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FORMAÇÃO TEOLÓGICA ::: Curso Livre

NÍVEL MÉDIO

SUMÁRIO
A LEI DE DEUS ............................................................................................................................................................... 2
A LEI PASSOU? ................................................................................................................................................................ 2
DIVERSAS LEIS ................................................................................................................................................................ 3
A Lei Cerimonial......................................................................................................................................................... 4
A DOUTRINA DO SÁBADO .......................................................................................................................................... 5
DIFERENTES INTERPRETAÇÕES (TEOLOGIAS) .................................................................................................................. 5
Visão Legalista ........................................................................................................................................................... 5
Visão Materialista ...................................................................................................................................................... 5
Visão Antinominista .................................................................................................................................................... 5
Visão Bíblico-Cristã ................................................................................................................................................... 5
A ORIGEM DO SÁBADO .................................................................................................................................................... 5
Teólogos da Crítica Radical ....................................................................................................................................... 5
Teólogos Neo-Ortodoxos ............................................................................................................................................ 5
Teólogos Evangélicos Divergentes ............................................................................................................................. 6
Teólogos Evangélicos de Outras Denominações ........................................................................................................ 6
O SÁBADO NO NT ........................................................................................................................................................... 6
Nos Evangelhos .......................................................................................................................................................... 7
No Livro de Atos ......................................................................................................................................................... 9
Nas Epístolas Paulinas ............................................................................................................................................. 10
No Apocalipse ........................................................................................................................................................... 10
O PRIMEIRO DIA DA SEMANA ........................................................................................................................................ 11
CONCLUSÃO .................................................................................................................................................................. 12
A ÚLTIMA RESTAURAÇÃO - “AINDA RESTA UM REPOUSO” .......................................................................................... 12
Hebreus 4:1-13 ......................................................................................................................................................... 12
HARMONIA ENTRE FÉ E OBRAS ............................................................................................................................ 13
TIAGO X PAULO ............................................................................................................................................................ 13
O BODE AZAZEL – JESUS OU SATANÁS? ............................................................................................................. 14

A VOLTA DE JESUS ..................................................................................................................................................... 15


COMO SERÁ? ................................................................................................................................................................. 15
Pessoal ...................................................................................................................................................................... 15
Visível ....................................................................................................................................................................... 16
Gloriosa .................................................................................................................................................................... 16
O EQUIVOCADO ENSINO DO ARREBATAMENTO SECRETO ............................................................................................. 16
A REFORMA DE SAÚDE ............................................................................................................................................. 17
TEXTOS MAL INTERPRETADOS ...................................................................................................................................... 18
Mat. 15:11 ................................................................................................................................................................ 18
1Cor. 10:25-27 ......................................................................................................................................................... 18
1Tim. 4:3-5 ............................................................................................................................................................... 18
Atos 10 ...................................................................................................................................................................... 19
PREDESTINAÇÃO ........................................................................................................................................................ 20

DOUTRINA DO SANTUÁRIO ..................................................................................................................................... 20


A PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO EM DN 8:14 ................................................................................................................ 21
DESENVOLVIMENTO DAS 70 SEMANAS .......................................................................................................................... 22
FINAL DOS 2300 ANOS .................................................................................................................................................. 23
BIBLIOGRAFIA BÁSICA E SUPLEMENTAR ......................................................................................................... 24
FONTES DE BONS ARTIGOS TEOLÓGICOS....................................................................................................................... 24

TEMAS TEOLÓGICOS II 1
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TEMAS TEOLÓGICOS
Apontamentos em Sala de Aula, SALT-IAENE
Matéria “Temas Teológicos”, Dr. João Antônio

A LEI DE DEUS

A Lei Passou?
Infelizmente, aqueles que professam o Cristianismo em nossos dias, em sua grande maioria, pregam
um desprezo à Lei de Deus, que beira a blasfêmia. Deus escreveu, com Seu próprio dedo em tábuas de pedra,
os 10 princípios que deveriam ser seguidos pelo Seu povo em todas as eras, pois tal Lei é o próprio reflexo
do caráter do Senhor (cf. Êx 31:18; Jr 31:33; Hb 8:10). Por toda a Bíblia vemos que Ele sempre transmitiu
mensagens de chamado à obediência para com a Lei moral. Através dos escritores bíblicos, muitas foram as
mensagens que deveriam servir de motivação para que o povo nunca se afastasse do cumprimento da Lei (cf.
Sal. 89:30-32; todo o Sal. 119; Êx 16:14; Pv 7:2; Jr 9:13; 16:11; Os 8:1, 12; etc.).
Hoje em dia, porém, muitos alegam que “a Lei passou”, pois vivemos no chamado “tempo da graça”.
Ora, isso soa estranho aos ouvidos de quem realmente conhece a Bíblia, pois a Lei e a graça sempre andaram
juntas. A graça não existiu somente a partir do ministério terrestre de Jesus (cf. Sal. 6:4; 13:5; 40:10-11;
62:12; 66:20; 69:13; 89:14; Is 60:10; Zc 12:10; etc.); bem como a Lei moral não foi abolida na Cruz (cf. Mt
5:17-19; At 24:14; Rm 2:13; 3:20, 31; 7:7-8, 12; Tg 1:25; todo o cap. 2 de Tiago; 1Jo 3:4; etc.).
Importantes estudiosos não-adventistas têm afirmado que não devemos rejeitar o Antigo Testamento e
seus ensinos, dando valor apenas ao Novo Testamento, especialmente porque eles estão intimamente ligados.
Dentre estes teólogos, podemos citar D. A. Carson, Douglas J. Moo e Leon Morris, que na sua Introdução ao
Novo Testamento dizem o seguinte:

“... Não há nenhum indício de que os escritores do Novo Testamento queiram rejeitar alguma parte do
Antigo Testamento canônico sob a alegação de ser incompatível com sua fé cristã em desenvolvimento.
Paulo chega a insistir em que o motivo pelo qual as ‘Escrituras’ foram escritas foi a instrução e o
encorajamento dos cristãos (Rm 15:3-6)” (p. 546).

Aqueles que estudam a Bíblia destituídos de preconceitos verão claramente que há uma Lei que nunca
passou, nem passará, pois como poderíamos imaginar um Deus Criador e Mantenedor que não tem uma Lei
para dirigir e julgar a vida do Seu povo?! Chega a ser um absurdo pensar assim!
Porém, acontece um fato curioso entre aqueles que esbravejam com tanto zelo a mensagem de que a
“Lei passou”. Se você indagar qualquer pessoa que considera que a Lei de Deus não mais deve ser observada
pelos cristãos atuais, verá que a questão não é a Lei em si, pois há 9 pontos da Lei Moral que os protestantes
aceitam sem pestanejar, enquanto que os católicos, apenas 8. Por exemplo, em qualquer igreja evangélica,
uma pessoa que cometer adultério, assassinato, furto, idolatria, etc., certamente passará por alguma sanção
disciplinar, podendo ser até mesmo excluída da comunhão da igreja.
Ora! Se “a Lei” passou, então porque condenar as pessoas que a transgridem? Se vivemos hoje no
chamado “tempo da graça”, porque então a quebra dos Mandamentos não é imediatamente perdoada e

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relevada, uma vez que, como dizem, tal Lei não mais existe como norma para o povo de Deus dos nossos
dias? Por que os protestantes condenam os católicos romanos pela adoração de imagens, se os primeiros
acreditam que a Lei não vale mais (cf. Êx 20:4-6)? Os católicos romanos, pelo menos aqui, são mais
sinceros, pois não ficam dizendo que os 10 Mandamentos passaram; o que aconteceu, dizem os católicos
romanos, foi que a igreja deles simplesmente mudou a Lei – basta conferir no Catecismo.
Ou seja, tanto os católicos romanos, quanto os protestantes contrários à Lei, cometem o mesmo
equívoco teológico, pois desprezam as claras palavras que o Todo-Poderoso do Universo escreveu com Sua
própria caligrafia divina (cf. Êx 31:18) – a única parte da Lei que Deus não permitiu ao homem escrever por
si mesmo!
Vemos, então, que aqueles que afirmam que a Lei passou, na verdade, estão agindo de má fé, pois o
que eles querem atacar não é a Lei como um todo, pois está evidente que as igrejas protestantes continuam
seguindo 9 Mandamentos. O que está realmente na mente destas pessoas é a nulidade do 4º Mandamento,
exatamente o que requer a adoração ao Senhor no dia em que Ele determinou – o sábado do sétimo dia (cf.
Gên. 2:1-3; Êx 16:1-5; 20:8-11).
É muito claro nas páginas das Escrituras, como vimos até aqui, que a Lei moral dos 10 Mandamentos
nunca passou, e permanece até hoje como a norma pela qual o Senhor “medirá” o caráter daqueles que
professam o nome de Cristo em suas vidas (cf. Tg 2:10-12; Mt 7:21-23; João 14:15; 1Jo 2:4).
Por esta razão, os Adventistas levantam bem alto a bandeira da guarda incondicional dos 10
Mandamentos da Lei moral de Deus, não como meio de salvação, mas como demonstração de amor e
gratidão pela graça que Deus derrama abundantemente em nossas vidas, e mais ainda porque Ele mesmo é
quem concede o poder necessário para guardarmos a Lei (cf. Sal. 37:25; 1Pe 1:2; Dt 28:13; Tt 3:3-7; Ef
2:10).

