecer por demais rigoroso, as questões e, sobretudo, as
finalidades que ali se colocam são mesmo diferentes. Se houver concurso, por conexão ou
por continência, entre a competência do Tribunal do Júri e a da Justiça Eleitoral, segundo
Pacelli a solução mais adequada será a separação de processos, diante das características
inteiramente distintas da constituição do Júri e mesmo da natureza dos crimes a ele
submetidos.

Panorâmica:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Logo, nos crimes dolosos contra a vida a competência será assim:

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Questão de prova:

Qual a diferença entre a prática de crimes e prática de ato de improbidade administrativa no


que se refere à suspensão dos direitos políticos?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 9.b. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem


jurídico protegido. Código Eleitoral e legislação esparsa.
Principais obras consultadas: Santo Graal 27º; HUNGRIA, Nelson. Comentários ao
Código Penal. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1958; GOMES, Suzana de Camargo, Crimes
Eleitorais, Ed. RT, 2000

Legislação básica: Lei nº 12.891/2013. Código Eleitoral - CE (arts. 283 a 364). LC 64/90
(arts. 20 e 25). Lei 9.504/97 (arts. 33, 34, 40 e 41-A). Lei 6.091/74 (art. 11)

I. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais: Para o STF o crime eleitoral é espécie de
crime comum.

Atenção: Apesar de alguns autores mencionam que os crimes eleitorais derivam dos crimes
políticos, sendo pois uma subdivisão dos mesmos, para efeitos de estabelecer a
competência eles são tratados como crimes comuns, segundo remansosa jurisprudência do
STF. Por isso não se pode dizer que cabe aplicação do art. 102, II, b da CF.

Conceito: Crimes eleitorais consistem nas violações às normas de que disciplinam as


diversas fases e operações eleitorais e resguardam valores ínsitos à liberdade do exercício
do direito de sufrágio e autenticidade do processo eleitoral, em relação às quais a lei prevê a
imposição de sanções de natureza penal / São crimes eleitorais as infrações penalmente
sancionadas, que dizem respeito às várias e diversas fases da formação do eleitorado e
processo eleitoral / São condutas tipificadas em razão do processo eleitoral e, portanto,
puníveis em decorrência de serem praticadas por ocasião do período em que se preparam e
realizam as eleições e ainda porque visam a um fim eleitoral.

II. Bem jurídico protegido: Ordem política do Estado.

Liberdade de exercício dos direitos políticos e autenticidade das eleições:A objetividade


jurídica, em se tratando de crimes eleitorais, está expressa no interesse público de proteger
a liberdade e a legitimidade do sufrágio, o exercício em suma dos direitos políticos, de
modo a que os pleitos eleitorais sejam realizados dentro da mais completa regularidade e
lisura (SUZANA DE CAMARGO GOMES).

Importante mencionar que não há previsão de qualquer tipo penal eleitoral na modalidade
culposa, mas apenas dolosa.

III. Código eleitoral e legislação esparsa: Tanto o código eleitoral quanto a legislação
esparsa trazem tipos penais (LC 64/90, arts. 20 e 25; lei 9.504/97, arts. 33, 34, 40; lei
6.091/74, art. 11).

Fávila Ribeiro propõe classificação atentando para aos bens lesados ou colocados em
perigo: I) lesivos à autenticidade do processo eleitoral (fraude eleitoral, corrupção eleitoral,

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

falsidade de documentos para fins eleitorais); II) lesivos ao funcionamento do serviço


eleitoral; III) lesivos à liberdade individual; IV) lesivos aos padrões éticos ou igualitários
nas atividades eleitorais

O Direito Eleitoral tem legislação criminal própria, bem como procedimento criminal
específico, deslocados do direito penal/processual comum, constante dos artigos 283 a 364
do Código Eleitoral. Tais dispositivos podem ser divididos em três partes distintas: a)
normas gerais de direito penal (arts. 283-288); b) tipos incriminadores (arts. 289-354); e c)
normas processuais (arts. 355-364).

Além destes dispositivos, há outras figuras típicas criminais espalhadas pelo Código
Eleitoral e em outras leis eleitorais extravagantes, quais sejam: a) Lei n° 6091/74
(Fornecimento gratuito de transporte no dia das eleições, a eleitores residentes nas áreas
rurais e dá outras providências); b) Lei n° 6996/82 (Processamento eletrônico de dados nos
serviços eleitorais); c) Lei n° 7021/82 (Estabelece o modelo de cédula oficial); d) Lei
Complementar n° 64/90 (Estabelece, de acordo com a CF/88, casos de inelegibilidade,
prazos de cessação e outras providências); e) Lei n° 9504/97 (Lei das Eleições).

V. Código eleitoral e legislação esparsa:

a) Disposições gerais penais: São apenas três tipos de normas penais gerais previstas: i)
relativas ao conceito de funcionário público; ii) a aplicação das penalidades, iii) um
dispositivo específico relativo a aplicação das normas do CE quando aos delitos praticados
por meio de imprensa. Dessa forma, nos termos dispostos no art. 287, deve-se dar ampla
aplicação das normas da Parte Geral do Código Penal no que não houver disposição
especial.

Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça
Eleitoral: I - os magistrados que, mesmo não exercendo funções eleitorais, estejam
presidindo Juntas Apuradoras ou se encontrem no exercício de outra função por
designação de Tribunal Eleitoral; II - Os cidadãos que temporariamente integram órgãos
da Justiça Eleitoral; III - Os cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas receptoras
ou Juntas Apuradoras; IV - Os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral. § 1º
Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos indicados no presente
artigo, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou
função pública. § 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou
função em entidade paraestatal ou em sociedade de economia mista.

O conceito de funcionário público previsto no art. 327 do CP não é aplicável, em vista da


existência de conceituação especial. O “caput” do artigo menciona “membros e
funcionários”. Membros são os do inciso I, II, e III, e funcionários os do inciso IV. Tal
distinção, todavia, não tem nenhuma relevância prática. É importante mencionar também
que o conceito aqui previsto é mais restrito que o do CP.

Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de
quinze dias para a pena de detenção e de um ano para a de reclusão. Art. 285. Quando a
lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o "quantum", deve o juiz

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime.

Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao Tesouro Nacional, de uma soma de
dinheiro, que é fixada em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no
máximo, 300 (trezentos) dias-multa. § 1º O montante do dia-multa é fixado segundo o
prudente arbítrio do juiz, devendo êste ter em conta as condições pessoais e econômicas do
condenado, mas não pode ser inferior ao salário-mínimo diário da região, nem superior
ao valor de um salário-mínimo mensal. § 2º A multa pode ser aumentada até o triplo,
embora não possa exceder o máximo genérico (caput), se o juiz considerar que, em virtude
da situação econômica do condenado, é ineficaz a cominada, ainda que no máximo, ao
crime de que se trate.

As disposições gerais dos arts. 284 a 286 do CE são bastante diferentes em relação ao que
está disposto sobre o mesmo assunto no Direito Penal comum. Aqui, a pena mínima
privativa de liberdade é definida com o mesmo tempo de duração – de detenção, 15 dias; de
reclusão, 1 ano – a todos os crimes eleitorais. No direito comum, a definição das penas
mínimas e máximas vêm somente na Parte Especial e difere de um crime para o outro,
mesmo cominada uma espécie de pena, detenção ou reclusão. No direito eleitoral, ainda, há
agravação ou atenuação da pena em quantum fixo nas regas gerais, uniforme para todos os
casos. No direito comum não há um quantum uniforme para os casos especiais de aumento
e diminuição que estão, diferenciadamente, na Parte Especial somente. Também não são
iguais as disposições relativas à pena de multa.

Ainda com relação as penas cabe mencionar que os crimes eleitorais são punidos também
com a perda do registro ou diploma eleitoral, e ainda a suspensão das atividades eleitorais.
A pena de cassação do registro esta prevista no tipo do art. 334 do CE. O crime tipificado
no art. 11 da Lei nº 6.091/74 prevê cumulativamente a pena do cancelamento do registro, se
candidato, ou do diploma, se já eleito, ao infrator desse tipo criminal eleitoral.

Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei as regras gerais do Código Penal.
Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rádio ou da televisão,
aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as remissões a outra lei nele
contempladas.

Nos crimes eleitorais cometidos por meio de imprensa, rádio e televisão, aplicar-se-á,
apenas, o Código Penal, além do CE. A Lei de Imprensa (não recepciona, segundo o STF)
nunca foi aplicada nos crimes eleitorais contra honra praticados através de meios de
informação e divulgação.

b) Crimes Eleitorais em Espécie: Deve-se destacar aqui que a mera leitura dos tipos
penais basta para seu conhecimento. Aliás, os autores que comentam direito eleitoral nada
mais fazem do que repetir os tipos com outras palavras. Dessa forma, apenas algumas
menções importantes serão feitas.

