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O r d e m do s A d v o g a d o s d o Brasil

A OAB na D e m ocr aci a C o n s o l i d a d a ( 1 9 8 9 - 2 0 0 3 )

Rubens A p p r o b a to M a chado
(1.2.2001 a 31.1 .2 004)
O p h ir Cavalcante J u n io r
(1.2 .2 010 a 31.1.2 013)
P r e s id e n te s da O A B

H e rm ann Assis Baeta


C o o rd e n a d o r

M arly Silva da M otta


A u to ra-P esquisadora
Ai
_______ H -istó ria da
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
A OAB na D e m o c r a c i a C o n s o l i d a d a ( 1 9 8 9 - 2 0 0 3 )
História da O rdem dos Advogados d o Brasil:
O A B na Dem ocracia Consolidada (1 9 8 9 '2 0 0 3 )
Copyright © 2006, O AB - O rdem dos Advogados do Brasil
C o nselho F ederal da OAB
SAS Q uadra 5 Bloco M Lote / Edifício Sede da O AB
70 07 0-93 9 Brasilia DF

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação,


no todo o u em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei n- 5 .988)

r Edição * 2 0 1 0

C o n s e l h o C o n s u l t iv o

Rubens A p p rob ato M achado - ex-Presidente da OAB/CF


Ivan A lk m in - ex-Presidente d o lAB
H erm ann Assis Baeta - C oordenador - Projeto H istória da O AB
)osé G eraldo de Sousa Júnior - Advogado
A nn a M aria B ia nch ini Baeta - Pedagoga

Projeto gráfico, capa e diagram ação:


Studio Creamcrackers

C ip-B ra sii. C atalogação na fonte.


S in d ica to N a c io n a l dos Editores de Livros, Rj.

H673 História da O rd e m dos A dvog ados d o Brasil / H e rm a n n Assis Baeta, coordenador.


- Rio d e ja n e iro : OAB, 2 0 W . 7 v. : il. ; 2 3 cm.

C onteúdo: v. /. O l A B e o s advogados n o im pé rio / Lúcia M ãria Paschoãl Guimarães,


Tânia Bessone - v. 2. Luta pela criação e re s is tê n c ia s /A u ré lio W and er Bastos - v.
3. O lO A B na P rimeira R epú blica / Lucia M a ria Paschoal G uimarães, Tânia Maria
Tavares Bessone, M a rly Silva da M o tta - v. 4. Criação, p rim eiros percursos e d e ­
safios ( 1 9 3 0 - 1945) / Lúcia M a ria Paschoal Guim arães, Tânia B e s s o n e -v . 5. D a
redem o cratiza ção ao Estado D e m o c rá tic o de D ire ito (1 9 4 6 - 1988) / M a rly Silva
da M o tta , A n d ré Vianna Dantas - v . 6. A O A B na d e m ocra cia co n so lid a d a / M a rly
Silva da M o tta - v. 7. A O A B na voz dos seus presidentes / M a riy Silva da M otta.

ISBN S 5-8 7260 -37 -5 (v. I). - ISBN 85 -8 7 2 6 0 -4 0 -5 (v.2). - ISBN 85-872 60-39-1
( v 3 ) . - ISBN 85 -8 7 2 6 0 -4 2 -1 (v.4). - IS B N 8 5 -8 7 2 6 0 -8 6 -3 (y.5). - IS B N 9 7 8-85 -
7 9 6 6-0 05-4 ( v 6). - ISBN 8 5 -8 7 2 6 0 -3 8 -3 (v. 7)

1. O rd e m do= ■' 'vogados d o Brasil ~ História. 2. A dvog ados - Brasil. I. Baeta, H e r­


m a n n Assis :imarães, Lúcia M a ria Paschoal. III. Bessone, Tânia M a ria Tavares.
III. Bastos, Aü, ,. 1 / 0 W a n d e r IV. M o tta , M a rly Silva da. V. Dantas, A n d ré Vianna.
C D D : 34 i. 415
Suzana Dias da Silva - C R B I / 1 964
tü_siD_rJa_ d_a
O r d e m dos A d v o g a d o s d o Brasil
A OAB na D e m o c r a c i a C o n s o l i d a d a ( 1 9 8 9 - 2 0 0 3 )

Diretoria da O rdem dos Advogados do Brasil


(1^.02.2001 a 31.01.2004)
Rubens A p p ro b a to M ach ad o - Presidente
Roberto À n to n io Busato - Vice-Presidente
G ilb erto Com es - Secretário-Cera!
Sergio Ferraz - Secretário-Cera! A d ju n to
Esdras Dantas de Souza - Diretor-Tesoureiro

Diretoria da O rdem dos Advogados do Brasil


(02.2004 a 02.2007)
Roberto A n to n io Busato - Presidente
Aristóteles Dutra de A raújo Atheniense - Vice-Presidente
R aim undo Cézar B ritto Aragao - Secretário-Cera!
Ercílio Bezerra de Castro Filho - Secretário-Cera! A djun to
Vladim ir Rossi Lourenço - Diretor-Tesoureiro

Diretoria da O rdem dos Advogados do Brasil


(02.2007 a 02.2010)
Cézar Britto - Presidente
V ladim ir Rossi Lourenço - Vice-Presidente
Ctéa Carpi da Rocha - Secretària-Cera!
A lberto Zacharias Toron - Secretário-Ceral A djun to
O p h ir Cavalcante ju n io r ~ Diretor- Tesoureiro

Diretoria da O rdem dos Advogados do Brasil


(02.2010 a 01.2013)
O p h ir Cavalcante ju n io r - Presidente
A lb e rto de Paula M a ch ad o ~ Vice-Presidente
M arcus Vinícius Furtado Coelho - Secretário-Ceral
Márcia Regina M achado Melaré - Secretária-Ceral Adjunta
M ig uel Angelo Cançado - Diretor-Tesoureiro
OS AUTORES

Marly Silva da Motta

Pesquisadora d o C entro de Pesquisa e D ocum entação de H istória C o n ­


tem porânea do Brasil (C PD O C ) e professora dos cursos de graduação e pós-
graduação da Escola de Economia e Adm inistração da Fundação Getulio Vargas.
D outora em História Social pela Universidade Federal Flum inense. Publicou
livros e capítulos de livros, destacando-se A nação f a z cem anos: a questão na­
cional no centenário da Independência (1992); Engenheiros e economistas: novas
elites burocráticas {\992); Saudades da Guanabara: o campo político da cidade do
Rio de Janeiro (2000); Rio de Janeiro: de cidade-capital a Estado da Guanabara
(2001); Um estado em questão: os 25 anos do Rio de Janeiro (2001); A política
carioca em quatro tempos (2004); Rio, cidade-capital (2004); História em curso:
0 Brasil e suas relações com o m undo ocidental (2004). Participou, com o autora,

dos volumes III, V e VII da coleção História da O rdem dos Advogados do Brasil.
Hermann Assis Baeta

Advogado m ilitante no Rio de Janeiro, form ado pela antiga Faculdade


Nacional de Direito da Universidade do Brasil, atual UERJ; ex-presidente n a ­
cional da OAB; ex-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros; titular da
M edalha Ruy Barbosa da OAB e da M edalha Teixeira de Freitas do lAB; autor
dos livros Breve História das Constituintes Brasileiras e Estudos sobre controle
externo do Judiciário, entre outros trabalhos publicados; m em bro da atual C o ­
m issão de Ética Pública do Poder Executivo Federal.
f

5
SUMÁRIO

A presentação _______________________________________________________________ 10

Prefácio I ____________________________________________________________________14

Prefácio I I __________________________________________________________________ 18

In trodu ção - A OAB n a D em ocracia C o nsolidada ____________________________ 20

C ap itu lo I - O s desafios p ó s-C o n stitu in te_____________________________________ 22

1. 1 A rru m a n d o a c a s a _____________________________________________________ 22

1.2 O fim da transição política _____________________________________________ 25

C ap ítulo II - D e volta às trin ch eiras___________________________________________30

2.1 P rim eiros em bates: o P lano C ollor e as p rivatizações_______________________ 30

2.2 U m novo Estatuto em p a u t a ______________________________________________35

2.3 N o olho do furacão: o impeachm ent de C ollor______________________________ 37

C ap ítulo III - O N ovo E statuto d a A d v o c a c ia _________________________________ 44

3.1 São Paulo volta à presidência da O r d e m __________________________________ 44


3.2 C o n tra a revisão constitucional 45

3.3 U m novo Estatuto para u m novo a d v o g a d o ________________________________ 49

C ap itu lo IV - A OAB na era F H C (1) ________________________________________ 54

4.1 As reform as na Constituição de 1988 ______________________________________ 54

4.2 U m a relação delicada: OAB e o Poder Judiciário ___________________________ 57

4.3 U m a relação tensa: OAB e o Poder E xecutivo_______________________________ 60

C ap ítulo V - A OAB n a era FH C ( II ) _________________________________________ 65

5.1 Expectativas fru s tra d a s ___________________________________________________ 65

5.2 A nova face dos direitos hum anos: a luta con tra a v iolên cia__________________ 67

5.3 O Judiciário em cena: C PI ou reform a?_____________________________________ 71

C ap ítu lo VI - R um o ao século X X I ___________________________________________75

6.1 A querela dos discursos __________________________________________________75

6.2 U m a intervenção f r u s tra d a _______________________________________________ 78

6.3 O advogado n o século da g lo b a liz aç ão _____________________________________ 80

C a p ítu lo V II - O sentido e o alcance das C onferências N acionais ______________ 85

C apitulo V III - O Novo Estatuto, o Regulamento Geral e o Novo Código de Ética 111

C a p itu lo IX - A dvogados notáveis que dignificaram a profissão________________118

C a p ítu lo X - Inovações constitucionais com repercussão n a O A B _____________ 153


C a p ítu lo X I - D ireitos H u m an os - relações da OAB com o C D D P H ___________ 160

11.1 O C D D PH sob a D itadura - 19 64a 1975 ________________________________ 162

11.2 O C D D PH reativado na ab ertu ra política - 1979 a 1983 __________________ 165

n .3 O C D D PH na dem ocratização - 1985 a 1994_____________________________ 166

11.4 O C D D P H e a consolidação dem ocrática ' 1994 a 2000 __________________ 168

Fontes e B iblio grafia________________________________________________________ 173

índice O nom ástico___________________________________________________ 176

A nexo I - Novo Estatuto da Advocacia e da OAB _____________________________ 187

A nexo II - R egulam ento G eral da O A B ______________________________________ 224

A nexo III - N ovo C ódigo de É tic a ___________________________________________267

A nexo IV - Presidentes de 1989 a 2 0 1 0 ______________________________________ 286

A nexo V - C am in h ad a cívica_______________________________________________ 295

A nexo VI - Sedes da OAB N acional 297


_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

APRESENTAÇÃO

Este é o últim o livro da coleção H istória da O rdem dos Advogados do Bra­


sil, com posta de sete volumes. A razão de o últim o livro ter recebido o núm ero
6 (seis), quando já foi editado o núm ero 7 (sete), consiste em que este núm ero se
refere à história oral, correspondente à série de entrevistas concedidas pelos 14 ex-
presidentes nacionais, que, por razões óbvias, tiveram de ser colhidas de imediato.
Deste volum e constam dois Prefácios: u m do Presidente R oberto Busato
(2004-2007) e Cézar Britto (2007-2010). Isto se deve ao lapso tem poral decorrido
entre o lançam ento d o volum e 5 e o 6.
M uitos foram os m otivos do atraso, m as vale destacar que sem pre co n ­
tam os com o apoio dos respectivos presidentes e diretorias em todas as fases
das publicações.
Este livro com preende o período que recebeu o subtítulo de “A OAB na
D em ocracia C onsolidada (1989-2003)”
Mereceu destaque a criação do Novo Estatuto que foi intitulado de “Estatuto
da Advocacia” b em com o o “Regulam ento geral e o Novo C ódigo de Ética”
docum entos necessários enquanto fundam entos, princípios, valores e diretrizes
ao exercício d a advocacia no Estado D em ocrático de Direito.
Do ponto de vista da realidade brasileira fez-se necessário abordar fatos
históricos m arcantes, tais como: a im plem entação de u m a nova Constituição, a
atuação d a OAB em face dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Estes assuntos eram , com o outros, relevantes tanto para a história da
OAB do p onto de vista político institucional quanto ao seu papel com o órgão
corporativo.
Os tem as foram abordados nos capítulos constituídos e apresentados na
seguinte ordem:

“Capítulo I - Os desafios pós-C onstituintes”: engloba aspectos internos


da OAB e a transição política.

W •á i
V n l u n u ' t) \ ( > M ’) 11,i l l c n i i )( r , i ( < ' o i i ^ v o I k Í j í K i ■ 1 ' > n ' ' J í l í ) ■-

“Capítulo II - D evolta às trincheiras”: considera aspectos do Plano Collor,


privatizações e o impeachment de Collor, no qual a OAB, a ABI e outras institui­
ções e a população tiveram atuação decisiva d entro da ordem jurídica vigente.
N este capítulo com eça-se a discutir um novo Estatuto.

“Capítulo III - O Novo Estatuto da Advocacia”: aborda as finalidades, os


órgãos que com põe a OAB etc., o processo de elaboração sem pre relacionado
aos fatos históricos e desafios institucionais.

Os capítulos IV e V discutem o papel da OAB nos dois períodos de gover­


n o ou Era FHC. Além das reform as na C onstituição de 1988 são enfatizadas as
relações da OAB com os Poderes Judiciário e Executivo.
São docum entadas expectativas frustradas: a luta contra a violência na
perspectiva dos Direitos H um anos.
O Judiciário é retom ado em face da dúvida: CPI ou Reforma?

“Capítulo VI - R um o ao século XXI”: neste capítulo são com entados os


discursos pronunciados p o r presidentes da OAB em m om entos solenes quando
críticas foram feitas quanto à situação do país.
O teor das críticas provocaram respostas posteriores, inclusive no C o n­
gresso; daí 0 subtítulo “A querela dos discursos”.
Segue-se a situação vivenciada n o Estado do Espírito Santo a questões
relativas à form ação do bacharel em Direito, o Exame de O rdem e as relações
da OAB e os cursos jurídicos.

“Capítulo V II - O sentido e o alcance das C onferências Nacionais”: com o


ponto alto da interlocução entre advogados. São apresentados dados relativos
às dezoito conferências realizadas de 1958 a 2002 em vários estados do Brasil.

“Capítulo VIII - O Novo Estatuto, o R egulam ento G eral e o Novo Código


de Ética”: estes docum entos apresentam as norm as de caráter perm anente e
superior que em basam a ação dos advogados, bem com o o de natureza mais
flexível: o Regulam ento diante das m udanças de cada gestão.

“C apítulo IX - Advogados notáveis que dignificaram a profissão”: consta

#àm 7/
_______________ H is tó ria â a
O rdem dos Advogados do Brasil

do capítulo um a referência mais específica e elaborada de Ruy Barbosa e José de


Oliveira Fagundes, o advogado de Tiradentes e dem ais conjurados. Ele pode ser
considerado um precursor d a advocacia crim inal. Estas escolhas não excluem
outros lum inares que não constaram deste volum e sobre a OAB, m as foram
citados em outros capítulos da coleção.

“Capítulo X - Inovações C onstitucionais com repercussão na OAB”: são


m encionados dispositivos de relevante interesse para a advocacia tais com o a
indispensabilidade do advogado à adm inistração da Justiça, a adoção de m e­
didas provisórias e a faculdade do C onselho Federal da OAB de p ro p o r Ação
D ireta de Inconstitucionalidade e Ação Declaratória de Constitucionalidade.
Na C onstituição de 1988 é conferida a OAB a função constitucional ex­
plícita.

“Capítulo XI - Direitos H um anos - relações da OAB com o C D D P H ”:


criado em 1964, o C onselho de Defesa dos Direitos da Pessoa H um ana com
órgão colegiado tin ha p o r principal atribuição receber denúncias e investigar
violações de Direitos H um anos de especial gravidade. Neste capítulo as relações
da OAB com o CD D PH estão com entadas p o r períodos em razão da própria
realidade brasileira desde 1964 até 2000.
Em seguida às “Fontes e Bibliografia” e o “índice O nom ástico”, são apre­
sentados cinco anexos. Três se referem aos docum entos oficiais já m encionados,
ou seja, Novo Estatuto da Advocacia e o Regulam ento Geral, e o Novo Código
de Ética.

D ando continuidade, as fotos dos presidentes da OAB, já apresentados no


quinto volum e da coleção, recom eça-se a série de presidentes a p artir de 1989.

CONCLUSÃO

C om o se observa, a coleção H istória da OAB contem pla todos os períodos


do exercício da advocacia a p artir de 1843 (1- volum e) até 2003, data do final
da gestão do Presidente Rubens A pprobato M achado, que teve a ideía m agis­
tral da criação desta coleção ao m esm o tem po em que criou tam bém o M useu
Histórico da OAB.

12
V ' o l u n i c (■ A ( ).\|] n , i D r i n o c r . K i,i Í o n s o l i d a d . i I '»<*>') J O i ) i i

Estas iniciativas inauguraram u m a nova fase de com prom isso histórico


da Instituição.
A am pliação deste espaço de m em ória e reflexão se deu com a criação do
C entro C ultural Evandro Lins e Silva, na gestão d o presidente R oberto Busato.

C abe não interrom per esta visão de registro docum ental tão im portante e
indispensável à atividade dos advogados, principalm ente, os das novas gerações.

Finalm ente, cum pre agradecer ao presidente O ph ir Filgueiras Cavalcante


Junior e dem ais diretores a com preensão dos m otivos que provocaram o atraso
do 6' volum e e determ inar sua publicação. Desta forma, dá-se aos leitores esta
coleção completa.

Sugerimos que não se interrom pa a história da OAB, em 2003, pois sua


atuação continua im portante p ara a sociedade brasileira.

H erm ann Assis Baeta


coordenador

13
_______________ Hi?;tória da
Ordem dos Advogados do Brasil

PREFÁCIO I

A história da OAB está longe de interessar apenas aos advogados. Está


de tal form a vinculada a da República que estudá-la é um dos m eios de m e ­
lhor com preender nosso processo político-institucional. Daí a im portância
deste denso trabalho - História da OAB, coordenado p o r nosso ex-presidente,
H erm an n Assis Baeta.
Este sexto volum e recupera fatos e circunstâncias de um rico período de
reconstrução dem ocrática, envolvendo a OAB, a sociedade civil, a República e
suas instituições.
Restabelecida a dem ocracia, com a eleição de Tancredo Neves e José Sar-
ney, em 1985, o país viveu um período inicial de perplexidade - e dentro dele
a OAB. A dificuldade consistia em identificar quem eram , dali em diante, os
inim igos e aliados - e quais as causas prioritárias.
No tem po da ditadura, era m ais simples: sabia-se quem queria e quem não
queria redem ocratizar o país - quem era o vilão e quem era o m ocinho. Com
a dem ocracia, era - e é - diferente.
Não se está mais diante de situação bipolar, o bem e o mal. O panoram a é
frequentem ente caleidoscópico, e a complexidade, obviamente, bem maior. H á os
tons e os entretons, as sutilezas, e é bem m ais difícil saber qual o posicionam ento
adequado, quais os verdadeiros aliados. H á m uito lobo em pele de cordeiro.
G radualm ente, com eçam os a perceber que as parcerias políticas, que
nos haviam colocado no m esm o palanque de alguns partidos e lideranças em
cam panhas mem oráveis, com o a das diretas, a da anistia e a d a C onstituinte,
eram circunstanciais.
Nossa parceria única e definitiva é com a sociedade civil brasileira. Se,
nessa luta perm anente em defesa de seus interesses, algum a liderança ou partido
político se achegar e cerrar fileiras conosco, se coincidir o seu interesse com o
da sociedade, será bem -vindo. Mas não espere qualquer tipo de reciprocidade.
A OAB não tem partido ou ideologia. Não é de direita ou de esquerda.

14 ttál
X ' u l i i i n c i) A ( ) \ r > n , i r ) ( ’i n n ( i-,u i , i ( ' o n s o l i d . i i l . i 1 ■ i

Seu partido é o Brasil, sua ideologia a cidadania. Isso fica claro na leitura
deste volum e - e em cada m om ento em que a O rdem foi cham ada a intervir
no processo político. E ela foi e é cham ada exatam ente p o r isto: p o r sua isenção
partidária e ideológica.
V encido 0 autoritarism o, não se estabeleceu, com o m uitos im aginaram ,
o paraíso n a terra. O que em ergiu, em detalhes, foi to d o o inferno social que
estava oculto (ou pelo m enos posto em segundo plano) n o curso da luta políti-
co-institucional pela redem ocratização. E nquanto lutávam os p o r liberdade de
expressão, liberdade de organização partid ária, anistia. C o nstituinte - causas
de indiscutível relevância ficava para u m a segunda etapa o aprofundam ento
da questão econôm ica e social.
Era - e co ntinu a sendo - essencial m u d a r o m odelo econôm ico, gerar
e d istrib u ir em prego e renda. A redem ocratização alterou a agenda política
do país. Ficou claro então que era - e con tin u a sendo - indispensável dar
con teú do social ao Estado dem ocrático de Direito.
D em ocracia sem direitos sociais é m era abstração jurídica. É letra m orta
na C onstituição. D em ocracia n ão é apenas o direito de ir e vir e se m anifestar
livrem ente. Sendo o regim e que se su stenta n a soberania popular, pressupõe
participação efetiva de todos.
C om o conceber u m a dem ocracia que exclui dos m ais elem entares d i­
reitos d a cidadania - inclusive o direito de se n u trir e sobreviver - im ensa
parcela de seus habitantes? Não se chega ao P rim eiro M u nd o com a população
do lado de fora.
D em ocracia é o regim e em que tod os têm de estar investidos de efetiva
cidadania, p articipand o da construção nacional e d esfrutand o os bens fu n d a ­
m entais da civilização. Nesses term os, po d em o s afirmar, sem hesitação, que
o Brasil ainda não é um país dem ocrático.
Vota, elege seus governantes, possui liberdade de im prensa, m as u m a
parcela im ensa de seus cidadãos não usufru i nada disso. N em desconfia de
seus direitos m ais prim ários.
A econom ia d o país ain d a não se estru tu ro u p ara aten d er a todos. O E s­
tado, suas instituições - incluído aí o Judiciário - , infelizm ente, não chegam
a todos. C hegam , ao contrário, a b em poucos.
Por isso, é forçoso constatar que o Brasil, infelizm ente, ainda está longe
do ideal dem ocrático. C o n stru iu u m m odelo de sociedade em que a periferia
é cada vez m ais nu m ero sa e transform a-se cada vez m ais n u m pesadelo para

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_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

os que estão no centro. Basta conferir os índices crescentes de crim inalidade


de nossas cidades e a im potência do p o d er público para revertê-los.
Tudo isso foi ficando dram aticam ente claro no curso do processo de re-
dem ocratização, descrito neste volume. N ada m ais em blem ático, nesse sentido,
que a constatação do ex-presidente Fernando H enrique Cardoso de que “o Brasil
não é um país pobre: é um país injusto”. O desafio, desde então, é o de rom per
esse paradigm a.
Não podem os desistir de buscar m udanças, ainda que os desafios algu­
m as vezes se m ostrem colossais. N ão h á o u tra saída senão lutar, obstinada
e obsessivamente. Essa a causa que mobiliza a O rdem , sem prejuízo de seus
com prom issos corporativos.
A leitura deste livro, que lança luzes sobre a história contem porânea de
nossa República, é u m precioso exercício de reflexão cívica. Para m ud ar o Brasil,
é preciso conhecê-lo. E este volum e o apresenta p o r u m ângulo fundam ental:
o da sociedade civil.

R oberto Busato
Presidente do C onselho Federal da OAB

16 •Al
V 'o k im c () \ O . Ml [1,) I Ic in iK r.u i j ( 'o n s o lu l.id .i ■ I

PREFÁCIO II

Este sexto volum e da História da OAB, em nova edição, trata de m om entos


cruciais da h istória contem porânea brasileira: o p eríod o pós-C onstituinte. Ao
contrário do que m uitos im aginam , as lutas cívicas não cessaram ou perderam
intensidade com o fim do regime militar. N a verdade, foi aí que ganharam m aior
dinâm ica e complexidade. Antes, o quadro era dicotôm ico: de um lado, o m al
(a ditadura), de outro, o b em (os que a ela se opunham ).
M udada a conjuntura, já não se sabia onde exatam ente estava cada coisa.
Havia os tons e os entretons; os m atizes, as sutilezas. Os aliados de ontem eram
frequentem ente os adversários de hoje. Se as liberdades fundam entais - livre
associação partidária, eleições diretas em todos os níveis, fim da censura, fim
das prisões políticas - estavam recuperadas, nem p o r isso o país havia se reen­
contrado com a justiça e a plenitude do Estado dem ocrático de Direito.
A redem ocratização não era o “fim da História”. Era apenas seu recom e­
ço. E não era pouco, nem simples o desafio que tín h am o s pela frente. A OAB,
com o tribu na da sociedade civil organizada - e ciente desse papel, que a havia
colocado na vanguarda das lutas cívicas contra a ditadu ra - , deu seqüência à
m issão que lhe cabia.
Colocou-se acim a do varejo partidário, m as não fora do processo político.
Desvinculada de partidos e ideologias, desfraldou m ais alto a bandeira da cida­
dania. Participou intensam ente das lutas em prol da convocação da Constituinte
e, dentro dela, exerceu o seu ofício de voz da sociedade organizada.
U m a vez prom ulgada a nova C arta M agna - m uito justam ente batizada
de C arta Cidadã, pelo teor hum anista e generoso de seu capítulo dos Direitos
e G arantias Individuais, sem precedentes nas C artas anteriores tornou-se
cobradora dos seus com prom issos.
Este livro conta um pouco dessa história, detalhando-a, nos seus bastidores
e tribunas, com as discussões que m obilizaram a sociedade naquele período.

•á l /7
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

C om eça p o r expor o país pós-C onstituinte, aborda o governo Collor, em que


a OAB teve m ais u m a vez papel protagonista, na cam panha que resultou no
impeachment, e exerceu grande vigilância crítica no controvertido processo de
privatizações, que atravessaria o p erío do seguinte, a assim cham ada Era FHC.
Não foi u m período de am enidades. Basta conferir capítulo cujo título é
autoexplicativo: “U m a relação delicada: OAB e o Poder Judiciário” (p. 57) ou
“U m a relação tensa: OAB e o Poder Executivo” (p. 60). A norm alização in s­
titucional do país trouxe à tona chagas antigas, com o a luta pelo respeito aos
direitos hum anos, sobretudo das populações carentes; a concentração de renda;
a reform a agrária; a ética na política.
Nesse sentido, as conferências nacionais da advocacia ganharam dim ensão
ainda maior, n a m edida em que vocalizavam essas causas, que estiveram sub­
m ersas nas duas décadas em que o país lutava pela recuperação de liberdades
elementares, sem as quais não poderia equacionar os seus dilemas.
Por tudo isso, este livro é ferram enta preciosa para estudantes e histo­
riadores e favorece u m a m elhor com preensão do país de ontem , de hoje e de
am anhã, já que os tem as que abordam continuam presentes em nossa agenda
política e social.

C ézar Britto
Presidente do C onselho Federal da OAB

18
\'n lu n i< ' ÍI A ( ) \ l ' i i i. i I ) ( ' n i o ( [, u i.t C o i i ' - o ! i( 1,1(1,i I

M arly M otta

INTRODUÇÃO
A OAB na Democracia Consolidada

Com o final do autoritarismo e a reorganização constitucional do país, os


aspectos institucionais da democracia política brasileira despertaram o interes­
se de estudiosos e analistas políticos, preocupados em refletir sobre o novo
regim e dem ocrático e seu processo de institucionalização.' Um dos pontos
centrais dessa reflexão diz respeito à efetividade dos direitos civis dos cidadãos,
um a das deficiências mais notadas em processos de consolidação dem ocráti­
ca. Não é p o r acaso que, vencida a luta pela reconquista dos direitos políticos
plenos, a OAB se viu, na virada para os anos 1990, diante do desafio m aior de
con tribu ir para a construção da cidadania civil no Brasil, com base em novas
relações entre o Estado e os cidadãos, e entre os próprios cidadãos.
Por isso mesmo, quando voltou às “trincheiras” por ocasião do impeachment
do presidente CoUor, a OAB o fez com a certeza de que ali estava em jogo o tipo
de cidadania que se iria construir no Brasil. D entro da m esm a aposta em favor
da plena vigência dos direitos do cidadão brasileiro, se incluem tanto o combate
constante m ovido contra o uso “abusivo” de medidas provisórias por parte do Exe­
cutivo, quanto a defesa irrestrita em favor de um a reforma do Poder Judiciário e a
denúncia corajosa encetada contra o crime organizado e a violência urbana e rural.
Para a elaboração deste estu do sobre a história da OAB p ós-C on sti-
tuinte, nos valem os da rica bibliografia sobre o período histórico em questão, e
pudem os contar com duas fontes fundam entais; as Atas das sessões da OAB e os
depoim entos dos seis ex-presidentes que com andaram a instituição entre 1989 e
2003. Por isso mesm o, o texto está dividido em seis capítulos, correspondendo

’ Ver, e n tre o u tro s, B olívar L am o u n ier, “R ed e m o c ra tiz a çà o e e stu d o d a s in stitu iç õ e s p o líticas n o Brasil”, em
Sérgio M iceli (org.), Temas e p ro b le m a s da pesquisa em Ciências Sociais, São Paulo, Sum aré/F apesp ; Rio
d e Janeiro. F u n d a ç ão Ford, 1992.________ ____________________

79
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

ao período em que cada um deles esteve à frente da instituição.


A participação da O rdem no delicado processo que m arcou o fim da tra n ­
sição política n o país, bem com o as perspectivas sobre o lugar e o papel que
passaria a o cupar na nova dem ocracia consolidada, serão analisadas na I Parte
do trabalho (1989-91). A percepção da necessidade de investir na reorganiza­
ção institucional - a construção da sede em Brasília, a elaboração de um novo
Estatuto - acabou, com o verem os n a II Parte (1991-93), sendo atropelada pelo
processo de impeachment do presidente Collor, no qual a OAB teve, com o todos
sabemos, um papel crucial. Com provado o vigor da nova dem ocracia brasileira,
pôde a O rdem se dedicar à discussão e aprovação de seu novo Estatuto, que iria
substituir 0 que vigorava desde 1963. A análise dos m eandros desse processo,
feita na III Parte (1993-95), ilum inará tanto as disputas que internam ente d i­
vidiram a O rdem , quanto suas relações com o m undo “externo” vale dizer, o
Executivo, o Judiciário, o Congresso e a im prensa. A IV e a V Partes (1995-2002)
serão dedicadas à análise da atuação da OAB ao longo dos oito anos da “Era
FH C ”. Aqui o leitor encontrará a O rdem , mais um a vez, diante de dificuldades
de relacionam ento com o governo, duplam ente criticado pelo recurso “abusivo”
às m edidas provisórias e pelo projeto de reform as constitucionais. Não m enos
tensas foram as relações com o Judiciário, u m a vez que a OAB esteve - e ainda
hoje se encontra - na linha de frente pela reform a das tradicionais estruturas
desse Poder n o Brasil. As preocupações com a form ação de um novo advogado
para o novo m ilênio que se inicia estão presentes na VI Parte, com ênfase na
qualificação profissional e no rigor ético que capacite os advogados a enfrentar,
entre outros, os desafios do m u ndo globalizado.

20 9 à M
\ ' ( ) l u i n r í> A ( )'\l-> i \ i D c m o f i \ u ici ( ' o t i s o l i d . u L i i r i i i ‘ ) - 2 ( ) ( ) í i

#àm 21
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil ]
M arly M otta

Capítulo I
Os desafios pós-Constituinte

1.1 A rrum a ndo a casa

O ano de 1989 assinalaria, na avaliação de alguns dos mais im portantes


historiadores, o fim do século XX.^ Também para o Brasil este ano teria u m sig­
nificado todo especial, já que, depois de u m longo interregno de 29 anos im posto
pela ditadura militar, o eleitorado brasileiro voltaria às urnas para eleger, p o r via
direta, o presidente da República. Por razões que veremos logo adiante, 1989 igual­
m ente abriria um novo período na história da OAB. Após um a década devotada
à luta pela redemocratização do país, coroada enfim com a promulgação de um a
nova Constituição em 5 de outubro de 1988, a O rdem se defrontava com vários
desafios relacionados, basicamente, à busca do papel que deveria desem penhar
e do lugar que deveria ocupar n a nova sociedade dem ocrática que se anunciava
para a década de 1990.
O prim eiro deles seria a eleição do sucessor de Márcio Thomaz Bastos (1987-
89), cujo m andato à frente da O rdem havia sido, em larga medida, dedicado ao
processo constituinte. Os dois candidatos que então se lançaram à disputa con­
firm aram o tradicional padrão sucessório da instituição, em que a experiência
adquirida na presidência das seccionais, ou ainda a vivência acum ulada em cargos
no Conselho Federal - especialmente os de vice-presidente e secretário-geral -, se
constituíam em um a espécie de bilhete de entrada para o clube dos presidenciáveis:
O phir Cavalcante, vice-presidente da O rdem , havia presidido anteriorm ente a

^ Ver, e n tre o u tro s, Eric H o b sb a w m , A era dos extremos: o b reve sécuJo X X - 1914-1991, São Paulo, C o m ­
p a n h ia d a s L etras, 1995.

22
\ ' ( i ! u i n c () \ ( ) \ l ! 11,1 I l i ' i n t K r,)( 1,1 ( o n s o l i d . u l , ! I' oi l

seccional do Pará (1985-87), enquanto Luiz Carlos M adeira, secretário-geral, era


representante da seccional do Rio G rande do Sul no C onselho Federal.
Algumas observações podem ser feitas acerca da eleição de Cavalcante
para a presidência d a O rdem sucedendo ao paulista M árcio Thom az Bastos.
A polêm ica transferência da sede do Rio de Janeiro para Brasília, ocorrida d u ­
rante a gestão de H erm ann Baeta (1985-87), acabou favorecendo a ascensão
de advogados de estados m enos influentes no lugar dos “velhos m edalhões do
Rio de Janeiro”, com o se costumava dizer.^ É claro que São Paulo, em virtude
do peso num érico que possuía, e ainda continua possuindo, no quadro dos
advogados brasileiros - cerca de u m terço deles é proveniente do estado tem
u m a representação especial: de 1981 até 1989, dos quatro presidentes da OAB,
dois (M ário Sergio (1983-85) e Márcio Thomaz Bastos (1987-89)) eram oriundos
de São Paulo. Intercalando os paulistas, vieram o am azonense Bernardo Cabral
(1981-83) e 0 alagoano (H erm ann Baeta (1985-87). Agora, no desempate, seria
a vez do paraense O phir Cavalcante.
Diferentem ente de outras sucessões, em que a competição pela presidência
da O rdem beirou o conflito, inclusive com repercussões para o público externo,
através da mídia,"* a de Márcio Thom az Bastos se encam inhou para um razoável
consenso, pavimentado, é certo, sobre duas premissas p or ele ressaltadas em seu
depoimento.^ A prim eira delas, foi a garantia de que procuraria “influir o m ínim o
possível” na sucessão. Por “influir o m ínim o possível” não se deve entender alhea­
m ento ao processo sucessório em curso, m esm o porque, na condição de principal
eleitor, para o presidente da O rdem convergem as negociações que resultarão
na composição das chapas e no grau - m aior ou m enor - de competição aberta
entre elas. Por isso mesm o, a indicação de Marcello Lavenère - identificado por
M árcio com o um a “pessoa da nossa confiança, do nosso grupo” - para o cargo
de secretário-geral na chapa de O phir nos leva à segunda premissa: a ocupação
de um lugar-chave na diretoria por alguém de “confiança” do então presidente e a
possibilidade de um acerto futuro em relação ao próxim o processo sucessório, em
1991. Na eleição realizada em P abril de 1989, O phir bateu Luiz Carlos M adeira
p o r 17 votos a nove. ^

^ Sobre a tran sferên cia d a sed e p a ra Brasília, v e r d e p o im e n to s d o s e x -p re sid en tes e m A O A B na vo z d e seus


presidentes, Brasília, OAB, 2003 (vol. 7 d a co leção H istó ria d a O rd e m d o s A d v o g a d o s d o Brasil, c o o r­
d e n a d a p o r H e rm a n n Baeta).
^ Ver, c o m o exem plo, o d e p o im e n to d e M ario Sergio D u a rte sobre o processo d e sucessão d e B e rn a rd o C ab ral
e m 1983, e m A O A B na vo z de seus presidentes, op. cit., p. 129-33.
^ M árcio T. Bastos, e m A O A B n a voz de seus presidentes, op. cit., p. 206.

m àB 23
______________ HiqtnriA da
Ordem dos Advogados do Brasil

Uma tarefa urgente, m esm o porque herdada da gestão anterior, se im punha


ao novo presidente: a construção da sede da O rdem em Brasília. Tendo com o um
dos pressupostos básicos a busca de u m a representação federativa mais equilibra­
da, o Conselho Federal, então presidido p or H erm ann Baeta, decidiu transferir
a sede da O rdem para a capital federal, dobrando um a im portante parcela dos
conselheiros que tem ia u m a queda no padrão dos debates, um a vez que, como
o próprio Baeta reconheceu, “a nata da advocacia estava no Rio de Janeiro’? O
passo decisivo, no entanto, só seria dado m ediante a obtenção do terreno para
a futura construção do prédio capaz de abrigar as instalações da O rdem , o que
só foi conseguido depois de um a tensa negociação com os governos do Distrito
Federal e da União. A pedra fundam ental foi lançada em 16 de fevereiro de 1987.*
Se a questão do terreno foi resolvida graças à negociação com o governo Sar-
ney, que acabou doando à OAB um a área no Setor de Autarquia Sul, a construção
do prédio, que exigia vultosos recursos, foi resolvida por m eio de um contrato
com o G rupo OK, do em presário Luiz Estevão. Cerca de dois meses depois da
posse de Ophir, em junho de 1989,^ a obra se iniciou; a inauguração do prédio
ocorreu em novem bro do ano seguinte.
Uma segunda tarefa, igualmente herdada, era bem mais deücada, já que dizia
respeito à engenharia institucional da Ordem: a elaboração de um novo Estatuto
ou a reforma do que vigia desde 1963. Em ju nho de 1988, na gestão de Márcio
Thomaz Bastos, havia sido form ada um a Comissão Especial para discutir a opor­
tunidade de ser feita a reform a estatutária junto com o debate constituinte, então a
pleno vapor. Havia ainda a polêmica, que dividia a Ordem , sobre se seria suficiente
um a atualização substancial n a Lei 4.215 ou se, ao contrário, seria imprescindível
a feitura de um a nova lei. Naquela ocasião, O phir havia concedido u m a entrevista
ao Correio Brazilieme, com entando a divergência existente entre os conselheiros,
o que teria provocado a “insatisfação dos m em bros da Comissão”.'° A elaboração
do novo Estatuto - esta acabou sendo a posição vitoriosa - só foi concluída em
1994, durante a gestão de José Roberto Batochio (1993-95).

^ o re su lta d o d a eleição foi o seguinte:


Presid en te; O p h ir F. C av alcante {17) x Luiz C arlo s Lopes M ad e ira (9)
V ice-presidente: Tales C astelo B ran co (14) x C elso M ed e iro s (11)
Secretário-geral: M arcello L avenère (14) x M arcello L e o n a rd o (11)
S u b secretário: A ristó fan es B ezerra d e C a s tro Filh o x A d élia M o re ira Pessoa (12)
T esoureiro: A m a u ri Serralvo (16) x A g e sa n d ro d a C o sta Pereira (10)
^ H e rm a n n Baeta, e m A O A B na vo z de seus presidentes, op. cit., p. 181.
^ V er H e rm a n n Baeta, e m A OAB m v o z de seus presidentes, op. cit., p. 182-84.
^ V e r A ta d a Sessão d a O A B . 12/6/1989.

24 9 à M
V o l u m r í) A ( ) M-) [1,1 D r i n o i r.ii i,i C o n s o l i d . u l j ■ I ‘ i o ‘ i - _ ! 0 0 i

1.2 O fim da transição p o lític a "

O novo presidente da Ordem, O phir Cavalcante, herdou de seus antecessores


- H erm ann Baeta e Márcio Thomaz Bastos - um a relação difícil com o presidente
Sarney. Defensora, desde a primeira hora, do estabelecimento do mandato presiden­
cial em quatro anos, a O rdem bateu de frente com a disposição de Sarney de m anter
os seis anos determ inados pela reforma constitucional promovida pelo autoritário
Pacote de Abril (1977), de triste lembrança.
Enfraquecido pelos sucessivos fracassos dos diversos planos econômicos que
visavam a combater a inflação, bem como pela desgastante negociação política que
acabou por lhe garantir cinco anos na presidência da República, José Sarney enfren­
tava ainda os embates que iam pontuando o fim d a transição para a democracia.
U m deles era representado pelas crescentes reivindicações dos sindicatos, quase
sempre marcadas por movimentos grevistas, alguns dos quais foram combatidos
com os m étodos da ditadura militar, como o da invasão, por tropas do Exército, da
Com panhia Siderúrgica Nacional, ocupada pelos operários em novembro de 1988,
e que resultou na m orte de três trabalhadores. A desconfiança quanto à segurança
dos rum os para a redemocratização do país transparece na avaliação de Márcio
Thomaz Bastos de que “na época havia um a certa incerteza, era um a incógnita,
era um risco”.'^
São divergentes as posições de estudiosos em relação ao papel que os militares
vêm ocupando no regime democrático. Exerceriam tutela sobre o governo, im pon­
do limites à atuação dos políticos, ou, m esm o m antendo algumas prerrogativas,
não seriam capazes de utilizá-las? A partir de um conjunto de entrevistas com
militares que ocuparam postos de com ando entre os governos Sarney e Fernando
Henrique, o trabalho de Maria Celina D’A raiijo e Celso Castro aponta que, com
Sarney, primeiro governo civil pós-regime militar, os militares mantiveram de fato
um a posição preeminente, já que eram vistos, no dizer de um desses comandantes,
como “fiadores daquele processo de evolução democrática que estava acontecendo”.'^
Dois aspectos dessa “evolução dem ocrática” particularm ente preocupavam os
O p h ir C avalcante, em A O A B na voz de seus presidentes, op. cit., p. 216-17. Sobre o e p isó d io d a e n trev ista
d e O p h ir e d a reação d a C o m issã o E special o rg a n iz a d a p o r M árcio T. B astos, v er ta m b é m A ta da Sessão
d a O A B , 12/9/1989.
" Sobre a tra n siç ão política n o Brasil, ver, d e n tre o u tro s , A lzira A lves A b reu (org.), Transição e m fragm entos:
desafios da dem ocracia no fin a l do século X X , Rio d e Janeiro, E d ito ra FG V, 2001.
M árcio T. Bastos, e m A O A B na vo z de seus presidentes, op. c i t , p. 206.
C elso C a s tro e M aria C elin a D ’A raiijo (orgs.). M ilitares epolítica n a N o va República, Rio d e Janeiro, E dito ra
F G V ,2 0 0 1 ,p . 17.

25
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

militares: a influência esquerdista n a C onstituinte e a perm anência “do proble­


m a da subversão no país”. A dem onstração de força contra os grevistas da CSN
deve ter tido o intuito de m ostrar que eles ainda eram donos desse pedaço. Só
não contavam com o sonoro “não” do eleitorado paulista que, a m enos de um a
sem ana das eleições para prefeito d a capital do estado, m udou seu voto e elegeu
a candidata do PT, Luiza Erundina.
A indicação do ex-m inistro da Administração, Aluísio Alves, para o car­
go de m inistro do Superior Tribunal Militar (STM), colocou, mais u m a vez, o
governo Sarney e a OAB em rota de colisão. Além da acusação de ter com etido
várias irregularidades à frente do ministério, pesava sobre Alves o fato de não ter
com provado os dez anos de exercício da advocacia exigidos pela Constituição
recém-promulgada. Já em seu discurso de posse, em abril de 1989, O phir havia
deixado clara a insatisfação da OAB em relação ao episódio: “Esperamos que o
Judiciário não mais perm ita serem nossos tribunais superiores receptáculos de
políticos em Anal de carreira.”^^ Dias depois, a O rdem entrou com m andado
de segurança contra a pretensão de Alves e, antes que a ação fosse julgada, o
ex-m inistro desistiu da vaga. “U m a vitória m oral”, assim definiu a Ata da sessão
da OAB de 3 de julho.
N em m esm o a indicação, para o Suprem o Tribunal Federal, do nom e
de Sepulveda Pertence, que havia sido vice-presidente da O rdem (1979-81),
conseguiu m elhorar o relacionam ento com o governo Sarney, acusado de usar
indiscrim inadam ente as recém -criadas M edidas Provisórias. Incluído no artigo
62 da C onstituição de 1988, o instituto das M Ps, com o ficaram conhecidas, foi
pensado com o um a com pensação pela extinção do decreto-lei, de triste m em ória
autoritária, e se destinava a atender situações de em ergência que não deveriam
ficar subm etidas ao ritm o “m oroso” do processo legislativo norm al. Assim, o
presidente da República poderia, em casos de relevância e urgência, adotar
m edidas com força de lei, cuja vigência seria de 30 dias, após o que perderiam a
validade caso não fossem aprovadas pelo Legislativo. Posteriormente, o Supremo
perm itiu as sucessivas reedições, m uitas vezes com texto diferente e incluindo
novos assuntos que não constavam da M P original.
E ntendido com o um a “delegação” de autoridade do Legislativo para o
Executivo, e não necessariam ente com o “abdicação”, o instituto das M Ps teria
tido com o objetivo, segundo a análise de cientistas políticos, a m ontagem de um
arranjo institucional capaz de garantir a cooperação entre os dois poderes e de
'■* O p h ir R C av alcan te, e m A O A B n a vo z de seus presidentes, op. cit., p. 215.

26 #4#
\ ' ( ) l u n i ( ’ <> A ( ) . \ i > n.i D i ' i i K K i \ u i,t ( o n s o l i i K i d . i I ' l a ' i - j o o 11

resultar em eficácia no desem penho da atividade pública. O ponto nevrálgico


seria a avaliação do quantum de p o d er do Legislativo poderia, ou deveria, ser
delegado ao Executivo, o que, em últim a instância, iria requerer o estabeleci­
m ento de parâm etros para a aferição das perdas e dos ganhos envolvidos nessa
operação.'^ Parece claro que a possibilidade de o Legislativo tirar vantagens da
delegação dependeria de sua capacidade de controlar o em prego das m edidas
p o r parte do Executivo.
O atentado contra o m on um ento erguido em hom enagem aos trabalha­
dores que haviam m orrid o em Volta R edonda em 1988, b em com o a repressão
aos m ovim entos grevistas p o r m eio da edição da M edida Provisória n- 50,
m ereceram u m a d u ra n o ta de repúdio da OAB:

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso de sua atri­


buição de defender a ordem jurídica e contribuir para o aperfeiçoamento
das instituições, vem, diante das ocorrências dos últimos dias, denunciar a
tentativa de se pô r em risco a estabilidade democrática [instalando] no país
um clima de medo que ameaça as eleições presidenciais (...). A Ordem dos
Advogados do Brasil repudia, pois, a reiteração do governo em descumprir
a Constituição através de M edida Provisória

A rejeição à figura do presidente d a República com o “o grande legislador”


apareceu com m ais vigor ainda n o debate encetado n a sessão da OAB realizada
em 3 de julho. Por iniciativa do conselheiro Fran C osta Figueiredo (M A), que
manifestou sua preocupação com a redução de com petência do Poder Legislativo
e a concom itante atribuição de “poderes excessivos” ao P oder Executivo, o que
“deixava a descoberto os cidadãos”, foi indicada a nom eação de u m a comissão
para o estudo da constitucionalidade das MPs.'^
B uscando p reservar o papel que co n qu istara no s d u ro s anos da d itad u ra
m ilitar, q u an d o conseguira alcançar o posto de p rin cip al in terio cu to ra da
sociedade civil ju n to às instâncias governam entais, a OAB co n tin u o u envol-

V er A rg e lin a C h e ib u b F ig u eired o e F e rn a n d o L im o n g i, “O C o n g re sso e as m e d id a s provisó rias: abd icação


o u delegação?”, e m E xecutivo e Legislativo n a nova ordem constitucional. Rio d e Janeiro, E dito ra FG V, 1999.
Ver AfíJ d a Sessão da O A B , 15/5/1989.
A o Jongo d o g o v e rn o S a rn e y fo ra m o rig in árias 125 M Ps, re e d ita d a s 22, c o n v e rtid a s 109, re v o g a d as 2, re je i­
ta d a s 9, c o n sid e ra d a s s e m eficácia 5 e e d ita d as 147. Cf. H e le n a C hagas, “R elações Executivo-L egislativo”,
e m B olívar L a m o u n ie r e R u b en s F ig u e ired o {orgs.), A Era FHC: u m balanço, São Paulo, C u ltu ra E ditores
A sso ciados, 2002, p. 344.

27
_______________ H istnriA dA
Ordem dos Advogados do Brasil

vida nas cam panhas em favor da reform a agrária e do qu estion am ento do


processo pelo qual havia se form ado a dívida externa n o Brasil, com ativa
participação tan to na C om issão N acional pela R eform a A grária quan to no
C om itê da D ívida Externa. As Atas das sessões de 14 e 15 de agosto de 1989
contêm m anifestações veem entes de re p ú d io aos processos gerad ores da
“m o nstru o sa” dívida e xterna do país, os quais, segundo alguns conselheiros,
se teriam co nstitu ído ao arrep io dos ditam es constitucion ais.’®A m o ra tó ­
ria decretada em fevereiro de 1987, que visava a iniciar u m a nova fase nas
renegociações com os credores externos, não só subm etia o país às visitas
constantes dos representantes do FMI, com o vin h a dificultando o acesso a
novos em préstim os.
Seria nesse am biente de p rofunda instabilidade econôm ica, m arcada pela
am eaça de hiperinflação, e de grave crise política, com freqüentes acusações de
corrupção feitas ao governo, que transcorreria a cam panha presidencial para
a escolha do sucessor de Sarney. Longe das urnas h á quase 30 anos - a últim a
eleição, vencida por Jânio Quadros, havia sido em outubro de 1960 o eleitorado
procurava, m ais do que u m presidente, um salvador da pátria.
Em artigo publicado no Jornal do Brasil de 16 de julho de 1989, o histo­
riador José M urilo de C arvalho cham ou atenção para o fato de que, em função
da decepção e do desencanto com a Nova República - econom ia desorganizada,
instituições sem credibilidade, presidente fragilizado politicam ente - , vivia-se
o tem po da frustração, “o tem po de cólera”. Nesses tem pos, o m u nd o do im a­
ginário individual e coletivo - dos sonhos, dos m edos, dos desejos - costum a
se sobrepor ao m un do o rdenad o pela racionalidade cartesiana. De fato, os
candidatos m ais votados em novem bro - Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da
Silva e Fernando Collor de Mello - foram aqueles que tiveram m aior capaci­
dade de m obilizar o im aginário nacional: o prim eiro, ao encarnar o “messias”
que enfrenta os “inim igos da pátria” - a Rede Globo e o capital estrangeiro; o
segundo, com o o líder que em ergiu do povo e que, p o r isso mesm o, conheceria
as respostas para os problem as que o afligiam; e o últim o, no papel do “herói”,
jovem e bonito, que lutava contra os “m arajás” e “políticos corruptos” da Nova
República, acabou sendo aquele que o eleitorado identificou com o o “salvador
da pátria”.'^ É claro que o apoio de boa parte da m ídia, do em presariado e de

D o s 5 bilh õ es e 300 m ilh õ e s d e d ó la re s e m 1970, a d ív id a e x te rn a re g istra d a p u lo u p a ra m a is d e 107 b i­


lh õ e s d e d ó la re s e m 1987. Ver M arce lo Paiva A b re u (org.), A o rd em d o progresso - cem anos d e política
republicana (I8 8 9 -I9 8 9 ), Rio d e Janeiro, C am p u s, 1989, p. 409.