Diversas Leis
Basta uma olhada rápida na Bíblia para percebermos que os seus escritores tratam de mais de um tipo
de Lei. Por exemplo: em alguns momentos ela é considerada abolida por Cristo (cf. Ef 2:15), mas em outros
ela é chamada de “lei da liberdade” (cf. Tg 2:12). Há alguma contradição no texto bíblico? Os autores estão
ensinando doutrinas opostas? Ou será que eles estão tratando de leis diferentes?! Tomemos o exemplo de
Paulo:
Em Ef. 2:5 o apóstolo diz que Jesus “aboliu na sua carne a lei dos mandamentos na forma de
ordenanças”. Porém, no mesmo livro, em 6:1-3, Paulo aconselha os filhos a seguirem um Mandamento da
Lei moral, que trata da honra devida ao pai e à mãe (cf. Êx 20:12). Como é possível!? A lei foi ou não
abolida com o sacrifício de Cristo? Paulo está se contradizendo? Ou será que ele está tratando de duas leis
diferentes? Parece que esta última é a única alternativa lógica para solucionarmos tão “aparente”
discrepância bíblica.
É claro que o grande apóstolo da graça tinha conhecimento de que existiam leis diferentes que
conduziam a vida do povo de Deus, na época representando por Israel. Haviam as leis civis, que tratavam de
assuntos ligados ao dia-a-dia comercial, político, econômico, familiar, pecuniário, etc (cf. Lv 25:35-38; Dt
15:12-18; etc.); haviam as leis de higiene, destinadas a manter um ambiente livre de contaminações (cf. Dt
23:9-14); tinham também as leis destinadas à distinção entre animais limpos e imundos (cf. Lv 11);
também aquelas referentes aos sacrifícios expiatórios do Santuário, com todo o seu ritual e símbolos que
apontavam ao Messias – estas eram as chamadas “leis cerimoniais” (podem ser vistas, por exemplo, em

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quase todo o livro de Levítico); assim como também havia a Lei moral, baseada nos 10 Mandamentos
entregues a Moisés no Sinai (cf. Êx 20).

A Lei Cerimonial
Dessas leis, a Bíblia mostra que Jesus “cravou na cruz” aquela que tratava dos aspectos simbólicos que
deveriam retratar o Messias vindouro, o “Cordeiro” que resgataria o povo de Deus da escravidão do pecado
(cf. Is 53). Todo esse cerimonialismo (ofertas de animais, derramamento de sangue inocente, purificações
rituais do santuário, festas nacionais, etc.), TUDO se cumpriu no sacrifício perfeito e eficaz que o Senhor
Jesus Cristo realizou por nós no Calvário. Era dessa lei que Paulo estava tratando em Ef 2:15, uma lei
baseada em “ordenanças” – figuras.
Portanto, uma razão porque muitos confundem o tema do sábado na Bíblia é que não entendem (ou
não querem entender) que ela fala de dois “tipos” diferentes de sábados:
1. Os do 4º mandamento, que ocorriam no sétimo dia de cada semana, e não tinham nenhuma
aplicação transitória (cf. Gên. 2:1-3; Êx 20:8-11; Is 56:1-8; Ez 20:12, 20; Lc 4:16; At 18:1-4; etc.);
2. Os sábados festivos, que eram as comemorações que o povo de Israel realizava anualmente, e que
podiam cair em qualquer dia da semana, cuja aplicação era passageira, pois apontava ao trabalho futuro do
Messias como Libertador do povo de Deus (cf. Col. 2:16; Os 2:11; Lv 23; etc.).
Os sábados do 4º mandamento nunca passaram. Porém, os sábados “cerimoniais” tiveram seu
cumprimento na vida, morte e ressurreição de Cristo. Vejamos mais detalhes...
A palavra SÁBADO (ou SHABBATH) significa “descanso”, algo parecido com os nossos “feriados”.
Assim como em nosso País, os israelitas tinham alguns “sábados” (feriados) anuais (os mais importantes
estão descritos abaixo). Durante estes dias, eles não realizavam qualquer trabalho, pois eram considerados
dias de “santa convocação”. A melhor referência que encontramos sobre os sábados cerimoniais encontra-se
no cap. 23 de Levítico, onde são identificados cada um deles. Vejamos...
Lv 23:1-2 – Deus declara que as “festas fixas” serão momentos de convocação do povo à santidade e
reflexão, pois eram festas que tinham uma aplicação espiritual muito forte para o povo.
23:3 – Antes de entrar nos sábados cerimoniais, Deus relembra o povo sobre a santidade do sábado do
sétimo dia. Veja que o Senhor mostra a distinção deste sábado semanal para os outros, que são anuais e
podiam cair em qualquer dia da semana.
23:4-8 – A Páscoa, que era comemorada no 14º dia do 1º mês (NISAN, equivalente a março-abril do
nosso calendário).
23:9-14 – As Primícias, que eram comemoradas no período da colheita.
23:15-25 – O Pentecostes, comemorado no 1º dia do 7º mês (TISRI, equivalente a setembro-outubro
no Brasil).
23:26-32 – Dia da Expiação, comemorado no 10º dia do 7º mês. Era o encerramento do ano religioso,
com a purificação do santuário.
23:33-36 – Festa dos Tabernáculos, comemorada do 15º ao 22º dias do 7º mês. Era toda uma semana
de festas.
O v. 38 deixa muito claro que estas “festas fixas”, ou “sábados”, eram diferentes dos “sábados do
Senhor”, que eram os sábados semanais do sétimo dia.
Um estudo sincero da Bíblia mostrará que haviam estes dois grupos de sábados. Os que passaram
foram os sábados “cerimoniais”, constituídos por estas festas anuais.

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Porém o sábado do 4º mandamento, que o Senhor sempre chama de “os Meus sábados” (cf. Ez 20:12,
20; 44:24; Êx 31:13; Lv 19:3, 30; Is 56:4; etc.), nunca passou, sendo exemplificado na vida de Jesus e dos
santos apóstolos (cf. Lc 4:16; 23:54-56; At 16:1-5; etc.).

A DOUTRINA DO SÁBADO
Baseado nos apontamentos em Sala de Aula, SALT-IAE
Prof. José Miranda Rocha

Diferentes Interpretações (Teologias)

Visão Legalista
O crente deve observar o sábado para ser salvo, ou melhor, “o sábado salva”.

Visão Materialista
O sábado é um dia de solene repouso em exclusivo benefício do ser humano. Culto e adoração a Deus
são secundários.

Visão Antinominista
Anti = contrário
Nomos = lei
Para estes religiosos, o sábado é um sinal de escravidão à lei. A liberdade do Evangelho permite que o
crente repouse em qualquer dia da semana. Esta teoria também é chamada de Pan-Sabatismo, adotado
principalmente pelas Testemunhas de Jeová e pela Congregação Cristã, além de outros grupos protestantes.
Você já deve ter ouvido alguém dizer: “Eu guardo todos os dias, por isso não preciso guardar o sábado!”.

Visão Bíblico-Cristã
O sábado é um sinal de jubilosa celebração dos atos criadores e redentores de Deus. É um período de
24 horas para celebrar as boas novas da perfeita Criação, da completa Redenção do pecado e as boas novas
da Restauração final.
Esta é a visão Adventista do 7º Dia.

A Origem do Sábado
As diferentes Escolas Teológicas dão origens diversas para o sábado:
Teólogos da Crítica Radical
O sábado é uma herança babilônica ou uma herança cananita.

Teólogos Neo-Ortodoxos
Karl Barth é o nome mais representativo deste segmento.
Eles vêem o sábado como um sinal distintivo do concerto feito com Deus e Seu povo no Antigo
Testamento. Para eles, o sábado nada mais é do que uma intenção do concerto de Deus com o homem.

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Dizem que o sábado mostra o significado do concerto de graça e redenção que deveria ser cumprido
em Cristo. Mas o sábado, como enunciado no AT, expressava um tipo de relacionamento particular entre
Deus e Israel, e não entre Deus e o povo cristão (após Cristo).
Eles dizem ainda que o sábado era o sinal da graça. Mas quando Cristo veio, obviamente não precisou
mais do sinal, pois Ele trouxe verdadeiramente a graça.
Teólogos Evangélicos Divergentes
Estes se dividem em duas teorias:

1. Teoria Evangélica do Sábado Transferido


Aceitam o sábado do sétimo dia como uma ordenança da criação (Gên 2:1-3; Êxo. 20:11), mas dizem
que o significado do sábado como ordenança divina foi transferido para o domingo, como memorial da Nova
Criação. O apelo final a favor do argumento da transferência se estabelece em 3 textos do N T: Atos 20:7;
1Cor. 16:2; e Apoc. 1:10.

2. Teologia Evangélica do Sábado Abolido


O Sábado como ordenança da criação foi abolido, pois apontava apenas para uma instituição israelita e
judaica, num relacionamento entre o povo e o Seu Deus no AT. Uma teologia do domingo defende que
Cristo aboliu o sábado como um dia santo. Portanto, o domingo como instituição é pós-apostólico.

Teólogos Evangélicos de Outras Denominações


1. Nazarenos - Cada Sétimo dia pertence a Deus, sem levarmos em conta a nomenclatura da semana
(“Sábado”).
2. Mórmons - De acordo com a visão de Joseph Smith (no dia 07 de Agosto de 1831, a qual
denominou “A Doutrina e Concertos”), diz que não há uma ligação entre o dia do Senhor e o domingo. Os
Mórmons são, então, orientados a adorar o dia santo de Deus, só que eles acabam elegendo o domingo como
este dia santo de Deus. Eles não são contra o sábado. Só que, mesmo sem base, acabam se reunindo aos
domingos.
3. Testemunhas de Jeová - Dizem que o sétimo dia da criação corresponde a um período de 1.000
anos que deve ser inaugurado após a batalha do Armagedom. O sétimo dia é visto como o reinado sabático
de Cristo. Os membros desta denominação não reconhecem nenhum dia semanal como dia de repouso. Eles
ensinam que cada dia no qual você expressa fé e obediência a Deus é um dia santo.
4. Batistas do Sétimo Dia - O sábado é um símbolo do batismo permanente do Espírito Santo e
ordenado por Deus para significar Sua própria presença no tempo e na eternidade. O sábado é visto como
símbolo unificador dos povos mundiais, mediante as obras da redenção e restauração realizadas por Cristo no
dia de sábado.

O Sábado no NT
Como é inquestionável a presença da santidade do Sábado no AT (cf. Gên. 2:1-3; Êx 20:8-11; Ezeq.
20:12 e 20; etc.), vamos nos deter mais no estudo desta doutrina segundo o NT, pois os que insistem em
pregar que o sábado passou, e que os cristãos estão hoje desobrigados de sua observância, afirmam
apoiarem-se nos ensinamentos de Jesus ou dos apóstolos para justificarem tal mudança na Lei.
Mas Jesus realmente ensinou que o sábado não mais deveria ser guardado? Aboliu o Senhor este
mandamento, e colocou o domingo em seu lugar, como o dia de adoração para os cristãos?
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Vejamos o que diz a Palavra do Senhor, pois o sábado aparece mais de 60 vezes no Novo Testamento.

