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INTRODUÇÃO
interesses comerciais, trazendo conceitos, valores e ideias que levam a uma prática.
Em sua grande maioria, as pessoas adotam tais práticas sem qualquer critério
crítico, sem uma reflexão sobre quais as consequências disso para as suas vidas.
Sem dúvida, o intercâmbio cultural deve ser estimulado, mas com critérios e
são colocadas diante de situações do cotidiano que irão exigir delas a capacidade
de entender quais a variáveis que estão envolvidas nessas questões, sejam elas de
ordem profissional, familiar, política, ética, social ou existencial para, então, poderem
se posicionar adequadamente.
principalmente das crianças e jovens, deve ser fomentado de maneira relevante nas
instituições de ensino brasileira, para que essas possam aprender a pensar de forma
crítica e autônoma.
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que este ensino não se restrinja a apenas a uma abordagem histórica, mas uma
Justificativa:
espírito crítico. Sem um ensino filosófico que estimule o educando a reflexão crítica,
logrará êxito.
Questão Norteadora:
de crianças e jovens com uma mente crítica e que saibam se posicionarem, através
Objetivo Geral:
Objetivo Específico:
Metodologia
ATUAIS
iluminadas quase que de forma sobrenatural, para realizar uma tarefa que diz
do dia-a-dia.
A atividade filosófica vem sendo colocada de lado nos dias atuais por pessoas
Este fato ocorre quase que de forma inconsciente, mas é uma determinante
em suas vidas.
não da ideologia vigente de sua época, subjugadas ao que nos ensina Paulo Freire
que permeia o modo de pensar a vida daquela sociedade, fazendo com que atribua
maior ou menor valor a alguma coisa que é apresentada de acordo com esse
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contextualiza melhor com sua proposta pós-moderna de vida, que visa a alcançar
busca de formas e fórmulas para aperfeiçoar os processos, para obter maior lucro
com o menor gasto possível. Essa fala, proveniente do modelo representado pelo
contrário, nos dias de hoje, o filósofo é enxergado como uma figura exótica, e a
filosofia como alguma coisa alienada à realidade, em face desse viver pós-moderno.
pautada pela competição, em que a ciência e a técnica são colocadas num patamar
ou status superior às demais áreas da vida, acreditam que a filosofia não tenha
espaço por entenderem não ser tão útil em seu projeto num contexto como esse.
pessoas passam a achar que esse tipo de atividade é para quem não tem muito que
aparentemente sem importância que possa parecer não o despreza, pois sabe que
todas as questões exigem respostas que poderão ajudar as pessoas a saciar sua
A filosofia também buscará respostas sobre questões que aos olhos das
empiricamente ou não. Coisas que pareceram, a priori, sem importância, mas que
mas continua sua busca, com cuidado e sem pressa de conhecimento, que
propiciará às pessoas uma vida consciente e, portanto, livre para tomar suas
decisões, tendo como preocupação maior a ética, a justiça e o viver bem com
escrutínio.
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acadêmica ou transcendental.
isto possa ocorrer, para chegar a uma conclusão razoável, será necessário muito
esforço em pesquisar e refletir sobre o que já foi alvo de reflexão e sobre o que,
Cada conceito deve ser visto como fragmento de uma verdade total em que
encontra o seu significado. É precisamente a construção da verdade a
partir desses fragmentos que é a principal preocupação da filosofia.
Não existe um caminho fácil para a definição. O ponto de vista de que os
conceitos filosóficos devem ser fixados, identificados e usados apenas
quando seguirem exatamente os ditames da lógica da identidade é um
sintoma da busca da certeza, o impulso muito humano de reduzir as
necessidades intelectuais a pequenas proporções. Seria impossível assim
converter um conceito em outro sem prejudicar sua identidade, como o
fazemos ao falar de um homem, de uma nação ou de uma classe social
como se permanecessem idênticos a si mesmos, embora as suas
qualidades e todos os aspectos da sua existência material estejam
passando por mudanças. (HORKHEIMER, 2007, p.172).