Importante ressaltar que além dos tipos previstos no art. 289 à 354 , em outros dispositivos
esparsos também há normas incriminadoras. Por fim serão transcritos os tipos existentes em
leis esparsas.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Classificação dos crimes eleitorais: Classificação de Joel Cândido, conforme a objetividade


jurídica das normas legais (há classificações diferentes de outros autores):

a) Crimes contra a Organização Administrativa da Justiça Eleitoral (arts. 305, 306, 310,
311, 318 e 340, todos do Código Eleitoral);

b) Crimes contra o Serviço da Justiça Eleitoral (arts. 289 a 293, 296, 303, 304, 341 a 347;
art. 11 da Lei n° 6091/74; arts 45, §§ 9° e 11; 47, § 4°; 68, § 2°; 71, § 3°; 114, parágrafo
único e 120, § 5°, todos do Código Eleitoral).

c) Crimes contra a Fé Pública Eleitoral (arts. 313 a 316, 348 a 354; art.15 da Lei n° 6996/82
e art 174, § 3° , do Código Eleitoral);

d) Crimes contra a Propaganda Eleitoral (arts 323 a 327; 330 a 332 e 334 a 337, todos do
Código Eleitoral);

e) Crimes contra o Sigilo e o Exercício de Voto (arts. 295, 297 a 302, 307 a 309, 312, 317,
339, art. 5° da Lei n° 7021/82; arts. 129, parágrafo único e 135, § 5°, do Código Eleitoral);

f) Crimes contra os partidos políticos (arts. 319 a 321 e 338 do Código Eleitoral e art. 25 da
Lei Complementar 64/90).

c) Crimes que merecem destaque:

i) Art. 289 – Inscrição Fraudulenta de Eleitor. Objetividade jurídica: veracidade dos


registros pertinentes aos eleitores. É delito formal: consuma-se independentemente do
deferimento da inscrição. A transferência fraudulenta (quando a pessoa nada tem a ver com
a cidade), sendo modalidade de inscrição, configura o crime. TSE - “O pedido fraudulento
de transferência compreende-se no tipo do art. 289 do CE”.

ii) Art. 290 – Induzir alguém a inscrever-se fraudulentamente (com infração a qualquer
dispositivo do CE). É crime formal, consumando-se com o mero induzimento,
independentemente do deferimento da inscrição, que é mero exaurimento.

iii) Art. 291 – Inscrição fraudulenta efetuada pelo juiz (crime próprio).

iv) Art. 299 – Corrupção Eleitoral (Pode ser ativa ou passiva) – Crime comum. A
promessa deve ser a pessoa determinada. Promessas genéricas não constituem o crime. A
promessa deve, ainda, vincular o voto. Distribuição de brindes (camisetas, canetas, etc.) não
caracteriza o crime, via de regra, apesar de não constituírem gastos lícitos da campanha
(Mônica: acho que essa distribuição é ilícita. O que diferencia é o dolo específico de
corromper – ver com os colegas). Porém, em determinadas circunstâncias pode configurar,
se exercer profunda influência no voto (art. 26, III, CE).

Atenção: Nova tipificação penal: A Lei 12.891/13 estabeleceu no artigo 100-A limites para
contratação de cabos eleitorais, determinando no seu §5º que o descumprimento enseja em
corrupção eleitoral, criando nova conduta que se amolda ao tipo incriminador. [§ 5o O
descumprimento dos limites previstos nesta Lei sujeitará o candidato às penas previstas no
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

art. 299 da Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)].

v) Art 41-A da Lei das Eleições vs. Art. 299 do CE (importante!): "A compra de votos por
pré-candidato no ano de eleição para prefeito torna irrelevante o fato do denunciado já ter
sido, ou não, escolhido como candidato em convenção partidária para efeito da tipificação
do crime de corrupção eleitoral previsto no artigo 299 do Código Eleitoral." Inq 2197.
Contudo, para a representação por captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da LE) o elemento
normativo “candidato” é essencial ("constitui captação de sufrágio o candidato doar...").

Nesse sentido, JJ Gomes (2011, p. 495): "Claro está no texto do artigo 41-A da LE que a
conduta só se torna juridicamente relevante se ocorrer no curso do processo eleitoral, isto
é, entre a data designada para a formulação do pedido de registro de candidaturas (5 de
julho do ano eleitoral) e as eleições. Com efeito, a captação é de "sufrágio", sendo
realizada por "candidato" em relação a "eleitor".

“Ação penal (contra deputado federal) e esterilização cirúrgica irregular. Prevaleceu o


voto do Min. Dias Toffoli, relator, que, de início, rejeitou tese defensiva no sentido da
atipicidade da conduta prevista no crime de corrupção eleitoral (Código Eleitoral, art.
299) se perpetrada em data anterior ao registro oficial da candidatura ao pleito eletivo.
Exigir a condição especial de ´candidato´ para a ocorrência dessa infração tornaria
inócua a norma penal tipificadora do delito de corrupção eleitoral, de modo a possibilitar,
antes do registro das candidaturas, toda sorte de irregularidades por parte dos
pretendentes a cargos eletivos. (STF, Informativo nº 639).”

Conclusão: Só se aplica o art. 41-A à captação ilícita ocorrida após o requerimento de


registro de candidatura apresentado à Justiça Eleitoral. Antes disso, a conduta poderá
caracterizar o crime eleitoral previsto no art. 299, do CE, ou mesmo abuso do poder
econômico. Não importa a data em que o requerimento de registro foi apreciado e deferido
pela Justiça Eleitoral. Desde o requerimento da candidatura já se pode questionar a conduta
como caracterizadora da infração administrativa do art. 41-A.

vi) Art. 300 – Coação Eleitoral: crime próprio – só o servidor público, membro ou
funcionário da Justiça Eleitoral pode ser sujeito ativo. Ex. Anular o voto ou votar em
branco, em razão de coação, caracteriza o crime.

vii) Art. 301 – Aliciamento violento de eleitores: Crime comum.

viii) Art.. 302 – Transporte irregular de eleitor: Exige-se o fim de embaraçar ou fraudar o
voto. Obs.: Lei. 6091, art. 11, III - é mais aplicada quanto à condução irregular de eleitores.
Não se pode transportar eleitor gratuitamente no dia anterior ou no dia da eleição.
Jurisprudencialmente tem-se exigido o dolo específico da finalidade de aliciamento
eleitoral.

ix) Art. 317 – Violação de urna: Crime comum. Resguarda a lei o sigilo do voto. Há
previsão do tipo de “violar ou tentar violar”, do que se verifica uma quebra da regra ao art.
14 do CP que adota da teoria objetiva na punição da tentativa (enfoque na lesão do bem
jurídico). Aqui também importa o elemento subjetivo (enfoque na intenção do agente),

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

tendo-se adotado, neste caso a teoria objetivo-subjetivo. O mesmo ocorre nos delitos do art.
309 e 312.

x) Art. 339 – Destruição de urna : Crime comum.

xi) Art. 342 – Omissão do Ministério Público: crime próprio. Trata-se de omissão do
promotor de justiça eleitoral na prática de dever funcional.

xii) Arts. 324 a 326 – Crimes contra a Honra: Injúria Calúnia ou Difamação. Exige-se o
elemento subjetivo específico de influenciar ou incutir no leitorado uma impressão negativa
do candidato. Mesmo que contra a honra, a ação penal é pública incondicionada. Art. 327:
estabelece causas de aumento de pena (são as mesmas previstas no CP). Ressalta-se que
somente será competência da Justiça Eleitoral se existir o dolo específico da finalidade
eleitoral, do contrário será da Justiça comum.

Segundo Joel Cândido “Correspondem exatamente, a delitos iguais, com mesma


objetividade jurídica, do Código Penal, no art. 138 e §1º, art. 139, ‘caput’ e art. 140,
respectivamente. A pena privativa de liberdade também é a mesma. Em Direito Eleitoral
não se pune a calúnia contra os mortos. Chama atenção, apenas, que o que caracteriza
estes crimes como especiais é o componente eleitoral de seu tipo, consistente na expressão
“...na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda...”, constantes de todos eles.
Com o uso da palavra “propaganda”, por duas vezes, de modo diferente, o legislador
indicou que eles podem ocorrer tanto no ano eleitoral, no período de propaganda lícita
(das convenções às eleições), o que equivale a ser “na propaganda eleitoral”, como em
anos e épocas não-eleitorais, na propaganda político partidária, o que equivale à
expressão “visando a fins de propaganda”. Tudo o mais nesses delitos é igual a seus
análogos do direito comum, inclusive no que concerne à exceção de verdade (...), ao
perdão judicial (...) e às hipóteses especiais de aumento de pena...”

xiii) Arts. 348 a 356 – Crimes de falsidade: em regra, possuem correspondente com o CP,
diferenciando-se em relação à finalidade.

xiv) Arts. 347 – desobediência e resistência eleitoral: Condutas vedadas pela lei eleitoral
que não prevêem sanção. Ex. carro com som transitando em local ou horário proibido. Se
configura quando a ordem é específica e dirigida a pessoas determinadas. A ordem
obviamente que deve ser legítima e dada por autoridade competente.

xv) Art. 39, da Lei n° 9504/97: Crimes que são cometidos só no dia da eleição: comício,
carreata, distribuição de propaganda eleitoral, uso de alto-falantes, dentre outras práticas.

Obs.: Segundo Suzana de Camargo Gomes (op.cit., pág. 152), “na atualidade, não
constituem mais crimes as condutas antes descritas nos arts. 322, 328, 329 e 333 do Cód.
Eleitoral, dado que na nova ordem vigente, tais comportamentos podem caracterizar, tão-
somente, infrações de natureza administrativa. É que a Lei n° 9.504/97, expressamente em
seu art. 107, revogou esses dispositivos do Código Eleitoral, pelo que, nesse particular,
ocorreu a abolitio criminis, restando somente aplicáveis as penalidades administrativas
previstas nesse mesmo diploma legal. Desta forma, o delito que era tipificado no art. 322

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

do CE e que consistia na conduta de fazer propaganda eleitoral por meio de alto-falantes


nas sedes partidárias, em qualquer outra dependência do partido ou em veículos fora do
período autorizado ou, nesse período, em horários não autorizados, passou a ser
disciplinado no art. 39 da Lei n° 9504/97, sendo que somente será considerado delito se
ocorrer a utilização no dia da eleição”.

xvi) Art. 57-H, §1º, da Lei 9504/97: Nova tipificação penal criada pela Lei 12.891/13. § 1o
Constitui crime a contratação direta ou indireta de grupo de pessoas com a finalidade
específica de emitir mensagens ou comentários na internet para ofender a honra ou denegrir
a imagem de candidato, partido ou coligação, punível com detenção de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos e multa de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).

xvii) Art. 57-H, §1º, da Lei 9504/97: Nova tipificação penal criada pela Lei 12.891/13. § 2o
Igualmente incorrem em crime, punível com detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, com
alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), as pessoas contratadas na forma
do § 1o. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 9.c. Ação penal. Propositura. Titularidade. Processo e


julgamento. Recursos.
Principais obras consultadas: Santo graal 27º. Ênfase 2013. Roberto Almeida 2013..

Legislação básica: CR/88 (art. 102). Código Eleitoral (a partir do art. 355).

I. Ação Penal: Todos os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada (art.
355 do CE). Assim, qualquer pessoa que tomar conhecimento da prática de crime eleitoral,
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicar o fato ao Juiz Eleitoral local, o qual
remeterá a notícia-crime ao Ministério Público ou, se entender necessário, à polícia
judiciária eleitoral, requisitando a instauração de inquérito policial ou, se o crime for de
menor potencial ofensivo, de termo circunstanciado de ocorrência (art. 356 do CE).

