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FORMAÇÃO TEOLÓGICA ::: Curso Livre

NÍVEL MÉDIO

SUMÁRIO

PORQUE ESTUDAR A HISTÓRIA DO ADVENTISMO? ......................................................................................... 4


QUEM SOMOS NÓS? QUAL A “ALMA” DO MOVIMENTO ADVENTISTA? ............................................................................ 4
INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................................................................................. 5
CONTEXTO HISTÓRICO DO MOVIMENTO ADVENTISTA .................................................................................................... 5
QUANDO O ADVENTISMO COMEÇOU? ............................................................................................................................. 6
CONTEXTO RELIGIOSO E FILOSÓFICO .............................................................................................................................. 6
Diversidade Religiosa ................................................................................................................................................. 6
Profetas do Século XIX nos EUA ................................................................................................................................ 7
Os Santos dos Últimos Dias (Mórmons) ..................................................................................................................... 7
O ESPIRITISMO MODERNO E O EVOLUCIONISMO ............................................................................................................. 8
Origens Modernas do Espiritismo .............................................................................................................................. 8
O Evolucionismo ......................................................................................................................................................... 8
O MOVIMENTO MISSIONÁRIO (O SÉC. XIX FOI O GRANDE SÉCULO MISSIONÁRIO) ....................................................... 8
O REAVIVAMENTO DO ADVENTISMO ................................................................................................................... 9
A - A PROMESSA ............................................................................................................................................................. 9
B - INTERESSE NO ESTUDO PROFÉTICO ............................................................................................................................ 9
O MOVIMENTO ADVENTISTA ................................................................................................................................. 10
A – NA ALEMANHA ....................................................................................................................................................... 10
B – NO CHILE ................................................................................................................................................................ 10
C – NA INGLATERRA ..................................................................................................................................................... 10
D – NOS ESTADOS UNIDOS ............................................................................................................................................ 11
William Miller ........................................................................................................................................................... 12
Conclusões Doutrinárias .......................................................................................................................................... 13
Miller e Seus Associados .......................................................................................................................................... 14
O MOVIMENTO MILLERITA (1839-1844) E O DESAPONTAMENTO ............................................................... 15
A EXTENSÃO DA OBRA DE HIMES ................................................................................................................................. 16
CONFERÊNCIAS GERAIS SOBRE A 2ª VINDA DE CRISTO .................................................................................................. 16
Crenças Amadurecidas ............................................................................................................................................. 17
MILLER E O SANTUÁRIO ................................................................................................................................................ 17
ESTABELECENDO A DATA.............................................................................................................................................. 17
PROPAGAÇÃO DO MOVIMENTO ..................................................................................................................................... 18
Pregadores Menos Conhecidos ................................................................................................................................ 18
A CRESCENTE INTOLERÂNCIA E OPOSIÇÃO DO VERÃO DE 1843 AO OUTONO DE 1844 .................................................. 19
SAIR DE BABILÔNIA ....................................................................................................................................................... 20
O GRANDE DIA .............................................................................................................................................................. 20
DEPOIS DO DESAPONTAMENTO ............................................................................................................................ 21
A CALMA DETERMINAÇÃO DOS MILLERITAS ................................................................................................................ 21
A TEORIA DA PORTA FECHADA...................................................................................................................................... 22
OS FANATISMOS DESTE PERÍODO .................................................................................................................................. 22
AS DIVISÕES .................................................................................................................................................................. 23
AS TRÊS DOUTRINAS QUE DERAM IDENTIDADE À IASD ............................................................................................... 24
1. O Sábado .............................................................................................................................................................. 24
2. Nova Luz Sobre o Santuário ................................................................................................................................. 25
3. O Dom de Profecia ............................................................................................................................................... 27
ENCORAJANDO O REBANHO .......................................................................................................................................... 28
A PORTA ABERTA E A PORTA FECHADA ........................................................................................................................ 29
A PÁGINA IMPRESSA E SUA HISTÓRIA ................................................................................................................ 29
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................. 29
JOSEPH BATES, O EDITOR .............................................................................................................................................. 29

06-HISTÓRIA DA IASD 1
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PRESENTH TRUTH (VERDADE PRESENTE) ................................................................................................................ 30


ADVENT REVIEW (REVISTA DO ADVENTO) .............................................................................................................. 31
J. N. LOUGHBOROUGH ................................................................................................................................................... 31
OS PIONEIROS ............................................................................................................................................................. 32

O NASCIMENTO DE UMA ORGANIZAÇÃO .......................................................................................................... 33


ÉPOCA DE PROFUNDAS DIFICULDADES.......................................................................................................................... 34
RECRUTANDO MINISTROS ............................................................................................................................................. 35
PRINCÍPIO DA ORGANIZAÇÃO – A “BENEVOLÊNCIA SISTEMÁTICA” ............................................................................... 35
CRESCIMENTO NUMÉRICO DA IASD ............................................................................................................................. 36
A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ....................................................................................................................... 38
A PRIMEIRA ASSOCIAÇÃO ORGANIZADA ....................................................................................................................... 38
A CONFERÊNCIA GERAL ................................................................................................................................................ 38
A REFORMA DA SAÚDE............................................................................................................................................. 39
JOSÉ BATES ................................................................................................................................................................... 39
DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA REFORMA DE SAÚDE ........................................................................................... 40
LUZ VINDA DO ALTO ..................................................................................................................................................... 40
ORGANIZAÇÃO DA OBRA DE SAÚDE .............................................................................................................................. 42
COMEÇANDO O SISTEMA EDUCACIONAL ......................................................................................................... 43
O INÍCIO ........................................................................................................................................................................ 43
ESCOLA NOS LARES ....................................................................................................................................................... 44
PRIMEIRAS ESCOLAS DOS ASD ..................................................................................................................................... 44
ESCOLA SABATINA ........................................................................................................................................................ 44
TESTEMUNHO SOBRE EDUCAÇÃO .................................................................................................................................. 45
A ESCOLA DE G. H. BELL .............................................................................................................................................. 46
UMA ESCOLA NO CAMPO .............................................................................................................................................. 47
A EXPANSÃO DO ADVENTISMO (1868 A 1885) ..................................................................................................... 48
CRESCIMENTO DA IASD NOS ESTADOS UNIDOS (EUA) ................................................................................................ 48
ESFORÇO EM FAVOR DOS ESTRANGEIROS...................................................................................................................... 49
EVANGELIZANDO NA EUROPA ....................................................................................................................................... 49
O PRIMEIRO MISSIONÁRIO ALÉM-MAR (ULTRAMAR) .................................................................................................... 50
JUSTIÇA PELA FÉ – MINNEÁPOLIS (1888) ........................................................................................................... 50
CIRCUNSTÂNCIAS QUE CONDUZIRAM À CRISE DE MINNEÁPOLIS .................................................................................. 50
A MENSAGEM DE WAGGONNER E JONES ....................................................................................................................... 51
REAÇÃO DA LIDERANÇA À MENSAGEM ......................................................................................................................... 51
A CONFERÊNCIA GERAL DE 1888 (DE 17/10 A 04/11).................................................................................................... 53
A APARENTE REJEIÇÃO DA MENSAGEM ........................................................................................................................ 54
OS PRIMEIROS RESULTADOS DE MINNEÁPOLIS ............................................................................................................. 54
A POSIÇÃO DE ELLEN G. WHITE (EGW) SOBRE MINNEÁPOLIS ..................................................................................... 54
CONFISSÃO E CONTRIÇÃO ............................................................................................................................................. 55
A REORGANIZAÇÃO DA IGREJA (1888-1903)....................................................................................................... 56
A LIDERANÇA CENTRALIZADA ...................................................................................................................................... 56
VONTADE DO POVO ....................................................................................................................................................... 57
UNIÕES .......................................................................................................................................................................... 57
A. G. DANIELS ............................................................................................................................................................... 57
A REORGANIZAÇÃO....................................................................................................................................................... 58
A DEPARTAMENTALIZAÇÃO .......................................................................................................................................... 58
UMA DIVINA ORIENTAÇÃO ........................................................................................................................................... 58
A CRISE DO PANTEÍSMO COM O DR. KELLOGG (1901-1907).......................................................................... 59
KELLOGG COMO LÍDER .................................................................................................................................................. 59
CRÍTICO DOS PASTORES................................................................................................................................................. 59
PROCESSO DE APOSTASIA .............................................................................................................................................. 59

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POSIÇÃO DE ELLEN WHITE ............................................................................................................................................ 60


PANTEÍSMO ................................................................................................................................................................... 60
A OBRA NO BRASIL .................................................................................................................................................... 61
OS PRIMEIROS BATISMOS .............................................................................................................................................. 62
A PÁGINA IMPRESSA ..................................................................................................................................................... 62
ORGANIZAÇÃO ADVENTISTA ......................................................................................................................................... 63
A OBRA EDUCACIONAL ................................................................................................................................................. 63
A OBRA MÉDICO-MISSIONÁRIA .................................................................................................................................... 63
EVANGELISMO ............................................................................................................................................................... 64
GRUPOS DISSIDENTES .............................................................................................................................................. 64
DISSIDENTES NOS PRIMÓRDIOS ..................................................................................................................................... 65
CARNE SANTA ............................................................................................................................................................... 65
O GRUPO DE BALLENGER .............................................................................................................................................. 67
MOVIMENTO REFORMATÓRIO DA SRA. ROWEN............................................................................................................. 68
O MOVIMENTO DE REFORMA ALEMÃO ......................................................................................................................... 69
ROBERT BRINSMEAD ..................................................................................................................................................... 70
AS CRISES DO SANTUÁRIO ............................................................................................................................................ 72
DESMOND FORD ............................................................................................................................................................ 72
TESTEMUNHOS SOBRE A VITÓRIA FINAL DA IGREJA ADVENTISTA DO 7º DIA .................................... 75

BIBLIOGRAFIA AUXILIAR ....................................................................................................................................... 76

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HISTÓRIA DA IGREJA
ADVENTISTA DO 7º DIA
Baseada em apontamentos de sala de aula do Dr. Luiz Nunes (SALT-IAENE) e do Dr. Timm (SALT-UNASP).

PORQUE ESTUDAR A HISTÓRIA DO ADVENTISMO?

Nós não participamos da filosofia existencialista para quem o passado é sem sentido, só interessando
ao homem o presente. Logo, fazer História para eles não tem razão de ser, pois esta nada tem a esclarecer do
presente, nem diz nada de relevante ao homem hodierno.
Para estes o significado da História jaz sempre no presente.
Podemos concordar com a idéia de que o homem envolvido com a história no presente, não pode
captar o seu sentido.
Mas cremos que Deus, que está fora da História e que a preside, providencialmente, pode revelar seu
sentido ao homem, e o fez. - “O cristão vê as contingências e acidentes da história como a trama e a urdidura
do pano que Deus, em Sua providência, está tecendo” (Dr. Pollard, citado por J. Schwantes, em Significado
bíblico da história, 18).
Queremos entender como Deus dirigiu, está dirigindo e dirigirá nossa História, sem abdicar de Sua
soberania, nem negar nossa liberdade.
Para nós o passado tem valor esclarecedor e orientador do próprio passado e nos habilita a agir no
presente face as nossas crises eclesiásticas e desafios.
“O significado final da história deve ter um propósito de redenção, que é concretizado por Deus na
História mesma” (E. Rust).
(1) Este propósito de redenção é presente pelos benefícios adquiridos na cruz.
(2) Este propósito de redenção é futuro, pois seu pleno benefício só será alcançado no porvir.

Quem Somos Nós? Qual a “alma” do Movimento Adventista?


Precisamos entender nosso passado com suas motivações, vicissitudes e realizações para que diante
das crises e perigos dos séculos ou do presente, possamos ter uma direção segura.
Precisamos estudar nossa identidade como povo, sem mantermos, ou aceitarmos conceitos restritivos.
• Alguns nos encaram como uma inovação tardia, vinda para o mundo religioso no século XIX.
Somos declarados como entidade separatista e tardia (“seita”, para muitos).
• Isto nos tem colocado, injustamente, fora da Reforma Protestante do século XVI, quando nós
nos vemos como uma continuação dela. E nos vemos não só como continuadores, mas como
aqueles que a conduzirão ao seu clímax.
• Somos a última linha de testemunhas de Deus para alcançarmos o fim da era cristã.
• O último seguimento das 7 fases da Igreja de Deus, como revelado em Apocalipse 2, 3, e
interpretado por Atos dos Apóstolos, pp. 586, 587.
Precisamos entender a relação do povo remanescente e a Igreja invisível.

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(1) Remanescente: Um povo chamado para fora, nos últimos dias, do corpo universal, devido à
apostasia, para anunciar a Tríplice Mensagem Angélica a todo o mundo.
(2) Esta visão da igreja dá profundidade e perspectiva à nossa missão e mensagem. Provê mais poder e
apelo para nossa missão do testemunhar a todos os homens, e nos protegem do conceito restritivo de que
somos uma inovação tardia e que surgimos no século XIX como entidade separatista.
• Duas conseqüências lógicas surgem desta visão de igreja: 1) Destruir todo senso inconfessável
de complexo de superioridade (triunfalismo) e ufanismo. 2) Não esquecer nossa identidade
doutrinária e profética, eclesiológica e missiológica.
• Esta visão de igreja com a nossa anuência às duas verdades básicas, através das quais o mundo
cristão nos reconhece como uma igreja cristã, e são elas: 1) A eterna preexistência e completa
divindade de Cristo. 2) Seu ato de expiação foi completo na cruz.

INTRODUÇÃO GERAL

Contexto Histórico do Movimento Adventista

Em torno do século XV as pessoas e os governos estavam interessados em saber como ficar mais
ricos. Seria aumentando a quantidade de terras ou a quantidade de dinheiro? A sociedade feudal fora baseada
na riqueza de posse de terra. Enquanto uma sociedade que se baseava na riqueza da posse de dinheiro
emergia lentamente.
O século XVI foi caracterizado pelo humanismo (antropocêntrico). O homem é o centro, o sujeito é o
padrão de tudo. Com isso começou a se valorizar o que no homem havia de maior valor - sua razão. Isso nos
conduz ao Iluminismo, no século XVIII. Foi a época do racionalismo de Descartes. Deu-se a liberdade do
pensamento. Com uma mão eles abalaram o absolutismo secular dos reis e com a outra a autoridade religiosa
de Roma.
Por este processo propagam-se as idéias liberais, que defendiam o direito do indivíduo à liberdade
política e de expressão.
Assim, ascendeu no cenário social a classe burguesa que aliada ao povo, contra os colonizadores ou
contra a nobreza, defendiam as idéias de:
(1) Igualdade de todos os homens;
(2) Liberdade - Democracia;
(3) República - Soberania do povo através de seus delegados;
(4) Federalismo - Sistema político que se constitui de vários estados numa federação;
(5) Capitalismo.

Foi neste ambiente que surgiu e deu os primeiros passos o Movimento Adventista.

Napoleão Bonaparte e a Europa - Durante quinze anos Napoleão Bonaparte procurou propagar
através de guerras o ideal republicano na Europa. E se anunciava como líder do estado dominante da Europa.
• Sua sede insaciável de poder o levou a exercer seu domínio em áreas distantes, como Oriente
Próximo e Egito.

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• E ainda o conduziram às portas do Vaticano quando o general Berthier estabeleceu a


República Romana, em 1798, aprisionando o papa Pio Vi, que morreu no exílio.
Depois de 15 anos de guerra, Napoleão foi confinado numa ilha do Atlântico Sul, Santa Helena, onde
veio a falecer. Então a Europa tentou construir uma sociedade ordeira, livre dos excessos trazidos pela
revolução francesa.
Sob a liderança do Príncipe Matternich da Áustria, e sob a inspiração de Edmund Burke, os estadistas
europeus decidiram encorajar instituições que trouxessem estabilidade para a sociedade ordeira que
desejavam. Entre elas estava a Igreja Católica, cuja influência e prestígio gradualmente aumentaram.

Quando o Adventismo Começou?


Os adventistas do 7º dia crêem que suas origens estão num longínquo passado.
• Não, somente, no movimento de 1830 a 1840 nos EUA, porém mais além.
• Além, em Wesley e no movimento reavivacionista do século XVIII.
• Além, nos grandes reformadores protestantes.
• Além, nos grupos dissidentes anteriores, como os valdenses e lolardos (sociedade
semimonástica da Idade Média).
• Além, na Igreja Primitiva céltica da Irlanda e da Escócia.
• Além, nos mártires do VI, V, IV e III séculos.
• Além... estão nos apóstolos e em JESUS CRISTO.

Contexto Religioso e Filosófico

Diversidade Religiosa
Nesta ocasião o protestantismo estava experimentando um renascimento em suas fileiras,
particularmente, na Inglaterra e nos EUA, onde a obra de Wesley frutificou em rápido crescimento do
Metodismo. Processou-se então um reavivamento interdenominacional, que se caracterizou por uma
experiência religiosa pessoal e emocional. Os séculos XVIII e XIX foram ricos em diversidade religiosa.
Novas seitas proliferaram.
A América sempre foi a terra dos dissidentes religiosos. Embora os “pais peregrinos” sejam os mais
conhecidos, contudo houve outros como:
• Comunidade Germânica da Mulher no Deserto, estabelecida em 1964, próxima da moderna
Filadélfia.
• Foi na Pensilvânia, entre os German Dunkers (batistas), que Conrad Beissel, tornou-se
convicto da sacraticidade do sétimo dia, o Sábado. Rejeitado por sua comunidade, Beissel
retirou-se para formar a EPHRATA CLOISTER, cujos membros, em adição ao Sábado,
negavam a doutrina da eterna punição, opunham-se a toda guerra e violência, e seguiam
alimentação vegetariana com duas refeições por dia.
• Além destes, podem ser mencionados ainda: Rappites, Os Separatistas de Zoar e a sociedade
de Amana.

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Profetas do Século XIX nos EUA


No ano da declaração da independência da América surgiram movimentos religiosos dirigidos por
pessoas que se diziam profetas:
(1) JEMIMA WILKINSON - Após experimentar um transe de 36 horas, ela ficou convencida que o
Espírito de Jesus Cristo ocupava o corpo dela, e isto duraria 1.000 anos. Chamava-se a si mesma de AMIGA
UNIVERSAL.
• Crenças: Sábado, Celibato, Pós-milenialismo.
• Morreu em 1819.

(2) MÃE ANN LEE STANLEY - Chegou nos EUA, em 1774, vinda da Inglaterra, com 8 seguidores,
• Sua igreja chamava-se Igreja Milenial.
• Seus seguidores foram intitulados The Shakers (devido aos movimentos que faziam com o
corpo).
• Ela se considerava a encarnação feminina da Divindade.
• Crenças: Celibato, igualdade dos sexos, pós-milenialismo, comunicações espirituais,
temperança.

Além desses grupos podem ser mencionados outros, como: Hopedale Community, Fruitlands, Brook
Farm. Todos ligados à idéia do Reino Milenial.

(3) JOHN HUMPHREY NOYES - Desenvolveu a crença da perfeição individual e da perfeição da


comunidade. Suas crenças características eram:
• Impecabilidade após a conversão.
• Casamento complexo - cada mulher do grupo deve ser casada com cada homem.

Alguns destes grupos religiosos desenvolveram crenças e práticas que mais tarde também vieram a ser
características dos Adventistas do 7º Dia.

Os Santos dos Últimos Dias (Mórmons)


Joseph Smith Jr. foi o fundador e organizador da Igreja dos Santos dos Últimos Dias, por volta de
1830. Aos 14 anos, ele disse receber a 1ª visão. Nela lhe foi revelado que não havia nenhuma igreja que
tivesse uma teologia e uma prática corretas.
Anos mais tarde, Smith recebeu a visita do anjo Moroni, que o conduziu a uma montanha próxima.
Ali, Smith diz ter recebido pratos (placas) de ouro com inscrições. Em 1830, Smith escreveu o Livro dos
Mórmons, que era a tradução das inscrições das placas de ouro. Suas doutrinas características eram:
• Batismo de Imersão
• Dízimo
• Temperança
• Guarda do 1º dia da semana
• Poligamia
• Estabelecimento do Reino de Deus na Terra

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Devido aos casamentos do profeta, desafetos de sua igreja e outros líderes religiosos levaram-no à
destruição. Foi preso com seu irmão Hyran, por ordem do governador Thomas Ford, em Illinois. Em 27 de
junho de 1844, em tumulto no presídio, eles foram assassinados.

O Espiritismo Moderno e o Evolucionismo

Origens Modernas do Espiritismo


O emocionalismo Metodista, Batista e o espírito reavivalista dos campbelitas (Thomas Campbell -
Discípulos de Cristo) prepararam o terreno para o surgimento dos Mórmons, bem como a filosofia espírita de
Emanuel Swedenborg, que esteve nos EUA, no início do século XIX.
A segunda vinda de Cristo, para este homem, conforme revelada no Apocalipse, ocorreu quando ele
recebeu a revelação do significado espiritual da Bíblia. Ele dizia ter experimentado visões, nas quais
conversava com um famoso homem do remoto passado.

ANDREW JACKSON DAVIS – Aos 18 anos, sapateiro, teve um transe no qual ele se encontrou e
recebeu mensagens de um antigo médico grego chamado Galen, e de E. Swendenborg. Isto ocorreu em 1844.

AS IRMÃS FOX – Hydesville , NY, apareceram quatro anos mais tarde, em 1848. A comunicação
com os espíritos que elas estabeleceram teve ampla publicidade nos EUA. O espiritualismo, embora não
tenha formado uma denominação organizada à parte, teve rápido crescimento nos Estados Unidos e no
mundo. Em 1859, o número de médiuns em Nova York era de 71, enquanto Massachusetts possuía 55, e em
Ohio eram 27. Hoje, cerca de 350.000 nova-iorquinos professam comunhão com os mortos.

O Evolucionismo
CHARLES DARWIN – A idéia da evolução é muito antiga. Na Grécia, Anaximander ensinava que o
homem evoluiu do peixe. Aristóteles ensinou que Deus criou uma massa de matéria viva, e dessa massa
evoluíram formas de vida cada vez mais complexas.
Darwin publicou o livro Origem das Espécies, em 1859, que esgotou em um só dia 1.250 exemplares.
Ele nasceu em 1809, e já em 1831 embarcou como biólogo no navio Beagle numa viagem de pesquisa que
durou 5 anos. O primeiro rascunho do seu livro ficou pronto em 1844, curiosamente. Escreveu outros livros
sobre o tema. Morreu em 1882, aos 73 anos de idade.

O Movimento Missionário (o séc. XIX foi o Grande Século Missionário)


Teve seu início em 1793, com a chegada de William Carey, na Índia. Dois anos mais tarde foi
estabelecida a Sociedade Missionária de Londres (1795). No ano seguinte, em Nova York, é estabelecida
uma entidade semelhante.
O movimento missionário foi respaldado pelo surgimento de Sociedades Bíblicas.
• Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira – 1804.
• Sociedade Bíblica Americana – 1816.
• Entre 1804 e 1840 surgiram 63 Sociedades Bíblicas na Europa, América e Ásia. Dentro deste
período, foram traduzidas partes da Bíblia em aproximadamente 110 línguas e dialetos.

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Com este respaldo surgiram importantes missionários.


• Robert Morrison – China.
• Adoniran Judson – Índia.
• Robert Moffat – Sul da África.
• David Livingstone – África.

O REAVIVAMENTO DO ADVENTISMO

A - A Promessa
1 - No ano 31 d.C. os apóstolos ouviram uma vez mais a promessa da bem-aventurada esperança –
Atos 1:9-11.
2 - O retorno de Jesus foi repetido mais de 300 vezes no NT, como um acontecimento iminente, por
isso é apontado por Edward Gibbon como o principal fator do rápido crescimento do cristianismo primitivo.

B - Interesse no Estudo Profético


1 – Após o 5º século surgiram estudiosos, isoladamente, que viam nas profecias de Daniel e
Apocalipse uma evidência da proximidade da 2ª Vinda.
• a – Joachim Floris, em 1180 d.C., foi o primeiro a aplicar o princípio dia-ano à profecia dos
1260 dias.
2 – Contudo, só a partir da Reforma Protestante é que a crença na iminente volta de Cristo teve seu
desenvolvimento.
• No início do século XVII, apareceu um clérigo inglês, Daniel Whitby que procurou
harmonizar as correntes teológicas que o precederam.
• Ele defendeu a idéia de que a 2ª Vinda era espiritual, a que se seguiria mil anos, nos quais se
converteriam primeiro os protestantes, católicos, judeus e maometanos, abandonando seus
pecados e descrença. No fim do milênio, então, Cristo voltaria literalmente.
• Por volta de 1750, o Pós-Milenialismo (corrente que cria que Jesus voltaria após o milênio –
Apoc. 20) dominou a escatologia protestante, na América e Inglaterra.
3 - Os acontecimentos da Revolução Francesa agravaram a especulação milenial, uma vez que a
profecia os 1260 dias teve o seu cumprimento com o aprisionamento do Papa, e o estabelecimento da
República em Roma.
• Por volta de 1800, muitos estudiosos protestantes admitiam que os 1260 anos de supremacia
papal terminaram na última década do 18º século.
• Foi Drue Cressener (morreu em 1718), um pastor da Igreja Anglicana, o primeiro a iniciar o
período dos 1260 dias com Justiniano e sua atuação em favor do papado, cujo término se daria
em torno de 1800 d.C.
• Este renascimento do interesse em profecia logo se transferiu para o mais longo período da
profecia bíblica, os 2300 dias-anos, de Dn 8:14.
(4) Em torno deste período, 84 homens de 13 países ensinavam que os 2.300 dias-anos terminariam
em 1844, 1845 ou 1847.

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O MOVIMENTO ADVENTISTA

A – Na Alemanha
1 – Johann Petri, pastor calvinista alemão, em 1768, foi o primeiro a encontrar o caminho para a
correta interpretação dos 2.300 dias-anos. Foi Petri quem primeiro descobriu a íntima relação entre as 70
semanas proféticas de Dn 9 e os 2.300 dias-anos de Dn 8.
• Ele estabeleceu o início de ambas as profecias em 453 a.C., isto conduziria o término do
período profético para 1847 d.C.
2 – Johann Bengel – Cinqüenta anos antes de J. Petri, causou o maior impacto nos meios protestantes.
Para ele, a Bíblia inteira era uma revelação progressiva do plano de Deus para salvação do homem, tendo
como figura central a Pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo. Todas as profecias de tempo apontavam para
culminação do plano e salvação: a segunda vinda de Cristo em glória.
• Para ele, o número 666 e os 1260 eram iguais, apontando para o tempo da supremacia papal.
Com um complicado arrazoado aritmético, ele concluía que o fim dos 1260 era o ano 1836.
• Ele cria que Cristo voltaria à Terra neste tempo, para iniciar Seu reino milenial, e em seguida
haveria um segundo milênio no céu.
• Bengel exerceu uma profunda influência no pietismo (corrente teológica que desprezava a
jurisdição eclesiástica, considerando apenas a teologia mística e a contemplação espiritual,
atacando com veemência a imoralidade) germânico, e na Inglaterra. John Wesley foi
profundamente alcançado por seu ensino.

B – No Chile
1 – Manuel Lacunza
• Por séculos a Igreja Católica, ou ignorou o retorno de Cristo ou o colocou num longínquo
futuro. Então, na década de 1790, um manuscrito intitulado “A Vinda do Messias em Glória e
Majestade”, escrito por Manuel Lacunza, sacerdote jesuíta, começou a circular na Espanha e
na América Espanhola.
• Ele foi forçado a deixar o Chile, em 1767, quando Carlos III expulsou todos os jesuítas. E
Lacunza foi viver num mosteiro perto de Bologna, Itália, onde terminou seus estudos sobre a
segunda vinda de Jesus Cristo. Seus manuscritos circularam sob o pseudônimo de Juan
Josafat Ben-Ezra. Até que em 1812, 10 anos pós sua morte, sua obra foi publicada na
Espanha.
• Ele cria que havia duas ressurreições separadas pelo milênio, e que a vinda de Jesus era
anterior ao milênio, posição que era oposta à de Whitby (que cria no pós-milenialismo).

C – Na Inglaterra
O livro de Lacunza agitou a Inglaterra, na década de 1820. Em 1810, John A. Brown, introduziu o
tema dos 2300 anos, datando o seu início para 457 a.C. e seu fim para 1843 d.C.
Hans Wood, irlandês, piedoso leigo de Rossmead adotou a interpretação de que os 2.300 dias-anos
têm o mesmo início das 70 semanas. Ou seja, as 70 semanas são o primeiro segmento dos 2.300 anos,
iniciando as 70 semanas (segundo ele) em 420 a.C., e cujo término seria em 1880 d.C.

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Willian Cunninghame, era um leigo escocês, jornalista do The Christian Observer, um prolixo
escritor, escreveu 21 diferentes obras sobre profecia e cronologia. Ele acreditava que estava vivendo no
tempo da mensagem do primeiro anjo de Apoc. 14:6-7, e que as duas outras mensagens estavam no futuro.
• Ele entendeu que a purificação do santuário, no fim dos 2300, se referia à purificação da
igreja, ao julgamento da apostasia e do islamismo.
• Ele pensava que o milênio se iniciaria no fim dos 1335 dias-anos de Dn 12:12 (em 1867 d.C.),
que para ele seria o fim dos 1260 dias também.
Joseph Wolff, filho de um rabino judeu-alemão. Repelido pelo racionalismo do protestantismo alemão
do século XIX, ele voltou ao catolicismo. Wolff se tornou o pregador predileto do papa e dos cardeais.
Deparou-se, certa vez, com um conflito com estudantes e professores a respeito do direito da igreja em
queimar os heréticos, que Wolff dizia ser uma violação do mandamento: “não matarás”. Nesta ocasião ele se
encontrou com H. Drumond, que foi conhecer o famoso pregador cristão. Prontamente, Drumond apelou:
“Wolff, saia de Babilônia”.
• Devido à sua independência, foi afastado do catolicismo, após o que emigrou para a Inglaterra,
onde se tornou anglicano. Por ser especialista em 6 idiomas e ser capaz de se comunicar em
mais 8 línguas, tornou-se um missionário entre judeus, árabes, hindus. Como pregador esteve
no Oriente Médio, na Ásia Central, na Índia e, em 1837, em visita aos EUA, foi convidado a
pregar para o Congresso Americano. José Wolff dizia que o 2º advento ocorreria em 1847.

Edward Irving – Trata-se da mais brilhante figura do movimento adventista inglês. Cresceu na Escócia
e graduou-se na Universidade Edimburg com a idade de 17 anos. Depois de iniciar seu ministério em
Glasgow, aceitou um convite para pastorear uma pequena igreja em Londres Sua brilhante oratória, a
reputação de sua piedade, e sua habilidade de empatizar com seus paroquianos, atraiu a nata da sociedade
londrina. Em 1826 ele leu, em espanhol, a obra de Lacunza. No mesmo ano se uniu a James Frére e a Lewis
Way na organização da sociedade de investigação da profecia. Irving aceitou o ano de 1847 como a provável
data do retorno de Cristo. Domingo após domingo, Irving ensinou a milhares de pessoas em sua igreja em
Londres, o iminente retorno de Jesus. Em sua viagem à Escócia, ele falou a um auditório de 12.000 pessoas
ao ar livre. Nesta viagem foram convertidos os 3 irmãos Bonar. Entre eles, Horatius Bonar, famoso hinólogo
do advento.
• Num domingo de 1831, o sermão foi interrompido por um estranho falar em línguas seguido
de curas divinas.
• A congregação dividiu-se quanto à genuinidade desta manifestação sobrenatural. Irving
rejeitou condenar o que ele pensou poder se tratar do derramamento do Espírito Santo na
chuva serôdia. Isto o conduziu para seu afastamento e heresia. Com o ânimo quebrado, morreu
em 1834.

Nenhum país europeu teve tão brilhante grupo de pregadores como a Inglaterra.

D – Nos Estados Unidos


Apesar de não ter havido maior interesse na iminente volta de cristo, por quase uma década após a
conferência de Albury, entretanto, estavam surgindo desde 1811 algumas especulações concernentes aos
2300 dias-anos.

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a) William C. Davis, de South Carolina, calculou que o fim dos 2300 e 1260 anos ocorreria em 1847.
para ele purificação do santuário queria significar o início do milênio. E em 1847 se iniciaria a purificação da
igreja com a respectiva destronização do papado e o início da conversão dos judeus, 30 anos após, mas a
glória do milênio seria em 1922. Mais tarde tornou-se Pós-Milenialista, dizendo que a 2ª vinda literal de
Jesus dar-se-ia 365.000 anos futuros. Até esta época a maior parte dos pregadores americanos defendia o
Pós-Milenialismo de Whitby.

William Miller
a) Infância e juventude - 1782 a 1803.
• Nasceu em Pittsfield, Massachussets, em 15/02/1782, sendo o primeiro de 16 filhos. Aos 4
anos mudou-se para Low Hampton, que ficava à pequena distância do limite com o Estado de
Vermont.
• Nasceu e se criou num lar batista, pois sua mãe era filha do pastor Elnathan Phelps. Logo cedo
aprendeu que seus pais não poderiam custear seus estudos. Entretanto, seu desejo de estudar
era tão grande, que esperava toda família dormir, e ia para sala. Então, avivava o fogo e
deitado sobre o tapete lia. Pegava livros emprestados de seus vizinhos, e assim ele formou seu
perfil cultural.
• Em 1803 ficou noivo da senhora Lucy Smith, com quem se casou e viveu por 50 anos, tendo
10 filhos. Ao casar-se mudou-se para Paultney, a uns 10km de Low Hampton.

b) Período de confusão espiritual e incredulidade - 1803 a 1816.