Nos Evangelhos
a) Mt 12:1-14 (cf. Mc 2:23-3:6; Lc 6:1-11)
Nesta passagem Jesus é interrogado por estar colhendo espigas no sábado. São os fariseus que
condenam esta ação, pois eles haviam sobrecarregado o sábado com inúmeras “mini-leis”, que deveriam
disciplinar a observância desse dia. Jesus, então, responde com a famosa frase: “O Filho do Homem é Senhor
do sábado”. Ora, Jesus é Senhor de tudo, INCLUSIVE do sábado. Esta declaração não dá nenhuma margem
para que o sábado fosse abolido ou minimizado; apenas demonstra que Jesus possuía (e possui) uma
autoridade superior àquela que os fariseus estavam dando a Ele, ou seja, para os fariseus Jesus não passava
de um impostor, mas o Mestre demonstrou o erro dos “doutores”, ao declarar que o sábado era um dia criado
por Ele, por isso, apenas Ele tinha total autoridade sobre esse dia.
Em seguida, surge a situação da cura do homem da mão ressequida. Jesus já sabia muito bem que os
fariseus não concordariam com uma cura realizada no sábado, mas o Senhor conhecia os corações hipócritas
desses líderes, que estavam dispostos a sacrificar uma vida humana (especialmente se fosse de um pobre)
mas não achavam errado socorrer um animal ferido no sábado, quando isso pudesse trazer algum retorno
financeiro para eles.
A passagem em questão termina de forma bastante interessante (cf. Mt 12:14), pois os fariseus
estavam acusando Jesus de “transgredir” a Lei, mas eles próprios não estavam se dando conta de que um
mandamento também dizia para “não matar”. Que ironia!
O evangelho de Marcos (2:27) acrescenta a declaração de Jesus de que o “sábado foi feito por causa
do homem, e não o homem por causa do sábado”. Isto é perfeitamente compreensível e verdadeiro, pois tudo
neste mundo (natureza, animais, igreja, família, sexo, salvação, sábado, perdão, etc.) foi criador pelo Senhor
para benefício da Sua mais importante criatura – o homem. Tudo foi feito “por causa”, ou seja, em benefício
do homem. Dizer que nesta declaração Jesus está afirmando que não precisamos obedecer ao mandamento
do sábado é, no mínimo, um desprezo às mais elementares regras de interpretação de texto.

b) Mt 24:20
Esta é uma passagem que demonstra a verdadeira noção de importância que Jesus dava ao dia de
sábado. Nesta profecia, o Senhor declara que a fuga dos discípulos nos períodos de tribulação não deveria
ocorrer no sábado, pois isto certamente os encontraria desprevenidos por estarem envolvidos na preparação e
santidade deste dia. Jesus foi tão preciso em Sua profecia, que o exército romano entrou e destruiu Jerusalém
no ano 70 d.C., ou seja, aproximadamente 40 anos após Jesus ter feito a declaração de Mt 24:40 (e o
impressionante é que os relatos históricos dizem que nenhum cristão morreu durante esta invasão). Que
importante e inquestionável testemunho da validade que o sábado tem na vida de adoração do crente, mesmo
após a ressurreição do Salvador! Jesus desejava que o sábado permanecesse como dia de adoração, mesmo
após Sua morte e ressurreição, como fica evidente pela leitura desta passagem. Este é um dos muitos versos
que os inimigos do sábado nem mencionam, pois não conseguem explicá-lo sem distorcer o real sentido da
passagem.

c) Mt 28:1-10 (cf. Mc 16:1-11; Lc 24:1-12; João 20:1-10)


Este texto trata da ocasião em que Jesus foi crucificado e ficou durante o sábado na sepultura.
Novamente, em nenhum momento há qualquer menção sobre a abolição do sábado para os cristãos. Há o

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relato histórico de que foi numa sexta-feira (chamado de “dia da preparação” para o sábado – Mc 15:42) que
Jesus foi crucificado, permanecendo durante todo este dia na sepultura, e ressuscitando apenas na madrugada
do domingo. Interessante notar que este foi o único dia em que Jesus ficou integralmente na sepultura,
“descansando” do mesmo modo como havia feito na Criação (cf. Gên. 2:1-3; João 1:1-14).

d) Lc 4:16
Que texto maravilhoso! Uma declaração absolutamente clara de que era “costume”, ou seja, era um
hábito normal de Jesus estar na sinagoga (a igreja da época) no dia de sábado. Ele, como Criador e
Mantenedor de tudo, não poderia deixar de lado algo que Ele mesmo criou, santificou, abençoou e deixou
como exemplo para toda a humanidade. Este é outro texto que os inimigos do sábado não conseguem
argumentar contra, sem distorcer o que a Bíblia está ensinando.

e) Lc 13:10-14:6 (cf. João 5:9-9:16)


Novamente Jesus é interrogado sobre a legalidade de se realizarem curas no sábado. É evidente que
não se pode usar o sábado como desculpa para não operar o bem ao próximo. Os fariseus, porém, atolados
em sua hipocrisia e ganância, preferiam “fechar os olhos” para algo tão claro, revelado no amor de Deus. O
texto é muito evidente em dizer que os fariseus “nada puderam responder” a Jesus (cf. Lc 14:6).

f) Lc 23:56
Outro verso para o qual os inimigos do sábado não conseguem dar uma explicação eficaz e verdadeira,
sem distorcer o texto bíblico. Se Jesus REALMENTE havia ensinado ou insinuado que o sábado era
desnecessário na Nova Aliança, e que o “tempo da graça” havia chegado, por que estas mulheres
continuaram guardando-o? Não havia chegado a hora de coloca este “jugo” de lado, como o dizem muitos
hoje? Estas santas mulheres, que permaneceram ao lado de Jesus durante Seu ministério terrestre; que
ouviram os ensinamentos divinos dos lábios do próprio Senhor do Universo; que sabiam das respostas que
Jesus havia dado aos fariseus acerca do tema do sábado, como vimos anteriormente; que presenciaram a
crucifixão do Seu Mestre; estas mulheres não abandonaram o mandamento do sábado quando Jesus morreu,
e muito menos adoraram no domingo, como fazem muitos dos “seguidores” de Jesus da atualidade. Elas
permaneceram fiéis à Lei do Senhor, e “descansaram segundo o mandamento” (cf. Êx 20:8-11).

É muito fácil distorcer o texto bíblico, ou qualquer outro texto interpretativo, para favorecer um
pensamento pessoal de um indivíduo ou denominação. Mas o Espírito Santo ajuda àqueles que,
sinceramente, buscam descobrir a verdade acerca do viver que agrada ao Senhor. Não encontramos em
nenhum lugar da Bíblia a palavra “domingo”, nem qualquer menção à mudança do sétimo para o primeiro
dia da semana, nem por Jesus, nem pelos Seus apóstolos (como veremos adiante).
Os Adventistas do Sétimo Dia sentem-se felizes e aliviados por terem a plena certeza de que a bênção
do Senhor está sempre sobre aqueles que fazem Sua vontade, apesar de possíveis perseguições, humilhações,
escárnios ou desprezo daqueles que fecham os olhos para o claro ensino bíblico acerca do verdadeiro dia do
Senhor – o sábado (cf. Ap 1:10: Is 58:13; João 20:1, 19). Nosso próprio nome já é um testemunho ao mundo
de que Jesus é o Senhor da Igreja Adventista do 7º Dia (cf. Ez 20:12, 20).

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No Livro de Atos
Este livro é muito esclarecedor porque nos mostra um resumo de como era a vida na Igreja que estava
iniciando seus primeiros passos. Certamente é no livro de Atos que poderemos encontrar alguma base de
autoridade para a rejeição atual do sábado do sétimo dia, se é que existe tal base.
1:12 – Esta é a primeira menção ao sábado neste livro, apenas fazendo referência ao costume de andar
uma curta distância durante este dia (aproximadamente 1 Km).
13:14 – Os discípulos procuram uma sinagoga para pregar. São acolhidos com atenção e aproveitam
para falar sobre Jesus (vv. 16-41), acrescentando que em todos os sábados são lidos os ensinamentos de Deus
nas sinagogas (v. 27).
13:42 – Os discípulos receberam o convite para retornarem no próximo sábado, e continuarem a
maravilhosa pregação sobre Jesus.
13:44 – Quase toda a cidade veio no sábado para ouvir o que os discípulos tinham ainda para falar.
Percebemos que não eram todos judeus (como os inimigos do sábado dizem hoje), pois estes estavam
tentando desfazer a pregação dos discípulos diante da multidão (v. 45).
15:12-21 – Esta é uma passagem reveladora, pois foram determinadas algumas coisas que não mais
poderiam ser impostas sobre os gentios conversos ao cristianismo. Pergunta-se: Por que os apóstolos não
incluíram o sábado entre os temas proibidos? Não dizem hoje que eles trocaram o sábado pelo domingo, logo
após a ressurreição? Fica evidente que os inimigos do sábado hoje em dia estão mais interessados em
tradições humanas, do que em seguir os princípios que os discípulos de Jesus demonstravam em sua própria
vida.
16:11-15 – Alguns dizem que os discípulos pregavam no sábado apenas para aproveitar as sinagogas
judaicas. Mas a passagem em questão revela claramente que não era este o real motivo. Paulo, como se sabe,
foi um apóstolo que não conviveu pessoalmente com Jesus, tendo sido convertido alguns anos após a
ressurreição do Mestre. Paulo é encontrado aqui neste texto procurando “um lugar de oração”, no sábado,
afastado da cidade? Por que? Será que o Espírito Santo não havia orientado o apóstolo a abandonar os
“rudimentos” do judaísmo, como dizem os inimigos do sábado? Fica muito claro para o leitor sincero que
Paulo, um dos maiores apóstolos de Cristo, nunca ensinou a abolição do sábado do sétimo dia, e ele mesmo
vivia a santidade deste dia especial por onde quer que andasse.
17:1-3 – Novamente, Paulo é visto aproveitando o sábado para pregar a salvação em Cristo àquelas
cidades.
18:1-4 – O apóstolo da graça e dos gentios tinha uma profissão – fazer tendas. Mas o texto é claro ao
dizer que Paulo fechava sua oficina ou sábado. Paulo adorava o Senhor Jesus no dia de sábado, como fica
evidente pelo texto bíblico, e se dirigia ao local de adoração para pregar sobre a salvação em Jesus. Percebe-
se facilmente (basta ler sem preconceitos) que não era apenas para encontrar os judeus que Paulo ia à
sinagoga no sábado, pois o próprio texto afirma que ele pregava também aos gregos neste dia, e bem
sabemos que os gregos gentios não santificavam o sábado.
19:17-27 – Nesta passagem, Paulo afirma enfaticamente que estava de consciência limpa porque
ensinara TUDO que era importante para os gentios viverem uma vida de verdadeiros cristãos, bem como
mostrara para eles TODO o desígnio de Deus para suas vidas. Mas em NENHUM momento ele fala para eles
abandonarem o sábado e adorarem o Senhor no domingo. Que interessante!

