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Campus Cariri
3o Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011
jpossiano@hotmail.com, robertocunha@ufc.br
Introdução
[…] produziu uma revolução de tal alcance que mudou todos os termos de
todos os problemas que o homem se propusera em filosofia no passado e
passou a condicionar também os termos nos quais o homem os proporia no
futuro. Em outras palavras, a mensagem bíblica condicionará aqueles que a
aceitam, obviamente de modo positivo, mas também condicionará aqueles
que a rejeitam [...] 1
1 G. Reale, p.8
Universidade Federal do Ceará
Campus Cariri
3o Encontro Universitário da UFC no Cariri
Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011
Durante longos anos ele buscou a verdade pela razão; na época de suas
convicções maniqueístas, acreditou tê-la encontrada por esse método, então,
após um doloroso período de ceticismo, atormentado pelo desespero de
encontrar a verdade, constatou que a fé tinha permanentemente à disposição a
mesma verdade que sua razão não pudera atingir. Por tanto, em teoria, parece
lógico partir da razão para chegar à fé, mas na prática, não seria melhor o
método contrário? Não seria melhor crer para saber do que saber para crer, ou
mesmo para saber? É ao menos isso que sua experiência persuade Agostinho
e de que ele, por sua vez, quer nos persuadir.3
Aquele que diz não ter entendido, ouça um conselho. No momento de revelar
uma verdade tão importante e profunda, Cristo Senhor se deu conta de que
nem todos a entenderiam, e por isso nas palavras que seguem dá um
conselho. Queres entender? Crê. Deus, com efeito, por meio do profeta, disse:
"Se não crerdes, não compreendereis". É isso que o Senhor entende, quando,
continuando diz: "Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá se esta
doutrina é de Deus, ou se falo por mim mesmo". O que significa "se alguém
quiser fazer a vontade dele"? Eu dissera: se alguém crer; e tinha dado este
conselho: se não compreendeste, crê! A inteligência é fruto da fé. Não
procures, portanto, entender para crer, mas crê para entender; porque, se não
crerdes, não entendereis.4
A fé procura, a inteligência encontra; por isso o Profeta diz: "Se não crerdes, não
compreendereis". E por outro lado a inteligência procura ainda aquele que
encontrou; porque "Deus observa os filhos do homem", como se canta no Salmo
inspirado, "para ver se há quem tem inteligência, quem procura Deus". Portanto,
por isso o homem deve ser inteligente, para procurar Deus.5
Conclusão:
Agostinho mostra que a fé tem seu caráter racional justamente onde reside sua
possibilidade, isto é, na alma racional. Daí apenas o homem, entre todas as criaturas
poder crer. Sem a fé a razão torna-se limitada para encontrar a Verdade, nesse sentido a
razão necessita da fé para purificar-se de seus limites, porém, é a própria razão que dá
lugar a fé, ou seja, a razão dá assentimento à fé. Em Agostinho, crer é condição para
conhecer a Verdade, pois uma razão que tentar conhecer sem crer, jamais conseguirá. A
fé portanto, não é um fim em si mesma, mas impulsiona a razão para que, purificada,
possa continuar seu exercício.
Bibliografia:
GILSON, Etienne. A Filosofia Na Idade Média. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo:
MARTINS FONTES, 1995. pp. 142 a 158.