• Sua fé religiosa foi minada pela leitura de autores como Voltaire, Thomas Payne, David Hume
e outros. Também pela influência de seus amigos intelectuais, passou a professar o deísmo (é
uma postura filosófico-religiosa que admite a existência de um Deus criador, mas rejeita a
idéia de revelação divina. É uma doutrina que considera a razão como a única via capaz de nos
assegurar da existência de Deus, rejeitando, para tal fim, o ensinamento ou a prática de
qualquer religião organizada).
• Suas experiências na guerra fizeram Miller pensar um pouco melhor no deísmo. Seus amigos
mortos o fizeram pensar mais na vida futura.
• Em 18/6/1815 deu baixa no exército. Voltou ao seu lar. Seu pai tinha falecido. Agora
precisava ajudar sua mãe viúva, e seus irmãos menores, indo morar em Low Hampton.
• Para agradar sua mãe, começou a freqüentar a Igreja Batista local, onde seu tio Eliseu pregava
regularmente. Quando o ministro não estava presente, um sermão impresso era lido por um
diácono, o que desgostava a Miller. Por isso parou de freqüentar aos domingos, até que os
diáconos o convidaram a ler os próximos sermões. Paulatinamente foi ficando insatisfeito com
a falta de esperança do deísmo.
• Um domingo, enquanto lia o sermão, foi tomado de grande emoção. E começou a ver a beleza
de Jesus Cristo como seu Salvador. Penso: “Por que não tornar-se um cristão, tendo sua
esperança posta nas promessas da Bíblia”?
• Seus amigos deístas o expuseram ao ridículo, usando seus próprios argumentos para
argumentar contra ele.
• Isto o conduziu a um sistemático programa de estudos.

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c) Período de profundo estudo da Bíblia - 1816 a 1831


Miller comprou uma Bíblia e a concordância de Cruden’s.
• Decidiu deixar de lado todos os comentários e se dedicar ao estudo apenas da Bíblia, e deixar
que ela explicasse a si mesma.
• Começou em Gên.1:1 e durante 2 anos foi avançando versículo por versículo. Quando se
deparava com alguma contradição aparente, não continuava até que encontrava uma solução,
deixando sempre que a própria Bíblia esclarecesse a questão.
• Não poucas vezes ficava tão empolgado que não dormia a noite inteira, e continuava
estudando todo o dia seguinte.

Conclusões Doutrinárias
• Pré-Milenialismo (Jesus retornaria antes do milênio).
• O retorno dos judeus a sua terra é sem fundamento nas Escrituras.
• A volta de Jesus será pessoal, acompanhada dos anjos.
• O reino de Deus será estabelecido na volta de Cristo.
• A terra perecerá num dilúvio de fogo.
• A Nova Terra surgirá das cinzas.
• Os justos mortos só serão ressuscitados na 2ª vinda.
• Os ímpios só ressuscitarão depois do milênio.
• A ponta pequena de Daniel - o papado - será destruída na 2ª vinda.
• Vivemos no tempo dos últimos símbolos proféticos, como no caso de Dan.2.
• A relevância bíblica do princípio dia/ano.
• Os 2.300 dias de Dan.8:14 entendem-se de 457 a.C. e se cumpriria em torno de 1843 d.C., e
Jesus deveria regressar nesse ano ou um pouco antes.
Estas últimas conclusões o levaram a estudar mais 4 anos (1818-1822). Este período foi dedicado a
enfrentar todas as objeções que porventura pudessem surgir, produzindo seu Compêndio de Fé, com 20
artigos.
De 1822 até 1831 Miller nada fez aparentemente de excepcional (entre os 40 e 49 anos de idade).
Nesta época surgiu uma questão que arrebatou os sentimentos e pensamentos de Miller: seu dever de pregar
ao mundo a luz que Deus lhe havia dado. As desculpas que usava para tentar acalmar a voz da consciência
não tiveram resultado: 1) não estar suficientemente seguro de suas interpretações; 2) não sentir-se em
condições de falar em público (mas Ezeq. 33:4, 6, 8 o atormentava de contínuo); 3) tentou através de cartas,
falando sobre as profecias, dividir a sua responsabilidade de pregar.

d) Miller o Pregador Solitário - 1831 a 1839.


Miller responde ao chamado de Deus.
• No Sábado de 13/8/1831, após o desjejum, Miller foi para o seu escritório para estudar um
pouco da Bíblia. Aquela voz se fez ouvir mais forte do que nunca: “Vai, dize-o ao mundo”.
• Começou a argumentar: sua falta de preparação, falava mal sua língua, sua lentidão para falar,
seu sotaque de matuto, sua idade avançada, etc. Nem a si mesmo convencia com tais escusas.

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• Então fez um pacto com Deus: “Se eu receber um convite para falar em público em qualquer
lugar, irei, e compartilharei o que eu tenho encontrado na Bíblia acerca da vinda do Senhor”.
Ele pensou que nunca seria chamado a pregar, pois ninguém sabia do seu problema.
O convite
a) Não passara sequer meia hora desde o momento do pacto que fizera com Deus, quando ouve uma
forte batida na porta.
b) Era Irving, filho do casal Silas e Silvia Guilford, sobrinho de Miller por parte de mãe.
c) A ordem era: convide a seu tio Miller a pregar para nós, se ele não quiser, diga-lhe que falar sobre
os temas que tem estudado sobre a 2ª vinda, e, se não quiser pregar na igreja, que pregue na sala daqui de
casa.
d) Surpreso e indignado, Miller saiu de casa e se dirigiu a um pequeno bosque, lamentando o pacto
feito anteriormente. Esta luta durou uma hora. Até que, ajoelhado, exclamou “Sim, Senhor, irei!”. No bosque
do dia 13/8/1831, entrou um “matuto”, e saiu um pregador.
e) No dia 14/8/1831 Miller iniciou, em Drésden, seu ministério de pregador, na cozinha da casa dos
Guilford. No dia seguinte, a reunião foi na Igreja Batista, e durante as noites seguintes mais e mais pessoas
vieram, o que era apenas um sermão, tornou-se um forte reavivamento. Treze famílias se converteram,
exceto duas pessoas.
Deste tempo em diante vinham convites para pregar nas igrejas batistas, metodistas e congregacionais
daquela região. Em 12 de setembro de 1833, sua Igreja Batista local, de Low Hampton, sem seu
conhecimento, votou sua licença para pregar. Parece que ele nunca foi formalmente ordenado. E sempre
recusou em toda sua vida ser chamado de “reverendo” (uma função pastoral). Nunca usou roupa clerical, e
sempre se vestiu com a roupa de cidadão comum.
• Centenas de pessoas apreciavam a tranqüilidade e firmeza de arrazoamento bíblico, histórico
e profético.
• Seu grande objetivo não era a fria matemática das profecias de tempo, mas antes de tudo ver
as pessoas aceitarem a Jesus Cristo como Salvador, e vê-las olharem para a futura vinda de
Jesus com uma alegria expectante.
• Seus sermões eram bem conhecidos por uma cuidadosa organização e fundamentados por uma
numerosa citação de textos bíblicos.
• Era um pregador entusiasta, sem ser bombástico. Sua linguagem e estilo eram entendidos pelo
povo comum.
Em 1836 preparou um pequeno livro, que era uma coletânea de 16 sermões, que rapidamente se
espalhou. Em 1838 foi feita uma republicação destas palestras de Miller pelo Boston Daily Times.

Miller e Seus Associados


A pedido de um amigo, o Pr. Josias Litch leu a coletânea de sermões de Miller, certo que com
facilidade provaria os erros de Miller em tentar datar o retorno de Cristo. Mas, quanto mais lia, mais
fascinado ficava. Quando terminou, estava convicto que Miller estava certo, e que ele mesmo deveria ensinar
esta verdade, e por isto publicou um livro intitulado Probabilidade da 2ª vinda de Cristo cerca de 1844.
Foi Litch, que aplicando o princípio dia-ano, no estudo de Apoc. 9, predisse a queda do poder
Otomano (Império muçulmano fundado pos Osman I, cuja capital era a cidade de Constantinopla, tomada ao
Império Bizantino em 1453. O Império Otomano foi a única potência muçulmana a desafiar o crescente
poderio da Europa Ocidental entre os séculos XV e XIX) em agosto de 1840. Isto aumentou o interesse no

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estudo das profecias bíblicas. E muitas pessoas consideraram a queda do império otomano em 11/8/1840
como um cumprimento, uma vindicação da posição de Litch.
Na primavera de 1838 outro pregador leu a coletânea de sermões de Miller. Desta feita foi Charles
Fitch, de Boston. Ele também concordou com Miller.
• Por não ter apoio dos pastores congregacionais, abandonou sua preocupação com a profecia.
• Mas em 1841, através de Litch, reafirmou sua fé no advento e tornou-se um dos seus mais
vigorosos evangelistas.
Apesar da influência de Miller estar se espalhando rapidamente, nas vilas e pequenas cidades, nada se
sabia do assunto nas grandes metrópoles. Em Exeter, New Hampshire, Miller ali estava para uma série de
palestras, quando pastores da Conexão Cristã resolveram visitá-lo para aprender algo dos seus ensinamentos.
Entre eles estava Josué V. Himes.
• Um vibrante jovem, organizador de grandes programas sociais e educacionais. Vivamente
impressionado, convidou a Miller para vir fazer uma série de palestras na sua capela em
Boston.
• Miller aceitou o convite, e transformou o milerismo de uma “curiosidade local” para receber
atenção nacional.

O MOVIMENTO MILLERITA (1839-1844) E O DESAPONTAMENTO

O contato de Miller com Josué V. Himes abriu uma nova fase no adventismo nos EUA. Aceitando o
convite de Himes, Miller pregou em Boston, na Chardon Street Chapel, de 8 a 16 de dezembro de 1839. Esta
aproximação dos dois pregadores fez com que Himes tivesse mais certeza acerca da proximidade do advento,
embora não estivesse tão convicto com a datação de Miller.
Himes acreditava que o tema merecia uma mais ampla publicidade, e inquiria de Miller por que não o
fizera antes, ou seja, anunciar a mensagem nas grandes cidades. Ao que Miller disse que não havia sido
convidado. Foi então que Himes determinou que abriria as portas para Miller “em cada cidade na União”.
Dentro de algumas semanas, Himes tornou-se o organizador, promotor e o jornalista do movimento
adventista. Através das atividades de Himes, Miller pregou em New York, Filadélfia e Washington.
Em fevereiro de 1840, Himes começou um outro método de publicidade. Saiu o primeiro jornal do
adventismo: “The Signs of the Times”. O 1º número saiu no dia 28/02/1840.
Por falta de fundos e de uma lista de assinantes, este seria o 1º e o último número. Mas Dow e
Jackson, jornalistas abolicionistas, acreditaram que o tema da 2ª vinda tinha interesse público e que seria um
sucesso financeiro. Assim eles assumiram a responsabilidade de publicação, e o jornal começou a sair
quinzenalmente. As condições para isto eram:
• Himes seria um editor sem salário.
• Ele mesmo ajudaria a conseguir uma lista de assinantes.
• E forneceria os artigos.
No fim do 1º ano, a publicação de Signs of The Times, tinha 1500 assinantes, e Himes convenceu a
Dow e Jackson a vender o jornal para ele. Assim o jornal passou a ser editado semanalmente, na primavera
de 1842. Josias Litch foi contratado como editor associado.
Este foi o 1º de uma grande lista de publicações. Os principais foram:
• The Midnight Cry - de Nova York.

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• The Voice of Truth - de Rochester.


• The Western Midnight Cry - de Cincinati.
• The Trumpet of Alarm - da Philadelphia.
• The Voice of Elijah - de Montreal.
Além disso, Himes formou uma pequena biblioteca sobre o 2º advento, chamada “Second Advent
Library”. Eram publicações de Miller e outros. As pessoas eram encorajadas a distribuir estes livros para
vizinhos e amigos. Himes ainda produziu mapas proféticos coloridos, feitos por Charles Fitch e Appollos
Hale, e ainda diversos tipos de selos de propaganda para cartas.

A Extensão da Obra de Himes


A tiragem total tinha alcançado em 1842 a 50.000 exemplares, em 1843 a 1.000.000 de exemplares,
em maio de 1844 a 5.000.000 de exemplares. Assim, a publicação millerita chegava a todos os lugares.
Pacotes eram colocados nos navios que viajavam para todos os portos do mundo. Chegou-se a pôr
publicação millerita em todos os portos da Costa atlântica dos Estados Unidos.
Himes viajou 30.000 Km, dando uma palestra por dia, por quase todo tempo que esteve associado com
Miller. Para Himes, Miller para ele era como se fosse um pai.
Ele também editou um hinário intitulado: “The Millennial Harp”.
Enquanto isto, Miller continuava pregando a auditórios cada vez maiores. Até que chegou a Portland,
Maine, em março de 1840, onde pregou para um público de 1500 a 1800 pessoas, onde foi ouvido pela
família Harmon.

Conferências Gerais sobre a 2ª Vinda de Cristo


O número de pastores que aceitava o ponto de vista de Miller, aumentava cada vez mais, então
convinha reunir os líderes em uma conferência geral. A Signs of The Times encarregou-se de fazer anúncios,
assinados por Miller e outros, para reunir os crentes em Boston, na capela da Rua Chardon, no dia
14/10/1840, para conversarem sobre o tema do 2º advento.
Miller estava encarregado da mensagem principal, contudo adoeceu de tifo. Em seu lugar foi escolhido
para presidir as reuniões o Dr. Henry Danaward, pastor episcopal de Nova York, e deu a principal
mensagem sobre o Pré-Milenialismo e uma visão histórica do 2º advento. Daí saiu um documento de 200
páginas contendo as principais mensagens. Assistiram à esta reunião cerca de 200 pastores e leigos, que
estiveram presentes a esta 1ª Conferência Geral.
Apesar de muitas diferenças doutrinárias, e de datas, permaneceu, entretanto, o desejo unânime de se
realizar uma 2ª Conferência Geral. Foi tão bem sucedida a 1ª conferência, que foram realizadas mais 15
conferências nos 3 anos seguintes, realizadas do estado do Maine à Pensylvania. Além destas reuniões gerais
foram realizadas cerca de 120 conferências locais entre 1842 e 1844. Eram reuniões evangelísticas,
reavivalistas e sociais.
O propósito destas reuniões não era a formação de uma nova denominação, e sim, a atenção para o
breve retorno de Jesus Cristo, e facilitar a troca de idéias sobre o tema, e conscientizar a necessidade do
preparo espiritual para este dia. Apesar disso, um tipo não intencional de um esqueleto de organização
surgiu. Eles começaram a distribuir áreas geográficas para se desenvolver classes de estudo da Bíblia e para
reunião social de encorajamento.

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Com a necessidade de esclarecimento bíblico, pastores recebiam perguntas relativas com o advento e
temas relacionados, isto provocou um aumento do material impresso. Então, para se cuidar deste assunto, se
nomeou um agente geral, com um salário integral, que era Josias Litch.
Litch, então, se tornou o 1º obreiro adventista assalariado de dedicação exclusiva. Miller viajava às
suas próprias expensas, e só recebia hospedagem e alimentação.

Crenças Amadurecidas
• A 2ª vinda era iminente, literal e visível.
• Assim como a 1ª vinda estava prevista nas 70 semanas de Dan. 9, assim a 2ª vinda estava
contida na profecia de Dan. 8:14, na sua referência ao “santuário”.
• As 70 semanas fazem parte dos 2300 dias, cujo início estava fixado para 457 a.C, e o seu fim
em 1843 d.C.
• O retorno de Cristo aboliria o pecado e purificaria a Igreja. Este era o pensamento mais feliz
que os “adventistas” podiam imaginar.
• Era seu maior anseio mostrar esta alegria aos outros e que eles mesmos a experimentassem.
• Eles reconheciam que isto só era possível, se as pessoas aceitassem a Jesus como seu
Salvador.

Miller e o Santuário
No início de 1842 Miller alargou seu conhecimento da palavra “santuário” de Dan. 8:14.
• Originalmente, ele cria que se referia à igreja cristã, purificada na 2ª vinda.
• Como a 2ª vinda estava ligada com fogo, ele passou a entender que este purificaria a Terra no
retorno de Cristo.
• Em janeiro de 1842, Miller respondendo a Himes disse que o santuário se referia a 7 coisas ou
fatos: (a) Jesus; (b) Céu; (c) Judá; (d) O templo de Jerusalém; (e) O santo dos santos; (f) A
Terra e (g) Os santos.
Por um processo de eliminação, disse que os 5 primeiros estavam fora de cogitação, e que os dois
últimos eram razoáveis. Isto logo foi publicado por Himes, e logo os pregadores estavam se referindo à Terra
como o santuário a ser purificado.
Isto levou a uma excitação tal que no dia 31/12/1842, eles realizaram uma reunião para dar as boas
vindas ao que seria para eles o último ano da história da Terra - 1843. No dia seguinte Miller escreveu uma
carta aberta aos crentes adventistas, sobre o fato de que o grande dia estava chegando. Ele encorajou a cada
crente a um maior fervor missionário. Ele mesmo dedicou-se profundamente, e em fevereiro vamos
encontrá-lo numa grande campanha, em Philadelphia.

Estabelecendo a Data
Os seguidores de Miller o pressionavam para que estabelecesse mais exatamente a data da volta de
Cristo, eles queriam algo mais do que apenas “cerca do ano de 1843”. Contudo, Miller sempre creu que nas
profecias de tempo em Daniel, o pesquisador deveria usar o calendário religioso judeu e não o calendário
romano. Além do mais, ele sabia que o ano judaico se iniciava na primavera, portanto, depois de janeiro.
Como ele não sabia como os rabinos ajustavam seu calendário (o lunar), ele concluía que no equinócio
(dia e noite iguais) de primavera deveria ser o ponto de partida do ano. Assim, ele concluía que em algum

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tempo do ano judeu de 1843, Cristo voltaria, o que equivale dizer que isto aconteceria de 21 de março de
1843 a 21 de março de 1844.
Alguns milleritas estavam ansiosos por estabelecer uma data mais específica.
• O primeiro dia a ser considerado foi 10 de fevereiro de 1843, o 45º aniversário da invasão
francesa em Roma.
• Outros preferiram 15 de fevereiro de 1843, porque este era o aniversário da abolição do
governo papal e a Proclamação da República Romana.
• Quando estas datas passaram sem nenhum evento especial, eles começaram a considerar o dia
14 de abril por ser aniversário da crucifixão.
• Como também, nada aconteceu, eles se voltaram para a ascensão ou o pentecostes, ambos em
maio, com uma diferença de 10 dias.
Com estes constantes erros, alguns se entregaram ao desespero, contudo eram poucos. Os líderes
continuavam correndo de campal em campal, de série de conferências em série de conferências.
O mesmo não acontecia com Miller. Sua pobre saúde o mantinha em seu lar, em Low Hampton. Ele
escreveu em maio a Himes, dizendo que seu corpo estava coberto com 22 furúnculos. Mas em 17 de maio de
1843, Signs of The Times, publicou um artigo de Miller no qual declarava, sugestivamente, que todas as
cerimônias e tipos de judaísmo observados no primeiro mês se cumpriram no 1º advento de cristo. E que,
portanto, era razoável supor que as festas e cerimônias do 7º mês (no outono) podiam ter seu cumprimento
unicamente no 2º advento. Ele não mais propagou esta idéia até o início de 1844.

Propagação do Movimento
As multidões concorriam cada vez mais às reuniões. Grandes auditórios, de baixo preço, eram
construídos para abrigar os ouvintes, com capacidade de até 3.500 pessoas assentadas. Elas aguardavam o
fim de todas as coisas a qualquer momento.
As pequenas cidades receberam a atenção de pregadores como: J. B. Cook, Himes, Carlos Fitch,
Jeorge Storrs, etc. E a Grande Tenda corria de um lado para o outro dos EUA.
Centenas de cópias de Voice of Elijah, publicadas por Robert Hutchinson, um millerita canadense,
foram enviadas aos países do Atlântico.
Robert Winter, um inspetor inglês, que se tornara adventista em 1842, na campal de East Kingston,
voltou ao seu lar e pregou nas ruas de Londres com o auxílio de mapas proféticos. Até o verão de 1843
Winter já havia impresso 15.000 cópias dos livros de Miller.
Havia, neste tempo, se desenvolvido algum interesse entre os negros sobre a vinda de Cristo. Os
ministro negro John W. Lews devotou todo o seu tempo a esta obra. Isto trouxe algum problema de ordem
social. Muitos negros americanos viviam como escravos nos Estados do Sul. E como a maioria dos milleritas
eram abolicionistas, eles eram pessoas “indesejadas” nos Estados do Sul dos EUA.

Pregadores Menos Conhecidos


Tiago White (ou James White, em inglês) foi um típico pregador deste grupo. Aos 21 anos, em
Exeter, Maine, ao ouvir, na campal de 1842, um pregador do movimento adventista, deixou a escola e ele
mesmo tornou-se um conferencista adventista. Com um cavalo emprestado e uma cela remendada, ele saiu
para pregar. Nesta situação ele encontrou 60 pessoas arrependidas pedindo batismo. Ele pôde relatar 1000
conversões depois de 6 períodos semanais de conferências. Nem sempre ele foi bem recebido. Teve, às

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vezes, de enfrentar ameaça à sua integridade física de multidões que lhe atiravam bolas de neve. Sua conduta
séria acabou por conduzi-lo à ordenação ao ministério, através da Conexão Cristã.
Tiago White, como um pregador menor, veio a se tornar em um dos fundadores da IASD. Como ele,
inúmeros outros pregadores se alistaram ao grupo dos conferencistas milleritas. O milênio e o fim do mundo
eram temas da conversação diária. Os jornais da nação faziam ampla cobertura do movimento dos
pregadores adventistas com muito interesse. Os jornais usavam colunas de propaganda para literatura
millerita e anti-millerita.
Os jornais também falavam de acontecimentos naturais que eram usados pelos adventistas como ajuda
para convencer as pessoas da urgente brevidade da volta de Cristo.
• Henry Jones disse que o surgimento visível da Aurora Boreal, que, segundo ele, não era vista
desde 1716, era um sinal das maravilhas do céu, preditas em Joel 2:30, que apareceria antes do
“Grande e Terrível Dia do Senhor”.
• Neste mesmo sentido outros citaram o Dia Escuro de 19/5/1780, e a chuva de meteoros em
13/11/1833. Além de estranhos acontecimentos que ocorreram em 1843, entre eles o
surgimento inesperado de um cometa em fevereiro de 1843. A isto acrescenta-se o terremoto
catastrófico do Haiti e uma violenta tempestade na Ilha da madeira, que foram vistos como
cumprimento de Lucas 21:25.

A Crescente Intolerância e Oposição do Verão de 1843 ao Outono de 1844


Miller havia abrigado a idéia de que quando as igrejas escutassem a mensagem da 2ª vinda elas a
receberiam com toda alegria, e que seus pastores se engajariam na evangelização. Não era esta, por acaso, a
bem-aventurada esperança do cristianismo?
Entretanto, Miller logo foi acusado de cismático e perturbador das igrejas, assim como seus associados
foram, igualmente, rechaçados. Outras acusações lhe foram dirigidas:
• Que ele se considerava profeta;
• Que era fanático;
• Que queria formar uma nova igreja, às custas de igrejas sérias, assim como fazia Joseph Smith
(Mórmons);
• Que ele queria se enriquecer ás expensas da natural credulidade do povo assustado com a idéia
de fim do mundo.
Um outro exemplo desta maré de intolerância é o caso dramático de Levi Stockman da conferência
metodista do Maine. Em julho de 1843, numa reunião da Conferência Metodista, o millerismo foi condenado
como uma esquisitice teológica, e, por conseguinte, todos os pastores estavam proibidos de propagar tais
idéias. Quando Stockman recusou esta posição, foi acusado de heresia. Nesta época ele sofria de tuberculose.
Mesmo nesta situação, ele não só foi eliminado da igreja, mas também sua esposa e filhos foram
abandonados sem pensão nenhuma. Stockman recusou renegar sua fé, e foi expulso do ministério semanas
antes de sua morte.
Assim, o relacionamento entre o movimento adventista e o protestantismo regular tornou-se tenso.
Nesta época, devido ao fechamento das igrejas aos pregadores adventistas em 1843, os milleritas começaram
a se organizar em associações da 2ª vinda para melhor poder anunciar a mensagem.
Uma igreja após a outra fecharam suas portas. Mesmo assim, em janeiro de 1844, Miller advertiu
contra a idéia de separação, dizendo que ele “nunca tinha pensado em fazer uma nova seita”.

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A atitude das igrejas regulares parecia muito clara, que era de rechaçar a luz. Tratava-se de um retorno
premeditado à obscuridade espiritual. E toda luz não aceita, obscurece e sempre endurece. Ante a decisão de
expulsar pastores e membros, e de proibir todo sermão sobre a 2ª vinda, começou a enraizar na mente do
povo a convicção de que o símbolo de Babilônia não se aplicava à Igreja Católica exclusivamente. Os
milleritas sentiram que tinham chegado a um momento muito semelhante aos cristãos do 1º século, quando
tiveram que abandonar as sinagogas judias, ou dos reformadores do século XVI que tiveram de deixar a
Igreja Católica, e a de Wesley e os metodistas da Igreja Anglicana.

Sair de Babilônia
Em Cleveland, em 1843, talvez o mais amado dos pregadores milleritas (Fitch), pregou um poderoso
sermão sobre Apoc. 18. Os protestantes e milleritas com este mesmo texto identificavam o papado como
Babilônia. Mas C. Fitch foi mais além, dizendo que todo o mundo cristão tornara-se Babilônia por causa de
sua posição à doutrina do breve retorno de Cristo. Ele apelou para todos os verdadeiros cristãos que viessem
para a luz do “Próximo Advento” ou arriscarem se perder eternamente.
Pregadores milleritas, como George Storrs, Joseph Marsh, Miller e Himes, se mostravam preocupados
com a direção das coisas. Storrs advertiu os adventistas, que se separavam de suas igrejas, que fossem
cuidadosos em não formar uma nova igreja. “Nenhuma igreja pode ser organizada pela invenção do homem,
mas o que a transforma em Babilônia é quando ela se torna organizada”, escreveu Storss no Midnight Cry.
Passaram-se os meses, e 1843 deu lugar a 1844, e Joseph Marsh tornou-se o líder do chamado aos
adventistas para se separarem das igrejas. Marsh disse que estava errado continuar dando ofertas para estas
organizações. Só no fim de 1844 que Himes tornou-se, abertamente advogado da separação, embora com
alguma relutância. Miller manteve distante desta atitude. Até que, mais tarde a Igreja Batista de Low
Hampton eliminou-o e a seus seguidores. Então ele aceitou a idéia, mas com sentida tristeza.
Histórias ridículas foram propagadas a respeito de Miller. As Charges, iniciadas em 1842, de alguns
jornais, chegaram nesta época ao clímax. Chegaram a dizer que os ensinos milleritas causavam aumento de
doenças mentais e suicídios. A acusação mais comum e grosseira feita, é que os adventistas mandaram fazer
longas vestes brancas, para usar no dia da volta de Cristo. Estas estórias não correspondem aos fatos. E só
não foram enfrentadas porque eles estavam tão ocupados na pregação do advento, que não podiam dar
atenção a estas estórias fantasiosas.

O Grande Dia
Na manhã do dia 22 de outubro em quase toda a extensão dos Estados Unidos, o dia amanheceu
brilhante e claro. Os milleritas se reuniam nos lares para esperar as últimas horas da história da Terra. Cerca
de 100.000 esperavam ver a Jesus sobre uma brilhante nuvem, naquele dia. Alguns deixaram as grandes
cidades e foram para o interior. Passou-se a manhã, e eles continuavam esperando. Chegou a tarde, reunidos
e contritos, aguardavam. “Mas à meia-noite ouviu-se um grito. Eis o noivo”, declara a parábola das 10
virgens. Até a meia-noite esperaram. O grande relógio de parede deu as 12 badaladas. E O Esposo não veio.
Agora estavam diante de um evidente erro. Eles foram devastados pela tristeza e decepção.
“Nossas mais profundas esperanças e expectação foram destruídas e um desejo de chorar veio
sobre nós como nunca tínhamos sentido antes. A perda de todos os amigos da Terra não se compararia
com o que sentimos. Nós choramos até o dia amanhecer” - Hiran Edson.
Vê-se que traumática foi a decepção de 22/10/1844.

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DEPOIS DO DESAPONTAMENTO

Nos dias que se seguiram a 22/10/1844, o negativismo envolveu os crentes adventistas. Humilhação,
confusão, dúvida e desapontamento destruíam a fé de muitos. Contudo havia centenas que retinham a
“abençoada esperança”, mesmo sob o escárnio dos seus vizinhos. Então, duas perguntas giravam em seu
pensamento: Onde nós erramos? O que devemos esperar depois?
Aos poucos procuraram se reunir para conforto mútuo e encorajamento, animando-se mutuamente.

A Calma Determinação dos Milleritas


No fim de outubro, os jornais Advent Herald e The Midnight Cry tiveram uma resumida tiragem. No
dia 30, Himes escreveu a José bates: “Eu nunca me senti mais feliz e reconciliado com a vontade de Deus. O
recente trabalho me salvou, e tem sido uma bênção para todos nós. Vamos ficar firmes”. E através dos
jornais, ele disse: “Nós sabemos que a graça de Deus é suficiente para nos suster, mesmo numa época como
esta”. Miller declarou: “Embora... duas vezes desapontado, eu não estou abatido ou desencorajado... estou
entristecido com os inimigos e zombadores, mas minha mente está perfeitamente calma, e minha esperança
na vinda de Cristo, mais forte do que nunca”. Miller tinha feito o que sentira ser seu dever.
E ainda disse: “Mantenham-se firmes, não permitam que nenhum homem tome sua coroa. Eu fixei em
minha mente em outro tempo, e aqui eu permaneço, até que Deus me dê mais luz - e este dia é hoje, hoje e
hoje, até que Ele venha”.
Esta posição de Miller foi aceita com tanta intensidade pelos seus associados, que poucos aceitaram a
posição de George Storrs. Para ele, as conclusões sobre a data final não podiam ter uma origem divina, haja
visto suas conseqüências.
Miller ficou preocupado com a posição de Storrs a respeito do tempo definido. Contudo argumentou
com a pregação de tempo definido de Jonas e Nínive. Não foi por expressa ordem de Deus que ele pregou
um tempo definido? E não adveio deste trabalho uma bênção para o povo? E neste caso também a data
definida não se cumpriu. O mesmo não poderia também acontecer com o movimento de 1844?
Com o passar do tempo a unidade do grupo começou a se desgastar. E isto aconteceu em relação à
data definida. Muitos líderes continuaram crer, não só na iminência da 2ª vinda de Cristo, mas que também
era possível se descobrir nas Escrituras o tempo exato.
Miller, confidencialmente, esperava que a 2ª vinda ocorresse na primavera de 1845, quando terminaria
o ano judeu de 1844. Nesta crença se juntaram a ele Josias Litch, H. H. Gross e Joseph Marsh, este último
aguardava o advento para 1846. Quando este ano passou Gross descobriu novas razões para esperar Cristo
em 1847.
No início de 1845, reconhecendo que as repetidas marcações de data da vinda de Cristo estavam
solapando a credibilidade do movimento, Himes e Miller se posicionaram contra a fixação de datas
definidas. Os adventistas, diziam eles, estavam certos em esperar a volta de Cristo para o fim do período de
2.300 dias-anos. Só que a data de 22 de outubro estava errada por culpa dos cronologistas que não
concordavam entre si. Além disso, Himes e Miller se preocupavam com a discordância reinante em torno de
uma variedade de novas crenças e práticas. Para manter a harmonia e ortodoxia do millerismo, anunciaram a
conferência de Albany, em Nova York, em 29/04/1845, para os irmãos que ainda não aderiam a fé original
do movimento.
Alguns adventistas discordaram de Miller e Himes, aceitando a posição de Joseph Marsh, declarada no
Voice of Truth, em 7/11/1844. Estes admitiam que fora cometido um erro na natureza do evento a ocorrer em

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22 de outubro. Dedicaram-se ao estudo profundo da Bíblia a fim de descobrirem o que aconteceu em 22/10.
Um bom número de pregadores adventistas estudou a parábola das 10 virgens, que eles acreditavam ter nela
retratado a experiência adventista. Para estes, a volta de Cristo na festa do casamento não significava a união
de Cristo com Seu povo na 2ª vinda, mas se referia a Ele recebendo Seu reino, a Nova Jerusalém, e o retorno
de Cristo à Terra que estava ainda no futuro. O que deveriam fazer agora era o que aconselhava a parábola:
vigiar.

A Teoria da Porta fechada


Em janeiro de 1845 Apollos Hale e Joseph Turner anunciaram através de seus periódicos o que veio
a ser conhecido como a “Teoria da Porta Fechada”.
Eles relacionaram as atividades de Cristo como Noivo na parábola das dez virgens, com o tradicional
entendimento do millerismo com Apoc. 22:11-12, que o destino de cada homem estava fixado anteriormente,
ou seja, antes da 2ª vinda; isto diziam eles, aconteceu em 22/10/1844. Desta data em diante quem estava
salvo, estava salvo para sempre, e quem estava perdido, o estava para sempre. O trabalho pelos pecadores foi
feito até 22/10/1844. Depois desta data, em diante, o que lhes restava fazer era animarem-se mutuamente, a
uma vida cristã. A porta da graça havia se “fechado” para a humanidade.
Muitos adventistas adotaram esta posição, alguns com grande severidade como S. Snow, que
considerava todos os adventistas que não tomavam esta posição como “laodiceanos”, a quem Deus vomitaria
de Sua boca. Rejeitar a mensagem de que a porta da graça se fechara em 22/10/1844, dizia Snow, era rejeitar
a Cristo.
Os futuros líderes da IASD, participaram, temporariamente, de uma outra corrente da teoria da porta
fechada. A doutrina da Porta Fechada era somente uma, entre outras doutrinas que se desenvolveram entre os
adventistas que criam que algo aconteceu em 22/10/1844. Depois de renovado interesse de pesquisa da
Bíblia, descobriram que deveriam adotar uma longa lista de práticas bíblicas como: guarda do Sábado, a
sudação santa (ósculo e abraço), lava-pés, etc.