assim fosse, seria uma contradição, visto que a filosofia notabiliza-se pelo pensar e
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apresentados ao longo da história, pois cada tese sobre determinado problema vai
dia, e esse trabalho não acaba nunca. Muitas teses são elaboradas sobre uma base
que já foi construída por outro, mesmo que estas sejam para afirmar a falibilidade
curiosidade, para aplacar esse espanto, essa admiração que coloca o filósofo em
função dos temas abordados naquele momento que denotou grande argúcia do
A filosofia surge não como uma invenção, mas como uma consequência à
Quando se depara com o mundo ao seu redor, ele se convence que tinha
que haver algo mais para explicar o cosmo. As estórias dos sábios e o mito já não
eram mais suficientes para trazer as respostas que se buscava e responder a sua
fez com que ele se convencesse de que deveria haver um elemento fundamental
perfeito e belo.
infinda de respostas acerca do cosmo. Para responder as perguntas que surgiam, foi
deveria haver não apenas uma estória fantasiosa, mítica ou religiosa que contasse
existir um elemento que seria responsável por dar a ordem, beleza e harmonia ao
fundamental. Dessa maneira, o homem volta os seus olhos para o mundo físico ao
redor para explicar o cosmo e começa a criar as suas teses sobre a origem de todas
as coisas.
Parece que Tales tinha dentro de si um profundo desejo, como o que foi
Tales de Mileto (624-558 a.C.), nascido em Mileto, antiga colônia grega onde
Hoje é a Turquia, buscava explicações através de suas causas. Foi aí que ele saiu
em busca da arkhé, palavra grega que significa origem, o que vai à frente e o que
comandava a harmonia no cosmo era a água, ela era o arkhé que dava as
antigos que mergulharam na busca de respostas sobre o que deveria ser o arkhé
Anaximandro (610-545 a.C). Discípulo de Tales, ele entendia que o arkhé era
como o fator principal e único para explicar a possibilidade de existência das coisas
e do cosmo, mas dizia ser o apeiron o fator último gerador de tudo mais. Esse
pensamento transcendia o que até aquele momento estava sendo posto, mas estava
na busca do princípio.
Tales foi criticado por seu contemporâneo Anaximandro (610-545 a.C), que
rejeitou sua visão de um mundo feito de água e propôs uma diferente.
Anaximandro organizou a cosmologia tradicional grega, distinguindo terra,
ar, fogo e água e explicou como as várias propriedades desses elementos
– o quente e o frio, o molhado e o seco – atuavam umas sobre as outras e
se opunham entre si.
(...) Pressionado a dizer, em resposta a uma pergunta de Tales, qual dos
elementos era o mais básico, Anaximandro declarou: ‘Nenhum deles’. A
fonte última do universo e o ingrediente básico de todas as coisas, disse
ele, é algo que não podemos perceber. Chamou isso apeiron, que
poderíamos traduzir simplesmente como ‘matéria básica’, embora a palavra
grega signifique ‘irrestrito’ ou ‘ilimitado’. Em termos da história da ciência,
esse foi talvez o primeiro caso significativo da inferência de um postulado
teórico, que se pretende que exista para explicar fenômenos perceptíveis,
embora esse algo não seja ele mesmo perceptível. (Elétrons e genes são
exemplos mais recentes). (SOLOMON; HIGGINS, pp.54-55).
racional iniciado por Tales foi Anaxímenes (585-529 a.C). Discípulo de Anaximandro,
ar como elemento principal para sustentar todas as coisas, e, embora sejam poucas
as informações sobre este, sua contribuição foi também muito importante como
alguém que buscou entender seu mundo a partir do pensamento racional, sendo
do pensamento filosófico. Este foi um período muito rico em nomes. Mas estes três
mesma região de Mileto e terem tido uma vida em comum, já que um foi discípulo do
fato foram deixadas influências profundas em suas vidas, poderia se imaginar que
mestre. Mas pelo menos nesta questão da archél, cada um destes três pensou em
admiração pelo seu mestre, o que falou mais alto foi o desejo de responder à sua
apesar das fortes influências que possam incidir sobre cada pessoa de forma
mas o que deverá prevalecer deve ser o compromisso com a razão e a coerência.