28
V o l u m e () A ( ) \ R i \ i D c n i o í r ,u i,i C o n s o l i d . u l . ' i I ‘in 'i-jo o

setores políticos tradicionais, tem erosos d iante da possibilidade de vitória


de Lula, foi decisivo para a vitória de Coilor.^*^
A OAB não ficou de fora da cam panha eleitoral. Afinal de contas, com o
um a das instituições que m ais de perto lutou pela volta das eleições diretas para
presidente da República, era de se esperar que tom asse a iniciativa de prom over
um encontro com os presidenciáveis para debater as propostas e os projetos que
tinh am para o país. Apesar do convite feito aos candidatos, o encontro acabou
não se realizando.

Ver "Eleição e m te m p o d e cólera”, e m José M u rilo d e C arv alho , Pontos e bordados: escritos de história e
política, Belo H o riz o n te , E d ito ra U F M G , 1998, p. 343-48.
^ F e rn a n d o CoU or d e M ello receb eu 35.085.457 v o tos (53% ) c o n tra os 31.070.734 v o tos (47,0%) d a d o s a Lula.

@ 4 # 29
______________ tdistoria da
Ordem dos Advogados do Brasil

M arly M otta

Capítulo II
De volta às trincheiras

2.1 Primeiros embates: o Plano C o llo r e as privatizações

A reação dos conselheiros d a OAB c o n tra a d ecretação do P lano C ollor


seguiu o m esm o diapasão de su rp resa e revolta que m arco u a sociedade
com o um todo. O ex-presid en te d a OAB, José C avalcanti Neves, p ro p ô s a
designação de u m a com issão de ju ristas p ara o p in ar sobre a con stitucio -
nalid ad e das m ed id as d ecretad as, q ue, e n tre o u tras, h av ia d e te rm in a d o o
confisco de to das as aplicações fin anceiras acim a de N C r$ 50.000,00 (cerca
de 1.200 dólares, ao câm bio da época), in clu in d o d ep ó sito s em co n ta co r­
rente e p o u pan ça. A p ro p o sta era de que esse d o c u m e n to servisse de base
p ara u m a Ação D ireta d e In co n stitu cio n a lid a d e (A D In) ju n to ao Suprem o
T ribunal Federal (STF).^'
A posição da OAB era delicada, já q u e o P lano C ollor fora ap resentado
com o a “bala de p ra ta capaz d e m a ta r o tigre da inflação”, que e m po brecia os
m ais p ob res e a tin gia o âm ago da id en tid ad e do país, a sua m o e d a .A p e s a r
do clim a “p io r não p o d e ficar”, a O rd e m se colocou em defesa do s prin cíp io s
do direito, das “letrin h as” d a lei. A tran scrição , n a íntegra, d o artigo d e José

V e r A ta d a sessão d a O A B , 9/4/1990.
O c h a m a d o P la n o C o llo r I foi la n ç ad o e m 15 d e m a rç o d e 1990, d ia d a p o sse d o n o v o p re sid en te d a R e­
pública. A lém d o s eq ü e stro d e liquidez, m e d ia n te o b lo q u e io das aplicações fin anceiras, o n o v o p la n o
rein tro d u ziu o c ru zeiro c o m o p a d rã o m o n e tá rio , p ro m o v e u m ais u m co n g elam e n to d e p reços, a d o to u um
a p e rto fiscal e re d u z iu a m á q u in a pública, p o r m e io d a e x tin ç ão d e m in isté rio s, fu n d a ç õ e s e au ta rq u ia s
e d a d e m issã o d e fu n c io n á rio s p ú blicos. P a ra m a is in fo rm a çõ e s, v e r L avínia B arro s d e C astro , “P riv ati­
zação, a b e rtu ra e d e sin d ex açâo : a p rim e ira m e ta d e d o s a n o s 90 {1990-94)”. e m Fábio G iam b iag i, A n d ré
Villela, Lavínia B arro s d e C a s tro e Jen n ifer H e rm a n n , E conom ia brasileira contem porânea (1945-2004),
Rio d e Janeiro, Elsevier, 2005.

30 •ál
\ ( ) \ l> 11,1 P c i i i i I I I , u i.i ( II 1,1(1,1 1 ; * ) - _! ( K)

Luiz D elgado, d ire to r d a F aculdade de D ireito de Recife, na A ta da sessão


de 9 de abril de 1990, n ão deix ou dú vid a d e qu e lado estava;

Filigranas jurídicas? Será desprezível irrelevância o debate sobre a consti-


tucionalidade do Plano Collor? Pruridos bacharelescos, só bacharelice reles,
form alism o de superados legalistas sistematicamente desatentos à realidade
social mania de viciados à cata de filigranas? Devemos amaldiçoar esses “su­
tis" intérpretes que só têm olhos para a letra, as letrinhas da lei, e não querem
veros dramas, as agonias, as imensas agonias do povo ferido efam into? Que
garantia tinha qualquer cidadão, grande ou pequeno, pobre ou rico, amigo ou
adversário, quando as Constituições de 1946 e 1967fo ra m lesadas e tiveram
de coabitar com a série inconstitucionalíssima de Atos Institucionais e Com-
plementares? (...) Se houver mesm o inconstitucionalidade, o Plano pode ser
maravilhoso, mas então simplesmente não presta. Pode ser eficaz, mas deve
ser abandonado. Pode ser tecnicamente consistente, requintadamente bem
elaborado, pode servir para derrubar a inflação, só não serve para construir
0 Brasil de que precisamos.

N o in tu ito de re afirm a r sua p osição legalista, n a seção seguinte, d ia 10


de abril, a OAB fez co n star em Ata a n o ta red ig id a pela com issão form ada
p o r José Neves, E v and ro Lins e Silva, P edro M ilto n de B rito e P aulo N eto
Lobo, na qual reiterava sua po sição em relação às m ed id as p ro v isó rias/^
D en tre os con sid eran d o s, a n o ta destacava n ão só a ilegitim idade d o d e s e n ­
vo lvim ento eco nô m ico que desprezava os p rin cíp io s do E stado de direito,
m as p rin c ip a lm e n te a m issão da O rd em , prevista n o E statu to d e 1963, de
defesa d a o rd e m ju ríd ic a e d a C o n stitu ição da R epública. P o r isso, resolvia:
1) re afirm a r sua reprovação à p rática abusiva de m ed id as provisórias; 2)
desig nar u m a com issão d e ju ristas p ara o p in a r sobre a eventual p ro p o situ ra
de incon stitu cio nalidad e das leis; 3) d estacar posição de p rincípio em relação
à m ed id a p ro v isó ria c o m o “in stru m e n to p e rtu rb a d o r do b o m e h arm ô n ic o
exercício dos p o d eres d a R epública”. A conclusão ap on tav a p ara a n ecessi­
dade de u m d eb ate m ais am plo sobre a tran sfo rm açã o d o P o d er Executivo
em p rin cip al a u to r de leis, em d etrim e n to das atrib u içõ es d o P o d e r Legis-

N o d ia 8 d e abril, a Folha de S. Paulo p u b lic o u a rtig o d e F abio K o n d e r C o m p a ra to , a c u s a n d o a O A B, ju n ­


ta m e n te “c o m os p refeitos d o PT, as associações d e a rtista s, o s p a rtid o s p o lítico s, as co n fe d eraç õ e s de
e m p reg ad o res”, d e “e x altar o g ê n io d a s A lagoas”.

31
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

lativo, “com p re o cu p an te re to rn o ao a u to ritarism o p olítico co n tra o qual os


advogados brasileiros tan to têm p u g n a d o ” ^"*
Por isso mesmo, é fácil entender por que o tem a da XIII Conferência Nacio­
nal, realizada em Belo H orizonte em setem bro de 1990, versou sobre as relações
entre a OAB, o Estado e a sociedade, e p o r que nela prevaleceram os debates
sobre as m edidas provisórias, com o foi observado p o r O p h ir Cavalcante."^ Na
Carta de Belo Horizonte, docum ento de encerram ento da Conferência, consta
um a m enção explícita “ao uso abusivo das m edidas provisórias”, refletindo a
preocupação geral com a “hipertrofia do Poder Executivo”:

De outra parte, o Poder Legislativo tem se omitido em estabelecer as normas


necessárias à regulamentação de preceitos constitucionais indispensáveis à
consolidação do Estado Democrático de Direito que a Carta de 1988 instituiu
e consagrou, sofrendo, ainda um a vez inerte, a usurpação de sua competência
por via do uso abusivo das medidas provisórias, fa to que afeta o equilíbrio en­
tre os poderes e agrava ofenôm eno da crescente hipertrofia do Poder Executivo.

A firm e posição de questionam ento das m edidas arbitrárias tom adas pelo
governo valeu à OAB, com o era de se esperar dentro da prática “collorida” do
“bateu, levou”, ataques do porta-voz da Presidência, Cláudio Hum berto, já conhe­
cido pela m aneira truculenta com que costumava tratar os opositores do governo.
Em ataque direto ao presidente em exercício. Tales Castelo Branco, recom endou
que “ele voltasse à escola para aprender a ler a C onstituição”.^^
A m anifestação “pessoal” - com o é frisada n a Ata de 10 de abril - do
conselheiro M oacyr Belchior (DF) a favor do Plano C ollor e contrário à p ro p o ­
sição d a O rdem de rejeição das m edidas provisórias em bloco lança luz sobre
as fissuras então existentes na O rdem , as quais costum avam se abrigar sob o
m anto d a unanim idade. Se, du rante o regim e militar, as divergências quase
sem pre acabaram esmaecidas pela luta em favor do objetivo com um - a volta das
prerrogativas do Estado de direito, sem o que a própria atividade do advogado
ficava am eaçada agora elas poderiam se explicitar com m ais vigor. Apesar
da ressalva de que teria sido “o único conselheiro a levantar a voz em defesa de

V eri4 fa d a sessão da OAB, 10/4/1990. C o m esse m e sm o teor, foi p u b lic a d o o a rtig o d e O p h ir C avalcante,
“O festival d a s m e d id a s p ro v isó rias”, n o jo rn a l Folha d e S. Paulo, 22/4/1990.
^ O p h ir E C avalcante, e m A O A B na voz d e seus presidentes, op. cit., p. 219.
P lan alto a ta c a o p re sid en te d a O A B, Folha de S. Pauío, 2 8 /1 0/1990.

32
\ ' ' n l u m c <■> A O A B n,i D c í i i d i M ( i>i C o i i s o l i í k u l , ! j o o ;,

Collor, logo silenciado pela u nanim idade dos dem ais conselheiros”,^’ é preciso
ressaltar que apoiar Collor significava não só ficar do lado de um presidente eleito
com m ais de 35 m ilhões de votos, com o apostar na possibilidade de m udança
do tradicional papel oposicionista da O rdem .
Tão polêm ico quanto o Plano Collor, o program a de privatização de estatais
e em presas públicas - prom essa de cam panha do presidente eleito - igualm ente
despertou reação contrária da OAB. Na Ata da sessão de 8 de outubro de 1991,
consta a m oção de repúdio ao leilão da Usim inas, e de conseqüente apoio às
entidades que lutavam contra a privatização da siderúrgica, de acordo com a in ­
dicação do relator do processo, conselheiro Reginaldo de C astro (DF). Lançadas
no início do governo, as políticas de abertura econôm ica e de privatização se
apoiavam em um conjunto de fatores, que iam desde a legitim idade das urnas
e 0 contexto internacional favorável às reform as - o cham ado “C onsenso de
W ashington”^^ até o fraco desem penho das estatais n a prestação de serviços
à população e a própria crise do Estado. O s principais alvos da privatização
foram os setores de siderurgia, petroquím ica e fertilizantes: entre 1990 e 1994
(governos C ollor e Itam ar Franco), foram privatizadas 33 em presas federais (as
em presas estaduais só entrariam n o program a posteriormente).^^
Mais u m a vez, a “unanim idade” da OAB foi quebrada. Q uan do da m oção
de repúdio à privatização de Usiminas, José A driano Pinto (CE) requereu a
distribuição do processo a outro relator que não Reginaldo de Castro, o que foi
indeferido pelo então presidente da OAB, M arcello Lavenère, que igualm ente
negou o pedido de vista dos autos feito pelo conselheiro cearense. Inconform ado,
José A driano recorreu ao plenário, que, n o entanto, m anteve p or unanim idade
a decisão da presidência.^®
A “dissidência” se agravou na m edida em que foi exposta ao “público ex­
terno”. O artigo que José A driano publicou no jornal Tribuna do Ceará, de 11 de
outubro, provocou u m acirrado debate, conform e consta na Ata da sessão de 10
de dezem bro. Para o conselheiro Carlos A lberto Lenzi (SC), o artigo continha
“ataque deliberado ao C onselho Federal e à sua integridade, ju n to inclusive ao

O p h ir F. C avalcante, e m A O A B n a voz de seus presidentes, op. cit-, p. 218.


^ F.m 1989, p o r o casião d e u m a re u n iã o d o In stitu te for In te rn a tio n a l E co n o m ic s, e m W ash in g to n , o e c o ­
n o m is ta Jo h n W illia m so n in d ic o u u m a série d e re fo rm as q u e o s p aíses e m d e se n v o lv im e n to d e v eria m
a d o ta r n a á re a e c o n ô m ic a c aso q u isessem in g re ssa r e m u m a tra je tó ria d e c re sc im e n to au to ssu sten tad o .
A este c o n ju n to d e re fo rm as foi d a d o o n o m e d e C o n se n s o d e W ash in g to n .
^ Cf. Lavínia B arro s d e C astro, op. cit., p. 146.
Ver A ta da sessão d a O A B . 8 /10/1991.

m àM 33
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

público externo, que deveria ter ficado com péssim a im agem de nosso órgão
m aior e seus dóceis integrantes”. A resposta, bastante d ura para os padrões
institucionais da O rdem , veio de pronto. A citação é longa, m as vale a pena
transcrevê-la, já que perm ite elucidar os conflitos internos que a OAB teria de
enfrentar no regim e dem ocrático:

Reclama o conselheiro Lenzi de havermos atribuído ao Conselho um a condu­


ta de docilidade no episódio de aprovação da moção de apoio à luta política
contra a privatização da Usiminas. Ora, este é um ju ízo de valor que, como
cidadão e como conselheiro, fizem o s sobre a fo rm a pela qual se conduziu o
nosso Conselho Federal, em situação onde, a nosso entender, impunha-se
melhor exame de matéria (...). N a verdade, o que dissemos publicamente,
já havíamos, sob outras form as, manifestado oralmente e em votos escritos,
recusando nosso apoio ao engajamento da OAB em ações de grupos em
disputa política sobre questões controvertidas e sem o devido exame. Para
nós, a OAB não tem a configuração de um a instituição medieval discipli-
nadamente m ilitante segundo as visões políticas de suas lideranças formais.

O anúncio do program a de privatização do sistema penitenciário despertou


polêm ica ainda m ais ácida, já que, dessa vez, o que estava em jogo não era o
futuro de u m a empresa, m as sim de u m a das m ais tradicionais com petências do
aparelho do Estado, a de m anter fora do convívio social os indivíduos julgados
e condenados pelo Poder Judiciário. Aqui tam bém se levantou a voz de José
Adriano, que solicitou fosse a declaração de seu voto, contrário à indicação do
conselheiro João H enrique Biasi (SC) e à m anifestação de um a com issão presi­
dida pelo conselheiro Evandro Lins e Silva (PI), incluída n a Ata da sessão de 14
de abril de 1992. Reclam ando que não teve acesso ao docum ento questionado,
o conselheiro do C eará não só denunciou o “açodam ento” da O rdem em se
colocar contra o governo Collor, com o reafirm ou sua postura de oposição ao
“engajam ento da OAB segundo as visões políticas de suas lideranças formais”:

O açodamento em reprovar propostas governamentais a partir de sentim en­


tos preliminares e sem exame acurado da matéria po r todos os membros do
Conselho ofer sco de transformar esta Casa em canal de ressonâncias
emotivas, quango sua responsabilidade institucional reclama visão equili­
brada e pluralista dos interesses sociais.

34
V n liin ic \ ( ) Ml !i.i [ )ci-:i( 11t,u 1,1 ( 'onsdl 1( 1,1( 1,1 ■ T lii')-.'!)!) 1'

2.2 U m novo Estatuto em pauta

Ao ser indagado sobre as razões pelas quais havia conseguido derrotar a


possível candidatura de Jair Leonardo Lopes {presidente da OAB-MG), Marcello
Lavenère foi bem sucinto ao definir a preferência da O rdem por um presidente de
“viés mais progressista”. Se é certo, com o ele m esm o afirma, que “naquela época
a OAB era mais à esquerda do que é hoje”,^' é tam bém verdade que o cargo de
secretário-geral que ocupara na gestão de O phir Cavalcante o tornara um dos
mais fortes candidatos ao m andato que se iniciaria em abril de 199L^^
Logo em seu discurso de posse, Lavenère fez questão de se m anifestar
contrário à revisão constitucional prevista para 1993. C om o explicou posterior­
mente, tal postura derivava de duas ordens de questões. Por u m lado, era preciso
levar em conta a p ouca experiência que se tin h a com a C onstituição de 1988,
que n em m esm o p ro n ta havia ficado, já que, p ara com pletá-la, restava editar a
legislação infraconstitucional. P or outro, haveria o que ele cham ou de “posições
neoliberais”, que visavam a descaracterizar a C arta que havia nascido “em um
período em que ainda prevalecia a ideia de u m Estado presente e atuante”.^^
Se a oposição da OAB pesou para o fracasso do cham ado “Em endão”, é fato que
a ebulição da con juntura política - o impeachment de Collor, a presidência de
Itam ar Franco, o escândalo dos anões do orçam ento - não se revelou, de form a
alguma, favorável às indispensáveis articulações com vistas a um a reform a cons­
titucional. Só a p artir de 1995, com Fernando H enrique C ardoso, foi possível,
p o r m eio de u m a am pla coalizão política, im plem entar um im portante conjunto
de alterações n a Constituição.^**
Um desafio posto n a m esa era a discussão, elaboração e aprovação do
novo Estatuto da OAB, que viria substituir o que estava em vigor desde 1963.

^' M arcello Lavenère, e m A OAB n a voz de seus presidenfes, op. cit., p . 225.
^ A p en as a c h a p a lid e ra d a p o r L av en ère re q u e re u in scrição. A d ire to ria d o C o n se lh o F ed eral d a O A B p a ra
0 b iê n io 1991-93 ficou a ssim co m p o sta:

P residente; M arcello L avenère M a c h a d o (A L) - 25 v o tos


V ice-presid ente: Á lv aro Leite G u im a rã e s (RJ) - 22 v o tos
S ecretário-geral: A n tô n io C arlo s Elizalde O s o rio (D F) - 21 v o tos
Subsecretário: A ristó fa n e s B ezerra d e C a s tro Filho (A M ) - 20 v o tos
Tesoureiro; M a u ro V iotto (PR ) - 24 v o tos
M arcello Lavenère, e m A O A B n a voz de seus presidentes, op. cit., p. 226.
V er C lá u d io G o nçalves C o u to e R o g ério B astos A ran tes, “C o n stitu c ió n o p o líticas públicas? U n a evalu ació n
d e los afios FHC", e m V icente P a le rm o (co m p .), Política brasilena contem porânea - d e Collor a L ula en
anos de transform ación, B u en o s A ires, Siglo V ein tiu n o d e A rg e n tin a E d itores, 2003, p. 97.

35
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A passagem do advogado da condição de profissional liberal para a de assalaria­


do estava na base da convicção de que era preciso atualizar a legislação interna
da O rdem para atender à m udança estrutural que havia ocorrido na carreira.
Os debates, que tinh am se iniciado nas gestões de M árcio T. Bastos e de O phir
Cavalcante, tom aram corpo ao longo de 1991. Logo em maio, foi aprovado o
Regimento especial para os trabalhos de elaboração do anteprojeto de lei do novo
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, e determ inado que, a p artir do
dia 14, o C onselho Federal se m anteria em sessão extraordinária perm anente,
sem prejuízo de suas atividades regulares, para a discussão e aprovação do
anteprojeto de lei que disporia sobre o novo Estatuto. Foi ainda constituída a
Com issão de Sistematização, form ada p o r sete m em bros: Marcello Lavenère
(presidente); Antônio Carlos Elizalde O sorio (secretário-geral); Paulo Luiz Neto
Lobo (relator), e ainda, Júlio Cardella (SP), Eli Alves Forte (GO), Jayme Paz da
Silva (RS) e Elide Rigon (M S).’^
O envolvim ento do C onselho Federal e das seccionais no processo de
discussão do novo Estatuto - o artigo 10 do Regim ento previa a reunião do
Colégio de Presidentes das Seções para o debate do anteprojeto - im plicou na
análise de “m ilhares de sugestões, du rante m eses a fio”, com o observa Lavenère.
O resultado, já esperado, foi o acirram ento de posições em to rn o das questões da
O rdem . Se havia convergências quanto à constituição de um a “advocacia forte,
prestigiada, atuante, com prerrogativas”, independente, portanto, as divergências
se manifestaram , por exemplo, em relação aos três níveis da estrutura da Ordem:
o C onselho Federal, os conselhos seccionais e as subseções. N a avaliação de La­
venère, a proposta de “dem ocratizar essa estrutura, d ar mais força às subseções,
fortalecer a base da O rdem ”, não foi majoritária.^"
Um outro ponto de divergência dizia respeito ã oportunidade - ou não - de
se subm eter o novo Estatuto ao Congresso Nacional e ao presidente da República.
O m om ento político, no dizer da conselheira Luciana Vilela Bandeira (MS), não
parecia favorável, porque reinava “a inquietação e a absoluta falta de segurança nas
decisões que poderão ser tom adas”. M esm o porque, com o a OAB vinha sistema­
ticamente criticando as propostas do governo Collor e os projetos do Legislativo
(“Em endão”), seria razoável se esperar “dificuldades” no processo de votação e
aprovação do Estatuto com o conteúdo que atendesse às expectativas da classe.
A solução seria apenas introduzir algumas em endas no Estatuto em vigor (Lei

A ín te g ra d o Regim ento e n c o n tra -se n a A ta da sessão da O A B , 14/5/1991.


M arcello Lavenère, e m A O A B na voz de seus presidentes, op. cit., p. 229.

36
V oliiiiic í) A ( )AI! n>i 1 r,u ia ( ' o i i s o l i í l ^ u L i ■■ I ' t o ' i - J l ) 0 11

4.215/63), como a questão do advogado-em pregado e sua jornada de trabalho e


a dim inuição de cinco para três anos de atividade profissional para o advogado
candidatar-se a conselheiro estadual, entre outras.^^ N a sessão seguinte, 8 de ou­
tubro, o voto do relator, conselheiro Nabor de Bulhões (AL), contrário à indicação
da conselheira e favorável á continuação dos trabalhos de composição do novo
Estatuto, foi aceito p or 21 votos a 4. A aprovação da versão final do anteprojeto a
ser encam inhado ao Congresso Nacional só ocorreria, no entanto, no dia 14 de
m aio de 1992. A visita, em junho, à sede da OAB, do deputado federal Nelson
Jobim, relator, n a Comissão de Constituição e Justiça da Câm ara dos Deputados,
do projeto de lei do novo Estatuto, parecia indicar um bom encam inham ento no
Legislativo. No entanto, a tram itação levou mais de dois anos, em função, em boa
medida, do agravamento da crise política com o pedido de impeachment do pre­
sidente CoUor, que concentrou a atenção da OAB, do Legislativo, do país inteiro.

2.3 N o o lh o do furacão: o im pea chm e nt de Collor^'^

Apesar das freqüentes denúncias de corrupção contra o governo federal,


0 m ovim ento investigativo só ganhou força a p artir de m aio de 1992, quando,
em entrevista à revista Veja, Pedro Collor, irm ão do presidente, denunciou que
Paulo César Farias, o PC, ex-tesoureiro da cam panha presidencial, era o testa-
de-ferro de Fernando Collor na interm ediação de negócios com o governo. A
consistência das acusações, apesar das tentativas de desqualificá-las com o sendo
oriundas de um a pessoa “desequilibrada em ocionalm ente”, acabou resultando
na abertura, p or parte da Polícia Federal, de inquérito para apurar as atividades
de PC Farias. A inda em maio, no dia 26, o C ongresso instaurou a Comissão
Parlam entar de Inquérito (CPI) para averiguar a veracidade das denúncias feitas
contra o presidente.
A percepção de que a sociedade civil deveria se m obilizar de m aneira
organizada resultou na com unhão de várias entidades com o objetivo de lutar
contra a im punidade e o descrédito das instituições: OAB, CNBB, ABI, PNBE,
Fenaj, SBPC, Comissão de Justiça e Paz, Contag, Conselho Federal de Economia,
M ovim ento Nacional dos Direitos H um anos, Inesc e Ibase. Reunidas n a sede

Ver A ta da sessão da O A B , 7 /10/1991.


^ U m a cro n o lo g ia d e ta lh a d a d o s e v en to s d o g o v e rn o C o llo r p o d e ser e n c o n tra d a eni F e rn a n d o L a ttm an -
W eltm an , José A lan D ias C a rn e iro e P línio d e A b reu R am os, A im prensa f a z e desfaz u m presidente. Rio
d e Janeiro. N ova F ronteira, 1994, e em A Ü A S ^ o im p e a ch m en t, Brasília, C o n se lh o F ederal d a OAB, 1993.

37
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

da OAB, que a p artir de então, n o dizer de Lavenère, passou a assum ir “um a


posição de liderança dentro do grupo”,d iv u lg a r a m , no dia 29 de maio, um a
“Declaração ao povo” “colocando-se em vigília perm anente para acom panhar
as investigações, garantindo apoio aos que querem a verdade e denunciando os
que pretendem falseá-la”'^
À m edida que o trabalho da CPI avançava, ouvindo os principais im plica­
dos n o caso - em seu depoim ento, Pedro Collor po up ou o irm ão-presidente - , a
m ovim entação das instituições d a sociedade procurou evitar a acusação de que
estivesse sendo guiada p o r interesses partidários ou posições ideológicas. Daí a
ideia da realização de u m a “vigília pela ética n a política”, que acabou ocorrendo
no dia 23 de junho, no auditório Petrônio Portela, no Senado Federal, com a
presença de 183 representantes de entidades de to d o o país e de setenta p a r­
lam entares, além de u m público num eroso. A m ensagem do Manifesto, então
publicado, foi bem clara:

Esta vigília cívica é um alerta. Cabe a todos e, especialmente, ao Congresso


Nacional, neste momento, defender a ética na política, para que sua violação
sistemática não acabe com as conquistas democráticas que levamos tantos
anos para escrever como Constituição e viver, como prática, no cotidiano^^

O que havia sido u m a vigília transform ou-se em um m ovim ento, o M o ­


vim ento pela Ética na Política, cuja sede era n o prédio do C onselho Federal
da OAB. Em balado pelo depoim ento do m otorista de Collor, Eriberto França,
concedido à CPI n o dia 28 de junho, confirm ando que as despesas da Casa da
D inda eram custeadas pelo “esquem a PC”, p o r m eio da secretária do presidente,
A na Acioli, cuja conta recebia depósitos de “fantasm as”, o pedido de impea­
chm ent do presidente ia deixando de ser “um sonho de u m a noite de verão”
com o a ele havia se referido o prestigiado colunista do Jornal do Brasil, Carlos
Castelo Branco.'*^
O acúm ulo de provas, que claram ente apontava a ligação entre C ollor e
PC Farias, agravava a situação do presidente, cada vez m ais fragilizado politi­
camente. M esm o assim, a n o ta oficial que a OAB lançou n o dia 7 de julho não
aventava a possibilidade de seu afastam ento d a presidência. “Vigilância” foi a

M arcello Lavenère, e m A O A B n a v o z d e seus presidentes, op. cit., p. 233.


“D eclaração a o pov o ”, c ita d a e m A O A B e o im peachm ent, op. cit., p. 17.
“M an ifesto p e la É tica n a Política”, c ita d o e m A O A B e o im peachm ent, op. cit., p. 16.
C arlo s C astelio B ranco, “S o n h o d e u m a n o ite d e v erão”, e m Jornal d o Brasil, 16/4/1992.

36 «ál
V o l u t n r () A ( ) A I 5 11,1 I l í M i H H i',i( i,i C o t i s o l i d c i í L i ' I ;

palavra de ordem do docum ento, que se preocupou, sobretudo, em colocar a


O rdem com o defensora das instituições, rejeitando explicitam ente qualquer
clim a de golpe; “Até porque a nação não suporta m ais tal prática. O que o povo
brasileiro deseja, e tem m anifestado seguidam ente, é a decência e a firmeza,
traduzidos na transparência e probidade no trato com a coisa pública.”'*^
A apreensão com a deflagração do processo de impeachment era bastante
justificável em um país com u m histórico de instituições dem ocráticas frágeis
com o o Brasil - de 1930 a 1990, só dois presidentes eleitos diretam ente co n ­
cluíram seu m andato (general D u tra e Juscelino Kubitschek) e n enh um deles
recebeu a faixa presidencial de seu antecessor e a transm itiu a seu sucessor.
Em seu depoim ento, Lavenère revive o clim a de incerteza que pairava no país:

Nós não tínhamos nenhuma ideia do que poderia acontecer no dia seguinte. Talvez
o presidente pudesse conseguir maioria no Congresso, os militares talvez se
levantassem contra o im peachm ent. Era tudo um a incógnita, até porque
não é fácil colocar um presidente da República para fora. Nunca se colocou,
em país nenhum do mundo. Leonel Brizola fo i contra, o grande Ulysses
Guimarães nunca absorveu bem a ideia (...).

Agosto chegou trazendo na bagagem toda a tradição de mês som brio na


política brasileira - o suicídio de Vargas em 1954 e a renúncia de Jânio em 1961
eram constantem ente lem brados com o marcas da instabilidade de nosso passado
político recente. Mas, dessa vez, o agosto de 1992 conseguiu escapar da maldição
que carregava. A tentativa de CoUor de provar que o custeio de suas despesas
pessoais era proveniente de um a operação de crédito junto a um a financeira
em M ontevidéu - a cham ada “Operação Uruguai” - foi abortada em função do
depoim ento da secretária Sandra Fernandes de Oliveira na CPI afirm ando que a
“Operação” era um a farsa. Também pela culatra foi o tiro que CoUor deu tendo
por alvo mobilizar o povo brasileiro para sair às ruas no dia 16, vestido de verde-
eamarelo, em sua defesa. Sair às ruas até que o povo saiu, só que todo de preto,
em sinal de luto, e pedindo a saída do presidente. Jovens, com a cara pintada,
ocuparam as principais avenidas das grandes cidades exigindo o impeachment.
No dia seguinte, 17 de agosto, saiu a nota oficial em que o Conselho Federal
da OAB e o Colégio de Presidentes (form ado pelos presidentes da OAB nos esta­
dos) autorizavam os dirigentes da OAB, na qualidade de cidadãos, a tom arem a

N o ta oficial (7/7/1 9 9 2 ), c ita d a e m A O A B e o im peachm ent, op. cit., p. 16.

•à l
H is tó ria da
O rdem dos A dvogados do Brasil_________________________________________________

iniciativa de requerer as m edidas legais cabíveis, inclusive o impeachment, assim


que fossem conhecidas as conclusões da CPI. N o dia 26, o relatório do senador
A m ir Lando (PM DB-RO), que não deixou dúvida sobre a culpabilidade do
presidente, foi aprovado p o r larga m argem de votos. Estava aberto o cam inho
para o estabelecim ento do processo de impeachment.
A OAB to m o u a d ian teira das iniciativas legais ao re u n ir u m g rup o
de advogados na casa de M árcio Thom az Bastos para preparar a petição do
impeachment^"^ O passo seguinte seria o de requerê-lo, o que, conform e as
disposições constitucionais, só po deria ser feito p o r pessoas físicas. Marcello
Lavenère conta com o se deu a sua escolha e a de Barbosa Lima Sobrinho, presi­
dente da Associação Brasileira de Im prensa (ABI), para a função de requerentes
do impeachment:

Estava eu então, num a determinada tarde, aqui no prédio da Ordem, quando


chegaram quatro parlamentares escolhidos pelos seus partidos para conversar
comigo. Eram dois deputados federais, Aldo Rebelo, do Partido Comunista
do Brasil (PCdoB), e Vivaldo Barbosa, do Partido Democrático Trabalhista
(PDT) e dois senadores, Pedro Simon, do Partido do M ovim ento D emocrá­
tico Brasileiro (PMDB), e Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB). Chegaram e me disseram: '‘Presidente, nós
examinamos a questão no Congresso e chegamos à conclusão de que a única
fo rm a que há desse processo de im peachm ent colher algum fru to é levando a
assinatura de duas entidades de prestígio nacional, que são a A B I e a OAB."
Quando então eu ponderei que nem a Ordem nem a A B I poderiam assinar
0 documento, porque este tipo de procedimento era vedado a entidades e par­

tidos, eles disseram que a ideia era que nós assinássemos, e u e o dr. Barbosa
Lim a Sobrinho, como pessoas físicas, como cidadãos, mas obviamente tendo
por trás as instituições que presidíamos. Eu novamente ponderei dizendo
que, como era um processo de responsabilidade política, os integrantes do
Congresso Nacional é que deveriam assinar. Nesse instante o senador Pedro
Simon disse, com a anuência dos outros três parlamentares, a seguinte frase:

Ver E v a n d ro Lins e Silva, 0 salão dos passos perdidos: depoim ento ao CPD O C, Rio d e Janeiro, N ova Fronteira,
E d ito ra FGV, 1997, p. 441 e M arcello Lavenère, e m A O A B na vo z d e seus presidentes, op. cit., p.235.
S e g u n d o c o n sta n a Ata d a sessão d e 1/9/1992, fizeram p a rte d o g ru p o , a lé m d e M árcio T. Bastos, E vandro
Lins e Silva - q u e seria d e sig n a d o p a ra ad v o g ad o d e L avenère e B arb osa L im a - , M iguel Reale Junior,
Fábio K o n d e r C o m p a ra to , E d u a rd o S eabra F agundes, D a lm o D allari, Sérgio B erm udes, José C arlo s D ias,
Flávio B ie rren b ach e Luiz F rancisco d a Silva C a rv a lh o Filho.

40 m àM
V ' o l i i n ' t c () \ ( ) \I' ! 11,1 iM( i,i ( n n s i ) l ’ r L i t l , i I !

“NÓS não temos credibilidade para tanto”Diante desta declaração eu prometi


consultar o Conselho Federal e os presidentes dos conselhos seccionais, que
me autorizaram, quase por unanimidade, assinar a petição."*^

Na sessão de 1- de setembro, reunidos o Conselho Federal e o Colégio de


Presidentes, a petição foi assinada por Lavenère e Barbosa Lima Sobrinho, à qual
foi anexada um a lista de apoiamento ao pedido assinada pelos m em bros da dire­
toria da OAB, m em bros natos, conselheiros federais, presidentes das seccionais
e todos os dem ais presentes. A cam inhada até o Congresso para a entrega da
petição, sugerida p o r Sérgio Sérvulo da C unha, foi assim descrita p or Lavenère:

Era por volta de meio-dia quando encerramos a solenidade de assinatura


da petição. A lém do dr. Barbosa Lima, estavam presentes o Betinho, o Jair
Menegueli, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) à época,
os nossos amigos da CNBB, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc),
e também o Lindberg Farias, presidente da UNE. O fa to é que quando eu
sugeri que fôssemos a pé, a ideiafoi m uito bem recebida. E de fa to nós fomos,
todos, até 0 Congresso. Foi um a coisa m uito bonita, porque estávamos ali,
cam inhando pelo meio da rua. Quando começamos éramos um pouco mais
de um a centena de pessoas, mas à medida que cam inhávamos mais gente
ia chegando. Havia conosco um carro de som que anunciava pelas ruas o
que estávamos fazendo ali e para onde nos dirigíamos. Havia milhares de
pessoas no Congresso nos aguardando, inclusive muitos jornalistas. Os pre­
sidentes da Câmara e Senado já nos aguardavam também. O dr. Barbosa,
em função da idade, não pôde acompanhar a caminhada, fo i de carro. Mas
0tempo passava, a confusão aumentava, e nada do dr. Barbosa Lim a Sobri­
nho chegar. Em dado m om ento uma grande movimentação num certo lado
do salão indicou a sua chegada, flutuando, literalmente levitando. Ele não
conseguia colocar os pés no chão. Q uando finalm ente se aproximou de onde
estávamos, fizem o s a entrega fo rm a l da petição ao presidente da Câmara,
que era o deputado Ibsen Pinheiro.^^

Os próxim os passos envolviam decisões que passavam pelo Legislativo-


C âm ara e S enado e pelo judiciário, representado pelo STF, única instituição

M arcello Lavenère, e m A O A B n a vo z de seus presidentes, op. cit., p. 235-36.


Tdem, ib.. p. 236-37.

41
_______________ Hi<^tnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

com com petência para julgar processos envolvendo o presidente da República.


Presidida pelo d ep u tad o Ibsen P inheiro (PM DB-RS), que teve u m papel fu n ­
dam ental na condução do processo, a C âm ara não só decidiu m anter a votação
ab erta e n om inal - e n ão secreta, com o era reivindicado pelos defensores de
C ollor com o estabeleceu prazos p ara o en cam inh am en to do impeachment.
Tanto um a q uanto a o u tra foram aprovadas pelo STF presidido pelo m inistro
Sidney Sanches. N o dia 29 de setem bro, p o r 441 votos co ntra 38, a C âm ara
aprovou a adm issibilidade do im peachm ent, o que levou ao afastam ento de
C ollor da presidência e à sua substituição pelo vice, Itam ar Franco.
A percepção da im portância de que u m a crise política de tal m agnitude
houvesse tido com o arena privilegiada o palco ilum inado do Congresso e do
Suprem o transpareceu n a C arta de Vitória, docum ento de encerram ento da
XIV C onferência N acional da OAB (24 de setembro);

0 impedimento do presidente que desonrou o m andato é um a etapa ape­


nas no processo perm anente de construção da democracia. Ê fun d a m enta l
que a sociedade e as instituições públicas estabeleçam agora um marco de
nossa história, a partir do qual se inverta um a viciosa correlação de forças,
inaugurando-se a prevalência da Nação sobre o Estado. A afirmação de um a
efetiva cidadania que não se concebe apenas fo rm a l é o resultado de um a
paciente sedimentação, com avanços e recuos, mas sempre obstinadamente
procurada em cada singelo gesto individual ou magna decisão coletiva.

A batalha agora seria no Senado, onde, ao contrário da Câm ara, haveria


um processo com u m certo feitio de procedim ento judiciário, em que as partes
constituiriam advogado. Para representar os denunciantes, Marcello Lavenère
e Barbosa Lim a Sobrinho, a OAB indicou o conselheiro Evandro Lins e Silva,
que pôde contar com a colaboração técnica de u m a com issão com posta pelos
advogados Fábio K onder C om parato, José Paulo C avalcanti Filho, M arília
M uricy e René Ariel Dotti.'*^
C om o em todo bom julgam ento que se preze, o de Collor tam bém teve lan­
ces rocambolescos, com o a m anobra do presidente de destituir os advogados por
ele instaurados, no intuito de im pedir a realização da sessão que estava m arcada
para o dia seguinte e adiar o julgam ento, contando com o recesso p arlam entar

V erA ífl da sessão d a O A B , 2 0 /1 0/1992. Para a c o m p o siçã o d a co m issão, b e m c o m o p a ra to d a a d o c u m e n ­


ta ç ão referen te a o processo, v er A O A B e o im p eachm en t, op. cit,

42 «41
\'í)lu n i(' () A ( ) \ i ! 11(1 [ ) ( ' i n o ( r .u i,i í o n s i i l j d . u l . i I *)n'i !( K)

das festas natalinas e a tradicional desm obilização de janeiro e fevereiro. A


aposta era ganhar tem po até março, tentar esfriar o assunto e reverter o quadro.
O clima de preocupação é b em retratado p o r Lavenère:

Era um fio de navalha, era a armadilha final. Nós poderíamos ter jogado
todo aquele esforço fora se não tivéssemos tranqüilidade e habilidade para
reagir à manobra. A o fim das discussões chegamos à conclusão de que
0adiamento era realmente inevitável, mas que tam bém o julgam ento não
poderia ser remarcado para fevereiro ou março do ano seguinte. O ministro
Sidney Sanches então remarcou a sessão para o dia 28 de dezembro, entre
0 Natal e o Ano-Novo. No mesmo dia 28, logo pela manhã, o Collor renunciou,
tentando interromper o processo de im peachm ent. De imediato, o ministro
Sidney Sanches suspendeu a sessão de julgamento para que fosse empossado
0 vice-presidente, Itam ar Franco.*^

Ao fracasso do golpe do adiam ento, seguiu-se o da renúncia ao m andato.


0 objetivo de C ollor era claro: encerrar o processo e im pedir a decretação de
inelegibilidade, o que interrom peria, com pulsoriam ente, sua carreira política
p or um determ inado período. Era preciso, portanto, convencer o Senado da
im portância da continuidade do processo. Na avaliação de Evandro Lins e Silva,
foram decisivos para a condenação de Collor - declarado inelegível p or oito anos
- tanto o voto técnico do relator do processo, senador A ntônio Mariz, quanto
os votos em ocionados dos senadores M ário Covas e Pedro Simon, intérpretes
da indignação coletiva, da consciência pública.'’^
De volta às trincheiras, com o nos “gloriosos” tem pos da luta co ntra o
autoritarism o do regim e militar, a OAB m anteve-se unida em to rn o da figura
de seu presidente, correndo os riscos inerentes a u m processo de impeachment,
cujo com eço todos conhecem , m as o fim é imprevisível. Para livrar a OAB da
velha m áxim a de Nelson Rodrigues de que toda unanim idade é burra, na Ata da
sessão de 24 de novem bro consta a m anifestação do conselheiro José A driano
sobre “o engajam ento da OAB em ação política que tivesse a participação de
lideranças partidárias”.
O ano de 1993 abria-se com vários desafios colocados para a O rdem - os
m ais im ediatos eram a escolha do sucessor de Lavenère e a aprovação do novo
Estatuto pelo Congresso Nacional.________________________________________
** M arcello Lavenère, e m A O A B na voz de seus presidentes, op, c i t , p. 237.
Ver E v an d ro Lins e Silva, op. cit., p. 460.

43
______________ Hi.stnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

M arly M otta

Capítulo III
O Novo Estatuto da Advocacia

3.1 São Paulo volta à presidência da O rdem

Depois de dois presidentes oriundos do eixo norte-nordeste (Pará e A la­


goas), a presidência da OAB voltou para São Paulo. Presidente da seccional,
José R oberto Batochio tom ou posse com o conselheiro federal em 8 de m arço
de 1993, e, m enos de u m m ês depois, era eleito presidente da OAB.
O processo sucessório que desem bocou n a eleição de Batochio apresenta
algum as características que com põem u m certo padrão institucional da OAB.
Apesar de frequentem ente negada, a com petição está sem pre presente, pau ­
tada, é claro, p o r alguns p arâm etros previam ente acordados. Um deles é que
o presidente costum a jogar u m papel crucial na eleição de seu sucessor, até
m esm o porque, em alguns casos, há com prom issos anteriorm ente assum idos
na com posição da diretoria; o vice-presidente e o secretário-geral, p o r exemplo,
costum am p erten cer ao clube dos presidenciáveis. A ntônio C arlos Elizalde
Osorio, secretário-geral de Lavenère, lançou-se com o candidato avulso, mas
só obteve dois votos, contra os 25 dados a Batochio.
Pode-se atribuir a derrota do secretário-geral a um duplo m otivo que se
retroalimenta. Por um lado, o poder de arregimentaçào do presidente da seccional
paulista junto ao Colégio d e Presidentes, que via com bons olhos o fato de um
^ A d ire to ria eleita e m 1- d e a b ril d e 1993 tin h a a s eg u in te co m posição:
Presidente: I- R o b e rto B ato ch io (25 v otos) x A n tô n io C arlo s E. O s o rio (2 votos)
V ice-presidente; E r n a n d o U ch o a L im a (C E) - 26 v otos
Secretário-geral: A ristó teles A th e n ie n se (M G ) - 26 votos
Subsecretário; P ed ro O rig a N e to (R O ) - 26 votos
Tesoureiro; W e rn e r Backes (SC) - 26 v o to sA n t

44
V 'u lu n u ' ■\ ( Hci 1 r ,ii ( iin M ilid .K l.i ■ 1 >

de seus com ponentes assum ir o cargo m aior da instituição. M antida u m a antiga


tradição, o nom e de Batochio j á estaria confirm ado na Conferência Nacional de
Vitória (1992) com o o próxim o presidente. Por outro lado, Lavenère, absorvido
pelo impeachment, não teria podido costurar a sua sucessão e, p o r isso mesmo,
acabou tendo que se m anter “neutro na disputa, eticam ente em silêncio”, no
dizer de Batochio.^'
No entanto, o que parecia ser mais u m a sucessão dentro dos parâm etros
validados pela O rdem , transform ou-se em foco de conflito aberto entre Bato­
chio e o candidato p o r ele derrotado em abril. Na Ata d a sessão de 15 de ju nh o
consta, ao m esm o tem po, a proposta de Batochio de formalização do processo
de perda de m andato de A ntônio Carlos por faltas sucessivas, e a notícia de
queixa-crim e por este m ovida contra o presidente da O rdem .
A origem da séria desavença estava n a cam panha eleitoral, quando, se­
gundo Batochio, seu adversário havia contratado “um assessor de im prensa
para divulgar notas com insinuações m uito greves contra a m in h a pessoa”. Um a
delas teria sido a tentativa de associá-lo a grupos de extrem a-direita, a p artir
da exploração do episódio do confronto entre estudantes de Filosofia da USP
e da Universidade Mackenzie, onde ele havia estudado. A troca de acusações
m útuas acabaria resultando n a queixa-crim e que O sorio m oveu contra Bato­
chio com base na Lei de Im prensa, e que foi prontam ente respondida. A p er­
cepção do desgaste que u m evento dessa gravidade poderia provocar em um a
instituição que acabara de viver a tensa experiência de liderar u m processo de
im peachm ent certam ente pesou no sentido de que todas as queixas fossem
retiradas. Na Ata da sessão de 16 de agosto, foi registrada, “com satisfação”, a
presença do conselheiro A ntônio Carlos Elizalde Osorio.

3.2 Contra a revisão constitucional

A revisão constitucional era um dos grandes tem as em pau ta nesse ano


de 1993. Já rejeitada na gestão de Lavenère, a oposição da OAB à pro po sta
revisionista contin u av a “m assac ran te m e n te m ajo ritária , quase u n â n im e ”,
com base, fu nd am entalm en te em duas questões de fundo. P rim eiro, a “razão
técnico-jurídico”, com o diz Batochio, relacionada ao fato de que o C ongresso

José R o b e rto B atochio, e m A O A B na vo z de seus presidentes, op. cit., p. 244-45.


^ Id e m , ib„ p. 246-47.

•à l 45
H istó ria _ d a
O rdem dos A dvogados do Brasil_________________________________________________

eleito em 1990 não possuiria a função constituinte, não tendo, portanto, legitimi­
dade para prom over m udanças n a Constituição de 1988.” A existência do artigo
das Disposições Transitórias que previa a revisão em 1993 não delegava àquele
Congresso Nacional poder constituinte, u m a vez que som ente o povo brasileiro,
titular da soberania, poderia fazê-lo. U m a revisão com o a pretendida deveria ser
exclusiva, realizada por um a Assembleia constituída por m em bros eleitos pelo
povo para este propósito. M uitos conselheiros faziam ainda restrições à reforma
constitucional ampla e defendiam a ideia de que esta deveria se restringir apenas
ao resultado do plebiscito, tam bém previsto na C arta Magna, a partir do qual seria
decidido o sistema de governo de nosso país: parlam entarism o, presidencialismo
ou m onarquia. Realizada em 21 de abril de 1993, a consulta popular resultou na
vitória da m anutenção do regime republicano presidencialista.
A oposição à revisão tam bém se alimentava do descrédito do Parlamento,
em especial daquele que havia saído das urnas em 1990. O m arem oto político
que havia arrastado o Executivo em 1992, um ano depois iria atingir em cheio o
Legislativo, dem olindo longos m andatos e destruindo reputações, algumas consi­
deradas ilibadas. A leitura do anteprojeto da revisão constitucional no plenário do
Congresso, com a presença de Batochio e Lavenère, ocorreu justam ente durante
o funcionam ento da CPI do Orçam ento, em outubro de 1993.^'*
Não eram novas as suspeitas sobre a existência de corrupção n o orçam en­
to da União - em 1991, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) denunciara um
esquema de fraude, e, com o conseqüência, houvera o afastam ento do deputa­
do João Alves (PFL-BA) da relatoria da Comissão de Orçam ento, da qual era
m em bro titular desde 1972. O escândalo estourou quando José Carlos Alves
dos Santos, ex-diretor do D epartam ento de O rçam ento, acusado de m atar a
mulher, denunciou o envolvimento de parlamentares, ministros, governadores e
empreiteiras em um esquema de corrupção que âcou conhecido com o a “Máfia
do Orçam ento”. João Alves foi acusado, n a CPI, de ser o principal responsável
pela organização do esquema, íicando encarregado de distribuir entre parla­
m entares propinas recebidas em troca de em endas incluídas n o orçam ento e
de verbas liberadas para instituições e empreiteiros. Por causa d a baixa estatura
de seus mem bros, o grupo form ado p o r Alves e m ais seis parlamentares, entre os
quais o influente líder do PMDB, deputado Genebaldo Corrêa, ficou conhecido
com o “os anões do orçamento”.

Id e m , ib-, p. 249.
Ver A ta da sessão da O A B , 18/10/1993.