Importante destacar que se admite, no âmbito doutrinário e jurisprudencial, a ação penal


privada subsidiária da pública, nos casos de inércia do MPE.

Princípios: 1) obrigatoriedade: estando presentes os requisitos, o MPe é obrigado a propor a


ação penal pública. OBS: é possível transação penal por prática de crime eleitoral? Sim,
mesmo não havendo previsão de juizado especial criminal no âmbito da Justiça Eleitoral, se
o acusado preencher os requisitos da Lei 9.099/95 deverá ser concedido a ele os benefícios
da transação penal e da suspensão condicional do processo. 2) indisponibilidade: também
chamda de indesistibilidade, pois, uma vez iniciada a ação penal o MPD dela não poderá
desistir. 3) indivisibilidade: a ação penal deve ser proposta em face de todos os infratores.
Se algum infrator não for, por algum motivo, processado, caberá o aditamento da denuncia
a qualquer tempo. 4) oficialidade: a persecução penal de crime eleitoral é feita por órgãos
oficiais: MPE, polícia federal e juiz eleitoral.

II. Propositura. Titularidade: A ação penal eleitoral, em sintonia com o sistema


estabelecido pela CR/88, por se tratarem de ações penais públicas incondicionadas, é, em
princípio, em razão do princípio da Oficialidade da ação penal, atividade privativa do
Ministério Público (art. 129, I, CR/88, e art. 6º, V, LC 75/93). Entretanto, abre-se a
possibilidade de propositura a qualquer pessoa, em razão da possibilidade de ação penal
subsidiária da pública em caso de inércia do MPR.

A denuncia deve ser apresentada em 10 dias, estando o réu preso ou solto (artigo 357, §3º e
4º, CE). Na inércia do MPE cabe queixa-crime em ação penal subsidiária da pública.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

III. Processo e julgamento: O procedimento processual penal eleitoral está disciplinado no


próprio Código Eleitoral (arts. 357 a 368), mas a ele se aplica, subsidiariamente o Código
de Processo Penal.

Verificada a infração penal, o Ministério Público Eleitoral oferecerá a denúncia dentro do


prazo de dez dias ou requererá o arquivamento da comunicação. Os requisitos gerais da
ação penal eleitoral foram estabelecidos, genericamente, no art. 357, §2º do Código
Eleitoral: “a denúncia conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”.

Se a denuncia não for recebida cabe RESE.

Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento pessoal do acusado,
ordenando a citação deste e notificação do Ministério Público. O réu terá o prazo de dez
dias para oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas. Realizada a instrução do
processo, abrir-se-á o prazo de cinco dias a cada uma das partes – acusação e defesa – para
alegações finais. Decorrido este prazo e conclusos o os autos para o juiz, dentro de quarenta
e oito horas, terá o mesmo prazo de dez dias para proferir a sentença.

Das decisões finais de condenação ou absolvição, cabe recurso ao TRE, a ser interposto no
prazo de dez dias (apelação).

Atenção: o rito acima é de antes da reforma do CPP!!! Penso que isso está ultrapassado. O
livro não fala nada. Tem que pesquisar mais.

OBS: Prevalece hoje o entendimento no sentido da aplicação da transação penal aos crimes
eleitorais com pena máxima de dois anos, bem como da possibilidade de aplicação da
suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95), mantida a competência da
Justiça Eleitoral.

IV. Recursos:

ASPECTOS GERAIS:

Recurso ≠ Impugnação ≠ representação: Os recursos, entendidos como meios de


impugnação de decisões judiciais, voluntários, internos à relação jurídica processual em
que se forma o ato judicial atacado, aptos a obter deste a anulação, a reforma ou o
aprimoramento, evitando-se a preclusão ou a coisa julgada, distinguem-se das
impugnações, por estas serem manifestações da irresignação fora do contencioso eleitoral,
antes ou depois de tomada uma decisão, exaurindo-se no instante em que é apresentada,
diversamente do que ocorre com os recursos. Por sua vez, a representação, no processo
eleitoral, aproxima-se da correição parcial, na Justiça Comum, e pode ser usada para
colmatar omissões injustificadas de juízes e tribunais, ou quando do ato, da resolução ou do
despacho não couber recurso algum, como ressuma de diversas prescrições constantes do

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

CE, destacando-se, dentre elas, as regras substanciadas nos seus arts. 22, I, i, 29, I, g e 121
(Tito Costa).

Pressupostos: A respeito dos seus pressupostos, quanto ao cabimento, vige o princípio da


taxatividade, podendo ser interpostos os recursos que têm previsão na CF/88, no Código
Eleitoral (CE) e na legislação eleitoral extravagante (v.g LC 64/90), aplicando-se
subsidiariamente o CPC e o CPP. Além do mais, a decisão tem que ser recorrível [As
decisões interlocutórias proferidas pela Justiça Eleitoral são irrecorríveis. As decisões do
TSE também são irrecorríveis, salvo se contrariar a CF (cabe RE) ou se denegarem MS ou
HC julgados em única instância (cabe ROC)]; quanto à legitimidade recursal predomina
que se restringe ao candidato, coligação, partidos políticos e MP (TSE), excluído o eleitor,
nada obstante exista doutrina em sentido contrário; quanto a tempestividade a regra é 3
dias, salvo disposição em contrário (art. 258, CE) [Atenção: Não há prazo diferenciado para
o MPE. Porém, a defensoria pública tem prazo em dobro]; e quanto ao preparo há isenção,
nos termos do art. 373 do CE [Não há pagamento de custas e honorários advocatícios na
Justiça Eleitoral].

Efeitos: Na Justiça Eleitoral a regra é que os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo.
Porém, a parte poderá requerer, através de medida cautelar inominada, a concessão de
efeito suspensivo, a fim de impedir a ocorrência de dano grave e de difícil reparação (art.
257, CE). Quando recebido apenas em seu efeito devolutivo, a parte vencedora pode
executar provisoriamente a decisão. Atenção: existe um recurso eleitoral que possui efeito
devolutivo e suspensivo. Trata-se da apelação criminal ou recurso eleitoral criminal.
Atenção: Quando a AIJE é julgada procedente por juiz eleitoral, o recurso obsta os efeitos
da inelegibilidade, suspensão do registro ou nulidade do diploma (art. 15, LC 64/90).

Quanto ao efeito preclusivo, vale salientar que, embora ocorra preclusão das matérias não
impugnadas, o efeito preclusivo não incide sobre matérias constitucionais, as quais poderão
ser objeto de novo recurso, em momento posterior (art. 259, CE).

É permitido o efeito extensivo, pois se apenas um dos litigantes interpuser o recurso o


resultado poderá beneficiar os litisconsortes.

O efeito regressivo é cabível no recurso inominado e no recurso em sentido estrito, pois


cabe o juízo de retratação em ambos.

O efeito translativo ocorre quando o juízo ad quem puder examinar questões não suscitadas
nas razões recursais, ou mesmo não apreciadas pelo juízo a quo. Ex: questões de ordem
pública, como condições da ação e pressupostos processuais. Ex 2: no processo penal
eleitoral o recurso eleitoral criminal (apelação criminal), além do efeito devolutivo e
suspensivo, também possui o efeito translativo quando interposta pelo réu, pois o TRE
pode apreciar qualquer matéria em favor do apelante, mesmo que não formulada na sua
peça recursal (pois a liberdade de ir e vir é um direito indisponível).

O efeito substitutivo ocorre, pois o acórdão do TRE substitui e prevalece sobre a sentença
do juiz eleitoral.

178
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Princípios: os mesmos do CPC.

Desistência do recurso: MP: vedado pelo princípio da indisponibilidade. Parte: em regra,


pode desistir do recurso e não precisa da anuência da parte ex adversa. Porém, se o recurso
eleitoral abordar matéria de interesse público, a parte recorrente não poderá desistir do
recurso. Isso é uma peculiaridade única do processo eleitoral [há vários precedentes do TSE
nesse sentido].

Classificação: 1) Quanto ao objeto tutelado: a) Recursos ordinários ou normais: visam a


reapreciação da decisão. Basta a sucumbência para serem admitidos; b) Recursos
extraordinários e especiais: além da sucumbência, exigem outros pressupostos especiais
para sua admissibilidade. 2) Quanto ao fim pretendido: a) Reforma; b) Invalidação; c)
Esclarecimento ou integração. 3) Quanto à extensão da matéria: a) Parcial: apenas a matéria
impugnada será apreciada. As outras estão preclusas [exceto se for matéria constitucional];
b) Total. 4) Quanto à fundamentação: a) Recurso de fundamentação livre: todo e qualquer
fundamento pode ser utilizado; b) Recurso de fundamentação vinculada: o recurso somente
é admitido se a fundamentação exigida em lei for demonstrada. Ex: em um embargo de
declaração é obrigatório demonstrar o fundamento que e a omissão, obscuridade ou
contradição. 5) Quanto à fonte: a) Constitucionais; b) Legais; c) Regimentais.

RECURSOS CONTRA DECISÕES DOS JUÍZES ELEITORAIS.

São quatro recursos cabíveis:

1) Apelação criminal ou Recurso eleitoral criminal (REC): Art. 262, CE. Julgada pelo TER.
Prazo: 10 dias a partir da publicação da decisão. Legitimidade: Candidato, eleitor, não-
eleitor (com o objetivo de mudar a fundamentação) ou MPE (independente se atuou como
parte ou como custos legis). OBS: no caso de competência originária do TRE não cabe
REC para o TSE. Caberá REsp ou HC, apenas. Efeitos: devolutivo, suspensivo e, se
interposto pelo réu, translativo. OBS: se o réu estiver preso, a decisão absolutória somente
terá efeito devolutivo, devendo o réu ser solto imediatamente.

