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Sobre A Fé Ii
Sobre A Fé Ii
John Wesley
1. Mas o que é fé? É a "evidência e convicção" divina "das coisas não vistas";
das coisas que não são vistas agora, quer sejam visíveis ou invisíveis, na natureza delas.
Particularmente, é uma evidência e convicção divina de Deus, e das coisas de Deus.
Esta é a definição mais compreensível da fé que sempre foi dada e pode ser dada; de
maneira a incluir todas as espécies de fé, da mais baixa a mais alta. E ainda assim, eu
não me lembro de algum escritor eminente que tenha dado um relato completo e claro
de diversas espécies dela, entre todos os tratados prolixos e tediosos, que têm sido
publicados sobre o assunto.
2. Alguma coisa, de fato, de uma espécie similar, tem sido escrita por aquele
grande e bom homem, Sr. Fletcher, em seu "Tratado sobre as Várias Dispensações da
Graça de Deus". Neste ele observa que existem quatro dispensações que são
distinguidas umas das outras, por um grau de conhecimento que Deus concede àqueles
que estão sob cada uma. Um pequeno grau de conhecimento é dado àqueles que estão
sob a dispensação pagã. Esses geralmente acreditaram "que existiu um Deus, e que ele
foi um recompensador deles que diligentemente o buscaram". Mas um grau bem mais
considerável de conhecimento foi outorgado para a nação judaica; visto que para eles
"foram confiados" os grandes meios de conhecimento, "os oráculos de Deus".
Conseqüentemente, muitos desses tinham idéias claras e sublimes da natureza e
atributos de Deus; da obrigação deles para com Deus e homem; sim, e para a grande
promessa feita a nossos primeiros antepassados e transmitida por eles para sua
posteridade, de que "a Semente da mulher pisaria a cabeça da serpente".
Com o objetivo de explicar isto ainda mais além, eu me esforçarei, com a ajuda
de Deus.
I
Em Primeiro Lugar, eu me esforçarei para indicar algumas espécies de fé.
Seria fácil, quer reduzir essas a um número melhor, ou dividi-las em um maior. Mas não
parece que isto responderia a algum propósito valoroso.
1. A menor espécie de fé, se ela pode ser alguma fé, afinal, é aquela de um
Materialista – um homem que, como o falecido Lorde Kames, acredita que não existe
coisa alguma, a não ser matéria no universo. Eu digo, se for alguma fé afinal; porque,
falando propriamente, não é. Não é "uma evidência ou convicção de Deus"; porque eles
não acreditam que existe alguma; nem é "uma convicção das coisas não vistas", porque
eles negam a existência de tal. Ou, se, por causa da decência, eles admitem que existe
um Deus, ainda assim, eles supõem que Ele seja material. Porque uma de suas máxima é
Jupiter est quodcunque vides [Lucan]. "O que quer que você veja é Deus". O que quer
que você veja! Um deus visível, tangível! Divindade excelente! Completo absurdo!
4. Não se pode duvidar, mas este apelo beneficiará milhões de ateus modernos.
Visto que para eles pouco é dado, deles pouco será requerido. Quanto aos ateus antigos,
milhões deles, igualmente, eram selvagens. Não mais, portanto, dever-se-ia esperar
deles, do que viverem à altura da luz que eles tinham. Mas, muitos deles, especialmente
nas nações civilizadas, nós temos grande motivo para ter esperanças de que, embora
eles vivessem em meio aos ateus, ainda assim, eles fossem de um espírito
completamente outro; sendo ensinados por Deus, através da voz interior, em todas as
essências da religião verdadeira. Assim eram aqueles Maometanos, e árabes que, um
século ou dois atrás, escreveram a Vida de Hai Ebn Yokdan. A história parece
inventada; mas ela contém todos os princípios da religião pura e imaculada.
10. Mas qual é a fé que é propriamente salvadora; que traz a salvação eterna para
todos aqueles que a mantêm até o fim? É tal divina convicção de Deus e das coisas de
Deus; até mesmo neste estado infantil, que capacita todo aquele que a possui a "temer a
Deus e operar a retidão". E quem quer que, em toda nação, assim acredite, o Apóstolo
declara que ele é "aceito por Ele". Ele verdadeiramente está, naquele mesmo momento,
em um estado de aceitação. Mas apenas como servo de Deus, não propriamente como
um filho. Entretanto que seja bem observado que "a ira de Deus" não mais "permanece
sobre ele".