46
V ' n i i i i n c I| A ( )'\i! i\i O ctiioi iM( ia { o n s o i i d i u l . i I ‘ to‘l-J l)0

Preocupada com o desgaste que o Poder Legislativo vinha sofrendo, a


OAB convidou o senador A m ir Lando, que havia sido o relator da CPI de PC
Farias, para fazer u m a palestra sobre o andam ento da CPI do O rçam ento e da
revisão constitucional. Mais um a vez, o Conselho da O rdem reiterou sua posição
contrária à revisão, m as, p o r 16 votos a 8, decidiu não ajuizar u m a Ação direta
de inconstitucionalidade (Adin) contra ela e nem provocar o Senado Federal
neste sentido.*^
Isso não significava, no entanto, que a O rdem houvesse se rendido. Se
a questão jurídica era im portante, a política não ficava atrás. A preocupação,
evidente n o depoim ento de Batochio, era que a revisão abrisse cam inho para
um processo indiscrim inado de privatizações:

O capital internacional estava ávido por engolir os segmentos estratégicos que


o Estado brasileiro controlava. Lembro quando as pessoas me questionavam
a respeito da privatização das telecomunicações, por exemplo, afirmando que
a expansão do mercado promoveria a diminuição dos custos das tarifas e
um salto tecnológico no setor. Sempre respondi perguntando se o empresário
se arriscaria a instalar um telefone público deficitário em São Gabriel da
Cachoeira ou em São Paulo de Olivença, no interior do Amazonas. O Estado,
em razão de sua finalidade social, faria isso, ao contrário do empresário, cujo
objetivo é apenas o lucro. Existem certos setores da atividade econômica,
principalmente em um país que se esforça para se desenvolver, que precisam
ser fom entados, estimulados, controlados e supervisionados pelo Estado
(...). É necessária e oportuna a intervenção do Estado para neutralizar as
diferenças e as injustiças sociais, estabelecendo igualdade de oportunidades
para todos e distribuindo rendas.^^

O presidente Itam ar Franco via com certa desconfiança as propostas que


levavam ao enfraquecim ento do Estado e, portanto, não com ungava das m esmas
ideias de seu antecessor n o tocante ao processo de privatização das em presas
estatais. No entanto, na condição de presidente em exercício, deu prosseguim en­
to á orientação que v inha da gestão Collor, e procedeu, em outubro de 1992, à
privatização da Acesita. Ao m esm o tem po, o adiam ento, para m arço de 1993,
do program a de desestatização, perm ite perceber a quebra de braço que se dava

V er A ta d a sessão da O A B , 19/10/1993.
José R o b e rto B atochio, e m A O A B n a v o z de seus presidentes, op. cit., p. 249-50.

47
H is tó ria d a
O rdem dos Advogados d o Brasil_________________________________________________

entre defensores e detratores de u m a presença estatal m ais efetiva n a econom ia


brasileira. Em janeiro de 1993, o governo baixou um decreto alterando as regras
de privatização das estatais, gesto que foi interpretado com o um a tentativa de
retardar a sua transferência para o capital privado. De todo m odo, a deterioração
progressiva da situação financeira do país provocou a reativação do program a,
com a venda da Polioieíinas em m arço, e da C o m panhia Siderúrgica Nacional
(CSN), um dos maiores símbolos da presença do Estado na economia, em abril/^
Se a estabilidade das instituições foi m antida, o m esm o não se p ode dizer
da condução da política econôm ica. Ao longo do governo Itam ar Franco, entre
setem bro de 1992 e dezem bro de 1994, houve seis m inistros da Fazenda -
Gustavo Krause, Paulo H addad, Eliseu Rezende, F ernando H enrique Cardoso,
Rubens Ricúpero e Ciro G om es - e quatro do Planejam ento - Paulo Haddad,
Yeda Crusius, Aléxis Stepanenko e Beni Veras. Foi, no entanto, nesse contexto
conturbado que nasceu o plano que iria m arcar a estabilização, o Plano Real.
Ao assum ir o cargo de m inistro da Fazenda em m aio de 1993, Fernando
H enrique C ardoso avaliou que o segredo do sucesso no com bate à inflação,
que se m antinha em níveis bastante elevados, era atacar a crise do Estado, com
seu déficit crônico. O que, em term os bem sintéticos, significava reformá-lo,
p o r m eio da aceleração do program a de privatizações e da redução dos gastos
públicos. Em outubro, foi aprovado um novo m odelo de privatização, sob a
jurisdição do M inistério da Fazenda, o qual, além de am pliar o n úm ero de
estatais abrangidas pelo program a de desestatização, incluiu tam bém a quebra
parcial dos m onopólios da Petrobras e d a Eletrobrás.
Q uanto à revisão constitucional, seus resultados foram pífios. Instalada
em 13 de outubro de 1993 e finalizada em 31 de m aio do ano seguinte, votou
apenas 19 modificações ao longo d e 80 sessòes, 12 àas quais foram rejeitadas
já no prim eiro tu rn o de votação. Das 17 mil em endas relatadas - ou melhor,
sim plesm ente ignoradas - pelo relator, deputado N elson Jobim, apenas seis
foram aprovadas. Destas, a única em enda relevante foi a que reduziu o m andato
do presidente da República de cinco para quatro anos. Um conjunto de fatores
intim am ente ligados à conjuntura política pode explicar esse fracasso, dos quais
se deve destacar o calendário eleitoral e a C PI do Orçamento.^*

V erbete Ita m a r F ran co , e m A lzira Alves A b re u (e t al.). D icionário H istórico-Biográfico Brasileiropós-1930.


R io d e Janeiro, E d ito ra F G V -C P D O C , 2001.
^ Ver C lá u d io G o n çalves C o u to e R ogério B astos A ra n te s, op. cit.. p, 102.

48
X 'o lu n if i> •\ ( ) ' \ 1> n.i D c i i k K i.i{ ici ( ’ o i i ' - o I k I . k L i 1

3.3 Um novo Estatuto para um novo advogado

O ano de 1994 trazia a expectativa, finalm ente concretizada, de aprovação


do Novo Estatuto da Advocacia e da OAB. C om o explica Batochio, era preciso
estabelecer regras que atendessem às novas dem andas oriundas da “evolução”
da prática da advocacia:

O Estatuto anterior era de 1963 e o perfil da advocacia que ele contemplava


era ainda o do profissional liberal clássico. A advocacia pública e a assalariada
eram praticamente inexistentes. Enfim, a prática da advocacia havia evoluí­
do, avançado, e era preciso regrar o seu exercício em regime assalariado, era
preciso regrar a advocacia pública, sujeita aos vínculos com o Estado, mas
subordinada deontologicamente à OAB.^^

Várias etapas foram vencidas até a sanção presidencial em 4 de julho,


quando, pela Lei n° 8.906/94, em harm onia com o artigo 133 da Constituição
Federal, o novo Estatuto foi enfim aprovado. Desde a época da ditadura militar
era percebida a necessidade de se prom overem m udanças no Estatuto de 1963,
o qual, segundo Lavenère, refletiria “a advocacia da prim eira m etade do sécu­
lo”, estando, pois, fora de sintonia com as modificações que, a p artir de então,
haviam ocorrido na carreira.^*^ C om o vimos anteriorm ente, depois de algumas
divergências em to rn o da profundidade das transform ações a serem operadas -
“m odernizar” o Estatuto de 1963 ou fazer um novo - , o anteprojeto enviado ao
Congresso Nacional em m aio de 1992 tram itou p o r dois anos na Com issão de
C onstituição e Justiça, relatado pelo então deputado Nelson Jobim. Depois de
intensa discussão com o relator, o projeto passou na C âm ara e foi enviado ao
Senado, que o aprovou em ju n h o de 1994, sem em endas. N o m ês seguinte, a
sanção presidencial selaria o novo conjunto norm ativo da advocacia do Brasil.
Pode-se destacar, entre outros, os seguintes pontos do novo Estatuto: a
obrigatoriedade do exam e de O rdem para ingresso n a advocacia; a garantia de
inviolabilidade do advogado d urante o exercício profissional; a indispensabili-
dade do advogado para postulação perante o Poder Judiciário, regulam entando
0 art. 133 da Constituição; a criação de tribunais de ética e disciplina ju n to a
todos os conselhos estaduais; a simplificação das hipóteses de incom patibilidade

^ lo sé R o b e rto B atochio, e m A O A B n a voz de seus presidentes, op. cit., p. 254.


M arcello Lavenère, e m A O A B na v o z de seus presidentes, o p. cit., p. 229.

49
_______________ Hi«;tnrja da
O rdem dos A dvogados d o Brasil ]
e im pedim ento para o exercício da advocacia; e o disciplinam ento d a atividade
da advocacia exercida pelo advogado em pregado, inclusive quanto à advocacia
pública.
O novo Estatuto foi alvo de críticas, algum as delas com o intuito de de­
nunciar seu caráter “corporativista” José R oberto Batochio, então presidente da
O rdem , elencou os principais focos de resistência ao Estatuto recém-sancionado.
O setor bancário, p o r exemplo, estim ulou o ingresso, no Supremo, de Ação
direta de inconstitucionalidade contra a m edida que dava ao advogado assala­
riado, quando tivesse a causa ganha, o direito de receber da parte condenada
os honorários de sucum bência, que antes pertenciam à em presa para a qual ele
trabalhava.^'
No entanto, a oposição m ais forte proveio do Judiciário. A Associação
dos M agistrados Brasileiros (AMB) chegou m esm o a apresentar um a proposta
de veto com 12 itens, todos recusados pelo presidente Itamar. Os dois pontos
m ais sensíveis diziam respeito à relação entre advogado e juiz, tradicionalm ente
m arcada p o r tensões e c o n f li t o s .U m deles era o que determ inava o fim do
po der dos juizes de p ren der os advogados p o r seus atos e palavras durante o
exercício profissional. P or m aioria de votos, o STF concedeu lim inar aos juizes.
Um outro dispositivo do Estatuto, igualm ente suspenso pela ação do Supremo,
determ inava que o advogado pudesse se m anifestar após o relator, no intuito de
apon tar as possíveis falhas de seu voto. Foi m antida a situação anterior, em que
o advogado faz a sustentação sem conhecer os argum entos do relator.
A OAB reagiu, em term os bastante duros, às críticas ao “caráter co rp o ­
rativista do Estatuto”. Pubhcada pelo Colégio de Presidentes em 7 de agosto,
a cham ada C arta de Brasília não se furtou a identificar no Poder Judiciário o
principal obstáculo para a vigência d a Lei 8.906:

O Colégio de Presidentes Seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil,


reunido extraordinariamente na cidade de Brasília, no dia 7 de agosto de
1994, sempre voltado para o aperfeiçoamento do estado democrático de
direito, ao término dos trabalhos, proclama:
1. A Lei n'^ 8.906, de 4 de julho de 1994, Estatuto da Advocacia e da OAB,
em harm onia com o artigo 133 da Constituição Federal, é a concretização

José R o b erto B atochio, e m A O A B na v o z de seus presidentes, o p. cit., p.255.


V er M arly M o tta, “A b u s c a d a ren o v ação : o lO A B n o s a n o s 20”, e m Lúcia G u im a rã e s, M arly M o tta e Tania
Bessone, H istória da O rdem dos A dvogados d o Brasil: o lO A B n a Prim eira República, Rio d e Janeiro, OAB,
2003 (vol. 3 d a co leção H istó ria d a O rd e m d o s A d v o g ad o s d o BrasU, c o o rd e n a d a p o r H e rm a n n Baeta).

50
\'()iuiiK ' (, A ( ) \1) 11,1 D c n t o í i M( i,i í ( h i m ) I Í ( L h Ij ■ I 11

do ideário de lutas pela cidadania e reafirma a destinação democrática dos


advogados brasileiros;
2. Os comandos normativos do novo Estatuto obedecem rigidamente aos
princípios do constitucionalismo contemporâneo, cuja hermenêutica centra-
se na prevalência dos direitos fu ndam entais da pessoa humana;
3. A s supostas inconstitucionalidades suscitadas decorrem de interpretação
equivocada, não consentânea com os avanços democráticos, jurídicos e so­
ciais, que têm outorgado ao cidadão meios eficazes de realização plena da
cidadania;
4. Os advogados brasileiros sempre respeitaram e sustentaram as prerro­
gativas constitucionais da Magistratura e do Ministério Público, enquanto
isso se coaduna com as funções essenciais à Justiça. N ão aspiram quaisquer
privilégios, mas apenas prerrogativas, no exercício da profissão, que possibili­
tem a eficaz defesa dos direitos do cidadão. Com efeito, as prerrogativas não
contemplam a pessoa do advogado, posto que o cidadão é o seu verdadeiro
destinatário, ao contrário do que acontece com o Projeto de Lei Orgânica
da Magistratura, que confere privilégios pessoais aos integrantes do Poder
Judiciário, mesmo fora do exercício de suas funções;
5. Além de ser lastimável, é decepcionante que, para satisfazer intuitos pró­
prios, alguns órgãos do Poder Judiciário deliberada e ostensivamente insistam
em negar vigência à Lei n^ 8.906194, em flagrante ofensa à Constituição
Federal, desrespeito à lei e à ordem jurídica, demostrando apego a fórm ulas
retrógradas e submissão a interesses censuráveis.
6. Em verdade, a Carta M agna confere ao Poder Judiciário a faculdade de
elaborar seus regimentos, porém o exercício dessa prerrogativa não deve
afrontar as norm as de processo e as garantias processuais, sob pena de in-
constitucionalidade, com a quebra de harmonia dos poderes.
7. O Colégio de Presidentes manifesta seu repúdio às solertes manobras
de grupos e pessoas, visando a denegrir a imagem da advocacia perante à
opinião pública;
8. Definitivamente, onde há m unus publico, característica prim ordial e
histórica da atividade advocatícia, não há corporativismo.

U m m ês depois, um a o utra “C arta” reforçava as críticas da O rdem ao Ju­


diciário. Dessa vez, era a Carta de Foz do Iguaçu, que fechou a XV Conferência
Nacional, pela prim eira vez realizada fora de um a capital. A escolha da cidade

m àM 51
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

fronteiriça se deveu ao problem a dos “brasiguaios”, m igrantes do sul do Brasil


que, principalm ente a p artir da década de 1970, haviam se dirigido para regiões
do interior do Paraguai, inserindo-se o m ercado de trabalho com o trabalhadores
rurais. As farpas lançadas ao judiciário continuaram afiadas:

As constantes ameaças de prisão sofridas pelos advogados, po r suas m a ­


nifestações no exercício da atividade profissional, desfiguram a prestação
jurisdicional. Nossas prerrogativas, especialmente a da inviolabilidade
consagrada pela Constituição, não são privilégios, mas garantias do cidadão
que defendemos. No Estado Democrático de Direito, cresce a importância
do Judiciário. Sem que se modernize, será incapaz de cum prir sua função
constitucional. Cremos no futuro, cujo itinerário ajudamos a desenhar no
passado, com nossa luta continuada ao presente. São nossas armas, nesse em ­
bate, 0 direito contra a visão elitista e burocrática da atividade jurisdicional;
a Constituição, contra as investidas de um a ordem econômica desumana.
Assim como os Advogados se levantaram na defesa dos predicamentos da
Magistratura, vilipendiados pelo autoritarismo, agora se voltam, com o mes­
mo destemor, na defesa das prerrogativas de sua profissão, como um m unus
publico que tem no mesm o sentido de defesa da cidadania.

Setores da m ídia tam bém bateram forte no que cham avam de “forte acento
corporativista” do novo Estatuto, q uebrando u m a relação de cum plicidade que
v inha desde os “anos de chum bo”. N ão p o r acaso, a Carta de Foz de Iguaçu se
referiu explicitam ente ao papel fundam ental das com unicações para a “ética e
a dem ocracia” tem a central da Conferência:

Letal para a Democracia, o monopólio das comunicações. Este, em grau


de importância, é o primeiro grilhão que nos oprime e de que devemos nos
libertar com urgência. A informação é propriedade do povo e o direito de
ser informado corretamente requer a democratização dos meios de com u­
nicação social.

As dificuldades de relacionam ento com a im prensa se acentuaram no mês


seguinte, outubro de 1994, p o r ocasião d a publicação de u m a série de três a rti­
gos do jornalista Luís Nassif, n a Folha de S. Paulo.^^ D enunciando a existência
de “um a cam panha orquestrada da m ídia” dirigida, ao m esm o tem po, contra

52 «áB
V ' n l u i T K ' li \ ( ) \i; ti.i I )c m n ( r , u i . t ( o n s o l 1(1,1 (1,1 I 11

0 novo Estatuto e a figura do presidente, a O rdem decidiu publicar um a nota


oficial e prom over um ato de desagravo.^
Paralelam ente aos processos que geraram um novo tipo de advogado,
ocorria tam bém um a am pliação dos ram os do direito, decorrente, é certo, da
crescente com plexidade da sociedade brasileira. A realização da Conferência do
M eio Am biente, no Rio de Janeiro, em 1992 - a cham ada ECO-92 - , trouxe á
baila o direito ambiental. A Conferência de Advogados Ambientalistas, realizada
em Salvador no ano seguinte, p rocurou responder a essas novas dem andas por
m eio da publicação de um docum ento que reivindicava a atuação da OAB nos
conselhos de m eio am biente, em seus três níveis de atuação - nacional, estadual
e m unicipal im plicando, necessariamente, em m aior participação da entidade
nos estudos e decisões sobre questões ambientais. A crescente procura p or profis­
sionais especializados nesse ram o levou os m em bros participantes do Congresso
a sugerirem a inclusão de questões de direito am biental nos exames de O rdem ,
m esm o porque, em bora o Brasil dispusesse de u m a das legislações am bientais
m ais m odernas do m undo, sua aplicação era, até então, bastante restrita.

^ P u b licad o s n a Folha de S. Paulo d o s d ias 17, 18 e 19 d e o u tu b ro d e 1994, são o s seg u in tes artigos: “Pela
ética n a OAB - 1"; “Pela étic a n a O A B - 2 ”; “Pela ética n a O A B - 3 ”.
^ V e r A tíi d a sessão d a O AB, 18/10/1994. A n o ta oJicia] d a OAB c o n te s ta n d o N assif foi p u b lic a d a n a Folha
d e S. Paulo. 19/10/1994.

53
H istória da
O rdem dos Advogados do Brasil

M arly M otta

Capítulo IV
/4 OAB na era FHC (I)

4.1 As reformas na C onstituição de 1988

O ano de 1995 m arcou o início do governo do presidente eleito em 1994, o


sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Sua vitória sobre Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), candidato à presidência da República pela segunda vez, deveu-se a
um conjunto de fatores. O primeiro deles foi, sem dúvida, o sucesso do Plano Real,
elaborado pela equipe econômica por ele com andada quando de sua gestão no M i­
nistério da Fazenda (maio 93/abriI 94). Com base em um program a que misturava,
além da privatização de estatais, contenção de gastos públicos, arrocho fiscal (criação
do Imposto sobre Movimentação Financeira - (IPMF) e desvinculação de tributos
e contribuições de suas destinaçôes constitucionalmente previstas (aprovação do
chamado Fundo Social de Emergência), o governo se lançou à delicada operação
de troca de moeda, com o surgimento do real em 1- de julho de 1994. A queda
vertiginosa da inflação, trazendo a perspectiva, tantas vezes perseguida, de estabili­
dade monetária, inflou a candidatura FHC e possibilitou sua vitória já no primeiro
turno da eleição com 54% dos votos. Para esse excelente resultado eleitoral, pesou
tam bém a m ontagem bem-sucedida de um a aliança político-partidária que, além
do PSDB, incluiu o PFL e o PTB.“
Na OAB, 1995 tam bém foi ano de posse de novo presidente, que, a partir do
Estatuto recém-aprovado, teria um m andato de três anos: seria eleito em janeiro
e empossado no mês seguinte, e não mais em abril, como era a praxe tradicional.
Outras mudanças foram introduzidas, com o a votação em chapa fechada, o que

^ Para m ais in fo rm a çõ e s sobre o P la n o Real, ver, e n tre o u tro s , L av ínia B arro s d e C astro, op. cit.; e Luís Nassif,
“Política m a c ro e c o n ô m ic a e aju ste fiscal”, e m B olívar L a m o u n ie r e R u b en s F ig u eired o {orgs.), A Era FHC,
u m balanço, São Paulo, C u ltu ra E ditores A sso ciad o s, 2002.
Sobre a alian ça q u e possib ilito u a v itó ria d e F H C e m 1994, v er H e len a C hagas, op. cit., p. 335-36.

54
V 'o lu n n ’ h .A ( ) \ i ) lid Í ) r m i i( I'.u i.t ( n n s o l i i l . K l . i ■ I ' / ( i ' i - i d O ■
impossibilitava as candidaturas avulsas, ou ainda, a composição do colégio eleito­
ral que elegeria a diretoria da Ordem. Por ocasião da tramitação do Estatuto pelo
Congresso, foi apresentada pelos parlamentares a proposta de que a mesa diretora
fosse eleita não mais pelo Conselho Federal, e sim pelas seccionais.^’ Em seu depoi­
mento, Ernando Uchoa, o presidente então eleito, dem onstra desagrado por essas
modificações trazidas pelo novo Estatuto;

Outrora os candidatos mais votados nas diversas chapas estariam eleitos. A tu ­


almente não funciona mais assim, porquanto o eleitor é obrigado a votar em
chapa fechada, não podendo, portanto, sufragar nomes que nela não figurem.
Isso gerou controvérsias, porque eliminou a possibilidade de participação das
minorias (...). Na vigência do Estatuto anterior, de 1963, o Conselho Federal elegia
sua Diretoria. Os conselheiros federais eram eleitos nos seus estados, tomavam
posse e, em seguida, elegiam a diretoria do órgão supremo da OAB (...). Sob o
pretexto de que se democratizaria mais a eleição do Conselho Federal, este dei­
xou de eleger sua mesa diretora, passando essa competência para as seccionais.
Isso configura, indubitavelmente, um enorme desprestígio para o Colegiado. É
de primeira evidência que a alegada democratização da eleição do Conselho
Federal não tem cabimento, pois, a partir da nova Lei da Advocacia e da OAB,
os conselheiros são eleitos diretamente, ao contrário do que acontecia no passado,
quando eram escolhidos indiretamente, pelas seccionais. Outro aspecto negativo
é que um candidato a presidente precisará comparecer a todos os estados, af i m
de apresentar a sua plataforma, já que as seccionais é que elegerão a diretoria
do Conselho Federal. Mas nem todos os componentes da chapa vão aos estados.
Dessa forma, as seccionais estarão votando em candidatos que não conhecem.^’^

Presidente da seccional do Ceará p or duas vezes, Ernando Uchoa saiu da vice-


presidência para comandar a diretoria da OAB no período de abril de 1995 a janeiro
de 1998.^'^ Além das novidades trazidas pelo novo Estatuto, a presença, na nova
N a A ta d a sessão d a OAB, d e 17 d e m a rç o d e 1997, c o n sta m p ro p o s ta s d e alteração d o n o v o E statu to , n o
in tu ito d e a p ro v a r p ro p o s ta d e v o to o b rig a tó rio e d e c h a p a ab erta , b e m c o m o d e eleição d a d ireto ria
p e lo C o n se lh o Federal.
^ E rn a n d o U choa, e m A O A B na v o z de seus presidentes, op. cit., p. 287-88.
^ A d ire to ria eleita e m 1- de ab ril d e 1995 tin h a a seg u in te co m posição:
Presid en te; E rn a n d o U ch o a L im a (CE)
V ice-presidente: Luiz A n to n io d e Souza Basilio (HS)
S ecretário-geral: R egin ald o d e C astro (D F)
S e cretária-g eral-ad ju n ta; M a rin a B eatriz S. M ag alh ães (RS)
Tesoureiro: José Paiva d e S o u za Filho

55
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

diretoria, de M arina Beatriz Magalhães, representou u m a quebra no tradicional


padrão de hegem onia m asculina vigente n a OAB desde a sua criação.
O fracasso da revisão constitucional não implicava, no entanto, que o tem a
das reformas na Constituição de 1988 houvesse sido alijado da arena de debates.
Ao contrário. Para a equipe econôm ica com andada pelo m inistro da Fazenda,
Pedro Malan, a sustentação do Plano Real dependia da aprovação de um a série
de reformas que flexibilizasse os m onopólios que vigiam nos setores de petróleo
e de telecomunicações, bem com o as regras do sistema previdenciário, especial­
m ente o que regulava o serviço público. Logo em fevereiro de 1995, o presidente
sancionou a Lei de Concessões Públicas, de sua iniciativa no Senado, que abriu à
iniciativa privada a exploração de serviços prestados pelo Estado com o a distri­
buição de energia elétrica e o abastecim ento de água. Dias depois, apresentou ao
Congresso o prim eiro grupo de reformas que implicavam em endas à Constituição,
abrangendo temas que iam desde a redefinição do conceito de empresa brasileira
até o fim do m onopólio estatal sobre o petróleo e as telecomunicações.^'^
Alguns estudos trabalham com a hipótese de que a C onstituição de 1988
é u m a “C arta de dispositivos tipicam ente governam entais”. Portanto, o êxito do
processo de revisão estaria condicionado aos interesses do governo FH C em
im plem entá-lo, invertendo os sinais d a com plexa equação que anteriorm en te
havia conduzido ao fracasso. O u seja, n a reform a iniciada em 1995, o p o d er
de agenda do Executivo, em v irtu d e do esvaziam ento ideológico da agenda
pública e da ausência de constrangim entos do calendário eleitoral, favoreceu
as iniciativas reform istas do governo: o C ongresso reagiu a iniciativas que
partiram do Executivo e os m inistros se torn aram advogados das propostas re­
formistas.^' Para resumir, o governo entrou em cam po para aprovar as reformas.
O batism o de fogo foi em m aio, quando, apesar da decretação de greve
po r p arte dos petroleiros e servidores públicos, a C âm ara aprovou a em enda
que redefinia o conceito de em presa nacional, ehm inando restrições ao capital
estrangeiro e, em prim eiro turno, as em endas referentes ao fim da reserva de
m ercado na navegação de cabotagem e à extinção do m onopólio estatal das
telecomunicações.
™ P a ra u m q u a d ro c o m p le to d a s P ro p o sta s d e E m e n d a C o n stitu cio n al (P E C ) e n c a m in h a d a s p e lo Executivo
e n tre 1995 e 2001, v er C lá u d io G o n çalves C o u to e R o gério B astos A ra n te s, op. cit., p. 144.
E n tre 1988 e 2002, fo ra m ap ro v ad as 44 e m e n d a s co n stitu cio n ais, s e n d o q u e a p e n a s seis d u ra n te o p e río d o
p rev isto p a ra a revisão. D as o u tra s 38. co n sid e ra d a s e m e n d a s co n stitu cio n ais c o m u n s, 34 fo ra m a p ro ­
vadas e n tre 1995 e 2002, e m s u a m a io r p a rte p ro p o s ta s p o r in iciativa d o P o d e r E xecutivo, e re c aíra m
q u a se sem p re so b re m a té ria s q u e fo rm av a m u m a a g e n d a tip ic a m e n te g o v e rn a m e n tal, e n ã o estrita m e n te
c o n stitu cio n al. Id e m , ib„ p. 103-04.

56
\ ' ( ) l uni ( ' I) A () \ 1! n, i I i cK i,i C o n s o l i í l . u l . i ■ I 11

A aceleração das reform as n a C onstituição de 1988, que até então haviam


patinado, acendeu a luz verm elha na OAB. Em julho de 1995, foi criada a C o ­
missão de A com panham ento da Reform a Constitucional, form ada pelos conse­
lheiros Evandro Lins e Silva, M arília M uricy e Sérgio Sérvulo da C unha, a qual,
com o o próprio nom e indica, deveria acom panhar as propostas encam inhadas
pelo Executivo ao Congresso, com o form a de possibilitar a participação de um a
instituição d a sociedade civil no debate público das propostas. A percepção da
necessidade de que, em um a dem ocracia consolidada, a O rdem precisaria m anter
abertos os canais com os poderes Legislativo e Judiciário, fez com que, nessa
m esm a ocasião, se discutisse a relevância da designação de assessores específicos
para o acom panham ento dos interesses da OAB junto ao STF e ao Congresso,
e, ainda, que parlam entares advogados fossem convidados para participar das
reuniões do C onselho Federal.^^
Foi forte a reação da OAB contra a reform a da Previdência, especialm ente
em relação ao artigo da lei que previa a contribuição do aposentado p ara o
sistema previdenciário, julgado “inconstitucional” pela unanim idade dos co n ­
selheiros.’^ O reconhecim ento da im portância desse posicionam ento da O rdem
fica claro n a Ata da sessão de 13 de fevereiro de 1996, quando o presidente da
C U T (C entral Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, convidado a
com por a Mesa Diretora, solicitou form alm ente “o apoio e a parceria da O rdem ”.

4.2 Um a relação delicada: O AB e o Poder Judiciário

“Eu diria que h á quase um conluio para que não se reahze esta reforma.”
Esta foi a avaliação feita p o r E rnando Uchoa sobre as dificuldades em relação
ao andam ento da reform a do Judiciário. O conluio a que se refere abrangeria
os três poderes: o Poder Executivo, que não viria revelando “m aior interesse
sobre a questão”; o Legislativo, que tam bém não se disporia “a con tribu ir para
a solução do problem a”; além do p róprio Judiciário, que colocava “objeção a
determ inados aspectos da reform a”. C om a O rdem não acontecia o mesmo.
Apesar de ser um assunto complexo e polêm ico, o C onselho Federal tinha,
sobre o tem a, u m a posição definida havia m uito tem po.’*^

V er A ta da sessão d a O A B , 13/6/1995.
E r n a n d o U ch o a, op. cit-, p. 273.
Id e m , ib.. p. 275.

57
_______________ Hi<;tnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

Alguns estudos sobre o Poder Judiciário classificam com o “híbrido” o siste­


m a de controle constitucional no Brasil. Graças à Constituição de 1988, conta-se
com o m ecanismo de Ação direta de inconstitucionalidade (Adin) apresentado
diante do STF, o que o torna quase um a C orte Constitucional. N o entanto, ao não
dispor do m onopólio da declaração de inconstitucionalidade, o Supremo acaba
repartindo essa com petência com juizes e tribunais inferiores de todo o país. Por
isso mesmo, quando recebe recursos dessas instâncias em tem as constitucionais
manifesta-se apenas como órgão de cúpula do Judiciário. Para com pletar o hi-
dridism o do sistema, as decisões do STF não vinculam aquelas tom adas pelos
órgãos judiciários inferiores, com o ocorre, p o r exemplo, nos Estados Unidos. A
criação da Corte Constitucional teria sido evitada para não haver o risco de se
voltar ao controle constitucional no STF, tal com o realizado pelo regime militar.’^
Na Ata da sessão de 14 de abril de 1996 consta a contribuição da Comissão
de Estudos Constitucionais (CEC)’^ à reforma do Judiciário. A proposta foi votada
por tópicos, sendo que o prim eiro deles tratou da criação da “Corte Constitucional,
exclusiva, com o órgão autônom o que não com põe o Poder Judiciário, de com ­
petência constitucional”. A C orte seria com posta por 2/5 de constitucionalistas
eleitos pelo Congresso; 1/5 de m em bros oriundos da advocacia eleitos pelo C o n ­
selho Federal da OAB; 1/5 oriundo do M inistério Público eleito pelo M inistério
Público Federal; e, finalmente, 1/5 oriundo da M agistratura eleito pelo STF, com
diplomação e posse diretam ente na C orte Constitucional. Um segundo tópico
era o que tratava da incorporação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelo
Supremo Tribunal Federal, que m anteria a sua denom inação, responsável pela
matéria remanescente e não constitucional do STF e pela com petência do STJ.
O ponto mais polêmico da proposta era, sem dúvida, a criação do Conselho de
Controle Administrativo do Poder Judiciário, com posta p or 21 mem bros, assim
definidos: o presidente da C orte Constitucional, o presidente do STF, cinco m a­
gistrados eleitos pelo STF, sete advogados eleitos pelo Conselho Federal da OAB
e sete m em bros do M inistério Público eleitos pelo MPF.^^

Sobre o P o d e r Ju d iciário d e p o is d e 1988, v er R o g ério B astos A ra n te s e Fábio K erche, “P o d e r Judicial y


d e m o c ra c ia e n Brasil”, e m V icente P a le rm o (co m p .), op. cit., p. 209-10.
E m ju n h o d e 1996, fo ra m c ria d a s c in c o c o m issõ es p e rm a n e n te s d o C o n se lh o F ed eral d a OAB, co m p o sta,
c ad a u m a delas, p o r c in c o m em b ro s: E stu d o s C o n stitu cio n ais, D ireitos H u m a n o s, E n sin o Jurídico, Exam e
d e O rd e m e D ire ito s D ifu so s e C oletivos.
’ ’ S obre a co m p o siçã o d o C o n se lh o d e C o n tro le d o Judiciário, h á p o siçõ e s divergentes, c o m o a d o m e m b ro
h o n o rá rio vitalicio, H e rm a n n B aeta, q u e d e fe n d e a p a rtic ip a ç ão d a so cie d a d e civil n o C o n se lh o , p o r
m e lo d e in stitu iç õ e s c o m o a A BI, a C N B B e as c en tra is sindicais. V er H e rm a n n Baeta, e m A O A B na voz
de seus presidentes, op. cit., p. 176.

58 màM
\'()lu n u > (i A ( )'\li ti.i I ’ i i K )( r . u i , i ( ' ( ) i i ' s ( ) l k I . k 1,1 ■ I ! ■

A lgum as conclusões p o d em ser tiradas em relação à prop osta de reform a


do Judiciário então feita pela OAB. A p rim eira delas é que seria retirado do
Executivo o p o d e r de indicar os m inistros da C orte C onstitucional. Aqueles
a quem caberia, com exclusividade, cuidar das questões constitucionais, de­
veriam ser indicados pelo Legislativo, pelo STF, pela OAB e pelo M inistério
Público. Essas instituições tam b ém seriam responsáveis pela com posição do
C onselho de C ontrole A dm inistrativo do P oder Judiciário e, p o r c o nseq üên ­
cia, pelo fu ncion am ento do que se costum a ch am ar de controle externo do
Judiciário.
Tradicional defensora do controle externo do Judiciário, a OAB p rocurou
m atizar a questão, que, sabia, tocava m uito de p erto os brios de autonom ia dos
m agistrados, com o fez questão de esclarecer E rn and o Uchoa:

É óbvio que o órgão de controle externo não iria - nem poderia - se imiscuir
na atividade jurisdicional do magistrado, pois o controle externo objetivaria
a transparência do Poder Judiciário através do controle social da atividade
administrativa. E mais: seria um órgão de perm anente vigilância da boa
conduta do Judiciário, no que diz respeito ao fiel cumprimento de sua sagrada
missão, à preservação de sua ética, à sua eficiência. E funcionaria também
como órgão auxiliar de planejamento, de orientação administrativa, até
porque o magistrado não tem muita experiência nestas áreas.^^

O debate sobre a reform a do Judiciário saiu dos limites da área jurídica


um a vez que questões do m ais variado teor - de m ensalidades escolares a p ri­
vatização de estatais - suscitaram interpretações antagônicas da Constituição.
Se, p o r u m lado, pode-se creditar tal fato ao vigor das instituições, p o r outro,
é preciso levar em conta o elevado custo que a insegurança jurídica, derivada
da descentralização das decisões judiciais e da desvinculação entre elas, incide
sobre a governabilidade. Daí as várias propostas no sentido de redefinir o dese­
n h o institucional e o papel político do Poder Judiciário, especialm ente quanto
a dois aspectos: ao efeito vinculante das decisões d o Suprem o sobre as dem ais
instâncias, e à criação de u m m ecanism o que perm ita a transferência, para o
STF, dos processos que envolvam questões constitucionais relevantes em curso
nas instâncias inferiores do Poder Judiciário. Em relação ao prim eiro, a O rdem
se m anifestou na últim a sessão do ano de 1996. C onform e consta na Ata de

E rn a n d o U c h o a, op. cit., p. 276.

59
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

9 de dezem bro, “p o r 18 votos a II , foi acolhido voto do relator no sentido da


vedação de interposição de recurso, pelos órgãos da adm inistração, diante de
matérias sum uladas”.
Não p o r acaso, a reform a do Judiciário acabou sendo sancionada pelo
presidente Luiz Inácio da Silva no apagar das luzes de 2004, u m a vez que, pes­
soalm ente em penhado em sua aprovação, esteve o m inistro da Justiça, M árcio
Thom az Bastos, presidente da O rdem entre 1987 e 1989.

4.3 Um a relação tensa: O AB e o Poder Executivo

Se a relação entre a O rdem e o Judiciário foi delicada - “algum as vezes,


lam entavelm ente, a h arm onia é quebrada”, observa E rnando Uchoa^"^ - , com o
governo Fernando H enrique foi tensa e, m uitas vezes, conflituosa, em função
de posições contrárias que possuíam em relação a vários tem as. Um deles era
a questão das reform as constitucionais, carro-chefe da adm inistração federal.
C om o já vim os, a O rdem não esperou m uito para to m ar u m a série de iniciati­
vas com 0 objetivo de reagir ao que considerava “centralism o” do governo no
encam inham ento das reformas, sem perm itir o debate público das propostas
encam inhadas ao C ongresso Nacional.
O principal in strum ento que a O rdem usou para b arrar algum as refor­
mas, em especial aquelas ligadas ao processo de privatização, foi a Ação direta
de inconstitucionalidade. ^ A entrega, ao STF, da A din contra a privatização
da C om panhia Vale do Rio D oce acabou se transfo rm and o em um evento
político, a p artir d a decisão, tom ad a n a sessão de 14 de abril de 1997, de que
o ajuizam ento da Ação fosse precedido de passeata, partind o da sede do C o n ­
selho Federal até o Supremo. O repúdio ao leilão da Vale, ocorrido n o mês
seguinte, acabou provocando a convocação de um a sessão extraordinária da
O rdem , na qual as críticas ao governo foram bem duras: “violação ao regime
constitucional em vigor”, “agressão à consciência jurídica do país”, “alienação
de p arte considerável do patrim ônio público nacional”, entre outras.^'

Id em , ib., p. 278.
A C o n stitu iç ão de 1988 h avia a m p lia d o c o n sid e ra v e lm e n te o n ú m e ro d o s ag entes le g itim a d o s p a ra p ro p o r
u m a A d in , o q u e explica seu expressivo c re sc im e n to ao lo n g o d o s a n o s 199 0:98 (1990); 126 (1991); 111
(1992); 116 (1993): 121 (1994); 176 (1995); 147 (1996); 203 (1997). Cf. R og ério B astos A ra n te s e Fábio
K erche, op. cit., p. 213.
V er Afa da sessão d a O A B , 19/5/1997.

60 •âb
A ( ) \ l) 11,1 D c i l l i x r,K 1,1 ( ' o t i s o l i f ■1 Í-.I(I{) ) I

Tradicional defensora da reform a agrária e dos direitos do hom em do


c a m p o , a O rdem vai enfrentar turbulência em sua relação com o governo
dado o apoio que concederia ao M ovim ento Rural dos Trabalhadores Sem Terra
(MST). C onform e consta na Ata da sessão de 7 de novem bro de 1995, a OAB
não só abriu espaço para “tratar da questão relativa ao quadro de agravam ento
dos conflitos fundiários n o país, e, especialm ente, n o Pontal de Paranapanem a,
em São Paulo”, com o se colocou à disposição dos interessados para atuar com o
m ediadora desses conflitos. Para tanto, recebeu, em sua sede de Brasília, um a
am pla gam a de pessoas ligadas ao assunto, que iam de autoridades públicas,
com o 0 secretário de Justiça de São Paulo e o presidente do Incra, até represen­
tantes de entidades, com o o presidente da C onfederação Nacional d a A gricul­
tura, o diretor de Políticas Agrárias da C ontag e João Pedro Stédile, m em bro da
direção do MST, passando, ainda, por personalidades, com o N ilm ário M iranda,
presidente da C om issão de D ireitos H um anos da C âm ara de D eputados, e pelo
representante do C onselho M issionário Indigenista (Cimi).
A questão agrária ganhou espaço na agenda política de 1995 em função
de dois fatos im portantes: o m assacre de C orum biara (RO) e o III Congresso
Nacional dos Sem Terra, que prom oveu um a passeata de cinco mil pessoas em
Brasília. C riado em 1984, em u m encontro realizado em Cascavel, n o Paraná,
0 MST reahzou, no ano seguinte, seu prim eiro congresso nacional, no qual,
entre outras resoluções, adotou o lem a “O cupar é a solução”, o que indicava
um a p rofunda m udança no ru m o das lutas pela terra no Brasil.
O ano de 1996 colocou a questão agrária em outro patam ar, com a criação
do M inistério Extraordinário de Política Fundiária e Desenvolvim ento Agrário,
em abril, com o resultado da repercussão de um novo massacre de trabalhadores
rurais (19 m ortos e cerca de 50 feridos), em Eldorado dos Carajás, n o Pará. A
indicação de Raul Jungm ann, um antigo m ilitante de esquerda, para co m an ­
dar o novo M inistério, sinalizava a possibilidade de um entendim ento com
os líderes do MST, o que, no entanto, não ocorreu. M enos pela capacidade de
negociação do m inistro, e m ais pela opção estratégica do M ovim ento em favor

Sobre a p o sição d a O rd e m e m relação à q u e stã o a g rá ria n o Brasil, v e r a e n trev ista d e H e rm a n n Baeta em


A O A B na voz de seus presidentes, op. cit., p .176-80.
P ara m ais in fo rm a çõ e s s o b re o MST, ver, e n tre o u tro s, M ário G ry n s p a n , “A q u e stã o a g rá ria n o Brasil pós-
1964 e o M S T ”, e m Jorge F erreira e Lucília d e A lm eid a N eves D elgado (orgs.). O tem p o da ditadura: regime
m ilitar e m o vim en tos sociais e m fin s do século X X , R io d e Janeiro, C ivilização B rasileira, 2003 (O Brasil
R epublicano, v. 4) e B ern ard o M a n ç a n o F ern an d es, A form ação do M S T no Brasil, P etrópolis, Vozes, 2000.

67
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

de u m a política de ação direta, com ocupações de terras e, tam bém , de prédios


públicos, o que favorecia a exposição n a m íd ia e a produção de fatos políticos.
Interessada em m anter seu papel com o m ediadora entre o governo e o
MST, a O rdem convidou o m inistro Jungm ann para expor a posição do governo
Fernando H enrique relativa à reform a agrária.®** A m obilização em to rn o do
tem a se acentuou com a realização d a M archa N acional p o r R eform a Agrária,
Em prego e Justiça, em abril de 1997, quan do trabalhadores rurais originários
de diversas regiões do país cam inharam ru m o a Brasília, durante dois meses,
para, concentrados diante do Palácio do Planalto, lem brar o prim eiro aniversário
do m assacre de Eldorado de Carajás e reivindicar a intensiíicação da reform a
agrária.^^ Por decisão do C onselho Federal da O rdem , foi recom endada a divul­
gação de nota oücial de apoio ao MST, porém contrária às invasões, bem com o a
presença da diretoria na recepção aos sem -terra que chegavam à capital federal.^^
A tensão que m arcava a relação entre o governo FH C e a OAB ficou evi­
dente na Carta de Fortaleza, divulgada p o r ocasião do encerram ento da XVI
Conferência Nacional, realizada de 1 a 5 de setem bro de 1996 na capital cearense.
Não houve econom ia de críticas ao governo, desde o uso excessivo de m edidas
provisórias e a utilização de verbas públicas para o socorro de bancos falidos
(Proer), até a condenação ao m odelo “neoliberal” adotado n o país:

Não tem futuro o modelo fu nd ad o na acumulação e competição desenfreadas,


que fecha fábricas, sufoca indústrias, inviabiliza empresas, desnacionaliza a
economia, aprofunda os desequilíbrios sociais e regionais, tranca o acesso à
escola pública, impossibilita a autonomia universitária. A s verbas das contri­
buições sociais devem ser aplicadas em sua destinação específica, e não para
o fim de socorrer empresasfinanceiras comprometidas por m á administração
(...). Condenamos, no passado, os decretos-leis da ditadura. Combatemos,
hoje, as medidas provisórias. Defendemos, ontem, os perseguidos pelos atos
institucionais. Batemo-nos, agora, pelos direitos dos trabalhadores e dos
servidores públicos feridos em suas legítimas conquistas. Verberávamos há

V er A ta da sessão d a O A B , 24/2/1997.
Sobre a M arch a, v e r A n d ré a P aula d o s Santos, S u zan a Lopes Salgado R ib eiro e José C arlos Sebe B o m Meihy,
Vozes d a M archa pela Terra, São P aulo, Loyola, 1998.
Ver A ta d a sessão d a O A B , 14/4/1997. O secretário -g eral, R egin ald o d e C astro , re p re s e n to u a d ire to ria.
E stiv eram a in d a p re sen te s o s m e m b ro s h o n o rá rio s vitalícios, H e rm a n n Assis B aeta - e n tã o p re sid en te
d o In stitu to d o s A d v o g ado s B rasileiros (lA B ) - e M arcello Lavenère, b e m c o m o o c o n se lh e iro federal,
G u a ra cy d e Freitas.

62 màM
\ n l u i l H ’ (> ■\ ( ).'\r> 11.1 O c i i K x r ,u i.i ( o i i s n l i i l , 1(1,1 ■ I

pouco a violência da ditadura. Agora denunciamos a hipocrisia dos gabinetes


e seus disfarces opressivos.

A razoável unanim idade em to rn o da oposição ao governo não suportou,


no entanto, o teste da indicação do conselheiro A rx T ourinho (BA) em favor de
um a nota oficial da OAB criticando o discurso do presidente Fernando Henrique
p o r ocasião da posse dos m inistros dos Transportes e do d a Justiça (23/5/1997),
quando tachou de “baderna” e de “onda prem editada de violência e anarquia”
as invasões de prédios públicos e propriedades privadas efetuadas pelo MST.
C onsiderando que essas afirm ações foram m anifestações de “incontrolável
autoritarism o” os signatários da indicação

enfatizaram que o teor desabrido do senhor Presidente da República preocupa


a toda a sociedade brasileira de um modo geral, razão p or que este Conselho
não poderá eximir-se de manifestar o seu inconformismo diante de tal pro­
cedimento, paladino que é das liberdades públicas e defensor intransigente
da ordem democrática brasileira.^^

Acatando solicitação da conselheira Cléa A nna M aria Carpi da Rocha (RS),


o presidente E rnando U choa d eterm in ou a transcrição integral das discussões
e da votação do processo. Depois de discorrer sobre a responsabilidade do
presidente da República de “m anifestar-se sobre os problem as que envolvem
a segurança pública”, o relator, conselheiro Álvaro G uim arães (RJ), tocou no
p o n to crucial da discussão, que era o de saber qual deveria ser o papel da OAB
em u m a dem ocracia consolidada:

Cumpre-nos exam inar um outro aspecto da questão posta em debate, que


é sempre uma preocupação desse Conselho Federal, ou seja, a de saber se a
Ordem dos Advogados do Brasil, dentre as suas atribuições legais e consti­
tucionais, deve investir contra as declarações faladas ou escritas das autori­
dades públicas de um modo geral, notadamente do presidente da República,
quando não envolvam problemas institucionais que possam interferir nos
valores fun dam entais da ordem jurídica e dos postulados do próprio regime
democrático imperante no nosso país}^

A tra n scriç ão integ ral d o d e b ate está n a A ta d a sessào da O A B , 17/6/1997.


*** Id e m , ib.

63
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A fala de E rnando U choa subscreveu o parecer do relator, principalm ente


em relação ao risco de “banalização” dos pronunciam entos da O rdem e ao teor
do discurso presidencial:

Não podemos, nem devemos banalizar os pronunciamentos da OAB com


acontecimentos rotineiros da vida política nacional, pois isso serviria apenas
para comprometer o prestígio da nossa gloriosa instituição, conquistado à
mercê de nossas metas em prol do direito e da liberdade (...). Não vislumbrei,
no discurso motivador desta discussão, o m enor ataque à democracia, a
menor ofensa à Constituição. Pelo contrário, vi e senti naquele discurso um
cham amento à concórdia, à união de todos os brasileiros, mas tam bém uma
condenação, evidentemente natural, àqueles que estão praticando violências
(...). E a Ordem dos Advogados, po r motivos óbvios, não pode concordar com
semelhantes distorções da vida democrática.^'^

É fácil observar que, para u m a fatia expressiva dos conselheiros, era chegada
a hora de a OAB abandonar as trincheiras dos tem pos do AI-5, dos rigores da
ditadura militar, das Diretas-Já, da C onstituinte, do impeachment de Collor,
qu and o o acom panham ento do diaadia da política era fun dam en tal p ara a
conquista de espaços dem ocráticos dentro dos estreitos limites do autoritarism o
e, portanto, para a afirm ação de u m a certa identidade institucional da O rdem .
Agora, a sinalização parecia se inverter, e o envolvim ento em “acontecim entos
rotineiros” poderia representar “um desnecessário fator de desgaste para a in s­
tituição”. Esse reforço no lado estritam ente institucional aparece com nitidez
na referência ao Estatuto de 1994 com o fator de im pedim ento à m anifestação
da O rdem sobre um “assunto do diaadia da política nacional”, com o observou
0 conselheiro Paulo R oberto Gouvêa M edina (MG).
N o entanto, a preocupação m aior era que as posições em conflito pudessem
levar ao esgarçam ento do tecido d a O rdem , arduam ente costurado ao longo de
décadas. Por isso mesm o, alguns encam inham entos de voto enfatizaram o risco
de que se abrisse um a “fenda n o coração da O rdem ” Voto a voto, o parecer do
relator, contrário à indicação de m anifestação de “inconform ism o” da O rdem
diante da fala do presidente da República, foi vitorioso pelo placar de 14 a 7.

Id em , ib.

64
\ u l u m c () \ O M S n.t l ‘) ( ’ n i o ( r,u i,i ( ' o n N o l i c l . i f l . i ' I ‘)n ‘)-.'l)0 i

Marly M otta

Capítulo V
A OAB na era FHC (II)

5.1 Expectativas frustradas

Era bem co nh ecid a a posição da OAB co n trá ria ao estabelecim ento,


m ediante reform a constitucional, do estatuto da reeleição para os cargos do
Executivo - prefeitos, governadores e presidente da República. Na Ata de 19 de
m aio de 1997, consta o deferim ento da indicação do conselheiro A rx Tourinho
pedindo que a OAB se m anifestasse a favor da criação da CPI que se p ro pu nh a
a investigar a com pra de votos para a aprovação da reeleição, que beneficiaria
de im ediato o atual m andatário da Presidência. Apesar de todo o em penho
oposicionista para barrar a possibilidade de perm anência do presidente p or mais
quatro anos, a em enda constitucional foi sancionada no C ongresso em junho.
Em outubro do ano seguinte, m ais u m a vez, F ernando H enrique derrotaria
Lula n o prim eiro turno, m antendo quase os m esm os 54% de votos que havia
conseguido em 1994. A pesar da terceira d errota consecutiva, o candidato do
PT, n o entanto, aum entaria seu percentual de votos de 27 para 31,7%.
Na O rdem , o novo presidente, Reginaldo de Castro, havia tom ado posse em
fevereiro de 1998.*^^ Prim eiro representante de Brasília a ascender à presidência
do C onselho Federal, secretário-geral n a gestão anterior, Reginaldo contou com
o declarado apoio de E rn and o Uchoa para furar “balões de ensaio” capazes de
representarem am eaça à sua vitória.^^

A d ire to ria eleita e m 1' d e fevereiro d e 1998 tin h a a s eg u in te co m p o sição :


Presid en te; R eg in ald o O sc a r d e C astro (DF)
V ice-presidente: U rb a n o V italino d e M elo Filho
Secretário-geral; Sérgio Zveiter
S e c re tário -g eral-ad ju n to : A u g u sto T ork d e O liveira
T eso ureiro: R o b erto A n to n io B usato
E rn a n d o U choa, op. cit., p, 290-91.

