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FACULDADE DE DIREITO
ESPECIALIZAÇÃO PROCESSO CIVIL
Porto Alegre
2015
NATÁLIA GEHRES TRAPP
Porto Alegre
2015
CIP - Catalogação na Publicação
INTRODUÇÃO 06
1. PROVA 08
1.1.1. Conceito 08
1.1.2. Finalidade 11
1.3. A distribuição estática do ônus da prova adotada no direito processual civil brasileiro: art.
333, CPC 15
CONCLUSÃO 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
6
INTRODUÇÃO
1. PROVA
1.1.1. Conceito:
Em um ângulo voltado para o ramo jurídico, De Plácido e Silva1 ensina que
a palavra prova surge do latim proba, de probare (demonstrar, formar juízo de),
entende-se, assim, no sentido jurídico, a denominação, que se faz, pelos meios legais, da
existência ou veracidade de um fato material ou de um ato jurídico, em virtude da qual
se conclui por sua existência do fato ou do ato demonstrado. A prova consiste, pois, na
demonstração de existência ou da veracidade daquilo que se alega como fundamento do
direito que se defende ou que se contesta.
De outra banda, para Moacyr Santos2, existem três acepções com que o
vocábulo “prova” é utilizado: a) às vezes, é utilizado para designar o ato de provar, é
dizer a atividade probatória; é nesse sentido que se diz que àquele que alega um fato
cabe fazer prova dele, isto é, cabe fornecer os meios que demonstrem a sua alegação; b)
noutras vezes, é utilizado para designar o meio de prova propriamente dito, ou seja, as
técnicas desenvolvidas para se extrair a prova de onde ela jorra; nesse sentido, fala-se
em prova testemunhal, prova pericial, prova documental etc.; c) por fim, pode ser
utilizado para designar o resultado dos atos ou dos meios de prova que foram
produzidos no intuito de buscar o convencimento judicial e é nesse sentido que se diz,
por exemplo, que o autor fez prova dos fatos alegados na causa de pedir.
Nesse sentido, tem-se a prova como fator essencial, na medida em que a
partir da colocação do homem como ser social e, por consequência sua convivência em
sociedade, há grande probabilidade de formação de conflitos, os quais poderão ser
solucionados mediante ajuizamento de uma demanda judicial (a qual busca resolver
conflitos, primando pela busca da justiça). A partir do momento em que se faz a
escolha pela intervenção do Poder Judiciário nos fatos da vida, surge, em regra, para
aquele que postula e também para aquele que se faz postulado, o dever de provar o que
alega. A prova forma, assim, a alma do processo, considerando seu poder de clarear as
dúvidas existentes em relação aos fatos narrados.
Não se pode olvidar - e importante se faz registrar- que a prova é direito
positivado na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, como, por
1
Silva, De Plácido e. Vocabulário jurídico conciso; atualizadores Nagib Slaibi Filho e Gláucia
Carvalho. – 1.ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 601.
2
Amaral, Moacyr Santos. Prova Judiciária no Cível e no Comercial. São Paulo: Max Limonad, s/a,
v.1, p.3/4.
9
exemplo, em seu art. 5º, LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”. Fazendo-se presente, igualmente, no inciso LVI do mesmo
dispositivo, em que resta observado que “são inadmissíveis, no processo as provas
obtidas por meios ilícitos”. Ou seja, às partes é assegurado o direito de defender-se
provando os fatos alegados, ficando, assim, claro que o direito a produção de provas é
garantia constitucional. Logicamente, o direito constitucional à prova não tem seu
esgotamento nos incisos suso mencionados, estando presente, também, de forma
implícita, em outras disposições da Constituição, tais como os incisos XXXV e LIV do
art. 5º.