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responder as perguntas que faziam sobre o que vinha ser o princípio, através do
darem suas respostas foi importantíssimo e original, mas o que deixou um legado
histórico foi a forma que isso foi feito. Sobre essa questão, Mário Guerreiro tem a
dizer:
cosmo. Estes homens buscavam o princípio, a base que daria a condição das
Nos dias de hoje, onde se tem muitas afirmações científicas sobre o mundo
natural, e não somente sobre a phisis, mas sobre a vida de modo geral, ainda
assim, o homem entende que existem questões que ainda não foram possíveis de
como esta é vital para desenvolver uma busca racional. É um caminho que exigirá
coragem, pois com certeza no momento em que uma nova ideia é colocada
detidamente de forma racional e rigor filosófico o mundo que nos cerca, pois muitas
coisas chegam até nós apresentada como a ideia mais coerente ou a melhor
posição para se ter e ser seguida, e esta pode não passar de uma ideia que poderá
estar servindo, em alguns casos, para manter o status quo, e beneficiará alguns em
seu ensino passado às pessoas o mais cedo possível, para que aprendam a pensar
que esta tem com o saber e quais as implicações envolvidas para um autêntico
filosofar. Como foi verificado anteriormente, a filosofia tem sua origem na Grécia por
volta do século VI a.C., só que a palavra que designaria este tipo de sábio como
conforme nos diz Bryan Magee (2001, p.15), “ Acredita-se ter sido ele o inventor do
grega, tem seu significado etimológico da seguinte forma: (philos = amigo + sophia =
Não obstante o fato dos termos que se referem à filosofia a partir de sua raiz
com mais detalhes tal definição para melhor entender seu significado.
A palavra philos teve sua derivação na palavra grega philia que tem como
significado amor fraternal. Mas a partir desses indícios, cabe perguntar o que é esse
sentimento que move alguém na direção de...? Não se pode dizer o que se passava
exatamente na mente e no coração daquele que cunhou o termo filosofia, mas não
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seria absurdo dizer que pensava em algo que se expressa o quão significativo era
A sabedoria mudou muito. Tanto mais difícil tornou-se saber o que significa
“amigo”, mesmo e sobre tudo entre os gregos. Amigo designaria uma certa
intimidade competente, uma espécie de gosto material e uma
potencialidade, como aquela do marceneiro com a madeira: o bom
marceneiro é, em potência, madeira, ele é o amigo da madeira? A questão
é importante, uma vez que o amigo tal como ele aparece na filosofia não
designa mais um personagem extrínseco, um exemplo ou uma
circunstância empírica, mas uma presença intrínseca ao pensamento, uma
condição de possibilidade do próprio pensamento, uma categoria viva, um
vivido transcendental. Com a filosofia, os gregos submetem a uma
violência, que não está mais em relação com um outro, mas com uma
entidade, uma objetividade, uma essência. Amigo de Platão, mas mais
ainda da sabedoria, do verdadeiro ou do conceito, Filaleto, e Teófilo... O
filósofo é bom em conceitos, e em falta de conceitos, ele quais são
inviáveis, arbitrários ou inconscientes, não resistem a um instante, e quais,
ao contrário, são bem feitos e testemunham uma criação, mesmo se
inquietante ou perigosa.
Que quer dizer amigo, quando ele se torna personagem conceitual ou
condição para o exercício do pensamento? Ou então amante, não seria
antes amante? E o amigo não vai reintroduzir, até no pensamento, uma
relação vital com o Outro que se tinha acreditado excluir o pensamento
puro? Ou então, ainda, não se trata de alguém diferente do amigo ou
amante? Pois se o filósofo é o amigo ou o amante da sabedoria, não é
porque ele aspira a ela, nela se empenhando em potência, mais do que
possuindo em ato? O amigo seria, pois, também o pretendente, e aquele
de que ele se diria o amigo seria a Coisa que é alvo da pretensão, mas não
o terceiro, que se tornaria um rival? A amizade comportaria tanto
desconfiança com relação ao rival, quanta tensão amorosa em direção do
objeto do desejo.