2) RESE: Art. 364, CPP. Deve ser interposto mediante petição para o juiz de 1º grau, mas
com razões dirigidas ao TRE. Julgado pelo TRE. Hipóteses: artigo 581, CPP. Efeitos:
devolutivo, mas permite o juízo de retratação (efeito regressivo). Prazo: 3 dias [Atenção:
prevalece o prazo de 3 dias previsto no 258, CE sobre o prazo de 5 dias previsto no CPP.
Cuidado, pois em prova eles colocam o prazo do CPP e está errado]. Contrarrazões em 3
dias. OBS: o RESE não será encaminhado para o TRE se houver retratação da decisão.

3) Recurso eleitoral inominado: Art. 265, CE. Julgado pelo TRE. Cabimento: É cabível o
recurso eleitoral inominado contra todos os atos, resoluções e despachos de juízes eleitorais
ou juntas eleitorais, desde que não relativos a matéria criminal e desde que não haja recurso
específico. Ex: contra despacho de juiz eleitoral que deferir ou indeferir inscrição eleitoral,
decisão que indeferir ou deferir a transferência eleitoral, decisão que acolher impedimento
de mesário etc. Efeitos: devolutivo. Prazo: 3 dias.

179
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

4) Embargos de declaração: É julgado pelo próprio juiz eleitoral. Prazo: 3 dias.

OBS: Agravo de instrumento: Predomina o entendimento jurisprudencial de não ser cabível


o recurso de agravo contra decisão interlocutória no processo eleitoral, em que pese a
crítica da doutrina (Tito Costa). Registre-se alguns poucos precedentes do TSE no sentido
de admitir a interposição do agravo na modalidade retida.

RECURSO CONTRA A DECISÃO DAS JUNTAS ELEITORAIS:

São quatro recursos cabíveis:

1) Recurso Parcial: É cabível contra decisão de Junta eleitoral (ou de TRE) sobre matéria
concernente à contagem e apuração de votos (está em desuso, pois hoje o sistema é
eletrônico). Legitimidade: Candidato, partido político, ocligação, delegado ou fiscal de
partido ou de coligação. Prazo: deve ser interposto de imediato. Forma: pode ser interposto
verbalmente ou por escrito, porém, as razões recursais devem ser interpostas por escrito.

2) Recurso inominado: igual para decisão de juiz eleitoral.

3) Recurso contra a diplomação (RCD): é ação e não um recurso. Será estudado junto com
as ações.

4) Embargos de declaração: igual para decisão de juiz eleitoral.

RECURSOS CONTRA DECISÕES NOS TER:

São nove recursos cabíveis:

1) Recuso Parcial: É dirigido ao TSE. Mesmas regras acima.

2) Recurso contra diplomação (RCD): é ação e não um recurso. Será estudado junto com as
ações.

3) Recurso inominado eleitoral: Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou
despachos do presidente do TRE, quando não cabível recurso específico.

4) Embargos de declaração:. Cabimento: Apesar de previstos pelo CE apenas contra


acórdãos (art. 275, CE), à semelhança do que ocorre no processo civil e penal, admite-se a
oposição de embargos também contra decisão interlocutória monocrática e sentença. No
primeiro caso, há jurisprudência que entende pelo recebimento dos embargos como agravo
regimental. Não é cabível em sede de consulta (TSE). Cabível em hipóteses de obscuridade,
contradição, dúvida e omissão. Não é admitido quando houver simples dúvida de
interpretação do julgado, tendo em vista seu caráter estritamente subjetivo [TSE RO
912/06] Prazo: O prazo, em regra, é de 3 dias, tendo a lei 12.034/09 expressamente

180
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

consignado esse prazo nas representações (rectius: ações) previstas na lei 9.504/97,
superando, portanto, antiga jurisprudência do TSE que entendia pelo prazo de 24 h, com
fundamento no artigo 96 da Lei das Eleições (Atenção: o prazo de 3 dias na 9.504 é só nas
representações do 41-A, por isso aplicam o prazo de 24 horas no caso das representações do
art. 96). Efeitos: Apesar de o art. 275, § 4º, CE, textualmente prescrever que “os embargos
de declaração suspendem o prazo para a interposição de outros recursos, salvo se
manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão que os rejeitar”, a
jurisprudência do TSE assevera que ocorre interrupção do prazo, salvo se manifestamente
protelatórios.

5) Revisão criminal: Não é recurso. É ação rescisória no âmbito criminal direcionada ao


próprio TRE, que pode ser utilizada a qualquer tempo, com exclusividade em favor da
defesa. Será estudo junto com as ações.

6) Agravo regimental ou Agravo interno: É para o próprio TRE. Previsto no regimento


interno. Prazo: 3 dias (se for direito de resposta é de 24 horas). Cabimento: seve para
agravar decisão monocrática de membro do TRE. O mérito é julgado pelo pleno.

7) Agravo de instrumento eleitoral ou Agravo: Cabimento: é cabível sempre que o


presidente do TRE negar seguimento ao REspE ou quando o presidente do TSE negar
seguimento ao RE. Efeito: devolutivo. É possível obter o efeito suspensivo na instância
superior mediante o uso de ação cautelar inominada nos casos de lesão grave e difícil
reparação. Prazo: 3 dias, contados da intimação da denegatória de seguimento (ou 24 horas
se for direito de resposta ou representação por propaganda irregular). Igual prazo para as
contrarrazões. Atenção: em nenhuma hipótese, o presidente do TRE ou TSE poderá negar
seguimento a agravo, mesmo que ele tenha sido interposto fora do prazo legal.

8) Recurso ordinário eleitoral (ROE): Cabimento: Cabível contra acórdão do TRE que (i)
versa sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; (ii)
anula diploma ou decreta a perda de mandato eletivo federal ou estadual; (iii) denega
habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção (art. 121, § 4º,
inc. III a V, CF c.c art. 276, II, CE); (iv) infidelidade partidária (Resolução TSE 22.610),
(v) Prestação de contas partidárias (Lei 9.504/97, art. 37). Atenção: não cabe ROE contra
matéria estritamente administrativa (REspe 21.587/MA). Prazo: O prazo é de 3 dias.
Efeito: meramente devolutivo. Porém, é possível obter o efeito suspensivo por meio de
cautelar inominada perante o TSE. OBS: Não há juízo de admissibilidade, apenas o
oferecimento de razões e contrarrazões, devendo o recurso subir em seguida. Igualmente
aplicável o disposto no art. 270, CE, que dispõe: “se o recurso versar sobre coação, fraude,
uso de meios de que trata o art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de
sufrágios vedado por lei dependente de prova indicada pelas partes ao interpô-lo ou ao
impugná-lo, o Relator no Tribunal Regional deferi-la-á em vinte e quatro horas da
conclusão, realizando-se ele no prazo improrrogável de cinco dias”. OBS: Não exige o pré-
questionamento. OBS: como é recurso ordinário, a parte recorrente poderá fundamentá-lo
em fatos e, se quiser, fazer juntar documentos novos, para reexame fático probatório pelo
TSE.

9) Recurso especial eleitoral (REspE): Cabimento: Cabível contra acórdão de TRE que (i)
181
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

contraria disposição expressa da CF ou lei federal; e (ii) diverge (dissídio pretoriano) na


interpretação de lei com outro(s) tribunal(is) eleitoral(is) (art. 121, § 4º, I e II CF c.c art.
276, I, CE). Prazo: O prazo é de 3 dias (se for direito de resposta ou propaganda eleitoral
irregular é de 24 horas). Após o oferecimento de razões e contrarrazões, ocorre o juízo de
admissibilidade em 48 horas, uma vez admitido, abre-se 3 dias para as contrarrazões.
Requisitos: o REspE tem que preencher dois requisitos (o RE contra decisão do TSE
também tem que preencher esses mesmos requisitos): pré-questionamento e não rediscutir
ou reexaminar matéria fático probatória. Efeito: meramente devolutivo (pode ser concedido
efeito suspensivo mediante manejo de ação cautelar inominada para tal fim). Se negado
seguimento ao REspE, cabe agravo para o TSE no prazo de 3 dias.

4. RECURSOS CONTRA DECISÕES DO TSE:

Cabem sete recursos contra decisões do TSE:

1) Recurso inominado eleitoral: Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou
despachos do presidente do TSE, quando não cabível recurso específico.

2) Agravo de instrumento ou agravo: Cabimento: serve para fazer subir para o STF o RE
que teve seu seguimento negado pelo presidente do TSE. Prazo: 3 dias. OBS: Com a nova
redação do art. 544, CPC (alterado pela lei 12.322/10), agora, o processamento do agravo é
realizado nos mesmos autos, não se formando instrumento, o que é inteiramente aplicável
ao processo eleitoral (TSE).

3) Embargos de declaração:

4) Agravo regimental ou Agravo interno: É para o próprio TSE. Previsto no regimento


interno. Prazo: 3 dias (se for direito de resposta é de 24 horas). Cabimento: seve para
agravar decisão monocrática de membro do TSE, levando a decisão impugnada ao
Colegiado. O mérito é julgado pelo pleno.

5) Revisão criminal: Não é recurso. Será estudado junto com as ações.

6) Recurso ordinário constitucional (ROC): Cabimento: É cabível em decisões de única


instância que denegar HC, MS, HD ou MI. Efeito: meramente devolutivo. É possível ao
STF atribuir efeito suspensivo. Prazo: 3 dias. OBS: Pode reexaminar fatos e provas.

7) Recuso extraordinário (RE): Cabimento: Cabível nas hipóteses do art. 102, III, a, b, c e
d, CF . O prazo é de 3 dias, conforme súmula 728, STF. Não é cabível contra acórdão dos
TRE’s. É o que se extrai do disposto no art. 121, caput, e seu § 4º, I, da CF de 1988, e nos
arts. 22, II, e 276, I e II, do CE (STF). Jurisprudência: CF/88, art. 102, II, a, e III:
cabimento de recurso ordinário e extraordinário; e art. 121, § 3º: irrecorribilidade das
decisões do TSE. Após o oferecimento de razões, ocorre o juízo de admissibilidade, de
forma idêntica aos recursos extraordinários não eleitorais. Prazo: 3 dias [Súmula STF nº
728/2003: "É de três dias o prazo para a interposição de recurso extraordinário contra

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

decisão do Tribunal Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir da publicação
do acórdão, na própria sessão de julgamento, nos termos do art. 12 da Lei nº 6.055/1974,
que não foi revogado pela Lei nº 8.950/1994]. Efeito: meramente devolutivo. Cabe medida
cautelar inominada em busca do efeito suspensivo. Requisitos: tem que preencher dois
requisitos: pré-questionamento e não rediscutir ou reexaminar matéria fático probatória.
OBS: Exige repercussão geral das questões constitucionais.