De outra parte, há de se salientar, ainda, que quando da postulação ou defesa
em juízo, as partes poderão levantar questões apenas de norma jurídica (de direito) ou
questões de fato, ou ambas em conjunto. Caso as partes arguam apenas questões de
direito, a necessidade de se provar pode vir a ficar em segundo plano, pois, em geral,
são casos que se esgotam com a simples interpretação da lei, princípios, súmulas, etc. e,
o juiz as deve conhecer, sem a necessidade de um leque probatório. Por outro lado, caso
as partes venham a alegar questões que envolvam fatos cotidianos (questões de fato),
poderá ser necessário que os provem, isso porque, o juiz precisará formar um “juízo de
convicção”, para que lhe seja permitido decidir da forma mais justa3.
De acordo com o asseverado por João Batista Lopes é possível estudar a
prova sob dois aspectos diversos: o objetivo e o subjetivo. Sob o aspecto objetivo, é o
conjunto de meios produtores da certeza jurídica ou o conjunto de meios utilizados para
demonstrar a existência de fatos relevantes para o processo. Sob o aspecto subjetivo, é a
própria convicção que se forma no espírito do julgador a respeito da existência ou
inexistência de fatos alegados no processo4.
E sobre o mesmo aspecto:
3
No mesmo sentido, João Batista Lopes: “A pretensão deduzida pelo autor na petição inicial e a defesa
do réu, apresentada na contestação, podem estar assentadas em fatos e em normas jurídicas ou somente
em fatos ou, ainda, somente em normas jurídicas. Se as questões suscitadas pelas partes forem
exclusivamente de direito (v.g. interpretação da lei, aplicação de súmulas, princípios gerais de direito
etc.), caberá ao juiz resolvê-las logo após a fase postulatória, sem maiores delongas. Diversamente, se as
questões discutidas nos autos estiverem escoradas em fatos (isto é, acontecimentos da vida de que
decorrem consequências jurídicas), poderá ser necessário demonstrar-lhes a existência, quando negada.
Tem-se, pois, que as questões de direito não exigem demonstração, porque o juiz tem o dever de conhecê-
las (iura novit curia). E quanto às questões de fato, poderá haver necessidade de demonstrá-las, porque o
juiz, para decidir, terá de buscar a verdade (ou, ao menos, a verossimilhança, como quer parte da
doutrina)”. Lopes, João Batista. A prova no direito processual civil. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 25.
4
Ibdem, p. 26.
10
5
Junior, Fredie Didier; Braga, Paula Sarno; Oliveira, Rafael Alexandre de. Curso de direito processual
civil, v.2. 9ª edição – Bahia: Editora JusPodivm, 2014, p. 16.
6
Silva, De Plácido e. Vocabulário jurídico conciso; atualizadores Nagib Slaibi Filho e Gláucia
Carvalho. – 1.ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2008, p. 601.
11
1.1.2. Finalidade:
Fredie Didier Jr., Paulo Braga e Rafael Oliveira7 entendem que há
basicamente três teorias que visam a explicar qual a finalidade da prova: a) a que
entende que a finalidade da prova é estabelecer a verdade; b) a que sustenta ser sua
finalidade fixar formalmente os fatos postos no processo; c) a que entende que a sua
finalidade é produzir o convencimento do juiz, levando-o a alcançar a certeza necessária
à sua decisão.
A primeira teoria a respeito do estabelecimento da verdade fica um tanto
quanto prejudicada, pois, apesar de a verdade ser uma busca constante do ser humano,
sabe-se que a “verdade real” é fator impossível de se atingir, ou de se achar que foi
atingida. Ou seja, aquilo que realmente aconteceu é algo difícil de ser alcançado, pois,
apenas poderá se ter certeza das alegações que foram feitas e, essas sim, poderão ser
adjetivadas como falsas ou verdadeiras.
A segunda teoria se vincula ao fato de que as provas servirão para, ao
menos, demonstrar os fatos alegados pelas partes, pois se tem como superada a
circunstancia de que a verdade real seria atingida. Aqui, a ideia é de uma verdade
formal, ou seja, aquela que resulta do processo.
A terceira e última teoria entende que a prova tem como serventia formar o
convencimento do juiz acerca dos fatos narrados; porém, antes de atingir o
convencimento do magistrado, a prova se presta para o convencimento da própria parte
e do procurador que a produz, pois, só assim, convencidos de que tem em suas mãos
uma prova “forte”, as teorias e alegações feitas ganharão força para aí então estar apta a
formar um convencimento do juízo8.