(...) O filósofo é amigo do conceito, ele é conceito em potência. Quer dizer
que a filosofia não uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar
conceitos, pois os conceitos não são necessariamente formas, achados ou
produtos. A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em
criar conceitos. O amigo seria o amigo das suas próprias criações? Ou
então é o ato do conceito que remete a potência do amigo, na unidade do
criador e de seu duplo? Criar conceitos sempre novos é o objeto da
filosofia. (DELEUZE; GUATTARI, 2007 p.11-13).
significado que encharca a filosofia, mas se pode entender a palavra filosofia como
algo cunhado por alguém que queria impregnar a atividade de filosofar com um
AUTÔNOMO
independente e consciente.
temas, esta dinâmica irá propiciar as condições para formação de seu espírito crítico
que diferencia a filosofia dos demais saberes, embora estes também sejam muito
inquiridora, filosófica diante dos temas que estão postos é que faz toda a diferença.
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A atitude crítica
A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer
não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às
idéias da experiência cotidiana, ao que ‘todo mundo diz e pensa’, ao
estabelecido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma
interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações,
os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação
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sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo
isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas
são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que
chamamos de atitude crítica e pensamento crítico.
Quando as pessoas são levadas simplesmente a repetir tudo aquilo que já foi
inéditas, mas de respostas que sejam a mais pura representação de seu pensar
consciente.
embora não seguindo o senso comum, mas também não o despreza. Esta dinâmica
pessoa, mas a verdade como fruto de um pensar plural provocado pela curiosidade
esclarecida sobre o mundo. E, por mais paradoxal que possa parecer, esta pessoa
vai agora, diante desta revelação de caráter dialógico, gerando as suas ideias de
maneira autônoma.
próprias, pois no mundo sempre haverá muitos fatores que interferirão sobre a
manipuladas.
significativa, tendo condições de decidir sobre qual é a melhor postura a ser tomada
justiça, ética, religião entre outros temas. Na medida em que através do exercício
verdadeira investigação em busca das respostas que irão possibilitar construir nossa
ações.
rigorosa para que tenham condições de entender a realidade em que vivem. Quando
corretas.
através do rigor filosófico, situações que até então não haviam percebido, e que
mesmo muitos adultos não conseguem perceber por não terem sido instruídos a
crianças e aos jovens em suas escolas para que estas quando chegarem a idade
coerente.
perceber que o modelo de sociedade em que vivem não esta mais adequada á sua
realidade, e não representa mais o que estas desejam como modelo de sociedade,
expressar será consequência de uma constatação mediada por uma reflexão crítica.
Sem reflexão filosófica significativa a sociedade corre sérios riscos. Uma das
maneiras mais eficazes utilizadas para manter um estado de letargia social, sem que
que vivem é a melhor que se poderia ter dentro das condições existentes. Tal
Essas questões estão postas diante das pessoas e não se pode negligenciá-
las, pois se estes temas não forem pensados pelas pessoas que fazem parte desta
sociedade e debatidos por todo o seu conjunto, inclusive em seus órgãos diversos
elas poderão repetir práticas e aceitar conceitos que poderão ser determinantes para
Uma atitude inteiramente passiva, com forte tendência ao senso comum faz
para se ter condições de averiguar se esta está sendo a protagonista ou está sendo
mais adequado, sendo coerente com seus conceitos e ideias, fruto de uma
mas a si próprios.
Uma das ações que no Brasil foi implementada no período militar e que
demonstrou de forma prática como a reflexão filosófica é vital, foi o fato da retirada
dentro da sociedade.
indignar-se com a situação imposta foi afetada, e, por conseguinte, sua condição de
sociedade foi a afirmação de que a filosofia não tinha espaço no mundo de hoje
Mas nem somente o poder das armas é o que vai determinar qual será o
caminho que se deseja que a maioria siga. Existem outras formas de manipulação
das massas que são determinadas pela instrumentalização das pessoas com vistas
à obtenção de lucros.
formas de dominação que levam o homem a uma vida limitada e infeliz. Este
cabendo, então, a busca e tomada de decisão para um modelo novo que coloque
feitas por ela própria, além disso, ter humildade de reconhecer onde houver erros,
filosofia, onde esta ocupe papel relevante, para dar as crianças e jovens condições
necessárias para alçar vôos reflexivos, sem medo ou patrulhamento. Para que isso
relação significativa dos jovens com a filosofia, trazendo-a para o dia-a-dia desses,
tornando-se parte de seu caráter, de modo a repercutir por toda a sua vida.