Os Fanatismos Deste Período


A prática mais radical, adotada e promovida por PickHands e Enoch Jacobs, foi o “Casamento
Espiritual”. Considerando que Cristo já tinha vindo, eles declararam que estavam no céu, portanto não
deveriam casar e nem se darem em casamento. Eles usaram a declaração de Cristo que o homem deve deixar
pai, mãe, esposa e filhos para justificar o abandono de seus familiares, e formar uniões espirituais, destituídas
de relação sexual com os novos parceiros. Jacobs colocou seus seguidores numa colônia dos Shakers (seita
de seguidores de Anne Lee). Igualmente esquisita foi a crença de alguns que eles haviam entrado no grande
Sábado milenar de Cristo, e não deveriam fazer nenhuma obra secular.
Himes, Miller e outros estavam determinados em purgar o movimento destas idéias fanáticas. Mas os
delegados que vieram à conferência de Albany, não eram da área onde prevalecia esta forma de pensamento.
Depois de dois dias de reuniões, os delegados reafirmaram os ensinamentos tradicionais do millerismo,
menos o elemento “tempo”. E sugeriram para os adventistas um tipo de organização congregacional.
Também mostraram a necessidade de continuarem a obra de salvação dos pecadores através da
pregação e da ampla distribuição de literatura. Condenaram o lava-pés, a saudação santa e a guarda do
Sábado.

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As Divisões
As posições tomadas em Albany asseguraram uma permanente divisão entre os adventistas. Novas
tentativas foram realizadas, através de Apollos Hale e J. B. Cook, para unir o grupo do advento que estava
cada vez mais longe de ensinamentos originais de Miller sobre profecia.
Abandonaram a crença de que as 70 semanas faziam parte dos 2.300 dias-anos.
• Estes pouco a pouco ficaram sem seguidores, pois mais e mais adventistas defendiam a
validade da data de 1844, e outros retornavam para suas igrejas de interior.
Miller sempre foi sensível à acusação de que sua intenção era formar uma nova seita. Seus associados
sofreram o mesmo tipo de acusação. A Conferência de Albany aliviou intencionalmente a idéia de que
quisessem formar uma nova denominação. Apesar de tudo isso, na primavera de 1846 eles assumiram
posições que negavam suas intenções, pois estabeleceram uma supervisão para a distribuição de fundos e de
ministros. Por exemplo: Eles enviaram Himes e associados à Inglaterra para estabelecer a fé millerita entre
os ingleses, multidões assistiram às reuniões, e Himes achou por bem estabelecer congregações permanentes.
Este é mais um elemento no processo da divisão do millerismo.
Por ocasião da morte de Miller em dezembro de 1849, o adventismo estava fragmentado em vários
grupos. Além dos adventistas sabatistas, com quem estamos interessados, três outros grupos existiam
distintamente em 1852:
1) O primeiro, reclamava ter mantido a fé adventista original, sua liderança estava centralizada em 3
homens: Himes, Bliss e Hale.
• Eles eram favoráveis ao desenvolvimento de uma forte igreja congregacional; não
conseguiram muito neste particular.
• Até que organizaram em 1859, a Conferência Adventista Evangélica Americana.
• Através do Advent Herald, como seu porta-voz, os adventistas evangélicos desenvolveram
uma crescente aproximação íntima com as grandes igrejas protestantes. Como os adventistas
evangélicos mantinham a crença na imortalidade da alma, eles viam menos razão para
permanecerem separados. E gradualmente foram absorvidos, porque também estas igrejas
tendiam ao Pré-Millenialismo (Jesus retornaria antes do milênio).

2) O segundo grupo cresceu junto de Joseph Turner e seu Second Advent Watchman.
• Para estes o milênio estava no passado.
• Defendiam o estado de inconsciência na morte e total aniquilação dos maus.
• Mas divergiam entre si sobre organização e disciplina da igreja. Em 1862, Himes, tendo
aceitado a doutrina do estado de inconsciência da morte, se uniu a este grupo e formou o que é
hoje o maior grupo adventista remanescente anti-sabático - a Igreja Adventista Cristã.

3) O terceiro grupo ficou sob a liderança de Joseph Marsh, que se opunha violentamente a qualquer
forma de organização.
• Criam que o milênio estava no futuro. Durante o milênio esperavam um 2º período de
provação quando os judeus retornariam à palestina (Pós-Millenialismo).
• Sua oposição a qualquer organização tornou-os fracos e desunidos.

Mesmo antes da Conferência de Albany, havia crentes que aceitaram a teoria da Porta Fechada e o
sábado. Estes crentes, na sua maioria, eram leigos, e tinham a data de 1844 como certa, e o acontecimento

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errado. Só José Bates entre eles tivera proeminência nos círculos milleritas. Através da oração, e profundo
estudo da Bíblia, eles pesquisaram doutrinas bíblicas que explicassem seu desapontamento em 1844.Eles
tornaram-se o maior grupo de todos os adventistas: a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

As Três Doutrinas que Deram Identidade à IASD

1. O Sábado
Na primavera de 1844, Frederick Wheeler, um ministro metodista de Hillsbore, New Hampshire,
começou a guardar o 7º dia como o sábado. Ele viera para ministrar a ceia a uma pequena igreja perto de
Washington. Nesta localidade havia chegado recentemente a Sra. Rachel Oakes, para visitar sua filha,
professora primária da localidade - Delight. Durante esta visita, a Sra. Rachel Oakes, desafiou o Pr. Wheeler
a guardar todos os mandamentos de Deus, uma vez que ele tinha dito em recente sermão que era dever de
todo homem guardar a lei. Depois de sério estudo, Wheeler ficou convicto de que Deus requeria que Seus
filhos honrassem o 7º Dia, e começou a guardá-lo.
Em torno da mesma época, vários membros da congregação de Washington tomaram a mesma
decisão. Os mais proeminentes dentre eles foram William e Cyrus Farnsworth. Assim, a 1ª congregação a
guardar o Sábado de forma permanente foi a de Washington, antes mesmo do grande desapontamento de
22/10/1844.
No fim do verão de 1844, o mais proeminente ministro adventista, de origem batista, T. M. Preble, de
East Ware, N. Hampshire, que viajara junto com Miller, também aceitou o Sábado, como o sétimo dia. Ele
deve ter aprendido o Sábado de Wheeler ou de Raquel Oakes, não se sabe ao certo.
Wheeler e Preble, diante do próximo advento, e da excitação em torno desta idéia, não tiveram
dificuldades para convencer a outros da necessidade de mudar o dia de adoração. Os Batistas do 7º Dia
agitaram o ambiente religioso com a questão do Sábado, durante estes anos de espera da volta de Cristo.
O desapontamento não conseguiu destruir a fé de Wheeler e Preble na iminência do advento. Preble
viu esta época como oportunidade de falar sobre o Sábado aos adventistas. Isto ele fez através do Jornal
Hope of Israel, em 28/2/1845. No mês seguinte ele publicou, de forma extensa, um estudo de suas
concepções sobre o sábado. Os participantes da Conferência de Albany não quiseram ter nenhuma ligação
com a doutrina do Sábado, dizendo ser uma forma de judaísmo moderno.
As concepções de Preble sobre o Sábado foram comunicadas a J. B. Cook, outro importante pregador
millerita. Mas em menos de 3 anos, ambos voltaram a observar o domingo. Porém, o artigo e o tratado de
Preble chegou às mãos de dois homens que vieram ocupar um lugar de importância entre os fundadores da
IASD: Joseph Bates e John Nevins Andrews. Estes homens convenceram a centenas, inclusive a Tiago e
Ellen White, e a Hiran Edson.
Joseph Bates - Ele era um homem na faixa dos 50 anos de idade quando decidiu guardar e promover
o Sábado. Com a idade de 15 anos deixou o lar em New Bedford, em Massachussets, para seguir uma
carreira no mar. Os primeiros anos foram cheios de aventura, incluindo um naufrágio e um recrutamento
forçado à Marinha Britânica. Depois do início da guerra de 1812, ainda na Inglaterra, insistiu em ser feito
prisioneiro de guerra. Ele passou dois anos e meio na prisão de Dartmoor.
Por volta de 1820 tinha experiência suficiente para capitanear um navio mercante. No espaço de 8
anos acumulou uma relativa fortuna e se aposentou. Durante estes últimos anos no mar ele proibiu o uso de
bebida alcoólica e fumo. Nesta época ele encontrou alegria em ler a literatura espiritual e a Bíblia, que sua
esposa colocava junto com suas bagagens.

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Seu afastamento do mar não significava inatividade. Ele era um ativista nas campanhas anti-
escravocrata e de temperança. E se uniu à Igreja Cristã, em 1827. Em 1843, depois de dispor da sua melhor
propriedade, ele levou a mensagem do advento ao oriente de Maryland. Aqui, devido sua visão anti-
escravocrata, foi submetido a atos de violência. Porém, seu senso de humor e dedicação à missão de preparar
todos os homens a um encontro com Cristo o salvaram de conseqüências piores.
Embora duas vezes desapontado em 1844, Bates não renunciou sua esperança no advento. Através de
um sério estudo da Bíblia, rapidamente, ficou convencido com a lógica do artigo sobre o sábado de Preble.
Sabendo que haviam adventistas guardadores do Sábado em New Hampshire, Bates resolveu visitá-los com
urgência. Mas como se encontrasse, nessa ocasião, sem dinheiro, ele só pôde viajar à casa de Frederick
Wheeler em maio de 1845. Chegando sem ser esperado, às 10 da noite, logo se viu envolvido numa sessão
de estudo da Bíblia que durou toda a noite. No dia seguinte voltou para casa, e encontrou no caminho um
amigo, vizinho e seguidor do adventismo, James Hall, que lhe perguntou: “Quais são as novas, capitão
Bates?”. A nova é que o 7º dia é o Sábado do Senhor, nosso Deus – foi sua resposta. Hall concordou em
estudar na Bíblia este tema, e cedo se uniu a Bates como um guardador do Sábado.
John Nevis Andrews - Foi provavelmente um ano depois as publicação de Preble sobre o Sábado que
uma cópia caiu nas mãos de Marian Stowell de 15 anos. Tendo vendido sua fazenda, por causa do 2º
advento, a família dos Stowell estava na casa de Edward Andrews, em Paris, Maine. Marian e seu irmão
mais velho, Oswald, ficaram convencidos da guarda do Sábado através da publicação de Preble. Em poucos
dias ela mostrou ao jovem John Andrews, de 17 anos (que era um rapaz sério, cujos talentos para o estudo e
o pensamento lógico o conduziriam à carreira do direito ou da Política) a lógica do Sábado. E cedo ambas as
famílias eram guardadoras do Sábado. Anos mais tarde J. N. Andrews escreveria o 1º livro em defesa do
Sábado, relacionando com um levantamento histórico da guarda do Sábado e, como os cristãos começaram a
guardar o domingo.

2. Nova Luz Sobre o Santuário


No mesmo tempo que o Sábado estava recebendo atenção entre vários adventistas em New England,
um grupo de leigos no oeste de Nova York, começou formulando uma nova interpretação do santuário que
devia ser purificado no fim dos 2.300 dias-anos. Aqui a figura chave foi Hiran Edson, um fazendeiro
metodista de Port Gibson, NY, que tinha se tornado um adventista ao redor de 1843. A primeira reação de
Edson na noite do desapontamento de 22/10/1844 foi questionar Deus e a Bíblia. Depois de uma pequena
reflexão, ele reconheceu que seus dias de espera tinham sido “a mais rica e a mais brilhante experiência de
toda a sua vida”. Com vários amigos dedicou-se a um período de oração em seu celeiro. Saiu deste período
convencido que a luz viria para explicar seu desapontamento. Edson e um companheiro, provavelmente O.
R. L. Crosier, saíram na manhã de 23 de outubro para encorajar amigos adventistas. Enquanto os dois
andavam através da plantação de milho (milharal), Edson afirma que: “o céu pareceu se abrir diante de mim,
e eu vi distintamente, e claramente, que em lugar de nosso Sumo Sacerdote sair do Santíssimo do santuário
celestial para vir à Terra (no fim dos 2.300 dias), Ele, pela primeira vez, entrou naquele dia no 2º
compartimento do santuário, e que Ele tinha um trabalho a fazer no Santíssimo antes de vir à Terra”. Sua
mente, logo, foi dirigida pelo Espírito Santo a Apocalipse 10, com seu livro que era doce como mel na boca,
e amargo no ventre. O capítulo termina com a instrução do anjo para profetizar de novo, outra vez.
Edson reconheceu que Deus estava respondendo suas petições por mais luz. Um pouco mais tarde,
quando os dois estudavam, a Bíblia de Edson caiu aberta em Hebreus 8 e 9, onde eles encontraram a
confirmação do conceito que a purificação do santuário não se referia à Terra, nem à igreja, mas sim ao

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Templo Celestial. Durante os meses seguintes Edson, Crosier e Dr. F. B. Hahn, com quem os dois
mantiveram, anteriormente, uma publicação Millerita intitulada “The Day Dawn”, iniciaram um intensivo
estudo sobre o santuário em hebreus e sobre o sistema sacrificial. Aqui, estavam convencidos, se encontrava
a chave para entender o que acontecera em 22 de outubro de 1844.
Entusiasmados com as novas descobertas, Edson e Hahn resolveram comunicá-las ao necessitado
remanescente. Concordaram financiar mais algumas edições do The Day Dawn, enquanto o mais jovem e o
mais educado, Crosier, então com 20 e poucos anos, escreveria sobre o assunto “santuário”. Em abril de
1845, umas poucas cópias do The Day Dawn foram impressas, e foram parar nas mãos de Enoch Jacobs,
proeminente líder e editor millerita do jornal The Day Star, que apreciou a exposição de Crosier.
Com o apoio de Enoch Jacobs eles publicaram uma vasta edição sobre o santuário, em um número do
The Day Star, em 7/2/1846. Assim os conceitos do santuário receberam sua primeira exposição para um
significativo número de adventistas. Parte da prataria do casamento da senhora Edson foi vendida para ajudar
a financiar a publicação.
O artigo de Crosier no The Day Star extra, que levava um título ambíguo: “A Lei de Moisés”, avançou
em muitos conceitos, alguns novos para os adventistas e outros cristãos. Os mais importantes podem ser
resumidos como segue:
• Existe no céu um Santuário real e literal.
• No dia 22/10/1844 Cristo passou do primeiro compartimento deste santuário para o segundo
(o Santíssimo).
• Antes de Ele retornar à Terra, Cristo tinha um trabalho a fazer no lugar Santíssimo que difere
daquilo que Ele tinha estado fazendo desde Sua ascensão.
• O sistema do santuário hebreu era uma representação visual completa do plano de salvação,
com cada “tipo” tendo seu “antítipo”.
• O real propósito do Dia da Expiação (que começou para os cristãos em 22/10/1844) é preparar
um povo purificado.
• A purificação do santuário celestial também envolve a purificação do coração de povo de
Deus.
• O típico bode azazel não representa Cristo, mas a Satanás.
• Como o autor do pecado, Satanás arrasta a condenação da culpa pelos pecados que levou
Israel a cometer.
• A expiação pelo pecado não começou, até que Cristo entrou no santuário celestial após Sua
ressurreição.
No fim de 1845, Joseph Bates estava inteirado com as idéias de Crosier. Após cuidadoso e
independente estudo, e em correspondência com Edson, Bates aceitou um convite para visitar Port Gibson
para uma troca de pontos de vista. Edson havia tido uma respeitosa aproximação com os argumentos de
Preble sobre o Sábado, mas não tinha, ainda, sido impressionado com o dever de guardá-lo. Com a exposição
de Bates sobre o assunto, ele disse: “Isto é luz e verdade! O 7º dia é o sábado. Eu estou do seu lado para
guardá-lo”.
Embora Crosier, fosse mais cauteloso, posteriormente aceitou a doutrina do Sábado, para poucos
meses mais tarde abandoná-lo. Por sua parte, Bates concordou com as idéias do santuário defendidas por
Edson e Crosier. Assim foram unidas as duas doutrinas distintivas da emergente fé dos “adventistas do 7º
dia”. O pequeno grupo dos adventistas sabatistas achou fácil aceitar a idéia que Cristo tinha mudado Sua
posição e obra no santuário celestial em 22 de outubro. Isto reforçou sua concepção que eles entendiam o
tempo profético corretamente. Foi mais difícil para eles entender o que era a nova obra de Cristo, e como isto
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se relacionava com eles e com o advento. Embora cressem que Cristo retornaria dentro de alguns meses ou
anos, muitos entendiam ser desnecessário abandonar suas idéias sobre a Porta Fechada, enquanto faziam
algumas modificações:
José Bates parece ter crido, por algum tempo, que a porta da salvação estava fechada para todos os
cristãos desde 22/10/1844, mas a misericórdia podia ser estendida aos judeus, alguns dos quais aceitariam a
Jesus como Salvador. Outros asseguravam que a “porta” que tinha sido fechada não era a porta da salvação,
mas o acesso para o povo, ou seja, não mais o coração do povo se abriria para ouvir. Assim Cristo não
poderia ministrar por eles no Santíssimo, mas, somente, por aqueles que Ele tinha escrito sobre o Seu
peitoral.

3. O Dom de Profecia
Como o grupo de adventistas se esforçava para reter sua fé e para entender seu desapontamento, Deus
lhes concedeu uma ajuda para que entendessem que Ele estava no movimento. Isto veio através de visões e
sonhos proféticos recebidos pela jovem, Ellen Harmon, que morava em Portland, Maine. Nasceu em
Gorham, Maine, dia 26/11/1827. Não foi o maior editor ou o maior conferencista o favorecido, mas esta
mocinha de 17 anos, que juntamente com sua família tinha sido eliminada da Igreja Metodista, por causa da
sua crença no movimento adventista. Um ferimento na infância negou-lhe tudo, inclusive os rudimentos de
uma educação formal. Embora tendo uma saúde frágil, ela se alegrava com uma forte experiência cristã.
Um dia de dezembro de 1844, enquanto orava com quatro irmãs, Ellen relata o que sentiu: “O poder
de Deus veio sobre mim como eu nunca o tinha sentido antes”. Desligou-se do seu meio ambiente, ela
parecia subir acima da Terra. Lá em cima ela procura seus companheiros adventistas. Ela, finalmente os
descobriu num estreito e reto caminho que terminava na Jerusalém Celestial. Atrás do povo do advento, no
começo do caminho, estava uma brilhante luz. Um anjo disse à Ellen que esta luz era o “clamor da meia-
noite”, cuja luz brilhava ao longo de todo o caminho. Como ela esperava, alguns adventistas se
desencorajaram com as dificuldades do caminho, e negaram a luz atrás deles. Caíram numa densa escuridão
e tropeçavam e caíam no caminho. Com a continuidade da visão, ela viu o 2º advento e a entrada triunfal
dos santos na Jerusalém Celestial. Quando a visão terminou, o mundo parecia escuro para ela, mas logo ela e
aqueles a quem ela relatara sua experiência, estavam certos de que Deus tinha escolhido esta maneira para
confortar e fortalecer Seu povo.
Uma semana depois, Ellen Harmon recebeu uma segunda visão, instruindo-a a ir e contar a outros o
que Ele lhe tinha revelado. Ela foi avisada que muitas provações acompanhariam seus labores, mas que
ficasse certa e segura de que a graça de Deus a susteria. A comissão parecia muito grande, e Ellen hesitava,
ela estava preocupada com sua pobre saúde, sua juventude e sua natural timidez, e o fato de que ninguém de
sua família poderia acompanhá-la de um grupo a outro de adventistas. Ela pode ter sido vista sob uma
atmosfera de muita suspeita, pois esta era a maneira como os milleritas viam “os sonhos e visões e
revelações privadas”.
Esta oposição a revelações privadas tinham ajudado a evitar dois outros crentes de aceitar o chamado
divino que mais tarde foi oferecido à Ellen Harmon.
1. Logo cedo, em 1842, William Foy, de Boston, um batista estudando para ser ministro episcopal,
recebeu duas visões: uma sobre o breve retorno de Jesus, e outra sobre o prêmio da justiça. Ele relutou em
contar sua visão publicamente, em parte porque, como mulato, ele era rejeitado devido aos preconceitos para
com os homens de cor. Apesar de sua inicial relutância, ele aceitou relatar as visões para uma grande

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audiência através de New England. Mais tarde, devido a um aperto financeiro e à 3ª visão, que ele não pôde
entender, fez com que Foy parasse de contar sua experiência.
2. Pouco antes do grande desapontamento, Hazen Foss, natural de Poland, Maine, recebeu uma visão
muito semelhante à 1ª visão dada à Ellen Harmon posteriormente. Sabendo que encontraria oposição se
relatasse as visões e advertências como fora instruído, Foss recusou aceitar a comissão. Logo ele sentiu que
tinha agravado o Espírito Santo, e procurou reunir um grupo para ouvir a visão, só que não conseguiu se
lembrar dela. Semanas mais tarde Foss teve a oportunidade de ouvir Ellen Harmon, cuja irmã mais velha
havia se casado com seu irmão, relatar o que ela tinha visto. Foss advertiu a Ellen a não recusar o chamado
de Deus. Mais tarde ele demonstrou não ter nenhum interesse em matéria de religião.

James e Ellen White - Um dos que foi imediatamente convencido do dom profético de Ellen Harmon
foi o Pr. Tiago White, que observou Ellen durante uma visita que ela fez a Orrington, Maine, no início de
1845. Logo os convites começaram a chegar. Ellen viajava para longe de seu lar, para visitar os adventistas
em New Hampshire e Massachussets, sempre acompanhada por sua irmã Sara ou Luíza Foss. Sentindo as
necessidades delas, James (“Tiago” em português) White começou a se encontrar com elas, com o objetivo
de ajudá-las em sua viagem. Isto os levou a se familiarizarem, embora nem Ellen, nem James tivessem
abrigado pensamentos românticos neste tempo. Ambos esperavam o breve retorno de Cristo, e seria falta de
fé estarem envolvidos com pensamentos sobre casamento, naquele tempo. Seu amor cresceu na mesma
proporção de um para com o outro, que Tiago ficou convicto que nada podia ser permitido que trouxesse
reprovação sobre Ellen e sua obra. Assim, no verão de 1846 ele lhe propôs casamento. Ellen aceitou, e em 30
de agosto, como jovens, sem serem membros de nenhuma igreja, eles se casaram em Portland através de um
juiz de paz.

Encorajando o Rebanho
Na Primavera que precedeu o casamento dos White, deu-se o 1º encontro deles com José Bates. Ele
tratou Ellen com toda cortesia, mas era francamente contrário a admitir que as revelações por ela recebidas
fossem de Deus. Por seu lado, Tiago e Ellen White discordaram de Bates com sua posição em favor do 7º
dia, o Sábado, pois eles achavam que Bates dava uma excessiva ênfase ao 4º mandamento.
Mas Bates e os White cedo mudaram suas opiniões. Durante os meses de outono de 1846, os White
estudaram cuidadosamente o panfleto de Bates: The Seventh Day Sabbath, a Perpetual Sign, e ficaram
convencidos. A aceitação de Bates das visões de Ellen veio depois de observá-la várias vezes em visão. Uma
em particular o impressionou. Nesta, ela descreveu alguns corpos celestes. Fascinado que era pela
astronomia, desde sua vida no mar, Bates tinha tentado conversar com ela sobre o assunto, mas percebeu não
ter ela nenhuma informação sobre o assunto. Como podia ela agora esclarecê-lo neste tema, se não fosse por
uma luz do céu? No início de 1847, Bates pôde testificar de suas crenças, de que as visões eram de Deus,
dadas para confortar e fortalecer Seu povo.
As conferências do Sábado trouxeram concordância entre os cento e poucos adventistas, em 8 pontos:
• A iminente, pessoal e pré-milenial 2ª vinda.
• O duplo ministério de Cristo no Santuário Celestial, cuja purificação teve seu início em 1844.
• O Sábado do sétimo dia.
• A inspiração especial e sobrenatural de Deus através de Ellen White.
• O dever de proclamar todas as três mensagens angélicas.
• A imortalidade condicional e a morte como um sono sem sonho.

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• O derramamento das 7 últimas pragas.


• A final, e completa extinção do mal após o milênio.
Estas doutrinas básicas foram estabelecidas até o fim de 1848.

A Porta Aberta e a Porta Fechada


A visão, dada em 24 de março de 1849, falava sobre a porta que foi fechada e a que foi aberta no
santuário celestial, ou seja, as duas fases do ministério de Cristo nos dois compartimentos. Quando Cristo
abriu a porta para dentro do Santíssimo, Ellen viu a luz que brilhava sobre os mandamentos, e que o Sábado
era então uma prova de lealdade dos professos cristãos. No mesmo tempo, Cristo fechou a porta do lugar
Santo. Enquanto ele tinha oficiado ali, o Sábado não fora um teste de lealdade da forma como era então.
Ellen disse que alguns queriam voltar a este tempo mais fácil, mas isto não era possível mais. A porta
estava fechada e ninguém podia abri-la. Iniciou-se uma nova década e os ensinamentos dos adventistas
sabatistas começaram a serem ouvidos, enquanto novas pessoas, sem terem tido relação com o millerismo, se
converteram a Cristo e aceitaram as doutrinas de Sua iminente volta. Isto demonstrava o erro de Bates e
Tiago com relação à sua posição quanto à doutrina da Porta Fechada (que defendia que não mais haveriam
conversos e novos salvos após 22/10/1844). Por volta de 1845 estavam prontos a aceitar o novo significado
do termo, que Ellen tinha exposto. Eles passaram a aceitar que a porta da salvação só se fecha, quando
individualmente alguém rejeita para sempre o convite da salvação na luz da tríplice mensagem angélica. A
antiga terminologia agora possuía um novo significado, e deixou de ser um tropeço como tinha sido
anteriormente.

A PÁGINA IMPRESSA E SUA HISTÓRIA

Introdução
Era muito natural que os adventistas sabatistas, através de um esforço especial, desejassem expandir
seus novos conceitos religiosos. Entretanto, algumas coisas não ajudavam, e até atrapalhavam a realização
deste objetivo. O primeiro deles foi o escárnio que acompanhou o grande desapontamento, e submeteu o
adventismo a uma vergonha nacional. Isto propiciou o surgimento do segundo obstáculo em que o grande
público evitava se fazer presente às reuniões. Além disso, eles não tinham recursos financeiros para alugar
salões e fazer propaganda para atrair as multidões - o terceiro obstáculo. A isto acrescenta-se o quarto
obstáculo, em que os White eram de origem pobre, enquanto Bates e Edson tinham gasto sua modesta
fortuna para propagar o jornal The Midnight Cry. Os jornais milleritas existentes após o desapontamento
eram o meio que os milleritas tinham para alcançar outros adventistas. Ao lado desta situação a conferência
de Albany tomara uma posição conservadora, evitando usar os seus jornais para propagar a “Nova luz”. Este
foi o quinto obstáculo.

Joseph Bates, o Editor


Bates também sentiu a necessidade de publicar as novas verdades que tinha descoberto, e corrigir
alguns erros em que os seguidores do adventismo tinha entrado. Em maio de 1846 ele preparou um estudo de
40 páginas intitulado “The Opening Heavens”, parcialmente para opor-se aos “Spiritualizers”, que estavam
ensinando que Cristo tinha vindo, espiritualmente, em 1844. Bates acreditou que o santuário a ser purificado
estava no céu e entusiasticamente recomendou o Day Star extra, de Crosier.

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Os fundos para fazer a primeira publicação foram supridos por uma irmã que tinha recentemente
tecido um grande tapete para seu lar; ela o vendeu e deu o dinheiro a Bates para pagar a conta, dizendo que
se houvesse necessidade ela teceria outro tapete.
Desafiado pela falta de fundos, Bates a seguir decidiu preparar um estudo sobre o Sábado. Debruçou-
se sobre os livros e uma concordância. A senhora Bates o interrompeu, enquanto estudava, para lhe dizer que
precisava um pouco de farinha para terminar a última fornada do dia (pão). Contudo, Bates sabia que tudo
que possuía era um Shilling, cujo valor seria atualmente 12,5 centavos de dólar (uns R$ 0,25). Bates
procurou saber quanto ela precisava, e a senhora Prudence Bates disse que seria cerca de 4 libras (1,8 Kg).
Além disso ela ainda fez uma pequena lista de outras coisas que precisava do armazém. Com estas
informações ele foi a uma casa de negócio mais próxima. Quando ele voltou a Sra. Bates ficou horrorizada.
O seu marido, um homem que fora comandante de navio, um cidadão tão conceituado em New Bedford,
teria chegado a tal situação, fazer uma comprinha daquelas! Não, era demais para ela. Aterrada abraçou-se ao
marido e disse: ”Que vamos fazer?”.
Seu marido lhe disse que seu plano era escrever um pequeno livro que o ajudaria a disseminar a
mensagem do Sábado, e quanto às suas necessidades temporais, ele disse: “O Senhor proverá”. Poucos
minutos depois, Bates foi impressionado que havia uma carta esperando por ele no correio. Não hesitou,
dirigiu-se ao correio. Ele sabia que Deus o estava guiando. E lá estava carta, contudo não fora selada. O
agente lhe disse: pegue a carta e pague-a. Mas Bates embora sabendo que não tinha dinheiro disse: “Eu sinto
que há dinheiro dentro desta carta, pode abri-la, e se o que eu digo é verdadeiro, tire o dinheiro do selo e me
dê o restante”. Debaixo de uma chuva de protestos o agente concordou, e ali estava uma nota de 10 dólares!
Bates entendeu que o Senhor impressionou algum amigo seu que ele precisava de dinheiro. Com este
dinheiro ele comprou um barril de farinha, batata, açúcar e alguns utensílios domésticos. E mandou que
entregassem tudo em sua casa. Em seguida procurou tratar da impressão do estudo que havia preparado,
certo de que Deus providenciaria os meios.
O dinheiro para pagar a impressão de seu material sobre o sábado, chegou as suas mãos de forma
igualmente misteriosa. Não poucas vezes chegou dinheiro para Bates. E o capitão nunca descobriu que o seu
benfeitor era H. S. Gurney, que lhe pagava uma antiga dívida. Como José Bates prosseguia na fé, havia
sempre alguém para ajudá-lo. Depois de revisar e aumentar seu estudo sobre o Sábado em 1847, o capitão
preparou uma revista sobre a experiência millerita, de modo a infundir confiança na liderança de Deus.
Quando o livreto, de 80 páginas, estava pronto, - SECOND ADVENT WAYMAK AND HIGH HEAPS, uma
viúva vendeu sua humilde casa, e deu a Bates suficiente dinheiro para publicar seu livreto. Desta forma os
outros materiais impressos foram pagos, durante três anos.
Foi no fim da primavera de 1847, que a primeira publicação unindo Tiago, Ellen e Bates saiu, com o
nome “A WORD TO THE LITTLE FLOCK” (Uma Palavra ao Pequeno Rebanho). Este número incluía
descrições de visões de Ellen G. White, artigo de Bates endossando as visões de E. White e artigos de James
White devotados a explicar as 7 últimas pragas e eventos anteriores à volta de Cristo. A verdade deste
número de 20 páginas levou ânimo e encorajamento aos crentes do advento, que estavam unidos pela
experiência de 1844, e agora juntos, viam mais luz espiritual no caminho à frente.

PRESENTH TRUTH (Verdade Presente)


Grande luz procedeu da 6ª Conferência Sabática, em Dorshester, 18/11/1848, recebida por Ellen G.
White. A primeira foi a respeito do Sábado e sua relação com o selamento do povo de Deus. Nesta mesma
ocasião ela viu que a hora de começar um pequeno jornal, e enviá-lo ao povo, devia começar; e que seu

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marido estava sendo indicado por Deus para dar início a este projeto. Embora Tiago White estivesse
disposto, seus recursos financeiros eram parcos. Enquanto Tiago e Ellen permaneceram por poucas semanas
na cidade, Tiago trabalhava numa linha férrea e como trabalhador de uma fazenda, a fim de que eles não
fossem tão dependentes de seus amigos. Como o que ele podia ganhar com este trabalho era insuficiente,
algumas vezes Ellen tinha uma luta interior em decidir como usar poucos centavos - ou para comprar leite
para ela mesma e seu filho, Henry, nascido em 8/1847, ou usá-los para comprar roupa para vestir o nenê.
Na vila de Middletown, distante 8 milhas, um chefe de tipografia concordou em imprimir mil cópias
de um jornal de 8 páginas, intitulado “The Present Truth”, para receber o pagamento posteriormente. O
primeiro número foi direcionado a apresentar a verdade do Sábado, e ficou pronto em julho de 1849. Então
as preciosas páginas foram levadas para casa de Albert Belden, onde elas foram organizadas e enviadas a
indivíduos que tinham a mente aberta para lê-las. Depois de uma oração, Tiago colocou os jornais em sua
sacola de pano e andou 8 milhas para enviá-las ao correio de Middletown. Esta cena foi repetida 3 vezes
mais, antes de terminar o mês de setembro. E os recursos financeiros chegavam para fazer face às despesas
com as publicações. Encorajado, o Pastor White decidiu continuar publicando THE PRESENT TRUTH.