Ensinam-nos Marinoni e Arenhart9 que a prova assume um papel de
argumento retórico, elemento de argumentação, dirigido a convencer o magistrado de
que a afirmação feita pela parte, no sentido de que alguma coisa efetivamente ocorreu,
merece crédito.
Acrescenta, ainda, que a função da prova é permitir o embasamento
concreto das proposições formuladas, de forma a convencer o juiz de sua validade,
diante da sua impugnação por outro sujeito do diálogo. É por essa razão que somente os
fatos (rectius, as afirmações de fato) controvertidos são objeto de prova; as afirmações
7
Junior, Fredie Didier; Braga, Paula Sarno; Oliveira, Rafael Alexandre de. Op. cit., p. 72.
8
Ibdem, p. 73.
9
Marinoni, Luiz Guilherme. Prova/ Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart – 2. ed. rev. e atual.
– São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 53/55.
12
de fato sobre as quais não se levanta (por nenhum dos sujeitos do processo) qualquer
dúvida são incontroversas e, portanto, estão fora da investigação processual (arts. 302 e
334, CPC, com a ressalva de que, ao contrário do que diz o último dispositivo, não são
os fatos que são incontroversos, mas sim as afirmações feitas sobre eles).
Afirma, também, que dirige-se a prova (ao menos no processo) à
argumentação exclusivamente relacionada às afirmações de fato, formuladas no interior
da relação processual – de regra, na petição inicial e na resposta do réu, já que esses são
os momentos próprios para a exposição das afirmações/proposições (e pretensões ou
exceções) pelas partes.
De acordo com Arenhart10, a função da prova é prestar-se como peça de
argumentação, no diálogo judicial, elemento de convencimento do Estado-Jurisdição
sobre qual das partes deverá ser beneficiada com a proteção do órgão estatal.
Complementa, afirmando que a prova, em direito, processual, então, assume
a condição de um meio retórico, regulado pela lei, e dirigido a, dentro dos parâmetros
fixados pelo Direito e de critérios racionais, convencer o Estado-juiz da validade das
proposições, objeto de impugnação, feitas no processo.
Assim, tem-se que o papel da prova, antes mesmo de adentrar no processo, é
de suma importância nas escolhas das partes, pois - dependendo do tipo, da força e da
relevância da prova - a parte poderá decidir o melhor caminho, as teorias, alegações e
argumentos que irá utilizar para dar credibilidade às suas alegações, e, mais uma vez, a
prova se mostra como vetor importante no deslinde da causa.
10
Arenhart, Sérgio Cruz. A verdade e a prova no processo civil. Disponível em:
http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/S%C3%A9rgio%20Cruz%20Arenhart(2)%20-%20formatado.pdf
Visto em: 06/08/2014.
11
Lopes, João Batista. Op. Cit., p. 36/37.
13
12
Para Fredie Didier Jr; Braga, Paula Sarno; Oliveira, Rafael Alexandre de. Essa classificação ganha
nome diverso, qual seja, “fontes de prova”. Op. Cit., p. 67.
13
Id.
14
SCOTTINI, Alfredo. Dicionário escolar da língua portuguesa/ compilado por Alfredo Scottini –
Blumenau: Edições TodoLivro, 1998, p. 325.
15
Lopes, João Batista. Op. Cit., p. 38.
14
situação de desvantagem. Não é um dever e, por isso mesmo, não se pode exigir o seu
cumprimento. Normalmente, o sujeito a quem se impõe o ônus tem interesse em
observá-lo, justamente para evitar essa situação de desvantagem que pode advir de uma
inobservância.
Nesse sentido, a doutrina costuma repartir/classificar o ônus da prova em
subjetivo e objetivo. Ou, ainda, como regra de instrução e regra de julgamento.