12. E, de fato, a menos que os servos de Deus hesitem, através disto, eles irão
receber a adoção de filhos. Eles receberão a fé dos filhos de Deus, revelando seu único
Filho em seus corações. Assim, a fé de um filho é, propriamente e diretamente, a
convicção divina, por meio da qual todo filho de Deus é capaz de testificar: "A vida que
eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si mesmo por
mim". E, quem quer que tenha isto, o Espírito de Deus testemunha com seu espírito, que
ele é um filho de Deus. Assim, o Apóstolo escreve aos Gálatas: "Vocês são filhos de
Deus pela fé. E porque são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus
corações, clamando: Aba, Pai"; ou seja, dando a você uma confiança pueril nele, junto
com um tipo de afeição, em direção a ele. Isto, então, é o que propriamente constitui (se
Paulo foi ensinado por Deus, e escreveu, como movido pelo Espírito Santo) a diferença
entre um servo de Deus e um filho de Deus. "Ele que crê", como um filho de Deus,
"tem o testemunho em si mesmo". Isto o servo não tem. Ainda assim, que nenhum
homem o desencoraje; antes, amavelmente o exorte para esperar por isto, todo o
momento.
13. É fácil observar que todos os tipos de fé que podemos conceber são
redutíveis a uma, ou outra das precedentes. Mas vamos desejar os melhores dons, e
seguir o caminho mais excelente. Não existe razão, por que você ficaria satisfeito com a
fé de um Materialista, um Ateu, ou um Deista; nem, na verdade, com aquela de um
servo. Eu não sei que Deus requer isto de suas mãos. Na verdade, se eu tivesse recebido
isto, você deveria não lançar fora; você não deveria, de maneira alguma, subestimar
isto, mas ser verdadeiramente agradecido por ela.
Ainda assim, neste meio tempo, cuide em como você descansa aqui: Siga em
frente, até que você receba o Espírito de adoção: Não descanse, até que o Espírito
testemunhe claramente com seu espírito, que você é um filho de Deus.
II
Eu prossigo, Em Segundo Lugar, para traçar algumas poucas inferências das
observações precedentes.
2. Quase igualmente desolado, é o caso do pobre Deísta; quão iletrado, sim, quão
moral, quem quer que ele seja. Porque você, igualmente, embora não possa atentar-se
para isto, está realmente "sem Deus no mundo". Veja sua religião; a "Religião da
natureza, delineada", através do engenhoso Sr. Wollaston; quem, eu me lembro de ter
visto, quanto estive na escola, atendendo ao serviço público, na capela de Chaterhouse.
Ele encontrou sua religião junto a Deus? Nada menos. Ele a encontrou junto à verdade,
à verdade abstrata. Mas ele por aquela expressão queria significar Deus? Não; ele O
colocou fora da questão, e construiu um castelo bonito no ar, sem ser devedor, quer a
Ele ou à sua Palavra. Veja seu orador de língua suave de Glasgow, um dos escritores
mais agradáveis da época! Ele tem algo mais a fazer com Deus, sobre seu sistema, do
que o Sr. Wollaston: Ele deduz sua "Idéia da Virtude" Dele, como o Pai das Luzes, a
Fonte de todo o bem? Exatamente o contrário. Ele não apenas planeja toda sua teoria,
sem tomar o menor conhecimento de Deus, mas em direção ao encerramento dela
propõe aquela questão, "O ter um olho para Deus, em uma ação, intensifica a virtude
dela?". Ele responde: "Não; está longe disto, que, se em fazer uma ação virtuosa, ou
seja, uma ação benevolente, um homem mistura um desejo de agradar a Deus, quanto
mais existe deste desejo, menos virtude existe naquela ação". Nunca antes eu me
encontrei quer com um judeu, turco, ou ateu que tão claramente renunciou a Deus,
como este professor cristão!
3. Mas com ateus, maometanos, e judeus nós temos, no momento, nada a fazer;
apenas podemos desejar que suas vidas, não envergonhem muitos de nós que somos
chamados cristãos. Nós não temos muito mais a fazer com os membros da Igreja de
Roma. Mas não podemos duvidar que muitos deles, como o excelente Arcebispo de
Cambray, ainda retêm (não obstante muitos erros) que a fé é operada pelo amor. E
quantos dos Protestantes desfrutam disto, quer membros da Igreja da Inglaterra, ou de
outras congregações? Nós temos motivo para acreditar que um número considerável,
ambos de um e de outro (e, abençoado seja Deus, um número crescente), em toda a
parte da terra.
4. Algo mais, eu exorto vocês que temem a Deus e operam retidão, vocês que
são servos de Deus, Em Primeiro Lugar, a fugirem de todo pecado, como da face da
serpente; sendo rápidos, como a menina do olho, e sentirem o mais leve toque do
pecado; e operarem a retidão, com o extremo do poder que agora têm para abundarem
nas obras ambas da devoção e misericórdia. E, Em Segundo Lugar, continuamente
clamarem a Deus, para que Ele revele seu Filho em seus corações, para que vocês não
sejam mais servos, mas filhos; tendo seu amor espalhado em seus corações, e
caminhando na "liberdade gloriosa dos filhos de Deus".
[Editado por Dave Rotz, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções de George Lyons para the Wesley Center for Applied Theology]