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Nas Epístolas Paulinas


Vamos analisar uma passagem na qual Paulo refere-se ao sábado, e esta é muito utilizada pelos
oponentes dos Adventistas para “provarem” que o apóstolo não aceitava a guarda deste dia.
Col. 2:16 – Paulo está dizendo aqui que o sábado não é importante para o crente da Nova Aliança? É
mesmo isso que o texto está ensinando? É muito fácil para aqueles que agem com falsidade e infidelidade
para com a Bíblia, simplesmente isolarem um texto de seu contexto, e ensinarem deturpações doutrinárias
que a Bíblia nunca autorizou. É possível encontrar diversas denominações que surgem dessa forma, através
da interpretação equivocada e destituída de sinceridade com que alguns ensinam algum texto bíblico (por
exemplo: batismo pelos mortos, arrebatamento secreto, dom de línguas pentecostal, prosperidade material,
imortalidade da alma, comer de tudo, uso de véu pelas mulheres, guarda do domingo, mariolatria, etc, apenas
para citar algumas).
O contexto da passagem de Col. 2:16 revela claramente que o tema não era propriamente o sábado do
sétimo dia. O verso 17 acrescenta que o que havia sido mencionado no v. 16 (lua nova, festas, sábados) era
apenas uma SOMBRA de coisas futuras. Mas o sábado do 4º mandamento (cf. Êx 20:8-11) era sombra de
quê? De absolutamente nada!
Quando Paulo fala em Colossenses que o sábado era uma sombra, certamente ele se referia aos dias
sabáticos cerimoniais (cf. Lv 23), que apontavam para a redenção que o Messias operaria em Israel, cujo
cumprimento veio na Pessoa Divino-Humana de Jesus Cristo.

No Apocalipse
1:10 – Alguns querem defender que este verso indica que o “dia do Senhor” é o domingo. Porém um
estudo apurado do texto no seu original grego demonstra que traduzir “dia do Senhor” por “domingo”, como
acontece com algumas versões tendenciosas da Bíblia, é um equívoco. A expressão que aparece no texto
grego de Ap 1:10 é KURIAKÊ EMÊRA, que significa apenas “dia do Senhor”, nada tendo a ver com o
“domingo”.
Relembremos qual era o dia que os discípulos consideravam como sendo o “dia do Senhor”. Basta ler
alguns textos-chaves, como João 20:1, 19, por exemplo, para vermos que João considerava o sábado como
sendo o verdadeiro “dia do Senhor”. Traduzir Apoc. 1:10 colocando a palavra “domingo” como sendo a
correspondente de KURIAKÊ EMÊRA é uma tentativa desesperada de incluir na Bíblia alguma base para a
guarda de um dia, cuja Palavra de Deus nunca autoriza a ser guardado, muito menos em substituição ao
sábado do sétimo dia.
14:6-7 – Interessante notar que a mensagem que o 1º anjo recebeu para levar a todo o mundo era uma
exortação para adorarem a Deus como “Criador” de todas as coisas. O mais curioso é que o único
mandamento que revela o motivo pelo qual o Senhor deve ser adorado é o 4º - o do sábado (cf. Gên. 2:1-3;
Êx 20:8-11), e praticamente a mesma seqüência de palavras é utilizada em ambas as passagens (cf. Êx 20:11;
Ap 14:7), ou seja, devemos adorar Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo o mais. Coincidência?
Não. A Bíblia é um livro de “providências”.
Os santos de Deus, no Apocalipse, são retratados como sendo aqueles que “guardam os mandamentos
de Deus” (cf. 12:17; 14:12; Sal. 119:152). E a Bíblia considera a guarda dos mandamentos como sendo
válida SOMENTE quando TODOS os mandamentos são obedecidos, inclusive o 4º (cf. Tg 2:10-11).

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O Primeiro Dia da Semana


Como pudemos ver no texto bíblico, não há uma única palavra autorizando a abolição do sábado do
sétimo dia; pelo contrário, vemos que TODOS os discípulos de Cristo continuaram guardando este dia,
mesmo muitos anos após a Sua morte, como foi o caso de Paulo, por exemplo.
Há algumas passagens que tratam do primeiro dia da semana. Mas, será que elas autorizam alguma
mudança? Vejamos...
a) “No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram
ver o sepulcro” (Mt 28:1). O verso apenas diz que elas foram ao sepulcro no primeiro dia da semana, após o
sábado, pois elas haviam descansado no sábado em obediência ao mandamento (cf. Lc 23:54-56). O verso
nada fala sobre a santidade do domingo após a ressurreição de Jesus.
b) “E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo” (Mc 16:2).
Outro verso que apenas faz o relato de que as mulheres foram ao sepulcro no primeiro dia da semana, e
apresenta que só foram neste horário porque o sábado já havia passado (cf. Mc 16:1). Nada fala sobre a
santidade do domingo, e ainda confirma que elas guardavam o sábado do Senhor.
c) “Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria
Madalena, da qual expelira sete demônios” (Mc 16:9). Apenas mais um relato sobre o momento histórico no
qual Jesus ressuscitou. Mais uma vez, nada é apresentado sobre a pseudo-santidade do domingo como dia da
ressurreição de Cristo.
d) “Mas, no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que
haviam preparado” (Lc 24:1). Como o último verso do cap. 23 deixa claro que aquelas mulheres guardavam
o sábado, foi só passar o pôr-do-sol e elas foram ao sepulcro realizar o trabalho que havia sido deixado por
fazer, para não se transgredir as horas santas do sábado do Senhor (cf. Lc 23:54-56).
e) “No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro,
e viu que a pedra estava revolvida” (João 20:1). Apenas a repetição das passagens anteriores. Ninguém está
questionando que Jesus ressuscitou no domingo, mas dizer que por este motivo este dia agora ficou no lugar
do sábado, é acrescentar palavras que não estão no texto inspirado da Bíblia.
f) “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os
discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco” (João 20:19).
Em muitos livros escritos pelos inimigos do sábado, esta passagem de João é usada para apoiar sua teoria de
que os discípulos trocaram o sábado pelo domingo, após a ressurreição de Cristo. Basta uma leitura sincera
do texto, porém, para ver que o motivo que levou os seguidores de Jesus a estarem reunidos naquele dia era o
“medo dos judeus”. Não estavam ali fazendo uma missa ou culto de adoração, mas estavam se escondendo
da perseguição que já havia se iniciado. O v. 26 diz que oito dias depois Jesus Se apresentou novamente para
os discípulos. Jesus encontra-os ainda escondidos dos judeus, com as portas trancadas, e aproveita para
apresentar-Se a Tomé, que estava ainda duvidando de Sua ressurreição.
g) “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia
seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite” (At 20:7). O motivo
pelo qual os discípulos estavam reunidos neste primeiro dia da semana é revelado no próprio texto bíblico:
Paulo estava para viajar no dia seguinte. Nada mais. Não era um culto semanal dominical, pois já vimos que
Paulo adorava o Senhor no sábado (cf. At 16:11-15; 18:1-4; etc.).
i) “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua
prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for” (1Co 16:2). Este é o ÚLTIMO
dos oito únicos versos do Novo Testamento que fala sobre o primeiro dia da semana. Já vimos que as sete

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passagens anteriores nada falam sobre a autorização para os cristãos mudarem o sábado para o domingo.
Resta agora analisar esta última passagem. Paulo está falando sobre uma ajuda que seria enviada para os
irmãos da Judéia (v. 1; cf. At 11:28-30). Os irmãos não são orientados a se reunirem no primeiro dia da
semana para adorarem ao Senhor. O apóstolo dá uma orientação para separarem sua contribuição “em casa”,
muito provavelmente junto com as provisões semanais da própria família. Quando Paulo visitasse a cidade,
as ofertas já deveriam estar todas prontas. O fato de os discípulos se reunirem em um dia específico, além do
sétimo semanal, não faz de tal dia um substituto do sábado do 4º mandamento, pois eles se reuniam
diariamente (cf. At 5:42). O que torna um dia “santo” é a determinação de Deus, e isto acontece na Bíblia
SOMENTE para o sábado (cf. Gên. 2:1-3; Êx 16:1-10: 20:8-11).

Conclusão
Analisamos as passagens do Novo Testamento que tratam do sábado, e vimos que TODOS os
discípulos e seguidores de Jesus guardaram este dia normalmente, pois fazia parte da sua vida em
comunidade. Não há nenhuma cogitação entre os discípulos sobre a mudança do sábado para outro dia
qualquer. Infelizmente, tal pensamento só existe na mente dos que não querem obedecer aos mandamentos
do Senhor, opondo-se arrogantemente à Palavra de Deus.
Se nossa base de fé estiver unicamente na Bíblia, e não na tradição ou mandamentos de homens (cf.
Mc 7:13; At 5:29), então o único dia semanal que devemos separar para adorar ao Senhor, deixando de lado
afazeres seculares e comuns, é o sábado do sétimo dia. Somente assim, poderemos confiantemente dizer que
temos a tão procurada “paz do Senhor”, pois ela acompanha APENAS os que não se desviam da Lei do
Príncipe da Paz (cf. Pv 28:9).