Isto é, o ônus da prova, e, um primeiro momento é dirigido às partes, elas
quem decidirão e serão responsáveis pelas provas de suas alegações, a fim de construir
um sólido juízo de fato. De acordo com Marinoni e Mitidiero17, como regra de instrução
o ônus da prova visa estimular as partes a bem desempenhar os seus encargos
probatórios e adverti-las dos riscos inerentes à ausência de prova de suas alegações.
De outra parte, o ônus pode ser visto por uma perspectiva objetiva (como
uma regra de julgamento), isto é, um mandamento voltado para o juízo que irá julgar,
isso decorre da insuficiência de provas nos autos, permitindo, assim, ao juízo que
indique qual das partes suportará o ônus da prova.
Assim, o ônus da prova segue uma bipartição de finalidade, pois serve para
orientar tanto as partes quanto o próprio órgão julgador.
A doutrina ainda chama atenção para o fato de que as alegações provadas,
não trazem consigo a relevância de quem as provou, o importante é que se fazem
presente e servirão para orientar e embasar o julgamento. Alertam, porém, que eventual
ausência da prova, poderá fazer com que o ônus objetivo se influencie pelo subjetivo, ou
seja, poderá haver uma influencia no julgamento do magistrado
A partir das considerações feitas, depreende-se que esta distribuição do ônus
da prova dá um norte ao andamento do feito e, se mostra efetiva em alguns casos;
porém, em determinados eventos, pode ser que não seja possível para aquele que está
incumbido de provar que produza a prova de maneira adequada. Assim, abre-se
discussão sobre a possibilidade de uma distribuição diversa da estabelecida.
16
Fredie Didier Jr; Braga, Paula Sarno; Oliveira, Rafael Alexandre de. Essa classificação ganha nome
diverso, qual seja, “fontes de prova”. Op. Cit., p. 75.
17
Marinoni, Luiz Guilherme. Código de processo civil: comentado artigo por artigo/ Luiz Guilherme
Marinoni, Daniel Mitidiero. - - 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, p. 335.
15
18
VICENTINI, Fernando Luiz. Teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova. Disponível em:
http://jus.com.br/artigos/24683/teoria-da-distribuicao-dinamica-do-onus-da-prova. Visto em: 25/07/2014.
19
Fredie Didier Jr; Braga, Paula Sarno; Oliveira, Rafael Alexandre de. Essa classificação ganha nome
diverso, qual seja, “fontes de prova”. Op. Cit., p. 79.
20
Ib.
16
21
Marinoni, Luiz Guilherme. Prova/ Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Op. Cit, p. 70.
22
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a
quem as patrocina.
17
23
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
24
Lopes, João Batista. Op. Cit., p. 51.
25
Fredie Didier Jr; Braga, Paula Sarno; Oliveira, Rafael Alexandre de. Essa classificação ganha nome
diverso, qual seja, “fontes de prova”. Op. Cit., p. 83.
18
26
Marinoni, Luiz Guilherme. Código de processo civil: comentado artigo por artigo/ Luiz Guilherme
Marinoni, Daniel Mitidiero.Op. Cit, p. 336/337.
19
Mais adiante, Arazi afirma que a teoria assim ficou conhecida “por sua
mobilidade para adaptar-se aos casos particulares, a fim de opô-la a uma ideia estática
igual para todos os supostos sem atender às circunstancias especiais”29.
Interessante se faz observar que a teoria surge, conforme ensinamento de
Jorge Peyrano30, a fim de mitigar a tarefa de o paciente de produzir a prova da conduta
27
JUNIOR, Antônio Janyr Dall’Agnol Distribuição dinâmica dos ônus probatórios. Disponível em:
http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/17459-17460-1-PB.pdf. Visto em: 20/04/2015.
28
ARAZI, Roland. La prueba em el Proceso Civil. Buenos Aires: Ediciones La Rocca, 1998, p. 106.
29
Id.
20
30
PEYRANO, Jorge W. Lineamentos de las cargas probatorias “dinámicas”. In: PEYRANO, Jorge W.;
White, Inés Lépori (org.). Cargas probatorias dinâmicas. Santa Fe: Rubinzal-Culzoni Editores, 2004. P.
12.