ADVENT REVIEW (Revista do Advento)


Durante o verão de 1850, do meio para o fim deste, Tiago White trabalhava duramente para fazer uma
nova publicação. Atacados pelas críticas do principal grupo dos adventistas, Tiago e Ellen resolveram editar
um jornal que contivesse uma boa quantidade de material sobre o período pré-desapontamento do
millerismo. Isto era para mostrar que os adventistas sabatistas deveriam ver o movimento millerita como
dirigido e designado por Deus. Quatro edições de 16 páginas da Advent Review foram publicadas em
Auburn, New York, durante o verão e o fim de 1850.
No início do verão os White sentiram desejo de visitar os crentes em Paris, Maine, nesta região
William Andrews e Stockbridge Howland e suas famílias atendiam espiritualmente o pequeno grupo de
adventistas da localidade. Quando Tiago descobriu uma tipografia abaixo do preço e conveniente, em Paris,
Maine, ele decidiu permanecer e estabelecer sua gráfica onde os irmãos amigavelmente estavam desejosos de
ajudá-lo em seu trabalho. Em Paris se fez a última publicação do Present Truth e do Advent Review, em
novembro de 1850. No mesmo mês um novo jornal nasceu, combinando os objetivos dos dois anteriores,
intitulado Seccond Advent Review And Sabbath Herald, ele continuou até hoje, e se tornou a voz oficial dos
Adventistas do Sétimo Dia.

J. N. Loughborough
A mudança posterior para Rochester coincidiu com a chegada de diversos adventistas, que se tornaram
as maiores figuras no crescimento da denominação. Em Rochester vivia um rapaz chamado John N.
Loughborough que pintava casas durante a semana, e pregava para vários adventistas aos domingos. Um
dos membros desta igreja que se estava interessando nas verdades ensinadas pelos adventistas sabatistas,
sugeriu a Loughborough que o acompanhasse a uma dessas conferências. Embora tendo apenas 20 anos
Loughborough já era pregador há 3 anos. Ele estava certo que podia desbaratar os sabatistas com alguns
textos, mostrando que a lei moral tinha sido abolida.
Ao chegar à conferência, ficou extasiado ao reconhecer o pregador como o homem que tinha visto em
um sonho e poucas noites atrás. Ele ficou mais confuso ainda quando este orador, John N. Andrews, usou os
mesmos textos que ele pensava que eram contra a lei, para mostrar a obrigação de se observá-la. Dentro de 3
semanas ele se decidiu em favor dos adventistas sabatistas. Logo cedo ele acompanhou Hiran Edson numa

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viagem para encorajar os crentes. Mais tarde se tornou o primeiro da obra em Michigan e Inglaterra, e
também tornou-se o primeiro historiador do movimento adventista.

OS PIONEIROS

No início de 1849, Joseph Bates começou a percorrer o campo na procura de adventistas com quem
ele pudesse repartir a recente luz descoberta. No verão do mesmo ano ele contatou com o ferreiro Dan R.
Palmer, líder do adventismo em Jackson, Michigan. Bates pregou o primeiro sermão a Palmer. Convencido
de que o que ele ouvia era verdade, convidou Bates a estar com os adventistas no próximo Sábado. Antes de
Bates sair de Jackson, todos os adventistas decidiram guardar o Sábado.
Três anos mais tarde Bates voltou a Jackson para encorajar seus conversos. Nesta ocasião estava o
jovem Merritt E. Cornell e sua esposa, que estavam presentes para ouvir Bates em casa de Dan Palmer.
Merrit estava certo que poderia mostrar os erros de Bates rapidamente. Mas dentro de pouco tempo ele levou
a mensagem de Bates para seu sogro, Henry Lyon e para John P. Kellogs. Durante 25 anos Cornell seria o
mais preeminente evangelista dos Adventistas do 7º Dia. Ele merece o mérito pela rápida difusão da doutrina
dos ASD em Michigan.
Por ocasião de sua 2ª vinda a Jackson, o capitão Bates ouviu a respeito de algumas famílias adventistas
em Indiana e resolveu visitá-las. Enquanto a caminho, sentiu que devia descer do trem na pequena vila de
Battle Creek. No Correio, ele perguntou pelo mais honesto homem da cidade. Poucos minutos mais tarde
ele foi conduzido ao lar de David Hewitt, um presbiteriano. Era bem cedo de manhã quando Bates bateu na
porta e disse que tinha importante verdade a apresentar. Cortesmente convidado a tomar o café da manhã, e
então conduzir o culto familiar, a Bates foi dada mais tarde a oportunidade de apresentar suas crenças. Todas
as manhãs, os Hewitts ouviam a apresentação da esperança do advento, tudo ilustrado com mapa. Os
assuntos eram novos para eles, e na semana seguinte começaram a guardar o Sábado. O primeiro núcleo de
adventista se reunia na casa de David Hewitt, até que a primeira capela foi construída em Battle Creek. A
aceitação de Hewitt da mensagem, sendo ele um presbiteriano que não tivera contato com o adventismo,
acabou, de uma vez por todas, com a doutrina da porta fechada.
Em dezembro de 1851, dois pregadores fizeram uma rápida parada em Baraboo, Wisconsin, e durante
uma hora fizeram uma apresentação geral da mensagem de Apocalipse 14, os grandes períodos proféticos, o
Sábado, a besta de 2 chifres de Apoc. 13. Sentado na audiência, estava o batista Joseph H. Waggoner,
editor e publicador de um jornal político. Waggoner ficou tão intrigado que, a cada tempo que lhe restava,
ele estudava as mensagens apresentadas que lhe chamaram a atenção. Com poucos meses ele estava bem
firmado na mensagem adventista; seus novos colegas se admiravam que ele pudesse entrar no adventismo,
por causa da doutrina da Porta Fechada. Waggoner deixou seu posto de editor para viajar como evangelista
nos Estados de Wisconsin, Iowa, Illinois, Indiana e Michigan. Preparou as mais hábeis respostas sobre
inquirições a respeito do Sábado para gerações futuras que viveriam nesta região.
Um número da Review and Herald sobre o Sábado influenciou a John Byington e o fez um pregador
do interior. Ele não teve contato com o movimento milerita de 1844, porém em 1852 ele aceitou os pontos de
vista dos adventistas sabatistas. Três anos mais tarde ele construiu uma das primeiras Igrejas Adventistas do
7º Dia, perto de sua casa em Buck’s Bridge, New York. Byington tornar-se-ia um pregador de sustento
próprio, e o primeiro presidente da Conferência Geral da IASD.

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Devido à leitura da Review e à visita pessoal de José Bates, Roswell F. Cottrell foi levado a unir-se
aos adventistas sabatistas em 1851, ele vinha de uma família que tinha raízes na Igreja Batista do 7º Dia. Ele
ouvira pregadores mileritas, mas não ficou impressionado porque eles não observavam toda a lei de Deus.
Cottrel tornou-se um colaborador da Review, e preparou uma longa série de estudos bíblicos para uso das
lições de escola Sabatina de Youth Instructor. Estes estudos foram reunidos e mais tarde assumiram a forma
de um livro: The Bible Class.
No fim de 1852, um rapaz que, depois de Tiago White, teve a maior parte no desenvolvimento da
Review and Herald, deparou-se com a doutrina do Sábado. Seu nome era Uriah Smith. Por ocasião da
decepção do milerismo, em 1844, Smith era um jovem de 12 anos, acompanhando tudo através de sua mãe,
fiel adventista. Após alguns anos ele decidiu seguir a carreira literária. Em 1852 assistiu às conferências dos
adventistas sabatistas, em New Hampshire, Washington. Pelas coisas que ouviu, iniciou-se um processo de
convicção de que o 4º mandamento requeria a observância do Sábado. Após 12 semanas de estudos, ele
decidiu tornar-se um guardador do Sábado no adventismo. Nesta época ele já contava com 21 anos. Em
seguida foi trabalhar na Review em Rochester, junto a sua irmã Annie. Sua capacidade de escrever o
transformou num escritor de boa qualidade, e foi assumindo responsabilidades administrativas, liberando o
Pr. White para realizar mais viagens e pregações.
Em 1853 a Review começou a publicar um pequeno estudo: “Elihu on The Sabbath”. Este trabalho foi
responsável em fazer Stephen N. Haskell um guardador do Sábado. Ele tinha 19 anos quando ouviu um
desconhecido evangelista falar sobre o 2º advento. Tão eletrizado ficou com o assunto que falava dele com
cada pessoa que encontrava. Desafiado por seus amigos a pregar, disse que o faria se eles providenciassem
um local e ouvintes. Para sua surpresa eles cumpriram a promessa. Um tanto relutante iniciou sua vida de
pregador. Parte de seu tempo era para pregar e a outra era para vender sabão por ele manufaturado. Certa
vez, estando numa campal, em Connecticut, no verão de 1853, Haskell decidiu visitar um grupo de
adventistas no Canadá, que se iniciara no ano anterior. Na viagem, enquanto fez baldeação de trem em
Springfield, Massachussetts, ele resolveu fazer compras para sua viagem de regresso. Dirigiu-se para a loja
da estrada de ferro do funileiro William Saxby. Atendido cortesmente, logo a conversa girou em torno do
Sábado, e Saxby era um adventista guardador do Sábado. Embora Haskell evitasse convite para ficar em casa
de sabatistas, ele foi para casa de Saxby por aquela noite. Saxby deu-lhe um resumo das mensagens que ele
cria. Na manhã seguinte, quando Haskell deixou o lar de seu anfitrião, recebeu alguns impressos, e entre
eles: “Elihu on The Sabbath”. Antes de chegar ao Canadá, o jovem pregador estava convicto de que
guardaria o sábado até que pudesse conseguir mais luz posterior.
O Sábado estava tão claro para Haskell que ele tinha certeza que seus amigos adventistas o aceitariam
prontamente. Quando ele tentou apresentá-lo na reunião de adventistas em Massachussetts, ele encontrou
poucos que lhe dessem atenção, e lhe foi negado o privilégio de pregar ao grupo todo. No fim da reunião
Haskell foi convidado, com Thomas Halle, ao lar de Hubbardston. Aqui, durante os seguintes poucos meses
ele conseguiu persuadir o grupo a se tornar sabatista.

O NASCIMENTO DE UMA ORGANIZAÇÃO

Parte da herança dos adventistas mileritas sabatistas era uma determinação de não criar outra
denominação. Eles não se esqueceram da advertência de George Storr de que nenhuma igreja pode ser
organizada pela invenção do homem, mas o que a torna Babilônia é quando ela é organizada.

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Nos anos que seguiram, logo após 1844, eles não tinham nenhuma condição de organizar nada.
Perplexos pelo desapontamento, confusos por uma grande variedade de doutrinas, eles precisavam de tempo
para ajustar e estabelecer suas convicções religiosas concernentes ao que era regra de fé e prática (dever e
dogma). Em 1854, 10 anos após o desapontamento, Ellen G. White, com base em suas visões, começou a
conclamar a igreja para se estabelecer de acordo com a ordem do evangelho, que tinha sido passada por alto
e negligenciada. Poucas semanas mais cedo, James White tinha iniciado uma série de artigos na Review
sobre o mesmo tema (organização). Suas viagens e correspondência convenciam-no de que os adventistas
sabatistas dispersos deviam ter melhor direção e organização, se eles pretendiam manter sua fé e expandir
seu testemunho.

Época de Profundas Dificuldades


Embora nos meados da década de 1850 a unidade doutrinária tinha sido alcançada entre os adventistas
sabatistas, muitos estavam vivendo um declínio da fé. Em parte isto pode ser atribuído a suas esperanças
frustradas na iminente 2ª vinda. Com o atraso do advento suas preocupações se dirigiram para os deveres
temporais. Os adventistas se uniram para se envolverem numa vida mais rural, ajustando-se a uma vida
interiorana. Esta foi a experiência da família E. P. Butler de Vermont e das famílias Edward Andrews e
Cyprian Stevens do Maine. Estas famílias e outras se uniram em algo semelhante a uma colônia de
adventistas agricultores em Waukon, a nordeste de Iowa. O rebanho disperso perdeu seu contato com Ellen
G. White, e seus escritos.
Neste tempo a Review, que era o único meio de contato regular entre os crentes dispersos, estava
fechada aos escritos de EGW. Em seu desejo de evitar as críticas daqueles que tinham preconceito contra
visões, Tiago White decidiu, em 1851, não publicar as visões de sua esposa. Ele estava decidido a provar que
as doutrinas que a Review and Herald (RH) advogava eram baseados somente na Bíblia, e não na
sobrenatural revelação. Durante 4 anos apareceram só 7 artigos na RH de Ellen White, mas nenhum deles
mencionava as visões dela. Negligenciadas, as visões se tornaram menos freqüentes, e os crentes não
avaliavam bem sua importância. E até Ellen chegou a pensar que sua obra especial estava completa.
A despeito do aumento de novos pregadores, como Andrews, Cornell e Waggoner, muitas
congregações ficavam meses sem ouvir um sermão de um ministro. O território a ser visitado era muito
extenso, o que limitava a presença de pastores. Além disso, não havia um plano de sustento dos pastores, e
muitos eram obrigados a se sustentarem do seu trabalho na agricultura ou mecânica. Durante o verão e a
primavera eles trabalhavam para seu sustento, e viajavam, preferivelmente, no inverno. O excesso de
trabalho e pobreza adoeciam muitos. O exemplo mais proeminente é o de J. N. Andrews, que deixou a obra
para trabalhar como balconista de seu tio, em Waukon.
Outro exemplo desta época difícil, é o de Lougborough, em 1856. No verão, daquele ano, ele ajudou
na realização de conferências em Nova York. Como os recursos não eram suficientes para as despesas do
trabalho da tenda, ele trabalhava 4 e meio dias por semana nos campos durante a colheita. Este duro trabalho
lhe dava um dólar por dia. No fim da colheita ele ganhava mais de 4 dólares por semana. Isto se somava o
que havia ganho nos campos durante a colheita. E era tudo o que tinha. Lougborough ficou desencorajado
com esta situação financeira, e junto com sua esposa, foi morar em Waukon, onde poderia viver do trabalho
de carpinteiro, pregando na mesma região, conforme o tempo e as finanças permitissem.
Os White ficaram preocupados com a perda de jovens pregadores como Andrews, e Lougborough.
Numa visita a Illinois, em 1856, Ellen recebeu uma visão em que os adventistas viviam um estado de apatia
religiosa. Ela e seu esposo sentiram a responsabilidade de visitar estes irmãos para encorajá-los. Apesar do

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tempo adverso, seus anfitriões se ofereciam em levá-los de trenó por 200 milhas até Waukon. A poucas
milhas a leste do Rio Mississipi a neve, que caíra por dia, voltou a cair. Eles passaram nesta região por um
pantanal de neve que cobria seus pés de água gelada. Os moradores locais advertiram do perigo de atravessar
a região, quando as águas do rio estavam congeladas. Quatro dias depois chegaram a Waukon, agradecidos
pela direção de Deus.

Recrutando Ministros
Uma das primeiras pessoas que os White encontraram em Waukon, foi John Lougborough: “O que
você faz aqui, Elias?” - Ellen perguntou três vezes. Lougborough ficou muito embaraçado. E os White não
foram recebidos entusiasticamente pelos irmãos. Durante o culto, Ellen entrou em visão na qual recebeu a
mensagem: “volte para mim, e eu retornarei a você...”. Mary Lougborough foi a primeira a atender o apelo.
Os outros seguiram em rápida sucessão. Naquela noite e nos dias seguintes houve um profundo e espiritual
reavivamento em Waukon. Quando os White e seus acompanhantes voltaram a leste, J. Lougborough foi
com eles. O resto do inverno ele trabalhou a nordeste de Illinois enquanto Mary ficou, corajosamente, em
Waukon.
Embora a saúde de Andrews não fosse boa para começar a pregar imediatamente, ele logo deu início a
suas viagens. Os problemas financeiros continuavam a oprimir os clérigos adventistas. Nos três primeiros
meses de trabalho, depois de deixar Waukon, Lougborough recebeu alimentação e hospedagem, um casaco
de pele de búfalo no valor de 10 dólares, e 10 dólares em dinheiro. Embora o poder de compra deste valor
era 4 a 6 vezes maior do que hoje, mesmo assim era muito pouco para passar o inverno. Para economizar
dinheiro Lougborough fez a pé as últimas 26 milhas de volta para casa.
Em 1857, com os EUA sofrendo crise financeira, a remuneração de Lougborough para o inverno em
Michigan era de uma parte de bolo de melado, cinco medidas de maçã, cinco de batata, um pouco de feijão,
um pernil (presunto - metade de um porco), e 4 dólares em dinheiro. Lougborough foi afortunado nesta
época por poder usar os cavalos dos White para suas viagens. Outros como J. H. Waggoner andavam a pé.
Faltava dinheiro para trocar seus sapatos e roupas usadas. Como poderiam homens nesta situação salvar
pessoas pelo anúncio da mensagem dos 3 anjos!?

Princípio da Organização – a “Benevolência Sistemática”


Na primavera de 1858, a congregação de Battle Creek formou um grupo de estudo sob a liderança de
John Andrews, para pesquisar na Bíblia qual era o plano de Deus para sustento do ministério. No começo de
1859 este grupo propôs um plano sistemático de doação que foi aprovado pela igreja de Battle Creek. Logo
ele estava sendo promovido através das colunas da RH. Um ano mais tarde, os crentes adventistas, reunidos
em conferência geral, recomendaram o sistema para todos os adventistas.
Os irmãos de Battle Creek sugeriram que, seguindo as instruções de Paulo em 1Cor. 16:2, cada crente
poria de lado uma certa quantia a cada 1º dia. Os irmãos foram animados a separar de 5 a 20 centavos por
semana, as irmãs de 2 a 10 centavos. E um valor adicional deveria ser acrescido: 5 centavos para cada
US$100 do valor da propriedade particular. O plano foi chamado de “Sistematic Benevolence” ou “Irmã
Betsy”, como logo foi apelidado. Este cresceu rapidamente, e imediatamente enfrentou um novo problema: a
quem estas doações deveriam ser entregues?
A Review aconselhou que cada grupo de membros deveria apontar um tesoureiro, que deveria manter
5 dólares em mãos para ajudar os pastores itinerantes. O restante era para ser enviado para as despesas dos

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grupos evangelísticos de tendas. J. Lougborough sugeriu em 1861 que o dízimo não devia ser ainda
introduzido, por considerar prematuro.
A coleta de fundos e o pagamento de pregadores levou à necessidade de um tipo regular de
organização para cuidar destes detalhes, e um grupo de crentes deveria ser chamado para formar uma
organização que coordenasse seus esforços em promover suas crenças.

Crescimento Numérico da IASD


A novidade de reuniões em tendas estava assegurando aos adventistas boa freqüência em mais da
metade dos locais. As conferências atraíam 1500 pessoas na pequena comunidade de Michigan, e 1000 se
reuniam no desabitado Iowa.
A nascente igreja estava alcançando alguns subgrupos culturais, nos EUA. Dois irmãos canadenses de
língua francesa, A. C. Bordeau e D. T. Bordeau, se uniram aos adventistas de 1856. Cedo eles começaram a
trabalhar entre a população de língua francesa do Quebec e do Vermont.
Em Wisconsin o contato foi feito com várias famílias norueguesas que tinham sido molestadas com a
questão do Sábado, mesmo antes de imigrar para a América. A despeito das dificuldades com a língua,
Andrew Olsen e sua esposa se batizaram. Trinta anos mais tarde, seu filho Ole seria presidente da
Conferência Geral. Embora muitas famílias vizinhas se unissem aos Olsen em sua nova fé, foi mesmo após
John G. Matteson, um Pastor Batista dinamarquês, ter aceito o 7º dia do adventismo, em 1863, que o
trabalho entre os escandinavos se desenvolveu. Este vigoroso rapaz dinamarquês percorreu amplamente os
estados de Wisconsin, Illinois, Iowa, Minnesota à procura de compatriotas receptivos.
Numa reunião de tenda, em 1857, converteu-se uma das mais interessantes e enigmáticas pessoas
dentre os imigrantes: Michel Czechowski. Ele tinha sido educado para o sacerdócio católico em seu país
nativo - a Polônia. Desiludido com a corrupção de seus colegas e passando por perigo por causa de suas
atividades políticas, Czechowsk viajou para Roma. Em audiência com o Para Gregório XVI, sua fé na Igreja
Romana enfraqueceu, embora permanecesse como sacerdote vários anos mais. Depois ele renunciou ao
sacerdócio. Seu medo das intrigas dos jesuítas o levou a viajar para a América. Nos EUA converteu-se ao
protestantismo, e depois ao adventismo. Sua habilidade em línguas foi útil na obra entre os canadenses de
fala francesa. Em 1860 ele se estabeleceu na cidade de Nova York. Neste ambiente cultural, o ex-sacerdote,
vivendo numa congregação em Brooklyn, trabalhou em favor de franceses, italianos, alemães e suecos.
Czechowsk, ainda desejou retornar à Itália como missionário, mas não conseguiu apoio dos seus irmãos
adventistas.
Tiago White via, neste crescente número de membros, a necessidade de um chamado à organização.
Muitos ainda hesitavam. Enquanto isso, Battle Creek tornava-se o centro nervoso do crescimento adventista.
Muita coisa tinha acontecido em Battle Creek desde que Bates, em 1852, veio à procura do “mais honesto
homem da cidade”. Em 1853 houve 8 pessoas no culto do Sábado, na sala de visitas de David Hewitt. Mais
tarde se juntou ao grupo o Pr. Joseph Frisbie e sua esposa. A presença dele ajudou a crescer o interesse da
comunidade no adventismo. O interesse foi estimulado quando Loughborough e Cornell dirigiram
conferências em tendas. Em 1855, na primavera, o grupo de adventistas construiu uma capela com a
capacidade de 40 assentos. Nesta época, adventistas do Leste começaram a chegar: os Cornell, Lyon,
Kellogg. No fim de 1855 o escritório de publicações deixou Rochester e veio para Battle Creek, e com ele
vieram: os White, S. T. Belden, U. Smith, George Amadon e muitos outros.
Os White estabeleceram raízes em Battle Creek, pois em 1857 eles construíram a 1ª casa de sua
propriedade. Neste mesmo ano a igreja local construiu sua 2ª casa de culto. Embora só na década de 1860 a

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igreja em Battle Creek passasse à marca dos 100 membros, eles construíram em 1857 uma igreja para 300
pessoas assentadas. Eles desejavam hospedar as pessoas de todo o estado e do país. Battle Creek via-se, a si
mesma, como centro do adventismo sabatista.
Além do crescimento da igreja, o surgimento de heresias fazia se sentir a necessidade de uma
organização com autoridade para conduzir e orientar os membros nos momentos de heresia.
Uma outra questão que conduzia os adventistas a uma organização era o problema da posse legal de
propriedade, como templos e instituições. Como as igrejas locais não eram corporações legais, os prédios
construídos eram registrados como propriedade de um membro. No caso de morte ou apostasia deste ocorria
complicações naturais. Em Cincinati, por exemplo, quando o proprietário escolhido se indispôs e apostatou,
ele transformou a pequena casa de culto numa fábrica de vinagre. Para evitar estes problemas, alguns grupos
começaram a criar corporações legais. A primeira que surgiu foi a de Parkville, Michigan, em maio de 1860.
Eles fizeram os estatutos de uma Associação, usando o nome de Parkville Church os Christ’s Second
Advent. Logo depois surgiu outra com o nome Church of Living God, no estado Iowa, Fairfield. Como esta
diversidade de nomes poderia refletir a unidade de ação do grupo, em torno da tríplice mensagem angélica?
Devido a essa impossibilidade, começou a procura de um nome que bem retratasse a individualidade do
grupo.
Na 1ª metade de 1860 o debate sobre a organização aumentou. Tiago White advertiu que ele estava
sendo visto como proprietário da Review, quando ele era apenas seu Gerente Geral. Isto era assim visto
mesmo por aqueles que investiram dinheiro no escritório da Review. R. F. Cottrel era contra estas
contribuições, pois disse a respeito do investimento de dinheiro em favor do escritório da Review: “Enviem-
no ao Senhor, eles precisam confiar no Senhor para esta obra”. Tais argumentos irritaram a Tiago White, e
por isso escreveu: “Isto nos parece perigoso - deixar com Deus o que Ele deixou conosco, e então não fazer
nada ou quase nada”.
Em 1860 J. White convidou delegados a Battle Creek para uma reunião a fim de resolverem a situação
legal da publicadora. Assim, no dia 29/09/1860, delegados de 5 estados começaram a mais importante
reunião de negócios até então. O presidente da comissão foi Joseph Bates, e U. Smith foi o secretário. Eles
mergulharam numa profunda discussão sobre organização. Concordaram que algo devia ser feito nesta
direção, contudo devia ser com aprovação das Escrituras.
Após uma extensa discussão, ficou estabelecido que os crentes se organizariam em uma Associação
legalmente constituída para assegurar as propriedades e estabelecer relações comerciais. Estas decisões
deveriam ser levadas à igreja. Foram então nomeados três membros que deveriam comunicar às igrejas as
sugestões desta comissão: 1. Organização da publicadora; 2. Nome da igreja. Estes membros eram: Andrews,
Waggoner e T. J. Butler.
Em 01/10/1860 os delegados estavam prontos para resolver o problema da escolha de um nome. Uma
vez que as leis do estado de Michigan exigiam que uma associação legalmente organizada tivesse um nome,
eles já eram tratados por diversos nomes, tais como: “Povo do 7º Dia”, “As Portas Fechadas do 7º Dia”,
“Adventistas Guardadores do Sábado”. Eles mesmos se referiam a si mesmos como “O Remanescente”, “O
Rebanho Disperso” ou “Igreja de Deus”.
Quando tudo indicava que o nome seria “A Igreja de Deus”, muitos entretanto, achavam-no muito
pretensioso. Então preferiram um nome que imediatamente indicasse suas maiores doutrinas. Por isso foi
escolhido o nome “Igreja Adventista do 7º Dia”. E o responsável pela escolha deste nome foi David Hewit.
O único contrário foi J. Butler. Ellen White deu o seu endosso ao nome quando disse:

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“O nome ‘Adventista do 7º Dia’ leva as marcas características da nossa fé, e convencerá a mente
dos inquiridos como uma flecha da aljava do Senhor ferirá os transgressores da lei de Deus, e os
conduzirá ao arrependimento diante de Deus e à fé em nosso Senhor Jesus Cristo”.

A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

A resistência à organização foi quebrada. Depois disso um decidido movimento se processou na firme
resolução de estabelecer uma perfeita estrutura denominacional. Nem todas as oposições tinham sucumbido,
pois alguns estavam convictos de que qualquer organização era Babilônia. Contudo, o mais influente crítico
da organização (R. F. Cottrell) aceitou as decisões feitas pela conferência de Battle Creek.
Um pequeno grupo de membros requereu a 9 ministros presentes em Battle Creek, que preparassem os
planos para a organização da igreja. Os ministros fizeram a seguinte sugestão, na Review de junho de 1861: a
igreja mundial deveria ser estruturada em 3 níveis; a igreja local, Associações estaduais ou distritais; e a
Conferência Geral, representando todas as igrejas, e falando por todas elas.

A Primeira Associação Organizada


Na reunião de Michigan, os crentes em Battle Creek, em outubro de 1861, sob a liderança de T. White,
Loughborough e Bates, tomaram decisões que resultaram na formação da “Associação de Michigan dos
Adventistas do 7º Dia”.
Para ser reconhecida como Associação, sua sessão anual devia ser composta de ministro e delegados
de todas as igrejas. Os eleitos por um ano foram:
• Presidente - José Bates
• Escriturário - Uriah Smith
• Comissão Executiva - Loughborough, Cornell e Hull
Nesta ocasião foram votadas credenciais para os pastores que serviam dentro do território, como
pregadores. Dezessete Igrejas organizadas foram recebidas na Associação. O exemplo da igreja em Michigan
contagiou os demais. No próximo ano, 6 outras Associações foram organizadas. Enquanto as igrejas em
algumas áreas hesitavam, em outras os membros tomavam à frente e organizavam-se.

A Conferência Geral
A mais importante decisão tomada pelos irmãos de Michigan, em 1862, foi convidar outras Missões,
recentemente organizadas, a enviar delegados para a Conferência anual de 20 a 23/5/1863. Assim, a
Conferência Geral poderia ser organizada. Era um convite só para as missões, não incluindo as igrejas locais.
Desta forma um modelo hierárquico foi adotado pela denominação. Representantes de 5 outros estados se
juntaram aos delegados de Michigan em 20 a 23 de maio de 1863. O objetivo era adotar um estatuto e eleger
os oficiais para a Associação Geral. O estatuto previa 3 membros para a comissão executiva, incluindo o
presidente, que tinha a responsabilidade de supervisionar todos os ministros, e ver se estavam bem
distribuídos, fomentar a obra missionária e autorizar pedidos gerais de recursos.
A comissão de nomeações reconheceu o importante papel de Tiago White na organização e
estabelecimento da IASD, e o apontou como presidente da Conferência Geral. Tiago, porém, o recusou. Ele
temia a crítica de que sua luta para a organização da IASD era apenas para assumir o poder - a presidência.

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Então a comissão apontou John Byington, que serviu dois anos como o primeiro presidente mundial da
IASD. O secretário designado foi U. Smith, e escolhido como tesoureiro E. L. Walker.
James White e Loughborough foram nomeados com J. Byington para servirem na Comissão
Executiva. Logo esta comissão foi aumentada, incluindo J. N. Andrews e George N. Amadon, obreiro
pioneiro na área de publicações. Depois de uma década de debates, a tarefa de organizar o movimento estava
completada. Respirava-se então uma atmosfera de otimismo e boa vontade. Os Adventistas do 7º Dia eram
uma minoria entre os cristãos da América. O número de membros foi estimado 3500 membros, nesta época,
em 1863. Para pastorear o rebanho disperso havia 30 pastores. Alguns membros não viam nenhum pastor por
mais de um ano.

A REFORMA DA SAÚDE

A prática da medicina no século XIX até 1875 era da pior qualidade. Os métodos em uso eram
antiquados. A maioria dos médicos não possuía uma educação formal, e a que tinha era limitada a uns
poucos meses de leitura sobre laboratório e experiência clínica, quando havia. Geralmente, eles começavam
como ajudantes de um médico já estabelecido. Faltava, então, um real conhecimento das causas das
enfermidades, como elas se propagavam, do valor dos cuidados de medicina sanitária. Os médicos
prescreviam uma grande variedade de drogas perigosas. Boa parte dos americanos consumiam ampla
quantidade de drogas e remédios da antiga Índia. Os americanos sofriam de um amplo número de doenças
completamente desconhecidas nos últimos 20 séculos: Febre Tifóide, Difteria, Malária, Tuberculose. Com a
ciência da nutrição atrasada, eles quase sempre sofriam com dispepsia e outras enfermidades estomacais.
Como eles poderiam saber que gordura em excesso, pastelaria, comida frita, carne e farinhas refinadas eram
prejudiciais?
Foi contra este estado de coisas que Silvester Grahan e William Alcott tinham, na década de 1830,
um chamado para uma Reforma da Dieta, importância do banho, exercício, descanso, e o abandono do
álcool, café, chá. Em tais circunstâncias, o jornal Water Cure do Dr. Joel Shew, foi lançado em 1845, que
poderia parecer irrazoável para muitos, especialmente depois que Russel T. Trall começou a promover os
benefícios da Hidroterapia.

José Bates
Dificilmente alguém poderia esperar que houvesse interesse nos benefícios do vegetarianismo,
hidroterapia, exercício e luz solar. Estavam tão ocupados em proclamar a iminência do Advento, em estudar
as Profecias de Daniel e Apocalipse e em estabelecer a organização que não sobrava tempo para outra coisa.
Embora um de seus patriarcas, capitão José Bates, tinha descoberto o valor de mudar de hábito, e de cuidar
melhor da saúde, já durante os dias do millerismo. Sua elástica passada, sua postura ereta e a energia com
que ele percorreu as estradas americanas de Norte a Sul eram causa de admiração entre os seus amigos, que
viam esta sua capacidade de trabalho relacionada com seu estilo de vida.
Foi durante sua vida marítima que Bates começou a abandonar hábitos prejudiciais à sua saúde física e
moral. Em 1821 abandonou permanentemente certos tipos de bebida alcoólica; e no ano seguinte, deixou de
beber vinho antes do jantar. Em seguida ele e um amigo seu deixaram de fumar. Tudo isto antecedeu sua
entrega a Cristo como seu Salvador. Bates tornou-se membro da igreja cristã de Fairhaven, Massachussets.
Logo após seu batismo ele sugeriu ao pastor que junto com ele organizasse uma sociedade local de

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temperança. Embora sua proposta fosse recebida com indiferença, ele conseguiu ajuda entre seus amigos
para organizar uma das primeiras sociedades de temperança dos EUA.
Bates deixou a vida marítima aos 35 anos de idade. Ele e sua esposa tinham uma vida social que os
obrigava a usar boa quantidade de chá. Numa determinada noite ele só pôde dormir depois de meia-noite.
Como resultado ele parou de usar tanto chá como café. Dez anos depois Bates, entrou para o movimento
Adventista. Ele renunciou o uso da carne, manteiga, queijo, doces, gorduras e pastéis. Não se sabe ao certo o
que causou esta sua mudança, mas presume-se que foi a leitura que fez de publicações de Sylvester Grahan,
ou um contato com o Dr. L. B. Coles, médico e conferencista adventista. Por um breve tempo o capitão
restringiu sua alimentação só para pão e água. Embora tenha acrescentado novamente as frutas, vegetais,
nozes e cereais, a água permaneceu sua única bebida.
Embora os White, Loughborough, U. Smith e muitos outros ASD sofriam devido sua fraca saúde,
Bates evitou por mais de 80 anos inúmeras enfermidades. Ele permaneceu como uma testemunha silenciosa
entre seus companheiros até que as visões de Ellen White sobre saúde foram anunciadas.
Por volta do fim de 1848 Ellen falou dos malefícios do fumo, chá e café. E em 1849 Bates em suas
viagens apelou aos crentes adventistas a abandonarem o fumo, com considerável sucesso. Foi apontando os
riscos de saúde que poderiam causar o fumo, o chá e o café. Outro argumento usado era o seguinte: “como
poderiam os ASD gastarem tanto dinheiro com estas coisas, quando havia tanta necessidade de ajuda para se
proclamar a mensagem dos três anjos?”. Em 1853, a Review and Herald tomou uma forte posição contra o
fumo, e uma posição moderada contra chá e café.
Aos argumentos de preservação da saúde e economia de dinheiro, acresceu-se o fator religioso: a
pessoa que usa o fumo não podia ser tão bom cristão como poderia ser sem ele. Tiago White caracterizou o
hábito de fumar como uma “prática que desonrava a Deus”. Em 1855 os adventistas sabatistas votaram, em
Vermont, eliminar os usuários de fumo do meio da irmandade. Houve forte resistência. Então, mudaram sua
forma de agir para um espírito de brandura, em persuadir àqueles que fumavam a se abster deste mal.