65
_______________ H iq fn ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

O caráter excepcional da presença de Fernando H enrique n a posse do


novo presidente - ao longo da história da O rdem , só um a vez, em 1956, um
presidente da República (Juscelino Kubitschek) havia com parecido à posse de
um presidente da OAB (Nehemias Gueiros) - deveu-se a u m conjunto de razões.
A prim eira delas foi, sem dúvida, os laços que o ligavam a Reginaldo, advogado
do PSDB e um de seus fundadores, e que havia sido o coordenador jurídico de
sua cam panha presidencial em 1994. Pesava igualm ente o passado político do
presidente, perseguido pela ditadu ra militar, e que, p o r isso m esm o, guardava
afinidades com a ação da O rdem em favor da defesa dos direitos hum anos.^'
Vale, finalmente, ressaltar a preocupação de F ernando H enrique em estabele­
cer um relacionam ento m enos tenso com a OAB, que, com o vimos, não havia
econom izado críticas à gestão da política econôm ica, e principalm ente, ao uso
“abusivo” das m edidas provisórias.
O início de 1998 trazia alguns desafios especialm ente delicados para o
presidente da República. Aprovada a reeleição, tratava-se agora de arregim entar
apoios para enfrentar u m a cam panha presidencial que se afigurava bastante
disputada. Por isso m esm o, um a das principais faces da estratégia de reeleição
seria, ao m esm o tem po, m anter os antigos aliados e conquistar aqueles que,
com o a OAB, haviam defendido u m a postura oposicionista ao longo do prim ei­
ro m andato. É óbvio que o grande trun fo da candidatura oficiai continuava a
ser a credibilidade do Plano Real, que parecia ser u m p o rto seguro em m eio às
crises que afetavam as econom ias da Rússia e dos cham ados “tigres asiáticos”.^^
N o entanto, as expectativas de que a presença de Fernando H enrique à
posse do novo presidente, realizada n o auditório Petrônio Portela do Senado
Federal, em Brasília, pudesse m arcar o início de um a relação m ais cordial
entre a O rdem e o Executivo, foram frustradas. P rocurando m arcar a distinção
entre a pessoa “física” - o am igo do presidente - e a pessoa “jurídica” - o pre­
sidente da OAB - , Reginaldo fez u m discurso criticando vigorosam ente o uso
excessivo e arbitrário das m edidas provisórias. Forçado, pelo protocolo, a ouvir
calado as duras críticas que foram feitas ao seu governo, Fernando H enrique não
escondeu a “contrariedade” provocada pela m anifestação do novo presidente da
O rdem . N em perdoou. De acordo com Reginaldo, “desde então nossas relações
se lim itaram aos tem as de natureza institucional”. Perguntado sobre o que o teria
levado a se manifey iquela m aneira, Reginaldo reafirm ou o papel da O rdem

^ R eg in ald o d e C astro, e m A O A B n a voz de seus presidentes, op. cit., p. 300.


Jorge V ian n a M onteiro, em regras d ojog o\ o P lano Real: 1997-2000, Rio d e Janeiro, E d ito ra FGV, 2002.

66
\i4 ;in u ' u \ ( ) \ r > n, i l i',H i a ( 1 ' ííí <) , H ' ü i

com o instituição equidistante dos interesses “m ateriais e partidários”.^'^ Mais do


que isso. Reiterou com o sua p rim eira finalidade a defesa da Constituição, do
Estado dem ocrático de direito e das instituições, deixando em segundo lugar a
organização e a disciplina da advocacia. No desem penho dessa missão, a O rdem
não toleraria qualquer negligência em relação à violação de um o u mais direitos.
Analistas econôm icos associam a intensificação do uso das MPs ao processo
de intervenção governam ental gerado pelo esforço de estabilização econôm ica
iniciado em m eados de 1993, ao concentrar o p o d er decisório nos burocratas do
Executivo em detrim ento da participação efetiva dos deputados e senadores. ^
Nesse sentido, as críticas de Reginaldo dirigem -se m enos ao instituto das MPs
e m ais ao m o do com o é operado pelo Executivo, que, a seu ver, não detém o
controle sobre esse p o d e r excepcional, chegando m esm o a delegar, a outros
m em bros d o governo, a responsabilidade pelo exam e da procedência da m e d i­
da. Por isso m esm o, avalia, apesar de ser um dem ocrata, F ernando H enrique
“rom peu os lim ites da dem ocracia p o r inúm eras vezes".^^
A percepção de que a dem ocracia n o Brasil era u m a planta frágil sustentava
a avaliação de Reginaldo de que a O rdem não deveria abandonar seu espaço de
atuação política em favor de u m a luta m ais ativa em defesa de interesses m era­
m ente corporativos. M ais um a vez, entre a corporação e a instituição o coração
d a OAB balançava. N o entanto, diferentem ente dos tem pos da ditadura militar,
quando atuou em conjunto com a ABI e a CNBB, agora a O rdem deveria se
individualizar, co nstru ir u m a identidade própria capaz de torná-la conhecida
em um m u nd o cada vez m ais globalizado.

5.2 A nova face dos direitos humanos: a luta contra a violência

Por ocasião da com em oração dos 50 anos da Declaração Universal dos D i­


reitos H um anos (1948-98), o Barreau de Paris convidou um representante de cada
continente para se m anifestar em relação á data festiva. C om o form a de m arcar
a presença dos advogados brasileiros - segundo m aior colégio de advogados
do m undo, atrás apenas dos Estados Unidos - , o presidente da OAB deixou
claro que pretendia falar em português, e que, portanto, haveria necessidade

^ R eg in ald o d e C astro , op. cit., p. 301.


O g o v e rn o F e rn a n d o H e n riq u e p u lo u d e u m p a ta m a r d e 405 M Ps e m 1994 p a ra 789 e m 1998 e 1.009 em
1999. C f. Jorge V ianr\a M o n teiro , op. cit., p. 303.
^ R eg in ald o d e C astro , op. cit., p. 304.

67
_______________ H is tó ria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

de um serviço de tradução sim ultânea p ara o francês e o inglês. U m a vez que


a solicitação não foi atendida, Reginaldo se recusou a falar em outro idioma,
com o ele m esm o relem brou posteriorm ente;

Mr. Petit, que fo i bâttonier do Barreau de Paris e era presidente do Tribunal


Europeu de Direitos Humanos, à época, fo i quem se responsabilizou pela
m inha solicitação. M as ele não conseguiu, e só lembrou de m e avisar no dia,
quando a sessão já estava aberta. Eu pedi então para que ele me deixasse
para o final e, se possível, fizesse a gentileza de providenciar um a pessoa que
pudesse dar conta da tarefa, porque eu não falaria em outro idioma que não
fosse 0 português, e sem tradução m inha intervenção não se realizaria. O fato
é que não houve mesmo quem pudesse fa zer a tradução simultânea. Quando
chegou a m inha vez, óbvio que em francês, levei ao conhecimento dos pre­
sentes que me recusava a participar da sessão de comemoração falando em
outro idioma, justam ente porque aquele era um dos direitos cuja conquista
se comemorava naquela oportunidade. E mais, que deixava o texto escrito,
em francês, inglês e espanhol, disponível para todos os que quisessem lê-lo.
Agradeci e dei po r encerrada m inha participação (...) . De um a outra vez
em que eu fu i a Paris já havia a tradução simultânea.

Se a expressão em seu próprio idiom a é um dos direitos elementares dos


povos, é certo que, naquele momento, a questão dos direitos hum anos se destacava
no tem ário da OAB, em especial a continuada luta em favor de melhores condi­
ções de vida para a população brasileira. Não foi outro o sentido da denúncia do
agravam ento do problem a das secas no Nordeste, bem com o da m anifestação
em relação ás m edidas anunciadas pelo m inistro da Justiça, Renan Calheiros,
para reprim ir os saques a arm azéns e a cam inhões que transportavam alimentos.
A criação de um a com issão para estudar o tem a, form ada por H erm an n Assis
Baeta, Luiz A ntonio de Souza Basílio e Hélio Xavier de Vasconcelos, fornece
bem u m a m edida da constante preocupação da O rdem em relação aos direitos
sociais.
Se, n a época da ditadura militar, a OAB esteve n a linha de frente pela
defesa da volta do Estado de direito, a luta, agora, teria com o m eta equipar o
Estado dem ocrático de instrum entos capazes de com bater a tirania do crim e
organizado, que vinha conseguindo se infiltrar em órgãos e instituições estatais.

Veri4í(i da sessão da O AB, 12/5/1998.

66
\'()[u n n ' (< ■\ ( )AI'i n.^ [Ic n x K r.n i,i ( ' o n s o l i d . i t l d ' I ;

Foi justam ente a preocupação com a contam inação do aparelho policial do


Estado que levou a O rdem a apoiar, em junho de 1998, a decisão do governo
de afastar delegados e agentes federais envolvidos em denúncias de corrupção,
bem com o a ajudar o M inistério da Justiça a apurar as irregularidades na Polícia
Federal, nom eando o advogado Paulo Castelo Branco para a comissão instituída
no M inistério com esse objetivo.
M udanças n a legislação penal e no sistem a prisional passaram a ser re­
queridas com o form a de reação e de preservação da sociedade diante de um
novo perfil de crim es e de crim inosos. Solicitada pelo M inistério da Justiça, a
OAB se prontificou a designar um a com issão para acom panhar o processo de
análise dos anteprojetos do Código Penal, do C ódigo de Processo Penal e da Lei
de Execução Penal, deixando patente, desde logo, sua rejeição quanto à redução
da idade penal para 16 anos.^
A violência que atingia - e ainda atinge - a sociedade com o um todo não
deixaria de fora a OAB. O assassinato do secretário-geral da O rdem em T ocan­
tins, José Bezerra Lopes, em 22 de m arço de 1999, levou o presidente Reginaldo
de C astro à cidade de G urupi para o velório. O alerta sobre a atuação de m a ­
tadores profissionais na elim inação de advogados e juizes se confirm ou com o
assassinato do juiz de M ato Grosso, Leopoldino M arques do Amaral, sobre o
qual a OAB lançou um du ro m anifesto exigindo “providências rigorosas” para
a aplicação da justiça:

P rovidências rigorosas, saneadoras e conclusivas se im p õ e m no a re ja m en to do


a tu a l estado d e coisas e m q u e se en co n tra a ju stiç a e m nosso país, c o m a cruel
m ultip lica çã o d e seriíssim as acusações d irecio n a da s a m e m b r o s d e trib u n a is
e a ju iz e s de in stâ n cia inferior. C o in cid ê n cia o u não, o a ssassínio d e u m j u i z
e s ta d u a l q u e d e n u n c ia v a m a ze la s n o â m b ito d o Ju d iciá rio d e seu estado
causou, e m to do o p aís, verd a d eiro tr a u m a , c o n d u z in d o nossa so c ied a d e a
graves rejlexòes e a exig ir d a s a u to rid a d e s ju d ic iá ria s e do M in isté rio Público
p ro v id ê n c ia s severas e im ed ia tas. Urge apurar, e m p r o fu n d id a d e , to da s as
d e n ú n c ia s que, d esv a la n d o p a r a a p o d r id ã o d e valores éticos e m orais, ocor­
rem co m p r e o c u p a n te fr e q u ê n c ia a q u i e acolá. Os a d vo g a d o s e a socied ad e
brasileira n ã o m a is s u p o r ta m a p a ss iv id a d e e a o m issã o c o m q u e se têm
c o n d u z id o os trib u n a is superiores e o M in is té r io P ú b lico n a a p u ra ç ã o dessas
acusações. O C o n selh o F ederal d a O A B c u m p r e su a m issã o in s titu c io n a l

V er Aííi ílíi sc.\<úo ila O A B , 9/3/1998.

•Al 69
H iq fn ria da
O rdem dos Advogados do Brasil_________________________________________________

alertando as autoridades responsáveis para os riscos desta conduta omissiva,


e EXIG IN D O que se restaure, em sua plenitude, a dignidade da justiça.^'^

Tal com o acontecera n o passado, q u an d o se to rn o u u m a das instituições


m ais visadas p o r aqueles que reagiam co n tra a ab e rtu ra política - a m o rte de
do n a Lyda M onteiro, no atentado de 1980, se to rn o u o principal sím bolo dessa
violência - , a OAB voltou a sofrer am eaças, principalm ente as seccionais do
Piauí e do Espírito Santo, cujos presidentes, N elson N ery C osta e A gesandro
da C osta Pereira, respectivam ente, denunciavam a conivência das autoridades
públicas com o crim e organizado. Os m étod os de intim idação continuavam
os m esm os, já que havia notícias inclusive de u m a am eaça de b om ba n a sede
d o C onselho seccional de Sergipe. Por isso m esm o, b o a p arte d a sessão do dia
8 de novem bro de 1999 foi dedicada ao debate sobre o clim a de violência que
atingia a instituição. C oube ao presidente da seccional do Piauí fazer um relato
das am eaças de m o rte que ele e sua fam ília v in ham sofrendo, em virtud e das
denúncias que havia feito sobre a p rom iscuidad e das autoridades públicas de
seu estado com o crim e organizado. N o m ês seguinte, o plenário do C o n ­
selho Federal aprovou u m a n o ta oficial sobre a crise das instituições públicas;

A s instituições públicas, fragilizadas pelo autoritarismo ou desacreditadas


pela corrupção e pelo despreparo de um a parcela minoritária de seus diri­
gentes, têm-se prestado à proteção do crime, à manutenção da impunidade
e ao alastramento da insegurança coletiva. Nesse contexto, a sociedade bra­
sileira vem sendo induzida a apoiar condutas irregulares e inconstitucionais
daqueles que, por ignorância ou m á fé, tentam tirar proveito dos sentimentos
de revolta e até de vindita, que se apossaram da população (...). É certo que
não compete à Ordem dos Advogados do Brasil substituir o poder público,
mas tem ela o dever legal de denunciar seus desvios e cobrar-lhe atuação
responsável (...). Para tanto, a O AB decidiu municiar-se de informações
sobre os crimes que atentam contra a p a z pública e a ordem social, para, de
fo rm a ampla e consistente, colaborar no combate à corrupção, à violência, ao
crime organizado e na extirpação da impunidade, exigindo das autoridades
e instituições públicas o responsável cum primento dos seus deveres, ainda
que sob o risco das ameaças de atentado que vem sofrendo?^^

^ Ver A ta d a sessão d a O A B , 5 /1 0 /1 9 9 9 {caixa alta n o o rig in al).


Ver A tó da sessão d a O A B , 8 /11/1999.

70
\'()lu n u ' A ( ) \ i ; 11(1 1 1,11 í.i ( ' ( ) i i ‘- ( i l i ( l , i ( ! ,i 1

A percepção do envolvim ento de autoridades dos três poderes, nas in stân ­


cias fed eral estadual e m unicipal, em atividades ilícitas, principalm ente ligadas
ao tráfico de drogas, acabou resultando n a constituição da CPI do narcotráfico.
Gravações, conversas telefônicas e depoim entos in crim inaram H ildebrando
Paschoal, deputado federal e ex-com andante da Polícia M ilitar do Acre, que
teve seu m andato cassado pela C âm ara dos D eputados. U m a rede de relações
ilícitas foi sendo desvendada, envolvendo deputados federais e estaduais, com o
o alagoano A ugusto Farias e o m aranhense José G eraldo de Abreu, e advogados,
com o o paulista W ilson Sozza.
A situação mais grave era a do Espírito Santo, onde a infiltração de orga­
nizações crim inosas no aparelho estatal havia assum ido dim ensões alarmantes:
Executivo, Legislativo, Judiciário, polícias, todos estavam sob suspeição. Na linha
de frente contra esse descalabro, destacou-se a figura do presidente da seccional
capixaba, Agesandro da C osta Pereira, que, entre outros atos de repúdio à crim i­
nalidade, presidiu um fórum perm anente contra a im punidade intitulado “Reage
Espírito Santo”. Vítima de inúm eras ameaças de m orte, negou-se a com parecer
à CPI instalada pela Assembleia Legislativa local, com o argum ento de que a
investigação das causas d o avanço d o narcotráfico fazia p arte das com petências
do Congresso Nacional e de seus órgãos parlam entares. Em fevereiro de 2000,
Reginaldo de Castro, juntam ente com o m inistro da Justiça, o procurador-geral
da República e o secretário nacional de Direitos H um anos, desem barcaram em
Vitória para um a visita de solidariedade a Agesandro, que, em abril, acabou
sendo ouvido n a CPI do narcotráfico do C ongresso Nacional.

5.3 O Judiciário em cena: CPI ou reforma?

Uma outra CPI, a do Judiciário, tam bém m ovim entou o Parlam ento ao
longo de 1999. Criada por m eio do Requerim ento n- 118, do Senado Federal,
datado de 25 de março, tinha p or intuito a apuração de denúncias concretas da
existência de irregularidades praticadas p or integrantes de tribunais superiores,
de tribunais regionais e de tribunais de Justiça. Entre todos os casos arrolados, o
que mais cham ou a atenção da opinião pública foi, sem dúvida, o da construção
superfaturada da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo,

Ver A ta da sessão d a O A B , 7 /12/1999.

77
H is tó ria da
O rdem dos Advogados d o Brasil_________________________________________________

cujo responsável e principal acusado foi o juiz aposentado Nicolau dos Santos
Neto. Junto dele e de outros nomes, foi indiciado ainda o senador Luiz Estevão
(PMDB-DF) - que teve o m andato cassado para quem Nicolau teria enviado
parte dos recursos desviados.
Se por um lado a CPI do Judiciário cham ou atenção para a necessidade de
u m controle mais efetivo sobre a atuação desse po der da República, por outro,
interrom peu um a série de entendim entos que vinham se desenrolando desde 1998
com 0 intuito de preparar um projeto de reforma do Judiciário. Em outubro daquele
ano, havia-se constituído um a comissão mista formada pela OAB e pela Associação
de Magistrados Brasileiros com o objetivo de detectar pontos em com um , como
o fim do sistema de “arguição de relevância”, m as tam bém de divergência, com o a
delicada questão do controle externo do Judiciário.
Mais u m a vez, u m a negociação com vistas à reform a do Judiciário foi in ­
terrom pida. Em nota oficial publicada n a Ata da sessão de 13 de abril de 1999,
a OAB arrolou u m a série de argum entos que p oderiam sustentar a inconstitu-
cionalidade da C PI requerida pelo senador baiano A ntônio Carlos Magalhães:

A inconstitucionalidade em questão fu n d a -se em numerosas ordens de


argumento. Assim é que não se admite CPI com o propósito de promover
uma devassa sem fronteiras, como claramente se anuncia no documento de
pedido de sua instauração. Além disso, é inadmissível CPI que tenha por
escopo a revisão de decisões jurisdicionais, exatamente um dos objetivos
expressamente referidos no requerimento de sua instituição. Tampouco se
pode cogitar de CPI do Senado para desvendar atos dos judiciários estaduais
(...). Acresce que ainda o Regimento Interno do Senado textualmente veda a
criação de CPI a respeito de atos, de qualquer natureza, do Judiciário. Mais:
ao Poder Judiciário está constitucionalmente assegurada ampla e irrestrita
autonomia, inclusive administrativa. Apenas ao Tribunal de Contas se admite
a investigação da atuação administrativa do Judiciário, mediante inspeções e
auditorias, a tanto se limitando o controle do Congresso Nacional sobre atos
do Judiciário (...). Cabe precipuamente à própria magistratura a escolha da
via e dos arautos adequados, admissível, inclusive, a recusa à prestação de
depoimento. À Ordem dos Advogados do Brasil - e à nação tam bém - inte­
ressa que nenhum a eventual patologia no funcionam ento do Judiciário reste
sem investigação. Mas, a pretexto de fazê-lo, não se pode aceitar a tentativa
de intimidação do Judiciário po r outro poder; m uito menos, a artificiosa

72 «41
V oluH K ' h ( ) A l i n.i 1) r t n i k r<)i i j ( ' n i i ‘'< ilicl,ul,i ' 1 ) 1'

provocação do clamor popular ou da atordoada dos noticiários para acuar


a magistratura. Não há Estado democrático de direito - supremo compro­
misso institucional e legal da OAB - sem um Judiciário forte, autônomo,
independente. Em sua defesa - que é a defesa da cidadania - se levantam a
advocacia e sua entidade m áxim a, e se afirm am dispostas aos embates que
se apresentem necessários.

A prevalência de u m a argum entação técnica na n o ta oficial de repúdio


à CPI não significou, n o entanto, o desconhecim ento das m otivações políticas
nela presentes, especialm ente ligadas á polêm ica figura do senador pela Bahia.
Em depoim ento posterior, Reginaldo de C astro foi incisivo ao afirm ar que “a
CPI do Judiciário não passou de um gesto político usado para atender ao sena­
dor A ntônio Carlos M agalhães (...) [que] prom oveu, na m in ha avaliação, um a
subversão com pleta da ordem das coisas”.'^'
O com prom isso da OAB em preservar o andam ento da reform a do Judici­
ário pode ser percebido nos term os do Manifesto à nação, publicado na íntegra
na Ata da sessão de 15 de ju n h o de 1999. C olocando-se n a condição de “um
dos principais protagonistas da cena judiciária brasileira”, a O rdem , ao m esm o
tem po em que insistia n a defesa de u m a justiça “independente, respeitada, ágil
e ao alcance de todos os brasileiros”, rejeitava as acusações de ser corporativista.
Por isso m esm o, não aceitava alguns aspectos substanciais do relatório do de­
putad o Aloysio Ferreira, com o a extinção da Justiça do Trabalho sem a devida
consulta às partes envolvidas e a subm issão do órgão de controle externo da
m agistratura ao STF. Q uanto a esse últim o ponto, o Manifesto foi bem explícito:
“C om o órgão de controle da m agistratura subm etido ao Suprem o Tribunal
Federal, troca-se o controle externo, garantia indispensável de um Judiciário
transparente e a serviço da sociedade, pela m anutenção do controle interno,
de índole corporativista.”
A visita de Reginaldo de Castro ao presidente da Câm ara, Michel Temer, em
agosto, é testem unha evidente do em penho da O rdem por u m a reform a “efetiva­
m ente dem ocrática e com prom etida com o aprim oram ento do Poder Judiciário”.
Em mãos, o docum ento Manifesto da OAB ao Congresso Nacional, no qual, em
prim eiro lugar, rechaçava a pecha de “corporativista”: ao contrário do que alguns
diziam, “a m orosidade, a ineficiência e o descrédito da justiça” não favoreciam
à advocacia. Ao contrário. Os advogados, tal com o a população de m odo geral,

R eginald o d e C astro, op. cit-, p. 309-10.

73
_______________ H is tó ria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

pagavam um alto preço pelo m au funcionam ento do Judiciário. Ao m esm o tem ­


po, 0 docum ento reiterava os principais pontos de oposição ao relatório Aloysio
Ferreira - “um a centralização despropositada e perigosa” - e apostava que um
novo relator poderia trazer “indispensáveis correções de rum o”.‘®^
“Justiça: realidade e utopia” foi o tem a da XVII C onferência Nacional,
realizada no Rio de Janeiro, nos prim eiros dias de setembro. A Carta do Rio de
Janeiro, tornada pública ao fim da Conferência, abordou, com o não podia deixar
de ser, a questão da justiça no Brasil, em seu sentido estrito - a reform a do Poder
Judiciário - e em sentido amplo, a superação das desigualdades sociais. Dela tam ­
bém não ficaram de fora as críticas ao Executivo, tanto pela política econôm ica
subordinada aos interesses do mercado, o que agravaria o quadro de desemprego
e subemprego, quanto pelo “desrespeito sistemático à Constituição e abuso das
m edidas provisórias”, que levariam à ingovernabilidade e ao caos institucional.
Para m anter a tradição, a sucessão de Reginaldo foi m arcada pela disputa.
Em agosto de 2000, foram lançadas três candidaturas: a do presidente da seccio­
nal paulista, Rubens A pprobate M achado; a do vice, U rbano V italino de Melo
Filho; e a do conselheiro Nereu Lim a.' ^ Apesar de um a certa tensão - Reginaldo
se queixou de “acusações graves” a ele feitas p o r U rbano Vitalino, que acabou
renunciando à candidatura - a eleição de Approbate, em 1- de fevereiro de 2001,
se deu pelo placar de 27 a zero."^^ Ao arrolar as razões que o teriam levado à
vitória, A pprobate destacou, além do apoio recebido de seu antecessor, o novo
sistema eleitoral, que proporcionava aos presidentes das seccionais um m aior
controle sobre o processo sucessório em detrim ento do p o d er anteriorm ente
exercido pelos conselheiros federais.’*^^
A inauguração da nova sede, em dezem bro de 2000, não só m arcou a
identidade institucional d a OAB n a capital da República, com o assinalou seu
ingresso n o século que se iniciava.

Para a in teg ra d o M anifesto, v er A ta d a sessão d a O A B , 16/8/1999.


Ver A ta da sessão da O A B , 7/8 /2 0 0 0 . E m n o ta p u b lic a d a e m su a c o lu n a e m O Globo, d e 27 d e a g o sto de
2000, 0 jo rn a lis ta R icard o B o ec h a t alertava q u e e ra q u e n te a b rig a p e la p re sid ên c ia d a OAB.
A d ire to ria eleita e m 1- d e fevereiro d e 2001 tin h a a seg u in te co m p o sição :
Presid en te: R u b en s A p p ro b a te M ach ad o
V ice-presidente: R o b e rto A n to n io Busato
S e cretário -g erah G ilb e rto G o m e s
S e c re tário -g eral-ad ju n to : Sergio A lb e rto F raz à o d o C o u to
T eso ureiro: E sd ras D a n ta s d e Souza
R u b en s A p p ro b a te M ac h a d o , e m A O A B m v o z de seus presidentes, op. cit., p. 325.

74
\ ' u l u m c I) A ( ) .M i n.i D c i t u i( r,n i,i ( o n ^ o l i d . i c L i I 'N i'i - ’ o o ; >

M arly M otta

Capítulo VI
Rumo ao século XXI

6.1 A querela dos discursos

O espaço que a OAB ganharia na m ídia para fazer ouvir suas críticas em
relação “à concentração de poderes prom ovida pelo E x e c u tiv o " m o tiv o u o
candente discurso de A pprobato na posse de M arco Aurélio de Mello n a presi­
dência do STF, em ju n h o de 2001. Tal com o na posse de Reginaldo de Castro,
Fernando H enrique foi obrigado, pelo protocolo, a ouvir calado a m anifestação
do novo presidente da OAB denunciando a pouca parcim ônia com que o Exe­
cutivo lançava m ão das m edidas provisórias.
Dessa vez, no entanto, o governo reagiu fortem ente, principalm ente por
interm édio de líderes parlam entares, com o o senador Jorge Bornhausen, que
considerou “insultuoso” o tratam ento dado a Fernando H enrique. A O rdem ,
p o r seu lado, cerrou fileiras em to rn o de Approbato, aprovando a publicação de
u m a no ta pública em que m anifestava “irrestrita adesão” ao pronunciam ento
do presidente, u m a vez que traduzia o pensam ento da classe quanto à “ameaça”
que 0 excesso das m edidas provisórias representava para o Estado dem ocrático
de direito:

Entende o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que o dis­


curso do presidente Rubens Approbato Machado fo i proferido no momento
e no lugar adequados, pois se tratava de uma solenidade na Corte Suprema
do país, foro m aior das questões constitucionais, de cuja tribuna cumpre aos
advogados fa zer ressoar sua palavra, levando as autoridades responsáveis e

Id e m , ib-, p. 327.

•Al 75
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

OS cidadãos, em geral, a refletirem sobre a intangibilidade da ordem jurídica


e 0 imperativo da preservação dos direitos e garantias individuais.'^^

A querela transbordou as fronteiras da O rdem e invadiu a imprensa, que


reproduziu a polêm ica dos prós e contras.'^ Approbate procurou se defender
das acusações de que teria sido “covarde” e “oportunista”, por aproveitar uma
ocasião em que Fernando Henrique não poderia responder. Batendo na tecla de
um a possível ameaça de censura à livre manifestação, o artigo insistiu na ideia de
que o Supremo era a tribuna ideal de onde os advogados poderiam , e deveriam,
denunciar o que lhes parecia ser um a usurpação de poder por parte do Executivo:

O espaço da tribuna do STF, de onde falei, é dos advogados, é da OAB,


para exprim ir e interpretar 05 sentimentos não apenas dos profissionais do
direito, mas da sociedade. A OAB não usurpou espaço de ninguém. E não
precisa pedir licença para falar. Nunca se intim idou e não temerá nenhum
tipo de censura. A tribuna era, portanto, a adequada (...). Não poderia haver
m omento mais apropriado para trazer à tona os problemas relevantes do
país. A li estava a elite institucional do país, a partir do m andatário maior, o
presidente da República. A li estava o comando das decisões dos três Poderes.
Não poderia, sob pena do grave pecado de omissão, deixar de mencionar
questões centrais, como as tão combatidas medidas provisórias, essas sim,
usurpadoras de poder e de espaço, na medida em que corroem as funções
do Parlamento.'

M udou o presidente da República - nas eleições de 2002, Lula derrotou


José Serra, candidato de F ernando H enrique, e to m ou posse em janeiro de
2003 - , m as não a polêm ica provocada pelo discurso de A pprobato na posse de
M aurício Corrêa, que substituía M arco Aurélio Mello na presidência do STF. E
m enos ainda m udou a disposição da OAB, n a condição de “ponto de referência
e de defesa da sociedade civil”, de ocupar espaço nos m eios de com unicação:

Convém esclarecer que o dirigente da OAB, ao reverso das autoridades, não

A ta d a sessão d a O A B , 5/6/2001.
U m d o s a rtig os foi o d o jo rn a lis ta C arie s H e ito r Cony, in titu lad o "Feitiço c o n tra o feiticeiro" pu b licad o
n a Folha d e S. Paulo, 5/6/2001.
" " R u b en s A p p ro b a to M ac h a d o . “E m defesa d a so cied ad e”, O A B nacional, 10/6/2001.

76 •àl
V 'o lu m r () A ( ) MS iij I l i ' i i K )( ! , i ( I j ( ' ( ) i i s ( ) [ i ( 1, 1( 1, t ■ I ' i o ' i - J l ) ( t ;

tern à sua disposição, a qualquer momento, os meios de comunicação de


massa. Só tem a sua tribuna, dentro dospretórios judiciais. E é dela que tem
o dever de falar, agradando ou desagradando, submetendo-se, p or óbvio, ao
julgam ento público dessa sua manifestação. Ê assim que se fa z democracia.
Não se pode aceitar, em um verdadeiro Estado de direito democrático, as
regras de um regime stalinista, onde só o dono do poder fala, e os demais
são obrigados a ouvir e a obedecer.

As diferenças entre u m período e outro, no entanto, são evidentes. C om e­


çando pelo teor das críticas dirigidas ao Executivo: saiu o com bate às m edidas
provisórias e entrou a dem anda p o r m udanças na política econôm ica que re-
sultassem em m elhoria dos índices sociais. N o entanto, o po nto mais sensível
tocado pelo discurso do presidente da OAB foi o da atuação política da institui­
ção, que, m ais um a vez, se viu diante do dilem a ham letiano de ser ou não ser.
Esta tensão, que acom panhou a O rdem ao longo de sua trajetória institucional,
íicou evidente no artigo de A pprobato acim a citado:

A recente manifestação que fiz, como presidente nacional da OAB, por


ocasião da posse do ministro Maurício Corrêa como presidente do Supremo
Tribunal Federal, tem suscitado polêmica, sendo que, de um lado, alguns têm
afirmado que a OAB deve se restringir à sua atividade corporativa, dando
ênfase no combate ao que cham am de m aus advogados. De outro lado, há
advogados reclamando que a O AB é “politiqueira”, metendo-se em assuntos
de natureza institucional que não lhe competem (...). A resposta, com a devida
vênia dos que pensam em contrário, é óbvia: as duas finalidades se amoldam,
se ajustam e devem estar sempre caminhando juntas. A OAB, ao contrário
das demais entidades das categorias profissionais ou de sindicatos, não se
circunscreve aos limites de um a simples entidade corporativa, com o objetivo
único de representação, seleção, disciplina e defesa da classe. A OAB, por sua
histórica tradição de ente participativo nas atividades institucionais, sem
qualquer proselitismo político ou partidário, se tornou o ponto de referência
e de defesa da sociedade civil.

À querela dos discursos som ou-se um a acirrada polêm ica em to rn o da


indicação do advogado-geral da União para um a cadeira n o STF. “Extremam ente
célere n a solução dos problem as da República”, no dizer de Reginaldo de Castro,

•á l 77
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

Gilm ar M endes, ocupando a subchefia do G abinete Civü, teria se notabilizado


pelo recurso freqüente às m edidas provisórias com o m aneira de fazer andar
a agenda do Executivo, ficando encarregado ainda de reeditá-las sem pre que
necessário.''' Por isso m esm o, não é difícil entender o m otivo pelo qual o ex-
presidente da O rdem lançou m ão do dispositivo constitucional da “arguiçào
dos indicados para o Suprem o” Em vez da aprovação m eram ente protocolar,
pretendia-se, na opinião de Approbato, que o indicado pudesse provar que tinha
condições de ser m inistro.
C om o seria de se esperar, G ilm ar M endes reagiu m al a essas iniciativas,
identiíicando-as com o oriundas da O rdem em geral, e não apenas de seu ex-
presidente em particular. N o entanto, o interesse em não criar áreas de atrito
com o STF fez com que, apesar da solidariedade m anifestada a Reginaldo pela
“agressão” de que teria sido vítim a,"^ a OAB tivesse decidido se fazer representar
na solenidade de posse de G ilm ar M endes n o Suprem o."^ Não p o r Approbato,
que estava viajando n a ocasião.” "^

6.2 U m a intervenção frustrada

C om o vim os anteriorm ente, não era novo o problem a da infiltração do


crim e organizado nas estruturas do aparelho estatal do Espírito Santo, com o
tam bém não era nova a luta da seccional capixaba d a OAB, presidida p o r Age-
sandro da C osta Pereira, contra os descam inhos do p o d er local. As denúncias
do envolvim ento do governador José Ignacio, ex-presidente da OAB-ES, nos
esquemas de corrupção não im plicaram qualquer m anifestação corporativista
por parte da O rdem . Ao contrário. O conselheiro Luiz Antonio de Souza Basüio,
do Espírito Santo, chegou m esm o a sugerir a deflagração de u m a cam panha
perm anente em defesa de um a conduta ética, cívica e legal das autoridades
públicas,"^
O ano de 2002 m arcou o agravam ento da situação no estado, com o assas­
sinato do advogado Joaquim Marcelo D enadai em abril, n o m unicípio de Vila
Velha, cujas características indicavam crim e de encom enda. A gravidade do

' ' ' R egin ald o d e C astro , op. cil., p. 303.


Ver A ta d a sessão da O A B , 20/5/2002.
' ' ^ Ver A ta d a sessão da O A B , 18/6/2002.
R u b en s A p p ro b ato , op. cit., p. 331.
Ver Aífl da sessão da O A B , 7/8/2001.

78
\'n lun i(' h \ ( ) \ i ‘) 11,1 I )r:ii()( I.n i,i ( on-^olidid,) I ' i;i' Ht

assunto, que novam ente colocava a O rdem n a m ira da violência, fez com que
o m esm o fosse incluído n a pauta do C onselho N acional de Defesa dos Direitos
da Pessoa H um ana (C N D D PH ), do M inistério da Justiça, que estaria reunido
no dia 30, com a presença do próprio m inistro, M iguel Reale Junior, além dos
presidentes A pprobato e Agesandro."^
O pedido de intervenção federal no Espírito Santo, em maio, foi o próxi­
m o passo. A leitura, no plenário do C onselho Federal, de carta de intim idação
dirigida a Agesandro, resultou na autorização conferida a A pprobato para in ­
gressar com p edido de intervenção no estado ju n to ao M inistério d a Justiça."^
A seqüência dos acontecim entos foi assim n arrad a p o r Approbato:

Ele [o ministro da Justiça] disse que o presidente também já estava informado


de tudo e que no mesmo dia ele seria posto a pa r da nossa posição. Ã noite o
ministro m e telefonou transmitindo a concordância do presidente Fernando
Henrique Cardoso em patrocinar a intervenção. Dado o sinal verde, em 21
de maio de 2002 nós entramos com o pedido e então se abriu um processo no
CDDPH (...). O CDDPH resolveu então, através de um a Comissão constituída
para este fim , ir tom ar depoimentos no Espírito Santo, intim ando todas as
partes, inclusive a Ordem. Nós acompanhamos de perto, fom os até lá, nos
expusemos, pondo em risco as nossas vidas, mas confirmamos as acusações.
Nesse momento, sentindo-se encorajada, a sociedade capixaba compareceu
e engordou o rol das denúncias. Feita então a coleta dos depoimentos - tudo
como 0 previsto na lei, é bom que se diga ouvidas as partes, fez-se uma
reunião para deliberar. Foram nomeados três relatores da melhor qualidade
para a deliberação: um professor de direito constitucional, um ex-secretário
da Justiça de São Paulo e uma professora da Faculdade de Direito. 0 relatório
fo i feito e entregue aos membros da Comissão, antecipadamente, para que
dessem sugestões e analisassem. E um desses membros era o procurador-geral
da República, Geraldo Brindeiro, que teve acolhidas as sugestões que fe z em
sua análise prévia. O u seja, o relatório fin a l continha inclusive as sugestões
do procurador-geral da República. Em seguida o relatório fo i aprovado por
unanimidade, com o voto, inclusive, novamente, do procurador-geral da
República, deferindo-se assim o pedido de intervenção federal no Estado. O
ministro me telefonou comunicando então que encaminharia de imediato

V ç r A ta d a sessão da O A B , 23/4/2002.
V er A ta d a sessão da O A B , 20/5/2002.

79
_______________ H is to ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

0 documento ao presidente, e que a autorização para a intervenção seria


um a questão de dias. Inesperadamente, quando eu ainda comunicava ao
Agesandro e ao povo capixaba o êxito que havíamos obtido, veio a notícia
do arquivam ento do processo, segundo constou, em razão de o mesmo
procurador-geral da República ter entendido que não caberia intervenção
daquela form a (...). Ele [o ministro] não se conformou e com m uita dignidade
renunciou ao cargo. Mas não terminou nisso, porque nós ficam os incon­
form ados, reclamamos e exigimos explicações. Pela terceira vez, então, na
minha vida, fu i convidado a comparecer ao Palácio do Alvorada, para um a
reunião com o presidente da República e j á com o novo ministro, Paulo de
Tarso. Estiveram presentes tam bém o Agesandro e o Paulo Sérgio Pinheiro,
presidente da Comissão encarregada da apuração dosfatos no Espírito Santo.
Depois de nos ouvir atentamente, oportunidade na qual eu disse tudo o que
precisava ser dito, ele [o presidente Fernando Henrique] nos respondeu que
havia vetado a intervenção em fun ção do parecer do procurador-geral da
República. Isso realmente ficou até hoje sem explicação.^^^

Não resta dúvida de que, m enos do que qualquer parecer do procurador,


pesaram na decisão do presidente da República argum entos de natureza política.
Entre outros, o fato de que a C onstituição previa que, durante a intervenção em
qualquer unidade federativa, não poderiam ser efetuadas em endas constitucio­
nais. Ora, em plena tram itação da Em enda da Previdência, a últim a coisa que
o Executivo poderia desejar era um em pecilho desse tam anho. O procurador
G eraldo B rindeiro ainda chegou a m and ar cópias dos despachos proferidos
acerca do tem a para a OAB, que abriu suas portas para o m inistro dem issionário
com entar o episódio da intervenção frustrada."'^

6.3 O advogado no século da globalização

A qualidade da formação do advogado, bem com o de sua atuação profissio­


nal, sem pre foi um com prom isso da OAB, conform e consta explicitam ente nos
vários estatutos que a entidade possuiu desde quan do foi criada em m eados do
século XIX. Por isso mesm o, u m de seus principais investim entos institucionais

R ub en s A p p ro b a te M ac h a d o , op. cit., p. 339-40.


' V er A ta da sessão d a O A B , 13/8/2002.

80 9 à M
V ' d l u i n c í) A ( ) \ B n , i I ) ( ’ [ n o ( r . u i<i ( ( i n s ( >1 i t l , u l.i Í' - _M1( i

foi a conquista do p o d er de chancelar o exercício da advocacia, condicionando a


atuação dos bacharéis à adm issão prévia n a corporação m ediante instrum entos
próprios de avaliação, o Exame da O rdem .
Porém, se a avaliação final do bacharel, depois de formado, fica a cargo da
OAB, o processo de sua formação encontra-se em outras mãos. É certo que, p or
força da lei, a O rdem pode se manifestar sobre a criação de novos cursos jurídicos
po r meio de pareceres da sua Comissão de Ensino Jurídico, os quais, no entanto,
não são obrigatoriam ente acatados pelo p od er público. A difícil relação com o
M inistério da Educação, form alm ente encarregado de avaliar os cursos jurídicos
existentes, bem com o de aprovar a criação de novos, resultou em iniciativas que
visaram a dar à O rdem instrum entos que lhe perm itissem u m controle mais
efetivo sobre a expansão desses cursos, percebida com o a principal responsável
pela queda na qualidade do ensino do direito no país. Um a dessas iniciativas foi
o “OAB recom enda”, um a espécie de selo de qualidade para os cursos de direito,
criado na gestão de Reginaldo Castro, que assim explica o seu funcionamento:

Nós reunimos dados de todas asfaculdades que tivessem mais de dez anos de
existência - e isto era um critério importante - e avaliávamos um a a uma,
com três preocupações objetivas: a nota do Provão, o índice de aprovação
nos exames de Ordem e as instalações físicas. Dentre 280 avaliações, nós
reconhecemos como harmônicas com os critérios de realização de um bom
trabalho apenas 42 faculdades. E a estas nós atribuímos, portanto, a homo­
logação, o reconhecimento da Ordem de que eram cursos que atendiam aos
critérios mínimos exigidos para que fossem considerados cursos de direito
regulares. A conseqüência disso é que todas asfaculdades começaram a tentar
se aperfeiçoar para merecerem a recomendação}'^^

Por isso mesm o, a repercussão provocada pela notícia sobre a aprovação


de um candidato nãoalfabetizado para o curso de direito m ereceu u m a pronta
resposta do presidente A pprobate, em artigo publicado n o jornal O Globo, de
21 de janeiro de 2002;

N enhum a instituição está mais à vontade para avaliar os cursos jurídicos


do que a Ordem dos Advogados. O ensino tem sido tem a de debates de
todas - sem exceção - as conferências da OAB, desde a primeira, em 1958.

R eg in ald o d e C astro, op, cit., p. 318,

81
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

Há dez anos, fo i criada a Comissão de Ensino Jurídico e, a p artir de 1994,


0 Conselho Federal passou a avaliar os pedidos de criação de novas fa cu l­

dades de direito. Toda essa qualificação, no entanto, nem sempre é levada


em conta quando o Conselho Federal se manifesta nos pedidos de criação
de novos cursos. Escolas reprovadas pela OAB, m as com autorização para
funcionar, são justam en te as que apresentam os piores desempenhos no
exam e nacional de cursos, o Provão, assim como nos Exam es de Ordem,
com o j á p ôde ser comprovado. De cada dez candidatos ao E xam e de
Ordem, apenas três conseguem aprovação. Essa é a média de São Paulo,
m as não está longe do resto do país. Apesar de tudo, nos últimos cinco anos
registrou-se um aum ento surpreendente de faculdades e extensões de cam ­
pus (...). Para alguns, quanto m ais escolas, m ais vagas, m ais possibilidade
de acesso à educação. Não é tão simples assim. M uitas dessas faculdades
estão sendo criadas a toque de caixa, sem infraestrutura adequada. Na
contabilidade das faculdades particulares, costuma-se dizer que o direito
é a caixa-forte, lucro certo, o que estimula a criação de novas escolas p o r
todo opaís. Grande parte, infelizmente, acaba funcion an do como balcões
de negócios, desvirtuando o ensino. Se não basta o respeito à tradição ao
direito no Brasil, deve o governo levar em consideração o prejuízo que essa
situação sem controle causa á sociedade e à democracia.

Se a formação acadêmica dos bacharéis era m otivo de grande preocupação


para a O rdem , m aior ainda era aquela provocada pelo questionam ento ético que
a sociedade estava fazendo sobre a atuação dos advogados. Um caso específico
- a suspeita de que os advogados do traficante Fernandinho Beira-M ar estariam
acumpliciados com o réu - despertou forte polêm ica acerca das restrições que
deveriam ser impostas aos direitos dos advogados na defesa de seus clientes. Coube
ao presidente Approbato, em artigo publicado na Folha de S.Paulo de 7 de abril
de 2003, sugestivamente intitulado “Em defesa da advocacia”, cham ar a atenção
para a confusão que se estava fazendo entre a defesa do “pecado” e a do “pecador”:

A Constituição garante aos cidadãos o direito à ampla defesa. Ao advogado


compete a missão de assegurar o pleno exercício desse direito constitucional,
ligado indissoluvelmente à cidadania. E, para cumprir fielm ente a missão,
0 advogado se ampara nos pressupostos da lei, dentre os quais o dever de

resguardar o sigilo profissional (...). Como qualquer trabalhador ou profis­

62
\ n l i i m c (' \ ( ) \ i ; D.i I ) r i t i n ( t,i( 1,1 ( ( iii^ o Ik I. k I.i ■ I ' T / t .’ ( ) ( ) !

sional, 0 advogado há de receber remuneração pelo trabalho desenvolvido


(...). ÉcertOy contudo, que não se pode perm itir ao profissional se acumpliciar
com 0 cliente para a prática criminosa ou dela se beneficiar indevidamente.
Os trabalhadores em geral e os profissionais não perguntam a seus patrões
ou clientes de onde vem o dinheiro que os remunera (...). Aos direitos dos
advogados, soma-se a necessária conduta ética, cujo balizamento imprime
dignidade à classe. Desvios nesse campo são punidos com rigor. A OAB, nesse
ponto, não é e nunca fo i corporativista. Obediente ao preceito constitucional
do devido processo legal, a OAB pune com rigor os transgressores de normas
éticas (...). Não há dúvida de que o crime organizado precisa ser combatido,
com /orça, pertinácia, de maneira mais eficaz pelo Estado, que não pode se
acovardar. A punição há de ser severa, mas com justiça (...).

A percepção d a necessidade de conquistar tanto o público intern o - as


centenas de m ilhares de advogados - quanto o externo - a sociedade de m odo
geral - resultou em algum as iniciativas im portantes. A p rim eira delas foi a
criação da Escola Nacional da Advocacia, que, no dizer de Reginaldo de C as­
tro, deveria ser “um centro p ro d u to r de m aterial didático para distribuição em
todo 0 Brasil, pelas escolas de advocacia, com o objetivo de prom over cursos a
distância, ajudar n a preparação de conferências’ A outra, foi a m ontagem do
projeto “A OAB vai à escola”, baseado em experiência anterior na subseção de
Osasco, sob a inspiração do advogado Nelson Alexandre, e que consistia n a ela­
boração de cartilhas a serem distribuídas para estudantes, contendo assuntos de
interesse dessa faixa etária. Sem falar na divulgação das atividades da O rdem
p o r m eio d a TV OAB, antiga reivindicação dos advogados, e cuja relevância
cresceu em função da necessidade de se estabelecer um canal de com unicação
direto com o grande público.
Aos dois desafios colocados pelo novo século - a form ação acadêm ica e
ética do advogado e o bom trânsito da OAB ju n to à sociedade brasileira - se
ju n ta u m terceiro: a integração da advocacia brasileira “m u n d o afora”. C om o
diz Rubens Approbato:

A ideia é integrar a advocacia m undo afora, perm itindo que os advogados


atuem sem fronteiras, desde que obedecendo a determinados requisitos,
inclusive e principalmente o de se inscrever na instituição reguladora da
Id e m , ib., p. 318.
V er A ta d a sessão da O A B , 9/4/2001.

83
H is tó ria da
O rdem dos Advogados do Brasil_________________________________________________

prática advocatícia do pais onde pretende atuar (...). Realizamos, em ou­


tubro de 2001, um seminário intitulado “Brasil século 21: o direito na era
da globalização”, que contou com a presença do então presidente Fernando
Henrique Cardoso, marcando a sua reconciliação com a Ordem (...). Por fim ,
conseguimos que a União Internacional dos Advogados, que é um a entidade
da maior repercussão e que envolve todas as entidades representativas dos
advogados em todo o mundo, reconhecesse a língua portuguesa também
como um dos idiomas oficiais da entidade?^^

A eleição do vice, R oberto Busato, à sucessão de A pprobato não foi sur­


presa, já que 0 candidato contava com o apoio fundam ental do seu antecessor.
Recuperar a trajetória d a OAB no período pós-C onstituinte significou
enfrentar o desafio de explicar “um desafio”. Afinal, depois de ser u m dos p rin ­
cipais atores políticos do processo de redem ocratização do país, que papel a
instituição representativa dos advogados p od eria representar na dem ocracia
consolidada? Vigilante e atuante em todos os episódios que p oderiam am eaçar
a delicada tarefa de consolidação dem ocrática - a liderança que assum iu po r
ocasião do impeachment é o exem plo m ais evidente desse com prom isso a
O rdem vai estar “liberada”, a p artir de então, para se dedicar às questões internas.
A construção da sede em Brasília - a prim eira, em 1990, e a segunda, dez anos
depois mas, principalm ente, a elaboração de um novo Estatuto, m arcaram ,
sem dúvida, o investim ento em u m projeto que visava a adequar a O rdem à
nova realidade política do país, p o r um lado, e às novas condições do m ercado
profissional dos advogados brasileiros, p o r outro.
O atendim ento às dem andas de inserção no m u nd o globalizado, cada vez
m ais requerida, bem com o a im periosa aproxim ação com os setores m ais d in â­
m icos da sociedade brasileira, requer, p o r parte da OAB, estratégias de atuação
cada vez mais diversificadas. Ao m esm o tem po, no entanto, concentra o capital
político acum ulado n a luta pelo Estado dem ocrático e pelos direitos hum anos
com 0 objetivo de se m anter com o u m a das m ais im portantes instituições da
sociedade civil brasileira.

R u b en s A p p ro b a to M ach ad o , o p. cit., p. 345.

