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JACQUES LACAN
LÓGICA DO FANTASMA
1966 – 1967
COLEÇÃO
O SEMINÁRIO
LIVRO 14
Estabelecimento
Isagoge e Notas
de
Luiz-Olyntho Telles da Silva
Para uso interno do
RECORTE DE PSICANÁLISE
23 de novembro de 1966
INTRODUÇÃO
Eu gostaria hoje de tentar avançar para o uso de vocês algumas
relações essenciais e fundamentais para assegurar de início o
que neste ano trataremos à respeito de nosso tema, à respeito de
nosso sujet[24].
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o menor número inteiro
que não está inscrito
no quadro
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LÓGICA E ESCRITURA
Este axioma vem formalizar o uso matemático que tende
precisamente a isto: que quando nós temos em algum lugar, e
não somente em um exercício de álgebra, colocada uma letra A,
a retomamos em seguida como se na segunda vez em que nos
servimos dela ela fosse sempre a mesma. Não façam esta
objeção que eu não faço...
Saibam que nenhuma enunciação correta de um uso qualquer
da letra no que está mais próximo a nós, por exemplo o uso de
uma cadeia de Markov[30], necessitará de todo aquele que
ensina a etapa propedêutica de fazer sentir bem isso que tem de
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(Y e B) (Y e A – Y e y’)[32]
A contradição consistiria em por B em lugar de Y cada vez que
nós fazemos B elemento de B, resulta disto que posto que ele
forma parte de A, ali não deve formar parte de si mesmo. Se
por outro lado, B estando posto, substituído no lugar deste Y se
não forma parte de si mesmo satisfazendo o parêntese da
direita, forma parte portanto de si mesmo em um desses y
elemento de B: eis aqui a contradição na qual nos coloca o
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A REPETIÇÃO
Vou fazer-lhes sentir primeiro do modo mais simples e em
seguida de um modo um pouco mais rico.
A questão se coloca em saber se este B, colocado como um
significante que não engendra nenhuma significação, forma
parte do universo do discurso. Eis aqui dois exemplos.
O livro
Nós voltamos com o livro aparentemente no universo do
discurso. Mas na medida em que o livro tem algum referente, e
onde ele também pode ser um livro que tem que cobrir uma
certa superfície que registra algum título, o livro compreenderá
alguma bibliografia, o que quer dizer alguma coisa que se
apresenta apropriadamente para imaginarmos isto: do que
resulta portanto que um catálogo viva ou não viva no universo
do discurso. Se eu faço o catálogo de todos os livros que
contém uma bibliografia, naturalmente não é de bibliografias
que eu faço o catálogo. Contudo, ao catalogar estes livros,
enquanto que nas bibliografias eles se reenviam uns aos outros,
posso muito bem cobrir o conjunto de todas as bibliografias. É
aqui que pode situar-se o fantasma que é propriamente o
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31. O texto francês utiliza aqui o neologismo principielle. Parece algo da ordem de
um “princípio”, do qual pode participar também a idéia de “principal”.
32. O último e da fórmula deve constar como barrado ( / ). Não consta como barrado
por impossibilidade técnica.
33. No texto francês aparece n’est point, expressão literária – ao gosto de Lacan – para
“negação”.
34. No texto francês aparece boucler, que deu origem ao português “bucle”, grafado
pelo Aurélio. Criei o neologismo a partir daí, mesmo embora pudesse ter utilizado o
verbo “riçar”, já existente.
35. Soldado francês servindo na Argélia. Faire le zouave significa “maliciar”, “bancar
o palhaço”.
36. O verso a que Lacan se refere, neste seminário apócrifo, está no capítulo 5 do livro
de Daniel, conhecido como “O festim de Baltazar”, e a mencionada inscrição aparece,
na verdade, no versículo 25. Os versículos 26,27 e 28 são dedicados à interpretação de
cada um dos três termos, já que o primeiro aparece de forma repetida; é por aí, aliás,
que Lacan toma a questão da repetição. Por uma questão de rigor, se considerarmos a
repetição de Mane, conforme aparece no texto aramaico, seria preciso adotar, conforme
ao mesmo texto, para o terceiro termos a forma Parsin, em vez de Farés. – Conforme
aos comentadores da Bíblia de Jerusalém, “Na forma desses vocábulos misteriosos
reencontram-se os nomes de três pesos ou moedas orientais: a mina, o siclo e a meia-
mina (parás), e os termos se prestaram “a série de trocadilhos dos versículos 26-28,
mane sugerindo o verbo maná (medir), tecel, o verbo shaqal (pesar), e parás, ao
mesmo tempo o verbo paraç (dividir) e o nome dos persas. Não há unanimidade sobre
o sentido da seqüência: alusão ao valor decrescente dos três impérios que se sucedem
(babilônios, medos, persas), ou dos três reis: Nabucodonosor, Evil-Medorac e Baltazar
(ou ainda : Nabucodonosor, Baltazar e os reis dos medos e persas) ou, enfim, algum
provérbio antigo cuja pista se perdeu.
37. É possível que esta palavra incompleta, bet... se refira a bêtise, asneira.
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