para alcançar as respostas, lançará mão de todas as pontes possíveis com o intuito
refletirem, sendo mediados nesse processo por docentes que os encaminhem desde
específicas de outras disciplinas, denota sua importância, mas para que isso se
repensar a docência com o objetivo de introjetar nas vidas desses alunos conteúdos
Para que a filosofia se torne algo possível no cotidiano dos educandos e que
estes levem este aprendizado para o resto de suas vidas, é fundamental voltar os
olhos para aquele que estará diretamente lidando com os alunos, o docente. E
formação do aluno de forma integral e pensante é vital e urgente. O ensino não deve
reflexivo e crítico a respeito da vida nos dias de hoje e de como as pessoas tem feito
suas opções, e quais são os seus valores e o que ocupa maior espaço em sua
escala de importância.
do mundo perverso em que vivemos, e ela não se propõem a isso. Mas através do
pensar constante e profundo a respeito de tudo que nos rodeia, poderemos enxergar
respostas que não tínhamos visto até então, pelo simples fato de não tê-las
sociedade.
O filosofar como proposta para uma filosofia educacional é uma opção que
poderá produzir frutos benéficos para a sociedade, pois na medida em que os jovens
aprenderem a pensar certo saberão agir certo como fruto desse pensar. (FREIRE,
2002).
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PRIVILEGIE O PENSAR
O ser humano tem a capacidade de, ao longo da sua vida, desenvolver suas
que é inerente ao homem a busca por conhecer e entender o mundo que o cerca. A
pessoas, e sua base intelectual vai sendo construída sistematicamente. Esta base
em seus vários aspectos: sociais, políticos, religiosos, entre outros. Desde sua tenra
meio em que vive e qual a sua participação nele. Sempre movida pela sua
mais tenra idade. É importante perceber que esse processo poderá ser
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incidindo sobre essa criança, tais como: estrutura familiar, condição econômica,
adequada essa jornada de aperfeiçoamento. Sobre isto nos ensina o filósofo John
Dewey (2007, p.82), “Nesse ponto, revela-se a intima ligação entre filosofia e
técnica”.
Diante de tão relevante posição, a filosofia não pode ser vista como um
amontoado de conceitos difíceis e distante, mas deve ser considerada como algo
com utilidade prática. Em função disto, o seu estudo poderá se tornar muito
importante, pois a filosofia tem implicações diretas com inúmeros aspectos do viver
diário.
possível, e para que isso ocorra a participação do aluno será muito importante. Sem
vigentes. Tal resultado será consequência de uma ação educacional que não
em seu desejo de conhecer, nos mostra como algo que deveria ser usado para ser
um instrumento valioso para construir pessoas com apetite para conhecer, pode
crianças.
mas estabelece o que ela deve efetivamente conhecer, pode decretar a sentença de
sua anulação intelectual, pois a levará não ao saciar de sua fome natural, mas a um
individuais que merecem ser respeitadas. Em função desse fato, seu desejo de
tem de aprender efetivamente não é aprendido, mas, decorado, e esse modelo não
ajudará a construir uma relação significativa com os saberes passados a ela e desde
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sua via.
pessoas passam a não mais buscar o que verdadeiramente interessa, mas a cumprir
aquilo que lhe foi incutido em suas mentes que deveriam cumprir para serem aceitos
uma perspectiva de melhora e aperfeiçoamento como algo quase que inatingível por
não saberem o que fazer por não terem pensado uma alternativa.
É fundamental atentar que dentro de uma sociedade todos de certa forma são
alunos em suas preferências é fundamental saber que esta preferência pode ter sido
motivada por influências que justamente se desejava evitar. Pode ocorrer que aquilo
que interessa ao jovem pode não ser verdadeiramente relevante, mas ainda assim é
será quem ajudará ao aluno a encontrar o caminho para o pensar certo. (FREIRE,
2002).
nãio há espaço para a crítica, esta sociedade corre riscos. Quando tudo que se
criativo vai sendo limitada. Quando o pensar de forma diferente do modelo vigente
inquietação que resulte numa disposição em começar a investigar aquilo que parecia
e para uma formação mais integral da pessoa, em especial dos jovens, dentro do
ensino fundamental, de maneira inicial nas turmas de 6º ano nas escolas brasileiras.
levar essa atitude como uma postura de vida no seu dia a dia.
autônoma, que pensem por si mesmas, e saibam fazer suas escolhas baseadas em
princípios e conceitos éticos que valorizam o próximo e o meio ambiente, é algo que
é um direito que deve ser instaurado o mais cedo possível, pois desenvolver suas
Todos os seres humanos têm o direito de decidir os rumos das suas vidas.