Observações finais:

(1) Lei 9.096/95, artigo 37, § 4º: Da decisão que desaprovar total ou parcialmente a
prestação de contas dos órgãos partidários caberá recurso para os Tribunais Regionais
Eleitorais ou para o Tribunal Superior Eleitoral, conforme o caso, o qual deverá ser
recebido com efeito suspensivo.

(2) § 5º. As prestações de contas desaprovadas pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal
Superior poderão ser revistas para fins de aplicação proporcional da sanção aplicada,
mediante requerimento ofertado nos autos da prestação de contas.

(3) Lei 9.096/95, artigo 45, § 5º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais que
julgarem procedente representação (por propaganda partidária irregular), cassando o direito
de transmissão de propaganda partidária, caberá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral,
que será recebido com efeito suspensivo.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 10.a. A função eleitoral do Ministério Público Federal.


Procuradoria Regional Eleitoral. Ministério Público Estadual.
Principais Obras consultadas: Santo Graal 27º. José Jairo Gomes. Direito eleitoral. 7ª
Ed., 2011, Editora Atlas; Roberto Moreira de Almeida. Curso de direito eleitoral. 5ª Ed.,
2011, Editora Juspodivm; Vera Maria Nunes Michels. Direito eleitoral. 5ª Ed., 2006,
Editora Livraria do Advogado; Joel J. Cândido. Direito eleitoral brasileiro. 10ª Ed., 2003,
Editora Edipro; Fávila Ribeiro. Direito eleitoral. 5ª Ed., 1998, Editora Forense; Adaptação
do Resumo do 26º MPF

1. A função eleitoral do Ministério Público Federal: A CF/88, ao contrário da CF/34 (art.


98) e da CF/46 (art. 125), não contém dispositivo expresso que contemple um Ministério
Público Eleitoral, próprio, com carreira específica, com quadro institucional distinto.
Todavia, conforme explica Fávila Ribeiro, a omissão, absolutamente, não coloca em
dúvida a existência do Ministério Público Eleitoral, nem é de molde a suscitar
questionamento sobre o seu caráter federal, porquanto a total responsabilidade pelas
atividades eleitorais vem encaixada na exclusiva esfera da União Federal (p. 169).

Na medida em que o Ministério Público recebeu do legislador constitucional a missão de


velar por valores fundamentais, torna-se imprescindível a existência de um Ministério
Público Eleitoral, representando a sociedade e defendendo a ordem jurídica. Ademais, a
presença do órgão do Ministério Público onde houver exercício de atividade jurisdicional
é indispensável, em razão dos interesses públicos polarizados nas duas instituições
(Michels, p. 61).

A previsão de funcionamento do Ministério Público Eleitoral encontra-se disciplinada


preponderantemente na Lei Complementar n. 75/93 e residualmente no Código Eleitoral.
Um dos princípios que norteiam a função eleitoral do Ministério Público é o da
federalização, previsto no art. 37, I e art. 72 da LOMPU, significa que pertence ao
Ministério Público Federal, a princípio, a atribuição de oficiar junto à Justiça Eleitoral,
em todas as fases do processo eleitoral. (Cândido, p. 54).

Dessa forma, “compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto à
Justiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias
do processo eleitoral.” (art. 72, LOMPU).

Princípio da delegação: Ocorre que, ante a desproporção entre a quantidade de zonas


eleitorais no Sistema Eleitoral Brasileiro e a quantidade de membros do Ministério Público
Federal, torna-se impossível o pleno cumprimento do princípio da federalização, motivo
pelo qual surge o princípio da delegação (art. 78 da LC n. 75/93), de acordo com o qual se
delega aos membros dos Ministérios Públicos Estaduais (promotores de justiça) a
atribuição de oficiar junto aos juízos eleitorais de primeira instância e juntas eleitorais [são
indicados pelo Procurador Geral de Justiça e nomeados pelo Procurador Regional
Eleitoral]. Esse principio não é aplicado no âmbito do TSE e TRE, pois nos tribunais o

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

MPF atua com exclusividade (TSE, TRE’s).

O Procurador-Geral Eleitoral (PGE) é o Procurador-Geral da República (art. 73 da


LOMPU), o qual designará, para atuar como vice-Procurador-Geral Eleitoral, um dentre os
Subprocuradores-Gerais da República, com a função de substituí-lo em seus impedimentos
e exercer o cargo em caso de vacância, até o provimento definitivo. O PGE atuará nas
causas de competência do TSE, podendo designar, por necessidade de serviço, e desde que
haja sua aprovação, membros do MPF para oficiarem perante o TSE, além do vice-PGE. O
artigo 24 do Código Eleitoral traz um rol de atribuições do PGE, enquanto chefe do
Ministério Público Eleitoral.

2. Procuradoria Regional Eleitoral: Os Procuradores Regionais Eleitorais (PRE’s) e


respectivos substitutos, ao seu turno, são escolhidos pelo PGR dentre os Procuradores
Regionais da República, quando o Estado for sede de Tribunal Regional Federal, ou de um
Procurador da República vitalício.

A designação ocorre para um mandato de dois anos, podendo ser reconduzido uma vez e
destituído, antes do término do mandato, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral,
anuindo a maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal (arts. 75 e
76 da LOMPU).

O caráter temporário dos mandatos guarda simetria com o regramento constitucional dos
juízes que integram os TRE’s. O art. 27, § 3º c/c art. 357, § 1º, ambos do Código Eleitoral,
estabelecem que o PRE, no âmbito do Estado em que oficiar, exercerá atribuições
semelhantes às que são cometidas ao PGE.

Da mesma forma que o PGE tem a atribuição de transmitir instruções aos PRE’s, a fim de
que haja uniformidade na atuação e na adoção de providências para a fiel observância da lei
eleitoral, os PRE’s cumprem o mesmo papel quanto aos Promotores Eleitorais. Assim,
nesse particular, os Promotores Eleitorais encontram-se funcionalmente (não
administrativamente!) subordinados a ele, e não ao Procurador-Geral de Justiça (Gomes,
p. 78).

É oportuno lembrar, ainda, que em se tratando de designação de membros do Ministério


Público para atuar perante a primeira e segunda instâncias da Justiça Eleitoral, não há
falar no Princípio da Inamovibilidade (CF, art. 128, § 5º, b). Trata-se de função, e não de
cargo. A designação funda-se, exclusivamente, na confiança do chefe da Instituição
respectiva, podendo ocorrer dispensa imotivada. Todavia, é de se elogiar a parte final do
art. 76, § 2º, da LC nº 75/1993, e recomendar às leis orgânicas estaduais a adoção de
disposição igual, a fim de melhor preservar os supremos interesses da Instituição
(Cândido, p. 63).

Caso haja eventual ato constritivo da liberdade imputado ao PRE, a competência para
apreciação do HC será do TSE, por interpretação analógica do art. 105, I, ‘a’ e ‘c’, da CF,
em face da simetria entre os órgãos judiciários (TSE, HC nº 545).

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

3. Ministério Público Estadual: Em razão do princípio da delegação, os membros do


Ministério Público Estadual terão a atribuição de oficiar perante os juízes e juntas eleitorais,
primeira instância da Justiça Eleitoral. O Promotor Eleitoral é um Promotor de Justiça que
cumula a função federal eleitoral. Essa atuação é permanente, engloba todas as fases do
processo eleitoral e é exclusiva dessas instituições.

A escolha dos membros dos Ministérios Públicos Estaduais que atuarão como promotor
eleitoral foi regulamentada pelo Conselho Nacional do Ministério Público por meio da
Resolução nº 30 de 2008.

Verifica-se a que a escolha do Promotor Eleitoral é um ato complexo, pois a designação do


Promotor Eleitoral é feita pelo Procurador Regional Eleitoral, com base em indicação do
Chefe do Ministério Público local. Em sentido diverso, José Jairo Gomes entende que o ato
de designação tem natureza de ato administrativo simples, pois resultante da vontade de um
único órgão, qual seja, do PRE, o qual poderá, inclusive, deixar de designar o Promotor
Eleitoral indicado pelo PGJ, desde que haja motivos razoáveis (p. 80).

Por meio desta Resolução determina-se, igualmente, a realização de um rodízio entre os


Promotores para exercer a função eleitoral, sendo a designação feita pelo prazo ininterrupto
de dois anos, admitindo-se a recondução apenas quando houver um único membro na
circunscrição da zona eleitoral [caso em que o exercício da função eleitoral será por prazo
indeterminado].

Além dos arts. 78 e 79 da LOMPU, a Lei nº 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do


Ministério Público) dispõe sobre a questão no artigo 32, III – elenca que se inclui na esfera
de atribuições dos Promotores de Justiça oficiar perante a Justiça Eleitoral de 1ª instância.

Já o artigo 10, IX, h, da Lei nº 8.625/1993, ao prever a competência do Procurador-Geral da


Justiça para a designação de Promotor visando oficiar junto ao PRE, quanto por este
solicitado, conflita com as disposições dos artigos 77, parágrafo único e 79, ambos da
LOMPU, eis que tais dispositivos registram a possibilidade de designação, por necessidade
de serviço, de membros do MPF, e não do Parquet Estadual.

Embora não haja previsão normativa quanto à destituição do Promotor Eleitoral, em razão
da lógica do sistema, o PRE poderá destituir o representante do ministério público eleitoral
antes de expirar o biênio, desde que haja ato fundamentado pautado no estrito interesse do
serviço eleitoral (Gomes, p. 80).

Questão de prova:
Quem exercia a função de Procurador Eleitoral nos TREs? Por quanto tempo? Se o PGE
tinha algum impedimento, algum motivo para ser afastado da função. Se o PGR podia ser
destituído do cargo.