Dificuldades Enfrentadas para Reforma de Saúde


Em visão, foi mostrada a EGW a necessidade de mudanças no estilo de vida dos ASD para terem uma
melhor saúde. Nesta ocasião foi condenado o mau hábito da gastronomia, dizendo ao povo que usasse
alimento simples sem gordura no lugar de “alimentos ricos”, freqüentemente comidos.
No fim da década de 1850 EGW falou sobre o assunto da carne de porco: “Se é dever da igreja abster-
se de carne suína, Deus o revelará a mais que a duas ou três pessoas. Ele ensinará Sua igreja qual seja seu
dever”.

Luz Vinda do Alto


Durante a primavera de 1863, James White estava interessado em aperfeiçoar a estrutura
organizacional da Igreja. Logo que este objetivo foi lançado, com um grupo de crentes os White foram dar
apoio a um esforço evangelístico de Tenda, conduzido pelos pastores R. J. Lawrence e M. E. Cornell, em
Otsego, Michigan. Os White passaram o fim de semana com a família Hilliard algumas milhas fora da
cidade. Durante o culto familiar na noite de 5/6/1863, Ellen foi convidada a dirigir o grupo em oração. No
meio da sua oração ela foi tomada pelo Espírito Santo em visão. Esta visão teve grandes implicações no
trabalho e ensino da IASD.
Foi durante esta visão em Otsego em 5/6/1863, que durou 45 minutos, que o grande tema da “Reforma
de Saúde” foi apresentado Ellen G. White. Ela viu que a Temperança envolvia muito mais do que apenas

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abandonar o uso de bebida alcoólica. E que se estendia à forma de trabalhar e descansar. E a água foi
revelada ser remédio melhor do que muitas drogas então em uso. A dieta sem carne era mais saudável. O
ponto importante era a idéia de que “era um dever sagrado cuidar de nossa saúde e despertar outros para esta
responsabilidade”.
Assim como o Sábado e o Santuário, a reforma de saúde não era algo inteiramente novo e único.
Todos os pontos mais importantes sobre Saúde haviam sido descobertos por Homens como: Grahan, Coles e
Trall. A visão transferia para os Adventistas a divina aprovação dos remédios naturais sobre as drogas, e
sobre um equilíbrio do programa de saúde, incluindo: dieta, exercício, ar puro, descanso, luz solar, e poder
curativos da água, confiança em Deus e abstinência.
E. G. W. ficou tão ansiosa para anunciar ao povo esta mensagem que no verão de 1863 ela começou
um ciclo de viagens pelos estados de Michigan, New York e New England. Logo, ouvintes observadores
começaram a comentar a respeito das semelhanças entre as visões de EGW e as idéias expressas nos livros
do Dr. Trall, Jackson e outros. Perguntaram a ela se havia lido o estudo de Jackson, “As Leis da Vida”, ou
outros dos escritos que tratavam da reforma de saúde. Ellen White respondeu firmemente e sinteticamente
que não, e que também não havia lido nada sobre o assunto até que escreveu as maiores idéias vistas em
visão. Ela estava determinada em não deixar a ninguém uma razão para dizer que ela tinha recebido luz sobre
este tema de médicos, e não do Senhor.
Parte da visão de Otsego tinha sido revelada com o objetivo de dar específico conselho a problemas de
Saúde de Tiago e Ellen. Eles deviam parar sua intemperança em suas atividades de escrever e falar. Tiago
não devia deixar habitar em sua mente a preocupação com a falta de cooperação de seus ajudantes.
Pensamentos melancólicos estavam tendo efeito negativo sobre sua saúde. Enquanto os White atentavam
cuidadosamente a estas instruções, também estavam ocupados em reformar sua dieta familiar.
Isto não foi feito de forma fácil. Por exemplo, Ellen era uma comilona de carne. Era difícil ao seu
estômago aceitar pão no lugar de carne. Mas com persistência o alimento simples ficou sobremodo
agradável. No fim de 1863, ela escreveu um panfleto dirigido às Mães (“Um apelo as Mães”), advertindo
quanto ao perigo moral e físico que eram próprios às crianças - a prática do “vício solitário”, a masturbação.
Ela disse nesta ocasião que, de acordo com a luz que o Senhor lhe tinha dado, havia uma relação entre dieta e
vida moral e espiritual. Ela apelou às suas leitoras que dispensassem o alimento cárneo e usassem nozes,
vegetais e frutas em seu lugar.
Não era sempre fácil colocar novas idéias em prática. No fim de 1863, enquanto os White visitavam,
com seus filhos, os familiares e amigos no Maine, Henry (um dos filhos) foi atacado com Pneumonia. O
tratamento convencional aplicado por um médico se mostrou inútil. O menino morreu. Os parentes já
tomavam providências para o sepultamento, quando, Willie, o mais novo, também contraiu Pneumonia.
Desta vez o casal White decidiu tentar o simples tratamento com água além de contar com a prescrição do
médico. Durante 5 dias eles labutaram. A vida de Willie estava por um fio. Quando Ellen White, exausta,
resolveu dormir um pouco, então sonhou que Willie recuperava a saúde. Ele precisava respirar ar puro. Ela
prontamente atendeu a orientação divina e Willie foi curado. Logo, Ellen estava sendo chamada como
“enfermeira” para cuidar de amigos e vizinhos doentes. Ela fazia uso de recursos naturais, que se tinham
provado serem muito úteis.
Devido às suas responsabilidades com a família e a igreja, só um ano depois foi que Ellen encontrou
oportunidade para escrever sobre as visões de Otsego, sobre princípios de Saúde. No verão de 1864, 32
páginas foram acrescentadas ao quarto volume de Spiritual Gifts, que formaram um capítulo sobre Saúde.
Aqui foi publicada pela 1ª vez uma condenação do porco como alimento, aconselhando uma dieta saudável
de vegetais, frutas, legumes, e nozes em substituição à carne, condimentos e pastelaria. Os leitores foram

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advertidos de que o plano de 2 refeições por dia eram superior ao de 3. Terminou o artigo com uma forte
condenação ao uso de drogas (“remédios” utilizados na época).
No natal de 1865, numa reunião de oração, perto de Chester, Ellen teve outra visão, na qual os
adventistas eram reprovados por estarem sendo muito lentos em seguir os conselhos relativos à mudança de
dieta, higiene e cuidado da saúde. Nesta ocasião, ela viu que os ensinamentos sobre saúde estavam
intimamente ligados ao testemunho religioso dos ASD, “como o braço e a mão com o corpo humano”.

Organização da Obra de Saúde


Era já tempo de a Igreja cessar de confiar nas instituições populares de saúde e desenvolver a sua
própria. No fim do verão de 1866, como resposta aos apelos EGW, dois resultados foram alcançados na
Conferência Geral: 1) Em agosto de 1866, um novo jornal 16 páginas, mensal, apareceu - The Health
Reformer; 2) No mês seguinte, abriram-se as portas do Western Health Reform Institute, em Battle Creek.
Quando o Instituto abriu, ele possuía dois médicos, dois atendentes para banho, uma enfermeira sem
treinamento, 3 ou 4 ajudantes e um paciente. Dois meses mais tarde, o Dr. Lay relatou que havia pacientes de
nove estados e do Canadá no Instituto. E era necessário adquirir quartos adicionais na vizinhança para
pacientes de ambulatório.
O repentino crescimento da Instituição preocupou a Ellen. Ela sabia que muitas instituições médicas
tinham se alegrado com um rápido crescimento para depois amargarem uma falência. Ela tinha forte reserva
quanto ao lucro recebido de povo doente. Os White acreditavam que o lucro do Instituto deveria custear o
tratamento daqueles que não podiam pagar. Apesar destas preocupações de EGW, o plano de expansão teve
seu início, enquanto ela procurava cuidar da recuperação da saúde de seu esposo. O trabalho de expansão
iniciado no verão de 1867, logo foi interrompido, e o conselho dos White foi seguido. Isto na ocasião parecia
estranho, mas posteriormente se mostrou eficaz. Pois o hospital já tinha 300 pacientes sendo tratados por
poucos médicos, e pessoal de saúde com pouco ou nenhum preparo sobre os tratamentos de pacientes. Estas
dificuldades levaram o Instituto, depois de 3 anos, a acumular um débito de US$ 13000.
Por causa de problemas familiares, Dr. Lay se mostrava cada vez menos eficiente, e se afastou para
cuidar da sua vida particular. Nesta época, James White assumia como Presidente da Comissão de Diretoria
(1870). Os membros da Comissão achavam que o filho mais velho de J. P. Kellogg, Merrit Kellogg, poderia
ser a pessoas indicada para o Instituto. Depois de 6 meses de um curso de medicina com o Dr. R. T. Trall, no
seu colégio de higiene terapêutica, ele voltou a Battle Creek, mas não se achou suficientemente preparado
para assumir a liderança do Instituto. Depois de algumas tentativas, James White tinha seus olhos voltados
para John Harvey Kellogg, meio-irmão de Merrit.
John Harvey Kellogg era por longo tempo um favorito de James White. Sob orientação deste, o jovem
Kellogg aprendeu tipografia nos escritórios da Review, quando era ainda um rapaz de 12 anos. Enquanto ele
ajudava a arrumar os tipos da revista How to Live, ele se tornou um dedicado converso aos princípios de
saúde. Mais tarde ele passou vários meses na fazenda dos White em Greenville. Em 1872, Kellogg decidiu
tornar-se um professor e se inscreveu num curso, no colégio estadual de professores em Ypsilanti. Contudo,
orientado por Merrit e os White, John Kellogg concordou acompanhar um grupo que ia para o Dr. Trall. Ele
não tinha intenção de praticar medicina, mas intentava tornar-se um educador na área de saúde.
Embora os poucos meses no Instituto de Trall falharam na orientação dos rapazes enviados pelos
White, com J. Kellogg foi diferente. Destes estudos médicos ele vislumbrou o quanto mais tinha para
aprender. Com o encorajamento e apoio financeiro dos White, ele estudou 2 anos de medicina na
Universidade de Michigan, e no último ano, na Escola Médica do Hospital Bellevue, de Nova York, talvez a

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mais adiantada escola médica do país na época. Durante este tempo, o jovem Kellogg tornou-se o principal
editor assistente do The Health Reformer, e conseguiu que o Dr. Trall escrevesse uma coluna na publicação.
Mas isto, com o tempo, tornou-se desvantagem. Dr. Trall cedo tomou posição extremada contra o uso de
qualquer quantidade de sal, açúcar, leite, manteiga e ovos. E sua posição de liderança nesta matéria trouxe
problemas para o meio adventista. Aqueles que viviam em áreas onde não havia bastante quantidade de
frutas e vegetais, não podiam seguir a dieta do Dr. Trall, ensinada através da Revista The Health Reformer, e
conseqüentemente o número de assinantes caiu rapidamente.
No esforço para consertar esta situação, James White assumiu a liderança editorial da revista, em
1871. E logo estabeleceu uma posição mais moderada. Como suas responsabilidades na liderança mundial da
Igreja tomavam muito do seu tempo, John Kellogg foi nomeado redator assistente, em 1873. Um ano após
ele já era o redator chefe. Em seguida Kellogg foi convidado a ser membro do corpo médico do Instituto.
James White foi promovendo a idéia de que Kellogg deveria ser nomeado médico-chefe no lugar do
Dr. William Russel. Kellogg porém declinou, ele tinha então 23 anos e estava contente como redator chefe
da revista. Ellen G. White não mostrava o mesmo entusiasmo de seu esposo neste assunto.
Mas em 1876, no dia 1º de outubro, Kellogg recebeu a liderança do Instituto com 20 pacientes. Destes,
6 acompanharam o Dr. Russell que abriu uma nova clínica em Ann Arbor. Outros dois foram para sua casa
por não se simpatizarem com o novo diretor. Isto reduziu a 12, o número de pacientes. Kellogg contudo não
se abateu. Com boa publicidade e bom tratamento, teve no inverno daquele ano o dobro de pacientes. O
nome Western Health Reformer Institute foi trocado para Battle Creek Sanitarium (Sanatório de Battle
Creek). Ele deixou sua responsabilidade de liderança da revista, que teve também o seu nome mudado para
Good Health. Ambas as trocas de nomes beneficiaram os dois órgãos. A revista passou a ter uma lista de
assinantes de 20.000 pessoas. E o Sanatório atraía cada vez mais pessoas. Então, os White puderam dar mais
atenção a outros ramos da obra.

COMEÇANDO O SISTEMA EDUCACIONAL

O espírito da reforma presente na sociedade americana durante os anos do movimento millerita


fizeram muito para o avanço da educação elementar pública gratuita. Seus efeitos foram sentidos na melhor
preparação de professores, num currículo básico abrangente e no fortalecimento da escola. Algumas
mentalidades reformatórias estavam também interessadas em integrar o trabalho manual com instrução
teórica, especialmente nas escolas que operavam acima do nível primário.

O Início
Quando, em 1872, Ellen White escreveu seu primeiro ensino sobre educação, ela declarou que “nós
somos reformadores”. Embora não haja nenhuma evidência que os pioneiros da IASD estivessem
interessados no movimento do trabalho manual, como estiveram na campanha anti-escravocrata e de
temperança. A experiência deles os predispôs a serem contrários à educação superior em geral, pois foi entre
os doutores em teologia que eles encontraram os seus mais acérrimos críticos. Para muitos pais adventistas a
iminência do advento também levou-os a considerar a educação básica sem importância para seus filhos.
Na década de 1850 esta atitude começou a mudar. Ellen White declarou que não podia olhar para
nenhuma específica data para o retorno de Cristo. As crianças precisavam de habilidades básicas para
competir com o mundo secular. Eles precisavam ser escudados contra o ridículo a que seus colegas os
submetiam por causa de suas peculiares crenças.

06-HISTÓRIA DA IASD 43
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Escola nos Lares


Sob estas circunstâncias, os adventistas sabatistas voltaram-se a um antigo remédio - a escola do lar.
Os líderes da igreja não fizeram nenhum esforço para encorajar o desenvolvimento de tais escolas. Portanto,
as escolas surgiram porque os pais perceberam a necessidade e estavam dispostos a assumir os custos
envolvidos.
Os White, com filhos novos, lembraram aos outros pais da responsabilidade que eles tinham com seus
filhos. Durante a década de 1850 ela escreveu na Review sobre “O dever dos pais para com seus filhos”,
enquanto James White escrevia artigos intitulados “Filhos dos guardadores do Sábado”, nos quais ele
comentou a imoralidade presente entre muitos que freqüentavam as escolas públicas, por isso ele disse que
seria melhor que os filhos dos guardadores do Sábado fossem educados pelos seus próprios pais ou tutores.
Por falta de condições próprias e métodos adequados ao ensino, estas escolas não foram permanentes,
mesmo em Battle Creek onde a colônia dos ASD crescia bastante.

Primeiras Escolas dos ASD


No começo de 1858 James White anunciou que os adventistas de Battle Creek convidaram John
Fletcher Byington para abrir uma escola para seus filhos. O Pr. White convidou os crentes das áreas
próximas, onde a “escola do lar” não permaneceu, que enviassem seus filhos para Battle Creek, prometendo
ajudá-los a encontrar uma solução para os problemas que surgissem. A despesa por estudante seria de 225
dólares pelo período de 12 semanas, porém John Byington não foi bem sucedido, como acontecera com 3
professores que o precederam. Por falta de recursos, ele se viu obrigado a abandonar seu trabalho. Até James
White ficou pessimista com a escola paroquial em Battle Creek.
Eles estavam revivendo os mesmos dramas no estabelecimento de uma escola, como já acontecera
quando os ASD resolveram eles mesmos ter sua tipografia.
• A volta de Cristo estava tão próxima que não havia dinheiro para se gastar em educação.
• Isso não quer significar que Tiago White não tinha interesse na salvação dos jovens e crianças,
mas que deveria haver outro meio de fazê-lo.
• Por isso, se iniciou a publicação de The Youth’s Instructor, que no início se dedicou a preparar
lições da Escola Sabatina por um longo período de tempo.

Escola Sabatina
O que James White intentou com a escola sabatina era que ela fosse um lugar de doutrinação dos
filhos dos crentes. Das primeiras quatro lições publicadas, duas foram sobre o Sábado; a 3ª foi sobre a lei, e a
4ª sobre a arca do testemunho. Mais tarde as lições trataram das profecias de Daniel e da doutrina do
Santuário.
Através da década de 1850, os grupos de adventistas dispersos desenvolveram escolas sabatinas, que
se tornaram modelo para o começo da escola de Battle Creek. Nesta escola, administrada consecutivamente
por G. W. Amadon e G. H. Bell, quase uma hora era usada no estudo da Bíblia. Os estudantes eram divididos
em classes de 6 a 8 alunos. Esta era a maneira para plantar as sementes da verdade na mente dos jovens com
o mínimo de custo. Bastava haver suas crianças para se poder organizar uma escola sabatina para elas.
O renovado interesse na Escola Adventista do 7º Dia aguardava a chegada em Battle Creek de um
professor. Esta pessoa foi Goodloe Harper Bell um ex-paciente do Instituto de Reforma de saúde, do Oeste.
Bell era filho de uma grande família de imigrantes, que estava em busca de uma melhor oportunidade no
Oeste, durante a metade do século XIX, na América. A sua família se mudou de NY para Ohio, quando ele

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era um adolescente. Em Ohio ele foi morar próximo de Oberlim. Nesta localidade havia um colégio que
oferecia oportunidade de desenvolvimento intelectual àqueles que a ambicionavam.
Com a morte prematura de seu pai, Bell antecipou seu retorno do Colégio de Oberlim e iniciou suas
funções de provedor da família. Aos 19 anos ele começou a ensinar numa escola de interior. Por ser
estudioso e criativo, Bell tornou-se o mais hábil professor da região. Aos 34 anos, devido às suas falhas em
seguir os princípios de saúde, ele tornou-se dispéptico (dificuldades de digestão). Por isso ele veio em busca
de cura no instituto de saúde. Bell era um homem religioso. Em sua juventude ele era batista, mais tarde
tornou-se membro dos Discípulos de Cristo. Ele viera a Battle Creek para restaurar sua saúde, e não para
mudar de religião. No Instituto, no entanto, ele foi colocado com um adventista, como seu colega de quarto.
O profundo interesse deste homem pelo seu bem-estar espiritual desarmou Bell em seus preconceitos. O
estudo o convenceu da verdade das doutrinas da IASD, o que acabou tornando-o membro da Igreja.
Também como parte da terapia de trabalho ao ar livre, o Sr. Bell começou a cortar madeira para as
caldeiras da Review. Um dia, J. Edson White, filho mais velho dos White, estava descansando quando soube
que Bell era professor. Perguntou-lhe se estava disposto a ensinar gramática para alguns rapazes no escritório
da Review. Bell concordou, e uma classe noturna foi arranjada. E a habilidade do novo professor logo foi
exaltada. Por isso, ele foi empregado para dirigir a escola de Battle Creek para crianças, ainda naquele
inverno. Assim começou a funcionar uma escola regular.
Com a ajuda de amigos, Goodloe Bell persuadiu a administração da Publicadora em construir um
prédio exclusivo, onde ele moraria com sua família no 1º andar, e no 2º funcionaria a escola. James White
ficou tão encantado que começou a promover entusiasticamente a formação de uma sociedade educacional e
para levantar e construir uma respeitável escola denominacional. Os White, contudo, acharam que não era
este o momento de trazer um grande grupo de jovens a Battle Creek, porque muitos membros dali não
tinham dado uma cuidadosa educação aos seus filhos. Como resultado, um número considerável de jovens
foram influenciados pela depravação sexual e outros vícios, os quais seriam comunicados aos outros. Ainda
havia um espírito de orgulho, criticismo e mundanismo na geração dos mais velhos. Assim, nenhuma escola
deveria ser promovida enquanto a Igreja de Battle Creek não fosse posta em ordem.
As dificuldades locais tornaram impossível para o prof. Bell alcançar sucesso financeiro, embora ele
continuasse a dar aulas particulares a pequenos grupos esporadicamente. Mas o talento de Bell não admitia
estagnação. Reconhecendo seus pendores literários ele foi convidado a ser editor do The Youth’s Instructor,
em 1869. Uma de suas inovações foi providenciar duas séries de lições de escola sabatina: Uma série de
histórias do AT para crianças; e uma série sobre Daniel para jovens.
Em 1872, ele escreveu 8 tipos de lições de estudo da Bíblia para uso na escola Sabatina, que foram
supervisionadas por ele durante a década seguinte. Isto fez dele um consultor das igrejas. E assim melhorou a
efetividade de sua escola sabatina.

Testemunho Sobre Educação


Enquanto os líderes denominacionais procuravam desenvolver um melhor treinamento dos obreiros da
igreja, eles ouviram uma voz de especial importância. Em janeiro de 1872, Ellen White recebeu sua primeira
detalhada visão sobre os princípios da verdadeira educação. Logo, ela escreveu 30 páginas relatando o
conteúdo da visão. Embora só tenha sido publicado este testemunho no fim daquele ano, os líderes,
entretanto tomaram conhecimento do seu significado.

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“Nós precisamos de uma escola, onde aqueles que estão entrando para o ministério possam ser
ensinados, pelo menos ser ensinados nos ramos comuns da educação e onde eles possam aprender mais
perfeitamente as verdades da Palavra de Deus para este tempo. Em conexão com estas escolas,
palestras devem ser dadas sobre as profecias. Aqueles que realmente têm boas habilidades tais como
Deus espera ter em sua vinha, deveriam ser beneficiados por uns poucos meses de instrução em tal
escola” – Testimonies, vol. 3, pág. 131-160.

Embora muito deste testemunho sobre a verdadeira educação era dirigida aos pais, que foram
instruídos para servir a seus filhos como os únicos professores até que eles completassem 8 a 10 anos,
apareceram aí muitos princípios básicos:
• O tipo correto de educação deveria dar atenção para os aspectos físico, mental, moral e
religioso da vida dos estudantes.
o Os professores não deveriam controlar a mente, a vontade ou a consciência do
estudante.
o Enquanto os estudantes deveriam ser ensinados a seguir e respeitar sábios conselhos,
eles também deveriam ser ensinados a agir com base na razão e em princípios.
• Para EGW, os hábitos e princípios dos professores eram mais importantes do que suas
qualificações literárias.
o Os professores não deveriam viver separados dos estudantes, mas precisavam
aprender a se socializar com eles, demonstrando claramente que todas as boas ações
são baseadas em amor.
E. G. W. queria que os estudantes fossem instruídos em bem ventiladas classes por causa da íntima
relação entre mente e corpo. Ela considerou a instrução em fisiologia e higiene como vital. O ideal do
programa educacional combinaria estudo e trabalho físico. Por este motivo as escolas deveriam ter
departamento industrial onde todos os estudantes, sem preocupações financeiras, deveriam ser ensinados a
trabalhar.
• No aprendizado de técnicas agrícolas e mecânicas eles seriam preparados para os deveres da
vida.
• As moças deveriam ser treinadas nas artes domésticas.
• Os rapazes que desejassem ser pregadores receberiam treinamento básico em obra bíblica.

A Escola de G. H. Bell
Em meados de maio de 1872, a comissão da Conferência Geral concordou em assumir a
responsabilidade financeira e administrativa da escola, e começar seu primeiro período escolar de 12
semanas em 3 de junho. Isto fez desta escola mais do que um projeto da igreja local. Doze alunos estavam
presentes no dia de abertura, e dois se matricularam um pouco mais tarde. Isto parecia ser um pequeno
começo.
O Pr. George I. Butler, chamado de Iowa para ser presidente da CG poucos meses antes, deu um
grande apoio à escola iniciante. Era necessário, ele falou, aos leitores da Review, um lugar “onde as
influências de um caráter moral possam ser sentidas pelos alunos”. Os estudantes precisam ser não somente
protegidos da intemperança, mas também do jogo de cartas, e dos males semelhantes. Os estudantes devem
também ser animados com motivos próprios para o estudo. Também métodos das escolas públicas que
cultivam o orgulho e a vaidade mais do a virtude deveriam ser evitados. Butler esperava que a escola

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treinasse obreiros denominacionais, e engendrasse alguma disciplina mental nos pregadores de origem
interiorana, que formava a maior parte dos pastores adventistas. Ele não admitia a idéia de que ignorância era
uma ajuda a espiritualidade.
Os líderes ficaram cada vez mais entusiasmados acerca dos serviços que a nova escola poderia
oferecer. Professores podiam ser treinados para dirigir as escolas primárias das igrejas locais, onde os alunos
aprenderiam as doutrinas da ASD. Apesar de concordarem com o estabelecimento da escola ser algo correto,
James White continuava tendo reservas sobre as condições de Battle Creek.
Na sessão de março de 1873 da CG foi aprovada a formação de uma escola denominacional, mas na
verdade os delegados olhavam para uma mais avançada e ampla instituição de ensino. Butler era de opinião
que se tinha necessidade de um obreiro melhor preparado para ministrar para pessoas ricas e letradas. Em
poucas semanas a CG recomendou o estabelecimento de uma sociedade educacional ASD. Os oficiais da CG
conseguiram 20 mil dólares, o suficiente para comprar o terreno e erigir o prédio. Neste período, a CG
garantiu conseguir mais 52 mil dólares.

Uma Escola no Campo


Agora a preocupação era encontrar um lugar próprio para a escola. A visão de EGW sobre educação
fazia com que a localização da escola fosse numa área ampla no campo, onde os estudantes pudessem
aprender métodos próprios de agricultura, e onde houvesse oficinas que pudessem prover treinamento
profissional. Contra a vontade dos White, e sob pressão da liderança da CG foi comprada uma propriedade
pequena de 12 acres (48.000 m²), que ficou reduzida a 8 acres, pelo preço de 16 mil dólares, em West End,
próximo a Review. Ellen White sentiu que tinha sido cometido um erro.
Logo se percebeu que a área era muito pequena para o treinamento dos estudantes em agricultura e
artes industriais. Além disso, Brownsberger disse nada entender desta forma de educação profissionalizante.
O colégio de Battle Creek, como começou a ser chamado, oferecia um currículo de Literatura Clássica de 5
anos, um outro mais curto de 3 anos e o Curso de Inglês. Eram expedidos diplomas de curso comercial e
normal. Muitos dos diplomados se empregaram nas escolas públicas. Não se tratava de um programa de
preparação de obreiros, como muitos esperavam que fossem.
As aulas da Bíblia eram ministradas por U. Smith com base nos seus livros sobre Daniel e Apocalipse.
O curso de Literatura Clássica que era uma esperança para formar missionários para países estrangeiros, uma
vez que ensinaria diversos idiomas, porém, ficou reduzido apenas ao alemão. Apesar disso, a escola
continuava crescendo. E em 1881 ela possuía aproximadamente 500 alunos. Nesta época um oitavo dos
alunos vinham de lares não cristãos.
Em 1880, significativas mudanças tiveram lugar, com a participação de novos membros na comissão
administrativa da escola. O novo membro mais influente possivelmente foi o Dr. John Harvey Kellogg. Ao
lado do Pr. G. I. Butler começaram, os dois, a pressionar Brownsberger a fazer mudanças. Eles advogavam
uma educação mais prática conforme advogada por Ellen White.
Na costa oposta dos EUA uma outra escola se desenvolveu sob o encorajamento do Pr. S. N. Haskell.
O diretor da escola era Goodloe Harper Bell. O objetivo desta escola era preparar obreiros para espalhar a
mensagem. O primeiro nome desta escola foi New England School, depois foi chamado de South Lancaster
Academy. Esta escola iniciou-se em 19/4/1882, com o propósito de dar uma educação prática e religiosa,
com apenas 8 alunos.

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Hoje, o Healdsburg College é o Pacific Union College e a South Lancaster Academy é o Atlantic
Union College. Assim, da crise de Battle Creek surgiu um bem desenvolvido sistema educacional que se
espalhou por todos os Estados Unidos.

A EXPANSÃO DO ADVENTISMO (1868 A 1885)

Crescimento da IASD nos Estados Unidos (EUA)


Durante os anos de guerra civil americana a evangelização tornou-se difícil, uma vez que a atenção da
sociedade americana estava voltada para assuntos militares e políticos. As informações estatísticas de 1867
declararam que em todos os EUA havia cerca de 4.320 adventistas. Os estados onde a obra mais crescia eram
Minnesota e Iowa.
Os primeiros evangelistas iniciaram a obra em Iowa na década de 1850. Os principais evangelistas
foram: Moses Hull, M. E. Cornell e J. H. Waggoner. Em 1863 foi organizada a Missão do estado de Iowa.
Em 1865 a Missão de Iowa elegeu como seu presidente o Pr. George I. Butler. Desenvolveu um forte
programa missionário e de instrução da Igreja. Suas habilidades administrativas acabaram por conduzi-lo à
presidência mundial da IASD. Ele revelou parte do segredo da expansão da IASD ao dizer: “O dever do
ministro é evangelizar novos campos”.
Outra característica da expansão evangelística eram os “times” missionários bem sucedidos de marido
e mulher. Os mais conhecidos foram: John e Sara A. H. Lindsey, e Elbert e Ellen Lane.
• Os Lindsey evangelizaram no oeste de NY e na Pensilvânia.
• Os Lane trabalharam em Ohio, Indiana, Virgínia e Tennessee.
Havia 50 tendas evangelísticas em atividade no verão de 1876. Na década de 1870, o número de
membros da IASD quase triplicou. Em São Francisco, no ano de 1859, havia duas famílias sabatistas: M. G.
Kellogg e B. G. ST. John. Com o trabalho de Kellogg apoiado por ST. John, mais 14 pessoas aceitaram a
mensagem e organizaram a 1ª escola sabatina na casa de Kellogg, em São Francisco.
O trabalho em São Francisco cresceu a tal ponto que em 1865 eles decidiram enviar à Associação
Geral US$ 133 em ouro, para pagar as despesas de viagem de um ministro para trabalhar na Califórnia.
Porém, a Associação Geral não tinha quem enviar. Em 1868, Merrit Kellogg foi à Conferência Geral para
fazer um forte apelo no sentido de enviarem um ministro para a Califórnia.
Tudo indicava que seus apelos seriam vãos. Quando J. N. Loughborough levantou-se, e falou dos
recentes sonhos, que o deixaram com uma forte impressão que deveria levantar a tenda na Califórnia.
Quando James White, referindo-se ao conselho bíblico, pediu uma companhia voluntária para ir a Califórnia
com J. N. Loughborough. O voluntário que se apresentou foi D. T. Bordeau.
Logo, Tiago White fez uma campanha de US$ 1000 para comprar uma tenda nova. Menos de um mês
depois estes dois ministros chegavam de navio na cidade de NY. E 24 dias depois estavam em São
Francisco. Multidões vieram assistir às conferências. Logo veio a oposição dos pastores de outras igrejas, e
apesar disso um grupo de 20 pessoas foi unido ao Movimento Adventista.
Durante uma dessas conferências que se caracterizavam por uma maciça venda de literatura,
converteu-se ao adventismo Abram Larue, que possuía um forte senso missionário. Ele solicitou a
Conferência Geral que o enviasse à China como missionário. Seu pedido foi rejeitado devido sua avançada
idade. Sem desanimar, foi trabalhar no Havaí, onde se sustentou com a colportagem.

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Em 1888 dirigiu-se a Hong Kong, onde estabeleceu um trabalho chamado Missão do Marinheiro. Ali
também se sustentou pelo trabalho da colportagem. Ele ainda visitou outras regiões do Extremo Oriente. Foi
Larue o primeiro a preparar publicações para a língua chinesa.

Esforço em Favor dos Estrangeiros


Muito do trabalho de evangelização alcançou emigrantes escandinavos e alemães. E foi o Pr. John G.
Matteson quem mais se interessou por este aspecto do trabalho. Ele sempre desejou alcançar com a
mensagem os Dinamarqueses, Noruegueses e Suecos. Por isso ele traduziu algumas publicações para estas
línguas. Enquanto isso, Louis R. Conradi se dedicava aos “Alemães-Americanos” e aos “Russos-Alemães”
que eram Menonitas em Dakota. Isto levou Tiago White a preparar publicações nestas diferentes línguas, e
ainda alcançar negros e indígenas, chineses e hindus com a pregação da Palavra.