A Última Restauração - “Ainda Resta Um Repouso”


O nosso repouso sabático no presente é limitado, incompleto.
Nós descansamos dos trabalhos dos 6 dias e nos preparamos para entrar no sábado. Mas no transcorrer
das 24 horas do sábado nós tendemos a nos envolver nas expectativas de um mundo de competição social,
porque este ainda é um local de pecado.
Isto nos leva a perceber as limitações do sábado nesta vida, e são estas limitações que clamam por uma
restauração final, quando a vida e o sábado serão plenamente outorgados ao ser humano como o foram na
Criação Original.

Hebreus 4:1-13
Alguns pensam que nesta passagem o autor (os Adventistas crêem que foi Paulo) indica que os
cristãos devem deixar de guardar o sábado semanal, próprio dos judeus, trocando-o por algum outro
“repouso” espiritual de Deus - possivelmente o domingo, ou mesmo a “graça”. Esta interpretação não
encontra embasamento sólido nas Escrituras. A passagem simplesmente emprega uma figura, a do repouso
do sábado, com todas as suas bênçãos e símbolos, para ilustrar a idéia do repouso de Deus. A epístola aos
Hebreus está dirigida a quem já observava o sábado e gozava de suas bênçãos, entendendo perfeitamente o
que o autor estava dizendo.
Este texto contém um convite aos cristãos hebreus de darem ao repouso sabático semanal uma
amplitude maior: reconhecê-lo como uma referência clara do repouso eterno que Deus promete. O mesmo

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convite é para os cristãos observadores do sábado nos dias atuais. O Comentário Adventista apresenta o
seguinte resumo para o tema do “descanso de Deus” em Hb 4:
a) O “repouso” de Deus como originalmente foi prometido ao antigo Israel, incluía: (1) um
estabelecimento permanente na terra de Canaã; (2) uma transformação de caráter que faria da nação um
adequado representante dos princípios do reino de Deus; e (3) faria deles o agente escolhido de Deus para a
salvação do mundo.
b) A geração a qual originalmente foi feita a promessa do “repouso”, fracassou; não entrou em Canaã
devido à “incredulidade” (cf. Hb 3:19) e “desobediência” (cf 4:6).
c) Josué presidiu a geração passada na entrada à terra que se lhes tinha sido prometida (cf. 3:11), mas
como eram espiritualmente duros de coração, ele não pôde fazê-los entrar no “repouso” espiritual que Deus
queria que desfrutassem (cf. 4:7-8).
d) A mesma promessa foi repetida nos dias de Davi (v. 7). Isto demonstra que Israel ainda não tinha
entrado no “repouso” espiritual, e também que seu fracasso nos dias de Moisés e Josué não tinha invalidado
a promessa original.
e) É seguro o cumprimento final dos propósitos de Deus, apesar do fracasso de sucessivas gerações
(cf. vv. 3 e 4).
f) O autor suplica ao povo de Deus dos dias apostólicos para que entre “naquele repouso” (vv. 11 e
16). É uma comprovação a mais de que continuava a validez do convite, e de que o povo de Deus não havia
entrado junto nesse “repouso”, nem mesmo nos tempos apostólicos.
g) Em conclusão, continua a validez da promessa de entrar no “repouso” espiritual de Deus (vv. 6 e 9),
e os cristãos devem procurar “entrar naquele repouso” (v. 11).
Deve notar-se que o “repouso” nos tempos do cristianismo é o mesmo “repouso” espiritual prometido
originalmente a Israel (cf. v. 3).

HARMONIA ENTRE FÉ E OBRAS

Há dois extremos com relação à salvação:


1. É aquele que acha que pode salvar-se através de méritos próprios (legalismo);
2. O outro é crer que, uma vez salvo pela fé, não preciso produzir frutos ou “obras” em minha vida
diária (isso é chamado de “libertinagem” – Jud. 4).
Os dois extremos são perigosos, e precisam ser evitados.
Uma vez que o Senhor nos salva mediante Sua oferta de graça imerecida, devemos produzir uma fé
que opere bons frutos, não como méritos de salvação, mas como “evidência” dessa salvação (cf. Mt 5:16; Ef
2:10; 1Tm 2:10; 5:24-25; 6:17-19; Tt 2:7, 14; 3:8; Hb 10:24; 1Pe 2:12).

Tiago X Paulo
Uma das mais belas explanações sobre a perfeita coerência, e interdependência, entre a fé e as obras é
a epístola de Tiago. Os que acreditam que só precisam “viver pela fé”, professando o nome de Cristo, e não
demonstrando qualquer mudança real de vida nem obedecendo aos reclamos da Lei Moral dos 10
Mandamentos, não conseguem aceitar certos conceitos declarados nesta epístola. Diz-se que Lutero, por
exemplo, considerava Tiago uma “carta de palha”, e recusou aceitá-la como canônica por acreditar que ela

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entrava em choque com as declarações de Paulo, especialmente em Romanos e Gálatas. Porém, com a ajuda
do Espírito Santo, podemos perfeitamente harmonizar os dois escritores inspirados.
Tomando como base a vida de Abraão, os dois autores dão versões diferentes sobre a justificação do
Patriarca: Para Paulo, Abraão foi justificado pela fé na promessa divina (cf. Rm 4:1-5; Gên. 15:3); Tiago,
por sua vez, analisa a vida de Abraão após ele já ter sido justificado pela fé, ou seja, na ocasião do sacrifício
de Isaque (cf. Tg 2:21-24; Gên. 22). Veja que Paulo afirma que Abraão foi justificado pela fé, e Tiago diz
que isto ocorreu pelas obras. Por isso Lutero não aceitava a epístola de Tiago. Como harmonizar os dois
autores bíblicos?
O Dr. Luiz Nunes, em suas inspiradoras aulas no nosso Seminário Adventista Latino-americano de
Teologia, na Bahia, conseguia harmonizar perfeitamente os dois autores da seguinte forma:
• Paulo fala da justificação diante de Deus, para a qual não podemos apresentar qualquer obra
meritória própria;
• Tiago trata da justificação diante dos homens, pois é perante eles que “evidenciamos” nossa
fé, através das obras (Tg 2:18-20).
Portanto, vê-se que o cristão não pode viver uma vida improdutiva, destituída de crescimento
espiritual, pois assim o fazendo estará denegrindo a imagem do Evangelho, apresentando um testemunho
incoerente perante o mundo. Devemos revelar em nossa vida um procedimento de alguém que realmente
“nasceu de novo”, e que possui a plenitude do Espírito vivendo nele (cf. Gál. 5:22-23). O Espírito é quem
produz este “batismo” em nossa vida, tão necessário ao nosso crescimento na fé.
Os Adventistas do Sétimo Dia, assim como os demais servos de Deus, são salvos unicamente pela fé,
mas procuram também viver uma vida de obediência à Lei do Senhor, jamais como meio de salvação, mas
como humilde demonstração de amor e gratidão pelo dom gratuito revelado na graça de Deus pos nós.
Afinal, nas palavras do irmão de Jesus, “a fé sem obras é morta” (Tg 2:17, 26; cf. Jer. 17:9-10).

O BODE AZAZEL – JESUS OU SATANÁS?

Os Adventistas são freqüentemente criticados, através de publicações preconceituosas e destituídas de


embasamento bíblico, de fazerem de satanás um “co-redentor”, juntamente com Cristo, devido à
interpretação que damos à figura do bode emissário, utilizado no serviço do santuário de Israel, no Dia da
Expiação. Entretanto, um estudo coerente e livre de preconceitos mostrará que a Igreja Adventista também
está correta em sua interpretação acerca desse bode, chamado de AZAZEL. Vejamos...
Lv 16:1-34 traz a descrição dos eventos que ocorriam no Dia da Expiação, que era o encerramento do
calendário judaico, e a ocasião na qual se realizava uma “purificação” do santuário (v. 19). O v. 5 declara
que os dois bodes seriam tomados para servirem de oferta pelo pecado; porém os vv. 7-9 mostram que era
feito um sorteio para saber qual o bode que realmente seria utilizado no serviço de expiação. O v. 5 ainda diz
que os dois eram, inicialmente, tomados como oferta pelo pecado (heb. CHATTAH), porque ainda não havia
sido realizado o sorteio; por isso, a princípio, os dois eram apresentados como podendo ser o animal da
oferta pelo pecado.
Os vv. 9-10 descrevem claramente que havia uma visível diferença na participação dos dois bodes,
pois apenas um era oferecido como oferta, enquanto que o outro (chamado em hebraico de AZAZEL)
deveria ser levado ao deserto, para morrer por lá, sem ter seu sangue derramado no serviço do Dia da
Expiação, no santuário. Ora, o próprio livro de Levítico esclarece que apenas pelo sangue se poderia fazer a

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expiação pelos pecados (17:10-12), por isso não se pode afirmar, com base bíblica, que o bode AZAZEL
também seria um “tipo” (ou símbolo) de Cristo, pois o seu sangue não era derramado (cf. Hb 9:22).
Para deixar mais claro ainda, temos a límpida declaração do v. 20, que diz que apenas após ter
“acabado” (heb. KALAH) o serviço da expiação pelos pecados, é que o bode vivo deveria ser trazido; ou seja,
é evidente que ele não participava em nenhum momento da cerimônia de expiação, pois sua entrada ocorria
somente após a purificação estar concluída.
Portanto, não é correto dizer que os Adventistas fazem de satanás um co-participante no plano de
redenção, tomando-se como base para tão absurda declaração o nosso ensinamento sobre a figura de
AZAZEL, pois a Bíblia é bastante clara em afirmar que Satanás certamente levará sobre seus ombros o peso
de ter sido o mentor da destruição da raça humana, através do pecado (cf. Ap 20:1-10; 12:9-12; Lc 13:16; At
5:3; etc.). Dos dois bodes, como vimos, apenas um tinha parte no plano da redenção esboçado no serviço do
santuário – aquele que derramava seu sangue, apontando ao sacrifício de Jesus na Cruz do Calvário.