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 10.b. A atuação do Ministério Público Eleitoral junto à


Justiça Eleitoral. Fiscalização, processos, ações e recursos.
Legitimidade.
Principais Obras consultadas: idem a 10.a.

1 . Atuação do Ministério Público Eleitoral junto à Justiça Eleitoral: Como defensor da


ordem jurídica e do regime democrático, o MP possui ampla atuação na JE em todos os
graus de jurisdição e em todas as fases do processo eleitoral – alistamento eleitoral,
preparatória, de eleição, de apuração ou escrutínio e de diplomação e posteriormente a essa
fase, na fase de aprovação de contas de campanha.

A natureza dessas lides e a qualidade das partes nelas envolvidas justificam, de per si, a
presença e a atuação efetivas do Ministério Público em todo o processo eleitoral (CPC,
arts. 82, 83 e 499, § 2º). Não existe, em Direito Eleitoral, ato algum – quer de jurisdição
voluntária, quer da jurisdição contenciosa – que não seja de Direito Público, não se
admitindo, por conseguinte, seja ele realizado longe do alcance processual do Ministério
Público (Cândido, p. 61).

Quando não atuar como parte, oficiará como custos legis, com a mesma legitimidade
assegurada aos partidos políticos, coligações e candidatos. Perante o TSE, oficia o
Procurador-Geral Eleitoral e o Vice-PGE; no TRE, oficia o Procurador Regional Eleitoral;
na primeira instância, oficiam os membros do parquet estadual.

2. Fiscalização, processos, ações e recursos: Todos os feitos concernentes ao processo


eleitoral são submetidos à apreciação do parquet, no desempenho das funções consultiva,
instrutiva, administrativa e contenciosa da JE.

Fiscaliza o pleito na fase pré-eleitoral, nas propagandas, no dia da eleição, além de verificar
a prestação de contas dos candidatos.

O art. 24 do Código Eleitoral já enseja uma variada gama de intervenção do Ministério


Público Eleitoral, em processos eleitorais. Exemplos dessas atribuições, junto ao primeiro
grau de jurisdição, podem ser enumerados tendo-se como ponto de partida o período em
que eles poderão surgir, a saber:

1) Em época sem eleição: A atuação do MPE é reduzida, mas não menos importante.
Deve, ordinariamente, o Promotor Eleitoral, na primeira instância, entre outras funções:

Acompanhar os pedidos de alistamento de eleitores e os pedidos de transferência de títulos,


bem como os cancelamentos de inscrição, obtendo ou pedindo vista dos processos que
apresentarem alguma particularidade, principalmente em casos do art. 45, § 2º, do Código

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Eleitoral, requerendo, representando, recorrendo e contra-arrazoando, se for o caso (art. 45,


§ 7º, do CE), tudo como se assegura aos partidos políticos (arts. 57, § 2º; 66 e seus incisos e
no art. 71, § 1º, do CE).

Instaurar e acompanhar todos os processos de aplicação de multas eleitorais promovendo as


respectivas execuções. [consoante entendimento do TSE é a PFN quem executa as multas
eleitorais]

Acompanhar a fiscalização da Justiça Eleitoral de primeira instância na escrituração


contábil e na prestação de contas dos partidos e das campanhas eleitorais, requerendo o que
entender de direito (art. 34, caput, da Lei nº 9.096/1995).

Velar pela correta observância e aplicação da lei eleitoral, tomando as providências


necessárias nos casos de transgressão.

Exercer todas as atribuições previstas para a instauração e andamento das ações penais
eleitorais, inclusive da legislação criminal eleitoral extravagante, desde o recebimento de
eventual notícia-crime, representação ou peças informativas, diretamente ou através do Juiz
Eleitoral, até a execução das respectivas sentenças e acórdãos (art. 356, §§ 1º e 2º e art. 363,
parágrafo único, do CE).

Acompanhar, juntamente com o Ministério Público incumbido da Execução penal comum,


as execuções relativas aos processos criminais eleitorais, aplicando o art. 2º, parágrafo
único, da Lei nº 7.210, de 11.7.1984 (Lei de Execução Penal) e art. 38, VII, da LMPU.

Proceder o exame a que se refere o art. 35, parágrafo único, da Lei nº 9.096/1995, quando a
prestação de contas ocorrer perante os juízes eleitorais.

Requerer, no juízo eleitoral, a suspensão dos direitos políticos, principalmente em


decorrência da condenação criminal definitiva, promovendo a sua execução e restauração.

2) Em época de eleição: [e de eleição municipal já que os exemplos se referem à atividade


do Ministério Público na primeira instância] além desse elenco normal de atividades, já
enumeradas, que também ocorre em ano de eleição, acrescenta-se mais o seguinte quadro
exemplificativo de atribuições próprias dos Promotores Eleitorais:

Na fase Preparatória do Pleito:

Opinar, em vista que lhe deve ser pessoalmente concedida – e se não for deve ser requerida
– em todos os processos de pedidos de registro de candidaturas de prefeitos, vice-prefeitos
e vereadores, haja ou não impugnação de terceiros, atuando como fiscal da lei eleitoral,
podendo, inclusive, requerer diligências imprescindíveis antes da análise de mérito.

Impugnar pedido de registro de candidatura, na forma do art. 3º e seguintes da Lei das


Inelegibilidades, atuando como parte e, quando não o for, como custos legis.

Fiscalizar amplamente o exercício do direito de propaganda dos partidos políticos, zelando


pelo cumprimento da lei eleitoral e providenciando contra as irregularidades e seus autores
189
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

as medidas necessárias (CE, art. 245, º 3º). Ingressar com o pedido de Investigação Judicial
Eleitoral, quando for o caso, na forma do art. 19 e seguintes da Lei Complementar nº
64/1990.

Acompanhar o processo de nomeação de mesários, escrutinadores e auxiliares, oficiando


nos pedidos de dispensa e recusa dos serviços eleitorais (arts. 39 e 120, § 4º, do CE),
exercendo direito de impugnação motivada, na forma dos arts. 36, § 2º e 121, caput, do
Código Eleitoral.

Acompanhar a nomeação dos membros das Juntas Eleitorais, exercendo o direito de


representar à Procuradoria Regional Eleitoral, sempre que for caso de impugnação dos
nomeados (art. 36, §§ 1º e 2º, do CE).

Zelar pela boa execução dos demais atos preparatórios do pleito, mormente os relativos às
seções eleitorais, mesas receptoras e suas localizações (CE, art. 135, § 7º).

Na Fase da Eleição: Fundamental e ordinariamente, é de custos legis a atuação do


Ministério Público Eleitoral no dia das eleições. Deve o Promotor Eleitoral ficar à
disposição dos assuntos eleitorais, com exclusividade, e acompanhar a marcha da votação,
na sede da sua Zona Eleitoral, durante todo o dia do pleito.

Normalmente, junto com o Juiz Eleitoral – cuja presença física na Zona Eleitoral, de
plantão, é também imprescindível – fiscalizam, de ofício ou quando solicitados, as mesas
eleitorais, no mínimo por amostragem. Nesse trabalho, tem oportunidade de prestar
esclarecimentos a mesários, fiscais e eleitores; isso sempre contribui – quando não decide –
para um regular e satisfatório desenvolvimento do pleito. Não se compreenderia a ausência
do Ministério Público Eleitoral e do Juiz Eleitoral em caso de eventual crime eleitoral de
repercussão, com prisão em flagrante. A própria imprensa, muitas vezes, presta bons
serviços à Justiça Eleitoral, denunciando irregularidades em mesas eleitorais, incidentes que
de pronto poderão ser solucionados com a intervenção sumária e segura dessas autoridades
e dos funcionários autorizados do cartório eleitoral. Deve ainda:

Opinar, oralmente ou por escrito, em todos os casos surgidos nesse dia, em sua esfera de
atribuição, inclusive em matéria criminal (representação de prisão preventiva, parecer em
pedido de liberdade provisória, etc.).

Impugnar a atuação de mesário, fiscal ou delegado de partido político, requerendo a sua


destituição toda vez que sua atuação contrariar a lei eleitoral, mormente no que se refere à
ilegal composição da mesa receptora de votos, bem como exercer, se for o caso, o direito de
impugnação à identidade do eleitor (CE, art. 220, I e art. 147, § 1º).

Fiscalizar a entrega das urnas certificando-se que todas as seções encerraram o recebimento
de votos no horário legal, observando eventual caso de violação e tomando as providências
necessárias (CE, art. 165, § 1º, I a V).

Requerer, quando não determinado de ofício pelo Juiz Eleitoral, designação de


policiamento para guardar as urnas, em prédio seguro, desde a votação até a apuração (CE,

190
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

art. 155, §§ 1º e 2º).

Fiscalizar a correção e a expedição do boletim de contagem a que se refere o art. 156 do


Código Eleitoral, pelo Juiz Eleitoral ao TER (CE, art. 156, § 3º).

Eventualmente, iniciar suas atividades relativas ao escrutínio que, em algumas eleições e


em algumas zonas, poderá começar no mesmo dia da eleição (CE, arts. 188 a 196).

Na Fase de Apuração: Neste período, a enumeração exemplificativa das principais


atribuições do Ministério Público Eleitoral de primeiro grau é a seguinte:

Fiscalizar a instalação da Junta Eleitoral e a regularidade de seu eventual desmembramento


em turmas (CE, art. 160).

Acompanhar, pessoalmente, o escrutínio, requerendo as providências necessárias para


coibir ilegalidades da parte dos escrutinadores e auxiliares, candidatos, fiscais e delegados.
Zelar pela concessão de direito de ampla fiscalização aos partidos políticos.

Impugnar fiscal ou delegado de partido político cuja credenciação, ou atuação, contrariarem


a lei eleitoral.

Apresentar impugnações, interpor recursos, arrazoar e contra-arrazoar, tudo na forma do


art. 169 e seguintes, combinados com o art. 24, IV, do Código Eleitoral.

Manifestar-se, em parecer, oralmente ou por escrito, de forma sumária, antes da decisão da


Junta Eleitoral sobre as impugnações de votos formuladas por terceiros, atuando como
custos legis (CE, art. 24, IV).

Receber, conferir e assinar boletins, mapas e atas eleitorais emitidos pela Junta Eleitoral,
requerendo o que entender necessário para coibir ou corrigir as eventuais ilegalidades (CE,
art. 179, § 4º).