84
V o l u i n r li \ ( ) M ) n,i t ) ( ' i n ( )( r ,u i<i ( ' < j n ' s o l i d . i i l i ■ I

H erm ann Assis Baeta

Capítulo VII
O sentido e o alcance das Conferências Nacionais

As C onferências N acionais da O rd em dos A dvogados do Brasil m arca­


ram , sem dúvida, etapas significativas n a h istó ria da Instituição.
Podem os considerar duas fases da O rdem dos A dvogados: antes e depois
da criação da I C onferência Nacional.

1 C onfe rên cia N a cio n a l

D ata do an o de 1958 o surgim ento d a I C onferência N acional, quand o


se encontrava n a presidência do C onselho Federal N ehem ias G ueiros, que,
n u m verdadeiro m o m ento de desenvolvim ento do seu p o d e r criador, planejou
e organizou to d a a sua estru tu ra de form a tal que até hoje não se p o d e mais
p rescin d ir de sua realização periódica.
Vale a p en a refletir sobre as palavras proferidas pelo pró p rio N ehem ias
G ueiros no d iscurso de en cerram ento d a I C onferência N acional da O rdem
dos A dvogados do Brasil, nos seguintes term os:

... A experiência destes dois anos (na presidência) fez-n o s sentir a neces­
sidade de um a aproximação e comunicação dos advogados das diversas
Seções, em campo raso, fo ra das implicações hierárquicas dos limites de
competência entre o Conselho Federal e os Conselhos Seccionais, cada um
trazendo o depoim ento e a experiência das peculiaridades regionais, e
todos buscando e encontrando, afinal, um denom inador com um para as
soluções e recomendações que o debate propiciaria.
Assim nasceu esta nossa ideia, assim o Conselho Federal as acolheu, fa -

85
HistórÍA da
O rdem dos A dvogados d o Brasil_________________________________________________

zendo da Conferência Nacional um a instituição de caráter perm anente,


dando-lhe regimento próprio para regular-lhe o funcio n am en to periódico,
e assim nós acabamos de realizar, com um êxito que excedeu a todas as
expectativas, quer pelo número das delegações presentes, pelo calor intelec­
tual e pelo entusiasm o cívico com que as discussões se processaram como
pela eficiência com que as contribuições e recomendações se produziram .

A C onferência em apreço sob o tem a central “Atuação Profissional dos


A dvogados” foi realizada n o p erío d o de 4 a 8 de agosto de 1958, n a capital do
Rio de Janeiro, n a gestão do presidente N ehem ias Gueiros.
Os tem as tratad o s enfocaram p red o m in an tem en te: a) A R eform a do
E nsino Jurídico; b) A Proliferação D eso rdenada das Faculdades de D ireito; e
c) D ireitos e D everes do Advogado n o Exercício Profissional.
C om o observa N ehem ias G ueiros, a referida C o nferência “revelou a
u nião e a solidariedade d a classe em relação às reinvidicações indispensáveis
ao exercício pleno d a profissão, no s novos e m ais am plos setores em que a
advocacia p assou a se p raticar”.
O tem ário constou de 12 exposições p ro nu n ciad as p o r em inentes a d ­
vogados, conform e consta dos anais publicados e intitulados I C onferência
Nacional da OAB - O rd em dos A dvogados do Brasil - C onselho Federal.

II C onferência N a ciona l

Em 1960, de 5 a 11 de agosto, realizou-se a II C onferência N acional na


capital do estado de São Paulo, ten d o com o tem a central “Exercício d a P ro ­
fissão”, sob a Presidência do Prof. A lcino de Paula Salazar.
A C onferência trato u de problem as de interesse geral, visando ao ap er­
feiçoam ento d as n o rm as e in stituiçõ es ju ríd icas, assim com o dos órgãos
encarregados da sua aplicação.
O tem ário constou de 23 teses apresentadas p o r advogados.
Foram apresentadas recom endações relativas aos tem as debatidos.
De acord o com aditivo do p rofessor V ieira N eto, a C on ferên cia s u ­
geriu ao C onselho Federal d a O rd em a aquisição de m eios e recursos para
instalação da Casa do A dvogado n a Capital Federal, p ossibilitando n ã o só a
sede pró p ria para o m esm o C onselho, assim com o escritórios profissionais

86
V ' d l u m c li \ ( ) \ r , Ilct I ) r n i o ( r.u i.i ( ' d i i ^ o l k l.idj

e eventuais hospedagens p ara colegas em trânsito.


C o m o se observa, esta C onferência foi a ú ltim a realizada antes do M o ­
vim ento Político-M ilitar de 1964.

III Conferência N acional

Em 1968, de 7 a 13 de dezembro, realizou-se a III Conferência Nacional, em


Recife, tendo com o tem a central “Direitos H um anos e Constituição de 1967” sob
a Presidência de Samuel Vital Duarte.
O conclave teve com o tem as principais: a Proteção aos Direitos Hum anos; a
Eficácia das Instituições Jurídicas Posta em C onfronto com um a Instrum entação
Em perrada e Onerosa; e o Problem a da Aceleração do Processo Tecnológico, que
obrigava a adaptação do Direito.
Foi a partir desta III Conferência que os presidentes das Seccionais passa­
ram a reunir-se periodicam ente para afastar as bases da O rdem dos Advogados
do isolam ento social em que se encontravam , isto é, objetivava-se fazer com que
existisse um a interação eficaz entre os advogados brasileiros, de norte ao sul e do
leste ao oeste do território nacional, para trocar ideias e experiências em busca
de u m a advocacia m oderna e de instituições político-jurídicas democráticas.
O tem ário foi dividido em sete subtemas. O núm ero de teses incluídas nos
subtem as variou de três a cinco num total de vinte e seis.
Foram criadas sete comissões que trataram dos seguintes temas: Direitos
H um anos, Desenvolvimento e Integração na Am érica Latina, Estatuto da O rdem
dos Advogados do Brasil, entre outros.
As recom endações gerais constantes do docum ento de encerram ento alcan­
çaram o núm ero de sete. Este docum ento foi elaborado pela comissão redatora
form ada por cinco advogados.

IV Conferência Nacional

Em 1970, de 26 a 30 de outubro, n a capital do Estado de São Paulo, realizou-


se a IV Conferência Nacional, tendo com o tem a fundam ental “A Colaboração
do Advogado no Processo de Desenvolvimento Nacional”, sob a presidência de
L audo de A lm eida Camargo.

màM 67
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil ]
O tem a central foi abordado em quatro com issões que discutiram 17 teses
sobre a atuação do advogado n a sociedade em desenvolvim ento sobre questões
decorrentes das grandes concentrações urbanas e problem as de com unicação,
transporte e propriedade industrial.
Os problem as sociais foram objeto de teses sobre: Direito Agrário, Política
Habitacional, entre outros. A tese n úm ero dezessete discutiu a Aplicação da
C ibernética no D ireito e n a A dm inistração da Justiça.
Foram apresentadas outras teses avulsas. E m bora os tem as tenham sido
voltados para aspectos relativos aos desafios d a m od ern id ad e nacional, ao final,
no discurso de encerram ento, afirmou-se:

É no Estado de Direito que a sociedade encontra as garantias de um desen­


volvimento sem sobressaltos, utilizando os melhores métodos para superar
as crises, transigindo sem desonra, surda às sugestões da força mal dirigida,
temerosa de seus próprios excessos.

V C onferência N acional

A V Conferência Nacional realizou-se n a capital do Estado do Rio de Ja­


neiro, com sede no Hotel Glória, n a praia do Flamengo, no p eríodo de 11 a 16
de agosto de 1974, sob a direção do presidente do C onselho Federal da O rdem
dos Advogados do Brasil, José Ribeiro de C astro Filho.
O tem a central do encontro foi denom in ad o “Direitos H um anos” com o
propósito de referir-se a todos os cidadãos e não apenas à nossa classe.
N o ano seguinte ao “em que se com em orou a passagem d o 25- aniversá­
rio da assinatura, em Paris, da Declaração Universal dos D ireitos H um anos e
quando, em nossos dias, a violência e to d o o seu cortejo se am pliam , assum indo
proporções alarm antes, o tem a se im p u nh a no propósito de, através da prega­
ção e da divulgação, conscientizar a Nação de que n ão basta declarar o direito,
inserindo-o em docum entos internacionais e constituições”, conform e acentuou
a INTROD UÇÃO da lavra do presidente José Ribeiro de Castro Filho, nos Anais
da referida V Conferência.
As teses discutiram as prerrogativas dos advogados, a defesa dos direitos
hum anos e a independência da O rdem , com o dever dos advogados.
Alguns tem as foram retom ados, tais com o: Urbanização d a Sociedade

66
\ ' ( i l i i i n i ' () A í ) M' i n, i Dt'tiKK r, i ( i,i ( onsdli tLul .i ■ I i

Brasileira, Reforma Agrária, Novos Direitos, o M enor e os D ireitos H um anos,


C rim inalidade e Sistema Penitenciário.
Foram apresentadas quarenta teses das quais decorreram m ais de cem
conclusões aprovadas. As relativas às ratificações de pactos internacionais,
existência do Poder Legislativo livre, a condenação ao abuso do conceito de
Segurança Nacional e a Proteção ao C onsum idor foram algum as das aprovadas.
Um fato de extrem a relevância, surpreendentem ente, aconteceu no curso da
V C onferência Nacional: Sobral Pinto, já considerado o sím bolo dos advogados
brasileiros, n u m d eterm inado m om ento, afastou-se do plenário da C onferên­
cia, em altos brados, protestando contra a discussão do problem a do divórcio
nas relações do D ireito de Família, que se pretendia instituir. É que, durante
a exposição intitulada “D a Inutilidade do C onselho de Defesa dos D ireitos da
Pessoa H um ana”, a cargo de Nelson Carneiro, aflorou nos debates a questão do
Divórcio em razão de um a M O Ç Ã O apresentada e vazada nos seguintes termos:

Ao focalizar o problema dos direitos da pessoa humana, não pode a V Con­


ferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil deixar de manifestar-se
sobre 0 problema da instituição do divórcio em nosso pais, a exemplo do que,
em todas as oportunidades, o tem feito, quando reunidos em congresso, o
Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil. Um dos direitos impostergáveis
do hom em é o direito à felicidade. O direito de ter u m a fam ília, sem que a
lei a marque com o sinete da ilegitimidade. O direito de ter filhos, legítimos
todos eles, nascidos dentro da fam ília, prim eira ou não, que constituiu. 0
desquite é o divórcio sem horizonte. Sobre seus ombros, somente se pode
erigir duas fam ílias à margem da lei. O divórcio é o desquite com a possibi­
lidade de novas fam ílias legítimas, a reconstrução do lar destroçado dentro
do respeito òs disposições legais. Integra os direitos do hom em à possibilidade
de tentar a ventura, se ela, p o r qualquer motivo, não lhe sorriu no primeiro
casamento. Em vez de estimular o concubinato, amparando-o à fa lta de uma
solução legislativa, deixando que ele se multiplique e acabe por ser aceito e
compreendido, melhor seria que se abrisse ensejo à legalização de nova união,
dentro de critérios rígidos e em hipóteses definidas. A indissolubilidade do
vínculo m atrim onial é um ideal, não pode ser um a imposição. Como os
juizes, os advogados, mais que os legisladores, estão em contato diário com
os desajustamentos conjugais. A s estatísticas dizem da gravidade do estado
conjugal brasileiro, e os recenseadores já incluem, entre os casados, os que

89
H is tó ria da
O rdem dos A dvogados d o Brasil_________________________________________________

como tal são tidos e havidos. Tantas vidas truncadas, muitas no verdor dos
anos, reclamam a voz dos que defendem os direitos da pessoa humana, entre
os quais o de viver em família, à sombra de lei prudente é sábia. Eis por que
propomos que a V Conferência Nacional da Ordem da Ordem dos Advogados
do Brasil se manifeste em favor da instituição do divórcio, quando irreme­
diável fo r 0 dissídio dos cônjuges, quase sempre com reflexos perniciosos na
form ação moral dos filhos.

C om o se observa, este fato, p o r suas implicações, não poderia passar des­


percebido dos participantes da Conferência, especialmente dos advogados con­
servadores e religiosos, com o Sobral Pinto e m uitos outros, não obstante o valor
profissional e m oral destes, bem com o do prestígio que gozavam entre seus pares.
N o caso específico de Sobral Pinto, os conferencistas ficaram perplexos,
pois, em bora m uitos não concordassem com seu gesto, não o adm oestaram
pelas razões já ditas, apenas com entando, com certo respeito, sua m anifestação
e seu ato radical de ab and o nar o plenário, afastando-se, p o r conseqüência, dos
grandes debates que se travavam em to rn o dos Direitos H um anos.
É preciso que se diga que, após três anos da realização d a Conferência,
foi aprovada e prom ulgada, no Brasil, a Lei do Divórcio, Lei 6.515 de 26 de
dezem bro de 1977.

VI C onferência N acional

A VI Conferência Nacional realizou-se n a cidade de Salvador, capital do


estado da Bahia, de 17 a 22 de outubro de 1976, tendo com o tem a central “A Inde­
pendência e Autonom ia do Advogado e a Reforma do Direito Positivo Brasileiro”,
sob a direção do presidente do Conselho Federal Caio M ário da Silva Pereira.
Foram apresentadas 31 teses que ab o rdaram tem as com o: A Advocacia
em Face d o P o der Público, a Advocacia e a Reform a d o P oder Judiciário,
A dvocacia e as P rerrogativas C onstitucionais da M agistratura.
A VI C onferência Nacional introduziu um a novidade de fundam ental im ­
portância para os advogados e p ara a própria sociedade brasileira: a edição, ao
final da Conferência, de u m a Declaração ou C arta, que expressa o pensam ento,
as perspectivas e as reinvidicações futuras dos advogados, e tam bém d a própria
sociedade brasileira. A p artir desta Conferência, verifica-se que todas editaram

90
\ ' o h l [ H í ’ í) .\ ( )'\n O.i D c íIK K l,i( 1, 1 ( ' í l [ l s ( ) l | ( l , u L l ■ i ‘In 'l-JllO 1.1

e expediram este docum ento que serve, inclusive» de base p ara o funcionam ento
futuro do C onselho Federal, das Seções e das Subseções.
Naquele tem po, o Brasil se encontrava n u m a grave crise social e política,
de m o d o que as posições dos advogados participantes da VI C onferência fica­
ram , direta ou indiretam ente, inseridas n a D eclaração de Salvador, consoante
é possível observar. Vejamos:

D eclaração de Salvador

Os signatários, representando as diversas seccionais da OAB no país, tendo


em vista a preconizada reforma do Poder Judiciário, declaram: a nação
carece, devido a seu crescimento, de reformulação substancial na mecânica
do Poder Judiciário, assegurando-se o acesso presto e seguro dos cidadãos
aos cancelos legais.
À responsabilidade dos juizes e advogados deve somar-se a independência,
em toda a sua perfeição, mantido, também, o princípio federativo.
É essencial a eficácia da reforma, a devolução das prerrogativas da magis­
tratura e 0 restabelecimento, em toda a sua plenitude, do H abeas Corpus.

Um fato que m erece destaque refere-se à participação do jurista Paulo


Brossard, que, à época, exercia o m an d ato de Senador da República. Brossard,
expositor da tese n- 23 intitulada “Constituição, D em ocracia, Segurança do
Estado”, discorreu sobre estes tem as com enorm e p ropriedade e erudição, de
form a a sensibilizar e despertar a atenção dos participantes que se aglom eraram
para ouvi-lo n a sala destinada à sua exposição. É preciso que fique registrado que
a frequência foi tão fora do com um que a com issão organizadora da C onferên­
cia resolveu m u d ar o espaço reservado p ara um salão bem m aior a fim de que
se tornasse possível a presença física d e u m a verdadeira m ultidão que acorreu
ao local para ouvir Brossard, que transcorria sobre os exemplos universais de
Estado, Poder e Liberdade. Em razão da crisepolítico-institucional que dilace­
rava o Brasil, os advogados viviam ansiosos para ouvir u m a palavra ou um a
explanação sobre os fenôm enos do Poder n o sentido de ad q u irir subsídios para
a com preensão do que se passava na sociedade brasileira naquele período. Paulo
Brossard, sem afrontar com palavras o sistem a político dom inante em nosso
país, ao dissertar sobre a tem ática de sua tese, elaborou um a crítica contundente
à ditadura instalada no Brasil.

9/
_______________ H iq fn ria Hn
Ordem dos Advogados do Brasil

A presença de Brossard. e o seu m agnífico pronunciam ento contribuiu


certam ente para a descompressão social dos participantes da VI Conferência,
os advogados e os estudantes que ali acorreram à procura de ideias e palavras
esclarecedoras e estimulantes na busca de um a abertura dem ocrática para a nação.

VII C onferência N acional

A VII C onferência Nacional realizou-se em Curitiba, de 7 a 12 de m aio


de 1978, tendo com o tem a central “Estado de Direito”, sob a presidência de
R aym undo Faoro.
O tem a central foi am plam ente analisado nas 48 teses; Implicações do
Estado de Direito sobre questões de ordem pública, Habeas corpus. M andado
de Segurança, Poder Judiciário, Anistia e Im prensa, entre outros. Estes tem as
foram enfocados na perspectiva de garantir a liberdade pública e os direitos
individuais.
O tem a Caixas de Assistência dos advogados e outras m edidas concernentes
ao atendim ento às necessidades dos advogados foram tratados em várias teses.
Nesta Conferência, registrou-se o com parecim ento do presidente da Câmara
Marco Maciel e do M inistro da Justiça Petrônio Portella, o prim eiro representando
o Poder Legislativo e o segundo representando o Presidente da República, que
assistiram aos discursos de abertura do conclave, de form a polida.
Da Declaração de C uritiba vale destacar algum as afirm ações que indicam
com o se posicionavam os advogados:

05 advogados brasileiros, armados da palavra e da razão, sentem-se creden­


ciados, ainda um a vez dentro da sombra autoritária que envolve o país, a
expressar mensagem de esperança e de liberdade, clamando pelo estado de
direito democrático.
Não haverá o Estado de Direito nem Segurança Nacional democraticamente
entendido, sem a plenitude de habeas corpus que assegure a primeira das
liberdades e base de todas as outras - a liberdade física - em regime que
consagre a individualidade e a independência dos juizes. O habeas corpus,
cuja substância está na inteireza, consagra cinco séculos de nossa herança
luso-brasileira, herança jurídica, política e moral.
A vigência do A I-5 /a z reinar no Brasil uma situação de excepcionalidade,

92
V d tu m c !> A <. n.i 1 ) ( 'm n t r.ii i.i ( ’ un s»ili( 1, h Id ^1)0

a mais longa da história brasileira, tradicionalmente ferida de temporários


colapsos da liberdade. Declaramos, todavia, que a simples revogação do
A I-5 não restauraria, p o r si só, o Estado de Direito, diante da realidade que
a vigente Constituição não fo rm a estrutura política democrática.

VIII Conferência N acional

A V III C onferência Nacional realizou-se em M anaus, de 18 a 22 de maio


de 1980, com o tem a central “Liberdade”, sob a presidência de E duardo Seabra
Fagundes.
As razões da escolha do tem a “Liberdade” para esta C onferência ficam
explicitadas tanto no tem ário q uanto na Declaração de M anaus, na m edida em
que o m om ento exigiu superação de certos instrum entos ainda vigentes, com o
p or exemplo, a Lei de Segurança N acio n al
Os advogados desenvolveram teses, tais como: Liberdade e o Estado de
Direito, o D ireito de Asilo, o D ireito de Inform ação e o Ensino Jurídico, a M u­
lher Advogada, Liberdade e Proteção ao Meio A m biente, Liberdade e Cultura,
Liberdade e o D ireito à Terra, em um total de 37 teses oficiais e mais 11 avulsas.
O assunto relativo à Seguridade Social dos Advogados foi debatido por
m eio de oito tem as apresentados à Com issão Especial de Previdência.
C onvêm observar que dos tem as inseridos no conjunto da C onferência em
apreço aflora a questão social, pela prim eira vez, com o essencial ao debate entre
os advogados. Verifica-se, ainda, que foi enfatizada, além do tem a da legitim i­
dade, a necessidade da convocação de um a Assembleia Nacional C onstituinte
para instituir um novo o rdenam ento político-jurídico capaz de possibilitar um
verdadeiro desenvolvim ento econôm ico e social no país.
A simples Declaração de M anaus adiante transcrita parcialmente dem onstra
o pensam ento predom inante entre os advogados n a Conferência.

93
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

D eclaração de M anaus

0 grande problema atual do poder é o problema da legitimidade. Não há


poder legitimo sem consentimento do povo. Os advogados brasileiros afirmam
que fa lta legitimidade ao poder institucionalizado em nosso país.
A política econômica, posta em prática nos últim os anos, exacerbou as
notórias desigualdades regionais, setoriais e de classe. Esta política tem
agravado a situação do povo, com um a inflação aterradora, que não se
detêm, pela inadequação do modelo econômico adotado às necessidades
do país. Resultado ainda mais nocivo dessa política é que ela acarreta
um a distribuição de renda gritantem ente injusta em prejuízo de todos
os assalariados.
Só em clima de liberdade, com a participação e o consenso do povo, o pro­
blema da A m azônia poderá ser equacionado e resolvido, sem prejuízo para
a intangibilidade do nosso território e sem riscos para o equilíbrio ecológico.
Urge a convocação de um a Assembleia Constituinte que, superando em sua
composição os vícios inveterados de nossa representação popular, incorpore
efetivamente ao processo político a maioria que nela tem sido ignorada.

IX Conferência N acional

A IX C onferência Nacional realizou-se em Florianópolis, de 2 a 5 de m aio


de 1982, tendo com o tem a “Justiça Social”, sob a presidência de B ernardo Cabral.
O tem a central foi abordado p o r teses com conteúdo am plo e doutrinário,
tais com o: Justiça Social e Participação Política, Justiça Social e Igualdade H u ­
m ana, Justiça Social e O rdem Social, Justiça Social e a C onstituinte, entre outros.
Em relação aos pressupostos do exercício da advocacia, foram apresentadas
teses relativas ao Tribunal do Júri, a Crise do Judiciário Trabalhista, Assistência
Judiciária e Tribunais de Exceção.
Sobre as questões sociais graves foram apresentadas as seguintes teses;
Justiça Social e Uso do Solo, Justiça Social e Justiça Agrária, Justiça Social e
A borto, C rim inalização da Greve e a C rim inalidade Crescente no Brasil.
Foram apresentadas oito teses avulsas e m ais 13 indicadas à com issão
especial de Previdência Social do Advogado.

94
\'( il u M i c í) A ( ) M ) n,i H c n i í i( i.u i.i ( (iii'-i )l i( l,)( 1,1 ■ I ' 'o ' '-J OI) 1

A Carta de Florianópolis oferece a dimensão do que se discutiu durante os


dias em que se realizou o conclave.
Vejamos os itens fundamentais inseridos na referida Carta e a seguir transcritos:

Carta de Florianópolis

05 advogados brasileiros querem um governo legítimo e uma ordenação


jurídica legítima. Querem um a constituição que seja o espelho da Nação.
Asseveram que a assistência judiciária gratuita aos necessitados é um dever
do Estado, que deve adotar os meios indispensáveis necessários para que
funcione com eficiência em todo o território nacional.
0 Direito privado brasileiro deve deixar de ser um a “opção pelos ricos”, e o
modelo econômico-social do país precisa ser profundam ente alterado para
abolir as diferenças e privilégios atualmente existentes entre ricos e pobres,
e entre regiões do país.
Quanto aos problemas da terra, reclamam soluções realistas, fun d ad a s na
form ulação de um a política global para o setor agrário, respeitadas as carac­
terísticas regionais do país e defendidos os interesses básicos dos pequenos
e médios lavradores.
Reafirmam os advogados brasileiros que a convocação de um a Assembleia
Nacional Constituinte, livre e soberana, é a única fo rm a capaz de legitimar
0 poder e o ordenamento jurídico nacional.

X C onferência N acional

A X Conferência Nacional realizou-se em Recife, de 30 de setem bro a 4 de


outubro de 1984, tendo com o tem a central “Dem ocratização”, sob a presidência
do advogado, presidente n acionai da O rdem dos Advogados, M ário Sérgio
D uarte Garcia.
N a sistemática de discussão das teses, esta Conferência introduziu a seguin­
te m udança: cada tese, além do autor, incluía o nom e de um d ebatedor especial.
A lém disso, foram introduzidos, tam bém , painéis com tem as e subtem as que
tratavam de assuntos m ultidisciplinares.
Com esta nova estrutura, a C onferência passou a con tar com novos enfo­
ques para um tem a tão com plexo e abrangente com o D em ocratização.

•àl 95
______________ História rlA
Ordem dos Advogados do Brasil

As teses abordam tem as como: Sociedade Civil e Estado, Democratização e


Segurança, Democratização e Meios de Comunicação, Instrum entos Institucionais
e Combate à Corrupção, entre outros.
Desequilíbrios Regionais e Descentralização do Poder, a Questão Urbana,
Educação e Cultura, C onduta Profissional do Advogado e Projetos de Código Civil
foram alguns dos painéis.
Foram apresentadas dez teses avulsas.
Da C arta de Recife m erecem destaque os seguintes trechos:

C arta de Recife

Os Advogados Brasileiros reunidos na X Conferência Nacional da Ordem dos


Advogados do Brasil, exprimem, neste documento, a síntese de suas preocupa­
ções e anseios em torno do tema “Democratização”, entendido como processo
amplo e contínuo de crescente participação de todos nos bens e interesses da
sociedade: no plano político, através do controle do poder, na sua origem e no
seu exercício; no plano econômico e social, pelo acesso aos frutos do trabalho e
Ò5 condições que assegurem o direito a um a vida digna e livre.
A Assemhleia Constituinte deverá instituir de modo solene novo pacto, a partir
da vontade popular, onde se redefinam as relações entre o Estado e a Nação,
entre os Poderes do Estado entre si, entre o Poder Central e os Estados da Fe­
deração e os Municípios. Este pacto social será também a garantia dos direitos
individuais e sociais de todos os cidadãos.
O processo de democratização impõe-se, ainda, no domínio dos meios de co­
municação; na busca de instrumentos institucionais de combate à corrupção;
no livre funcionamento dos partidos políticos; na garantia de plena liberdade
sindical; na substancial alteração da estrutura fundiária, garantido-se o aces­
so à propriedade, à ocupação da terra e os direitos do trabalhador rural; na
implantação de um sistema habitacional justo e realista e de mecanismos de
regularização da posse urbana; no direito à educação em todos os níveis e à pro­
teção de um a cultura genuinamente nacional; na superação dos desequilíbrios
regionais, compatibilizando-se o planejamento nacional com a autonomia local.

Convém ressaltar que foi exatamente a X Conferência Nacional que instituiu


o sistema de apresentação de painéis com o base para os debates, cujo sistema
perm anece até hoje.

96 màJÊ
r

\ I' \ O \ U n , i P í - n i i K r ,u i. l T T .' t-^U O '

XI Conferência N acional

A XI C onferência Nacional realizou-se em Belém, de 4 a 8 de agosto de


1986, tendo com o tem a central “C onstituição”, sob a presidência de H erm ann
Assis Baeta.
O tem a central “Constituição” se im punha pela preocupação dos advogados
com a convocação d a A ssembleia N acional C onstituinte.
O tem ário foi constituído p o r três grandes conjuntos de temas: Organização
do Estado, Sistema de Propriedade e Direitos do Hom em .
C ada um deles foi subdividido em subtem as que englobaram um am plo
rol de assuntos.
O prim eiro. O rganização d o Estado, com preendeu 12 exposições e mais
seis teses avulsas. Todos os tem as foram retom ados p o r com issões que sinteti­
zaram as conclusões.
É bastante extensa a Declaração de Belém. Consoante sua leitura, verifica-se
que enfatizam a função social da propriedade, os direitos sociais e econôm icos,
a reform a agrária, a dem ocratização d o espaço urbano, e a realização d a justiça
enquanto dever do Estado.
C onvém destacar alguns trechos da Declaração de Belém que sintetizam
as discussões dos advogados e convidados reunidos em Florianópolis:

D eclaração de Belém

... a proposta de uma Constituição sintética conflita com as imposições his­


tóricas desta hora. O comando constitucional é fa to r decisivo para romper
0 entorpecimento de um a legislação superada pelos fa to s e que se constitui

em obstáculo a ser vencido de pronto para a realização de transformações


sociais urgentemente reclamadas.
A função social da propriedade se deverá assegurar tanto pela prevalência do
trabalho sobre o capital, como pela prevalência do trabalho sobre o capital,
como pela coexistência de uma pluralidade de regimes de apropriação dos bens
de uso e dos meios de produção. No que tange às macroempresas privadas,
0 regimento constitucional haverá de estabelecer a distinção entre a posição

jurídica de empresários, investidores e trabalhadores, bem como o poder de con-

•àM 97
História_da
Ordem dos Advogados do Brasil___________________________________________

trole não fundado na propriedade do capital, mas exercido pelos empresários


com 0 consentimento de investidores e trabalhadores e ainda a participação
equitativa de investidores e trabalhadores na gestão e repartição dos lucros.
Como direitos sociais e econômicos reivindica-se: estabilidade de empregos
compatibilizada com o sistema de Fundo de Garantia; autonom ia e liber­
dade de organização sindical; livre exercício do direito de greve, extensiva
aos servidores públicos; disciplina de um a política salarial apta a propor­
cionar ao trabalhador justa remuneração, salário m ínim o capaz de atender
a alimentação, moradia, educação e lazer do trabalhador e de sua família;
alargamento do seguro-desemprego, abonando-se aos beneficiários prestações
m ínim as indispensáveis à sobrevivência digna; efetiva integração dos traba­
lhadores na empresa e na atividade econômica do país com participação nos
órgãos de representação interna, nos conselhos deliberativos, nos colegiados
governamentais e na direção e fiscalização das entidades respectivas.
A Reforma Agrária se há de encam inhar a curto prazo, atribuindo-se a
terra a quem nela deseje trabalhar, garantindo-se as posses legítimas e o
respeito aos direitos dos trabalhadores rurais. D e outra parte, denuncia-se
a existência de grandes áreas rurais ilegalmente adquiridas pela conhecida
fra u d e degrilagem. A exploração da terra, estruturada em sistema fu n d iá ­
rio marcado pela iniqüidade epelo atraso, apresenta dramáticas dimensões
éticas e sociais que ultrapassam os seus aspectos estritam ente econômicos.
O direito à vida é o bem primeiro, anterior e superior ao direito de p ro­
priedade. Este há de ser prom ovido não através da concentração crescente,
mas por sua ampla disseminação, sob várias modalidades, como veículos
p or excelência de incrementos de produção socialmente justos. É preciso
prever fo rm a s drásticas de punição para a propriedade de terras ociosas e
daquelas que, embora aproveitadas, p o r sua desmesurada extensão, tornam
impeditivo 0 direito de propriedade e milhões de brasileiros e dificultam o
próprio desenvolvimento do país.
A democratização do espaço urbano passa, necessariamente, p o r planeja­
mento municipal ou intermunicipal que garanta a saúde, a cultura, o lazer
e o transporte das comunidades locais, além do direito de morar a toda a
população, especialmente a mais pobre. A propriedade privada que vier a
impedir, injus lamente, essesfatores m ínim os de integração social, nega
sua função e u ^ . , ser expropriada sem indenização.
É sugerida a criação de um Tribunal Constitucional composto po r juizes

98 màM
\ ( ■ li \ () \l! ti.i [ ) c n i ( II i . u 1,1 ( i ) i K o l i ( l . ! ( l , i I 'i;;'' jO í )

eleitos com m andato certo, aos quais competirá a missão de zelar pelo respeito
à Constituição, quer através de recursos extraordinários que versem matérias
constitucional, quer através de ações diretas de inconstitucionalidade, ou
ainda de decisões que ponham cobro às denominadas inconstitucionalidades
por omissão. Não se concebe que possa persistir o atual e artificial sistema
que subordina a admissão dos recursos extraordinários ao julgam ento da
chamada relevância da questão federal.

Nesta XI Conferência Nacional, destaca-se a discussão do tem a denom inado


Tribunal Constitucional, sob a responsabilidade do Conselheiro José Lam artine
C orrêa de Oliveira, incluído no título m ais am plo “O Suprem o Tribubal Federal
e o Tribunal Constitucional”. N este trabalho, Lam artine defendeu a criação, em
nosso ordenam ento jurídico, de um Tribunal Constitucional com posto 12 m inis­
tros, eleitos, para um m andato de nove anos, pela Assembleia Nacional, através
de voto secreto de seus integrantes, reunidos em sessão especialmente convocada
para tal fim, não podendo haver recondução de m inistros ao térm ino do mandato.
N a discussão do T ribunal C onstitucional tam bém foi suscitada a criação
de u m C onselho Nacional de Justiça, com a com petência para o controle ad m i­
nistrativo do Poder Judiciário, a exem plo do que já ocorria em países da Europa.
Esse órgão com um ente era denom in ad o Ó rgão de “C ontrole Externo”. Essa
denom inação, ao que parece inapropriada, contribuiu para grandes dificuldades
em to rn o do convencim ento dos integrantes da com unidade jurídica, um a vez
que se estabelecia confusão n o sentido de supor-se que se pretendia controlar
atividade jurisdicional dos juizes, isto é, o seu p o d er de julgar.

XII Conferência N acional

A XII Conferência Nacional realizou-se em Porto alegre, de 2 a 6 de outubro


de 1988, ten d o com o tem a central “O Advogado e a OAB n o Processo de Trans­
form ação da Sociedade Brasileira”, sob a presidência de M árcio Thom as Bastos.
Realizada quan d o da prom ulgação da C onstituição de 1988, o tem ário
visou oferecer elem entos históricos, institucionais d a OAB e as condições dos
direitos h um an o s n a A m érica Latina com o norteadores d a discussão.
No prim eiro tem a - Reflexão Histórico-Política sobre a Sociedade Brasileira

•41 99
_______________ H is tó ria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

e seus Segmentos» foram realizadas três grandes exposições:


• M atrizes históricas d a form ação sociopolítica do Brasil. O processo de tran s­
formação;
• A questão dem ocrática. O rganização d a sociedade. Estratégias de articulação.
O papel da OAB;
• A profissão do Advogado e a OAB na evolução d a sociedade brasileira.

O segundo tem a constitui-se de: A subseção com o base de atuação da OAB,


E strutura e organização das com issões de direitos hum anos; Reform ulação do
processo disciplinar e do processo eleitoral, e Exam e d e O rdem .
Sobre o tem a - “A condição dos direitos hum an o s hoje, n o Brasil e na
A m érica Latina” e “Atuação d a OAB”, foram feitas 11 exposições.
N o título d a C onju n tu ra C onstitucional, foram realizados quatro painéis.
E do tem a Problem ática atual d a advocacia, constaram oito painéis.
No final d a XII C onferência foi elaborada a C arta de Porto Alegre, d a qual
extraím os os seguintes tópicos:

Carta de Porto A legre

Reunidos em sua X II Conferência Nacional, para refletir sobre o processo


de transformação da sociedade brasileira, os advogados, de mãos dadas e
entoando o Hino Nacional, solenizaram o grande m om ento da prom ulga­
ção da nova Constituição, com a certeza de que não term ina agora a luta
pela construção do edifício democrático, eis que a vigência da nova Carta
exigirá dos organismos da sociedade civil redobrada participação, única
via possível para evitar que obtenham êxito as tentativas de inibir a eficácia
constitucional.
A nova Carta assegura que no exercido de sua profissão o advogado é invio­
lável para atuar com independência perante o arbítrio tantas vezes travestido
em autoridade. Reconhece também que o advogado é indissociável á adm i­
nistração da justiça agindo não apenas nos casos particulares, mas também
organicamente, mediante vigilância efetiva sobre o Poder Judiciário distante
da realidade.
Evocando quantos, remota ou recentemente, imolaram suas vidas na busca
do ideal democrático, os advogados presentes à X II Conferência conclamam

100
V'nl i i n i c () A ( ) \ l') ti.i [ ) ( ' i n o u . t ( i . i ( o i i ' o l i( l,'( 1,1 I ' i ;;' i - j ) K i ;

OS cidadãos a se unirem para garantir e apressar o dia tão almejado em que a


liberdade, a igualdade e a justiça social sejam, efetivas e não retoricamente,
a todos os brasileiros.

Convém n o tar que o grande destaque d a XII Conferência Nacional, com o


já ficou esclarecido, foi a com em oração d a prom ulgação d a C onstituição Fede­
ral em 5 de outubro de 1988, C onstituição esta que decorreu de am plo debate
nacional durante os trabalhos d a C om issão de Sistematização e d o Plenário
d a Assembleia, devendo-se levar em conta tam bém o esforço p ara o debate de
tem as nacionais de relevo antes m esm o da instalação d a referida Assembleia.

XIII Conferência N acional

A XIII C onferência N acional realizou-se em Belo H orizonte, de 23 a 27


de setem bro de 1990, tendo com o tem a central “OAB, Sociedade e Estado”, sob
a presidência de O p h ir Filgueiras Cavalcante.
O tem a central “OAB, Sociedade e Estado” foi abordado em 28 subtem as,
apresentados p o r u m n úm ero de até cinco expositores cada um .
O espectro de subtem as foi m uito abrangente, enfocando aspectos institu­
cionais, tais com o: Crise n o Poder Judiciário, M edidas Provisórias, R epresen­
tação Política e Forças Arm adas.
O s tem as relativos à advocacia foram d iscutidos p o r expositores que
abordaram : as Caixas de Assistência perante o Estado e a Sociedade, o Advo­
gado Em pregado, a Crise da Advocacia, a M ulher Advogada, Ensino Jurídico,
a Subseção e a Eleição n a OAB.
O utros assuntos im portantes foram; Participação Popular, Ciência e Tec­
nologia, M ovim entos Populares, M ovim entos Ecológicos etc.
Um a comissão abordou o tem a Direitos H um anos com quatro expositores.
Esta Conferência contou, entre seus expositores, com juristas internacionais
que vieram co ntrib u ir p ara a am pliação e aprofundam ento, pela discussão de
conceitos, de princípios e doutrinas p ertinentes aos tem as enfocados.
Da C arta de Belo H orizonte vale extrair os seguintes períodos:

W l
________________H istó ria _ d a
Ordem dos Advogados do Brasil

Carta de B elo H orizonte

Em países com problemas sociais, culturais e econômicos, como o Brasil, não


se pode prescindir, em nome da defesa das regras do mercado e de um a p ri­
vatização irrejletida, da atuação eficiente do Estado para obtenção e partilha
dos benefícios sociais devidos, corrigindo-se os profundos desequilíbrios entre
as desiguais regiões do país e as camadas sociais da nação.
Inserida no conjunto das exigências da modernidade, já agora na d im en ­
são corporativa da OAB, está a edição de um novo estatuto da advocacia
brasileira, que corresponda ã realidade atual da profissão, afigurando-se
como inadiável a luta pela disciplina do exercício profissional do advogado
empregado.
Estão ainda convencidos os advogados de que o respeito às normas de direito
internacional e à p a z entre as nações propiciarão clima favorável à imple­
mentação das recomendações adotadas nos trabalhos desta Conferência.

XIV Conferência N acional

A XIV Conferência Nacional realizou-se em Vitória, de 20 a 24 de setembro


de 1992, tendo com o tem a central “C idadania”, sob a presidência de M arcello
Lavenère Machado.
O tem a “Cidadania” decorreu do êxito do m ovim ento pela Ética na Política,
que resultou em manifestações e ações pró-ímpeac/imenf liderados pela OAB, ABI,
com apoio de outras entidades e movimentos representativos da Sociedade Civil.
O tem ário constou de 18 tem as que se caracterizaram p o r u m núm ero
bastante diferenciado de subtem as, em u m total de 56.
Alguns dos subtem as foram trabalhos de com issões d a OAB, tais como:
Com issões de Estudos C onstitucionais, C om issão de Acesso à Justiça, Direitos
H um anos da OAB, C om issão de Meio A m biente d a OAB e Direitos Sociais.
O s assuntos relativos à advocacia e à discussão das m udanças estruturais,
form ação do Advogado e A ssistência e Seguridade do Advogado, foram abor­
dados em m ais de u m conjunto de subtem as.
Os tem as m ais abrangentes, tais como: C onstituição e Cidadania, Revisão
C onstitucional, M odelo Econôm ico e C idadania, entre outros, tam bém cons-

102 màM
\o k iin c h A ( ) Ml 11,1 I K l \l ( i,l ( ' O M M )[|( IcUl.i _liM)

taram no tem ário.


A questão am biental foi retom ada e m ais u m tem a relativo à Advocacia
e Inform ática.
C onstam d a C arta de Vitória, d o cu m en to que constitui a síntese das
discussões de debates ocorridos d urante a Conferência, os seguintes trechos:

C a rta d e V itó ria

A o encerrar a X I V Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do


Brasil, brindamos à vitória da Constituição: pela primeira vez um a grave
crise de poder resolve-se dentro dos canais institucionais. Fiéis à sua missão
constitucional, o Congresso Brasileiro e o Supremo Tribunal Federal vêm
refletindo as aspirações legítimas da soberania popular
O impedimento do Presidente da República que desonrou o m andato é um a
etapa apenas no processo perm anente de construção da democracia. É f u n ­
dam ental que a sociedade e as instituições públicas estabeleçam agora um
marco de nossa História, a partir do qual se inverta um a viciosa correlação
de forças, inaugurando-se a prevalência da Nação sobre o Estado.
O exercício da nobre e árdua profissão da advocacia, nesse quadro de de­
samparo, é inçado de problemas que estão a exigir soluções inadiáveis. A
edição de um novo Estatuto, adequado à nossa realidade, contribuirá deci­
sivamente para a superação das dificuldades que se localizam no seu âmbito
de abrangência; outras dem andam diversidade de atuação, que pode e deve
ser estimulada nesta quadra em que os advogados e a OAB despontam como
destacadas expressões da sociedade civil.

Reafirm e-se que o pon to culm inante da XIV C onferência foi a discussão
geral sobre o impeachment do Presidente C ollor que d om inou praticam ente os
debates, visto que, pela prim eira vez, um Presidente da República foi afastado
do m andato pelas vias norm ais da C onstituição da República.

XV Conferência N acional

A XV Conferência Nacional realizou-se em Foz do Iguaçu, de 4 a 8 de


setem bro de 1994, tendo com o tem a central “Ética, D em ocracia e Justiça”, sob a

103
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

direção do presidente do C onselho Federal, Dr. José Roberto Batochio.


Os grandes tem as da Conferência foram: Ética Profissional do Advogado,
com oito subtemasi Ética e Poder Político, tam bém com oito expositores; Limites
Éticos e Democráticos da Realidade Econômica, com quatro subtemas; Efetividade
da Justiça Social, com três subtemas; Advocacia e o Desafio das novas formas de
organização internacional, nove subtemas; Assistência e Seguridade do Advogado,
três subtemas; D em ocracia e Participação Popular, 18 subtemas.
O utros subtem as como: D ireito à C idade e ao Cam po, A no Internacional
da Família, Inform ática Jurídica etc., tam bém foram expostos. O subtem a Novos
D ireitos abordou Direitos do C onsum idor, Meio A m biente e Desenvolvim ento
Sustentável, C riança e Adolescente e D ireito à Integridade Biológica e Enge­
nharia Genética.
N esta Conferência, a presença de em inentes expositores internacionais
foi bem significativa.
Foi criada a Tribuna Livre, canal de com unicação destinado aos Advogados
e Estudantes para suas livres m anifestações críticas e protestos, sem n en h um a
escolha prévia da organização da C onferência. Este canal m arcou, sem dúvida,
um período de abrangência das Conferências Nacionais, p o r que possibilitou
a am pla participação dos interessados nos debates nacionais e locais sem que
tivessem sido convidados aprioristicam ente pelo Conselho Federal, constituindo
suas intervenções um elem ento de avaliação e aferição do nível e conhecim ento
dos advogados e estudantes de D ireito das várias regiões do país. Por outro lado,
a Tribuna Livre contribuiu p ara elim inar com entários e até protestos verifica­
dos antes de sua criação no s corredores e dependências o n d e se realizavam as
exposições e debates previam ente delineados.
Da C arta de Foz de Iguaçu convém transcrever os seguintes trechos que
dão noção do que se discutiu n o conclave:

Carta de Foz de Iguaçu

Reconstitucionalizado o país, abriu-se a todos os brasileiros a tarefa de im ­


plantação definitiva do Estado Democrático de Direito. Falta à Constituição,
a ser integralmente complementada, fa zer efetivas suas aspirações de igual­
dade e justiça social. Fruto de anos de luta, resultado de um raro mom ento
de convergência nacional, reclama ela o mesmo desvelo extremado que põe
os sitiados na defesa de seus muros.

104
X 'o l u n i c íi ^ ( ) \P> ' 1, 1 r.u i,i ( ' o n s o l i d i i ;.i 1' i ; i ' i - _ ’ i H t ; i

A Democracia exige eleições competitiva e limpas, que não sejam corrom­


pidas pela utilização indevida do aparelho estatal. Não é lícito ocultar à
nação nenhum fa to cujo conhecimento possa influenciar ou determ inar as
suas escolhas. Letal, para a Democracia, o monopólio das comunicações.
Este, em grau de importância, é o primeiro grilhão que nos oprime e de que
devemos nos libertar com urgência. A informação é propriedade do povo e
o direito de ser informado corretamente requer a democratização dos meios
de comunicação social.
A s constantes ameaças de prisões sofridas pelos Advogados, p o r suas m ani­
festações e atos no exercido da atividade profissional, desfiguram a presta­
ção jurisdicional. Nossas prerrogativas, especialmente a da inviolabilidade
consagrada pela Constituição, não são privilégios, mas garantias do cidadão
que defendemos.
Assim, como as Advogados se levantaram na defesa dos predicamentos da
Magistratura, vilipendiados pelo autoritarismo, agora se voltam, com o mes­
m o destemor, na defesa das prerrogativas de sua profissão, como um m únus
público que tem no mesmo sentido de defesa da cidadania.

XVI Conferência N acional

A XVI Conferência Nacional realizou-se em Fortaleza, de 1 a 5 de setembro de


1996, tendo como tem a central “Direito, Advocacia e Mudança”, sob a presidência
de Ernando Uchoa Lima.
O temário foi desdobrado em 27 painéis que constaram, em sua maioria, com
três expositores.
Ao lado de temas institucionais de âmbito nacional tais como Democracia,
Liberalismo e Socialismo, Advocacia e Sociedade Civil, Federalismo e Planejamen­
tos Regionais foram abordados temas relativos ao exercício da Advocacia. São
exemplos: Cursos Jurídicos e Exame de Ordem, Perfil do Profissional do Direito e
Defensoria e Advocacia Pública etc.
Quanto aos Novos Direitos, foram discutidos: Publicidade e Defesa do Consu­
midor, Direito e Ecologia, Direito de Propriedade e Meio Ambiente, e Bioética de Pre­
venção. Especial atenção mereceu o tem a Informática Jurídica com três expositores.
O Mercosul e a Integração Latino-Americana foi abordada em um painel,
tam bém com três expositores.

705
_______________ H ís tó r[a .d a
Ordem dos Advogados do Brasil

A iniciativa da Tribuna Livre foi m antida, em cujo painel foram debatidos


seis tem as de interesse geral.
Nesta Conferência, foi realizado, pela prim eira vez, o encontro das subseções
existentes em todas a seccionais que com põem a O rdem dos Advogados.
A C arta d e Fortaleza dem onstra a im portância d o m om ento pelos assuntos
incluídos n o tem ário e que foram subm etidos ao am plo debate.
São trechos d a Carta:

Carta de Fortaleza

Escudo do povo é a Constituição. Para afirmá-la e defendê-la em seus princí­


pios, valores egarantias, os advogados brasileiros reuniram-se em Fortaleza
nesta X V I Conferência Nacional
Nação nenhuma pode subsistir dividida entre empregados e desempregados,
fam intos e saciados. Entre latifundiários e sem-terra, entre os povos que têm
muito, e os muitos que pouco ou nada têm. Se o povo é relegado, debilitam-se
os governos, instaura-se a violência, perecem os direitos humanos, abalam-se as
instituições. A hipnose não pode entorpecerpor muito tempo a opinião pública.
Confiamos no Judiciário brasileiro como salvaguarda da Constituição, a ser­
viço do povo. É preciso que os juizes sejam independentes, livres de contrições
econômicas e hierárquicas. Por isso alertamos a nação contra as propostas de
reforma que pretendem atribuir efeitos vinculantes às decisões dos tribunais
superiores. E a conclamamos para exercer o controle da magistratura. Impor­
ta considerar que a Reforma do Poder Judiciário deve fazer-se na linha de
um a modificação estrutural, de baixo para cima, para a defesa dos legítimos
interesses do povo brasileiro, e não apenas na sua cúpula.
A Ordem dos Advogados do Brasil prossegue na sua luta e nos seus estudos
para o aperfeiçoamento da ordem jurídica, colocando-se na sua posição
inarredável de defesa da Constituição e do Estado Democrático de Direito.

XVII Conferência N acional

A XVII Conferência Nacional realizou-se n a cidade do Rio de Janeiro, de 29


de agosto a 2 de setembro de 1999, tendo como tem a central “Justiça; Realidade e
Utopia”, sob a presidência de Reginaldo Oscar de Castro.

706
\ n il 1111C (i \ ( ) M l i i j D r m i M i',u 1,1( n n ^ o lid .iilj I j(i()

O tem a central foi desdobrado em 48 painéis que contaram com dois a


cinco expositores em cada um .
A abrangência dos tem as foi m uito am pla, discutindo-se questões recor­
rentes, com o Justiça e Exclusão Social, Reform a do P oder Judiciário, Estado de
D ireito e C om petência N orm ativa dos Poderes.
O interesse pela dim ensão econôm ica foi abordado em painéis sobre o
Estado de D ireito e o Desenvolvim ento Sustentado, D ireito Em presarial, Dívida
Pública, entre outros.
Desafios decorrentes do avanço científico e tecnológico foram discutidos
em painéis sobre as Relações de Família em M udança, Biodireito e Bioética e
Advocacia n a Era das C om unicações.
D ireito ao Trabalho, à Terra, do C onsum idor, entre outros, foram reto­
m ados e aprofundados.
A presença de m ais de 15 expositores de países com o Itália, A lem anha,
França, Espanha, Portugal, Estados Unidos, A rgentina e Paraguai perm itiu um
intercâm bio necessário neste m om ento histórico de tantas m udanças e tantos
desafios.
Foram apresentadas nove exposições avulsas.
São trechos da Carta:

Carta d o R io de Janeiro

O dram a institucional básico do país, segundo a conclusão da X V II Confe­


rência Nacional dos Advogados, está na crise avassaladora que compromete
os Poderes da República, e, mais grave ainda, o próprio Direito no Brasil, o
que gera novos problemas que infelicitam a nação, nas áreas social, política,
econômica e ética.
A OAB vê no desrespeito sistemático á Constituição e no abuso das medidas
provisórias fatores que levam à ingovernabilidade e ao caos institucional.
A cidadania brasileira não está sendo garantida na fo rm a prevista pela
Constituição. A hipertrofia do Executivo desrespeita e enfraquece os demais
Poderes da República: enquanto o Legislativo aprovou 642 leis na legislatura
passada, o Executivo editou ou reeditou, no mesm o período, o triplo daquele
número em medidas provisórias: 1971.
A crise institucional, que desacredita o Estado perante a sociedade, torna
mais problemática a superação dos desafios econômicos decorrentes da

W 7
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

globalização. A sociedade brasileira sente-se economicamente lesada com a


dilapidação do patrim ônio público, sem a contrapartida de equilíbrio nas
contas do Estado ou de melhora na renda nacional.
O Brasil precisa com urgência de um pacto político que torne realidade a
utopia de um a sociedade mais justa e fraterna, pela qual todos, os gover-
nantes e os governados, zelem pelo fiel cum primento da Constituição e das
leis, pelo respeito aos direitos hum anos epela estabilidade da ordem jurídica,
pressupostos fundam entais do Estado Democrático de Direito.