A VOLTA DE JESUS

Uma das mais aguardadas promessas de Jesus foi a que se refere ao Seu retorno a este mundo,
colocando um ponto final ao pecado (cf. Jo 14:1-3). Jesus não diz o dia nem a hora do Seu aparecimento, e é
um erro tentar marcar datas referentes a tais eventos (cf. Mt 24:36; Mc 13:32); porém, nos são apresentados
“sinais” que indicariam a brevidade da volta do Senhor:
a) acontecimentos no mundo físico (cf. Mt 24:6-8, 29-31; Lc 21:7-28);
b) eventos no mundo religioso (cf. Mt 24:3-5);
c) avanço da pregação do Evangelho (cf. Mt 24:14);
d) completo desprezo pela lei de Deus (cf. Mt 24:12; 1Jo 3:4). A palavra aqui traduzida por
“iniqüidade” é ANOMIA, a mesma usada para “transgressão da Lei”, em 1Jo 3:4;
e) conflitos sociais e familiares (cf. 2Tm 3:1-5); etc.
Através desse “quebra-cabeças” podemos verificar que praticamente todos os sinais já se cumpriram,
ou estão se cumprindo rapidamente. Por isso, podemos ter a certeza de que muito em breve o nosso Senhor
Jesus Cristo estará regressando nas nuvens do céu (cf. Lc 21:27; Ap 14:14-16; Tg 5:8).

Como Será?
Jesus voltará como um Rei, para buscar Seu povo. Portanto, não podemos crer que isso ocorrerá em
secreto, com um “rapto” instantâneo, pois a Bíblia apresenta a volta de Jesus como um evento cósmico, que
chamará a atenção de todo o Universo. Há até uma famosa série de filmes americanos (Left Behind –
“Deixados para trás”) que tenta defender o arrebatamento secreto da Igreja. Mas isto é uma das grandes
inverdades aceitas pelo povo cristão da atualidade.

Pessoal
Jesus retornará em carne e osso, não apenas em espírito fluido ou algo parecido. Ele retornará de
forma corpórea, do mesmo modo como ascendeu aos céus após a ressurreição (cf. At 1:6-11). Naquele
evento, Ele apareceu para os discípulos em corpo físico e material, e é assim que retornará (cf. Jo 20:11-31;
21:1-14).

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Visível
É um tremendo equívoco acreditar que Jesus retornará em segredo, ou que apenas uns poucos O verão.
A Bíblia é muito clara ao dizer que “todo olho O verá” (Ap 1:7; cf. Mt 24:27-30). Não há aqui qualquer
margem para crer em algo secreto, pois todo o mundo verá o Rei do Universo regressando em majestade para
resgatar Seu povo (cf. Jo 14:1-3). Nesta hora Jesus usará Seu poder divino da Onipresença para poder ser
visto por todos, ao mesmo tempo, rompendo as barreiras geográficas e de fuso horário deste mundo.

Gloriosa
A Bíblia sempre fala da volta de Jesus de uma forma gloriosa, majestosa, sobrenatural e cataclísmica.
Muitos serão os eventos naturais que anunciarão que o Rei dos reis está chegando (cf. 2Pe 3:12; 1Ts 4:15-17;
Mt 24:30).

Os Adventistas crêem que a volta de Jesus será o maior evento de toda a História do ser humano. Todo
o Universo está ansiando por este momento. Aqui na Terra, os filhos de Deus estarão vivendo no período da
tribulação e angústia, e estarão confiantemente olhando para o céu, aguardando a “pequena nuvem”, formada
pelos anjos, que vai cada vez crescendo mais e revelando o Rei assentado em Seu majestoso Trono de glória.

O Equivocado Ensino do Arrebatamento Secreto


Grande parte dos protestantes modernos crê que a igreja será arrebatada antes da volta de Cristo, para
ficar livre da “tribulação” do fim dos tempos. Basicamente, eles acreditam nos seguintes pontos:
1. O arrebatamento secreto, que trasladará a igreja de Deus da Terra para o Céu;
2. Uma tribulação de sete anos para todos os que forem “deixados para trás”;
3. O surgimento do anticristo, que assume o governo do mundo; e
4. A batalha final entre o anticristo e os judeus, que são libertados no Armagedom.

O Pr. Adventista Steve Wohlberg (Artigo: Left Behind é bíblico?. Revista Diálogo 2003:2), declara
que o arrebatamento secreto é o tema principal de uma escola teológica conhecida como Futurismo
Dispensacional (ou Dispensacionalismo).
Estes acreditam que todas as promessas que o Senhor fez a Israel no Antigo Testamento ainda se
cumprirão, porém o serão literalmente apenas depois que a atual “dispensação” (era) da Igreja terminar. Essa
“dispensação da Igreja”, que começou no Pentecostes, continua até o arrebatamento, quando Cristo retornará
secretamente para levar Sua igreja ao Céu. Assim que isso tiver lugar, Deus poderá então cumprir Suas
promessas ao povo judeu.
São muitos os textos bíblicos usados para apoiar a teoria do “arrebatamento secreto”, como Mt 24:40 e
41. Neste tópico, utilizaremos como base o estudo do Pr. Wohlberg sobre 1Ts 4:17, no qual Paulo declara
que quando Cristo voltar, todos os crentes vivos serão “arrebatados”.
Os futuristas dispensacionalistas acreditam que a expressão “arrebatados” neste verso significa
“desaparecer sem deixar rastros”. Esse acontecimento é interpretado como algo que será obviamente notado,
mas não compreendido pela maioria do mundo (inclusive são utilizados adesivos em automóveis tentando
“alertar” os motoristas sobre possíveis desaparecimentos no trânsito). Para eles, Jesus supostamente retornará
silenciosamente, de maneira invisível, não percebido pelo mundo, para arrebatar Sua Igreja e levá-la da Terra
para o Céu. Depois que todos os cristãos houverem desaparecido, o mundo entrará num período cataclísmico
de sete anos de tribulação. É assim que eles crêem. Mas, é isso que a Bíblia ensina? Vejamos...

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O contexto da passagem (1Tes. 4:17) revela que o retorno de Cristo é tudo, menos secreto! No verso
16, por exemplo, Paulo diz claramente: “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a
voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus...”. Vemos claramente que esta descrição
da volta de Jesus não dá margem a algum evento secreto, porém demonstra algo glorioso, retumbante, de
esfera universal. O verso 15 usa a expressão “a vinda do Filho do homem”. A palavra grega para “vinda” é
PAROUSIA, que é também usada em Mt 24:27 para descrever o incrível e majestoso retorno de Jesus Cristo
como o relâmpago que resplandece pelo céu. Acaso Jesus estava pensando em um relâmpago como algo
secreto e invisível? Parece que não...
O Pr. Wohlberg também observa que o contexto de 1Tes. 4:17 não ensina que aqueles que não forem
“arrebatados” serão conduzidos a um período de sete anos de tribulação. Mas explica que eles sofrerão
“repentina destruição” e que “não escaparão” (1Tes. 5:3).
Através de uma análise responsável do texto de 1ª Tessalonicenses, ver-se-á nitidamente que a
segunda vinda de Jesus não resulta em um arrebatamento secreto, seguido por uma tribulação de sete anos. É
muito clara a idéia que o texto bíblico nos passa de que a segunda vinda de Cristo é um retorno visível,
audível e glorioso. Em Sua vinda, os santos são ressuscitados dentre os mortos e, juntamente com os santos
vivos, os redimidos de todas as eras encontrarão com o Senhor “nos ares”.
Essa interpretação que os dispensacionalistas fazem dos 7 anos de tribulação baseia-se numa análise
equivocada de Dn 9:24-27, onde especulam que a última semana (a 70ª) se cumprirá no futuro, com o
aparecimento do anticristo, que firmará uma aliança com os judeus. Ora, o estudo do livro de Daniel ensina
que esta profecia das 70 semanas cumpriu-se cabalmente NO PASSADO, selando a profecia maior dos 2300
anos de Dn 8:14. É um crasso erro interpretativo dizer que a última semana deve ser separada das outras 69,
por uma espécie de “parêntese”, pois tal afirmação não se encontra no texto bíblico, partindo tão-somente da
interpretação fantasiosa de pessoas que não querem render-se à mensagem bíblica como ela é, e procuram
sempre acrescentar interpretações conforme suas próprias concepções filosóficas ou teológicas pessoais.
A mensagem da Bíblia é muito clara. O caminho da salvação está AGORA aberto a todos (cf. Hb 3:7,
13, 15; 4:7; 2Co 6:2), inclusive aos judeus. Não podemos cair no erro de acreditar que haverá oportunidade
de salvação após a volta de Cristo. Pois, na segunda vinda, tanto os ressuscitados como os santos vivos
encontrarão com o Senhor “nos ares”, na mais gloriosa e pública manifestação do triunfo de Deus sobre o
pecado e a morte, bem como sobre Satanás e seus agentes malignos.
Depois da Segunda Vinda, não haverá outra oportunidade de salvação.
Para ninguém!

A REFORMA DE SAÚDE

Desde a Criação, Deus demonstra o interesse de que o homem tenha uma alimentação saudável e
eficaz, visando suprir as necessidades calóricas diárias. Vemos que o alimento destinado ao homem era o
mais natural possível, constituído apenas de produtos de origem vegetal – sementes, frutas, castanhas (cf. Gn
1:29; 2:8-9). Era propósito de Deus que o ser humano tivesse a alimentação natural, por ser de melhor
qualidade – como a Ciência comprova amplamente em nossos dias. Basta ver a grande incidência de doenças
entre as comunidades consumidores de grande quantidade de produtos de origem animal.
Após o dilúvio, devido à escassez de alimentos vegetais, o Senhor permitiu que o homem comesse
carne, que deveria durar apenas um período curto de tempo, mas que se transformou no principal alimento do
homem. Para evitar uma maior contaminação por doenças, o Senhor determinou algumas diferenças entre os

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animais limpos e imundos, evitando que Seu povo padecesse de toda a sorte de enfermidades que afligiam as
outras nações. A diferenciação entre os animais limpos e imundos pode ser vista em Levítico 11:
1. Não deve ser ingerida carne de animais terrestres que não sejam ruminantes e que não tenham o
casco fendido (v. 3). Entre os imundos se enquadram o porco, o cavalo, o cachorro, o gato, etc.
2. Não deve ser ingerida a carne de animais aquáticos que não tenham barbatanas nem escamas (v.
9). Por exemplo: camarão, lagosta, caranguejo (e demais crustáceos), bagre, tubarão, baleia, etc.
3. As aves são descritas de forma nominal (vv. 13-19).

