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Universidade Estadual de Feira de Santana

Disciplina: História da Filosofia Medieval - 2023.2 (Noturno)


Discente: Cristian Gaspar Teixeira

Fichamento do capítulo II do texto "O Espírito da Filosofia Medieval" de


Étienne Gilson

• São Paulo propõe o cristianismo como uma sabedoria real com aparência de
loucura, enquanto a filosofia como loucura real com aparência de sabedoria,
por esta última frustrar a lógica de se ceder à sabedoria divina que para ele é,
necessariamente, superior à nossa.
• A razão humana tem limites muito claros, os quais não podem ser
ultrapassados, a não ser pela fé na Revelação. Segundo Clemente de
Alexandria, a fé precisa ser enxertada na razão: pois esta é natural do ser
humano e aquela é um dom sobrenatural.
• O Apóstolo Paulo reconhece uma possibilidade de se chegar a supor Deus
pela razão, ao contemplar o espetáculo das obras criadas. Também admite
haver um conhecimento natural da lei moral, sem necessariamente ter de
recorrer à fé. Disso decorre um problema: qual a diferença entre o
conhecimento racional e o revelado? O texto apresenta São Justino como
resolvedor deste problema.
• O cristianismo se aproxima fortemente da tendência de visão que autores
como Platão e Aristóteles têm do contato com a verdade pelo conhecimento e
sua aplicação na vida através da virtude, com vistas à beatitude.
• A filosofia cristã é um esforço para transformar verdades cridas em verdades
sabidas por parte do fiel. O verdadeiro filósofo cristão é aquele que, ao invés
de somente crer, encontra dentre as verdades de fé aquelas às quais poderá
demonstrar racionalmente.
• A filosofia em si mesma, na sua essência formal enquanto exercício racional,
não pode ser cristã, nem mesmo judaica ou de qualquer outra religião. O que
se chama de filosofia cristã é, portanto, simplesmente o campo das
proposições específicas da religião, das quais a própria razão irá tirar suas
conclusões. Tal como qualquer outro objeto de estudo, a religião também pode
ser desvelada pela filosofia e, como há Filosofia da Religião, há Filosofia Cristã,
não necessariamente enquanto cristãos que filosofem, mas como Filosofia que
investigue o cristianismo.
• As propostas de debate de cristãos para com não-cristãos, do ponto de vista
argumentativo-filosófico, não podem partir de uma tentativa de prova da fé, ou
por meio das verdades em que se crê, mas tem de ser um chamado a
demonstrações racionais da fé as quais, se não foram realizadas até então,
exigem mais esforço por parte do filósofo cristão para fazê-lo.
• Para evitar a vanas/turpis curiositas, para a qual santos como Agostinho
alertam, é necessário buscar na filosofia primordialmente um amparo teórico
para a conduta religiosa, tudo o que excede a isso pode ser um perigo para o
cristão.
• O que garante ordem e unidade na filosofia cristã é que sua reflexão se limita
ao conhecimento de Deus, de si e de sua relação com Deus. Tendo propósitos
tão bem delimitados é fácil imaginar que seja uma reflexão muito bem
sistematizada: seu objeto é um recorte da realidade que, mesmo tendo tudo
de universal, permanece sendo somente um contorno de tudo o que ela é.

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