Evangelizando na Europa
Por volta de 1862, apesar das circunstâncias da Guerra Civil, James White começou a apontar para a
necessidade de se enviar um missionário à Europa. O primeiro a ser sugerido foi B. F. Snook. Ao ser
considerado seu nome, preferiu-se escolher outra pessoa, pois ele se opunha à liderança da igreja. E não
pareceu próprio enviá-lo como o primeiro missionário.
O 1º ministro adventista a ir para a Europa com a idéia de realizar uma ativa evangelização não foi
enviado pela Igreja e nem teve sua aprovação. Este oficioso agente missionário foi M. B. Czechowski, um
sacerdote católico que se tornou adventista do 7º dia em 1857. Depois de vários anos de ministério de
pregação, Czechowski desenvolveu um forte desejo de levar a mensagem do Advento à Europa. Ele tinha um
interesse especial pelos Valdenses, que ainda viviam a noroeste da Itália. Em 1864, ele pediu a J. N.
Loughborough para interceder por ele junto à Conferência Geral a fim de que ele fosse enviado à Itália como
missionário. Mas, os líderes da Igreja não viram luz na solicitação de Czechowski. Eles questionaram seu
equilíbrio financeiro, devoção à mensagem do terceiro anjo, e seu temperamento inconstante.
Assim, em 1864, acompanhado de sua esposa Annie E. Butler, ele viajou para a Europa. Czechowski
passou um ano pregando nos vales do Piemonte, mas diante da perseguição de clérigos católicos e
protestantes transferiu-se para a Suíça. Neste período ele ensinou o Sábado e o iminente retorno de Cristo.
Publicou um pequeno jornal (L’Evangile Eternel). Também preparou outros materiais em Francês e Alemão.
Quando lhe perguntavam de onde aprendera estas doutrinas, ele dizia: “da Bíblia”.
Um incêndio avariou sua casa e sua gráfica, o que trouxe problemas financeiros a Czechowski. Certa
vez um dos crentes de Tramelan, Albert Vuilleumier descobriu uma Review and Herald em sua casa. E com
o endereço começou a enviar correspondência, e descobriu que havia uma organização nos EUA que tinha as
mesmas doutrinas ensinadas por Czechowski. Em 1869 a Igreja convidou um representante suíço a estar
presente na Seção da Conferência Geral daquele ano. O suíço enviado foi James Erzberger. Permaneceu ali
por mais algum tempo para tomar conhecimento das doutrinas mais profundamente. Quando ele voltou para
Suíça, já foi como ministro ordenado da IASD.
Quando Czechowski tomou conhecimento deste contato dos crentes suíços com a CG, ficou
aborrecido. Então, ele vivia sérios problemas financeiros e pessoais, que acabaram por levá-lo a deixar a
Suíça repentinamente. Depois de estabelecer residência temporária na Alemanha e Hungria, ele foi morar na
România. Lá ele enfrentou dois obstáculos: o fato de ter de trabalhar e a sua falta de conhecimento da língua.
Graças à sua obstinada persistência, foi introduzida a crença doutrinária adventista na Itália, Suíça e
Romênia.

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O Primeiro Missionário Além-mar (ultramar)


Em 1873, James White sugeriu que J. N. Andrews fosse enviado para ajudar os irmãos europeus. No
verão de 1874 a Conferência Geral votou a ida de J. N. Andrews à Europa, tão cedo quanto possível. Um
mês depois do voto ele, seu filho e filha órfãos de mãe e Adhemar Vuilleumer saíram de Boston. Passaram
pela Inglaterra e daí à Suíça. Sua experiência como editor da Review, como presidente por 2 anos da CG, sua
habilidade em línguas, e sua longa experiência na causa levaram EGW a declarar “que os adventistas
americanos enviaram o mais capaz homem de seu meio”.
Em 1876, ele e Bordeau publicaram um jornal para circular na Suíça, Itália e França intitulado Les
Signes Des Temps. Em 1883 Andrews morreu, deixando vários conversos, um jornal estabelecido, e no ano
seguinte foram publicados um jornal mensal para a Alemanha, um jornal trimestral para a Itália e outro para
a Romênia.

JUSTIÇA PELA FÉ – MINNEÁPOLIS (1888)

Circunstâncias que Conduziram à Crise de Minneápolis


Qualquer pessoa que lesse a declaração das crenças básicas adventistas, publicadas em 1872, podia
com muita razão ter a impressão que se tratava de um grupo religioso legalista e ariano (que amparavam sua
salvação nas obras próprias). A ênfase estava posta naquilo que o homem deve fazer em lugar de encarecer
aquilo que Cristo tinha feito e faria através de Seus seguidores. No centro das declarações estava o
ensinamento de que nenhuma pessoa podia por si mesma render obediência à lei de Deus, mas que todos
dependiam da graça para render aceitável obediência à Sua santa vontade. Desta forma era bem enfatizada a
obrigação de todo homem guardar os 10 mandamentos. Eles foram insuficientes em declarar que somente a
justiça de Cristo oferecida e apropriada pela fé fazia o crente aceitável a Deus.
Os fundadores da IASD não tinham esta intenção. Era o seu amor por Jesus, seu apreço por tudo
quanto Cristo fizera por eles, que os fizera tão ansiosos pelo seu retorno em 1844. Com o desapontamento
eles agora tinham uma clara consciência da obra que tinham a fazer antes do retorno de Cristo: Reparar a lei
de Deus, na restauração do Sábado.
Nas décadas de 1870 e 1880 uma nova geração de ASD surgiu. Estes foram ridicularizados como
legalistas e judaizantes pelos outros cristãos; outras vezes perseguidos em diferentes regiões, e por isso
pesquisaram a Bíblia para sustentar suas crenças no Sábado. Eles encontraram um arsenal de textos que
podiam provar com a mais estrita lógica a perpetuidade do Sábado do 7º dia. Porém, a tendência deles era se
tornar legalistas, olhando para suas próprias obras de salvação do que para Jesus Cristo.
Tivessem os ASD ouvido e praticado tudo o que Ellen White disse durante estes anos, a história
poderia ter sido outra. Em 1856, ela chamou os crentes para entenderem sua condição Laodiceana; se a
atenção tivesse sido dada, contrição e arrependimento teriam se seguido. Além disso, outras coisas
assumiram lugar de importância, que desviara a atenção dos ASD deste foco:
• A Guerra Civil Americana.
• Reforma de Saúde.
• Organização da Igreja.
• O avanço missionário.
Com tudo isso, foi fácil tirar a atenção de uma religião pessoal de dependência total de Cristo, para se
centralizar naquilo que cada um devia fazer.

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A Mensagem de Waggonner e Jones


Alguém precisava surgir, em nosso meio, para enfrentar o desafio de fazer a igreja se voltar deste
caminho de legalismo para ver as inestimáveis riquezas da graça de Deus. Em 1882, EGW escreveu um
artigo dirigido às reuniões campais daquele ano, em que dizia: “Nós precisamos renunciar nossa própria
justiça, e buscar a justiça de Cristo para que nos seja imputada”. Ellen viu que a fé no sacrifício de Cristo e
nos Seus méritos deveria ser seguida pelo amor, e este pela obediência.
No verão de 1882 o apelo de EGW alcançou a um jovem médico de 27 anos, sentado num canto da
Campal de Healdsburg, Califórnia, em meio à uma grande multidão. Seu nome era Ellet J. Waggonner.
Como por um dilúvio, ele foi coberto com a grandeza do amor de Deus, manifesto no Cristo pendurado no
madeiro. Como nunca, ele recebeu o impacto deste ato de amor pelos seus próprios pecados. E movido de
íntima gratidão, este jovem médico resolveu que em toda a sua vida futura ele estudaria as Escrituras para
adquirir uma clara compreensão desta verdade gloriosa, e a faria inteligível aos outros.
E. J. Waggonner era um adventista de 2ª geração. Seu pai J. H. Waggonner tinha sido um dos
primeiros a se unir ao adventismo sabatista. Logo, ele se tornou bem conhecido no meio adventista, e era
respeitado por seus convincentes sermões e por seus artigos na Review. A convite de Tiago White, J. H.
Waggonner (pai) se transferiu de Michigan para a Califórnia para ajudar no editorial da Pacific Press. Em
1881 ele substitui o Pr. White como Editor da Signs Of The Times.
No ano seguinte, 1882, um outro rapaz (Alonzo T. Jones), também tornou-se um editor assistente de
Signs Of The Times. Jones tinha passado 3 anos no Exército Americano, e aceitou as doutrinas da IASD
enquanto servia no Forte Walla Walla. Ele estudava dia e noite para alcançar um bom conhecimento bíblico
e histórico. Tinha uma maneira brusca de ser e uma postura e gesticulações grosseiras, bem como uma
maneira singular para falar. Era alto, de feições retilíneas. Jones tornou-se um poderoso pregador que trouxe
muitas pessoas para a causa do Advento.
Estes dois homens tão distintos no temperamento e no físico estavam intimamente associados na
campanha de sacudir o Adventismo como se um terremoto fossem. Em 1886, ambos foram para a Europa, na
transferência de J. H. Waggonner para cuidar da obra de publicações. E seu filho e Jones se tornaram co-
editores do Signs. Intensivo estudo pessoal, especialmente de Romanos e Gálatas, os fez poderosos
pregadores da justiça pela fé nos méritos de Cristo. Esta doutrina, pensavam eles, deveria se tornar algo mais
do que uma teoria doutrinária abstrata. Ela deveria ser uma realidade viva, uma experiência transformadora
da vida dos crentes.

Reação da Liderança à Mensagem


Parecia que tal campanha alcançaria a aprovação oficial da igreja mundial. Mas não aconteceu assim.
Dois líderes da Conferência Geral se posicionaram contra as novas idéias que agitavam as convicções
adventistas da época. Eram eles: George I. Butler, Presidente da Conferência Geral, e Uriah Smith, Editor
da Review. Eles consideravam a interpretação exegética de Waggonner e Jones, no que se relaciona a Gálatas
cap. 3, uma visão muito particular deles. Jones e Waggonner diziam que a lei em Gálatas, que é um “aio que
nos conduza Cristo” (3:24) , era todo o corpo da lei moral, incluindo os 10 mandamentos.
Esta posição, os Adventistas tinham quase inteiramente abandonado, durante as décadas de 1860 e
1870. A Lei como aio era interpretada como sendo a lei cerimonial e sacrificial de Moisés que apontava a
Cristo. Esta reinterpretação dos rapazes do Oeste, se parecia com a maneira de entender dos ministros
protestantes, que assim explicavam para dizer que a lei dos 10 mandamentos tinha sido abnegada, assim o 7º
dia não teria mais validade.

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Para Butler, Presidente da IASD, o ensino dos dois rapazes sobre Gálatas 3 estaria apoiando
diretamente os inimigos do Sábado. E isto fortaleceria a perseguição aos sabatistas como violadores do
domingo, como já acontecia no Tennessee e em Arkansas. Smith também rejeitava a posição deles, porque
Jones, com base num extenso estudo histórico, apontava um erro dos ASD em relacionar os Hunos como um
dos 10 reinos descritos profeticamente em Daniel 7. Jones acreditava que os Alemani deveriam substituir os
Hunos. Isto não agradava a Uriah Smith, que animara a Jones nesta pesquisa, pois lhe parecia um erro
insignificante. Para o Pr. Butler, o que ele e Smith também não aprovavam era a ampla publicidade dada ao
assunto antes de levá-lo à liderança da igreja para receber aprovação.
A maneira como o assunto estava sendo tratado, levaria os ASD à divisão e à controvérsia, por isso
Butler sentia ser seu dever trazer o assunto primeiro à Conferência Geral, considerado “o único tribunal em
nossa igreja, onde tais questões podem ser propriamente consideradas”.
Em 1886, Butler apelou a EGW que estava há dois anos na Europa, para que desse alguma luz sobre o
tema da lei em Gálatas 3. Não recebendo resposta imediata, Butler formou uma comissão teológica
constituída de 9 membros, para considerar os pontos de vista divergentes. Depois de horas de debate, esta
comissão, que incluiu Butler, Smith e Waggonner, dividiu-se em 5x4 para apoiar que a lei referida em
Gálatas 3 era a lei cerimonial. Temendo que esta cisão interna, já estabelecida, e sabendo que a discussão do
assunto só intensificaria a controvérsia, Butler estabeleceu uma decisão por voto, expressando desaprovação
de qualquer discussão doutrinária nas escolas e jornais da IASD, que pudesse causar dissensão. Ele teve
neste seu propósito apoio de 8 membros, menos de E. J. Waggonner.
Na primavera seguinte, a maioria dos participantes no debate receberam palavras de censura de EGW.
Waggonner e Jones foram reprovados por sua atitude de desrespeito ao sigilo e pela agitação que causaram
em torno do assunto. Os ASD, disse ela aos dois jovens, devem apresentar uma frente unida ao mundo.
Butler e Smith foram lembrados que eles não eram infalíveis. Eles deveriam cuidar em não tomar nenhuma
atitude demasiadamente severa em relação ao rapazes. Ellen White Recusou tomar qualquer posição em
relação ao assunto da lei em Gálatas 3, e no tema controvertido Huno-Alemani. Em lugar disso, ela declarou
que uma aberta e franca discussão da matéria deveria acontecer. Dezoito meses se passaram até que a
discussão, aconselhada por EGW, tivesse lugar. Durante este período Waggonner e Jones aprofundaram
vigorosamente seu ponto de vista.
Em 1888, o Dr. Waggonner preparou uma pequena publicação intitulada “O Evangelho no livro de
Gálatas” como resposta ao livro do Presidente da Conferência Geral, Pr. Butler, intitulado, “A Lei em
Gálatas”. O livro de Waggonner foi distribuído para aqueles que tinham recebido o de Butler e para outros
que desejassem conhecer melhor sua posição.
Algum tempo antes da Conferência Geral de 1888, foi convocada uma reunião para 17 de outubro, em
Minneápolis, Minnesota, onde ficou decidido deixar Waggonner e Jones apresentarem seus pontos de vista
diante da liderança da Igreja reunida em Assembléia. Jones foi convidado a falar sobre sua pesquisa de
Daniel 7, especialmente convocado para a semana anterior às reuniões da Conferência Geral. E. Waggonner
foi convidado para os devocionais durante o Instituto Bíblico e as Reuniões da CG. Esperava-se que ele
apresentaria, nestas condições, a relação entre Cristo e Sua Justiça.
A Malária e a exaustão nervosa, causada pelos anos de excesso de trabalho, não permitiram que o Pr.
Butler se fizesse presente às conferências de Minneápolis. Apesar disso, ele tinha lá seus fortes
representantes: Uriah Smith e J. H. Morrison, presidente da Associação de Iowa, para manterem os “marcos
da fé” conforme ele entendia. Mas, Butler recebeu uma carta da Califórnia dizendo que os dois rapazes
tinham ao seu lado W. C. White, o filho mais novo de James e Ellen White, além dele havia outros que
concordavam com suas explicações, da costa oeste dos EUA.

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A Conferência Geral de 1888 (de 17/10 a 04/11)


Muitos delegados da Conferência de Minneápolis vieram com um forte preconceito contra os dois
jovens do Oeste, porque entendiam que eles queriam remover os marcos doutrinários da IASD e desafiar sua
liderança. Estes preconceitos foram fortalecidos durante a exposição do Pr. Jones sobre as Grandes Profecias.
Ele fizera um bom trabalho de pesquisa, e ninguém estava apto para contradizer as evidências históricas por
ele mencionadas em favor dos alemani no lugar dos hunos, como um dos 10 reinos em que Roma se dividiu.
O próprio Smith admitiu ter seguido simplesmente a linha Millerita de interpretação.
A esta altura Jones fez uma observação cáustica. “Pastor Smith tem dito a vocês que não sabe tudo
sobre esta matéria. Eu sei, e não quero que vocês me culpem por aquilo que ele não sabe”. Ellen White
imediatamente o reprovou, mas a impressão negativa permaneceu sobre os delegados. Embora eles não
tenham replicado a argumentação de Jones, eles estavam aborrecidos e se posicionaram ao lado da posição
tradicional. A assembléia se dividia: um grupo se chamava “Huno” e o outro “Alemani”. Assim, a discussão
sobre um ponto secundário encheu o “pote da controvérsia”, antes de começar a apresentação do ponto
teológico realmente importante – a JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ.
Enquanto os estudos de Waggonner sobre Romanos e Gálatas prosseguiam, muitos delegados
achavam que sua exposição não era aquilo que eles aguardavam sobre a lei no capítulo 3 de Gálatas. O ponto
importante, ele afirmou, é que o que toda e qualquer lei pode fazer é demonstrar a natureza pecaminosa e a
incapacidade para justificá-lo diante de Deus. Waggonner então apontou entusiasticamente para o divino e
eficaz Médico para todo o crente que tinha fé para crer em Cristo, em quem “habita corporalmente toda a
plenitude da Divindade”. Cristo estava pronto a cobrir com Seu manto de justiça todo pecador arrependido, e
assim fazê-lo aceitável diante de Deus. Cristo não só cobria com Seu perdão os pecados dos passado, como
dava vitória sobre os pecados do futuro.
Muitos delegados tradicionalistas ficaram surpresos com os estudos de Waggonner. E muitos
chegaram a dizer que sua experiência verdadeiramente cristã começara naqueles dias. O que desconcertou o
grupo tradicionalista foi o forte endosso de confiança dado por Ellen White às mensagens de Waggonner.
Em suas 10 apresentações, durante o instituto e a conferência, ela conclamou o povo a um estudo mais
profundo da Palavra de Deus e à genuína conversão a Cristo. Ela confessou ter visto a beleza da verdade nas
apresentações do Pr. Waggonner, sobre a relação da justiça de Cristo com a lei. Com palavras simples, ela
disse aos delegados, repetidas vezes, que considerassem a Cristo, Seu sacrifício, e o que Ele quer fazer pelo
Seu povo. Nesta altura o Pr. R. M. Kilgore, membro da CG, levantou-se para dizer que deviam postergar a
discussão do tema até quando o Pr. Butler pudesse estar presente. E. White pôs-se de pé, imediatamente,
protestando que a obra do Senhor não devia esperar por homem nenhum.
O principal esforço para responder a Waggonner, foi feito pelo Pr. J. H. Morrison. Ele começou por
declarar que os ASD sempre creram na justificação pela fé, o que era tecnicamente correto. Só que Morrison
falhou em reconhecer que a exagerada ênfase na obediência à lei obliterou na maioria dos ASD esta vital
doutrina. O Pr. Morrison expressou o temor de que a doutrina de Waggonner estava tirando a atenção do
povo da mensagem especial dos ASD: a necessidade de retornar à explícita obediência ao mandamento do
Sábado. A isto os dois rapazes apresentaram uma única réplica. Eles se limitaram a ler alternadamente, sem
comentário, 16 passagens da Escritura. Na opinião de um observador isto causou “uma eterna impressão, que
o tempo nunca poderá apagar”.

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A Aparente Rejeição da Mensagem


Embora a oposição recusasse a admitir a derrota, nisto residia o aspecto mais triste da reunião: orgulho
e inveja degeneraram em crítica e zombaria. Ellen White declarou que “os servos a quem Deus enviou (Jones
e Waggonner) foram caricaturados, ridicularizados e colocados numa situação vexaminosa”. As críticas se
estenderam até à própria Ellen White, dizendo que ela estava senil e que tinha sido monitorada por Jones e
Waggonner. A um correspondente ela escreveu: “Meu testemunho foi ignorado, e nunca em minha vida eu
fui tratada como nesta Conferência”. Disse mais ainda: “Foi uma terrível experiência... um dos capítulos
mais tristes da história dos crentes na verdade presente”.
Não foi tomado nenhum voto aprovando ou rejeitando os pontos controvertidos, pois Ellen White
mesma disse que os delegados não estavam em condição de fazê-lo, por causa do espírito com que vieram às
reuniões, e porque não sabiam ao certo em que criam.

Os Primeiros Resultados de Minneápolis


Podia se perceber uma profunda divisão entre os delegados que teriam a responsabilidade de conduzir
a denominação no próximo ano. O Pr. Butler já anunciara que seu estado de saúde não lhe permitiria
continuar na presidência da CG. Ellen White aprovou a decisão de Butler em retirar-se. Para um membro da
família ela confidenciou que a administração dele tinha sido de 3 anos muito longos, e pensava de si mesmo
como virtualmente infalível.
Quem seria seu sucessor? Quando esta pergunta foi dirigida a Ellen White, como uma solicitação de
conselho, ela sugeriu o nome do Pr. O. A. Olsen, que então trabalhava na Escandinávia, e não tinha estado
presente em Minneápolis. Portanto, não podia ser identificado como sendo de qualquer facção. A experiência
do Pr. Olsen como presidente de 4 outras Associações, em estreita cooperação com o Pr. Butler, o
habilitaram para a responsabilidade. Enquanto o Pr. Olsen se preparava para voltar aos EUA, o Pr. W. C.
White foi escolhido pela Comissão Executiva da CG para atuar como Presidente Interino.

A Posição de Ellen G. White (EGW) sobre Minneápolis


Ellen ficou profundamente triste com o preconceito e orgulho de opinião, que tinham mantido muitos
ministros de liderança sem uma vida de oração, e sem estudo da Escritura. Ela reconhecia nos estudos do Pr.
Waggonner as mesmas verdades gloriosas que tinham sido, repetidas vezes, apresentadas pelo Espírito Santo
a ela, cuja mensagem ela tinha por 44 anos até então a comunicar à Igreja. Isto não é nova luz, ela dizia, mas
“antiga luz posta onde ela deve estar na mensagem do 3º ano”. As reuniões da CG tinham sido “a mais dura,
mais incompreensível e violenta guerra que tivemos entre o nosso povo”. Minneápolis decepcionou a
confiança que EGW tinha em seus mais íntimos associados. Mas ela encontrou dois novos aliados com quem
ela poderia apresentar com poder a mensagem que ela cria ser provida por Deus, e era a que o povo
necessitava. Ela estava determinada a ser ouvida. Se os líderes não quisessem ouvi-la, ela se dirigiria ao
povo. Mas primeiro deveria alcançar os que tinham a liderança.
No mês seguinte, após o término da CG, ela estava em Battle Creek. Seus relatórios confirmavam os
preconceitos e desconfianças de Butler. Ellen tentou impressionar a Butler com a importância da unidade.
Mas ela sentiu que ele a ignorava. Ele achava que conhecia a mensagem especial de Deus. Com tristeza, ela
decidiu que nada mais podia fazer para ajudá-lo naquelas circunstâncias.
Outros em Battle Creek também a trataram friamente. Quando convidada a pregar por dois pastores
locais, ela foi inquirida sobre que mensagem pregaria. Ela lhes disse duas coisas: (1) A mensagem que falaria
era o melhor que Deus lhe havia dado; (2) E que era urgente convidar A. T. Jones para falar no Tabernáculo
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(igreja de Battle Creek). Eles disseram que primeiro eles precisavam checar com U. Smith. Então ela lhes
disse que A. T. Jones tinha a mensagem de Deus para Seu povo, e que muitos seriam beneficiados.
Rejeitada pela liderança, Ellen começou a fazer um trabalho mais amplo visitando as Igrejas do Leste,
South Lancaster, Washington (D.C.) e Chicago. Em South Lancaster ela foi muito bem recebida por S. N,
Haskell. Para ela, a mensagem estava sendo acompanhada do mesmo poder do Movimento de 1843-1844.
Em Washington ela viu a obra de Deus e disse: “Seu Espírito foi derramado em rica medida”. Em Chicago
deu-se outro triunfo. Ellen foi encontrada pelo quebrantamento de coração de um dos líderes que tinham
fechado os ouvidos e o coração para a mensagem em Minneápolis, Pr. R. M. Kilgore. Como Presidente da
Missão de Illinois, ele telegrafou às Conferências para se unirem a esta festa espiritual realizada pela
pregação de Ellen White e Alonzo Jones. Mas na Missão de Michigan a mensagem não foi bem recebida
pelo Presidente, Pr. Isaac Van Horn, o “duvidador” de Minneápolis.
Ellen, então, viajou a Potterville para encontrar-se com os pastores desta Missão. Ela esperava por
grandes coisas, contudo foi desapontada. O mesmo aconteceu em Des Moines, onde ela se encontrou com
líderes da Missão do Iowa. Eles não estavam conscientes de sua rebelião contra a mensagem de Deus em
Minneápolis. De julho a dezembro de 1889, Ellen, Jones e Waggonner viajaram por toda a nação, falando em
reuniões campais e Institutos Ministeriais.
Muitos participaram da posição de U. Smith, que dizia temer que o ensino de Jones e Waggoner
levaria o povo ao antinomianismo (desprezo à lei de Deus). A posição escrita e falada de Smith levou Ellen a
protestar contra ele, pois ensinava que “perfeita obediência desenvolverá perfeita justiça, e esta é a única
maneira de alguém poder alcançar a justiça”.
Um ano depois de Minneápolis outra seção da CG teve lugar, desta vez em Battle Creek. Desta
ocasião E. G. W. declarou: “O Espírito que estava em Minneápolis não está aqui”.
De 1889 a 1891 houve uma mudança na compreensão e vivência do assunto da Justificação pela Fé,
em virtude do trabalho de esclarecimento feito por Jones, Waggonner e Ellen White, nos Institutos Bíblicos.
Em 1891 Waggonner apresentou uma série de 16 temas sobre epístolas de Romanos, na CG. Contudo, os
preconceitos e oposição contra a mensagem de Jones e Waggonner continuavam, e tudo isso tinha influente
apoio de Smith. Ele era um obstáculo para que outros líderes exercessem a plena capacidade de suas
realizações.

Confissão e Contrição
Durante os últimos dias de 1890, Ellen White estava preocupada com o Pr. Smith. Ela escreveu-lhe
diversos apelos. Durante uma semana de oração dirigida por Ellen ela fez um apelo para os membros da
Igreja para um verdadeiro arrependimento como preparo para a vinda de Cristo. Este apelo alcançou o
coração de Smith, que solicitou uma entrevista pessoal com ela. Ellen White percebeu uma positiva mudança
no espírito de Smith. Poucos dias mais tarde ele teve um encontro com alguns líderes, para confessar seu erro
em se opor à mensagem de 1888.
Mas a cegueira de muitos tinha “impedido o avanço da importante mensagem, que a partir de
Minneápolis se espalharia por toda a terra”. E o resultado é que os Adventistas estavam anos atrasados em
relação ao que Deus intencionava para eles. Declaração como estas causaram profundo constrangimento de
alma entre os opositores da mensagem de Minneápolis. Em 1893 diversos oponentes de Minneápolis
mudaram de posição. Eram eles: I. D. Van Horn, Leroy Nicola e J. H. Morrison. Em junho de 1893 o “antigo
general”, que tinha repudiado Minneápolis - G. I. Butler - reconheceu seu erro. Após a morte de sua esposa
ele voltou a uma ativa liderança na Igreja.

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Nem todos seguiram o exemplo de arrependimento destes homens. Especialmente, um grupo que
trabalhava na gerência financeira da Review and Herald, se opôs obstinadamente: Clement Eldridge, A. R.
Henry, Harmon Lindssy e Frank E. Belden. Um escarnecedor foi Louis R. Conradi, que se opôs
abertamente à Igreja em 1930. Contudo seu desvio doutrinário começou em 1888.
No início do Século XX, Jones E. Waggonner diferiam em suas crenças em alguns aspectos da
mensagem adventista. Ellen White tinha profetizado esta possibilidade ao dizer: “è possível que Jones e
Waggonner caiam pelas tentações do inimigo, mas isto não provaria que eles não tivessem tido a mensagem
de Deus, ou que o trabalho que tinham feito era um engano”. Esta previsão tornou-se realidade, e fatal
desilusão.
Apesar de tudo, o espírito de críticas, controvérsia e acusação continuava no seio da Igreja. E havia
entre outros as seguintes causas:
• A preocupação na construção de instituições diversas.
• Tempo gasto em planejar diversos aspectos da obra. Tudo em detrimento de fazer Cristo o
centro de nossas Doutrinas.
• Reorganização da Igreja.
• Explosão Evangelística.
Tudo, isto e ainda mais, fazia com que os dirigentes da Igreja deixassem de olhar para Jesus, como
solução de todas as coisas. Esta situação levou a Igreja Adventista a enfrentar uma série crise teológica e
administrativa, com o Panteísmo (crença pagã de que tudo é Deus – água, plantas, rochas, etc.) do Dr.
Kellogg.

A REORGANIZAÇÃO DA IGREJA (1888-1903)

O tamanho e a extensão da Igreja era muito diferente, em 2/4/1901, do que tinha sido quando foi
organizada em 1863. No lugar de um grupo de 6 Associações locais espalhadas em parte do Oeste
americano, agora estava composta de 57 Associações locais e 41 Missões Organizadas, localizadas em
diversas partes do mundo. De 3500 membros em 1863, havia, em 1901, 78.188 crentes, representando todos
2.000 congregações locais. Não podia o Presidente da C. G. dar atenção para cada detalhe do crescimento e
nutrição da Igreja, como fizera J. White nas décadas de 1860 e 1870, que foi predominantemente o líder
principal da IASD neste período. Mesmo recusando ser seu primeiro Presidente, o Pr. White ainda dirigiu a
Igreja de 1865-1867, e de 1869 e 1871, e de 1874 e 1880.

A Liderança Centralizada
Em 1873, G. Butler, naquele tempo chefe executivo da IASD, escreveu um ensaio sobre Liderança.
Neste ele declarava que “nunca houve um grande movimento no mundo sem um líder, e conforme a natureza
das coisas não podia ser diferente”. Ele acreditava que Deus qualificava especialmente homens e mulheres
para liderar a causa, tais como: Moisés, Davi, Josué e os apóstolos. E que, hoje, os ASD tinham “a liderança
incontestável de Ellen White e Tiago White”. E que era dever de todos os Adventistas dar um apoio especial
a estas pessoas que dirigiam a obra. Agir de outro modo era até mesmo uma “usurpação da posição que Deus
tinha confiado a eles”.
Embora o panfleto de Butler fosse oficial e dosado pela CG em sessão, isto era exaltar os White e
repreender os críticos deles. Esta declaração de Butler deixou os White apreensivos. James declarou que

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Cristo não apontou a nenhum discípulo para dirigir os trabalhos da Igreja. Ellen White declarou que “Satanás
ficaria muito contente em ter na Igreja um homem cujo juízo controlasse as mentes e o julgamento daqueles
que crêem na verdade presente”. Ela chegou a dizer que ela e seu marido erraram em assumir
responsabilidades que outros deveriam levar.

Vontade do Povo
Apesar destas declarações, James White, em 1874, aceitou de novo a presidência da Conferência
Geral. Dois anos depois a CG votou retirar todas as porções que falavam sobre a liderança confinada a um
homem. Por sua vez, a CG resolveu que “a mais alta autoridade entre os ASD se encontra na vontade do
corpo da Igreja, como expressada nas decisões da Conferência Geral, quando atua dentro de sua própria
jurisdição... Tais decisões devem ser submetidas à apreciação de todos sem exceção, desde que eles não
estejam em oposição aos direitos da consciência individual”.
Neste período, a CG teve como centro de suas decisões apenas um homem, uma vez que as
associações se reuniam com a CG poucas vezes por ano. Devido ao crescimento da IASD, era impossível, ao
presidente da CG e sua comissão, alcançarem a toda a igreja com o conselho e orientação necessários, em
todas as áreas.
Em 1885, O. A. Olsen e Butler eram os únicos membros da Conferência Geral que residiam em Battle
Creek. A consulta aos outros membros era quase impossível, devido às suas viagens constantes. A
coordenação de várias atividades da Igreja era feita principalmente pelo correio. E a ineficiência deste
dificultava ainda mais a situação. Além disso, nesta época a comissão diretiva da Conferência geral era de 5
pessoas, para orientação ao mundo todo. Em 1886 esta comissão foi acrescida para 7 pessoas.
Nos anos seguintes, auxiliares foram acrescentados para supervisionar áreas específicas: Educação,
Missões estrangeiras, Missões Americanas, Secretário, e um Assistente administrativo. Ellen White declarou
que “a causa de Deus não deve ser moldada por um homem, ou por meia dúzia de homens... isto está errado,
decididamente errado”.

Uniões
Em 1889 foram organizados Distritos Geográficos que seriam orientados e supervisionados por
Pastores da CG. Em 1893, por sugestão do Pr. Olsen, se organizavam “Conferências Intermediárias” entre a
Conferência Geral e as Conferências Estaduais em cada Distrito. O sistema de Associações e Sociedades
começou a ser substituído pelas Conferências Intermediárias. O primeiro lugar foi na África do Sul.
Depois A. G, Daniells organizou o mesmo sistema na Austrália. Este novo processo acabou por aumentar
para 13 o número de membros da Comissão da CG.

A. G. Daniels
Através do subseqüente Biênio, cresceu a convicção no meio dos ASD de que a estrutura
organizacional e administrativa da igreja deveria ser estudada pelos delegados, e que EGW deveria estar
presente, e foi para alegria geral que ela retornou aos EUA no fim de 1900, vinda da Austrália. Também
vindo da Austrália, voltara aos EUA o Pr. A. G. Daniells. Ele era reconhecido com um homem capaz. O
próprio Pr. O. A. Olsen disse dele o que segue: “Há poucos membros na CG que tenham as qualificações do
Pr. A. G. Daniels. Ele é um bom orador, e mantém seu trabalho em perfeita ordem”.

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A Reorganização
Foram abertas as sessões da CG de 1901, e EGW falou de novo sobre a necessidade de reorganização.
Em seguida, Daniells disse que uma mudança na administração deveria ser introduzida. A pedido de Daniells
foi criada uma comissão, chamada depois de Comissão de Aconselhamento. O trabalho dela era preparar um
programa para reorganização a ser trazida diante dos delegados.
A proposta era organizar Uniões no lugar de Distritos Administrativos, como existia já na Austrália.
Sobre isto, EGW falou que esta mudança seria saudável para as Associações que a adotassem, e acrescentou
que “o Senhor Deus de Israel reunir-nos-á a todos, pois organizar novas Conferências (Uniões) não é
separar-nos; é nos ligar”.
Outra grande mudança introduzida pela Comissão envolveu uma revisão na constituição da própria
Comissão Executiva da CG. A sugestão era para aumentar o número de representantes para 25 membros. A
esta Comissão Executiva foi dada a autoridade de escolher seu próprio líder e outros oficiais.