Também crianças e jovens têm esse direito, como cabe-lhes o direito de
aprender a dominar o uso das ferramentas intelectuais que lhes
possibilitem as decisões. Têm o direito de ser educados para a autonomia.
Nesse sentido, uma iniciação filosófica relativa aos bons procedimentos do
filosofar deve ser iniciada quanto antes (LORIERI, 2002, p.43).
que valorize o pensamento autônomo que trate de questões que são pertinentes a
investigação ética fora do contexto da filosofia, pois a ´´ ética é parte da filosofia ...”.
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(LIPMAN,1990, p.91). E para que isso ocorra, não será a implantação de leis que
possibilidade de ajudar a formar esse aluno em uma pessoa que valorize não só a
atitude em sua vida, ou seja, uma atitude reflexiva, rigorosa, ética e coerente. Seria
sua prática.
A coerência deve ser um exercício diário para que a docência não seja
O professor que realmente ensinar, quer dizer, que trabalha com conteúdos
no quadro da rigorosidade do pensar certo, nega, como falsa, a fórmula
farisaica do “faça o que eu mando e não o que eu faço”. Quem pensa certo
está cansado de saber que as palavras a que falta corporeidade do
exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo.
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sem que esta seja fruto de reflexão rigorosa e livre. O Aluno deve ser estimulado a
refletir e desenvolver uma atitude crítica, para que tenha condições de avaliando e
pensando, tenha condições de elaborar suas próprias idéias e fazer suas próprias
interferem diretamente na vida dos alunos e que terão reflexos no resultado final. O
professor precisa estar seguro quanto a suas posturas e preparado para tal
atividade. O texto abaixo mostra algumas dessas situações que estão presentes e
vão mais longe dizendo: ‘ O professor que não se assume como filósofo
não tem a menor chance de ensinar filosofia’. (SOUSA, p.p45-46).
A docência é uma atividade que tem como proposta ajudar a formar o aluno
de maneira que ele seja capaz de seguir em sua vida em condições de continuar
relacionamento e na medida em que essa dinâmica ocorre não há dúvidas que tanto
a dia das pessoas deverá ser levado em conta quando estes forem escolhidos, mas
existem conteúdos que deverão fazer parte do currículo pois são temas relevantes e
em sala de aula. Sem dúvida, existe uma grande variedade de assuntos que pode
reflexiva e crítica.
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acostumados a tal exercício. Mas há alguns temas que devem ser considerados
tratar sobre as relações sociais dentro de uma perspectiva filosófica e como essas
problemas que são próprios da filosofia e que também estão relacionados com seu
viver diário. Pensar sobre temas próximos a eles, que efetivamente fazem parte de
seu contexto, será altamente proveitoso, pois ao avaliarem tais questões, terão a
rigor e na radicalidade de um autêntico filosofar, irão constatar qual tem sido o seu
sem dúvida, não existe um modelo que possa ser considerado o ideal. O exemplo
7. Formulando perguntas
Os estudantes devem estar familiarizados com os defeitos de que estão
comumente impregnadas as perguntas, tornado-as vagas, adulteradas,
autocontraditórias, se sentido ou baseadas em suposições incorretas.
9. Dando razões
Quando os estudantes se comportam de maneira questionável,
costumamos pedir justificativas por suas ações. Nós também pedimos que
citem razões para sustentar opiniões questionáveis. Os estudantes devem
ser capazes de diferenciar razão de explicação – esta última não justifica,
mas ambas usam o termo ‘porque’.
14. Generalização
Alunos trabalhando com dados devem ser capazes de notar certas
regularidades ou uniformidades que existem realmente e construir
generalizações que se aplicam a estes exemplos e similares. Os alunos
devem estar atentos aos riscos envolvidos em tais generalizações.