Finalmente, na Diplomação, Quarta e Última Fase do Processo Eleitoral, Compete ao


Promotor Eleitoral:

Fiscalizar a expedição de diplomas eleitorais, zelando pela coincidência de seus dados (art.
215, parágrafo único, do CE) com os resultados da totalização definitiva do pleito,
expedidos pela Junta Eleitoral.

Assistir à sessão de diplomação realizada pela Junta Eleitoral, com assento à direita de seu
presidente, sendo dela previamente notificado. (Lei nº 8.625/1993, art. 41, IV e XI).

Ajuizar Ação de Impugnação de Mandato Eletivo ou interpor Recurso contra Diplomação,


quando for o caso (CF, art. 14, § 10 e CE, art. 262).

Nas eleições municipais a atuação do Promotor Eleitoral abrange todos os atos de todas as
fases do processo eleitoral; nas eleições gerais e presidenciais, atuará a instituição em parte
da fase preparatória (com exceção dos registros, formação das Juntas e alguns casos de

191
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

propaganda), na totalidade dos atos relativos às fases de eleição e da apuração e não atuará
na fase de diplomação (Cândido, p. 66-70).

3. Legitimidade: É ampla legitimidade do Ministério Público para atuar, ora como parte,
ora como fiscal da lei, em todo o processo eleitoral, ainda que a legislação eleitoral muitas
vezes não o tenha elencado.

Não existe a figura do Ministério Público como substituto processual em matéria eleitoral.

Desde o alistamento e seus eventuais incidentes, à diplomação dos eleitos, e às ações e aos
recursos que daí podem decorrer, é imprescindível a atuação do Ministério Público
Eleitoral nesses feitos (Cândido, p. 63).

A LC nº 75/1993, ao dispor sobre a legitimidade do Ministério Público em matéria


eleitoral, o fez de modo correto, deixando de elencar a gama de funções a ser exercida, o
que sempre é numeração incompleta. Assim, sua legitimidade é extraída do texto
constitucional, conjugado com as atribuições disciplinadas na legislação infraconstitucional
comum. A exceção à regra de ampla legitimidade do MP se observa na execução das
multas eleitorais, que se dá pela PFN com o ajuizamento de execução fiscal perante a
justiça eleitoral (TSE, AAG nº 7464).

192
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

Ponto 10.c. Financiamento de campanhas. Fiscalização. Ações.


Principais Obras consultadas: Santo graal 27º. Minirreforma eleitoral [Lei 12.891/13].
ADI 4650.

1. Financiamento de campanhas:

São os recursos financeiros em dinheiro ou estimáveis em dinheiro arrecadados por partidos


políticos ou candidatos com o objetivo de serem aplicados em gastos de campanha eleitoral.
Esta, por seu turno, pode ser conceituada como o complexo de atos e procedimentos
técnicos empregados por candidato e agremiação política com vistas a obter o voto dos
eleitores e logra êxito na disputa de cargo público-eletivo (Gomes, p. 283).

As regras do financiamento objetivam a igualdade de oportunidades entre os candidatos na


disputa eleitoral, a moralidade, transparência e a impessoalidade no exercício dos mandatos
públicos e na administração da coisa pública, obstando a influência do poder econômico
que tenda a desequilibrar o princípio igualitário.

Outro princípio em voga neste tema é o da legalidade, pois as regras da lei eleitoral
servirão de orientação segura para o entendimento da abrangência da dicotomia
abusividade/regularidade, justamente por serem regras cogentes, de ordem pública, e por
isso indisponíveis e de incidência erga omnes. Assim, aquilo que estiver normatizado como
possível na lei eleitoral, servirá como orientação segura do que é lícito e ilícito nas
campanhas eleitorais. Portanto, a participação do poder econômico nas campanhas
eleitorais, que se qualifique como lícita, também será valida, eficaz e aceita quanto à sua
origem (Michels, p. 190).

As regras legais estão estipuladas na Lei nº 9.504/97, nos arts. 17 a 27, 81 e 99. Embora tais
regras devam ser observadas pelos partidos políticos e candidatos participantes do pleito
eleitoral (princípio da responsabilidade financeira solidária – art. 17 da Lei nº 9.504/97), a
Lei dos Partidos Políticos também prevê algumas regras nesse sentido, voltadas
especificamente às agremiações partidárias (Lei 9.096/95, arts. 31; 38 a 44), uma vez que
podem ser feitas doações financeiras aos partidos políticos em época não eleitoral, que
podem ser aplicadas em campanhas eleitorais (Lei 9.096/95, art. 39, § 5º).

Há previsão de que a lei, a cada eleição e até o dia 10 de julho do ano eleitoral, fixará o
limite de gastos dos partidos políticos com a campanha eleitoral. Ausente referida lei, ficará
a cargo de o próprio partido político fixar o limite de gastos (art. 17-A da Lei nº 9.504/97).
Também haverá a estipulação de valores máximos por cargo eletivo, informado pelo
partido quando do registro de candidatura. Eventual gasto que ultrapasse tais limites,
ensejará a aplicação de multa incidente sobre o valor em excesso (art. 18 da Lei nº
9.504/97), além de possível ocorrência de abuso do poder econômico, a desaguar em
eventual impugnação do mandato eletivo.

193
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

O TSE admite a retificação do limite de gastos já registrado na JE, desde que haja
demonstração de fato superveniente e imprevisível que tenha causado impacto sobre o
financiamento da campanha, em ordem a inviabilizar o limite fixado anteriormente (Res. nº
23.217/2010, art. 2º, § 6º).

ATENÇÃO: ADI 4650. O Supremo Tribunal Federal (STF) está realizando o julgamento
da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650, ajuizada pelo Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em que são questionadas regras relativas a
doações privadas para campanhas eleitorais e partidos políticos. Na ADI, são atacados
dispositivos da Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) e Lei dos Partidos Políticos (Lei
9.096/1995), que tratam de contribuições de pessoas jurídicas e pessoas físicas para
campanhas. A votação atualmente está em 6 a 1 por proibir a doação eleitoral de empresas,
sendo que faltam 4 votos, ou seja: a proibição já ocorreu por voto da maioria. Então, temos
que aguardar o fim do julgamento para saber se haverá modulação dos efeitos. Com a
decisão, candidatos precisarão financiar suas campanhas com doações de pessoas físicas e
com verbas do fundo partidário, de origem pública.

Como era o financiamento de campanha antes da ADI 4650: O financiamento das


campanhas eleitorais no Brasil era misto, ou seja, poderia existir recursos tanto da via
pública como da via privada. Pela via pública, ocorre mediante: 1) Fundo Partidário, cuja
constituição legalmente prevista descreve subvenção de verbas públicas (Lei 9.096/95, arts.
38, I, II e IV; e 40), na forma dos valores recolhidos pelo erário a título de aplicação de
multas e penalidades pecuniárias eleitorais e partidárias, de eventuais recursos financeiros
destinados por lei e, ainda, de dotações orçamentárias anuais específicas; 2) custeio da
propaganda partidária gratuita, no rádio e na televisão, pois às emissoras é assegurado
direito à compensação fiscal pela cessão do horário (art. 45 c.c. 52, § único, ambos da Lei
nº 9.096/95 - Decreto 7.791, de 17.08.2012); 3) custeio da propaganda eleitoral gratuita
mediante o horário obrigatoriamente reservado e cedido pelas emissoras de rádio e
televisão (essa cessão compulsória de horário é custeada pela compensação fiscal garantida
pelo poder público às citadas emissoras (Lei 9.504/97 - art. 99); 4) renúncia fiscal, em
virtude da imunidade prevista no art. 150, VI, ‘c’, da CF, pois é vedado a instituição de
imposto sobre o patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos e suas fundações. Já o
financiamento privado, que se assentava no princípio da transparência, dava-se pela
possibilidade de doações financeiras de origem privada a partidos políticos (no caso dos
partidos, inclusive por meio de doações ao Fundo Partidário) ou candidatos, tanto por
pessoas físicas como jurídicas, além da utilização de recursos próprios dos candidatos,
doações oriundas do comitê financeiro ou do partido e recursos provenientes da
comercialização de bens ou realização de eventos com o fim próprio de aplicação em
campanha eleitoral.

Limite do financiamento por pessoa física: O limite do financiamento privado é de até 10%
dos rendimentos auferidos por pessoas físicas no ano anterior ao da eleição. Quanto às
pessoas jurídicas, o limite é de até 2% de seu faturamento bruto no ano anterior ao da
eleição. No caso de utilização de recursos próprios dos candidatos, o limite é o valor
máximo de gastos estabelecido pela lei ou, na ausência desta, pelo seu próprio partido.
194
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

OBS: Alteração da Lei nº 12.891: As doações feitas por pessoas físicas a candidato
específico, comitê ou partido, que sejam estimáveis em dinheiro, deverão ser feitas
mediante recibo, assinado pelo doador, exceto nas seguintes hipóteses, nas quais estão
dispensadas de comprovação na prestação de contas: I - a cessão de bens móveis, limitada
ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por pessoa cedente; II - doações estimáveis em
dinheiro entre candidatos, partidos ou comitês financeiros, decorrentes do uso comum tanto
de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá ser registrado na
prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa. [art. 23, §2º c/c art. 28,
§6º]. Comentário do GENAFE: restringiu-se a emissão de recebo eleitoral. Exigia-se para
toda doação, agora somente para doações estimáveis em dinheiro, com assinatura do
doador. Por outro lado, a Resolução TSE sobre prestação de contas para as eleições de 2014
(Res. 23.406/14) estabelece a obrigatoriedade e apresentação de recibos, inclusive para
doações estimáveis em dinheiro (art. 10).