XVIII Conferência N acional

A XVIII Conferência Nacional realizou-se n a cidade de Salvador, no C entro


de C onvenções d a Bahia, de 11 a 15 de novem bro de 2002, sob a presidência
de Rubens A pprobato M achado, tendo com o tem a central “C idadania, Ética e
Estado”.
A seção de ab ertura contou com a presença do Presidente d a República
eleito Luiz Inácio Lula d a Silva, do G overnador do Estado O tto R oberto M en­
donça de Alencar, do Prefeito de Salvador A ntônio Imbassahy, do Presidente do
Suprem o Tribunal Federal M inistro M arco Aurélio Mello, M inistro da Justiça
Dr. Paulo de Tarso Ribeiro, representando o Presidente da República, Fernando
H enrique Cardoso, entre outras autoridades.
N a referida solenidade foram entregues prêm ios d a Uiba e da Unesco ao
jurista Evandro Lins e Silva, tam bém presente ao ato.
A referida solenidade, com o é de praxe, foi presidida pelo Dr. Rubens
A pprobato M achado, presidente do C onselho Federal d a O rdem .
Esta C onferência foi com posta por três aulas m agna e p o r 24 painéis que
versaram sobre o m ais variados tem as, inclusive sobre os novos direitos. C om o
se p ode observar d a C arta de Salvador, foram am plos os debates geradores das
conclusões nelas consignadas. A C arta transcrita abaixo dá a dim ensão dos
assuntos em questões que interessaram ao conclave e que serviram de base à
orientação futura d a instituição.
Eis as partes principais:

108
X i iL .n i ( ) \|] ■ I " 1 1 1 II I i,l ( I i n ' - ! :| ■( I, ' 1,1 ' ' : ; ' I _'l H I

Carta de Salvador

É paradoxal a realidade da sociedade brasileira. Reclama, com urgência,


a diminuição das tensões sociais po r intermédio de políticas públicas que
prom ovam o aum ento da oferta do emprego, mas, ao m esmo tempo, convive
com 0 emprego informal, o trabalho escravo, no qual milhares de homens,
mulheres e crianças têm sua dignidade violentada.
Não se pode fa lar de democracia quando ela é desprovida de conteúdo so­
cial. Fiel ao seu Estatuto, a Ordem dos Advogados do Brasil manterá a luta
pelo cum prim ento da Constituição e em especial do Artigo 5-, que assegura
a todos o direito a um a vida digna, à liberdade, à igualdade, à segurança,
enfim o direito à cidadania.
Os advogados brasileiros sempre demonstraram que se m antêm vigilantes
na realização das transformações indispensáveis para alcançar a verdadeira
justiça social. A voz das urnas fo i clara: o eleitor transmitiu sua mensagem
de f é e de esperança, acreditando que ocorrerão m udanças profundas para
redução das crônicas desigualdades sociais, combate ao desemprego e à
corrupção.
Manifestam, ainda, seu descontentamento com a reforma do Judiciário, em
discussão e votação no Congresso Nacional, p o r não ampliar, como deseja­
do, 0 acesso àquele Poder e, o que é mais grave, m antém a Justiça elitista e
distanciada do jurisdicionado. A Justiça, como fun çã o estatal, vem sendo
prestada deficientemente em nosso país. Sérias e urgentes modificações são
necessárias.
É 0 ambiente da Justiça o maior espaço de cidadania. Os advogados e a OAB
têm sido, ao longo da história, um símbolo de defesa da sociedade. Em sua
m em ória registram-se, dentre outras, as lutas pela independência, procla­
mação da República, contra a escravatura, contra o Estado Novo, contra a
ditadura militar e contra a desordem institucional.
Consciente do seu papel, a Ordem dos Advogados do Brasil afirma sua expec­
tativa - e esperança - de que o governo eleito tenha o necessário em penho de
assumir o papel histórico de promover mudanças em fa vo r do povo brasileiro,
sem, contudo, esquecer de pautar sua conduta pelo respeito à Constituição. A
Ordem dos Advogados do Brasil não abrirá mão do seu papel de vigilância,
denúncia e critica sempre em busca dos ideais maiores da nacionalidade.

W9
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

Conclusão

Além do registro dos fatos e acontecim entos ocorridos ao longo do tem po,
notadam ente no p eríodo anterior de dois ou três anos à C onferência Nacional,
h á a considerar u m aspecto relevante que não pode ser esquecido. É que após
cada C onferência, passados os dias agitados de sua realização, o C onselho
Federal m an da publicar seus Anais que constituem a escritura de tudo o que
aconteceu: Solenidades, Presenças, Discursos, Conferências, Exposições, Pai­
néis, M oções etc. Esses com pêndios servem a todos com o fonte de consulta,
pesquisas e reflexões p o r to d o o tem po. É difícil não se encontrar neles as m a­
térias referentes às questões m ais intrincadas e controvertidas do Direito, da
Justiça, e das Instituições Político-Jurídicas do país. É u m a fonte perm anente
e inesgotável que jo rra luz a todos aqueles que a procuram para ilum inar seus
estudos, pensam entos e ações.
É preciso explicitar algum as conclusões resultantes desses conclaves;
P - troca de ideias e experiências entre os participantes;
2®- inclusão de novos direitos e de novas form as de instituições político-
jurídicas dos tem ários para íins de discussões e debates;
3® - estím ulo à a b ertu ra das m entes dos jovens advogados e estudantes;
4^ - a Conferência Nacional resulta num a grande confraternização entre
pessoas oriundas de vários pontos do território nacional, bem com o no exterior;
5® - edição de u m com pêndio cognom inado de Anais.

110 •ál
\'n lu i!lc i' \ ( ) \ I 1 ■ ■ ) , ) [ í c 111 1K r , i ( i , i ( ( i n ^ u l il l , l ( i j i '

H erm ann Assis Baeta

Capítulo VIII
Novo Estatuto, o Regulamento Ceral
e o Novo Código de Ética

Após dez anos de aplicação da lei n®4.215 de 27 de abril de 1963 (Estatuto


d a O rdem dos Advogados do Brasil), já se percebiam sinais da necessidade de
sua alteração.
O crescim ento do n ú m ero de advogados, as m udanças que a ciência e a
tecnologia operavam n o m u n d o e o processo do desenvolvim ento econôm ico,
social e político do país exigiam alterações que se tornavam inadiáveis.
C om a eclosão d o m o v im en to p o lític o -m ilitar que se asse n h o reo u do
p o d e r d a R epública, a lideran ça d a categoria profissional e os dirig en tes da
O rd em dos A dvogados tem iam a d o ta r p ro vid ên cias n o sen tid o d e atu aliza­
ção d a lei, visto que im perava o fator au to n o m ia d a O rd em dos A dvogados
com o cond ição sine qua non em to d o o te rritó rio nacional. É q u e com o os
advogados lutavam p o r lib erd ad e e legalidade p ara sua p ró p ria sobrevivência
e m ilitân cia profissional, n o sistem a rep resso r e an tid em o crático instalado
em abril de 1964, co rria-se o risco d e os m ilitares e políticos que d o m in a ­
vam o C ongresso N acional pro m o v erem m odificações n o E statu to (Lei n^
4.215/63) a fim de retirarem a in d e p e n d ên cia e a au to n o m ia e su b o rd in arem
a O rdem dos A dvogados do Brasil e seus C onselhos ao sistem a d itato rial
im plantado.
A iniciativa m inisterial de obrigar a OAB a prestar contas de suas finanças
e gastos ao TC U (Tribunal de C ontas da União) constituía prova eloqüente da
tentativa de reduzir sua independência institucional e de subordiná-la ao governo
político-m ilitar dom inante.
Felizmente, neste particular, o governo Geisel transigiu de form a tal que na
sua gestão o C onsultor-G eral da República, Dr. Rafael Mayer, em itiu parecer no

77/
_________________ H is to ria da____________________________________________
' Ordem dos Advogados do Brasil_______________________________________________

qual explicita as razões no sentido d a prevalência da autonom ia d a O rdem no


ordenam ento jurídico nacional, encerrando, assim, a controvérsia.
Na realidade, além d a massificação d a classe dos advogados e da tendência
à sua proletarização, sob a vigência do Estatuto de 1963, preexistiam outras
figuras como, p o r exemplo, o bacharel em D ireito p uro e simples investido em
cargos da adm inistração pública e de em presas privadas que, com o decurso
do tem po, se readaptavam nos respectivos cargos, bem com o outros cargos e
funções que exigiam o requisito de bacharel em D ireito p ara o correspondente
exercício, com o delegado de polícia, professor de D ireito etc.
Sobre esta m atéria alguns estudiosos elaboraram trabalhos interessantes,
convindo destacar os com entários inteligentes do ju rista popular e advogado
trabalhista (advogado exclusivo de operários e em pregados) Benedito Calheiros
Bonfim. Ao com entar o Estatuto d a Advocacia e d a O rdem dos A dvogados do
Brasil de 4/7/94, Calheiros Bonfim aborda a questão n u m a síntese feliz:

No passado, até a década de I960, em razão das peculiaridades socioeconômi-


cas e culturais da época, o quadro de advogados era constituído, maciçamente,
de típicos profissionais liberais. Vale dizer: advogados autônomos, que exer­
ciam 0 ofício com inteira liberdade, sem qualquer vínculo ou subordinação,
além dos inerentes aos mandatos recebidos. Formavam um a elite intelectual,
política, social e econômica, com sólidas raízes no poder. Buscavam o diploma
de bacharel em Direito como status, um meio de ascensão social.
Uma rápida leitura do anterior Estatuto (Lei n -4.215/63) confirma que esse
era o perfil do advogado objeto de seu ordenamento. Nele não se encontra a
m ínim a alusão à fu n çã o social da advocacia nem ao advogado-empregado,
embora estes já existissem, em reduzido número, é verdade.
De lá para cá, as condições econômicas e sociais do país se transformaram, os
costumes e os valores morais se transmudaram, as circunstâncias que balizam
a prática da advocacia e o perfil do advogado se alteraram, o ensino jurídico
se massificou, a superprodução de profissionais estreitou o mercado de tra­
balho, d a í resultando a crise em que está mergulhada a advocacia, crise que,
de resto, alcança, em grau maior ou menor, todas as profissões e instituições.
"Essa deterioração das condições de vida vem transformando o profissional
liberal clássico - que é um a espécie em via da extinção - em assalariado.

112
C om o se vê, tornava-se im periosa a elaboração de um novo Estatuto que
com portasse e se ajustasse às novas modificações surgidas com o passar do
tem po n a base da sociedade brasileira e que se refletiam n a advocacia nacional.
C om o se observará, a legislação específica q ue estava consignada no a n ­
tigo Estatuto, isto é. Estatuto de 1963, passou a subdividir-se em dois diplom as
legais distintos, não obstante o seu interligam ento; Estatuto d a Advocacia e da
OAB - Lei n “ 8.906, de 4/7/1994, e Regulam ento G eral do Estatuto d a Advo­
cacia e da OAB.
Na discussão prelim inar dos advogados com assento no plenário do C on ­
selho Federal, predom inou o entendim ento de que algumas m atérias de natureza
perm anente deveriam constar do corpo propriam ente dito do Estatuto, enquanto
outras tendentes a m odificações periódicas deveriam ser inseridas n um texto à
parte em bora interligado ao Estatuto.
C oncluíram , portanto, que, além do Estatuto, dever-se-ia criar u m Regu­
lam ento G eral q ue englobasse as disposições suscetíveis de alterações p erió d i­
cas. Daí a existência atual de dois diplom as legais: o que constitui a legislação
orgânica d a O rd em dos Advogados - O Estatuto da Advocacia e da OAB - e o
R egulam ento Geral do Estatuto da Advocacia e d a OAB.
N o Estatuto, estão escritos e estabelecidos valores e princípios de natureza
e caráter perm anentes; e n o Regulam ento Geral estão inseridas as referidas
no rm as e regras suscetíveis de alterações ou m odificações periódicas conform e
as necessidades im postas pela vida social.
O prim eiro diploma é constituído pela Lei n- 8.906/94, oriunda do Congresso
Nacional e sancionada pelo presidente da República, a época, Dr. Itam ar Franco;
e o segundo diploma, constituído pelo Regulam ento Geral, em face dos Artigos
54, V e 78 da referida Lei n- 8.906/94, editado pelo C onselho Federal d a O rdem
dos Advogados do Brasil, conform e se vê das assinaturas do seu Presidente, à
época, Dr. José Roberto Batochio e d o relator Conselheiro Paulo Luiz N eto Lobo.
C onvém n o tar que as prem issas que alicerçaram as m udanças e inova­
ções que plasm aram o novo Estatuto e o Regulam ento G eral estão sintetizados
n a exposição de autoria do C onselheiro Paulo Luiz N eto Lobo, que foi investi­
do n a função de Relator do anteprojeto de reform a do E statuto no âm bito do
C onselho Federal, consoante trecho a seguir transcrito:

113
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

D iante de um quadro de economia crescente oligopolizada e de cresci­


m ento das atividades do Estado, o perfil básico do advogado é cada vez
menos liberal e cada vez mais assalariado. O profissional do Direito vê-se
diante de desafios crescentes que interferem com seus modos tradicionais
de operar os conflitos, antes intersubjetivos: a massificação das relações
sociais, o surgimento de interesses transubjetivos ou de direitos coletivos,
0 predom ínio incontrastável da tecnologia, a urbanização crescente, a

internacionalização da economia.
Não basta que o atual Estatuto seja reformado. É necessário um novo Estatuto
que sirva aos advogados hoje e nas próximas décadas. Não se pode antever as
necessidades do futuro, mas a experiência acumulada na aplicação da Lei n^
4.215 permite-nos proteger soluções com razoável quantum de durabilidade.
O atual Estatuto cuida não apenas de matérias que lhes são próprias, mas
de outras que, por sua natureza, estariam mais bem disciplinadas no res­
pectivo Regulamento. O Regulamento, editado pelo Conselho Federal, seria
0 instrumento legal mais flexível às mudanças que se apresentassem.

Pela rigidez de suas normas, é árdua a tarefa de interpretação do Estatuto,


para se adequarem aos novos valores, com resultados nem sempre satisfa­
tórios e estáveis.
Durante o ano de 1988 e início de 1989, a Comissão nomeada pelo Conselho
Federal, da qual fizem os parte, elaborou anteprojeto de reforma do Estatuto
submetendo-o à discussão dos órgãos da classe em todo o país. A Comissão,
inclusive com nosso voto pessoal, optou p o r atualizar o Estatuto, tomando-o
por modelo.
Refletindo melhor, fo m o s nos convencendo da insuficiência iniludível de
um a simples reforma. Esse convencimento é compartilhado p o r quantos
têm refletido sobre a evolução da advocacia e da Ordem, nos últim os anos.
Nesta direção, que aponta para um novo Estatuto da OAB, oferecemos as
seguintes indicações, a título de subsídios ao debate:
1. Mais que um a reforma da Lei n^ 4.215Í63, recomenda-se à elaboração
de um novo Estatuto da OAB, com suficiente ductibilidade para adaptação
às mudanças ulteriores.
1.1 Por conseqüência, o novo Estatuto deveria ser compacto e sintético na
fo rm a e no conteúdo, delegando competência ao Conselho Federal da Ordem
para editar o respectivo Regulamento.
1.2 Caberia, ainda, ao Conselho Federal editar o Código de Ética e Discipli-

114 « ! ▲ ■
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na - envolvendo toda a matéria de deveres éticos e infrações disciplinares,


suas penas e respectivos processos disciplinares - e os Provimentos para as
matérias específicas de âmbito nacional que não se enquadrassem como
normas próprias do Regulamento.
2. O novo Estatuto deveria assegurar a natureza de serviço público inde­
pendente, da Ordem, e a indissolubilidade de suas finalidades corporativas
e institucionais.
(Cf. Exposição feita na X III CO N F E RÊ N C IA N A C IO N A L D A O A B - Painel -
Tema: Eleições na O A B - Expositor: Paulo L u iz Neto Lobo - in A nais da X III. fls. 861/864)

Im p o rta d estacar alguns dispositivos do Estatuto, pela relevância que


em anam de seus textos, com o, p o r exemplo, o art. 7, que diz expressamente:

I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;


II - ter respeitada, em nom e da liberdade de defesa e do sigilo profissional,
a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e
dados, de sua correspondência e de suas comunicações, inclusive telefônicas
ou afins, salvo caso de busca ou apreensão determ inada p o r magistrado e
acompanhada de representante da OAB;
III - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante,
p o r motivo ligado ao exercido da advocacia, para lavratura do auto respec­
tivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à
seccional da OAB.

E tam bém m erece destaque o art. 44 d a aludida Lei, verbis:

Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, serviço público, dotada
de personalidade jurídica e fo rm a federativa, tem p or finalidade:
I - defendera Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de di­
reito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das
leis, pela rápida administração da justiça epelo aperfeiçoamento da cultura
e das instituições jurídicas;
II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a
disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
§ 1- - A OAB não m antém com órgão da Administração Pública qualquer
vínculo funcional ou hierárquico.
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

$ 2® - O uso da sigla “O AB” é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil.

C om efeito, n o ta-se claram ente u m a diferença en tre o art. 18, inciso I,


da Lei n- 4.215/63 e o art. 44 e seus incisos d a Lei n- 8.906/94. N o art. 18,
inciso I, d o E statuto antigo, estava prevista a com petência d a O rd em dos
Advogados p ara exercer a sua função p olítico -in stitu cio nal n o o rd en am en to
ju ríd ico brasileiro. A m esm a com petência foi inserida n o art. 44 d a Lei atual,
com m aior am plitude e inquestionável objetividade, co n tribu ind o , p o r conse­
qüência, para evitar q u alqu er dúvida o u in co n g ru ência n a luta d a instituição
pelo aperfeiçoam ento das leis do país e pela criação de u m verdadeiro E stado
D em ocrático d e Direito.
Atente-se para o fato de que n o texto do inciso I do art. 44 foram inscritas
as palavras e expressões “O rdem Jurídica do Estado D em ocrático de Direito”,
“Os D ireitos H um anos”, “A justiça social” e “A perfeiçoam ento da cultura”.

D o Regulamento Geral

N o Regulam ento Geral, com o já foi dito, ficou consignada to d a a m atéria


que poderá ser alterada o u m odificada à luz das necessidades objetivas, sem
violação dos valores e princípios que constituem o ideário da O rdem dos A d­
vogados e da Advocacia.
Assim, convém acentuar que o R egulam ento G eral do Estatuto d a A dvo­
cacia e d a OAB, publicado no diário d a justiça, seção I, do dia 16/11/94, págs.
31.210 a 31.220, se com põe de 158 dispositivos que visam regular o Estatuto,
com plem entando-o no que se faz necessário, de form a a possibilitar a eficácia
de sua aplicação.
É preciso ressaltar que essas no rm as regulam entadoras não alteraram ,
nem podem alterar, na sua essência, a m atéria constante do Estatuto (Lei n*^
8.906,4/7/94).
Na verdade, o Regulam ento G erai é u m diplom a com plem entar.

776 «41
\'(ilunic (■ \ ( ) \ [) 11,1 I ) c i i K )( iM( i,i ( )ii( L h I. í I ' I ;11 J O í i 1

D o C ódigo de Ética

Além do Estatuto e do Regulam ento Geral os advogados resolveram criar


u m novo Código de Ética, em substituição ao antigo elaborado na década de 1930.
C om o se p od erá verificar, o prim eiro C ódigo de Ética foi elaborado im e­
diatam ente após o Velho Regulam ento, tendo vigorado até a edição do que ora
está em vigência.
As m esm as necessidades básicas da profissão e de sua organização exigiram
que se editasse um novo Código de Ética para os profissionais da advocacia,
visto que não era m ais possível a aplicação do C ódigo antigo, d a década de 1930,
em face das m udanças ocorridas com o progresso da ciência, da tecnologia e
da inform ática.
Registre-se que o diplom a anterior foi de g rande utilidade e eficácia, vis­
to que, em determ inados m om entos históricos, os advogados investidos nos
m andatos de C onselheiros Federais conjugaram algum as de suas n o rm as com
dispositivos do R egulam ento da década de 1930, para condenarem o arbítrio e
a repressão, notadam ente do Estado Novo, invocando a liberdade, o direito e a
justiça com o fundam entos da advocacia e com o instrum entos indispensáveis
à luta cotidiana pela criação do Estado de Direito.

•àl 7 /7
_______________ H is tó r ia da
Ordem dos Advogados do Brasil

H erm ann Assis Baeta

Capítulo IX
Advogados notáveis que dignificaram a profissão

màM
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

Aàl 779
_______________ H is tó ria ría
Ordem dos Advogados do Brasil

RUY BARBOSA:
Patrono dos Advogados Brasileiros

Ruy nasceu n a cidade de Salvador, capital do Estado da Bahia, no dia 5


de novem bro de 1849 e faleceu n a cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de
Janeiro, em P de m arço de 1923.
Não se encontra n a história do Brasil u m só episódio ou conflito social, a
p artir de sua juventude, em que n ão ten h a participado e contribuído de form a
construtiva p ara a sua solução.
Segundo inform ações encontradas no site da Academia Brasileira de Letras,
de cuja entidade fez parte, com o acadêm ico efetivo e presidente, Ruy Barbosa
era filho de João Barbosa de Oliveira, que foi u m h om em voltado para os p ro ­
blem as da educação e da cultura. D u ran te anos, dirigiu a instrução pública de
sua província. Foi ele a principal influência n a form ação do filho, o rientando-o
no am or à leitura dos clássicos e n o respeito à docum entação em suas pesquisas.
D epois dos estudos preparatórios n a província natal, foi fazer o curso
jurídico em Recife. C onform e tradição d a época, transferiu-se, em 1868, para
a Faculdade de D ireito de São Paulo. Lá foi proposto sócio, ju ntam en te com
Castro Alves, do Ateneu Paulistano, então sob a presidência de Joaquim Nabuco.
Em sessões cívicas organizadas pelo Ateneu, recita poem as seus. Antes do fim
de seu segundo ano do curso, já era jornalista conhecido. Após a form atura, em
1870, m udou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira na trib un a e na
im prensa, abraçando com o causa inicial a abolição da escravatura. D eputado
provincial, e depois geral, preconizou, juntam ente com Joaquim Nabuco, a d e­
fesa do sistem a federativo. C onvidado para M inistro do G abinete Afonso Celso,
pouco antes d a proclam ação da República, Ruy Barbosa recusou o cargo, porque
este era, n o m om ento, incom patível com suas ideias federativas. Proclam ada a

120
\ o \ r > :i.) D c n i o c f ,i ( i,i ( )(i

República, Ruy foi escolhido para M inistro da Fazenda do G overno Provisório,


e respondeu, d u ran te algum tem po, pela pasta d a Justiça. Eleito Senador pela
Bahia à Assembleia C onstituinte, seus conselhos prevaleceram nas reform as
principais e a sua cultura m odelou as linhas fundam entais da C arta de 24 de
fevereiro de 1891. D iscordando do golpe que levou Floriano Peixoto ao governo,
requereu habeas corpus em favor dos cidadãos presos pelo governo ditatorial
de Peixoto. C om o redator-chefe do Jornal do Brasil, abriu cam panha contra a
situação florianista. Em 1893, foi obrigado a se exilar. D irigiu-se, em prim eiro
lugar, p ara Buenos Aires, depois para Lisboa, onde alguns incidentes levaram -
no a escolher Londres. Escreveu, então, as famosas C artas da Inglaterra para
o Jornal do Commercio. Foi a prim eira voz a levantar-se no m u n d o contra o
processo Dreyfus.
R estaurada a ordem no Brasil, em 1895 Ruy B arbosa regressou do exílio.
Tom ou assento no Senado, p ara o qual era sucessivam ente reeleito e n o qual se
conservaria até a m orte. Destacam -se os seus trabalhos na redação do Código
Civil. Epitácio Pessoa, então M inistro da Justiça, havia entregue essa tarefa a
um jovem jurista pernam bucano, Clóvis Beviláqua. Ruy se opôs à pressa com
que o governo realizara a obra. D epois de revisto p o r várias comissões, foi o
projeto ao Senado, em 3 de abril de 1902, e Ruy Barbosa escreveu, em poucos
dias, o seu “Parecer”, que o levaria a um a polêm ica, durante a qual sua “Réplica”
se to rn aria famosa. Em 1905, a Bahia levantou sua candidatura à Presidência da
República, m as Ruy abriu m ão da m esm a para decidir a favor de Afonso Pena.
Q uando, em 1907, o czar da Rússia convocou a 2®C onferência da Paz, em
Haia, o Barão do Rio Branco, n o M inistério das Relações Exteriores, escolheu
prim eiram ente Joaquim N abuco para chefiar a delegação brasileira, m as a im ­
prensa e a opinião pública lançaram o nom e de Ruy Barbosa. Joaquim Nabuco
recusou o lugar e dispôs-se a ajudar, com inform ações de to d a a espécie, o tra ­
balho de Ruy Barbosa, investido de u m a categoria diplom ática n ão desfrutada
até então p o r n en h u m país d a A m érica Latina.
Seu papel em Haia foi de grande im portância. Bateu-se sobretudo pelo
princípio d a igualdade jurídica das nações soberanas, enfrentando irredutíveis
preconceitos das cham adas grandes potências. Além de nom eado Presidente
de H o n ra d a Prim eira Com issão, teve seu nom e colocado entre os “Sete Sábios
de Haia”. Os outros eram : o Barão Marshall, Nelidoíf, C hoate, Kapos Meye, Léon
Bourgeois e o C onde Tornielli. De volta ao Brasil, interveio no início da sucessão
presidencial. Apresentada a candidatura do Marechal H erm es d a Fonseca, a ela se

727
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

opôs, lançando-se em sua cam panha civilista, de grande repercussão em to d o o


país. Em 21 de julho de 1910, contestou perante o Senado a eleição do M arechal.
Em 1913, fu n d ou o Partido Liberal, sendo m ais um a vez indicado para
a Presidência da República, cand id atu ra de que desistiu. N o ano seguinte,
com bateu o estado de sítio, nu m a série de discursos n o Senado. D urante a I
G uerra M undial, to m o u o p artid o dos aliados e produziu discursos lapidares
de execração à tirania e ao im perialism o. N om eado em baixador especial para
as festas centenárias da Independência A rgentina (1916), pron u n ciou notável
conferência sobre as “M odernas concepções do Direito Internacional”, definindo
os deveres dos países neutros. Em 1918, o Brasil com em orou o jubileu cívico de
Ruy Barbosa e quase o m u n do inteiro associou-se a essa consagração. C onvi­
dado pelo Presidente R odrigues Alves para representar o Brasil n a C onferência
da Paz de Versalhes, recusou a em baixada, expondo em fam osa carta, dirigida
ao chefe da Nação, as razões da incom patibilidade. Em 1919, foi novam ente
levantada sua candidatura à Presidência da República, e ele percorreu vários
Estados, em cam panha contra a decadência dos nossos costum es políticos. A
vitória d a cam panha foi anulada pela intervenção militar. P or divergências, daí
resultantes, com o G overno Epitácio Pessoa, em 1920, recusou a representação
do Brasil n a Liga das Nações. D entro das com em orações do seu jubileu jurídico,
com o paraninfo dos bacharelandos de São Paulo, escreveu e proferiu a Oração
aos moços. Em 1921, foi eleito juiz da C orte Internacional de Justiça, com o o
m ais votado, recebendo as m ais significativas hom enagens do Brasil e de todo o
m undo. Em 1922, proferiu o últim o discurso no Senado, concedendo o estado
de sítio ao governo para d o m in ar o m ovim ento revolucionário. A notícia do
seu falecimento, em 1^ de m arço de 1923, foi com entada no m u nd o inteiro. O
TimeSy de Londres, dedicou-lhe um espaço n unca antes concedido a qualquer
estrangeiro”(Disponível em www.academia.org.br, em 9 de novembro d e 2006.)
Paulo Bonavides, notável constitucionalista e pensador, em brilhante es­
tudo, teceu considerações que m erecem referência:

Em país de tão reduzida cultura política como é o nosso, necessitado de


paradigmas e referências valorativas, afigura de R uy Barbosa avulta sem-
pre agiganta no perfil solitário com que ele provoca o nosso pasmo, a nossa
perplexidade e sobretudo a nossa administração sem limites.

(BONAVIDES, Paulo. A Constituição aberta. Belo H orizonte: Del Rey, 1993, p. 223.)

722
\ í ) \ 1 ') n ,i 1 )rm t n i o < ' i j r l M i l i í 1,111.1 1

Sim ultaneam ente um hom em de ideias e de ação, o prim eiro a fa z e r entre


nós a carreira intelectual inseparável da vida pública, com discurso poli-
tico convertido em obra de arte e pensam ento, n u m a poderosa sugestão
de originalidade ja m a is lograda nem ultrapassada p o r qualquer outro
pensador nosso.
(Op. cit. p. 203.)

Ruy B arbosa é u m a das personalidades que m ais se destacaram em toda


a nossa história, quer pela inteligência e cultura, q uer p o r seu espírito público,
p o r seu carism a e pela prática de atos que constituem , até hoje e p ara sem pre,
u m a fonte inesgotável de pesquisa, estudo, conhecim ento e reflexão.
Ruy notabilizou-se pela capacidade de com patibilizar sua condição de
jurista e de advogado m ilitante com a de político partidário, exercendo am bas
as atividades sem afastar-se dos princípios m orais e éticos que n ortearam toda
a sua vida.
Na espera política, to rn o u -se um p arad ig m a de p en sa d o r e m ilitante,
interligando, com o poucos, o pensam ento à ação.
Em razão de sua vida exem plar e de sua o bra m onum ental, Ruy Barbosa
foi escolhido pelo C onselho Federal da O rdem dos A dvogados do Brasil, em
20 de dezem bro de 1948, o P atrono dos A dvogados Brasileiros.

123
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

Julgamentos Históricos

Ruy Barbosa, além das qualidades inerentes à sua personalidade e já co ­


nhecidas, é detentor de um a participação brilhante nos Tribunais, especialmente
n o Suprem o Tribunal Federal, com o se verá a seguir;

Estado de Sftio - Presos Políticos de 1892

HABEAS CORPUS N- 300 - Em favor do senador A lm irante Eduardo


W andenkolk e outros, indiciados p o r crim e de sediçào e conspiração, presos ou
desterrados em razão de decretos expedidos pelo vice-presidente d a República
M arechal Floriano Peixoto, n o exercício do cargo de Presidente. Os referidos
atos determ inaram a suspensão das garantias constitucionais, redundando n a
decretação do estado de sítio do D istrito Federal.
F undam entou-se o pedido n a inconstitucionalidade do estado de sítio e
na ilegalidade das prisões ocorridas: um as antes de ter sido decretado o estado
de sítio e outras depois d e term inada a sua vigência, q u an d o deveriam ser res­
tabelecidas im ediatam ente as garantias constitucionais.
Ruy Barbosa funcionou com o im petrante:

Relator: ministro Costa Barradas


D a ta de julgam ento: 27/4/1892
Decisão: Negada a ordem, por maioria (10 a 1)
Publicação do acórdão: Revista O Direito, v. 58/302-307
COSTA, Edgard. Os grandes julgam entos. Rio de Janeiro, v. 1, Civilização
Brasileira, 1964, p. 26-33;
BARBOSA, Ruy. O bras com pletas de Ruy Barbosa, Rio de Janeiro, v. XIX,
1892, t. Ill, MEC, 1956, p. 355-361

124
Caso d o N avio Júpiter

HABEAS CORPUS 406 - Im petrado po r Ruy Barbosa, em favor de D a­


vid Ben ObiD e outros, brasileiros e estrangeiros civis, num total de 48, presos por
militares cum prindo ordem do vice-presidente da República, Marechal Floriano
Peixoto, a bordo do navio m ercante Júpiter, capturado no litoral de Santa Catarina.
Presos p o r crim e m ilitar inafiançável, ju n tam en te com todos os ocupantes
do navio, ficaram retidos ilegalmente, conform e alegação do advogado, nas For­
talezas de Santa C ruz e Lage, no Rio de Janeiro, sem n o ta de culpa e à disposição
d a Justiça M ilitar, incom petente p ara julgá-los.

Relator: ministro Barros Pimentel


D atas d e julgam ento: 2/8/1893 e 9/8/1893
Decisão: Concedida a ordem de soltura em favor dos detidos, p o r maioria.
Publicação d o acórdão: BARBOSA, Ruy, Obras completas de Ruy Barbosa,
Rio de Janeiro, v. X X , IH93, t V, MEC, 1958, p. 291;
Revista O Direito, v. 62/86-88

125
___________________da
O rdem dos Advogados d o Brasil

C ódigo Penal da Arm ada - Caso do N a vio Júpiter

HABEAS CORPUS N “ 410 - É im petrada ordem de habeas corpus p o r Ruy


Barbosa, em favor de M ário Aurélio da Silveira, isoladamente, Im ediato do vapor
Júpiter, civil, preso por ordem do M arechal Floriano Peixoto, juntam ente com
todos os passageiros e tripulantes, quando o navio foi capturado por militares, e
rem etido para a fortaleza da Ilha das Cobras. Não figurou n a lista de pacientes
do Habeas corpus n- 406 p or falta de inform ação a seu respeito naquela ocasião.
A arguição de ilegalidade d a prisão é a m esm a produzida na petição do
citado habeas corpus.

Relator: ministro José Hygino


D a ta d e julgam ento: 12Í8/1893 e 16/8/1893
Decisão: Concedida Deferida a ordem, p or maioria, para ser expedida
ordem de soltura
Publicação do acórdão: BARBOSA, Ruy. Obras completas de Ruy Barbosa,
Rio de Janeiro, v. XX. 1893, tV , MEC, 1958, p 297-301;
STF, Jurisprudência, 1893, p. 43-44

126 màM
i l u n i i ■ () \ ( ) . \ l ’i [ i j I K ( ,i( i,i ( I Misí)|i í Lk Li ■ I ' i - . ' l HM I

Revolução Federalista

HABEAS CORPUS 415 - Ruy Barbosa im petra ordem de habeas corpus


em favor do senador A lm irante Eduardo W andenkolk e outros oficiais reform a­
dos, presos p o r crim e m ilitar p o r ocasião d a captura do navio a vapor Júpiter
e retidos nas fortalezas de Santa C ruz, Lage e Villegaignon. W andenkolk teria
assum ido o com ando do navio, no litoral ao sul do Brasil, com a conivência de
oficiais e tripulantes, em tentativa de conspiração contra o governo, reforçando
objetivos da Revolução Federalista, iniciada no Rio G rande do Sul.
Em petição longam ente fundam entada, alegam -se d em ora n a form ação
da culpa e im unidade parlam entar, quanto ao Senador, e, quanto aos demais,
incom petência do foro m ilitar para julgá-los, pois se trata de reform ados, d e­
vendo ser julgados pela Justiça com um .

Relator: ministro Costa Barradas


D a ta d e julgam ento: 21911893
Decisão: Indeferido o habeas corpus, por maioria
Publicação do acórdão: BARBOSA, Ruy. Obras completas de Ruy Barbosa,
Rio de Janeiro, v.XX, 1893, t. V, MEC, 1958, p. 353- 374

•à» /2 7
_______________ H is to ria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

Atentado ao Presidente Prudente de Moraes

HABEAS CORPUS 1.063 - Ruy Barbosa im petra habeas corpus em


favor do senador João C ordeiro e outros, desterrados n a Ilha de F ernando de
N oronha, p o r crim e de conspiração, em virtude de decretos do M arechal Floria-
no Peixoto, Vice-Presidente da República. M atéria análoga à do Habeas corpus
n® 300, é alegado constrangim ento ilegal p o r continuarem os pacientes dester­
rados após térm ino do estado de sítio, cessados os seus efeitos.
Ao receber tropas legais que regressaram de C anudos, n a Bahia, term inada
a insurreição naquele local, o Presidente d a República, Prudente de Moraes, sofre
um atentado, e o M inistro da Guerra, ao protegê-lo, é ferido m ortalm ente pelo
agressor. Caracterizado o fato com o conspiração contra a estabilidade do governo,
é decretado estado de sitio, no D istrito Federal e em Niterói, e aberto inquérito
policial, em que os pacientes são apontados responsáveis pelo atentado.

Relator: ministro Bernardino Ferreira


D atas d e ju lga m en to: 5/3/1898 e 26/3/1898
Decisão: Negada a ordem, p o r maioria
Publicação do acórdão: BARBOSA, Ruy. Obras com pletas de Ruy Barbosa,
Rio de Janeiro, v. XXV, 1898, t IV, MEC, 1948, p. 331-340;
STF, Jurisprudência, 1898, p. 11-16

128
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Atentado ao Presidente Prudente de Moraes

HABEAS CORPUS N - 1.073 - N egada a ordem de H a b e a s co rpu s 1.063,


novo h a b ea s co rp u s é im petrado pelos advogados M elo M atos, C osta Barradas
(m inistro aposentado do STF) e outros, em favor dos m esm os pacientes, para
que cesse o constrangim ento ilegal em que se acham , pelo fundam ento de que,
desterrados p o r crim e político, na Ilha de F ernando de N oronha, convivem
com réus de crim es com uns.

Relator: m in istro R ibeiro d e A lm e id a


D atas de julgam ento: 3013/1898, 2 /4 /1 8 9 8 e 1 6 /4 /1 8 9 8
Decisão: C o n c e d id a a o rd e m , p o r m a io ria
Publicação do acórdão: B A R B O S A , Ruy. Obras com pletas de Ruy Barbosa,
R io d e Janeiro, v. X X V , 1898, t. IV, M E C , 1948, p. 341-358;
STF, Ju risp ru d ên cia , 1898, p. 18-28

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_______________ H is tó r ia d a
Ordem dos Advogados do Brasil

Caso do Conselho M u n ic ip a l do DF
(Início da D o utrin a Brasileira do Habeas corpus)

HABEAS C O R PU S 2.793 - O advogado M elchiades M ário de Sá


Freire, após ser indeferido habeas corpus pelo Juiz Federal da P Vara, in ter­
põe recurso para o Suprem o Tribunal Federal, em favor de Thom az Delfino
e outros intendentes eleitos para o C onselho M unicipal do D istrito Federal,
com o fim de poderem ingressar n o prédio do C onselho e ali exercer suas
funções. Alega abuso de p o d er de N ilo Peçanha, Vice-Presidente da República
no exercício da Presidência, ao interditar, p o r decreto, o acesso àquele prédio.
Os Intendentes resolvem dividir-se em dois grupos, de oito cada um , para
os trabalhos prelim inares de instalação do Conselho. Nilo Peçanha, conside­
ran do ilegal tal divisão para a constituição do C onselho, porque a abertura dos
trabalhos exige a presença de onze m em bros, declara extinto o Conselho, im pede
o acesso ao seu prédio, com unica o fato ao Congresso e determ ina que o Prefei­
to adm inistre o D istrito Federal independentem ente do C onselho M unicipal.

Relator: ministro Canuto Saraiva


D ata d e julgam ento: 8/12/1909
Decisão: Negado provim ento ao recurso, p o r maioria, para confirmar a
decisão recorrida
Publicação do acórdão: Revista O Direito, v. 115/121-127;
Revista Forense, v. 13/148-153

130 9àM
\ ( ) \ [; [1,1 I ) c i i i u ( i',i( i,i ( ' ( )tis( )li( l.id.i ) H)

Caso do Conselho M u n ic ip a l do DF
(Início da D o u trin a Brasileira do Habeas corpus]

HABEAS CORPUS 2.794 - Im petrado habeas corpus p o r Irineu de


Melo M achado, em favor de M anoel C orrêa de Melo e outros com ponentes
do segundo gru p o form ado de Intendentes eleitos para o C onselho M unicipal
do D istrito Federal, a fim de ser perm itid o o ingresso dos pacientes n o edifício
do Conselho, para prosseguim ento dos trabalhos, um a vez que exercem direi­
tos decorrentes de diplom as, sob a direção de M esa legalm ente constituída,
presidida pelo m ais velho.
Funda-se o pedido n a ilegalidade do decreto presidencial que im pediu o
C onselho de com por-se e reunir-se, ao fechar-lhe o edifício, constituindo esse
fato abuso de po d er con tra os pacientes.

Relator: ministro Godofredo Cunha


D ata d e julgam ento: 8/1211909
Decisão: Concedida a ordem, po r maioria, para ser perm itido o ingresso dos
pacientes no edifício do Conselho, a fim de exercerem direitos decorrentes
de seus diplomas
Publicação do acórdão: Revista O Direito, v. 115/139-146;
Revista Forense, v. 13/148-153

•àM 131
_______________ H is tn rin da
Ordem dos Advogados do Brasil

Caso do Conselho M u n ic ip a l do DF
(Início da D o u trin a Brasileira do Habeas corpus)

HABEAS CORPUS 2.797 - Em favor de A lberto A ssum pçào e outros


Intendentes eleitos para o C onselho M unicipal do D istrito Federal, é im petrada
ordem de habeas corpus pelos advogados N icanor do N ascim ento e Melchiades
M ário de Sá Freire. Alegam que, im pedidos os Intendentes de en trar no prédio
do C onselho p ara exercer suas funções, p o r força de decreto presidencial, este
ato é causador de constrangim ento ilegítim o aos pacientes.

Relator: ministro Oliveira Ribeiro


D a ta de julgam ento: 15/1211909
Decisão: Julgado prejudicado, em parte, e procedente, em parte
Publicação do acórdão: Revista O Direito, v. 112/392-393

732 màJÊ
\'()lu m c A ( ) .\H n,i i,u 1,1 ( ' ( ) [ i ' ^ o l i í l , u l , t ' 1 ) I

Caso do Conselho M u n ic ip a l do DF
(Início da D o utrin a Brasileira do Habeas corpus)

HABEAS CORPUS N- 2.799 - M elchiades M ário de Sá Freire interpõe


recurso de habeas corpus em favor de Thom az Delfino dos Santos e outros In ­
tendentes diplom ados do C onselho M unicipal do D istrito Federal, im pedidos
de ingressar no edifício do C onselho e ali exercer suas funções, po r força de
decreto presidencial, alegando ilegalidade desse decreto. Habeas corpus idêntico
ao anteriorm ente já concedido aos pacientes.

Relator: ministro A m aro Cavalcanti


D a ta de julgam ento: 15/12/1909
Decisão: Prejudicado o habeas corpus, por ser idêntico ao anteriormente
já concedido aos pacientes
Publicação do acórdão: Revista O Direito, v. 115/152

•ál
_______________ H is tó r ia da
Ordem dos Advogados do Brasil

Caso do Conselho M u n ic ip a l do DF
(Início da D o u trin a Brasileira do Habeas corpus)

HABEAS CORPUS N- 2.990 - Não havendo clareza, para o Poder Execu­


tivo, quanto à legitim idade da constituição do C onselho M unicipal do D istrito
Federal, m esm o após o deferim ento, pelo Suprem o Tribunal Federal, de vários
habeas corpus a Intendentes eleitos para aquele C onselho, e pelo fato de m uitos
Intendentes diplom ados terem renunciado o direito que lhes asseguravam seus
diplom as, sendo reconhecidos candidatos não diplom ados, o Presidente da Re­
pública, H erm es da Fonseca, p o r decreto, designa nova eleição de Intendentes,
consequentem ente a dissolução do C onselho existente.
O tacílio C am ará, p o r si e outros, no exercício das atribuições de seus car­
gos graças a habeas corpus concedido em 1909, im possibilitados de continuar
no exercício em virtude do citado decreto presidencial, pedem habeas corpus
para o fim de continuar no exercício de seus cargos até o final do m andato,
alegando constrangim ento à sua liberdade individual, um a vez que o decreto
afronta a C onstituição.

Relator: ministro Pedro Lessa


D a ta d e julgam ento: 25/1/1911
Decisão: Concedida a ordem de habeas corpus, po r maioria
Publicação do acórdão: Revista O Direito, v. 115/229-243

734
V' ( ) k i n i r íi A ( ) \ r> t i . i I ) ( ’m ( x i\u i,i ( i ) 0 s( i l i d . n l , i I i - _ m h t ;

Caso da Bahia

HABEAS CORPUS N- 3.137- Ruy Barbosa e M ethodio Coelho pedem habeas


corpus em favor de Aurélio Rodrigues Vianna (presidente da Câmara dos Deputados
e governador em exercício do Estado da Bahia), Manoel Leôncio Galvão (presidente
do Senado da Bahia), senadores e deputados m em bros da Assembleia Legislativa do
Estado, alegando encontrarem -se em constrangimento ilegal porque impedidos de
exercer seus cargos em Salvador, ocupada por força militar da União.
Após ter renunciado ao cargo de governador do Estado, o presidente
da C âm ara dos D eputados, segundo substituto legal, assum e o governo na
im possibilidade de fazê-lo o presidente do Senado, prim eiro substituto. Logo
ao assum ir o governo, V ianna expede decreto convocando A ssembleia Geral e
designando a cidade de Jequié para sede tem porária dessa Assembleia, p o r não
oferecer a capital condições de segurança. C o n tra essa deliberação, insurge-se
um a parte da Assembleia, que obtém habeas corpus do Juiz Federal para reunir-
se “no lugar próprio”, passando a existir flagrante dissidência entre dois grupos
de deputados, quanto ao lugar das sessões preparatórias. Para cum prim ento da
ordem de habeas corpus, o Juiz requisita providências ao Presidente da República,
que envia forças federais a Salvador. A recusa do governador em exercício de
retirar as forças locais das im ediações do Paço M unicipal provoca bom bardeio
p o r p arte das forças contrárias, havendo destruição de prédios públicos. O
governador refugia-se em consulados e, sob coação, renuncia ao cargo, após o
quê, assum e o governo, tem porariam ente, o Presidente do T ribunal da Relação,
terceiro substituto legal.

Relator: ministro Epitácio Pessoa


D atas de julgam ento: 13/1/1912 e 20/1/1912
Decisão: Prejudicado o pedido, po r maioria (7 a 6)
Publicação do acórdão: BARBOSA, Ruy. Obras completas de Ruy Barbosa,
Rio de Janeiro, v. X X X IX , 1912, 1.1, MEC, 1950. p. 25-29 e 75-82

135
_________________ H i s t o r i c d a
Ordem dos Advogados do Brasil

Caso da Bahia

HABEAS CORPUS 3 .1 4 5 - R uy B arb osaeM eth o d io Coelho im petram


o segundo habeas corpus em favor de Aurélio Rodrigues Vianna, presidente da
C âm ara dos D eputados e G overnador em exercício da Bahia, e M anoel Leôncio
Gaivão, presidente do Senado, am bos substitutos constitucionais do governa­
dor do Estado, p ara que reassum am seus cargos políticos, conform e ordem do
Presidente da República. Os fatos ocorridos são os m esm os descritos na petição
de Habeas corpus n^ 3.137.

Relator: M inistro Oliveira Figueiredo


D atas de julgam ento: 27/1/1912 e 29/1/1912
Decisão: Prejudicado o pedido, em vista das informações
Publicação do acórdão: BARBOSA, Ruy. Obras completas de Ruy Barbosa,
Rio de Janeiro, v. X X X IX , 1912, 1.1, MEC, 1950, p. 135-136

736
V o lu n tc () A ( )AI> t \ i I ) ( ‘ n i o ( t \ u ' i a ( ' I *)o‘ i-J l)í) 1

Caso da Bahia

HABEAS CORPUS 3.148 - Após renunciar ao cargo, o governador do


Estado da Bahia, tendo perdurado a intranqüilidade política na capital, é impetrado
habeas corpus po r Ruy Barbosa e M ethodic Coelho, pela terceira vez, em favor de
Aurélio Rodrigues Vianna e M anoel Leôncio Gaivão, substitutos constitucionais
do governador, porque se tornaram insuficientes as garantias a eles asseguradas,
após determ inação do Presidente da República para reassunçào dos seus cargos. A
alegação é de constrangimento ilegal por estarem im pedidos de assum ir o governo
e a adm inistração do Estado, na Capital, tom ada p o r força federal.

Relator: ministro A ndré Cavalcanti


D atas d e julgam ento: 23/2/1912 e 9/3/1912
Decisão: Prejudicado o habeas corpus, por maioria
Publicação do acórdão: BARBOSA, Ruy. O bras completas de Ruy Barbosa,
Rio de Janeiro, v. X X X IX , 1912, 1.1, MEC, 1950, p. 257-268

137
_______________ H is tn ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

O protesto do senador Ruy Barbosa: a censura ao seu discurso

HABEAS CORPUS 3.536 - Tendo o senador Ruy Barbosa proferido


discurso n o Senado p ro testan d o co n tra ato governam ental, que p rorrogou
p or seis m eses o estado de sítio, e providenciado a sua publicação n o jorn al O
Imparcial, foi esta proibida pelo Chefe de Polícia. Em petição de habeas corpus
em que é im petrante e paciente, alega ter sido violado direito constitucional
de publicar seus discursos pela im prensa “onde e q uando convier”, consequen­
tem ente, ilegalidade d a m edida e abuso de poder, privando-se os cidadãos do
conhecim ento dos atos do Congresso; argúi que a publicidade das sessões, com
acesso às galerias franqueado ao público e docum entadas por registro taquigrá-
íico dos debates é de uso universal nos parlam entos.

Relator: ministro Oliveira Ribeiro


D a ta de julgam ento: 5/6/1914
Decisão: Concedida a ordem, contra 1 voto
Publicação do acórdão: Revista Forense, v. XXII/301-304 (Jul. a dez. de
1914)

138
\'()iuill»‘ >> A () Ml !i,i liciiK )( r,)( id ( 'ons(

D ire ito de Reunião e de Livre M anifestação de Pensamento na


Cam panha de Ruy Barbosa a Presidência da República

HABEAS CORPUS N- 4.781 - A rtu r Pinto da Rocha pede habeas corpus


preventivo em favor do senador Ruy Barbosa, candidato à Presidência d a Re­
pública, e de correligionários políticos am eaçados, segundo alega, p o r abuso
de autoridades estaduais, n a Bahia, em seu direito de reunião e livre m anifes­
tação do pensam ento. O habeas corpus e p ara o íim de p o d erem os pacientes,
sem qualquer coação, reunir-se em ruas, praças públicas, teatros ou quaisquer
recintos em com ícios em prol da candidatura de Ruy.