31
AIRASCA, Ivana Maria. Reflexiones sobre la doctrina de las cargas probatorias dinámicas. In:
PEYRANO, JORGE W. (director); White, Inés Lépori (Coordinadora). Cargas probatorias dinâmicas. 1ª
ed. Santa Fe: Rubinzal-Culzoni, 2008.
32
PEYRANO, Jorge W. Nuevos liniamentos de las cargas probatorias dinâmicas. In: Peyrano, Jorge
W. (director); White, Inés Lépori (coordenadora). Cargas probatorias dinâmicas. 1ª Ed. Santa Fe:
Rubinzal – Culzoni, 2008., p. 19.
21
33
CARPES, Artur. Ônus dinâmico da prova./ Artur Carpes. – Porto Alegre: Livraria do Advogado
Editora, 2010, p. 128.
34
Ibdi, p. 129.
35
Id.
36
Ibdi, p. 130.
22
37
Ibdi, p. 137
38
Ibdi, p.. 133
39
Idi.
23
decisão para uma fase de cognição sumária e superficial dando às ao ônus objetivo da
prova40.
Já para aqueles que dão maior importância ao ônus subjetivo da prova, o
magistrado deverá se pronunciar logo na abertura da fase instrutória, fazendo com que
os litigantes fiquem cientes de seus encargos bem como dos riscos advindos, caso não
possam suportá-los.
De acordo com Danilo Knijnik41:
“Caso dinamizado o ônus da prova após o encerramento da instrução, sem
oportunizar aos litigantes a produção de prova complementar ou não, ter-se-
ia situação de ofensa ao princípio do contraditório”.
40
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros, 2001,
p. 81-83.
41
KNIJNIK, Danilo. A prova nos Juízos Cível, Penal e tributário. Rio de Janeiro: editora forense –
2007, p. 102.
42
CARPES, Artur., Op. Cit., p. 136
43
Ibdi., p. 137.
44
Ibdi., p. 138.
24
45
ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. Do formalismo no processo civil. 3 ed. São Paulo:
Saraiva, 2009, p. 2.
46
Ibdem, p. 14.
25
47
ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. Curso de processo civil: volume 1: teoria geral do
processo civil e parte geral do direito processual civil. / Alvaro de Oliveira, Daniel Mitidiero – 2 ed. –
São Paulo: Atlas, 2012, p. 07.
48
Ibdem, p. 08.
49
MITIDIERO, Daniel Francisco. Colaboração no Processo Civil - Pressupostos Sociais, Lógicos e
Éticos, 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011 – pg. 114.
26
50
CAVANI, Renzo. Contra as “nulidades-surpresa”: o direito fundamental ao contraditório diante
da nulidade processual. Disponível em: http://www.academia.edu/3472106/Contra_as_nulidades-
surpresa_a_nulidade_processual_diante_do_direito_fundamental_ao_contradit%C3%B3rio_vers%C3%A
3o_online_. Visto em: 01/04/2015
51
ALVARO DE OLIVEIRA, Carlos Alberto. Op. Cit, p. 78
52
Ibdem., p. 79.
27
que este se negue a receber advogados, fator, aliás, que atua como forte
elemento de deslegitimação do Poder Judiciário perante a sociedade civil).
53
MITIDIERO, Daniel Francisco. Op. Cit., p. 155-156
28
que tange a matéria de provas dentro do processo civil brasileiro. O estudo em questão,
levará mais em conta as novidades dispostas nos §§ 1º e 2º, isso porque, dali surge a
introdução e normatização da técnica da dinamização do ônus da prova.
Consoante o disposto pelo art. 373, § 1º, em análise do caso concreto, diante
das peculiaridades da causa, poderá haver atribuição/flexibilização do ônus da prova
pelo juiz, devendo a decisão ser motivada. Colhe-se, assim, que em existindo uma das
partes em melhores condições para a produção de uma determinada prova, o juízo
poderá redistribuir o encargo probatório.
Abre-se a possibilidade para que o juiz, em entendendo necessário, utilize-
se dessa regra para chegar o mais próximo possível da verdade.