Esta não era uma lei “cerimonial”, mas higiênica. Por isso, sua validade independe do sacrifício de
Cristo. Afinal, não se pode crer que Jesus derramou Seu precioso sangue na cruz para que o porco se tornasse
um animal limpo... Isso é um absurdo!

Textos Mal Interpretados


Aqueles em nossos dias que não conseguem libertar-se dos “vícios” alimentares tentam acalentar a
consciência com textos bíblicos isolados de seus respectivos contextos. Vejamos alguns destes textos que tais
pessoas gostam de citar:

Mat. 15:11
“não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina o
homem”.
O que Jesus estava condenando era a hipocrisia dos fariseus em buscar nos detalhes das tradições (por
eles inventadas) motivos para O acusarem de alguma coisa (cf. vv. 1-2). Não estava em jogo aqui o assunto
de alimentos imundos, mas o ato de lavar ou não as mãos todas as vezes que fossem comer, e isto era
realizado como um verdadeiro ritual pelos fariseus mais “tradicionais”.

1Cor. 10:25-27
“Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes por motivo de consciência... Se
algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem
nada perguntardes por motivo de consciência”.
Paulo não está tratando aqui de animais limpos ou imundos, pois os imundos ele sabia que não deveria
comer. O que o apóstolo dos gentios está orientando os discípulos é com relação aos animais sacrificados aos
ídolos (v. 28). Quando se ofereciam sacrifícios nos templos dos ídolos, com freqüência se vendiam partes
desses animais no mercado, e como essa carne não se separava das outras carnes que se vendiam, um cristão
podia comprar, sem sabê-lo, carne que se ofereceu a ídolos. O conselho do apóstolo é: esta carne poderia ser
comprada sem inconvenientes pelos cristãos (que não crêem em ídolos pagãos), a não ser que a carne não
fosse de acordo com os ensinos bíblicos.

1Tim. 4:3-5
“...que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos,
com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade, pois tudo que Deus criou é
bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é
santificado”.

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Aqui se refere às influências e tendências ascéticas que se difundiam na igreja. Os partidários disso
consideravam por razões cerimoniosas e rituais que era espiritualmente desejável a proibição completa de
certos alimentos. A admoestação possivelmente inclua a proibição de certos mantimentos em determinados
dias religiosos.
Não se deve achar que Paulo está abolindo com estas palavras a distinção que se faz no AT entre
comidas “limpas” e “imundas”. Deve notar-se, acima de tudo, que Paulo especificamente limita suas
observações àquelas coisas criadas por Deus para serem usadas como “mantimentos” (cf. v. 3). Deus
explicou na Criação o que devia usar o homem como alimento. Esta prescrição não incluía carne de nenhuma
classe, nem mesmo todo tipo de vegetais (cf. Gn. 1:29, 31). Todas as coisas foram criadas para um diferente
propósito, e eram “boas” para o fim dado pelo Senhor, isto é, eram perfeitamente adaptadas para cumprir o
plano de Deus para elas. Depois do dilúvio, Deus permitiu o consumo de carnes “limpas”, mas proibiu de
forma específica comer carnes “imundas”. Em nenhuma parte da Bíblia se diz que Deus tirou esta proibição.

Atos 10
Este é um dos textos mais mal compreendidos, pois alguns querem insistir de que nesta passagem há
uma “revelação” do Senhor sobre a liberação para se comer qualquer tipo de carne. Analisemos o texto.
vv. 9-16 – o apóstolo Pedro recebe uma visão celestial, na qual lhe é apresentado um objeto
semelhante a um lençol, repleto de toda forma animal. Como estava em um momento de fome (v. 10), Pedro
é orientado a matar e comer (v. 13). Tal ordem causa espanto ao apóstolo, pois ele sabia das proibições
bíblicas acerca dos alimentos imundos (v. 14). Na visão, Pedro recebe a advertência de que “o que Deus
purificou” ele não deveria considerar imundo (v. 15). Isso se repetiu por três vezes (v. 16).
Qual o significado desta visão? A maioria dos evangélicos crê que se trata de uma clara
desconsideração divina para a questão dos alimentos imundos. Baseados nesta passagem, muitos acreditam
que podem comer porco, crustáceos, etc., sem estarem infligindo qualquer ordem do Senhor. Mas será esta a
interpretação correta? O texto está REALMENTE falando de alimento? Vejamos...
Logo em seguida à visão, Pedro recebe a visita dos mensageiros enviados pelo gentio Cornélio (vv.17-
22). Pedro fica relutante em ir com eles, pois ele não estava muito acostumado a tratar com gentios, sendo
um dos que ainda acreditavam na validade do tradicionalismo judaico para os novos convertidos (cf. Gál.
2:11-21). Pedro leva alguns discípulos consigo, e vai ao encontro de Cornélio. Lá o apóstolo percebe o
sentido da visão que Deus lhe havia dado:
v. 28 – “a quem se dirigiu, dizendo: Vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo
aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum
ou imundo” (grifo acrescentado).
Pedro entendeu claramente que a visão do lençol de animais nada tinha que ver com alimentação. O
propósito de Deus era preparar a mente do apóstolo para a realidade da conversão de gentios ao evangelho.
Nos vv. 34-35 Pedro define a beleza do princípio que o Senhor o ensinou através da visão: “Então, falou
Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer
nação, aquele que O teme e faz o que é justo Lhe é aceitável”.
Vemos que a Bíblia não está tratando do tema da alimentação em Atos 10, mas da distinção
preconceituosa de pessoas, que também eram separadas pelos judeus em “justos” e “imundos”, do mesmo
modo que os animais. Usar Atos 10 para defender o hábito antinatural e doentio de comer todo tipo de carne,
em rebeldia aos claros ensinos bíblicos, é uma profunda desconsideração para o trabalho do Espírito Santo,
outorgado para levar o homem a convencer-se de sua condição rebelde e pecadora (cf. Jo 16:8).

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A questão da alimentação não é uma “tábua de salvação”, ou seja, não é a abstenção de alimentos
imundos que nos torna mais justos diante de Deus. Porém, uma vez que nosso corpo é o “templo” ou
“santuário” do Espírito Santo, é necessário tomar todo o cuidado para não contaminar tal templo, e isso se dá
através de reconhecer, aceitar e viver as orientações que o Senhor zelosamente revelou em Sua Palavra
acerca desse tema (cf. 1Cor. 6:19-20).
Os Adventistas têm sido abençoados grandemente por viverem uma vida em conformidade com a
Palavra de Deus, mesmo em questões impopulares e ridicularizadas, como o é o assunto da alimentação em
nossos dias, principalmente no meio “evangélico”. Pena que até mesmo pessoas envolvidas com a “Nova
Era” e outras correntes filosóficas orientais (sem ligação com a revelação bíblica), preocupam-se mais com
sua saúde do que os professos cristãos de nossos dias, que dizem ser “batizados” com o Espírito Santo mas
que não querem se colocar sob Sua orientação e guia.

PREDESTINAÇÃO

O tema da predestinação é muito discutido no meio cristão. Há denominações que crêem que o Senhor
escolhe aqueles que serão salvos e os que se perderão. Feita esta escolha divina, os que são “predestinados à
salvação”, no dia que ouvirem o convite o aceitarão, e jamais podem desviar-se desta salvação, mesmo que
pratiquem uma vida de rebelião a Deus. Outras denominações acreditam que uma vez que a pessoa aceita a
salvação em Cristo, ela agora estará salva para sempre, nunca poderá “cair da graça”, mesmo que não
permaneça no caminho da salvação.
A Igreja Adventista não crê nestas teorias, que não possuem embasamento sólido na Palavra de Deus.
A Bíblia é clara ao afirmar que o Senhor predestina todos à salvação, pois Ele nos criou para sermos salvos e
felizes (cf. Ef 1:1-5; Rm 8:28-30). Entretanto, Deus concede o maravilhoso dom da livre-escolha, na qual o
pecador tem autonomia para decidir se deseja segui-Lo ou não. Isto mostra que a predestinação dos que se
salvarão e dos que se perderão não encontra base bíblica, pois deixa de fora a bênção do livre-arbítrio (cf.
Jos. 24:15; Dt 30:19-20).
A idéia de que “uma vez salvo, salvo para sempre”, é outra que possui raiz meramente na interpretação
equivocada por parte de alguns. É muito comum na Bíblia o exemplo de pessoas que se desviaram do
caminho da salvação, e por isso perderam a esperança da vida eterna, ou seja, caíram da graça (cf. 1Sm 9:17;
Fm 1:24; 2Tm 4:10; Gál. 5:4; etc.).
Devemos permanecer no caminho da fé, perseverando para viver uma vida que produza os frutos da
comunhão com o Espírito Santo, o que testificará se nossa fé é realmente autêntica (cf. Jo 15:1-5; Mt 11:12;
Jos. 23:6; Lc 13:23-24; Rm 7:13-25; etc.).