Relator: ministro E dm undo Lins


D a ta d e julgam ento: 5/4/1919
Decisão: Concedida a ordem, unanim em ente
Publicação do acórdão: Revista Forense, v. XX XI/212-216

màB 739
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

Frases Antológicas de Ruy Barbosa

Vi todas as nações do m undo reunidas e aprendi a não me envergonhar da


minha. M edindo de perto os grandes efortes, achei-os menores e mais fracos
do que a justiça e o direito.
Discurso de Recepção na Bahia: manifestação popular realizada
no Palácio do Governo, a 29 de dezem bro de 1907.
In: O b ras com pletas de Ruy Barbosa.
Rio de Janeiro, M EC, v. 34, t. 1, 1962, p. 157

O poder não é um antro, é um tablado. Para a nação não há segredos; na


sua administração não se toleram escaninhos.
A Im p ren sa e o d ev er d a verdade. Conferência em benefício do
Abrigo dos filhos do Povo - não pronunciada - (1923). Com-
Arte, Editora da USP (Escola de Comunicação e A rte da Univer­
sidade. de São Paulo), D epartam ento de jornalism o e editoração

A política degenerou entre nós em arte maquiavélica, em instrum ento mes­


quinho de paixões facciosas.
Discurso a }osé Bonifácio 13/08/1968, OCRB.
In: O b ras com pletas d e Ruy Barbosa.
Rio de Janeiro, v. 1, t. I, 1865/71, p. 146

A escravidão, resumo de todos os crimes, supressão organizada do sentimento


moral pela covardia epelo roubo, aveza os povos à promiscuidade habitual
com a ignorância, a miséria, a violência, a malversação.
Queda do império: diário de notícias. 10 de março de 1889.
In: O b ras com pletas de Ruy Barbosa.
Rio de Janeiro, MEC, v, 16, t. l, 1947, p. 39

140 «áB
\ ' ( ) h i i i i ( ‘ (i A ( ) A1' > 11,1 I ) ( ' 1 1) 01 i c K i a ('o n - ^ o l i d . u l , ! I UM 'I-JIX) i

Uma Constituição é, por assim dizer, a miniatura política da fisionom ia de


um a nacionalidade.
Discurso pronunciado na Collação do Gráo de Bacharel em
Sciencias e Letras. Collegio Anchieta, Nova Friburgo, em J 903.
In: O b ras com pletas d e Ruy Barbosa: d iscu rso s p arlam entares.
Rio de Janeiro, M EC, v. 30, t. 1, 1956, p. 368

A militarização das potências divide o m undo em nações de presa e nações


de pasto, um as constituídas para a soberania e a rapina, outras para a ser­
vidão e a carniça. A política da guerra é a agressão organizada quaerens
quem devoret.
Os problem as de direito internacional. Discurso proferido na
Faculdade de Buenos Aires em 14 de ju lh o de 1916.
In: O bras com pletas de Ruy Barbosa; E m baixada a Buenos Aires.
Rio de Janeiro, M EC, v. 43, t. 1, 1981, p. 63

A educação geral do povo, enquanto a nós, é exatamente, na mais literal


acepção da palavra, o primeiro elemento de ordem, a mais decisiva condição
de superioridade m ilitar e a m aior de todas as forças produtoras.
A nnaes do Parlamento Brazileiro: Câm ara dos Srs. Deputados.
Segundo anno da décim a oitava legislatura.
Sessão de 1882 - Projecto n- 224 (v.7).
In: O bras com pletas de Ruy Barbosa: reform a d o ensino p rim á­
rio. Rio de Janeiro, M EC, v. 10, t. 1, 1947, p. 139-40

A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo
direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem
um a seita, nem um monopólio, nem um a fo rm a de governo: é o céu, o solo,
0 povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túm ulo dos

antepassados, a com unhão da lei, da língua e da liberdade. Os que a servem


são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que
não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se
acobardam, mas resistem, mas ensinam, mas esforçam, mas pacificam, mas
discutem, mas praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo. Porque todos
os sentimentos grandes são benignos e residem originariamente no amor. No

141
______________ Hi(;fnrÍA Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

próprio patriotism o arm ado o mais difícil da vocação, e a sua dignidade,


não está no matar, m as no morrer. A guerra, legitimamente, não pode ser
0 extermínio, nem a ambição; é simplesmente a defesa. Além desses limites,
seria um flagelo bárbaro, que o patriotism o repudia.
Discurso pronunciado na Collação do Gráo de Bacharel em
Sciencias e Letras. Collegia Anchieta, Nova Friburgo em 1903.
In: O b ras com pletas d e Ruy Barbosa: d iscu rso s parlam entares.
Rio de Janeiro, M EC, v. 30, t. l , 1956, p. 359

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tan­


to ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos
dos maus, o hom em chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter
vergonha de ser honesto.
Sessão em 17 de dezem bro de 1914.
In: O b ras com pletas d e Ruy Barbosa: d iscu rso s parlam entares.
Rio de Janeiro, M EC, v. 41, t. 3, 1914, p. 86

O Brasil não é “isso". É ‘Hsto”. O Brasil, senhores, sois vós. O Brasil é esta
assembleia. O Brasil é este comício imenso, de almas livres. Não são os co-
mensais do erário. Não são as ratazanas do Tesouro. Não são os mercadores
do parlamento. Não são as sanguessugas da riqueza pública. Não são os
falsificadores de eleições. Não são os compradores de jornais. Não são os cor­
ruptores do sistema republicano. Não são os oligarcas estaduais. Não são os
ministros da tarraxa. Não são os presidentes de palha. Não são os publicistas
de aluguer Não são os estadistas de impostura. Não são os diplomatas de
marca estrangeira. São as células ativas da vida nacional. É a m ultidão que
não adula, não teme, não corre, não recua, não deserta, não se vende. Não
é a massa inconsciente, que oscila da servidão à desordem, m as a coesão
orgânica das unidades pensantes, o oceano das consciências, a mole das
vagas humanas, onde a Presidência acum ula reservas inesgotáveis de calor,
de força e de luz para a renovação das nossas energias. É o povo, num desses
movim entos seus, em que se descobre toda a sua majestade.
A questão social e política no Brasil: conferência pronunciada no
Teatro Lírico a 20 de março de 1919.
In: O bras com pletas de Ruy Barbosa.
Rio de Janeiro, M EC, v. 46, t. 1, 1956, p. 69

142
V'( l l l l l l l c \ ( ) \ i ; n , i I ) c t n n ( r,i( i,i ( o t i M ) l i( l . n l,i | i

JOSÉ DE OLIVEIRA FAGUNDES


Advogado doTiradentes

H á um advogado que não p o d e ficar à m argem do conjunto dos profis­


sionais que integram a advocacia n o Brasil. Trata-se do Dr. José de Oliveira
Fagundes, defensor dos conjurados m ineiros. N ão se p o d e prescindir de sua
im agem n u m a h istória que tem com o núcleo central a advocacia, em bora
sua atuação profissional, tenha ocorrido m uito antes do período narrado nesta
série. O registro de sua vida na História da Ordem dos Advogados do Brasil é
de significativa im portância não só pela peculiaridade do seu desem penho
profissional m as pela m arca original de sua personalidade, pelo seu talento e
pela sua bravura, n u m a fase difícil do Brasil, onde a sociedade se debatia sob o
regim e m onárquico e escravagista do segundo reinado.
Oliveira Fagundes se projetou n o cenário nacional, em bora em círculos
restritos, p o r causa da C onjuração M ineira, e, especialmente, p o r ter sido a d ­
vogado do grande Tiradentes, idealizador do m ovim ento que visava libertar o
Brasil da Coroa Portuguesa. Ele pode ser considerado um precursor da aguerrida
advocacia crim inal, um a vez que sua trajetória nos autos do processo instaurado
contra os conjurados m ineiros d em onstra o que de m elhor tem se registrado na
defesa dos pobres, dos perseguidos políticos e dos que são acusados da prática
de crim es contra os poderosos.
Talvez, p o r estas razões, algum as críticas ten h am surgido n o que concer­
ne a um suposto esquecim ento deste profissional com referência à bravura, à
coragem e à dignidade constantes dos textos escritos.
O ódio acum ulado e depois desencadeado pela C o ro a Portuguesa e seus
agentes contra Tiradentes decorre do sintetizado e am bicioso program a básico

#à#
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

que o p ro to m ártir da in d ependência política do Brasil arquitetou. T iradentes


elaborou o que cham ou de “P rogram a Básico”, consistente nos seguintes itens;

• Uma República Parlamentar, com um a câmara em cada cidade e um a central


em Sào João Del-Rei;
• não haveria exército oficial, e todos os cidadãos teriam suas próprias armas,
servindo quando convocados;
• 05 sacerdotes coletariam dízim os com os quais manteriam escolas, casas de
caridade e hospitais;
• seria criada um a Universidade, em Ouro Preto;
• interiorização da capital, retirando-a do litoral;
• libertação dos escravos, a começar pelos mulatos;
• plena Liberdade de comércio, com todas as nações;
• criação de indústrias, primeiro de ferro e pólvora e depois de toda a m anu­
fatura;
• perdão de todas as dívidas fiscais com a Coroa Portuguesa.

Por isso é que o nosso Alferes, n u m ím peto de entusiasm o, proclamara:


“Se todos quiserm os, poderem os fazer deste país um a grande nação."
Não é difícil, portanto, perceber que aquele que se dedicasse à defesa do
destem ido Alferes iria enfrentar não só o ódio desse p o d er absolutista, mas
tam bém a irradiação dom inadora e estim uladora dos súditos e agentes da m o ­
narquia que se sentiu abalada com o projeto que, se vitorioso, em anciparia o
Brasil para sempre, deixando plantada, n o centro do Poder, a fecunda sem ente
da cidadania.
Em virtude de sua precisão e clareza, transcrevem os a seguir o texto de
autoria de Rodolfo Garcia, ilustre D iretor da Biblioteca Nacional, sobre a atuação
processual de Oliveira Fagundes, inserido n o volum e n“ 7 dos Autos de Devassa
da Inconfidência Mineira:

... com a conclusão da Devassa, a defesa dos réus, a sentença, os embargos e


respectivos acórdãos, e mais peças relativas ao processo. O códice agora trans­
crito pertence à Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional e os documentos
que o compõem são os próprios originais. (1)
Abre-o, com o competente termo de autuação e juntada, a carta régia de 17
de agosto de 1790, dirigida ao Conselheiro Sebastião Xavier de Vasconcelos

144 9àM
í) A ( ) A l i 11,1 i',i( 1,1 ( ( ) nsnl i f l , K' l , i ■ I ‘ i o ‘ ) - J OO '

Coutinho, nomeando-o, bem como os Doutores Antônio Gomes Ribeiro e A n ­


tônio D iniz da Cruz e Silva, para passarem ao Rio de Janeiro e sentenciarem
sumariamente, em Relação, os réus achados em culpa nas Devassas da Incon­
fidência. Em 24 dezembro, a bordo da fragata Golfinho, chegava a Alçada ao
Rio de Janeiro e em 17 do mês seguinte o Conselheiro Vasconcelos Coutinho
propunha ao vice-rei Conde de Resende, nos termos da carta régia, a nomeação
do desembargador Francisco Luís Álvares da Rocha e do ouvidor Marcelino
Pereira Cletopara escrivães da comissão, o que na mesma data fo i aprovado.
Logo a seguir, em contraste com a morosidade com que se arrastam as Devassas,
entraram a funcionar os juizes. Em 26 de janeiro, o desembargador José Pedro
Machado Coelho Torres, que acabava de servir na Relação do Rio de Janeiro,
e ju iz que fo i da Devassa e mais diligências procedidas em M inas Gerais, fe z
entrega ao conselheiro Vasconcelos Coutinho, Chanceler da Relação, de duas
Devassas, um a tirada por ele desembargador, e outra tirada pelo ouvidor da
Comarca de Vila-Rica, Pedro José Araújo de Saldanha, acompanhadas ambas
de seus apensos, isso de acordo com a ordem do vice-rei, de 22 de janeiro.
Determinava a carta régia citada, em relação aos réus eclesiásticos, fosse trans­
ladada das Devassas a parte que lhes tocava, para em auto separado, com a
cópia de suas culpas, serem sentenciados como de justiça, por lhes não pertencer
privilégio algum de exceção em crime de lesa-majestade, mas devendo ficar em
segredo a sentença condenatória e conservados os mesmos réus em rigorosa e
segura custódia. Eram esses réus o cônego Luís Vieira da Silva, o vigário Car­
los Correia de Toledo e Melo e os padres José da Silva e Oliveira Rolim, José
Lopes de Oliveira e M anuel Rodrigues da Costa, que em 25 de outubro ainda
se achavam presos na Fortaleza de São José da Ilha das Cobras. (1)
Quanto aos outros réus, foram todos pronunciados por despacho do Chance­
ler e Juiz da Comissão, de 2 de outubro; no dia seguinte o mesmo chanceler
propôs ao vice-rei para juizes das Devassas os desembargadores José Antonio
da Veiga, João de Figueiredo e João M anuel Guerreiro de A m orim Pereira;
para rondas de desempates, sendo precisos: primeira vez, os desembargadores
Tristão José Monteiro e Antônio Rodrigues Gaioso: segunda vez, os desem­
bargadores José Feliciano da Rocha Gameiro e José M artins da Costa: terceira
vez, desembargadores José Soares Barbosa e Antônio Luis de Sousa Leal. Em
27 de outubro o conde de Resende despachava: Vendo a acertada nomeação
que fe z o senhor Conselheiro e Juiz da Alçada da Conjuração de Minas, a con­
firm o, e se passem as ordens necessárias aos ministros nomeados. No último

màB 145
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

dia de outubro foram aos autos sumários intimidados aos réus e assinado o
prazo de cinco dias para dizerem de fato e de direito, nomeando-se-lhes por
advogado ao da Casa de Misericórdia José de Oliveira Fagundes, que seria
também dos três réus falecidos na prisão, para o que devia assinar termo de
curatela e prestar juramento: aos advogados que quisessem, era permitido
ajudar a defesa e fazer as alegações que lhes parecessem, juntando-se tudo
aos autos debaixo do sinal do defensor nomeado. Em 2 de novembro teve esse
advogado vista dos autos, com todos os seus apensos, para a defesa de seus
constituintes, em cinco dias; em 23 foram os autos conclusos ao desembargador
chanceler com os embargos apresentados, peça longa e fundam entada, em
que 0 jurisperito examina a situação dos acusados, um por um, estudando
à vista dos autos a participação ou não participação que tiveram ou não no
fato incriminado, para concluir que toda a conjuração não havia passado
de conversas e loucas cogitações, sem que houvesse ato próximo nem remoto
de começo de execução. Não podendo por isso verificar-se verdadeiro conato
do delito, que ainda quando consta nunca é só bastante para a imposição da
pena ordinária, ainda nos delitos graves... Pelo alegado e provado, nos melho­
res termos de direito, esperavam os réus, p or seu advogado, fossem recebidos
e havidos por provados os embargos, julgando-se a uns dos réus totalmente
inocentes, e que o delito de outros merece a piedade de Sua Majestade, a quem
humildemente pedem perdão das suas loucuras e insânias.
Em 28 de novembro foram os autos de novo conclusos ao desembargador
chanceler, com as Devassas e mais apensos. Em janeiro de 1792 terminaram as
conferências da Alçada; em 18 de abril reuniu-se a Alçada em Relação extraor­
dinária sob a presidência do vice-rei, para o acórdão definitivo, que condenou os
réus a diversas penas, desde as de morte natural na forca, ao degredo perpétuo
ou temporário na África, e a d e açoites: 11 dos réus, a saber: Joaquim José da
Silva Xavier, Francisco de Paula Freire de Andrada, José Álvares Maciel, Inácio
José de Alvarenga, Domingos de Abreu Vieira, Francisco Antônio de Oliveira
Lopes, Luís Vaz de Toledo Piza, Salvador Carvalho do Amaral Gurgel, José
Resende Costa, pai e filho, e Domingos Vidal Barbosa - foram condenados
a morrer na forca; o primeiro teria a cabeça cortada e conduzida para Vila
Rica, 0 corpo esquartejado e postos os pedaços pelos caminhos de Minas, no
Sítio da Varginha e das Cebolas, sua memória declarada infame e infames
seus filhos e netos, sua casa de Vila Rica arrasada e salgada, e no mesmo chão
levantado um padrão de infâmia, seus bens confiscados etc.; seis outros seriam

146
V ' n i u i n i ' (> \ I ) \ [; 11,1 I ) ( ' t i l l )( I'.K i,i ( ' ( )l i( ■ I ' i i ' l ' ) _!i n ) 1'

enforcados, suas cabeças cortadas e pregadas, em postes altos até que o tempo
as consumisse: as de Freire deAndrada, Maciel e Domingos de Abreu, em Vila
Rica, nos lugares defronte de suas habitações: a de Alvarenga, no lugar mais
público da Vila de São João Del-Rei, a de Luís Vaz, na Vila de São José, e a
de Oliveira Lopes, no lugar de sua habitação, na Ponta do Morro; os quatro
restantes, Salvador Gurgel, os dois Resende Costa e Domingos Vidal, sofreriam
apenas a morte natural na forca. De todos as memórias seriam declaradas
infames, e infames os filhos e netos; os bens confiscados para o fisco e Câmara
Real, como a de Tiradentes, as casas de morada de Freire de Andrada seriam
arrasadas e salgado o terreno.
A degredo perpétuo, em presídios de Angola, saíram condenados: Tomás A n ­
tônio Gonzaga, para as Pedras; Vicente Vieira da Mota, para Angocha; José
Aires, para Ambaca; João da Costa Rodrigues, para Novo Redondo; Antônio
de Oliveira Lopes, para Caconde; e Vitoriano Gonçalves Veloso, para Angola,
depois de ser levado pelas ruas e de dar três voltas em redor da forca sob açoites.
A degredo para Benguela, por dez anos, foram condenados João Dias da M ota
e Fernando José Ribeiro que, como se entendia com os demais degredados,
haviam de sofrer a pena da forca, se volvessem ao Brasil: à pena de dez anos
de galés ficou sentenciado José Martins Borges que devia padecer antes a de
açoites pelas ruas públicas da cidade.
Dos réusfalecidos no cárcere, Cláudio M anuel da Costa (1) teve sua memória
declarada infame e infamados filhos e netos, tendo-os e seus bens confiscados:
Francisco José de Melo (2) fo i achado sem culpa, como também M anuel Joa­
quim de Sá Pinto do Rego Fortes (3), a respeito de quem se m andou fosse sua
memória conservada segundo o estado que tinha antes.
Absolvidos foram os réus M anuel da Costa Capanema e Faustino Soares de
Araújo, julgando-se, pelo tempo que tiveram de encarceramento, purgados
de qualquer presunção que contra eles pudesse resultar das Devassas; João
Francisco das Chagas, o escravo Alexandre, do padre Oliveira Rolim, Manuel
José de Miranda e Domingos Fernandes, por se não provar contra eles o que
bastasse para se lhes impor pena.
Aos condenados à pena última, que se encontravam presos na casa do Orató­
rio das cadeias da Relação, no próprio dia em que fo i lavrada, fo i intimada a
sentença pelo desembargador Álvares da Rocha, que funcionava como escrivão
da Comissão e Alçada; nesse mesmo dia fo i dada vista dos autos, na form a
da lei, ao advogado dos réus, que no prazo de 48 horas os devolvia a cartório,

•àl 747
H i s t ó r i a Ha
I O rdem dos Advogados do Brasil_________________________________________________

com os competentes embargos, em que pedia se reformasse a sentença ou se


diminuíssem as penas, pelas justas razões que apresentava, na melhor via de
direito. Esses embargos não foram recebidos, por sua matéria, sendo mandada
cumprir a sentença embargada; pediram então os réus que se lhes concedesse
vista da sentença para que, por via de restituição de presos e miseráveis, p u ­
dessem deduzir segundos embargos, o que lhes fo i deferido, com meia hora.
Nesse angusto prazo José de Oliveira Fagundes produziu perfeita arrazoada
de oito artigos ouprovarás, concluindo que os condenados tinham sido úteis
ao Estado, uns na lavoura, outros nas letras e outros nas armas, e estavam
prontos para continuar no serviço de Sua Majestade em qualquer parte para
onde fossem mandados, e de qualquer modo que se julgasse em comutação a
última pena em degredo perpétuo, onde justificassem sua emenda.
Ainda uma vez foram desprezados os embargos à sentença e mandado cumprir
0 acórdão, pagas as custas pelos embargantes. Mas nesse mesmo dia 20 de abril,

em mesa da Relação, fo i pelo desembargador chanceler apresentada a carta


régia da piedade que Sua Majestade, pela sua alta clemência, fo i servida ter
com alguns dos réus, datada a 15 de outubro de 1790, que alterava em alguns
pontos a de 17 de julho do mesmo ano, e perdoava a pena capital em que
tivessem incorrido aqueles réus, para comutá-la em degredo perpétuo para os
domínios da África, compreendidos os de M oçambique e Rios de Sena, mas
debaixo da mesma pena de morte se em tempo algum voltassem ao Brasil.
Quanto aos réus eclesiásticos, cuja sentença devia ficar em segredo, como se
viu, depois de julgados deviam ser remetidos para a Corte debaixo de segura
prisão, com a sentença contra eles proferida. Sabe-se que assim aconteceu, e
que os eclesiásticos em Lisboa foram internados em diversos conventos.
Da revisão da sentença, decorrente da nova carta régia, resultou que somente
com relação a Tiradentes se cumprisse a pena imposta, por ser o único que, na
form a da mesma carta régia, sefe z indigno da real piedade; quanto aos outros
réus fo i a pena capital comutada na de degredo perpétuo: Freire deAndrada,
para as Pedras de Angocha; Maciel, para Monsango; Alvarenga, para Dande;
Luís Vaz, para Cambambe; Oliveira Lopes, para Dié; Domingos de Abreu,
para Machimba; Amaral Gurgel, para Catalã, Resende Costa, pai, para Bissau,
Resende Costa, filho, para Cabo Verde; e Domingos Vidal, para a Ilha de São
Tiago; dos três últimos sentenciados o degredo seria apenas pelo tempo de dez
anos, observando-se a respeito deles tudo o mais que se continha no acórdão.
A sentença contra Tiradentes fo i executada no dia 21 de abril com o aparato

148 màM
\ ' c ) k n n c () A ( ) \ l'i ti<i D c i i k K i.K 1,1 C(]nv()|i(l,i( 1,1 I ['(;')<) - j( 10 i

por demais conhecido. Na mesma data o Desembargador Álvares da Rocha,


escrivão da Alçada, certificava que o réu Joaquim José da Silva Xavier fora
levado ao lugar da forca, no Campo de São Domingos, e nela padecera morte
natural, e lhe fora cortada a cabeça, e dividido o corpo em quatro quartos.
Naquele tempo o campo de São Domingos, onde, conforme a certidão,
fo i levantada a forca, se estendia da atual Rua da Alfândega aos morros
da Conceição e do Livramento, e já estava separado do campo chamado da
Lampadosa pelos quarteirões habitados que demoram entre aquela rua e da
Constituição, com seu prolongamento no antigo largo do Rossio, depois Praça
da Constituição e hoje Praça Tiradentes. Miguel Lemos, no opúsculo determi­
nação do Lugar em que fo i supliciado o Tiradentes, Rio, 1892 (outra edição,
1936), procurou situar aquele local entre as Ruas Visconde do Rio Branco e
da Constituição, onde existia um a empresa funerária, depois ocupado pela
Escola Tiradentes, agora demolida para dar lugar ao projetado monumento
aos Inconfidentes (l). Essa identificação topográfica é assunto ainda baralhado,
que conviria fosse esclarecido pelos competentes. Os mapas antigos da cidade,
que são vários, mais ou menos contemporâneos do sucesso, forneceriam p o n ­
deráveis elementos aferentes á solução do caso, que talvez não seja favorável
à opinião oficial. (1)
De acordo foram intimados em 24 de abril os réus Tomás Antônio Gonzaga,
José Aires Gomes, Vicente Vieira da Mota, João Dias da Mota, João da Costa
Rodrigues, Antônio de Oliveira Lopes, Vitoriano Gonçalves Veloso, Fernando
José Ribeiro e José M artins Borges, que estavam presos na cadeia da casa forte
do Castelo da cidade. No dia seguinte teve vista dos autos o advogado dos
réus para apresentar os embargos à sentença, no prazo de 24 horas; a 27 eram
juntos aos autos os embargos, que constituem outra peça notável da defesa
produzida pelo advogado Fagundes. Em 2 de maio, conclusos os autos e antes
de deferir aos embargos, declararam em Relação os da Alçada que o lugar
do degredo do réu Inácio José de Alvarenga devia ser o presídio de Ambaca
e não Dande, porque não houve exata informação de que era porto de mar,
onde entravam navios de todas as nações a fa zer aguada, não sendo, por isso,
lugar próprio para degredo de semelhante réu; e atendendo aos embargos, que
não foram recebidos, mandaram fosse cumprido o acórdão, com declaração
de que reduziam os degredos perpétuos ao réu Tomás Antônio Gonzaga a
dez anos para a Praça de Moçambique, ao réu Vicente Vieira da Mota pelo
mesmo tempo para o Rio de Sena, ao réu José Aires Gomes a oito anos para

•ál 749
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

Inhambana, ao réu João da Costa Rodrigues a dez anos para Mosoril, ao réu
Antônio de Oliveira Lopes a dez anos para Macau, ao réu Vitoriano Gonçalves
Veloso a dez anos para Cabeceira Grande, ao réu Fernando José Ribeiro a dez
anos para Benguela, ao réu João Dias da M ota mudaram o lugar de degredo
para Cachéu, ficando o acórdão em vigor em tudo o mais, e pagas as custas.
Mais um a vez embargaram os réus o acórdão com vista ao advogado em 4 de
maio, ainda por 24 horas; novos embargos, estes assinados por Tomás Antônio
Gonzaga e pelo advogado, por letra do primeiro, e ainda segundos embargos
de restituição oferecidos pelo advogado somente. Desprezados em 9 de maio,
foram os réus mandados intim ar do acórdão da Relação para ser cumprido.
Os réus Vitoriano Gonçalves Veloso e José Martins Borges, que haviam sido
sentenciados, o primeiro a degredo por dez anos em Cabeceira Grande e o
segundo a galés por igual tempo, devendo antes, tanto um como outro, sofrer
a pena de açoites pelas ruas costumadas da cidade até o lugar da forca onde
dariam três voltas, padeceram esse castigo pelo executor das justiças, no dia
16 de maio, conforme certificaram o meirinho das cadeias e seu escrivão na
mesma data.
Em dias diferentes, que vão de 5 de maio a 24 de junho, seguiram seus destinos
para os presídios africanos os que a eles foram degredados “e por lá vieram
a morrer”. A este passo acrescentou Varnhagen: "... sem que até hoje almas
patrióticas tenham procurado fa zer que voltem seus osso5 a abrigar-se na terra
da pátria”. A censura justa do historiador do Brasil, felizmente, não tem razão
de ser, porque o atual governo da República, esclarecido e patriótico, soube
cumprir este dever. (1)
Os restantes documentos deste volume dizem respeito à contagem das custas
dos autos principais e seus apensos, as quais somaram 555$288; às despesas
do traslado da Devassa, pagas por conta do dinheiro que produziram os bens
seqüestrados aos réus; aos mandados de levantamento de diversas quantias
em poder de depositários judiciais; às contas de comedorias e de roupas dos
réus etc..., tudo m iudamente escriturado. A s despesas de comedoria eram de
400 réis por dia para cada um; um a camisa de Bretanha custava 1$000, e de
Bretanha fin a 1$440; as ceroulas de pano de Unho valiam 480 réis; lençóis
azuis finos, 400 réis; de tabaco, 430 réis; um par de meias de linho, 640 réis;
um a coberta de algodão lavrada, 2S400; por feitio de capote de baetão, 70
réis etc. Com três sacos de seda para remessa da diligência para a secretaria
de Estado gastou-se a importância de $460; com outro saco de carneira com

150 màM
\ ' ( ) I U M Í C í) \ ( ) \ l ! [1,1 I ' ) c n i o ( iM( i . i ( ' o n ^ o l i d . i d . i | 't;

cadeado, para guardar os autos na secretaria, dependeu-se a quantia de 1$880.


José de Oliveira Fagundes, o admirável advogado dos Inconfidentes perante
a Alçada, merece especial relevo nestas linhas. (2) Por mal da história bem
pouco se sabe a seu respeito. Era natural do Rio de Janeiro, filh o de João
Ferreira Lisboa, segundo apurou Inocêncio Francisco da Silva. Dicionário
Bibliográfico Português, V. os 84, Lisboa, 1860 - do assentamento de sua
matrícula na Universidade de Coimbra;formou-se ali em 1778, e regressando
ao Brasil fo i advogado nos auditórios do Rio de Janeiro e de partido da Casa
de Misericórdia, Inocêncio possuiu o manuscrito da Alegação de direito em
defesa dos réus acusados como autores e cúmplices no projeto de sublevaçào
de M inas Gerais, 51fis. em livro de fólio, que compreendia também a sentença
dos mesmos réus e outros documentos relativos à conjuração.
Dos julgadores apenas o desembargador Antônio D iniz da Cruz e Silva passou
à história, mais como poeta do que como magistrado. Nasceu em Lisboa, a
4 de julho de 1731, filho de João da Cruz Lisboa e Eugênia Teresa da Silva.
Estudou Humanidades nos Padres do Oratório e Direito na Universidade de
Coimbra, onde se form ou em 1753. Com outros fundou, em 1756, a Arcádia
Ulissiponense; Elpino Nonacriense fo i o seu nome de árcade. Ouvidor em
Castelo de Vide, auditor militar em Elvas, onde compôs o Hissope, poem a
herói-cômico à maneira do Lutrin, de Boileau, que lhe deu maior fam a. Cha­
mado à presença do Marquês de Pombal, por queixa do Bispo de Elvas, D.
Lourenço de Lencastre, que se considerava ridicularizado na contenda com o
Deão Carlos de Lara, dizem que, à leitura do poema, e à vista do prelado, o
ministro não poude guardar a gravidade devida, contudo, o poeta fo i retirado
de Elvas, mas promovido a desembargador para o Rio de Janeiro, em 1778.
(1) Regressou a Portugal em 1787 e fo i desembargador no Porto até 1790,
quando pela carta régia de 17 de julho fo i designado com os desembargadores
Vasconcelos Coutinho Gomes Ribeiro para passar do Rio de Janeiro a sen­
tenciar sumariamente os réus da Inconfidência, como se disse em princípio.
Tem-se escrito que seu julgamento fo i demasiado severo, implacável mesmo,
principalmente com relação a Alvarenga, seu colega de Arcádia; mas nenhum
documento conhecido abona essa acusação. Como os outros Juizes, cumpriu
seu doloroso dever

#Ám 757
H is tó ria da
O rdem dos Advogados do Brasil_________________________________________________

C om o se observa do texto transcrito, Tiradentes e os outros C onjurados


foram acusados da prática do crim e à época denom inado de “lesa majestade”.
C om efeito, havia quatro penas para esse tipo de crime: m orte p o r enforcamento,
degredo perpétuo, degredo tem porário e açoites.
A Tiradentes fora aplicada, com exclusividade, a p ena mais grave: m orte
por enforcamento. E, além disso, seu corpo resultou esquartejado, cabeça cortada
e as partes exibidas pelas ruas a cam inho de Vila Rica.
Convém ressaltar que o ilustre advogado utilizou a confissão e o pedido de
clemência com o argum entos im portantes n o sentido de conseguir a absolvição
de seus clientes, em bora sem êxito.
Esses fatos despertaram a atenção dos com entaristas e historiadores, com o
se verifica da m anifestação de Ricardo A rnaldo M. Fiúza abaixo transcrito:

José de Oliveira Fagundes produziu os notáveis embargos dos condenados à


morte, pondo em relevo a confissão dos réus, que “até o Tirbunal do Santo
Ofício^’ considerava como atenuantes da pena máxima.
In T iradentes, Itnago, 1999, p. 135

Oliveira Fagundes, advogado designado pela Santa Casa de M isericórdia,


lutou com o um tigre, não conseguindo, n o entanto, absolver e salvar da forca
Tiradentes, m as deixou m arcada no tem po e no espaço a sua ação pertinaz,
dedicada e heróica.
Este registro constitui um a hom enagem que se presta ao advogado Oliveira
Fagundes, pois nunca é tarde para tributar-se gratidão e reconhecimento a grandes
personalidades que honraram e dignificaram a Profissão, o Direito e a Nação.
Oliveira Fagundes, transform ou-se de direito e de fato, p or todo esse trab a­
lho magnífico, num sím bolo de capacidade de luta, num exemplo de dedicação
profissional e n um m odelo de advogado.

o p re sen te tra b a lh o foi e scrito te n d o p o r b a se a v ersão h istó ric a oficial so b re a C o n ju ra ç ã o M in eira, n a qual
José Jo aq u im d a Silva Xavier, o T ira d en te s, fora enforcado.
A o u tra versão, su rg id a m u ito d e p o is d o fato a cim a referenciado, s e g u n d o a qual, e m vez d e José lo a q u im
d a Silva Xavier, fora, e m seu lugar, d e c a p ita d o o u tro p risio n e iro , c o n sta n te d o livro d e a u to ria d e Assis
Brasil, n ã o foi analisad a, m e sm o p o rq u e a ativ id a d e p ro cessu al d e O liveira F agu n d es in d e p e n d e d e u m a
o u o u tra p e sso a física. (Cf. T ira d en te s, Rio d e Janeiro, Im ago, v. 3, 2» ed,, 1990)

/52 •àl
H erm ann Assis Baeta

Capítulo X
Inovações constitucionais com repercussão na OAB

A Constituição de 1988 incluiu no seu texto três dispositivos de relevante


interesse para a advocacia com repercussão na vida da O rdem dos Advogados
do Brasil, com o instituição.
A prim eira delas, pela ordem de im portância, é a constante do artigo 133,
que estabelece;

O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável


p o r seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

jurídica

«▲I 153
■H istó ria d a
O rdem dos Advogados do Brasil_________________________________________________

O utro dispositivo tam bém considerado um a inovação constitucional é o


que criou as chamadas medidas provisórias, estabelecido no artigo 62 do referido
texto Constitucional, que prescreve:

Em caso de relevância e urgência, o Presidente de República poderá adotar


medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao
Congresso Nacional. (EC n- 32/2001)

As m edidas provisórias referidas n o artigo transcrito se originaram de


texto inspirador da Constituição Italiana.
O texto da Constituição anterior, isto é, a Constituição de 1969, estava
previsto o m alsinado decreto-lei, de triste m em ória, que se transform ou num
instrum ento de arbítrio e abuso de poder, felizmente não inserido n a C onsti­
tuição em vigor.
As m edidas provisórias, no entanto, só têm razão de ser, com o o próprio
texto que as criou diz, nos casos de relevância e urgência. C om o se verificou após
à vigência da C arta Política de 1988, houve um certo e indisfarçável abuso por
parte do Poder Executivo, no que respeita ás suas edições, de form a que, com o
se verá a seguir, centenas desses instrum entos foram baixados para qualquer
tipo de m atéria ou assunto.
Além desses dois dispositivos inovadores, outro foi criado e que consiste
n o poder outorgada à O rdem dos Advogados do Brasil, através do seu Conselho
Federal, de propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória
de constitucionalidade, quando for necessário to rn ar efetiva a n orm a constitu­
cional, nos term os do artigo 103, verbis:

Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória


de constitucionalidade: ( EC n° 3/93 e EC n- 45/2004)
V II - 0 Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

154
\''i'lu in c (» \ ( ) \1> i \ i I )( i\i( i,i ( ' o n s o l i d c u l . i I 'l o 'i - j o o 11

Q u a d ro Indicativo das M edidas Provisórias Editadas

Governo Quantidade
Sarney 146
Collor 161
Itam ar 505
FHC (l--m andato) 2.607
FH C (2“-m andato) 2.792
Lula (01/01/2003 a 31/12/2003) 58

Fonte: http ://w w w .m j.gov.br/

Q u a d ro Indicativo das Ações Diretas de Inconstitucionalidade


M ovidas pela OAB, em Defesa da C onstituição

N° Processo Resultado
1 A D I- 3 N ão conheceu da ação
2 ADI - 25 Im procedente
3 ADI - 29 Procedente
4 ADI - 87 Im procedente
5 ADI - 160 Procedente
6 ADI - 162 Prejudicada ação pela perda do objeto
7 ADI - 272 Prejudicada ação pela perda do objeto
8 ADI - 295 Prejudicada ação pela perda do objeto
9 ADI - 302 Prejudicada ação pela p erd a do objeto
10 A D I-3 1 5 Prejudicada ação pela p erda do objeto
11 ADI - 362 Precedente
12 ADI - 363 Precedente
13 ADI - 394 Em andam ento
14 ADI - 395 Em andam ento
15 ADI - 424 Prejudicada ação pela p erda do objeto
16 ADI - 427 Prejudicada ação pela p erda do objeto
17 A D I -5 7 1 Prejudicada ação pela p erda do objeto
18 ADI - 587 Não conheceu da ação
19 A D I-6 7 1 Prejudicada ação pela p erda do objeto
20 ADI - 758 Em andam ento

Prejudicada ação pela p erd a do obieto

155
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

23 A D I-8 1 3 Im procedente
24 ADI - 881 Prejudicada ação pela perda do objeto
25 ADI - 932 Em andam ento
26 ADI - 948 Procedente em parte
27 ADI - 949 Prejudicada ação pela perda do objeto
28 ADI - 972 Im procedente
29 ADI - 975 Prejudicada ação pela perda do objeto
30 ADI - 982 Prejudicada ação pela perda do objeto
31 ADI - 999 Em andam ento
32 ADI - 1035 Prejudicada ação pela perda do objeto
33 ADI - 1036 Prejudicada ação pela perda do objeto
34 ADI - 1105 Precedente
35 ADI - 1127 Procedente em parte
36 ADI - 1231 Im procedente
37 ADI - 1392 Prejudicada ação pela perda do objeto
38 ADI - 1422 Procedente
39 ADI - 1443 Prejudicada ação pela perda do objeto
40 ADI - 1444 Procedente
41 ADI - 1461 Em andam ento
42 ADI - 1478 Em andam ento
43 ADI - 1481 Procedente em parte
44 ADI - 1530 Prejudicada ação pela perda do objeto
45 ADI - 1539 Im procedente
46 ADI - 1573 Procedente em parte
47 ADI - 1582 Im procedente
48 ADI - 1584 Não conheceu da ação
49 ADI - 1588 Prejudicada ação pela perda do objeto
50 ADI - 1651 Prejudicada ação pela perda do objeto
51 ADI - 1658 N ão conheceu da ação
52 ADI - 1671 Im procedente
53 ADI - 1684 Prejudicada ação pela p erda do objeto
54 ADI - 1718 Em andam ento
55 ADI - 1719 Em andam ento
56 ADI - 1753 Prejudicada ação pela perda do objeto
57 ADI - 1754 Em andam ento
58 ADI - 1762 Prejudicada ação pela p erda do objeto
59 ADI - 1772 Em andam ento
60 ADI - 1821 Em andam ento

156
m
61 ADI - 1828 Em andam ento
62 ADI - 1889 Prejudicada ação pela perda do objeto
63 ADI - 1910 Sobrestado
64 ADI - 1922 Em andam ento
65 ADI - 1926 Em andam ento
66 ADI - 1933 Im procedente
67 ADI - 1942 Em andam ento
68 ADI - 1943 Em andam ento
69 ADI - 1957 E m andam ento
70 ADI - 2004 Prejudicada ação pela perda do objeto
71 A D I -2 0 1 0 Prejudicada ação pela perda do objeto
72 ADI - 2040 E m andam ento
73 ADI - 2052 Procedente
74 ADI - 2078 Em andam ento
75 ADI - 2083 Em andam ento
76 ADI - 2087 Em andam ento
77 ADI - 2087 Em andam ento
78 A D I-2 1 1 6 Prejudicada ação pela perd a do objeto
79 A D I -2 1 1 7 Em andam ento
80 A D I -2 1 4 4 Em andam ento
81 A D I -2 1 5 4 Em andam ento
82 A D I -2 1 6 8 Em andam ento
83 ADI - 2204 Em andam ento
84 ADI - 2206 Prejudicada ação pela perda do objeto
85 ADI - 2207 Não conheceu da ação
86 A D I -2 2 1 0 Em andam ento
87 A D I -2 2 1 4 Prejudicada ação pela perda do objeto
88 ADI - 2229 Procedente
89 A D I - 2231 Em andam ento
90 ADI - 2258 Em andam ento
91 ADI - 2259 Em andam ento
92 ADI - 2260 Prejudicada ação pela p erda do objeto
93 ADI - 2306 Im procedente
94 ADI - 2308 Em andam ento
95 ADI - 2332 Em andam ento
96 ADI - 2333 Em andam ento
97 ADI - 2347 Não conheceu da ação
98 ADI - 2362 Em andam ento

157
H is tó ria da
O rdem dos A dvogados d o Brasil

99 ADI - 2379 Em andam ento


100 ADI - 2398 Em andam ento
101 A D I -2 4 1 8 Em andam ento
102 ADI - 2479 Em andam ento
103 ADI - 2527 Em andam ento
104 ADI - 2542 Em andam ento
105 ADI - 2567 Em andam ento
106 ADI - 2595 Em andam ento
107 ADI - 2601 Em andam ento
108 ADI - 2607 Prejudicada ação pela p erda do objeto
109 ADI - 2614 Em andam ento
110 ADI - 2627 Im procedente
111 ADI - 2635 Im procedente
112 ADI - 2653 Procedente em parte
113 ADI - 2655 Procedente em parte
114 ADI - 2664 Em andam ento
115 ADI - 2682 Em andam ento
116 ADI - 2687 Procedente
117 ADI - 2692 Em andam ento
118 ADI - 2693 Em andam ento
119 ADI - 2696 Em andam ento
120 ADI - 2699 Em andam ento
121 ADI - 2736 Em andam ento
122 ADI - 2846 Em andam ento
123 ADI - 2855 Em andam ento
124 ADI - 2888 Em andam ento
125 ADI - 2907 Em andam ento
126 ADI - 2808 Em andam ento
127 ADI - 2909 Em andam ento
128 ADI - 2998 Em andam ento
129 ADI - 3003 Em andam ento
130 ADI - 3026 Im procedente
131 ADI - 3086 Em andam ento
132 A D I -3 1 2 4 Em andam ento
133 A D I-3 1 2 5 Em andam ento
134 A D I- 3 1 5 4 Em andam ento
135 A D I -3 1 6 8 Im procedente •
136 ADI - 3209 Em andam ento

158 màM
\()lu n i(' í. \ ( ) \!'i !i ,i [ í c t i o i 1,11 i.i ( o n ^ o l i d . u l , ! r » o ' t - J ( )()

137 ADI - 3265 Em andam ento


138 ADI - 3274 Em andam ento
139 ADI - 3396 Em andam ento
140 ADI - 3453 Procedente
141 ADI - 3458 Em andam ento
142 ADI - 3477 Em andam ento
143 ADI - 3485 Prejudicada ação pela perda do objeto
144 ADI - 3502 Em andam ento
145 ADI - 3546 Em andam ento
146 ADI - 3568 Em andam ento
147 A D I-3 6 1 4 Em andam ento
148 ADI - 3654 Im procedente
149 ADI - 3656 Em andam ento
150 ADI - 3680 Em andam ento
151 ADI - 3685 Em andam ento
152 ADI - 3694 Procedente em parte
153 ADI - 3695 Em andam ento
154 ADI - 3696 Em andam ento
155 ADI - 3700 Em andam ento
156 ADI - 3706 Em andam ento
157 A D I -3 7 1 7 Em andam ento
158 ADI - 3740 Em andam ento
159 ADI - 3823 Em andam ento
160 ADI - 3826 Em andam ento

Resumo

Referência Quantidade
Procedentes 11
Procedentes em parte 8
Im procedentes 15
Prejudicadas ações pela perda do objeto 33
Não conheceu da ação 6
Em andam ento 86
Sobrestada 1
TOTAL 160

Fonte: http://www.stf.gov.br

159
_______________ H is tó r ia .da
Ordem dos Advogados do Brasil

H erm ann Assis Baeta

Capítulo XI
Direitos Humanos - relações da OÁB com o CDDPH

A Lei n- 4.319, de 16 d.e m arço de 1964, criou um órgão colegiado den o ­


m inado C D D PH {Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa H um ana), ligado
aos Direitos H um anos e com im portância fundam ental na prom oção e defesa
dos Direitos H um anos no país.
O referido Conselho tinha p o r principal atribuição receber denúncias e
investigar, em conjunto com as autoridades com petentes locais, violações de
Direitos H um anos de especial gravidade, com abrangência nacional, como, por
exemplo, chacinas, extermínio, assassínios de pessoas envolvidas na defesa dos
Direitos Hum anos, massacres, abusos, praticados por operações policiais e mili­
tares, perseguições etc. Para esse objetivo ao Conselho foi atribuída competência
para constituir comissões especiais de inquérito com atuação através de resoluções.
O C D D PH foi dotado tam bém de com petência para prom over estudos no
sentido de aperfeiçoar a prom oção dos Direitos H um anos e prestar informações
a organizações internacionais de defesa e prom oção desses direitos.
Convém observar que o C D D PH foi criado após 16 anos do advento da
D ECLARAÇÃO UNIVERSAL D O S D IR EITO S H U M A N O S, de 10/12/1948,
e 15 dias apenas antes do golpe m ilitar de abril de 1964. O autor do projeto
de criação do C D D PH foi o deputado Bilac Pinto, m em bro do partido União
D em ocrática Nacional - U D N - que era um dos líderes da oposição ao P re­
sidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956*1961). Inspirado
pela resistência à ditadura de Getúlio Vargas, visou criar entidade eficaz para
proteção de perseguidos políticos. O projeto do C D D PH assegurava a partici­
pação de representantes de oposição no Poder Legislativo e incluía organizações
da sociedade civil com prom etidas co m o a defesa, salvaguarda e o respeito aos

160
■A ( ) A | i 11,1 [ ) ( ’m o ( r , u i.i f i I

Direitos H um anos. Julgava-se que assim poder-se-ia garantir a investigação de


possíveis denúncias de violação praticada pelo governo. Mas, com o se observa,
0 C D D PH som ente foi criado em 16 de m arço de 1964, em face, obviamente,
da tram itação lenta do projeto.
As atribuições do novo órgão, refletidas hoje m ais de quatro décadas
depois, soam extrem am ente atuais para as necessidades do nosso tem po. O
C onselho teria com petência para prom over inquéritos, investigações e estudos
para avaliar a eficácia das norm as que assegurassem os direitos da pessoa h u ­
m ana, inscritos n a Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos
H um anos de 1948.
O C D D PH poderia receber representações com denúncias de violações
dos direitos da pessoa hum ana, apurar sua procedência e adotar providências
cabíveis referentes a abusos dos particulares ou das autoridades por elas respon­
sáveis. Havia preocupação com a educação para os Direitos H um anos, assum in­
do 0 C onselho a tarefa de divulgar os direitos hum anos, assim com o utilizar a
m ídia para u m a cultura de consciência e respeito a esses direitos. Enfatizava-se
a im portância do m onitoram ento de violações de direitos hum anos, a identifi­
cação dos locais e causas das principais ocorrências e a form ulação de políticas
públicas para o enfrentam ento das violações.
O utra proposta, bastante compatível com as necessidades atuais, realçava
a necessidade de um a m elhor interação entre os poderes executivos federal,
estaduais e m unicipais para obtenção de resultados positivos na prom oção e
proteção dos direitos hum anos. M ostrando consciência dos obstáculos que o
federalism o ocasiona para o governo federal responsabilizar agentes públicos
nos Estados p o r crimes, propõe

estudar e indicar ao Poder Executivo a organização de um a divisão m inis­


terial, integrada tam bém por órgãos regionais, para eficiente proteção dos
direitos da pessoa humana.

Um dos eixos principais da lei procura atender às deficiências na capaci­


tação, treinam ento e adequação das forças policiais, militares ou civis, para a
form ação de um a cultura de proteção e prom oção aos Direitos H um anos. Ao
m esm o tem po visou coibir e investigar violações praticadas por agentes públicos.
Mas o aparato legal de defesa e respeito aos Direitos H um anos construído
em lei não teve aplicação imediata. O CDDPH, concebido para prevenir os males

•àl 76/
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

da ditadura, foi incapaz de funcionar logo após o golpe m ilitar de 31 de março


de 1964, que instaurou o regim e de exceção e arbítrio, paradoxalm ente com o
apoio do partido daquele que havia idealizado o Conselho, a UDN.

11.1 O C D D P H sob a D ita d u ra - 1964 a 1975

Apesar de criado em m arco de 1964, a prim eira reunião extraordinária foi


realizada mais de quatro anos depois, em 10 de setem bro de 1968. Era M inistro
da Justiça, e, portanto, presidente do C D D PH , Luis A ntonio da G am a e Silva,
um dos professores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo que
m ais devotadam ente serviram ao regim e militar. Entre os conselheiros estavam
Samuel Duarte, presidente da OAB, senador D anton Jobim, presidente da ABI
e líder da m inoria no Senado e o general João Carlos Grossi, presidente em
exercício da ABE. Pedro C alm on, professor de Direito Constitucional e Reitor
da Universidade do Brasil, à época, alertou para os riscos de o C onselho tornar-
se u m órgão de recurso contra atos políticos.
Nos seus prim eiros vinte anos de existência, o C D D PH não teve condições
de realizar os objetivos para os quais tinh a sido criado. Foi u m período m arca­
do pela im plantação de um regim e ditatorial, que se seguiu ao golpe de estado
de 1964, agravado pelo Ato Institucional n- 5, de 3 de dezem bro de 1968, que
suspendeu as garantias constitucionais.
Apesar das liberdades fundam entais não estarem garantidas e haver vio­
lação sistemática dos Direitos H um anos, o regime m ilitar parece ter m antido
0 Conselho aberto apenas para salvar a sua imagem.
H ouve in terd içã o do ju d ic iá rio p a ra co n h e cer e ju lg ar as p u n içõ es
im postas pelos Atos Institucionais d a d itadu ra, o habeas corpus fora pra tic a­
m en te abolido. D etenções clandestinas e seq üestres seguidos de p risão eram
com uns; advogados ta m b ém eram seq ü estrad o s p ara revelar o parad eiro
de seus clientes. O s presos, su b m etid o s a encapuzam ento, eram m an tid o s
incom unicáveis p o r longos p erío d o s. Os sequestros de advogados eram fre ­
qüentes. A censura havia sido im posto à m ídia. D u ra n te esse p e río d o alguns
m em bro s p o r vezes reclam avam aos presiden tes do C D D P H , que eram o
M inistro d a Justic fetiva atuação d o C on selho e sem pre en c am inhavam
as den ú n cias nas iv -n iõ e s , sem que n e n h u m a resp o sta fosse d ad a a essas
petições o u apuração fosse feita.