A Departamentalização
Depois de longa discussão, os delegados voltaram a aceitar um novo tipo de Comissão Executiva - A
Departamentalização. Até então, o sistema de criação de sociedade, associações e instituições criadas para
cuidar os ramos da IASD, que então surgiam, estavam criando dificuldades administrativas.
Para resolver estes problemas foi necessário indicar um Secretário pela comissão da Conferência
Geral, com o objetivo de promover as diversas linhas da obra. Estes não formariam mais uma entidade
(Associação ou Sociedade) independentes, mas um Departamento liderado por um Secretário
(Departamental) ligado ao Presidente e à Comissão Executiva. Isto foi visto como uma simplificação da
maquinaria da Igreja. Estas mudanças da estrutura teve duas conseqüências:
• Centralização - A departamentalização de várias linhas de trabalho sob a Comissão da
Conferência Geral, e nos subseqüentes níveis administrativos (União/Associação/Missão)
centralizava a autoridade, controle e direção nas mãos deste grupo designado para ser a
“encruzilhada”, na qual todos os problemas eram resolvidos.
• A descentralização estava evidente na criação das unidades. Elas puderam ter mais autoridade
em seus territórios. Desta forma, a CG transferia para as Uniões a propriedade e a
responsabilidade das instituições e igrejas de sua área territorial. Também foram transferidos
todos os bens passivos e ativos dentro dos limites do seu território.

Uma Divina Orientação


Pouco tempo depois de demonstrada a efetividade da reorganização de 1901, o subseqüente
crescimento da expansão do Adventismo deixou claro que esta Conferência Geral foi não só bem sucedida,
mas a mais importante de nossa história. Ellen White testificou que ela “nunca ficou tão admirada em sua
vida como com a mudança das coisas que aconteceram naquela CG de 1901. Esta não é obra nossa; foi Deus
que a fez”. Os anos seguintes demonstraram alguns pontos fracos na constituição (estatutos) adotada em
1901. Estes foram estudados e discutidos na Assembléia de 1903, que optou pelas seguintes mudanças:
• A eleição do Presidente, Tesoureiro e outros oficiais passou a ser tarefa da Assembléia da
Conferência Geral antes do que da sua Comissão Executiva.
• Foi feita provisão para transação comercial quando não havia a presença total dos membros da
Comissão executiva (Quorum mínimo).

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• A terceira foi providenciar recursos para organização e a criação de novos departamentos


conforme o surgimento das necessidades.

A CRISE DO PANTEÍSMO COM O DR. KELLOGG (1901-1907)

Poucos homens tiveram maior influência no desenvolvimento da IASD, no período de 1876 e 1904 do
que John Harvey Kellogg. Sua habilidade em escrever, seu discurso persistente, sua abundante energia e
sua mente criativa fizeram dele o mais conhecido Adventista do 7º Dia do público em geral. Ele dedicou-se,
desde jovem, à tarefa de melhorar a Saúde através de uma reforma alimentar e de medidas de Saúde Pública,
e o uso de remédios naturais, como luz solar e exercícios. Estava ainda interessado numa reforma
educacional e serviço aos desafortunados, tais como: órfãos, pobres, desempregados e alcoólatras. Embora
criado como um ASD desde a infância, ele não concordava com a declarada perpetuidade da lei moral, nem
mesmo com a iminência da 2ª vinda. A parte do Evangelho que apelava a Kellogg era curar doente, vestir o
nu, e alimentar o faminto. Por 30 anos ele sonhou que toda a IASD se tornaria uma obra médico-missionária,
e que ele mostraria ao mundo o que era ser um “bom samaritano”.

Kellogg como Líder


As crenças humanitárias de Kellogg estavam profundamente arraigadas em suas convicções. Contudo,
para ele era difícil ser generoso com aqueles que não concordavam com suas idéias ou programas.
Como jovem, era inclinado à obstinação e à ambição. Posteriormente ele se tornou rude e imperioso.
Tinha tendência a invejar o potencial de outros médicos que conseguiam uma boa reputação. Ele tratava de,
silenciosamente, transferi-los para outro lugar.

Crítico dos Pastores


Cedo em excessivo cuidado, ele começou a se queixar que havia uma geral apostasia entre os
Adventistas na área de reforma de Saúde. Ele atribuía este retrocesso aos pastores, por causa do seu mau
exemplo. Logo esta crítica se estendeu ao baixo nível cultural de muitos ministros. Ele se sentia
culturalmente superior a estes homens, que para ele eram medíocres. Ele criticava também a maneira como
eram empregados os fundos da Igreja. Ele pensava que deveriam ser utilizados em construir Instituições
médicas, e não empregados em viagens desnecessárias ou desbaratados tolamente em Casas Publicadoras. E
acusava os pastores de possuírem um espírito ditatorial.
Achava que o preparo de um Pastor era muito superficial, para depois querer dirigir médicos e
enfermeiros, que possuíam um preparo intelectual superior ao dos ministros. Isso fez que um grande número
de Pastores tivessem uma natural antipatia para com o Dr. Kellogg.

Processo de Apostasia
Enquanto Kellogg acusava os pregadores de quererem controlar a obra médica, mas não financiá-la
adequadamente, esta mesma obra era acusada de crescer desproporcionalmente fora dos objetivos
evangelísticos. Ainda era a obra médica acusada de relaxamento na guarda do Sábado, de mundanismo e de
perda de identidade denominacional. Kellogg queria que o Sanatório recebesse o reconhecimento de uma

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Organização Caritativa, para tanto, ele começou a imprimir a idéia de que o Sanatório tinha que ser não
denominacional, não sectário, humanitário e filantrópico. Para que fosse aceito pela liderança da IASD, ele
dizia que o Sanatório não podia discriminar a ninguém em base em sua crença. Este argumento foi aceito
pelos líderes.
Logo ele disse que o Sanatório não podia ser usado com o propósito de apresentar qualquer particular
doutrina dos ASD. E declarou que o governo da Instituição podia ser tanto Adventista como Católico. O que
estava em flagrante oposição com o que Ellen White ensinava: “Era propósito de Deus que nossa instituição
de saúde devesse ser organizada e controlada exclusivamente por um Adventista do Sétimo Dia”. Ele ainda
declarou que os lucros do Hospital, conforme os estatutos deste, não podiam ser usados ou enviados a
qualquer parte fora com este objetivo que a Obra Médica foi estabelecida.
Nesta ocasião (fevereiro de 1902), incendeia-se o Sanatório de Battle Creek. Enquanto Dr. Kellogg
inicia sua obra de reconstrução, também incendiou-se a Review and Herald completamente (dezembro de
1902). Agora a mensagem de Ellen White para descentralizar a obra de Battle Creek começou a ter
ressonância. Assim, a Conferência Geral mudou-se para a capital do país (Washington).
Em 1903 foi realizada em Oakland, na Califórnia, a sessão da Conferência Geral, cujo objetivo era
tratar do assunto da Obra Médica de forma especial. Nesta ocasião foi tomado um voto que todas as
Instituições Médicas se tornassem propriedade de uma Associação Local, União ou Conferência Geral, ao
invés de serem independentes. O Dr. Kellogg e um grupo de seus amigos íntimos votaram contra o plano,
mas 80% dos delegados foram favoráveis. Só o Sanatório de Battle Creek e um do México permaneceram
fora da Organização por concessão da Conferência Geral.
Em 1904 quando Kellogg apresentava uma palestra notou que todos olhavam para trás dele. Ao se
voltar deparou-se com EGW, e ofereceu-lhe o púlpito. Ela fez um forte apelo, lembrando o dia em que a mãe
dele antes de morrer pediu-lhe que levasse seus filhos ao Reino de Deus. Kellogg, entretanto, se manteve
imóvel junto a parede do fundo do auditório. Em 1905 ele escreveu que antevira um rompimento nas
relações dele com a liderança da IASD, pois não fora aceita sua idéia de fazer do Sanatório uma Instituição
distinta e independente da A.G.

Posição de Ellen White


Ela enviou uma carta, por volta de 1890, advertindo a Kellogg, a quem ela e seu marido conheciam
desde a infância e a quem havia ajudado, financiando seus estudos. Nesta carta, como uma antevisão, ela o
advertia quanto aos seus planos de separar a Obra Médica Adventista dos outros programas da Igreja.
Censurou-o por suas críticas ao Ministério e suas declarações duvidosas quanto às doutrinas da IASD.
Advertiu-o quanto a ajuntar em suas mãos muito poder, e agora não sabia administrá-lo. O Dr. Kellogg
reagiu fortemente contra as palavras de EGW. Ele disse que EGW tinha escrito com base em informações
falsas a seu respeito. O que ela desmentiu, descrevendo a visão na qual Deus condenava seu trabalho em
construir uma nova e grande Instituição Médica. E que Deus não queria que os recursos do Adventismo
fossem usados em erigir tal instituição.

Panteísmo
O Dr. Kellogg se sentia atraído pelas idéias panteístas (Deus está presente em toda a natureza, por
exemplo: em uma pedra, em um rio, em uma árvore, etc.) e pelas idéias esotéricas ou secretas (ocultismo).
Ele discutira com EGW sobre o assunto, e foi seriamente advertido durante alguns anos. Com a ida de EGW
à Austrália, as idéias de iminência de Deus em todas as criaturas se desenvolveu. Homens como Jones e
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Waggoner promoveram idéias semelhantes. O assunto, entretanto, não se tornou importante até 1902, quando
a mesa diretiva da Conferência Geral aprovou a publicação do livro The Living Temple, do Dr. Kellogg. A
venda da obra, impressa em 500.000 cópias, era para custear a reconstrução do Sanatório e pagar débitos de
outras instituições de saúde.
Quando o livro estava no prelo A. G. Daniells alertou o autor a não colocar nada de criticismo.
Daniells ainda lembrou a Kellogg de que alguns o acusavam de Panteísmo e que a IASD não desejava
nenhum comprometimento com tal filosofia. O livro foi dado a Prescott para ler, e ele ficou preocupado com
a semelhança forte com o panteísmo, por isso aconselhava uma revisão de diversas declarações. Antes disso,
Kellogg se desentendeu com o Pr. Daniells por causa de assuntos administrativos. Isto fez com que a CG
recusasse prosseguir no plano de impressão das 500.000 cópias do The Living Temple. Então Kellogg
autorizou inicialmente, 5.000 cópias, mas o incêndio de 30/12/1902, queimou tudo, e a ordem de Kellogg
não foi seguida.
Apesar de tudo, Kellogg não desistira de seu projeto - cortar a influência de Ellen White entre os ASD
- e Daniells viu que era seu dever protegê-la a todo custo. A esta altura novas investidas do grupo do Dr.
Kellogg foram feitas no sentido de terem suas idéias panteístas aceitas. Entre estes estavam Jones e
Waggoner. Até que EGW escreveu duas cartas onde ela condenava claramente as idéias que o livro The
Living Temple. Ela disse que o livro tinha declarações que o próprio autor não entendia, e que o inimigo
queria enredá-los com este livro. E que nenhuma concessão fosse feita ao livro.
O Dr. Paulson que tinha liderado as forças pró-Kellogg “ficou profundamente impressionado e parecia
inteiramente atordoado com a força das declarações feitas”. Juntamente com Jones e Waggoner, ficou
convicto de que a mensagem era diretamente de Deus, e devia ser aceita. Kellogg também parecia se
submeter e concordar em não mais publicar The Living Temple. De novo surgiu um espírito de reconciliação
e unidade. Mas tudo durou muito pouco tempo, porque Kellogg não concordou que seus pontos de vista eram
panteístas, e que suas crenças com relação à Divindade não eram referentes a EGW e dos nossos mais
proeminentes teólogos, como Jones e Waggoner.
Em 1905 o relacionamento entre a CG e o Dr. Kellogg foi interrompido. E a 10/11/1907 ele foi
desligado do rol de membros da Igreja de Battle Creek. Os motivos de seu desligamento foram:
• Crenças Panteístas.
• Desavença com a Conferência Geral.
• Ausência por muitos anos dos cultos.
• Nenhuma participação nos Dízimos e Ofertas.
• Antagonismo ao Dom de Profecia.

A OBRA NO BRASIL

A primeira semente foi alcançada através do envio de literatura missionária para o pai de um jovem
alemão, que foi encontrada por jovens missionários abordo de um navio com destino para a Europa. Foi
assim que cópias do periódico Stimme Der Wahrheit (Voz da Verdade) encontrou interessados entre
colonos Adventistas no Sul do Brasil, em Santa Catarina.
Em 1878, um rapaz de origem germânica cometeu um crime, na cidade de Brusque (Sta. Catarina). E
Burchard, o jovem criminoso, para escapar da polícia foi para o porto de Itajaí. Ali entrou furtivamente em
um navio como clandestino. Depois que a embarcação estava em alto mar, foi descoberto pelo comandante,

06-HISTÓRIA DA IASD 61
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que lhe ordenou trabalhar a bordo. Ali, Burchard conheceu dois missionários adventistas, que queriam saber
se havia Evangélicos no Brasil. O jovem se lembrou de seu padrasto luterano Carlos Dreefke, de quem deu
o endereço aos missionários.
Assim, em agosto de 1879, deu entrada em Itajaí o primeiro pacote de literatura destinado ao Sr.
Dreefke, que residia em Brusque. A encomenda lhe chegou às mãos quando estava no armazém do Sr. Davi
Hort, mas não recebeu o pacote, pois não tinha encomendado nada. A pedido do dono do estabelecimento,
abriu o embrulho, que continha 10 exemplares da revista Stimme Der Warheit (em língua alemã).
O Sr. Dreefke tirou uma revista para si, e as demais deu-as a diversas pessoas, inclusive ao Sr. Hort. O
resultado foi que em Brusque 10 famílias ficaram interessadas na mensagem, solicitando mais literatura por
intermédio do Sr. Dreefke. Temendo o débito futuro da literatura que cada vez mais aumentava, o Sr.
Dreefke quis suster os pedidos, o que foi impedido pelo Sr. Chikrevitowske, que assumiu a responsabilidade
por pouco tempo.
Em 1884, o Sr. Dresler assumiu as obrigações do pagamento, venda e distribuição da literatura. Por
ser um bêbado inveterado, ele vendia as revistas para sustentar seu vício. Devido a seu estado de ébrio, ele
perdia revistas que eram encontradas por diversas pessoas. Chegava mesmo a trocar a revista por bebida
alcoólica, quando não tinha dinheiro. E Dresler cada vez pedia mais revista. Até mesmo livros foram
enviados. Em 1887, um emigrante alemão, Guilherme Belz, que vivia em Gaspar Alto, a 18 km de Brusque,
veio visitar seu irmão, e viu o livro “Gedanken” Uber das Buch Daniel” (Comentário sobre o livro de
Daniel), de U. Smith. Guilherme pediu o livro emprestado, e ao lê-lo ficou muito impressionado com o
capítulo “O papado muda o Sábado”. Estudando o assunto, decidiu guardar o Sábado, em 1890, juntamente
com sua família. Neste propósito foi acompanhado por algumas famílias vizinhas - ao todo 22 pessoas.
Em 1893, chegaram ao Brasil 3 colportores (E. W. Snyder, G. A. Nowlin e Albert B. Stauffer), os
quais desembarcaram em São Paulo recém chegados ao Brasil, onde conheceram o Sr. Alberto Bachmeier,
que se converteu.

Os Primeiros Batismos
Alberto Bachmeier (colportor convertido no RJ por Stauffer) chegou a Santa Catarina em 1894, onde
descobriu observadores do Sábado em Brusque e Gaspar Alto, que desejavam se batizar. Deu conhecimento
do fato ao irmão Thurston, que comunicou o ocorrido ao Pr. F. H. Westphal, na Argentina.
O Pr. Westphal batizou Stein Jr., em abril de 1895, na cidade de Piracicaba, SP. O 2º batismo teve
lugar em Rio Claro - SP, com duas pessoas: Guilherme e Paulina Meyer. Em seguida, Em Indaiatuba - SP,
batizou Guilherme Stein (pai), a esposa e 4 filhos. Em Santa Catarina (Brusque), ele batizou 8 pessoas em 8
de junho. E no dia 11 de junho de 1895, batizou em Gaspar Alto, Guilherme Belz e família, Anna Wagner
e o colportor Alberto Bachmeier.
A primeira Igreja ASD foi organizada em Gaspar Alto, em fevereiro de 1896, seu Pr. era Huldreich
Graf. Em 1898, em Gaspar Alto, foi estabelecido a 1ª escola primária, tendo como fundador Guilherme
Stein. Devido ao crescimento da IASD no Brasil, a Conferência Geral nomeou um pastor para o Brasil, que
foi H. Graf, em 1895. No ano seguinte, 1896, foi indicado o Pr. Frederico W. Spies. Estes dois pastores
lançaram as bases adventistas no Brasil.

A Página Impressa
Aqui a página impressa foi a cunha para a penetração da mensagem adventista. Portanto, a
colportagem ocupa um lugar de destaque na penetração do adventismo no Brasil. Além de Stauffer, dois

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irmãos colportores: Alberto e Frederico J. Berger, iniciaram no RS (em 6/8/1895) seu plano de venda de
literatura adventista nas colônias alemãs. Visitaram também Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Espírito
Santo. Nas pisadas destes pioneiros seguiram-se Henrique Tonjes, Germano Conrado, Emílio Froeming,
Hans Mayr, Saturnino Mendes de Oliveira, Antônio L. Penha, José Negrão, André Gedrath e Luiz
Calebe.
O trabalho no Brasil se expandiu ainda mais quando nossa literatura em português começou a sair. O
primeiro periódico impresso foi o “Arauto da Verdade” de 1895 a 1913. Sendo substituído por “Sinais dos
Tempos” até 1918, quando começou a se publicar “O Atalaia” (depois, revista “Decisão”).
O passo seguinte era iniciar um editora no Brasil, que por sugestão do Pr Graf deveria ser instalada no
RS, junto à escola missionária de Taquari, para economia de locação e para proporcionar trabalho aos alunos
industriários. Através de donativos conseguidos nos EUA pelo Pr. Lipke, e pelo apoio profissional de George
Staff, com a ajuda de Augusto Preuss, tendo como gerente Augusto Pages, pôde-se publicar a primeira
edição em nossa própria editora, de Arauto da Verdade, em 10/5/1895.
Em fins de 1897, a tipografia foi mudada para São Bernardo, depois Santo André, onde passou a se
chamar CPB (Casa Publicadora Brasileira). Hoje ela está em Tatuí-SP, em modernas instalações.

Organização Adventista
A primeira organização Adventista se estabeleceu no RJ em 1902, sob a supervisão do Pr. F. W.
Spies, e em 1906, no RS, a cargo do Pr. Huldreich Graf. A primeira União Brasileira a ser estabelecida foi a
União Sul Brasileira, em 1911. Em 1919 foi organizada a União Este Brasileira. Em 1936 foi a vez da
União Norte Brasileira.
A Divisão Sul Americana foi organizada em 6/2/1916. Seu primeiro presidente foi o Pr. O.
Montgomery. Sua primeira sede foi estabelecida em Belgrano, Argentina; depois foi para Montevidéu,
Uruguai, sendo transferida para Brasília na administração do Pr. Enoc de Oliveira, no dia 22/6/1976.

A Obra Educacional
Em 1898 foi estabelecida a primeira escola missionária no Brasil, em Gaspar Alto, sob a direção do
Prof. Guilherme Stein. A Segunda escola foi fundada em Taquari, em agosto de 1903, tendo como diretor o
Prof. Emílio Schenk. Esta foi fechada pela Obra, em 1910, devido à sua localização imprópria.
Em 1915 adquiriu-se um terreno de 70 alqueires, a 23 km de São Paulo, próximo a Santo Amaro. A
compra foi feita com dinheiro da venda da escola de Taquari, ajuda da Conferência Geral, e um substancial
donativo do Pr. J. H. Boehm. Era a 3ª escola missionária do Brasil - O Colégio Adventista Brasileiro,
depois “Instituto Adventista de Ensino”, mudando-se depois para Artur Nogueira. Seus fundadores foram
Pr. J. Lipke e Pr. J. H. Boehm. E seu primeiro professor foi Paulo Henning, que no dia 4 de julho de 1915
ministrou a primeira aula a 12 alunos.
O 1º Instituto Teológico foi estabelecido em Petrópolis, RJ, em 1939. O 2º foi o Educandário
Nordestino Adventista (ENA), cujo início foi em 1943, em Belém de Maria, PE.

A Obra Médico-Missionária
Os fundadores da obra médica no Brasil foram o Pr. Huldreich Graf e o Dr. Abel Gregory, médico
e dentista, que veio ao Brasil por conta própria para ajudar a Obra no RS. Depois de 7 anos, vieram a Dra.
Luísa Wurtz - médica e Corina Hoy - enfermeira. Todos estes fizeram um trabalho de saúde de apoio às
conferências evangelísticas e às igrejas.
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Foi em Taquara, no RS, com a conversão de Ernesto Bergold, que se construiu, por sua própria conta,
um hospital para administrar hidroterapia e tratamentos naturais. Este hospital funcionou até 1928.
Um grande impulso à Obra Médica foi dado quando foi lançada, no rio Amazonas, a Lancha Médico-
Missionária “Luzeiro 1”, em 1931, pilotada pelo missionário Léo B. Halliwell e sua esposa. Trabalharam
25 anos naquela região, dando atendimento aos desamparados. Atenderam cerca de 250.000 pessoas.
Quando ele e sua esposa Jessie foram trabalhar no Amazonas (1931) não havia Igreja Adventista. Em
1956, na região que trabalharam, havia 22 igrejas Adventistas do Sétimo Dia, 56 Escolas Sabatinas, 3.000
batizados, 15 escolas elementares, com 1.000 alunos, 1 hospital e 2 médicos.
Em 1942 foi fundada a Casa de Saúde Liberdade, em SP. Ela foi inaugurada a 09 de março, tendo
como seu primeiro diretor o Dr. Galdino Nunes Vieira. Também em 1942, sob a direção do Dr. Chester C.
Schneider, foi estabelecida a Clínica de Repouso White (RJ), hoje o Hospital Adventista Silvestre.
No Pará, em 1950, estabeleceu-se o Hospital Adventista Belém, como iniciativa do pioneiro Léo
Halliwell. Em 1949, sob a direção do Dr. Edgar Bentes Rodrigues, teve início a Clínica Adventista no
Mato Grosso, depois: Hospital Mato-Grossense do Pênfigo.

Evangelismo
A nossa mensagem foi pregada no Brasil pela primeira vez, em 1894, pelo pioneiro W. H. Thurston,
no RJ. Em 1895 o Pr. Westphal pregou em Santa Catarina e Paraná. O primeiro evangelista efetivo foi o Pr.
Huldreich Graf para o Sul do Brasil, também em 1895. Enquanto o Pr. Frederico W. Spies, em 1896, se
estabeleceu no RJ como evangelista, pregando neste Estado, em SP e no Espírito Santo. Dos conversos do
Brasil, apareceu em 1920 o nosso primeiro Pastor Adventista brasileiro ordenado: José Amador dos Reis.
O programa “A Voz da Profecia” foi iniciado no Brasil em 1950, sob a direção do Pr. Roberto M.
Rabello. Em novembro de 1962 o programa de TV, “Fé para Hoje” teve seu início em SP, e em janeiro de
1963 no RJ. O primeiro teve como apresentador o Pr. Alcides Campo Longo, e o 2º o Pr. Sérgio Cavalieri
Filho.

GRUPOS DISSIDENTES

Os grupos religiosos parecem inclinados à fragmentação. Vários fatores parecem encorajar o cisma
dentro das igrejas:
• A insatisfação com a liderança (espírito de revolta);
• A pretensa descoberta de “nova luz”;
• Problemas pessoais de egocentricidade;
• Desequilíbrio mental;
• Especulação;
• Apostasia.

Tão logo 22/10/1844 tinha passado, e já surgiram uma variedade de explicações para o grande
desapontamento, que deram origem a diversos grupos. Mesmo antes do incipiente grupo dos Adventistas do
Sétimo Dia (ASD) ter-se organizado ou escolhido um nome, ele já era atacado pela fúria dos dissidentes.

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Dissidentes nos Primórdios


Os ASD sofreram seu primeiro cisma em 1853, quando H. S. Case e Charles P. Russel ficaram
ressentidos com os conselhos recebidos de Ellen G. White. Logo, estes dois homens acusaram os White de
que estivessem exaltando os Testemunhos de EGW acima da Bíblia. Eles declararam encontrar
inconsistência e incorreção nos Testemunhos, além de declararem que Tiago White era um charlatão que se
aproveitava da venda de Bíblias. Mas logo o próprio “Grupo de Mensageiros” de Russel e Case separou-se
pela dissensão sobre crença e posições administrativas: nem todos os seus seguidores podiam concordar com
o ponto de vista de que os dois chifres da “besta semelhante a um cordeiro” se referissem à França e à
Inglaterra.
Rivalizando com o criticismo dos mensageiros, dois dos quatro pregadores de Winsconsin (J. M.
Stephenson e D. P. Hall) começaram a propagar o ensino de que durante o milênio os judeus atuariam
decisivamente na conversão do mundo para o cristianismo. Irritados contra Tiago White, por ter refutado
suas idéias na Review, eles se aliaram, temporariamente com o “Grupo de Mensageiros”. Rapidamente, um
indecente e escandaloso divórcio destruiu a influência de Stephenson, enquanto Hall voltou-se para a área de
especulação imobiliária.
As críticas aos White e as divergências doutrinárias de B. F. Snook e W. H. Brinkerhoff levou-os a
se separarem do corpo geral de membros ASD na Conferência Geral de 1865. Estes homens causaram
considerável confusão ao negarem a aplicabilidade da tríplice mensagem angélica (Apoc. 14) ao homem
moderno de então, e ao colocarem em dúvida outros aspectos da interpretação profética dos ASD. Em
seguida, rejeitaram o Sábado e aceitaram o universalismo (a universal salvação de todas as pessoas, e
negação da punição dos pecados). Por causa destas últimas atitudes, a maior parte da influência deles foi
perdida, embora alguns dos seus seguidores formaram o “Grupo de Marion”, o qual continuou a negar a
origem divina das visões de Ellen White e lutou por estabelecer um completo sistema congregacional de
autonomia. Eles estabeleceram a Igreja de Deus (Sétimo Dia), para mais tarde se separarem também desta.
Por aproximadamente três décadas após a apostasia de Sook e Brinkerhoff, a despeito das brigas internas,
não houve maior ameaça de separação no Adventismo.
Então, no início da década de 1890, A. W. Stanton, um leigo de Montana, ficou desiludido com a
liderança da Igreja. Em um pequeno folheto intitulado “Alto Clamor” ele disse que os ASD tinham se
afastado da verdadeira fé, e que a Igreja se tornara “Babilônia”. Era tempo, disse ele, que todos aqueles que
fossem verdadeiros filhos de Deus parassem de apoiar financeiramente o Adventismo. Como muitos outros
que professaram ter adquirido uma “nova luz”, Stanton selecionou uma variedade de textos de EGW e os
arranjou de tal forma que evidenciasse que ela apoiava seus pensamentos dissidentes. Chegou mesmo a
enviar um associado para a Austrália para solicitar o apoio de Ellen White. Ele poderia ter evitado para si
mesmo problemas e despesa, pois ela já tinha escrito uma carta condenando os pontos de vista de Stanton.
Ellen White disse que ele estava agindo sob engano satânico, e que Deus não dirigia na verdade pessoas
isoladamente, mas um povo.

Carne Santa
O movimento de purificação ou “carne santa” cresceu entre 1899 e 1900, e quase anuviou a liderança
adventista em Battle Creek. Durante a década de 1890 muitos adventistas estavam convencidos que a Igreja
estava à beira da experiência do grande derramamento do Espírito Santo prometido na chuva serôdia. Esta
convicção estava ligada intimamente à renovada ênfase sobre a justiça pela fé que se seguiu a Conferência de
Mineápolis em 1888. A. F. Ballenger, um renovado pregador das campais, fez muito em favor desta

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expectação com seu poderoso sermão: ”Recebei o Espírito Santo”. Um obreiro em Indiana, S. S. Davis, foi
particularmente movido pela declaração de Ballenger: “É muito tarde para pecar em pensamento, palavra e
ação; porque é tempo de receber o Espírito Santo em toda a sua plenitude”.
Em seu trabalho com a “Helping Hand”, uma missão assistencial em Evansville, Davis manteve
contato com alguns pentecostais cristãos. Ele estava profundamente impressionado com o entusiasmo deles.
Chegou mesmo a declarar: “Eles têm o Espírito, nós temos a verdadeira, e se nós tivéssemos o Espírito como
eles, nós com a verdade faríamos muitas coisas”. Em novembro de 1898, Davis teve a oportunidade para
fazer “muitas coisas”, quando foi indicado como um pregador reavivacionista para a Associação de Indiana.
Com o apoio do presidente da Associação, o Pr. R. S. Donnell, Davis formou um grupo que logo estava
cruzando o estado em todas as direções, levando a “mensagem da purificação”.
Os reavivalistas fizeram muito uso de vários instrumentos musicais para auxiliar o efeito de seus
apelos. Os ouvintes eram encorajados a levantar suas mãos para o céu, gritar e aplaudir em busca da unção
do Espírito Santo. No meio destas experiências emocionais, indivíduos, freqüentemente, caíam prostrados e
eram carregados para a tribuna (plataforma), onde eles eram submetidos (prostrados) a cânticos, oração e
gritos dos membros. Quando o membro revivia, era dito que tal pessoa havia passado pela experiência do
Getsêmani, tal como Jesus. Esta experiência indicou que esta criatura “nasceu” como filho de Deus,
completamente limpo do pecado e das tendências pecaminosas, e libertou-se do poder da morte, e que já
estava até pronto para a trasladação. Aqueles que não tinham a “experiência do Jardim” podiam ainda ser
salvos; porém, como filhos adotados de Deus teriam de ir “para o céu em um trem subterrâneo” - isto é, eles
deviam morrer primeiro.
Por ocasião da campal de 13 a 23/9/1900, em Muncie, Indiana, toda mesa administrativa da
Associação em Indiana e uns dois ou três obreiros tinham aceitado a “mensagem da Purificação”. E os
demais desejavam, ansiosamente, ter tal experiência. Atenderam a esta campal como representantes da
Conferência Geral, os Prs. S. N. Haskell e A. J. Breed, que ficaram horrorizados. Para o Pr. Haskell tratava-
se de uma “enorme mistura de fanatismo”, sem qualquer paralelo anterior. Na abertura da Conferência Geral
de 12/4/1901, as idéias sobre “Carne Santa” foram ameaçadoramente espalhadas para as Associações
vizinhas, e as igrejas de Indiana estavam divididas por causa desta “doutrina”. Muitos aguardavam
ansiosamente as palavras de Ellen White sobre o assunto. Ela não demorou muito em fazê-lo, e disse em
sessão pública que uma inteira aceitação do sacrifício de Cristo e uma submissão à Sua vontade e liderança
poderia dar às pessoas “corações santos”, mas “carne santa” era uma impossibilidade nesta terra onde os
resultados do pecado nunca seriam inteiramente removidos. Aqueles que recebessem a tal “carne santa”
seriam tentados a sentir que não poderiam pecar. Esta excessiva confiança os colocaria diretamente nas mãos
de Satanás.
Igualmente, ela condenou o extremado emocionalismo presente no movimento de Indiana, pois “o
excitamento não é favorável ao crescimento na graça, à verdadeira pureza e à santificação do espírito”.
“Além do mais”, disse EGW, “conduzir o recebimento do Espírito Santo em meio ao tumulto do ‘movimento
de purificação’ causava um distúrbio no raciocínio das pessoas, que as tornava tão confusas, que elas já
não podiam confiar em fazer decisões corretas”.
Esta direta reprovação foi aceita pelos pastores Donnell, Davis e pelos delegados envolvidos com tal
ensinamento. Por sugestão dos líderes da Igreja, toda Mesa Administrativa renunciou e foram colocados
homens em seus lugares que não estavam envolvidos com o fanatismo. Donnell foi transferido para outra
Associação, mas a Davis permitiu-se que se aposentasse; posteriormente foi desligado da Igreja. Vários anos
antes de sua morte, ele mudou-se para Nebraska, onde aceitou a ordenação como ministro batista (veja ME,
vol.2, pp.31).

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O Grupo de Ballenger
Ablon Fox Ballenger, cujos sermões proveram, parcialmente, inspiração para o movimento da “carne
santa”, ocupou inúmeras posições de responsabilidade dentro da IASD. Filho de um ministro da Igreja, era
desde seu nascimento um ASD. Antes dos 30 anos Ballenger tornou-se Secretário da Associação Nacional de
Liberdade Religiosa. Mais tarde ele serviu como Editor Assistente do “Sentinela-Americano”, órgão oficial
da Associação. No fim da década de 1890 renunciou estas habilidades para se devotar completamente à
pregação. Em 1900 ele foi enviado às ilhas britânicas, onde trabalhou em várias cidades grandes, depois no
país de Gales, e finalmente como presidente da “Missão Escocesa”.
Problema Doutrinário - Enquanto estava na Irlanda, Ballenger começou a apresentar uma diferente
explicação do santuário celestial, daquela ensinada pelos ASD. Logo, ele estava afirmando que os dois
compartimentos do santuário representavam as duas fases da obra de Cristo antes e depois da crucifixão,
enquanto o ensinamento dos ASD era que Cristo entrou no segundo compartimento do santuário celestial
somente em 1844. Ballenger acreditava que Cristo tinha realizado isso imediatamente após Sua ascensão.
De acordo com Ballenger, o dia antitípico do Dia da Expiação não começou em 1844, como os ASD
ensinavam. Para ele, o ano de 1844 e os 2300 dias proféticos não tinham nenhum significado. Chamado
diante da mesa administrativa da União Inglesa para explicar seus pontos de vista, Ballenger fez sua defesa
mas não conseguiu convencer à Mesa da União de que ele tinha descoberto uma relevante nova luz. Foi,
então, afastado da presidência da Missão Irlandesa. Dessa maneira, foi lhe dada a chance de ser analisado por
uma comissão de sábios líderes. Em 1905, Ballenger foi enviado pela União Britânica como um dos seus
delegados para a Conferência Geral. Enquanto atendia esta reunião em Takoma Park, foi-lhe permitido
apresentar sua posição diante dos 25 maiores líderes da Igreja na época. Depois de 3 dias de discussão,
Ballenger não convenceu esta Comissão de que seus pontos de vista eram corretos.
Por sua vez, também a comissão indicada para responder a Ballenger não o persuadiu de que estava
em erro, embora a posição dos ASD estivesse fundamentada em profunda exegese bíblica e em claras
declarações do Espírito de Profecia. Tudo isto levou Ballenger a reexaminar sua posição em relação aos
ensinos de Ellen White. Logo, ele começou a acusá-la de plagiária e de promover o erro. Em seguida ele
rejeitou ensinar convicções divergentes, o que fez com que os líderes não tivessem outra escolha senão
afastá-lo do ministério, e eventualmente da igreja.
Ballenger publicou vários panfletos que esboçavam seus pontos de vista. Viajou, intensivamente em
todos os EUA, procurando falar a grupos de Adventistas. Durante estas viagens ele conseguia apoio
financeiro de diversas pessoas que já tinham tido descontentamento com a liderança. Seus mais importantes
conversos eram seu idoso pai e seu irmão, E. S. Ballenger, também ministro ASD. Ambos foram,
subseqüentemente, privados de suas credenciais ministeriais. Em 1914, Ballenger assumiu um pequeno
periódico, o The Gatherine Call (Chamado ao Ajuntamento), iniciado por um dos seus financiadores. Neste
período, ele se uniu aos Batistas do 7º Dia e se tornou o pastor da congregação de Riverside, Califórnia. Até
sua morte, em 1921, ele continuou tentando convencer os Adventistas de seu ponto de vista.
Após a morte de A. F. Ballenger, seu irmão Edward continuou a publicar o The Gathering Call, mas
sua ênfase mudou da discussão doutrinária para o estridente ataque pessoal aos líderes da IASD do passado e
da sua época: Ellen White, Uriah Smith, A. G. Daniells, W. C. White, F. M. Wilcor, entre outros. Um
exemplo da natureza vil do material foi a publicação de um falso rumor que W. A. Spicer havia bebido
cerveja quando estava na Alemanha. As atividades dos Ballenger foram um incômodo para os líderes da
Igreja por um período de 50 anos.