Nesse sentido, Artur Carpes54, entende que com a técnica da dinamização
abre-se franca possibilidade para o juiz atuar em prol da tutela do direito material,
alterando a distribuição do ônus probandi a fim de colher a máxima efetividade na
cooperação das partes para a formação do juízo de fato.
Importante destacar o que estabelece o § 2º do art. 373, o qual enfatiza a
impossibilidade da dinamização caso gere situação de desincumbência impossível ou
excessivamente difícil. Vedada, portanto, a redistribuição em caso das provas
conhecidas como “´provas diabólicas”.
Ainda, sobre a decisão que redistribuir os encargos probatórios, somente
poderá ser feito por decisão devidamente fundamentada e observando/primando pelo
contraditório. Deverá ser ainda, oportunizado a parte para a qual recaiu o ônus a
possibilidade para que seja cumprido seu novo encargo.
A inserção dos novos parágrafos no Novo Código de Processo Civil dará
aos participantes do processo maior segurança jurídica, pois será oportunizado o
conhecimento prévio acerca da nova distribuição dos encargos probatórios e há maior
garantia no que tange a sua aplicação em face da normatização bem como da aplicação
dos requisitos presentes.
Ademais, o Novo CPC está adequado à evolução da sociedade,
aproximando-se cada vez mais da realidade contemporânea. A participação ativa de
todos os participantes do processo e a colaboração dos mesmos coadunam o conceito de
formalismo-valorativo e trazem para o processo uma busca mais intensa pela verdade.
Espera-se que com a colocação do artigo no texto da lei, o processo se torne cada vez
mais um instrumento para a busca de decisões justas acerca dos problemas evidenciados
54
CARPES, Artur. Op. Cit., p. 114.
30
e que a investigação pela realidade dos fatos seja facilitada mediante a dinamização dos
encargos probatórios.
55
BARBERIO, Sérgio José. ? Qué debe probar el que no puede probar?. In PEYRANO, Jorge W.
(director); WHITE, Inés Lépori (Coordinadora). Cargas probatorias dinâmicas. 1ª ed. Santa Fe: Rubinzal
– Culzoni, 2008., p. 99-105. P. 101.
56
Ibid., p. 102.
31
57
CARPES, Artur. Op. Cit. p. 123-124.
58
CARPES, Artur. Op. Cit. p. 125-126.
32
CONCLUSÃO
Vale ressaltar que a distribuição dinâmica do ônus da prova não deverá ser
aplicada quando acarretar a produção de prova diabólica reversa, isto é, quando as
partes estiverem em situação igualmente dificultosa ou até mesmo impossível para a
produção da prova não deverá a parte que não detinha a incumbência ser indevidamente
onerada. Importante, ainda, a menção de que a decisão que distribuir de forma dinâmica
o ônus da prova deverá ser devidamente motivada pelo juízo da causa, dando a devida
oportunidade para que a parte agora onerada se desincumba de seu novo ônus, sob pena
de violação a direitos fundamentais como o do devido processo legal, contraditório,
entre outros.
Assim, diante dos pontos trazidos no presente trabalho, verifica-se que a
técnica da dinamização do ônus da prova surge como elemento fundamental para a
conformação do processo civil contemporâneo com as normas e princípios presentes na
Constituição Federal, realizando papel fundamental na busca pela verdade dos fatos,
envolvendo ativamente as partes do processo, inserindo de modo sagaz o dever de
colaboração e, principalmente, contribuindo para a efetivação da tutela jurisdicional e a
concretização real da justiça perante os percalços cotidianos encarados pela sociedade.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JUNIOR, Fredie Didier; Braga, Paula Sarno; Oliveira, Rafael Alexandre de. Curso de
direito processual civil, v.2. 9ª edição – Bahia: Editora JusPodivm, 2014.
KNIJNIK, Danilo. A prova nos Juízos Cível, Penal e tributário. Rio de Janeiro:
editora forense – 2007.
LOPES, João Batista. A prova no direito processual civil. 2. ed. rev., atual. e ampl. –
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.