Sobras de recursos financeiros: Alteração da Lei nº 12.891: Se, ao final da campanha,


ocorrer sobra de recursos financeiros, esta deve ser declarada na prestação de contas e, após
julgados todos os recursos, transferida ao partido, obedecendo aos seguintes critérios: I - no
caso de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador, esses recursos deverão ser
transferidos para o órgão diretivo municipal do partido na cidade onde ocorreu a eleição, o
qual será responsável exclusivo pela identificação desses recursos, sua utilização,
contabilização e respectiva prestação de contas perante o juízo eleitoral correspondente; II -
no caso de candidato a Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado Federal e
Deputado Estadual ou Distrital, esses recursos deverão ser transferidos para o órgão
diretivo regional do partido no Estado onde ocorreu a eleição ou no Distrito Federal, se for
o caso, o qual será responsável exclusivo pela identificação desses recursos, sua utilização,
contabilização e respectiva prestação de contas perante o Tribunal Regional Eleitoral
correspondente; III - no caso de candidato a Presidente e Vice-Presidente da República,
esses recursos deverão ser transferidos para o órgão diretivo nacional do partido, o qual
será responsável exclusivo pela identificação desses recursos, sua utilização, contabilização
e respectiva prestação de contas perante o Tribunal Superior Eleitoral; IV - o órgão diretivo
nacional do partido não poderá ser responsabilizado nem penalizado pelo descumprimento
do disposto neste artigo por parte dos órgãos diretivos municipais e regionais. Parágrafo
único. As sobras de recursos financeiros de campanha serão utilizadas pelos partidos
políticos, devendo tais valores ser declarados em suas prestações de contas perante a Justiça
Eleitoral, com a identificação dos candidatos.

2. Fiscalização:

A fiscalização dá-se mediante a fiscalização contábil exercida pela Justiça Eleitoral, por
meio das seguintes regras.

1) Movimentação financeira exclusiva em contas bancárias específicas para fins eleitorais,


abertas pelos comitês financeiros e pelos candidatos antes de quaisquer ocorrências de

195
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

arrecadação e aplicação dos recursos financeiros eleitorais (art. 22 da Lei nº 9.504/97). É


através dela que se processará o movimento financeiro da campanha. Há casos que
excepcionam a obrigatoriedade de abertura da conta bancária (§ 2º). A Lei nº 9.096/95, no
art. 35, prevê a possibilidade de quebra do sigilo bancário dessas contas. A origem dos
recursos financeiros é de extrema valia, tanto que o legislador eleitoral previu um rol das
chamadas fontes vedadas (art. 24 da L. 9504/97), as quais não poderão ser utilizadas em
campanha, sendo transferidas ao Tesouro Nacional. Por outro lado, a lei eleitoral também
elenca em rol exemplificativo os gastos eleitorais sujeitos a registro (artigo 26).

Atenção: O artigo 26 foi alterado pela Lei 12.891/13, a qual acrescentou ao artigo o
seguinte parágrafo único:

Art. 26: Parágrafo único. São estabelecidos os seguintes limites com relação ao
total do gasto da campanha:

I - alimentação do pessoal que presta serviços às candidaturas ou aos comitês


eleitorais: 10% (dez por cento);

II - aluguel de veículos automotores: 20% (vinte por cento).

2) Constituição e registro de comitês financeiros, órgãos partidários temporários e de


constituição obrigatória, que não possuem personalidade jurídica própria, responsáveis pela
arrecadação e aplicação desses recursos em campanhas eleitorais, as quais serão
administradas pelo próprio candidato ou por terceiro designado (arts. 19 e 20 da Lei nº
9.504/97). Aludido órgão é sempre vinculado a partido, não sendo admitido comitê
financeiro de coligação (Gomes, p. 288). Embora a lei tenha fixado data certa para sua
criação (até 10 dias úteis após a convenção partidária de escolha de candidatos), não há
quanto à extinção. Há quem advogue que o termo final seja no momento da aprovação da
prestação de contas pela JE (Michels, p. 191).

3) Inscrição de candidatos e comitês financeiros em Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas


(CNPJ) antes de quaisquer ocorrências de arrecadação e aplicação dos recursos financeiros
eleitorais. Tais inscrições são temporárias, sendo canceladas ex officio pela Receita Federal
do Brasil.

4) Comprovação de doações a candidatos ou partidos mediante emissão de recibos


eleitorais correspondentes aos valores doados, sendo documentos oficiais e obrigatórios,
pois viabilizam e legitimam a captação de recursos para a campanha. Sua não emissão
acarreta irregularidade insanável, por conseguinte, desaprovação das contas.

OBS: Alteração da Lei nº 12.891: As doações feitas por pessoas físicas a candidato
específico, comitê ou partido, que sejam estimáveis em dinheiro, deverão ser feitas
mediante recibo, assinado pelo doador, exceto nas seguintes hipóteses, nas quais estão
dispensadas de comprovação na prestação de contas: I - a cessão de bens móveis, limitada
ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por pessoa cedente; II - doações estimáveis em
dinheiro entre candidatos, partidos ou comitês financeiros, decorrentes do uso comum tanto
de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá ser registrado na

196
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa. [art. 23, §2º c/c art. 28,
§6º]. Comentário do GENAFE: restringiu-se a emissão de recebo eleitoral. Exigia-se para
toda doação, agora somente para doações estimáveis em dinheiro, com assinatura do
doador. Por outro lado, a Resolução TSE sobre prestação de contas para as eleições de 2014
(Res. 23.406/14) estabelece a obrigatoriedade e apresentação de recibos, inclusive para
doações estimáveis em dinheiro (art. 10).

5) Prestação de contas eleitorais por partidos e candidatos e prestação de contas anuais


partidárias (arts. 28 a 32 da Lei nº 9.504/97). Visa conferir maior transparência e
legitimidade às eleições, porquanto possibilita aferir e cercear o abuso de poder econômico.

Em eleições majoritárias, a prestação de contas dar-se-á obrigatoriamente por meio do


comitê financeiro. Já nas eleições proporcionais, há a legitimidade do próprio candidato,
além do comitê financeiro.

Os §§ 3º e 4º do art. 22 da Lei nº 9.504/97 disciplinam que o efeito da rejeição da prestação


de contas não se encerra no próprio ato de desaprovação. Isso porque a não aprovação das
contas, por si só, não impede a diplomação. Assim, caso haja comprovação do abuso de
poder econômico, ensejará o cancelamento do registro da candidatura ou cassado o
diploma, se já outorgado. Sendo inviáveis tais medidas, as quais poderiam ser levadas a
efeito através de ajuizamento de ação de impugnação do mandato eletivo ou recurso contra
a expedição de diploma, ao menos possibilitará a remessa ao MPE para fins de AIJE (art.
22 da LC nº 64/90), o que permitirá eventual inelegibilidade do investigado nos 08 anos
seguintes ao da eleição em que ocorreu a fraude na prestação das contas.

OBS: A PGR ajuizou a ADIN 4899 com pedido de MEDIDA CAUTELAR, para que o e.
Supremo Tribunal Federal dê interpretação conforme a Constituição Federal ao § parágrafo
7º artigo 11 da Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, para que a expressão "apresentação
das contas", que integra o conceito de quitação eleitoral, presente no referido dispositivo
legal, seja entendida em seu sentido substancial, em consonância com a ordem
constitucional, e não apenas literal, devendo a certidão de quitação eleitoral abranger, a
apresentação regular das contas de campanha.

OBS: Alteração da Lei nº 12.891: Agora a data para a apresentação de contas parciais é
dia 8 de agosto e de setembro. [texto da lei: art. 28, §4º: Os partidos políticos, as coligações
e os candidatos são obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede mundial
de computadores (internet), nos dias 8 de agosto e 8 de setembro, relatório discriminando
os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para financiamento
da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral para
esse fim, exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos valores doados
somente na prestação de contas final de que tratam os incisos III e IV do art. 29 desta Lei].

OBS: Alteração da Lei nº 12.891: Incluiu o §6º no art. 28 [texto da lei: Ficam também
dispensadas de comprovação na prestação de contas: I - a cessão de bens móveis, limitada
ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por pessoa cedente; II - doações estimáveis em
dinheiro entre candidatos, partidos ou comitês financeiros, decorrentes do uso comum tanto
de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá ser registrado na

197
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa]. Comentário do GENAFE:


o §6º poderá trazer dificuldades para exame das contas, já que o valor do bem móvel cedido
poderá ser estimado pelo próprio candidato, além de não limitar a quantidade de pessoas
cedentes. Por outro lado, a Resolução TSE sobre prestação de contas para as eleições de
2014 (Res. 23.406/2014) estabelece a obrigatoriedade de apresentação de recibos para todas
as arrecadações (Art. 10).

3. Ações:

O art. 30-A da Lei das Eleições prevê que qualquer partido político ou coligação poderá
representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 dias da diplomação, relatando os fatos e
indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar as condutas em
desacordo com as normas referentes à arrecadação e gastos dos recursos.

Trata-se de instrumento que objetiva impedir a influência do abuso do poder econômico e


do poder político, a fim de que a vontade livre do eleitorado represente legitimamente a
soberania popular. Embora o dispositivo legal não contemple expressamente, Gomes
entende que o MPE e os candidatos também ostentam legitimidade ativa (p. 304).
Importante registrar que não se veicula nova hipótese de inelegibilidade, mas negação ou
cassação de diplomação (ato administrativo declaratório do resultado das eleições).

Registre-se por fim, que após a edição da Lei nº 12.034/2009, os processos de prestação de
contas de campanha têm natureza judicial, com possibilidade de interposição de recursos,
conforme o disposto nos §§ 5º, 6º e 7º do art. 30 da Lei das Eleições, o que implica a
necessidade de estrita observância das disposições previstas na legislação eleitoral, não
havendo possibilidade de mitigação da coisa julgada com base nos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº
834-14/MG, Relator: Ministro Arnaldo Versiani. DJE em 8.2.2012)

Questão de prova:
Como é o sistema de financiamento de campanha brasileiro?

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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por Vanessa Maria Feletti

PONTO EXTRA: Minirreforma eleitoral.

As principais alterações da minirreforma eleitoral estão no texto do Santo Graal. Porém,


como o GENAFE (Grupo Executivo Nacional da Função Eleitoral) realizou um quadro
comparativo e distribuiu para seus membros, achei bom bem criar este ponto extra para
estudo mais detido e sistematizado do tema. Você deve imprimir o material e anexar ao seu
Santo Graal, pois o arquivo não permite ser copiado e não faz sentido redigitar 27 folhas de
tabela.

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