DOUTRINA DO SANTUÁRIO

Iniciando com os patriarcas temos, em primeiro lugar, os altares e os sacrifícios que foram iniciados
logo após a queda, até que chegamos a Moisés, quando então o tabernáculo é construído. E, para o nosso
propósito, os livros que consideramos são Gênesis, para os patriarcas; Êxodo, para Moisés, que nos fala
sobre a construção do santuário; e Levítico, que revela a função do santuário e tudo o que acontecia nele.
O primeiro templo é conhecido como o templo de Salomão, e o próximo templo, reconstruído,
chamado também de templo herodiano. A razão de ser assim chamado é que, após 5 séculos de sua
reconstrução, o mesmo encontrava-se em grande necessidade de manutenção, o que foi feito por Herodes,

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mas foi simplesmente uma remodelação. Foi a este templo que Jesus veio, quando então morreu como um
sacrifício, cumprindo todos os sacrifícios anteriores.
Em essência, portanto, a razão de ser do templo terrestre terminou na morte de Cristo; Ou seja,
teologicamente o templo já não exerceria mais qualquer função. Fisicamente o templo veio ao fim quando
destruído pelos romanos em 70 AD.
Depois de Sua ressurreição, Cristo subiu ao Céu e iniciou Seu trabalho no santuário celestial. Isto é o
que nos relata o livro de Hebreus. Jesus aparece então como nosso grande Sumo-Sacerdote, que sempre
viveu para interceder por nós.
Este trabalho de intercessão é a primeira fase de Seu trabalho no Santuário Celestial. Em 1844 d.C.
atingimos a segunda fase, especialmente do julgamento de que falam os livros de Daniel e Apocalipse. Isto é
um esboço geral do trabalho no santuário terrestre, que foi então sucedido pelo trabalho no santuário
celestial.
Esta é uma grande transição, a qual foi profetizada em Daniel 9, onde fala sobre a reconstrução do
templo terrestre, em primeiro lugar; a seguir, da destruição deste templo terrestre, e então da unção do
Santuário Celestial (cf. Dan. 9:24-26).
Hoje se queremos obter salvação vamos, pela fé, diretamente ao Sumo-Sacerdote que está neste
Santuário Celestial. No sistema do AT, se alguém queria salvação, ia ao templo e oferecia sacrifício.
Consideremos um exemplo:
• Um indivíduo que vivia do outro lado do Jordão, que foi impressionado com o conhecimento
do verdadeiro Deus, pelo seu contato com os Israelitas, como poderia ser salvo? Que
programa teria Deus, neste mundo, para salvá-lo? A resposta é: ele deveria ir ao templo em
Jerusalém, oferecer seu sacrifício nesse templo e, assim fazendo, ele entrava em concerto com
o verdadeiro Deus.
Este é o plano do AT (ou veterotestamentário) da salvação.
Quando o Senhor conduziu Moisés na construção de um santuário para que o povo O adorasse no
deserto, Ele declarou que havia um “modelo” inspirador para a obra (cf. Êx 25:9, 40; 26:30; Nm 8:4; Hb
8:5). Também há uma declaração inequívoca de que Jesus entrou em um santuário que não foi feito por mãos
humanas (cf. Hb 8:1-5; 9:24-25). Por isso, os Adventistas estão certos de que há um Santuário no céu, o qual
está profundamente relacionado com a vida do povo de Deus hoje, assim como o santuário do deserto
também era o próprio centro da vida religiosa de Israel (cf. Lev. 16; Ap 4:1-11; 11:1-2, 19; 15:5).
Jesus hoje realiza uma obra de intercessão no Santuário celestial em favor dos santos (cf. Hb 9:24; 1Jo
2:1). Este trabalho de Jesus torna acessível aos crentes os benefícios do sacrifício expiatório que Ele realizou
na cruz (cf. Hb 4:4-6).

A Purificação do Santuário em Dn 8:14


O poder papal alterou o sistema de interseção e mediação de Cristo, e colocou um outro sistema em
seu lugar. O ente celestial anunciou que esta usurpação duraria 2300 anos, chegando até o tempo do fim..

INÍCIO DOS 2300 ANOS


Daniel não entendeu o significado completo da visão que recebera, e isso trouxe um sentimento de
enfraquecimento físico e mental sobre ele (cf. 8:27). O capítulo 9 inicia com uma oração de Daniel para que
o Senhor o ilumine sobre o significado do importante período de dominação do “chifre pequeno” (poder
papal, conforme crêem os Adventistas) sobre o povo de Deus. E o Senhor o orienta sobre isso.

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O anjo Gabriel, o mesmo que anunciou a visão inicialmente (cf. 8:16), é agora enviado para explicar
mais detalhadamente o desenvolvimento da visão dos 2300 anos para Daniel. Como um “selo” sobre a
profecia, encontramos um período especial de tempo de 70 semanas (ou 490 anos) que seriam
“determinados” (do heb. CHATHAK) sobre o povo de Israel. Estas 70 semanas marcariam o início dos 2300
anos, selando a visão e a profecia (9:24).
“desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém” (v. 25).
Houve 3 decretos principais de restauração sobre Jerusalém, que na época de Daniel estava em ruínas,
devido às invasões babilônicas de 605 a.C., 597 a.C. e 586 a.C.:
• 1º decreto: de Ciro, em 537/538 a.C., que concede permissão para reconstruir o templo em
Jerusalém (Esdras 1:1-3).
• 2º decreto: de Dario I Histaspes, em 519/520 a.C., que dá autorização para que se continue a
reconstrução, porém com garantias financeiras (Esdras 6).
• 3º decreto: de Artaxerxes I Longímano, em 457 a.C., que liberta completamente o povo judeu
da servidão à Pérsia, dando-lhes autoridade para reconstruir o Estado israelita (Esdras 7:1-13).
• Artaxerxes ainda promulgou um decreto extra, em 444 a.C. (cf. Neemias 1 e 2), apenas
complementando o de 457 a.C.

Qual o decreto que deve ser utilizado para o início da profecia de Dn 8:14?

Apenas o 3º decreto, o de 457 a.C., concedeu a Jerusalém o seu renascimento legal, pois autorizou a
indicação de magistrados e juízes e, em particular, restabeleceu as leis judaicas como base do governo local,
restaurando Jerusalém como capital do reino.

Há 4 linhas de evidências históricas que permitem definir com precisão a data do decreto de
Artaxerxes:
a) As olimpíadas
b) O cânon de Ptolomeu
c) O Papiro Elefantino
d) Os tabletes cuneiformes babilônicos

Portanto, a profecia de Dn 8:14 tem seu início no ano de 457 a.C.

Desenvolvimento das 70 Semanas


As 70 semanas (490 anos) cobririam vários eventos históricos que confirmariam a precisão da
profecia. O período é simbólico porque os eventos abrangidos são de ampla margem temporal, indo até o
Messias, o que descarta a possibilidade de um período literal de 490 dias.

“tempos de angústia” (v. 25)


As nações vizinhas a Israel foram fortes inimigos para a reconstrução da nação, pois Israel estava
enfraquecida psicológica e militarmente pelo exílio em Babilônia (cf. Esdras 4).

“o ungido” (v. 25)


O Messias vindouro – Jesus.

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“o messias será morto” (v. 26)


Ele não viria para reinar, mas para morrer. Jesus cumpriu cabalmente a profecia.

“o príncipe”, “o povo” (v. 26)


O Príncipe é Jesus, e o povo é Israel.

“o povo de um príncipe que há de vir”, “dilúvio” (v. 26)


Jerusalém seria violentamente destruída, o que ocorreu no ano 70 d.C., quando os romanos invadiram
a cidade de forma sangrenta e destrutiva.

“fará firme aliança com muitos por uma semana” (v. 27)
Na última das 70 semanas, o Messias firmaria Sua aliança com os judeus. Aceitando o Messias, eles se
livrariam das terríveis conseqüências profetizadas.

“santo dos santos” (v. 24)


Esta expressão (QODESH QODESHIM) é usada 30 vezes no AT, sempre em relação com o
Santuário, e nunca é usada em relação a pessoas (exceto em 1Cr 23:13). Trata-se aqui de uma clara
referência ao Santuário celestial.

SETENTA SEMANAS - 490 ANOS

69 semanas (483 anos) 1 semana (7 anos)

457 27 34
a.C. d.C. d.C.

Ano 457 a.C.: início da profecia.


Ano 27 d.C.: fim das 69 semanas iniciais. Data do batismo de Jesus, o Ungido (v. 25).
Ano 34 d.C.: fim da última semana, completando as 70, e foi o ano do apedrejamento do 1º mártir
cristão – Estêvão.

Final dos 2300 Anos


Vimos que as 70 semanas eram um “selo” sobre a profecia, pois acompanhando os eventos históricos
que ocorreriam neste período, poderíamos comprovar os demais eventos que teriam lugar no céu, longe da
vista do homem.

2300 ANOS

490 1810

457 34 1844
a.C. d.C. d.C.

TEMAS TEOLÓGICOS II 23
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Em 1844 d.C. completou-se o período profético de 2300 anos de Dn 8:14, e nesta data ocorreu a
“purificação” ou “vindicação” do santuário celestial. Nesta data, Jesus iniciou a obra de vindicação do
Santuário, cumprindo o simbolismo que ocorria no Dia da Expiação do santuário de Israel (ver Lev. 16). Em
1844 Jesus passou do lugar Santo, ao Santíssimo, iniciando a obra de Sumo-Sacerdote em nosso lugar. Ele
não deixou de ser nosso Intercessor, nem o passou a ser apenas em 1844; mas agora Ele “acumula” a função
de Sumo-Sacerdote, como ocorria com os filhos de Arão no Dia da Expiação.
Como estava profetizado (Dn 8:13-14), em 1844 iniciou a restauração do santuário, ou seja, as pessoas
passaram a estudar e entender melhor este importante tema bíblico. Isto levou ao surgimento do Movimento
Adventista, que por sua vez deu origem à Igreja Adventista do Sétimo Dia, oficializada em 1863.

Vemos que esta importante profecia nos conduz de forma precisa e confiante até os eventos que
cobririam a vida terrestre de Jesus, o Messias.
Com a confirmação de todos estes eventos, podemos ficar certos de que o restante da profecia (a
purificação e vindicação do Santuário no Céu) também ocorreu de modo preciso, e em 1844 iniciou-se o
chamado Juízo Investigativo, como ocorria no Dia da Expiação, e que traz libertação para o povo de Deus,
logo antes da volta de Jesus.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA E SUPLEMENTAR

Alberto Timm. O Santuário e as Três Mensagens Angélicas. Engenheiro Coelho, SP: Imprensa Universitária
Adventista, 2002.
Francis D. Nichol. Respostas a Objeções. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004.
Lee Strobel. Em Defesa de Cristo. São Paulo: Editora Vida.
Michelson Borges. Por que Creio. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

Fontes de Bons Artigos Teológicos


http://dialogue.adventist.org/indexes/essays_p.htm
http://www.osantuario.com.br
http://www.unasp.br/kerygma/

TEMAS TEOLÓGICOS II 24

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