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Movimento Reformatório da Sra. Rowen


Durante os anos iniciais da Igreja mundial, dois pequenos “partidos”, um americano e outro alemão,
quebraram a unidade dos ASD, clamando por uma missão reformadora da própria IASD. O grupo americano
foi liderado pela Sra. Margareth W. Rowen, de Los Angeles. Cerca de um ano após a morte de Ellen
White, a Sra. Rowen anunciou que Deus a tinha escolhido para assumir a obra iniciada por EGW.
Dizia ela que tinha que formar grupos de oração em cada igreja e promover a reforma, embora ela não
especificasse o que devia ser reformado. A Sra. Rowen começou a enviar seus testemunhos quando tinha 40
anos, e era adventista havia apenas 4 anos. Seu marido era um dos que não mantinha interesse nas
convicções religiosas dela.
Os líderes da Igreja tomaram uma atitude de precaução diante do fato dela se auto-proclamar como
profetisa. Na Campal do sul da Califórnia, em 1917, A. G. Daniells disse que qualquer julgamento com
relação a Sra. Rowen fosse evitado, enquanto o ministério e mensagens dela estavam sendo avaliados por
algum tempo. Um pequeno grupo de experientes ministros, incluindo I. H. Evans, W. C. White e E. E.
Andross, entrevistaram a Sr. Rowen por algum tempo. Embora eles observassem que seus primeiros
testemunhos traziam uma superficial semelhança com os escritos de Ellen White, eles não acharam nenhuma
evidência convincente de que ela tivesse recebido um chamado divino.
Alguns Adventistas, incluindo poucos ministros, concluíram que Deus tinha enviado outro mensageiro
à Igreja. Manifestações físicas da Sra. Rowen atuavam como significativa prova de aceitação dela por este
grupo. Quando em visão, ela reclinava as mãos cruzadas sobre o peito. Seu corpo ficava rígido, e seus olhos
abertos pareciam se fixar num ponto distante. Dizia-se que não se percebia nela respiração. Exclamações de
“Glória, Glória, Glória” assinalavam, geralmente o início e o fim, das visões. E seus seguidores, inclusive
médicos, e até os céticos, concordavam que estas visões eram sobrenaturalmente inspiradas. A questão em
disputa era: de que poder sobrenatural ela era inspirada?
Na Campal do sul da Califórnia, em 1918, o Pr. Daniells anunciou que os líderes da Igreja estavam
convencidos que a Sra. Rowen estava errada em pensar receber visões do Senhor com instruções para Igreja
ou para pessoas. Para os líderes da Igreja, a predição de que a nação estava à beira de uma severa fome, e o
conselho que se deveria começar a armazenar alimentos não perecíveis, eram claras contradições dos básicos
princípios do NT e de Ellen White. Os líderes estavam desapontados com sua prontidão em aceitar dinheiro
de dízimo de crentes para publicar suas visões em folhetos e em um jornal intitulado “O Advogado”.
A Sra. Rowen estava decidida em demonstrar aos ASD o seu chamado divino. Ela disse haver um
documento de EGW que a identificava como a pessoa que lideraria um grande movimento reformatório no
tempo do fim. E que o tinha visto em visão nas proximidades da casa de EGW. Previamente, ela convenceu
um dos seus seguidores, Dr. B. E. Fullmer, que ela o tinha encontrado acidentalmente quando estava só nas
proximidades da casa de EGW. E que ela o tinha pego e levado para casa, mas como ela seria mal vista por
isso, logo o documento deveria voltar aos arquivos sem que ninguém soubesse. O Dr. Fullmer concordou
fazer “retornar” o documento. Em visita ao lar de EGW em Elmshaven, ele conseguiu pôr sorrateiramente o
documento na gaveta dos manuscritos de Ellen White. Posteriormente, um outro seguidor seu insistiu que W.
C. White examinasse com ele os manuscritos pós-1910, pois ali estaria o documento que a Sra. Rowen
reivindicava. Foi então encontrado na gaveta de manuscritos de 1911 uma página que mencionava
exatamente o que a Sra. Rowen reclamava ser.
O Pr. W. C. White estava imediatamente convencido que este documento era uma falsificação, pois o
tamanho do papel estava errado, bem como a cor da tinta, a letra e a assinatura de EGW. Quando tudo isto
ficou demonstrado, a Sra. Rowen concordou que o documento tinha sido falsificado, mas disse que o Pr. W.

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C. White é que tinha feito o documento para desacreditá-la. Tudo só ficou esclarecido quando o Dr. Fullmer
se desiludiu com a Sra. Rowen, e contou os detalhes da verdadeira história.
Crenças erradas da Sra. Rowen - As declarações errôneas da Sra. Rowen confirmam a posição dos
líderes da IASD como sendo fraudulenta a sua pretensão de profetisa:
• Pilatos e aqueles que crucificaram a Cristo perambulariam na Terra em agonia durante todo o
milênio.
• Jesus foi o primeiro anjo criado, adotado por Deus como o Seu único Filho depois que Este
escolheu uma vida de justiça.
• A Deus faltava completa presciência quanto à aceitação ou rejeição individual da salvação.
• Os 144 mil seriam formados só dos EUA.
• A serpente era o especial animal de estimação de Eva.
• O juízo investigativo dos vivos havia começado em 23/7/1919.
• O tempo de provação terminaria em 6/2/1924 e que um ano após Jesus voltaria. Houve talvez
cerca de 1000 seguidores da Igreja Adventista Reformada que esperavam o retorno de Cristo
em 6/2/1925.
A Sra. Rowen se apossou de milhares de dólares enviados através de cartas para a Igreja dos
Rowenitas isto foi descoberto pelo Dr. Fullmer, que foi vítima de uma tentativa de assassinato. Por este
crime, a Sra. Rowen foi sentenciada para o presídio de San Quemtin. Após liberdade condicional ela se
envolveu em conduta imoral e desapareceu gradualmente do mundo Adventista.

O Movimento de Reforma Alemão


Começou em 1915. Os reformadores alemães não tiveram um profeta proeminente como a Sra.
Rowen. Antes, houve entre eles seis membros leigos em quem se manifestaram visões, cujo assunto principal
era o iminente fim do tempo de provação e o retorno de Jesus.
Johann Wick foi o primeiro deles. Ele tinha sido recrutado para o serviço militar no Exército
Imperial. Ele e outro Adventista recusaram-se serem vacinados, e como conseqüência foram sentenciados a
sete dias de prisão militar em Berlim. Enquanto preso, ele teve uma visão à noite, onde lhe foi dito que a
provação terminaria nos tempos das frutas da primavera. Ele revelou sua revelação aos líderes da IASD.
Como eles não aceitaram sua mensagem, ele declarou que eles estavam em estado caído (rejeitados). Wick
escreveu sua visão e a enviou para a Casa Publicadora da IASD em Hamburgo. Ele requisitava que ela fosse
publicada num periódico denominacional. Os administradores recusaram, mas Wick não desistia facilmente.
Livres da prisão, desertaram do Exército e viajaram para Bremen, onde convenceram o ancião local a
escondê-los. Algum dinheiro foi conseguido para publicar a visão de Wick, em uma gráfica particular. A
publicação foi enviada para pastores e leigos em toda a Alemanha. Enquanto vários outros membros tinham
visões similares. Contudo não havia nenhuma evidência que entre eles houvesse qualquer conspiração,
embora a visão deles fosse muito semelhante. Parecia óbvio que algum poder sobrenatural havia entre eles.
Porém, por causa da indicação de tempo, os líderes da IASD estavam convictos que não se tratava de algo
proveniente do Espírito de Deus.
A situação de guerra ajudava a mensagem dos reformadores a ganharem aceitação entre os leigos
alemães, mesmo que nada tenha acontecido nada de relevante em escatologia, na primavera de 1915. O
tempo passou e novas datas foram estabelecidas sem que nada de especial acontecesse. Eles então
proclamaram que a IASD tinha-se tornado Babilônia. Eles acusavam que os líderes da Igreja na Alemanha
tinham atitude favorável ao serviço militar; e isto era suficiente para mostrar a posição caída da Igreja.

06-HISTÓRIA DA IASD 69
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Os líderes alemães, especialmente L. R. Conrad, deixaram transparecer a impressão que sua atitude
administrativa tinha o tácito apoio da Conferência Geral. Isto confirmou a suspeita dos reformadores da
queda espiritual de toda a liderança ASD. Com o fim da Guerra, os líderes da Conferência Geral tentaram
remediar a ruptura entre os reformistas e a IASD na conferência de Friedensau, em 1920. O presidente, Pr.
Daniells, mostrou que ele acreditava que aqueles líderes que tinham informado ao governo alemão que os
ASD estavam prontos para tomar uma parte ativa como combatentes, tinham cometido um erro, embora
também acreditasse que eles o fizeram de boa fé. Daniells repreendeu os reformistas por estabelecer uma
organização separada e por práticas desonestas, como: usar o nome oficial da Igreja na literatura crítica ao
governo alemão, causando assim dificuldade para a IASD.
Alguns líderes alemães que tinham tomado a iniciativa de assegurar ao governo sua completa
cooperação ao período de guerra confessaram ter cometido um erro e pediram perdão. Os líderes reformistas
no primeiro encontro argumentaram contra os ministros que assumiram a posição de se auto-justificar. Eles
queriam que aqueles líderes alemães que se comprometeram com a militância na guerra e a concessão na
guarda do Sábado, fossem removidos de suas posições.
Para alguns, isto parecia que os reformistas estavam ansiosos em substituir homens como Conrad e
seus associados. Daniells pleiteava pelo perdão e reconciliação, mas os líderes reformistas queriam que os
“culpados” fossem transferidos compulsoriamente. Afortunadamente, muitos dos reformistas foram logo
reintegrados como membros regulares da IASD, por descordarem de seus companheiros reformistas. Com
isso, o movimento de reforma perdeu seus seguidores e começou a fragmentar-se. Contudo, seu espírito de
crítica contra a liderança, foi transportado para os EUA, Canadá, Austrália e América do Sul, especialmente
onde pudesse haver uma colônia alemã de imigrantes. Porém, a mensagem reformista não ficou só entre os
imigrantes alemães, mas espalhou-se entre aqueles que tinham queixas dos pastores distritais e das
administrações em todos os níveis. Nos EUA os reformistas foram tendenciosos em acusar os obreiros da
IASD de estarem suprimindo declarações do Espírito de profecia.

Robert Brinsmead
Nenhum movimento dissente foi mais problemático para os líderes adventistas do que o iniciado por
um estudante do Colégio da Austrália, no fim da década de 1950: Robert Brinsmead.
Seus pais tinham-se identificado com o movimento de reforma dos ASD da Alemanha, embora eles se
sentissem satisfeitos em ser membros da IASD quando Robert ainda era um menino de 10 anos. Assim o
espírito de desconfiança e suspeita dos líderes da igreja continuou no lar.
Com seu irmão mais velho, John, o jovem Brinsmead matriculou-se no Colégio de Avondale em 1955.
Ali eles descobriram algum dos materiais produzidos no final do século XIX por A. T. Jones e E. J.
Waggoner. Para Robert, parecia que a Igreja tinha sido muito lenta diante da justiça pela fé e isto logo
tornou-se um novo ponto de ataque. Foi no início deste ano que Brinsmead começou sua longa carreira de
escritor, e o fez produzindo uma pequena publicação intitulada “O Selo do Espírito Santo”. Neste periódico
ele argumentou que a remoção dos nossos pecados do Santuário Celestial deveria anteceder a experiência da
Chuva Serôdia.
Depois de um ano cuidando de seus interesses pessoais, os irmãos Brinsmead voltaram a Avondale.
Por algum tempo ele acreditou que na encarnação Cristo tinha assumido a natureza humana pecaminosa
igual a todos os outros seres humanos. Contudo, o recente livro adventista publicado (Question on Doctrine),
tomou uma diferente posição. Para Brinsmead isto era uma clara indicação do crescimento da apostasia. Em
um novo comentário sobre Daniel 10 e 11, “a visão de Hidequel”, Brinsmead avançou na tese que o “Rei

06-HISTÓRIA DA IASD 70
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papal do Norte” estava entrando no “Glorioso Monte Santo” (IASD) pela insidiosa forma de introduzir o erro
e o espírito autoritativo. Como presidente da liga ministerial do Colégio, Binsmead fez circular alguns dos
seus pontos de vista através de toda a Austrália. Ele conseguiu um substancial número de seguidores entre os
estudantes e nas igrejas. Atraiu também alguns poucos jovens ministros adventistas.
Quando ele negou o pedido para não continuar disseminando suas doutrinas, lhe foi negado
matricular-se no Avondale. Ele e seu irmão começaram a viajar pela Austrália e Nova Zelândia,
apresentando suas idéias diante de grupos Adventistas, onde queriam ouvi-lo. O Pr. F. G. Clifford teve
alguns contatos com R. Brinsmead quando tentou persuadi-lo a parar com sua ação cismática e sustar sua
publicação privada de livros e folhetos. O Pr. Clifford ofereceu-lhe os préstimos da Casa Publicadora Local.
Se seus livros se harmonizassem doutrinariamente com nossas crenças, eles poderiam ser publicados através
dos canais reguladores da igreja. Brinsmead recusou o oferecimento.
Diante disso, o Pr. F.G. Clifford decidiu apresentar para uma análise as atividades e ensinamentos de
Brinsmead na Igreja de Cooranbong. No processo ele demonstrou que Brinsmead tinha citado erroneamente
EGW e em outras ocasiões usado suas citações completamente fora do contexto. Terminou com um apelo
para Brinsmead, que estava presente, a retirar seus escritos de circulação. Brinsmead respondeu com um
desafio para um debate, que não foi aceito. Esta era sua melhor habilidade. Ele tinha uma ímpar habilidade
para citar longas citações de EGW, dando a exata referência. De tal forma o fazia que desarmava seus
oponentes. Era ainda um fervoroso e efetivo orador público. Tornou-se, desta forma, um natural líder para
aqueles que dentro da Igreja tinham-se desencantado com a liderança.
Alguns dos seus seguidores não entendiam completamente todos os seus pontos de vista, que se
afastavam da doutrina tradicional do adventismo. Uma nova interpretação da distintiva doutrina Adventista
da “Purificação do Santuário” tornou-se o ponto chave da ênfase de Brinsmead. Ele introduziu um novo tipo
de “perfeccionismo”. Ligando Lev. 16 com Daniel 8:14, Brinsmead argumentava que uma vez que durante o
juízo investigativo a justiça comunicada e imputada de Deus realiza um milagre (que é apagar todos os
pensamentos e emoções pecaminosos dentro de nós), a pessoa teria de abandonar cada pecado para que esta
“justificação” fosse efetiva e de fato pudesse ocorrer. Somente sobre indivíduos tão aperfeiçoados é que a
chuva serôdia cairá. Estes então sairão para dar ao “alto clamor” (Ap. 18) e levar a tríplice mensagem para
muitos, cujo tempo de provação não tinha ainda terminado.
Na verdade, as crenças de Brinsmead são uma repetição intelectualizada do movimento da “carne
santa”, que ocorrera 60 anos antes. Alguns de seus seguidores declararam que aqueles que tinham sido
purificados do pecado seriam perfeitos física e espiritualmente, chegando mesmo a dizerem que não mais
ficariam doentes, até mesmo de um comum resfriado, e até estariam prontos para a trasladação. Tivessem os
seguidores de Brinsmead mantido seus pontos de vista para si mesmos, e não teria havido grandes
dificuldades. Em lugar disso, eles acharam ser seu dever fazer que estes pontos fossem normativos para toda
a Igreja Adventista. A crítica aos líderes da IASD, incluindo aos administradores da CG, aumentou.
Sua atitude crítica diante dos líderes da Igreja e suas divergências doutrinárias consolidaram a
Brinsmead a ser desligado do rol de membros de sua igreja local, no verão de 1961. Similar posição foi
tomada contra outros seguidores seus. Como ocorreu com outros grupos dissidentes, os seguidores de
Brinsmead logo cedo começaram a discordar entre si, o que veio a enfraquecer o movimento.

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As Crises do Santuário
A doutrina do Santuário passou por 3 crises importantes. A primeira, em 1905, causada por Albion
Fox Ballenger, já analisada anteriormente; a segunda teve como figura central W. W. Fletcher, entre 1929 e
1930; a terceira teve como protagonista o Dr. Desmond Ford (de 1979 a 1980).
W. W. Fletcher era australiano de nascimento, o que ocorreu em 1880. Em 1901 tornou-se obreiro da
IASD, onde começou suas atividades na obra de Publicações, posteriormente tornando-se evangelista. Em
1922 foi nomeado vice-presidente da Divisão Sul Asiática. Já em 1924 foi chamado como Professor de
Bíblia ao, então, Colégio Missionário Australiano, hoje Avondale College, e entre 1927 e 1930 foi vice-
presidente da União Australiana.
Fletcher ensinou que, na ascensão, Jesus Cristo Se sentou à destra de Deus, o Pai, entrando no lugar
Santíssimo do santuário celestial. Desta maneira o ministério de Cristo no céu ficou reduzido a uma só fase,
pois para Fletcher nada ocorreu no céu no fim dos 2300 dias. Ele também rejeitou os Testemunhos (de Ellen
White) como uma direta revelação de Deus.
Em 1928 Fletcher entrevistou-se com o Pr. Daniells, e em 1930 lhe foi dado 6 meses para estudar a
doutrina do santuário com um grupo de irmãos nos EUA. Isto o conduziu a sua renúncia como pastor, em
uma carta que escreveu em outubro de 1930, que foi aceita pela junta administrativa da União Australiana.
Em 1932 ele escreveu um livro intitulado “As razões da minha fé”, onde expôs suas idéias
doutrinárias.

Desmond Ford
A controvérsia do Dr. Ford começou num encontro chamado “O Fórum Adventista”, reunido no
campus do Pacific Union College, em 27 de outubro de 1979. Ele ali estava como “empréstimo” para esta
instituição, vindo da Divisão Australiana e do Avondale College, onde tinha sido o chefe do Departamento
de Teologia. Ele, naquela ocasião, apresentou o tema: “O Juízo Investigativo - Marco Teológico ou
Necessidade Histórica?”.
Embora relutasse em apresentar suas convicções sobre o Santuário no Fórum, ele o fez, expondo suas
crenças concernentes ao juízo investigativo no santuário celestial e como elas diferiam das posições
comumente aceitas pelos ASD. Não se sabia, até então, a proporção que assumiria este encontro diante do
Adventismo. Os pontos de vista do Dr. Ford podem ser traçados em referências a cerca de 35 anos antes, no
tempo quando ele era ainda um anglicano. Nesta situação ele se interessou nos ensinamentos Adventistas, e
neste mesmo tempo ele começou a ler os escritos de EGW. Simultaneamente, ele estava estudando o livro de
Hebreus, e já nesta época ele pensou, ao ler Hebreus 9, que isto era diferente do que os ASD diziam. “Eles
têm problema aqui”, arrazoou consigo mesmo.
Depois ele admitiu que por ocasião do seu batismo este problema teológico ainda não estava resolvido
satisfatoriamente, e isto se arrastou por 35 anos. Nestas circunstâncias acontece o discurso do Dr. Ford.
Neste seu discurso ele ataca a doutrina distinta do santuário quando duvida de 3 pontos:
• Da validade do princípio dia/ano no entendimento do tempo em profecia.
• Do ensinamento do que, no contexto de D. 8:14, são os pecados dos santos que têm maculado
o Santuário; e ainda duvida da necessidade de sua purificação.
• Da tradução da palavra Hebraica Nisdaq em Dn. 8:14, ou seja, “purificação”.
A maior tese do Dr. Ford foi a de que o dia da expiação está ligado intimamente a Heb. 9 e 10, e que
quando estes capítulos parecem falar do aparecimento de Cristo na presença de Deus no lugar Santíssimo na
Sua ascensão, em 31 d.C., claramente aponta para o início do antítipo dia da expiação - e que este evento não

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envolve a obra do juízo investigativo. Segundo o Dr. Desmond Ford não há juízo investigativo começando
em 1844, como afirmam os ASD e os escritos de Ellen White. O que aconteceu em 1844, segundo ele, foi o
surgimento do povo Adventista para proclamar o evangelho em sua plenitude, assim que todos que ouvirem
serão julgados por sua resposta à mensagem do evangelho.
O tradicional entendimento Adventista sobre 1844, com sua mudança do ministério de Cristo passando
do lugar Santo para o Santíssimo do santuário celestial, é para Dr. Ford caracterizado como um doutrina
baseada na mudança geográfica ou mobiliária do trono de Deus, com o que ele não concorda. Para apoiar sua
posição, ele relacionou algumas referências de EGW que, segundo ele, ensinam claramente que Cristo foi
direto ao Santíssimo na Sua ascensão. Quando tais citações foram submetidas a um cuidadoso estudo,
percebeu-se que ele as tinha usado para outro contexto e em contradição direta à posição de EGW. Ford usou
estas declarações para indicar unicamente que nosso livre acesso ao Pai através de Cristo em Sua ascensão
não tinha nenhum problema. Porém, usar estas passagens para negar a clara posição da própria EGW sobre
1844 e o começo da 2ª fase do ministério Sumo-Sacerdotal de Cristo, é torná-las “fora do contexto original”.
Este aberto desafio do Dr. Ford à posição longamente defendida pela Igreja Adventista do 7º Dia (em
relação a Dn. 8:14 e o juízo investigativo), bem como suas implicações de seu ponto de vista sobre a função
e ensinos de Ellen White, criaram uma agitação nos círculos Adventistas. Como a insatisfação cresceu, o Dr.
Jack Cassel, Diretor Geral do Pacific Union College (PUC), e o Dr. Gordon Nadgwick, Diretor
Acadêmico, aconselharam-se com os líderes denominacionais em Washington, D.C., novembro de 1979,
num encontro da liderança da Pacific Union Conference e a administração do Pacific Union College. Esta
consulta com líderes denominacionais resultou em que Dr. Ford foi convidado a se ausentar de suas
responsabilidades de ensino no PUC. Para se dedicar à pesquisa, e escrever seus pontos de vista para uma
apresentação à uma Comissão de estudos a ser estabelecida pela Conf.Geral.
Em 20/12/1979, a Adventist Review publicou que ao Dr. Ford foram dados 6 meses para fazer a
pesquisa e explicar através de um trabalho a doutrina do Santuário. O plano incluía a apresentação de seus
estudos a eruditos da Bíblia, professores e líderes denominacionais, que se encontrariam periodicamente com
Dr. Ford. A finalidade desta Comissão era ver se alguma evidência bíblica fora, talvez, esquecida.
O Dr. Ford e família mudaram para Washington, onde a CG colocou um escritório à sua disposição,
abrindo-lhe o acesso aos arquivos do White Estate (onde estão os originais dos Testemunhos de Ellen White)
e a ajuda de uma secretária. Durante os primeiros 6 meses de 1980 ele produziu um documento de 6
capítulos, e aproximadamente 1.000 páginas.
A comissão de 14 membros foi constituída em sua maioria de especialistas em Teologia Bíblica e
Sistemática, liderada pelo Dr. Richard Hammil. Eles se encontraram três vezes com Dr. Ford (em abril,
maio e junho de 1980), para aconselhamento. Esforços foram feitos para ajudar Dr. Ford em sua exegese, uso
de fonte e conclusões. Além das sugestões orais, o Dr. Hammil pediu ao grupo de eruditos que
apresentassem comentários escritos para cada seção do manuscrito. Quando porém o manuscrito final do Dr.
Ford saiu foi um desapontamento total para a Comissão, pois não houve nenhuma aparente mudança de
qualquer posição teológica sua, depois de se encontrarem com o Dr. Ford por 50 horas, durante as quais
foram feitas numerosas sugestões escritas e orais. Destas sugestões ele não acatou nem a mais simples, e
apenas acrescentou mais argumentos para manter sua posição original. Esta inflexibilidade e imutabilidade
de Dr. Ford pareceu dar a impressão de uma atitude de inerrância de sua parte (ele não via a menor
possibilidade de estar errado) – cf. Prov. 11:2, 14; 15:22.
Em seguida, o material foi enviado a uma grande comissão de 125 membros previamente apontados
para rever o documento. Isto ocorreu em torno de 1 de julho de 1980. Este grupo foi convidado a encontrar-

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se nos dias 10 a 15 de agosto do mesmo ano, no acampamento jovem da Associação do Colorado. Dos 125
convidados, 114 se fizeram presentes. As faltas se deram por motivo de enfermidade e outras razões.
O Pr. Neal Wilson disse que naquele momento muitos fiéis irmãos estavam jejuando e orando para
que Deus dirigisse a reunião especial. Na introdução das atividades, o Pr. Neal Wilson pediu que esta ocasião
fosse um tempo de exame de coração e súplica para que Deus derramasse Seu Espírito e orientasse Seu povo.
Ficou claro para grupo de que Dr. Ford, como pessoa, não estava sendo avaliado, mas sim as suas
idéias, e foi solicitado que cada participante fosse absolutamente honesto e dissesse, sinceramente, o que
pensava. E também se acrescentou que todos tinham imunidade para expressarem-se neste encontro.

Organização de Trabalho - A Comissão foi dividida em 7 grupos de aproximadamente 16 pessoas. Os


delegados foram distribuídos pelos grupos de tal forma que estes tivessem representantes de todas as áreas:
eruditos, professores, pastores, administradores. Os delegados estudavam a Bíblia, oravam, levantavam
questões e sugeriam respostas. O estudo das questões girava em torno de quatro áreas: A natureza da
profecia, a purificação do santuário e o juízo investigativo no AT; a purificação do santuário e o juízo
investigativo no NT; e a função dos escritos de EGW em matéria de doutrinas.
Todos os grupos estudavam e respondiam as mesmas questões, cada dia, sobre os tópicos acima
relacionados. E pela tarde os secretários dos grupos de estudo liam seus relatórios nas sessões plenárias.
Houve marcada uniformidade de conclusões, e qualquer um podia perceber que o Espírito Santo estava
conduzindo o estudo. Como o que estava sendo analisado não era o homem, mas suas idéias, por isso o
encontro não incluía tempo para Dr. Ford falar, pois ele já havia escrito seus pensamentos. Porém alguns
delegados solicitaram à liderança dar a Dr. Ford responder a perguntas em público. Eles sentiram que se esta
oportunidade não lhe fosse oferecida para defender suas idéias pessoalmente, alguns membros e líderes
poderiam não entender. Assim, mais de uma hora na 3ª feira, 4ª feira e 5ª feira foi estabelecida em sessão
plenária, para o Dr. Ford clarificar suas idéias e responder perguntas.
Na sexta feira, 15 de agosto, as reuniões terminaram, sem se conseguir que o Dr. Desmond Ford
acatasse a posição doutrinária da IASD, defendida por este representativo e abalizado grupo da Igreja. Desta
forma se encerraram os trabalhos da Comissão de revisão do tema do santuário. No dia 2/9/1980, a comissão
consultiva do presidente da Conf. Geral analisou cuidadosamente a situação do Dr. Ford sob 4 aspectos:
• A falta de clareza, suas ambigüidades, sua falta de concisão nas respostas poderiam facilmente
se tornar causa de conflitos futuros e relacionamento administrativo infeliz.
• A comissão de revisão do santuário rejeitou seus argumentos sobre o santuário celestial, juízo
investigativo e função de EGW na Igreja como nas distintas crenças destas áreas, a despeito de
sua carta afirmar o contrário.
• O Dr. Ford não aceitou nenhum conselho individual ou das comissões que estudaram seu caso.
Além disso, falhou no senso de sua responsabilidade porque o efeito de suas palestras e da
distribuição ampla de seus escritos e fitas estavam causando divisões dentro da Igreja em
diversos continentes.
• Embora o Dr. Ford ter garantido que só trabalhava para garantir a unidade da Igreja, ele tem
tomado atitudes subversivas para o bem-estar desta.

À luz destes fatos, a Comissão Consultiva recomendou à Divisão Australiana que fosse dado ao Dr.
Ford a oportunidade de uma retirada voluntária das funções de ensino e do ministério pastoral, e neste caso
suas credenciais se tornaram inválidas.

06-HISTÓRIA DA IASD 74
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Apesar de todas as lutas, batalhas, deserções, críticas e discórdias (que até hoje ainda surgem em nosso
meio), a Igreja Adventista do 7º Dia tem demonstrado seu chamado celestial para ser a ÚLTIMA Igreja a
preparar o mundo para a vinda de Cristo.

TESTEMUNHOS SOBRE A VITÓRIA FINAL DA IGREJA ADVENTISTA DO 7º DIA

“A Igreja de Cristo na Terra será imperfeita, mas Deus não destrói Sua igreja por causa de sua
imperfeição” - Igreja Remanescente, 42.

“Digo novamente: O Senhor não falou por nenhum mensageiro que chame a igreja que observa os
mandamentos de Deus, Babilônia. É verdade que há joio com o trigo, mas Cristo disse que enviaria Seus anjos
para juntar primeiro o joio e atá-lo em molhos para ser queimado, mas recolher o trigo no celeiro. Sei que o
Senhor ama Sua Igreja. Ela não deve ser desorganizada ou esfacelada em átomos independentes. Não há nisto a
mínima coerência; não existe a mínima evidência de que tal coisa venha a se dar. Aqueles que derem ouvidos a
essa falsa mensagem e procurarem fermentar outros, serão enganados e preparados para receber mais
avançados enganos, e virão a nada. Há em alguns dos membros da Igreja orgulho, presunção, obstinada
incredulidade, e recusa a ceder em suas idéias, embora se amontoe prova sobre prova, que faz aplicável a
mensagem à igreja de Laodicéia. Mas isto não extinguirá a Igreja. Deixai que tanto o joio como o trigo cresçam
juntos até à ceifa. Então os anjos é que farão a obra de separação” - Idem, pág. 60-61

“Cobro ânimo e sinto-me abençoada ao reconhecer que o Deus de Israel está guiando o Seu povo, e
continuará com eles até o fim” - Test. Seletos, 3:439.

“A mensagem que declara a Igreja Adventista babilônia e chama o povo de Deus a sair dela, não vem de
nenhum mensageiro celeste, ou nenhum instrumento humano inspirado pelo Espírito de Deus” - Mens.
Escolhidas, 2:66.

“O Senhor deu a Seu povo apropriadas mensagens de advertência, repreensão, conselho e instrução, mas
não é próprio tirar estas mensgaens de sua conexão, e pô-las onde pareçam reforçar mensagens de erro. No
folheto publicado pelo irmão S e seus companheiros, ele acusa a Igreja de Deus de ser babilônia, e insiste em que
haja uma separação da Igreja. Esta é uma obra que não é honrosa nem justa. Compondo aquele folheto,
serviram-se de meu nome e de meus escritos para apoio do que eu desaprovo e denuncio como erro” - Test. para
Ministros, 36.

“Alguns há que apanham da Palavra de Deus e também dos Testemunhos parágrafos ou sentenças
destacados que podem ser interpretados de maneira a se ajustarem às suas idéias, e nelas se detêm, e encastelam-
se em suas próprias posições, quando Deus não os está dirigindo. Aí está o vosso perigo.
Tomais passagens dos testemunhos que falam do fim do tempo da graça, da sacudidura do povo de Deus, e
falais da saída dentre esse povo de um outro povo mais puro, santo, que surgirá. Orá, tudo isso agrada ao
inimigo” - Mens. Escolhidas, 1:179.

06-HISTÓRIA DA IASD 75
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BIBLIOGRAFIA AUXILIAR

Ellen G. White, A igreja remanescente. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.


George R. Knight, A mensagem de 1888. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.
________. Em busca de identidade. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.
________. Uma igreja mundial. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.
Luiz Nunes, Crises na igreja apostólica e na igreja adventista do sétimo dia. Engenheiro Coelho, SP:
Imprensa Universitária Adventista, 2002.
Lygia de Oliveira. Na trilha dos pioneiros. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

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