23. Exemplificação
Muitas crianças que têm dificuldades em generalizar e desenvolver
conceitos têm, no entanto, facilidade em dar exemplos – contrariamente ao
que acontece a muitos adultos. A aptidão para dar exemplos é essencial
para a capacidade de aplicar idéias a situações concretas. Igualmente
essencial é a aptidão de dar contra-exemplos como um meio de refutação.
25. Contextualizando
Os estudantes devem ser capazes de reconhecer como as afirmações
mudam de sentido – e provavelmente seus valores verdadeiros – quando
são aplicados a contextos diversos. Assim, afirmando que alguma coisa é
verdade, devemos estar preparados para dizer em que circunstâncias
poderia ser falsa, e vice-versa. Também devemos ser capazes de fornecer,
da experiência prévia, contextos que fariam significativas algumas
declarações elípticas.
for evidente que esse alguém era incapaz de prever o que aconteceria
como resultado de seu ato.
relações diárias com as pessoas e o mundo e como é importante saber lidar com
tantas questões. Cabe, então, também ao professor um preparo que lhe possibilite
sejam alcançados.
fato de terem sido apresentadas a esta disciplina de maneira inapropriada, o que fez
com que a disciplina parecesse sem sentido e enfadonha. Talvez o que tenha ficado
consultas sobre temas que terá de decorar no momento de sua avaliação, mas a
percebe como algo que lhe ajudará a entender e conhecer a si, a sociedade e o
mundo de maneira mais precisa, talvez esse se sinta mais motivado ao aprendizado
que possam conciliar o prazer com o aprofundar-se nos temas filosóficos através da
reflexão rigorosa?
encontrar sentido naquilo que estão fazendo e façam isso com interesse. Ao
que use-o como elemento para tal, numa participação coletiva mediada por
propostas.
crianças e jovens um aprendizado onde toda motivação não seja de ordem negativa,
em que o aluno é movido a preparar-se para ser avaliado num modelo que privilegia
o decorar o conteúdo da avaliação. Este tipo de pressão faz com que o aprendizado
crianças podem descobrir, por si mesmas, a relevância, para suas vidas, dos ideais
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possam aprender compartilhando suas ideias. Esse “fórum” designado por Lipman
sobre tais ideais norteadores e consigam desenvolver sua posição sobre tais
questões.
de uma proposta que visa fazer com que o aluno possa criar um vínculo significativo
com a filosofia, onde nesse compartilhar de ideias ele será respeitado e ouvido.
ideias, chegar a respostas que desencadearão outras perguntas que exigirão novas
respostas.
quando o aluno percebe que nesse processo ele não somente entendeu a disciplina,
O ensino de filosofia deverá buscar encontrar meios para que possa ser o
mais significativo possível, visto que se houver gosto pelo estudo, se houver
de forma a tornar-se um legado que permanecerá com a pessoa por toda sua vida.
Para que isso ocorra, será preciso criatividade da parte dos professores em provocar
nos alunos essa curiosidade por conhecimento. “Neste sentido, o bom professor é o
que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu
pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma ‘cantiga de ninar’. (FREIRE,
2002, p.33).
passa por uma docência criativa e em constante preparo. Será preciso buscar
importante que possam ter sua curiosidade aguçada, com vista de se sentirem
pensarem com autonomia um mundo que seja verdadeiramente melhor para todas
as pessoas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ano, tenham o direito de ter acesso o mais cedo possível a uma educação para o
pensar. Essa iniciativa será de grande benefício, pois esses estarão sendo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
SOLOMON, Robert C. & HIGINS, Katlheen M. Paixão pelo Saber uma Breve
FREIRE, Reglus Neves Paulo, Pedagogia do Oprimido. 17ª. Edição, São Paulo:
Editora, 1997.
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SILVEIRA, Renê J.T. & GOTO, Roberto. Filosofia no Ensino Médio – Temas,
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REZENDE, Antônio. Curso de Filosofia. 14ª. Edição, Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
HORKHEIMER, Max. Eclipse da Razão. 7ª. Edição, São Paulo: Centauro Editora,
2007.