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Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)/ Florianópolis - SC e Doutoranda em
Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp- Campinas - SP, é professora Efetiva/Assistente Nível B do
Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Campus de Francisco
Beltrão –PR. E-mail: giseligagliotto@ig.com.br.
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Esta pesquisa está vinculada à Linha de Pesquisa: Corporeidade, Sexualidade e seus aspectos epistemológicos,
sócio-antropológicos, históricos, educacionais e de políticas públicas, do Grupo de Pesquisa Corporeidade:
epistemologia, cultura, identidade e educação (GEPC) – UNIOESTE Campus de Francisco Beltrão-PR
dois anos de estudos no período de junho de 2003 a julho de 2005. As fontes
bibliográficas estiveram pautadas nos estudos de Freud, Reich, Foucault,
Piaget, Rousseau, Áries, Nunes e Silva. Assim, foi possível estudar a história
da sexualidade, conceito e concepção de infância e de creche, educação
sexual, teoria psicossexual, cultura, valores e verdades na visão dos
educadores. Este estudo delimitou conceitos de educação sexual; analisou e
discutiu o que vem a ser uma Educação Sexual Emancipatória; refletiu acerca
do modelo de Educação Sexual que ainda hoje nossas crianças estão
recebendo de seus educadores; contribuiu com a elaboração de uma pré-
proposta de trabalho dentro de uma visão de Educação Sexual Emancipatória;
apresentou sugestões de atividades que os CEIs necessitam desenvolver
através de projetos de formação de uma Educação Sexual diferenciada, que
envolvam todos que direta ou indiretamente estão participando da formação
das crianças, pois considera que a Educação Sexual é de responsabilidade da
família, das professoras e não apenas dos especialistas. Os dados apontam
que mesmo com o avanço ocorrido nos últimos anos no município, as
professoras têm uma formação ainda muito incipiente e representações sobre
a sexualidade infantil impregnadas de tabus e preconceitos. Muitas encaram
os comportamentos sexuais infantis como perversão e não sabem lidar com
estes de forma natural nas situações cotidianas. Daí a necessidade de uma
formação inicial consistente que leve o professor à reflexão sobre uma prática
comprometida com o desenvolvimento integral da criança e a assumirem o
papel central no processo sexual educativo da criança.
Estes escritos nos fazem refletir sobre as expectativas que temos com
relação aos papéis sociais e como estes são determinados socialmente. Isto
significa dizer que sobre os papéis sociais dos indivíduos existe uma
expectativa que sempre é construída histórica e culturalmente. Cabe salientar o
modelo educacional patriarcal-machista que contribuiu para a propagação da
idéia de que para limpar bunda de neném e dar de comer não é necessário
formação profissional. As mães apenas sairiam de casa para exercer na creche
uma função já conhecida e sobre a qual tinham certo domínio, o que implicou
na desvalorização profissional das professoras que trabalham na educação
infantil.
Para ROSEMBERG e AMADO (1992:70), os eixos fundamentais da
socialização feminina são a maternagem e o trabalho doméstico já que na
esfera doméstica e na esfera pública a responsabilidade de cuidar e educar as
crianças pequenas é das mulheres, que já são preparadas para isso. Sendo
que o trabalho doméstico apresenta como características a atenção dispersa
por várias tarefas, o acúmulo simultâneo de funções, o improviso e a troca
temporária de funções com vizinhas e familiares. Os baixos salários que
predominam nessa classe trabalhadora confirmam o grau de submissão a qual
se encontra.
Para a autora:
“Cabe perguntar se, ainda hoje, a maternalização do magistério só pode ser
considerada em sua negatividade. Ou melhor, será que não há como
entender a feminização dessa profissão como um processo que tem
conseqüências contraditórias – positivas e negativas -, tanto sobre a
organização do trabalho em instituições educativas como sobre a identidade
de suas profissionais?” (p.55)
Não queremos aqui apresentar um olhar que esteja voltado apenas para
a categoria gênero no sentido de legitimar um lugar de vítima das mulheres.
Por isso é salutar que lancemos um olhar generalizado às questões que
afligem a educação como um todo e que desta forma vêm também falar de
toda a classe trabalhadora que exerce sua profissão no magistério,
independente de serem homens ou mulheres. Sabemos que educação se faz
com dinheiro e boas estratégias das políticas públicas. Nosso país não vem
sendo privilegiado no aspecto educacional. O PIB é irrisório sendo que apenas
2,5% é investido na educação. Estamos longe de nos compararmos a países
como França e Itália que são exemplos de investimento em educação a nível
mundial. E quando se trata da educação infantil a situação fica ainda mais
alarmante porque além da escassez de verbas investidas, esta na prática não
se constitui num direito da criança. As creches vêm sendo unicamente direito
de pais trabalhadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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