762
\ nl n i n e <1 \ ( ) \li n,i I )i ' i i i i II 1,11 i , i ( I i i K o l i(l,i( I,] I* i ; K ) S■

A partir de 1970, sob a sucessão de gravíssimas denúncias do conselheiro


da oposição, o governo, sentindo-se vulnerável pelas denúncias que eram feitas,
amplia para 13 o núm ero de m em bros no Conselho, garantindo que o governo
tivesse maioria nas decisões, com mais quatro membros representantes do governo
(Ministério das Relações Exteriores, Conselho Federal da Cultura, M inistério P ú­
blico Federal e um professor de Direito Penal). Além disso dim inuiu para a metade
o núm ero de reuniões ao ano (que passaram de 12 para seis) e tornou secretas
as reuniões do CDDPH. Essas modificações foram questionadas pela OAB por
constatar que a autonom ia do C D D PH era diretamente afetada, dificultando-se
o seu funcionam ento e, a partir de 1973, foi apresentada no Conselho Federal da
OAB, p or iniciativa do Dr. Carlos de Araújo Lima, um a proposição que sugeria
o não com parecim ento da OAB ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
H um ana enquanto durassem as ações arbitrárias perpetradas pelo Estado. Um
parecer de um Conselheiro da OAB, Danilo Marcondes de Souza, indica com cla­
reza os impasses que se colocavam para a participação dessa entidade no CDDPH:

O que nos anima a continuar participando de reuniões nas quais se pretende


discutir 0 sexo dos anjos enquanto se abusa nos bastidores, nos porões da
legalidade, contra a dignidade da pessoa humana. Espanca-se, tortura-se
prende-se, mata-se, violentam-se jovens e até religiosos, em busca de confis­
sões de fatos tantas vezes desconhecidos, e tudo isso em nome do princípio de
um a autonomia, que manifesta seu total desconhecimento de tão escabrosa
situação. Dir-se-á que o Presidente da Ordem, presente às sessões do Conselho,
form ulará sempre seu protesto, como já o fe z tantas vezes, sem ressonância e
sem eco. Que esse protesto ficará registrado para o futuro. Presença simbólica,
eufemismo para simular um a convivência com a distorção da lei, diremos nós.

Um dos casos mais relevantes denunciados ao C D D PH foi aquele referente


ao D eputado cassado Rubens Paiva, do PTB. Preso em janeiro, de 1971, nunca
m ais fora visto. Após sua m ulher Eunice Paiva denunciar esse desaparecimento,
o D eputado Pedroso H orta, Conselheiro da oposição, sensibiUzou o C onselho
a iniciar as investigações. Entretanto, tendo havido em pate na votação sobre
a consideração do caso, o M inistro da Justiça A lfredo Buzaid proferiu voto de
m inerva em favor do arquivamento.
Ressalte-se, contudo, que o Presidente do C onselho Federal da OAB, José
Cavalcanti Neves, foi u m dos integrantes do C D D PH que sem pre votou contra

163
_______________ Hi<;fnrÍA Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

o arquivam ento do referido processo sobre o desaparecim ento do Deputado


Rubens Paiva. A propósito disso, convém transcrever, abaixo, um pequeno trecho
d a entrevista concedida pelo Presidente José Cavalcanti Neves, que consta no
livro História da OAB, Volume 7, onde relata, de form a m ais detalhada, os fatos
que levaram ao arquivam ento do processo do deputado Rubens Paiva:

(...) Depois do voto do relator, senador Eurico de Resende, no sentido do


arquivamento do processo, requereu vistas do mesmo o deputado Pedroso
Horta, sendo indeferido o pedido pelo presidente do órgão, ministro Alfredo
Buzaid. Ponderei que o Regulamento estabelecia, no artigo 19, que “enquanto
não proclamada a decisão, qualquer conselheiro poderá solicitar vista do
processo”. M as o ministro manteve o indeferimento. Recorri da decisão para
0 plenário, sendo deferido o pedido de vista. Votaram a favor: Danton Jobim,

presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Benjamin Albagli,


presidente da Associação Brasileira de Educação (ABE), o senador Nelson
Carneiro, o deputado Pedroso Horta e eu. Votaram contra: o senador Eurico
de Resende, o deputado Geraldo Freire e o professor Pedro Calmon. O placar
de votação foi, portanto, cinco a três a nosso favor. Na sessão seguinte, em
função da mudança de lado do Benjam in Albagli, o processo fo i arquivado.
O voto de desempate, no sentido do arquivamento, fo i dado pelo ministro
Buzaid. M ais tarde, já depois da revogação do A I-5 e do processo de anistia,
0 professor Benjamin Albagli disse, num a entrevista ao Jornal do Brasil, que
havia votado pelo arquivamento porque tinha sido advertido, por um coronel
do Exército, de que se o processo do Rubens Paiva não fosse arquivado seria
decretado um ato institucional pior do que o A I-5 - versão que lhe teria
sido confirmada pelo professor Pedro Calmon. A respeito do assunto quero
lembrar que ao receber a M edalha R uy Barbosa tive a honra de ser saudado
por Barbosa Lima Sobrinho, que, no seu discurso, depois de ressaltara minha
atuação na OAB como presidente da seccional de Pernambuco e como pre­
sidente do Conselho Federal, disse o seguinte: “Advogado, os vossos serviços
vão sendo multiplicados pelos anos vividos e pelos cargos exercidos. M as vos
peço licença para destacar um, um apenas, entre todos os de vossa vida, a
meu ver o m aior e o mais importante, aquele que, no Conselho de Defesa
dos Direitos da Pessoa H um ana, discordava do arquivamento do processo
instaurado para apurar o desaparecimento do deputado Rubens Paiva. No
ambiente que então se estabelecera, era um a atitude de conseqüências im-

164 «41
V 'n Iu ilK ’ (y \ I ) A ll 'i.i I r , u i,i Í o n s o lid .K l.i ; I

previsíveis. E ao votar contra o arquivamento nao precisarieis de nenhum


outro ato para merecer a M edalha Ruy Barbosa.

Em boa m edida, p o r causa desse caso, em 1974 o C D D P H não realizou


n en h u m a sessão. Em m aio daquele ano o presidente do C onselho Federal
da OAB, Ribeiro de Castro, com o m em bro do C D D PH , dirigiu ao M inistro da
lustiça docum ento que denunciava a situação arbitrária vigente no país. A OAB
não rom peu com o CD D PH , m as passou a p rocurar alternativas de ação diante
da inoperância do órgão.

11.2 O C D D P H reativado na abertura política - 1979 a 1983

D urante o governo do General G arrastazu Médici (1969-1974), p o r causa


da resistência do governo ditatorial para investigações das graves violações de
direitos hum anos com etidos p o r agentes do governo, o C D D PH não se reuniu.
No governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), durante a gestão do
sr. A rm ando Falcão, com o M inistro da Justiça (1974-1979), o C D D PH tam bém
não realizou reunião. Apesar disso, foi naquela adm inistração que com eçou a
haver repúdio à pratica de to rtu ra p o r parte do G overno Federal.
O retorno ao funcionam ento do CD D PH vai ocorrer som ente no governo
do general João Batista Figueiredo (1980-1985), graças ao esforço do senador
Petrônio Portela (1979-1980), então M inistro da Justiça, que considerou a
atuação do C D D PH um indicador essencial para a transição para o regime
dem ocrático. Foi apresentada com o condição essencial para a participação dos
representantes da OAB e ABI aos trabalhos no C D D PH o direito a divulgar para
os pares das respectivas entidades as ações deliberadas no Conselho.
Tendo o M inistro da Justiça tendo aceitado essa condição em abril de 1979,
foi reativado o CDDPH. Naquela histórica reunião estavam presentes, entre
outros, 0 Dr. Barbosa Lima Sobrinho, eleito vice-presidente do Conselho, o se­
n ad o r Jarbas Passarinho e o Dr. E duardo Seabra Fagundes, presidente da OAB.
Um a das principais preocupações do C onselho foi o crescim ento da violência
e crim inalidade nos grandes centros urbanos do país. Foi decidida a criação de
G rupos de Trabalho, com postos por especialistas com a finalidade de elaborar
estudos e apresentar propostas para elaboração de um Plano de Segurança So­
cial. O Dr. Barbosa Lima Sobrinho cham ou a atenção do governo, o CDDPH,

màM 165
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Ordem dos Advogados do Brasil

para necessidade do governo brasileiro ratificar o Pacto de San José da Costa


Rica. A inda pesava sobre as reuniões a exigência de sigilo sobre os debates que
jam ais seria revogado até o final da ditadura.
Na gestão do m inistro Ibrahin Abi-Ackel (1979-1985) alguns conselheiros
entraram em choque com o Governo a respeito das investigações de denúncias
dos atentados praticados no início da década de 1980, inclusive contra advoga­
dos envolvidos na defesa dos Direitos Hum anos, pelos quais ninguém havia sido
responsabilizado. O presidente do Conselho Federal da OAB, Eduardo Seabra Fa­
gundes, propôs a constituição de um a comissão para acom panhar as investigações.
Registre-se, ainda, que o presidente, Eduardo Seabra Fagundes, durante
todo o seu m andato n o C onselho Federal da OAB, não obstante a decisão do
presidente do C D D PH de adotar sigilo absoluto dos assuntos e discussões le­
vados àquele Conselho, jam ais subm eteu-se a tal regra, de form a que, em todas
as sessões plenárias do Conselho Federal, transm itiu aos seus pares tudo que se
passava nas reuniões do CDDPH.
Nos três primeiros anos da década del980, o CDDPH recebeu ainda muitas
denúncias de violação de direitos hum anos decorrentes das ações arbitrárias do
governo militar, como, p o r exemplo, to rtu ra e m aus-tratos nas delegacias de
polícia, assassinatos com etidos p o r esquadrões da m orte em São Paulo, no
Paraná, em Pernam buco, n o M ato Grosso do Sul, M inas Gerais, no M aranhão
e no Acre. Mas a atuação do C D D PH em face das denúncias de crim es envol­
vendo organizações, dos inquéritos judiciais e de pedido de inform ações às
autoridades responsáveis.
Em 1983 o C D D PH com eça apu rar denúncias relacionadas a conflitos
rurais n o Estado do Pará. Os estabelecim entos prisionais tam bém passam a
ser de interesse, especialm ente quanto aos m aus-tratos freqüentes im postos
aos presos, contribuindo para atenção do m inistério da justiça a esse problema.

11.3 O C D D P H na dem ocratização - 1985 a 1994

Em 1985, já n a adm inistração do governo civil do Presidente José Sarney


(1985-1990), o C D D PH reuniu-se apenas um a vez para as com em orações do
aniversário da Declaração Universal dos Direitos H um anos, quando foi delibe­
rado que as reuniões voltariam a ser públicas. N o ano seguinte, Paulo Brossard
(1986-1989), M inistro da Justiça, reativou o Conselho, realizou m inucioso le­

166 •ái
\4 ilm n c h \ ( ) \ l> [1,1 D c í l t O l M ( 1,1 ( ' ( ) l l ^ n l i ( l , l ( i , l ' I 'ln 't J llll

vantam ento de todo o m aterial referente ao CDDPH, processos foram reabertos


e o órgão se tornou extrem am ente atuante.
Um a das iniciativas mais im portantes desse período foi o deslocam ento do
C onselho para Conceição do Araguaia, no Pará, para apuração de várias d e n ú n ­
cias de violações de Direitos H um anos no sul do Pará. A presença do CDDPH,
num a área de violência rural, sinalizou para o governo estadual o em penho do
M inistério da Justiça na apuração e responsabilização de fazendeiros e agentes
públicos envolvidos em facilitação de trabalho escravo na região e assassinatos.
Vários processos crim inais voltaram a ser reabertos no judiciário.
No início do governo Fernando Collor, (1990-1992), o C D D PH foi extinto,
assim com o inúm eros outros conselhos federais, ainda que m antida a Secretária
Nacional de Direitos da Cidadania, n o M inistério da Justiça. D urante a gestão
n o M inistério da Justiça de um antigo presidente d a OAB, B ernardo Cabral,
antigos conselheiros, com o o P rocurador da República, Inocêncio M ártires
e funcionários do órgão, agora lotados na Secretária Nacional de Direitos da
Cidadania, foi dado continuidade aos processos.
O CD D PH voltou a ser reinstalado, em dezem bro de 1990, pelo novo
M inistro da Justiça Jarbas Passarinho (1990-1992), que vai ter um a atuação
bastante presente e participará ativam ente das reuniões. Mais u m a vez recom e­
çaram as reuniões periódicas, visitas foram realizadas p o r comissões especiais do
Conselho. Nesse período, foi dado início ao processo de dem arcação das terras
dos Yanomami, para a qual foi decisiva a atuação do CDDPH. Pistas ilegais de
pouso de avião naquele território chegaram a ser dinam itadas p o r ordem do
Presidente da República.
Este período foi decisivo para revitalizar a atuação do C D D PH n a ratifi­
cação dos principais instrum entos internacionais de direitos hum anos, com o
a Convenção Am ericana, os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos
e de Direitos Econôm icos, Sociais e Culturais, que a ditadura se recusara a
promover. Para que a reinserção plena do Brasil no sistem a legal internacional
de proteção dos Direitos H um anos fosse realizada, foi decisiva a participação
do então chanceler Celso Lafer.
D ando continuidade aos trabalhos do C D D PH no sul do Pará, foi instau­
rado inquérito para apurar violações n a região do Bico do Papagaio, no Pará,
divisa com o Estado de Tocantins e em M ato Grosso. Essa experiência m ostra
aqui outra particularidade do C onselho que é a im portância do P rocuradoria
Geral da República, nas investigações em que a ação das autoridades é insufi­

•41 767
______________ Hi<^tnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

ciente. Naquele processo foi relevante a atuação do então P rocurador Federal


dos direitos do cidadão, Álvaro Ribeiro da Costa, que deu larga contribuição
para a dinam ização da presença do CDDPH.
A força política e a autoridade de um M inistro de Estado perm ite um a
ação m ais direta e aprofundada para a apuração de graves violações de Direitos
H um anos que envolvem, quase rotineiram ente, agentes públicos estaduais. O
M inistro de Estado tem autoridade para fazer cobranças às autoridades estaduais
e até m esm o pressionar para obter respostas mais rápidas q uanto a pedidos de
inform ação form ulados pelo CDDPH.

11.4 O C D D P H e a consolidação dem ocrática - 1994 a 2000

No governo Itam ar Franco (1992-1994), sob a gestão de M aurício Corrêa


(1992-1994), antigo presidente da OAB no D istrito Federal, no M inistério da
Justiça, o CD D PH irá se firm ar com o u m órgão decisivo para ativar um a tensão
que será im portante para a im plem entação dos D ireitos H um anos n o processo
de consolidação dem ocrática. Ficará patente o contraste, especialm ente depois
de 1992, quando foram ratificados a m aior parte dos instrum entos internacio­
nais de Direitos H um anos, um governo federal pró-ativo no enfrentam ento das
violações e adm inistrações estaduais m enos ativas na im posição do respeito aos
com prom issos internacionais de Direitos H um anos assum idos n a com unidade
internacional pelo Estado brasileiro. Essa atuação m ais presente do governo
federal, apoiando o trabalho do C D D PH , articulado com o fortalecim ento das
organizações da sociedade civil, contribuirá para que a gram ática dos Direitos
H um anos venha a ser mais explicitada em m eados dos anos 1990.
Lançou-se a discussão sobre a reform a do C D D PH que assumiria a natu­
reza de um Conselho Nacional de Direitos Hum anos. O objetivo era am pliar a
participação da sociedade civil no Conselho tornando-o mais ágil e democrático.
A reformulação proposta pelo m inistro Maurício C orrea criava condições para o
acom panham ento de inquéritos sobre crimes de Direitos Humanos, que deveriam
passar, conform e a gravidade, para com petência da Justiça Federal. O utro tem a
debatido continuou a ser a violência rural, as práticas de trabalho escravo e os
assassinatos “seletivos” visando aniquilar a resistência dos trabalhadores rurais com
a m orte de defensores, com o sindicalistas, padres, agentes pastorais e advogados.
O CD D PH conduziu investigação através de comissão, sobre a violência

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X ' o l u i n c () A ( )A1> 11,1 O r t i K )c r ,i( i,i ( o n s o l i r l c K i . i I 'ilS 'i-JDO '

no campo, tendo o P rocurador da República Álvaro A ugusto Ribeiro da Costa,


em seu relatório, observado que o governo federal, os governantes estaduais e os
órgãos de segurança não estavam d ando a resposta que a sociedade exigia em
relação àqueles crimes. U m a outra com issão com eçou a investigar emasculação
de crianças em Altam ira, no Pará. O u tro tem a em discussão no CD D PH foi a
violência contra m eninos e m eninas de rua praticada p o r policiais m ilitares em
São Paulo, assim com o violações praticadas p o r policiais m ilitares no Estado
do Espírito Santo. E sobre a m esm a questão foi instalada u m a subcom issão
encarregada de apurar violações de Direitos H um anos pela polícia m ilitar no
Estado do Espírito Santo. Neste período foi tam bém exam inado relatório sobre
o envolvim ento de policiais m ilitares na chacina de Vigário Geral.
Foi nessa m esm a época que passou a ter relevo n o CD D PH a defesa da
extinção do foro privilegiado dos crim es com etidos p o r policiais militares.
Neste sentido o conselheiro José Augusto Lindgren Alves, representante do
M inistério das Relações Exteriores, relatou docum ento traduzindo o repúdio
da com unidade internacional com respeito a esses crimes.
Na gestão do m inistro Alexandre D upeyrat M artins (1994), o C DDPH
continuou a exam inar a violência contra m eninos em A ltam ira, no Pará, sendo
relator Dr. Percílio de Sousa Lim a Neto, representante da OAB, e foi aprovada
a ideia de um grupo perm anente de proteção dos Direitos H um anos ligado ao
M inistério da Justiça.
O utro tem a que ganhou relevo nessa fase foi o seqüestro de crianças e
tráfico de órgãos tendo sido subm etido ao C onselho um m inucioso relatório do
m inistro Affonso Emílio M assot, chefe do D epartam ento C onsular e Jurídico
do Itamaraty, tratan do inclusive do tem a das adoções internacionais. Entre o u ­
tros temas, foram discutidas denúncias de crim e organizado no Espírito Santo
sob a responsabilidade p o r relatar os casos do Dr. João Benedicto de Azevedo
M arques. As ações organizadas foram relatadas pelo jornalista Carlos Chagas,
representante da Associação Brasileira de Im prensa, ABI, um dos representantes
m ais antigos do Conselho.
Em 13 de m aio de 1996, em m eio ao traum a causado pelo massacre de
Eldorado dos Carajás, o governo Fernando H enrique C ardoso lançou o Progra­
m a Nacional dos Direitos H um anos (PNDH). Foi o prim eiro program a para a
proteção e prom oção dos Direitos H um anos na Am érica Latina. O program a foi
apresentado prelim inarm ente ao CDDPH, que ofereceu contribuições valiosas.
Na realidade, o C D D PH du rante o governo Fernando H enrique Cardoso

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Ordem dos Advogados do Brasil

(1995-1999 e 2000), funcionou com o um a efetiva instância de acom panham ento


e m onitoram ento das políticas públicas e de apoio às propostas do Programa.
Entre essas devem os indicar a tipificação do crim e de to rtura (Lei n- 9.455/97),
torn and o possível a efetiva aplicação das norm as da convenção contra tortura
e a transparência da com petência para julgar os hom icídios praticados por
policiais militares dos tribunais estaduais d a justiça d a polícia m ilitar para o
judiciário civil (Lei n- 9.299/96). Essa lei, p o r se tratar de alteração de lei p ro ­
cessual, com efeito retroativo para casos não transitados em julgado, com o os
massacres do C arandiru em São Paulo, C orum biara em R ondônia e Eldorado
dos Carajás, no Pará.
Nesse período, a atuação do C D D PH é fortalecida pela participação nas
reuniões de autoridades estaduais, com o secretários de segurança pública, procu­
radores gerais de justiça, nas reuniões convidados a prestar esclarecimentos sobre
casos em exam e com a presença da m ídia. Essa participação tem sido essencial
para assegurar que os governos estaduais, subsidiem , com decisões claras, a
responsabilidade p o r violações com etidas no âm bito da com petência estadual.
Alem disso o C D D PH cada vez m ais recorreu a constituição de comissões, que
contam com a colaboração do M inistério Público Federal e da polícia Federal.
C ontribuiu igualm ente para o relevo do C D D PH a criação d a Secretária
N acional de Direitos H um anos, em 1997, logo transform ada, em 1999, em
Secretaria de Estado. A atuação do Dr. José Gregori a frente dessa Secretaria
perm itiu que nas gestões do M inistro da Justiça íris Resende (1997-1998) e do
senador Renan Calheiros (1998), as atividades do C D D PH pudessem contar
com um a efetiva coordenação que assegurou ao órgão u m a continuidade inédita
em sua evolução desde 1964.
Entre os casos mais graves que tiveram acom panham ento e investigação
m inuciosa por comissões especiais devem ser sublinhados alguns que alcançaram
grande com oção social. A organização crim inal no Espírito Santo denom inada
“Scuderie Detetive Le Cocq”, com o envolvimento de policiais civis que cometeram
dezenas de crimes violentos. A ação do CD D PH e subcomissão que atuou nas in ­
vestigações, no Estado do Espírito Santo, resultou em dois im portantes relatórios
com recom endações nas esferas estaduais e federal. A to rtu ra e o assassinato de
José Ivanildo de Souza pela polícia federal, preso p o r suspeita de envolvimento
com o tráfico de drogas. Ele foi to rtu rado e m orto nas dependências d a polícia
federal do Estado do Ceará. Por deliberação no C D D PH o M inistro da Justiça
determ in ou o afastam ento e a dem issão dos delegados e dos policiais federais

170 9àM
V n l i i i l t r I, \ ( ).\ ( ; ii,i í ) r n n K iM( i d ( ( ) n ‘' ( ) í ; í ( o ( l , i ■ I '

envolvidos e iniciou o processo de indenização aos familiares dos presos.


No caso de Eldorado dos Carajás o acom panham ento do CD D PH pro pi­
ciou im portantes deliberações, no m esm o dia de sua ocorrência, que acabaram
por influir n a apuração e na m aior celeridade das investigações e tram itação
do processo crim inal.
As ações da com issão e subcom issão do C D D PH referente aos g rupos de
exterm ínio no Estado do Acre, ligados ao tráfico internacional de drogas, incen­
tivaram a ação conjunta de u m a “força-tarefa” com a C âm ara dos Deputados,
form ada p o r parlam entares da CPI do narcotráfico. Polícia Federal e M inistério
Público Federal com a colaboração de algum as autoridades estaduais do Acre,
resultando em dezenas de processos de policiais, políticos e crim inosos já co n ­
denados, entre estes o ex-coronel da Polícia M ilitar e deputado H ildebrando
Pascoal, que foi preso, teve seu m andato de parlam entar cassado, processado
e condenado crim inalm ente. Das investigações no Acre surgiram indícios de
conexões crim inosas em outros Estados brasileiros.
Finalmente, na 50^ aniversário da Declaração Universal de Direitos H um a­
nos 0 governo brasileiro reconheceu, p o r larga influência do C D D PH de 1998, a
jurisdição da Corte Interam ericana de Direitos H um anos, sediada n a Costa Rica.
O C D D PH alcançou um a atuação m ais dinâm ica e positiva desde 1995.
C om efeito, a presença efetiva e im ediata de com issões enviadas pelo C onselho
aos locais de conflitos de violações graves de Direitos H um anos é de grande
repercussão. O m onitoram ento constante das apurações e da identificação dos
responsáveis p o r essas ocorrências, a prestação de m edidas reparatórias, o d iá­
logo constante com os agentes públicos envolvidos, a form ulação de propostas
visando a prevenir violações são hoje a m arca da atuação do CDDPH.
Não deve ser esquecido que a atuação do C D D PH e de órgãos de defesa
dos Direitos H um anos, públicos e privados, sem pre enfrentam inúm eros obs­
táculos e resistências presentes no próprio aparelho institucional. N o caso do
CD D PH , o crescim ento de sua atuação - ou seja, de seu funcionam ento efeti­
vo - revelou u m a série de deficiências de o rdem estrutural, m uitas resultantes
do próprio texto legal de 1964, que tiveram de ser superadas no funcionam ento
concreto do órgão.
Apesar dessas dificuldades, a história do C D D PH é reflexo da própria
história política brasileira e do processo de organização das instituições da
sociedade civil. F undado em 1964 n u m a conjuntura de crise, o C onselho teve
de enfrentar e m uitas vezes se o por ao quadro institucional de um regim e de

77/
H is tó ria da
O rdem dos Advogados do Brasil_________________________________________________

exceção, com o foram os governos m ilitares entre 1964 e 1985. É de justiça


registrar a extraordinária e corajosa presença dos representantes d a sociedade
civil e, de parlam entares da oposição, no C DDPH, m esm o nos períodos de mais
atroz repressão durante o regim e autoritário.
Com 0 processo de transição e consolidação dem ocrática o C D D PH veio
a assum ir o efetivo papel de órgão m aior para p artnership entre o governo e a
sociedade civil. A inda que guardando a m esm a estru tu ra herdada do regime
autoritário, os diversos governos que lhe haviam sido negados pela ditadura.
C om efeito, as deliberações do C onselho passaram a ter grande transparência
e publicidade. Os diversos órgãos dos diferentes poderes desenvolveram um a
ação dedicada e concentrada co ntra a im pu nid ad e das graves violações de
Direitos H um anos.
Finalmente, a restrita participação da sociedade civil foi am pliada com a
progressiva abertura do C D D PH a u m a etetiva participação das organizações
não governam entais.
Desse m odo, o C D D PH chega após quarenta anos de sua criação, com sua
clara inserção nos m ecanism os de proteção nacional, regional e internacional
dos D ireitos H um anos, configurando-se com o u m a instituição nacional capaz
de contribuir de form a perm anente para a prom oção e a proteção dos Direitos
H um anos no Brasil.

Fontes: p á g in a oficial d o M in isté rio d a Justiça n a in te r n e t - w w w .m j.g o v .b r/se d h /c d d p h - e a rq u iv o s d a


O A B /C F (Cf. V olum e 7 - H is tó ria d a O rd e m d o s A d vo g a d o s d o B rasil, p á g . 47 )
V' l i I l i u i í ’ ( i A ( ) \ | ; n,i I ) ( - n i ( ,( r . t i i ,i ( o n s o l i d . i d . i I ‘ to 'i-jO O i

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775
________________ História Ha
I O rdem dos Advogados do Brasil

ÍNDICE ONOMÁSTICO

Abi-Ackel, Ibrahim, 166


Abreu, José Geraldo de, 71
Acioli, Ana, 38
Albagli, Benjamin, 164
Alencar, Otto Roberto Mendonça de, 108
Alexandre (escravo), 147
Alexandre, Nelson, 83
Almeida, Ribeiro de, 129
Alvarenga, Inácio José de, 146, 147, 148, 149, 151
Alves, Aluisio, 26
Alves, Antônio Frederico de Castro, 120
Alves, Francisco de Paula Rodrigues, 122
Alves, João, 46
Alves, José Augusto Lindgren, 169
Amaral, Leopoldino Marques do, 69
Andrada, Francisco de Paula Freire de, 146, 147, 148
Araújo, Faustino Soares de, 147
Assumpção, Alberto, 132
Atheniense, Aristóteles, 44

Backes, Wemer, 44
Baeta, Hermann Assis, 13, 23, 24, 25, 58, 62, 68, 97
Bandeira, Luciana Vilela, 36

776 «41
V o i u i n r i> A ( ) \ i '> tu ncfitoi iM ( i>i C o t i s o l i f l . i d . i ' i ’) ■

Barbosa, Domingos Vidal, 146, 147, 148


Barbosa, José Soares, 145
Barbosa, Ruy, 12, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128,
129, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 164, 165
Barbosa, Vivaldo, 40
Barradas, Costa, 124, 127, 129
Basílio, Luiz Antônio de Souza, 55, 68, 78
Bastos, Márcio Thomaz, 22, 23, 24, 25, 36, 40, 60, 99
Batochio, José Roberto, 24, 44, 45, 46, 47, 49, 50, 104, 113
Belchior, Moacyr, 32
Bermudes, Sérgio, 40
Beviláqua, Clóvis, 121
Bierrembach, Flávio, 40
Blasi, João Henrique, 34
Bonavides, Paulo, 122
Bonfim, Benedito Calheiros, 112
Borges, José Martins, 147, 149, 150
Bomhausen, Jorge, 75
Bourgeois, Léon Victor Auguste, 121
Brasil, Assis, 152
Brindeiro, Geraldo, 79, 80
Brito, Pedro Milton de, 31
Britto, Cézar, 10,19
Brizola, Leonel de Moura, 28, 39
Bulhões, Nabor de, 37
Busato, Roberto Antonio, 10, 13, 16, 65, 74, 84
Buzaid, Aífredo, 163, 164
c
Cabral, Bernardo, 23, 94, 167
Calheiros, Renan, 68, 170
Calmon, Pedro, 162, 164
Camará, Otacílio, 134
Camargo, Laudo de Almeida, 87
Capanema, Manuel da Costa, 147

777
_______________ H is tó ria d a
Ordem dos Advogados do Brasil

Cardella, Júlio, 36
Cardoso, Fernando Henrique, 11,16, 19, 21, 25, 35, 40, 48, 54,
56, 60, 62, 63, 65, 66, 67, 75, 76, 79, 80, 84, 108,155, 169
Carneiro, Nelson, 89, 164
Carvalho Filho, Luiz Francisco da Silva, 40
Carvalho, José Murilo de, 28
Castelo Branco, Carlos, 38
Castelo Branco, Paulo, 69
Castelo Branco, Tales, 24, 32
Castro Filho, Aristófanes Bezerra de, 24, 35
Castro Filho, José Ribeiro de, 88, 165
Castro, Celso, 25
Castro, Dom José Luís de (Conde de Resende), 145
Castro, Reginaldo Oscar de, 33, 55, 62, 65, 68, 69, 71, 73, 74,
7 5 ,7 7 ,8 1 ,8 3 , 106
Cavalcante Junior, Ophir Filgueiras, 13, 22, 23, 24, 25, 26, 32,
35,36, 101
Cavalcanti Filho, José Paulo, 42
Cavalcanti, Amaro, 133
Cavalcanti, André, 137
Chagas, Carlos, 169
Chagas, João Francisco das, 147
Choate , Joseph H., 121
Cleto, Marcelino Pereira, 145
Coelho, Methodio, 135, 136, 137
Collor, Pedro, 37, 38
Comparato, Fabio Konder, 40, 42
Cordeiro, João, 128
Correa, Genebaldo, 46
Corrêa, José Maurício, 76, 77, 168
Costa Pereira, Agesandro, 24, 70, 71, 78, 79, 80
Costa, Álvaro Augusto Ribeiro da, 168,169
Costa, Cláudio Manuel da, 147
Costa, Edgard, 124

178 màM
\ u l u i l H ' íi \ ( ) \ B [1,1 i j ( i,i ( o n Mi l i d . i i l . i I ' U; ' ) - '(11) I

Costa, José Martins da, 145


Costa, José Resende (pai e filho), 146, 147, 148
Costa, Luiz Fernando da (dito Femandinho Beira-Mar), 82
Costa, Manuel Rodrigues da, 145
Costa, Nelson Nery, 70
Coutinho, Sebastião Xavier de Vasconcelos, 144/145
Couto, Sérgio Alberto Frazão do, 74
Covas, Mário, 43
Crusius, Yeda, 48
Cunha, Godofredo, 131
Cunha, Sérgio Sérvulo da, 41, 57

D ’Araújo, Maria Celina, 25


Dallari, Dalmo, 40
Delgado, José Luiz, 30/31
Denadai, Joaquim Marcelo, 78
Dias, José Carlos, 40
Dotti, René Ariel, 42
Dreyfus, Alfred (Capitão), 121
Duarte Garcia, Mário Sérgio, 95
Duarte, Samuel Vital, 87
Duarte, Samuel, 162
Dutra, Eurico Gaspar, 39

Erundina, Luiza, 26
Estevão, Luiz, 24, 72

Fagundes, Eduardo Seabra, 40, 93, 165, 166


Fagundes, José de Oliveira, 12, 143, 144, 146, 148, 149, 151,

Falcão, Armando Ribeiro, 165


Faoro, Raymundo, 92
Farias, Augusto, 71
Farias, Lindberg, 41

7 79
_______________ Hi<;tnria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

Farias, Paulo César, 37, 38, 47


Fernandes, Domingos, 147
Ferreira, Aloysio, 73, 74
Ferreira, B ernardino, 128
Figueiredo, Afonso Celso de Assis, 120
Figueiredo, Fran Costa, 27
Figueiredo, João Batista Oliveira, 165
Figueiredo, João de, 145
Figueiredo, Oliveira, 136
Fiúza, Ricardo Arnaldo Malheiros, 152
Fonseca, Hermes da, 121, 134
Forte, Eli Alves, 36
Fortes, Manuel Joaquim de Sá Pinto do Rego, 147
França, Eriberto, 38
Franco, Itamar, 33, 35, 42, 43, 47, 48, 113, 155, 168
Freire, Geraldo, 164
Freire, Melchiades Mário de Sá, 130, 132, 133

Gaioso, Antônio Rodrigues, 145


Galvão, Manoel Leôncio, 135, 136, 137
Gameiro, José Feliciano da Rocha, 145
Garcia, Rodolfo, 144
Geisel, Ernesto, 111, 165
Gomes, Ciro, 48
Gomes, Gilberto, 74
Gomes, José Aires, 147, 149
Gonzaga, Tomás Antônio, 147, 149, 150
Gregori, José, 170
Grossi, João Carlos, 162
Gueiros, Nehemias, 66, 85, 86
Guimarães, Álvaro Leite, 35, 63,
Guimarães, Ulysses Silveira, 39
Gurgel, Salvador Carvalho do Amaral, 146, 147, 148

180
\ ' n l u t n c I) A ( ) \r> n.) I I c i n o i I'.K 1,1 ( onvolid.id.i : i '

H
Haddad, Pauio, 48
Horta, Oscar Pedroso, 163, 164
Humberto, Cláudio, 32
Hygino, José, 126
I
Ignacio, José, 78
Imbassahy, Antônio, 108
j
Jobim, Danton, 162, 164
Jobim, Nelson, 37, 48, 49
Jungmann, Raul, 61,62
K
Kapos-Meye, Gaetan, 121
Krause, Gustavo, 48
Kubitschek de Oliveira, Juscelino, 39, 66, 160
L
Lafer, Celso, 167
Lando, Amir, 40, 47
Lara, Deao Carlos de, 151
Lavenère, Marcello, 23, 24, 33, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 42, 43,
44, 45,46, 49, 102
Leal, Antonio Luis de Sousa, 145
Lemos, Miguel, 149
Lencastre, Dom Lourenço de (Bispo de Elvas), 151
Lenzi, Carlos Alberto, 33, 34
Leonardo, Marcello, 24
Lessa, Pedro, 134
Lima Neto, Percilio de Sousa, 169
Lima, Carlos de Araújo, 163
Lima, Emando Uchoa, 44, 55, 57, 59, 60, 63, 64, 65, 105
Lima, Nereu, 74
Lins, Edmundo, 139

•41 181
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

Lisboa, João da Cruz, 151


Lisboa, João Ferreira, 151
Lobo, Paulo Luiz Neto, 31, 36, 113, 115
Lopes, Francisco Antônio de Oliveira, 146, 147, 148, 149, 150
Lopes, Jair Leonardo, 35
Lopes, José Bezerra, 69
Lula, Luiz Inácio da Silva, 28, 29, 54, 60, 65, 76, 108, 155
M
Machado, Irineu de Melo, 131
Machado, Rubens Approbato, 12, 74, 75, 77, 78, 79, 81, 82, 83,
84,108
Maciel, José Álvares, 146, 147, 148
Maciel, Marco, 92
Madeira, Luiz Carlos Lopes, 23, 24
Magalhães, Antônio Carlos, 72, 73
Magalhães, Marina Beatriz, 55, 56
Malan, Pedro, 56
Mariz, Antônio, 43
Marques, João Benedicto de Azevedo, 169
Marshall, Barão (Adolf von Marshall de Bieberstein), 121
Martins, Alexandre Dupeyrat, 169
Mártires, Inocência, 167
Massot, Affonso Emílio, 169
Matos, Melo, 129
Mayer, Rafael, 111
Medeiros, Celso, 24
Médici, Emílio Garrastazu, 165
Medina, Paulo Roberto Gouvêa, 64
Mello, Fernando Collor de, 19,20, 2 1 ,2 8 ,2 9 ,3 0 ,3 1 ,3 2 , 33,34,
35, 36, 37, 38, 39, 42, 43, 47, 64, 103, 155, 167
Mello, Marco Aurélio de, 75, 76, 108
Melo Filho, Urbano Vitalino, 65, 74
Melo, Carlos Correia de Toledo e (vigário), 145
Melo, Francisco José de, 147

182
!• í> A ( ) \ ! 1 n . t I ) ( ' n i o ( f.tc m ( ' o n - . o l i d . u l . i i 1 ' ) o ' 1■

Melo, Manoel Corrêa de, 131


Mendes, Gilmar, 78
Menegueli, Jair, 41
Miranda, Manuel José de, 147
Miranda, Nilmário, 61
Monteiro, Tristão José, 145
Moraes, Prudente de, 128, 129
Moreira, Adélia Pessoa, 24
Mota, João Dias da, 147, 149, 150
Mota, Vicente Vieira da, 147, 149
Muricy, Marília, 42, 57
N
Nabueo, Joaquim, 120, 121
Nascimento, N icanordo, 132
Nassif, Luís, 52
Nelidoff,M ., 121
Neto, Nicolau dos Santos, 72
Neto, Pedro Origa, 44
Neto, Vieira, 86
Neves, José Cavalcanti, 30, 31, 163, 164
Neves, Tancredo de Almeida, 14
Nonacriense, Elpino, 151
O
Obil, David Ben, 125
Oliveira, Augusto Tork de, 65
Oliveira, João Barbosa de, 120
Oliveira, José Lamartine Corrêa de, 99
Oliveira, José Lopes de (padre), 145
Oliveira, Sandra Fernandes de, 39
Osorio, Antônio Carlos Elizalde, 35, 36, 44, 45

Paiva, Eunice, 163


Paiva, Rubens, 163, 164,
Paranhos Júnior, José Maria da Silva (Barão do Rio Branco),

183
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

Paschoal, Hildebrando, 71, 171


Passarinho, Jarbas, 165, 167
Peçanha, Nilo, 130
Peixoto, Floriano, 121, 124, 125, 126, 128
Pena, Afonso Augusto Moreira, 121
Pereira, Caio Mário da Silva, 90
Pereira, João Manuel Guerreiro de Amorim, 145
Pertence, José Paulo Sepúlveda, 26
Pessoa, Epitácio, 121, 122, 135
Pimentel, Barros, 125
Pinheiro, Ibsen, 41,42
Pinheiro, Paulo Sérgio, 80
Pinto, Bilac, 160
Pinto, Heráclito Fontoura Sobral, 89, 90
Pinto, José Adriano, 33, 34, 43
Pinto, Paulo Brossard de Souza, 91, 92, 166
Piza, Luís Vaz de Toledo, 146, 147, 148
Portella, Petrônio, 38, 66, 92, 165
Q
Quadros, Jânio da Silva, 28, 39
R
Reale Junior, Miguel, 40, 79
Rebelo, Aldo, 40
Resende, Eurico de, 164
Resende, íris, 170
Rezende, Eliseu, 48
Ribeiro, Antônio Gomes, 145
Ribeiro, Fernando José, 147, 149, 150
Ribeiro, Oliveira, 132, 138
Ribeiro, Paulo de Tarso, 80, 108
Ribeiro, Vasconcelos Coutinho Gomes, 151
Ricúpero, Rubens, 48
Rigon, Elide, 36

184 «41
\ ' ( l l u i l U ‘ í) A ( ).\l'! n a 1 r .ii i.t ( o n s o lid .ifl.i I

Rocha, Artur Pinto da, 139


Rocha, Cléa Anna Maria Carpi da, 63
Rocha, Francisco Luís Álvares da, 145, 147, 149
Rodrigues, João da Costa, 147, 149, 150
Rodrigues, Nelson, 43
Rolim, Oliveira (padre), 145, 147

Salazar, Alcino de Paula, 86


Saldanha, Pedro José Araújo de, 145
Sanches, Sydney, 42, 43
Santos, José Carlos Alves dos, 46
Santos, Thomaz Delíino, 130, 133
Saraiva, Canuto, 130
Samey, José Ribamar, 14, 24, 25, 26, 28, 155, 166
Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal), 151
Serra, José, 76
Serralvo, Amauri, 24
Silva, Antônio Diniz da Cruz e, 145, 151
Silva, Eugênia Teresa da, 151
Silva, Evandro Lins e, 13, 31, 34, 42, 43, 57, 108
Silva, Inocêncio Francisco da, 151
Silva, Jayme Paz da, 36
Silva, José da (padre), 145
Silva, Luis Antonio da Gama e, 162
Silva, Luís Vieira da (cônego), 145
Silva, Lyda Monteiro da, 70
Silva, Vicente Paulo da, 57
Silveira, Mário Aurélio da, 126
Simon, Pedro, 40, 43
Sobrinho, Alexandre José Barbosa Lima, 40, 41, 42, 164, 165
Souza Filho, José Paiva de, 55
Souza, Danilo Marcondes de, 163
Souza, Esdras Dantas de, 74
Souza, Herbert José de (Betinho), 41

185
_______________ H is tó ria d a
Ordem dos Advogados do Brasil

Souza, José Ivanildo de, 170


Sozza, Wilson, 71
Stédile, João Pedro, 61
Stepanenko, Alexis, 48
Suplicy, Eduardo, 46
T
Temer, Michel, 73
Tomielli, Conde (Joseph Tomielli Brusati di Vergano), 121
Torres, José Pedro Machado Coelho, 145
Tourinho, Arx , 63, 65
V
Vargas, Getulio Domelles, 39, 160
Vamhagen, Francisco Adolfo de, 150
Vasconcelos, Hélio Xavier de, 68
Veiga, José Antonio da, 145
Veloso, Vitoriano Gonçalves, 147, 149, 150
Veras, Beni, 48
Vianna, Aurélio Rodrigues, 135, 136, 137
Vieira, Domingos de Abreu, 146, 147, 148
Viotto, Mauro, 35
W
Wandenkolk, Eduardo (Almirante), 124, 127
X
Xavier, Joaquim José da Silva (Tiradentes), 12, 143, 144, 146,
148, 149, 152
Z
Zveiter, Sérgio, 65

186
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

ANEXO I
Novo Estatuto da Advocacia e da OAB

187
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

ESTATUTO DA ADVOCACIA E DA OAB


L ei n- 8.906, de 04 d e ju lh o d e 1994 )

D ispõe sobre o E sta tu to d a A dvocacia e a O r­


d em dos A d vo g a d o s do B ra s il — O AB

0 P R E S ID E N T E DA R E PÚ B L IC A
Faço sa b er que o Congresso N acional d ecreta e e u sanciono a seguin­
te Lei:

T ÍT U L O I
DA ADVOCACIA

C A PÍTU LO I
DA ATIVIDADE D E ADVOCACIA

A r i . 1-. S ão a tiv id a d e s p riv a tiv a s d e advocacia;


1 — a p o stu laç ão a q u a lq u e r órgão do P o d er J u d ic iá rio e aos ju iz a ­
dos especiais;^")
II — a s a tiv id a d e s de c o n su lto ria , a s se sso ria e d ireção ju ríd ic a s.
§ 1 - — N ão se inclui n a ativ id ad e p riv a tiv a de advocacia a im p etra-
ção d e h a b e a s c o r p u s em q u a lq u e r in s tâ n c ia ou tr ib u n a l.
§ 22 — O s atos e contratos constitutivos de pessoas ju ríd ic as, sob p e­
n a de n u lid ad e, só podem se r adm itidos a reg istro , nos órgãos com peten­
te s , q u a n d o v isa d o s po r advogados.
§ 39 — É v e d a d a a divulgação de advocacia em co n ju n to com o u tr a
a tiv id a d e .

(*) P u b lic a d a no D iá rio O ficial, d e 06 de ju lh o d e 1994, S eçã o 1, pág. 10.093.


( • • ) A D In n - 1.127-8. O S T F reconh eceu a conatitucionalid ade do disp o sitiv o , m a s ex cluiu
su a aplicação aos J u iza d o s d e P eq u en a s C a u sa s, & J u stiça do IVabatho e à J u stiç a de P a :
N e le s , a p a r te pode p o s tu la r d ir e ta m e n te .

13

188
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 2*. 0 advogado é indisp en sáv el à ad m in istração d a ju stiç a .


§ 1“ — No seu m inistério privado, o advogado p re s ta serviço p ú b li­
co e exerce função social.
§ 22 — No processo judicial, o advogado contribui, n a poatulação de
decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus
ato s co n stitu em m ú n u s público.
§ 35 — No exercício d a profissão, o advogado é inviolável p o r se u s
ato s e m anifestações, nos lim ites d e s ta Lei.

A rt. 3 : 0 exercício d a atividade de advocacia no te rritó rio b rasilei­


ro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos n a Ordem dos
A dvogados do B rasil — OAB.
§ 1- — Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regim e des­
ta Lei, além do regim e próprio a que se subordinem , os in teg ran tes d a Ad-
vocacia-Geral da União, d a P rocuradoria d a Fazenda Nacional, d a Defen-
so ría P ública e d as P rocuradorias e C onsultorias Ju ríd ic a s dos E stados,
do D istrito F ederal, dos M unicípios e das respectivas entid ad es de adm i­
n istra çã o in d ire ta e fundacional.
§ 22 — O estag iário de advocacia, reg u la rm en te in scrito , pode p r a ­
ticar os atos previstos no art. I 2, n a form a do Regulamento Geral, em con­
ju n to com advogado e sob responsabilidade deste.

A rt. 4‘. São nulos os atos privativos de advogado praticados por pes­
soa n ão in sc rita n a OAB, sem prejuízo das sanções civis, p en a is e ad m i­
n is tra tiv a s.
P arág rafo único — São tam bém nulos os atos p raticad o s p o r advo­
gado im pedido — no âm bito do im pedim ento — suspenso, licenciado ou
q u e p a s s a r a exercer ativ id ad e incom patível com a advocacia.

A rt. 5-. O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do


m andato.
§ 12 — 0 advogado, afirm ando urgência, pode a tu a r sem procuração,
obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual
período.
§ 25 — A procuração p a ra o foro em geral h ab ilita o advogado a p ra­
ticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instân cia, salvo os que
oxijam poderes especiais.
§ 3* O advogado que re n u n c ia r ao m an d ato co n tin u ará , d u ra n te
(IN doz dias seguintes à notificação d a renúncia, a re p rese n ta r 0 m a n d an ­
te», Hulvn Be for su b stitu íd o a n te s do té rm in o desse prazo.

14

189
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

CA PÍTU LO II
DOS D IR EITO S DO ADVOGADO

A r t. 6?. N ão h á h ie ra rq u ia nem subordinação e n tre advogados, m a­


gistrad o s e m em bros do M inistério Público, devendo todos tr a ta r -s e com
consideração e re sp e ito recíprocos.
P a rá g ra fo único — As a u to rid ad e s, os serv id o res públicos e os s e r­
v en tu ário s d a ju s tiç a devem d isp e n sar ao advogado, no exercício d a pro­
fissão, tra ta m e n to com patível com a dignidade d a advocacia e condições
ad e q u a d a s a se u desem penho.

A r t. 72. S ão d ireito s do advogado:


I — exercer, com liberdade, a profissão em todo o te rritó rio nacional;
II — te r resp e ita d a, em nom e d a liberdade de defesa e do sigilo pro­
fissional, a inviolabilidade de seu escritório ou local de trab a lh o , de seus
arquivos e dados, de s u a correspondência e de su a s com unicações, in clu ­
sive telef&nicas ou afins, salvo caso de busca ou ap re en sã o d e te rm in a d a
p o r m a g istra d o e a c o m p a n h a d a d e r e p r e s e n t a n t e d a OAB;
n i — com unicar-se com seus clientes, pessoal e reservadam ente, mes­
mo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhi­
dos em estabelecim entos civis ou m ilita re s, ain d a que considerados inco­
m unicáveis;
IV — t e r a p r e s e n ç a d e r e p r e s e n t a n t e d a OAB, q u a n d o p r e s o
e m f l a g r a n t e , p o r m o tiv o li g a d o a o e x e r c íc io d a a d v o c a c ia , p a r a
l a v r a t u r a d o a u t o r e s p e c ti v o , s o b p e n a d e n u l i d a d e e, nos d em ais
casos, a com unicação e x p re ssa à seccional d a OAB;*")
V — n ão s e r recolhido preso , a n te s de s e n te n ç a tr a n s ita d a em j u l­
gado, senão em sa la de Estado-M aior, com instalações e comodidades con­
d ig n as, a s s im r e c o n h e c i d a s p e l a O A B , e, n a s u a fa lta , em p risão do­
miciliar;'***^
VI — in g re s s a r liv rem en te:
a) n a s sa la s de sessões dos trib u n a is, m esm o além dos cancelos que
se p a ra m a p a r te re s e rv a d a aos m ag istrad o s;
b) n a s sa las e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofí­
cios d e ju s tiç a , serviços n o ta ria is e de reg istro , e, no caso de d eleg acias

(*) A D In n- 1.127-8. A eficácia d a ex p ressão d estacada foi s u sp en sa pelo ST F, «m inudldâ


lim inar.
( • • ) Idem.
( • • • ) Idem.

16

190 màM
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da pre­


sença de seus titu lares;
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição ju d i­
cial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher
prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do
expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qual­
q uer servidor ou empregado;
d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa par­
ticipar o seu cliente, ou perante a qual este deve comparecer, desde que
m unido de poderes especiais;
VII — permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais
indicados no inciso anterior, independentem ente de licença;
VIII — dirigir-se diretam ente aos m agistrados nas saias e gabine­
tes de trabalho, independentem ente de horário previam ente m arcado ou
o u tra condição, observando-se a ordem de chegada;
EX — su ste n ta r oralm en te as ra zõ es d e q u alq u er re cu rso ou
p ro ce sso , n a s se ssõ e s d e ju lg a m en to , ap ós o voto do re la to r, em
in stâ n c ia ju d ic ia l ou ad m in istrativa, p elo p razo d e q u in ze m in u ­
to s, sa lv o s e p razo m aior for con cedido;
X — u sa r da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, me­
diante intervenção sum ária, p ara esclarecer equívoco ou dúvida surgida
em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgam en­
to, bem como p ara replicar acusação ou censura que lhe forem feitas;
XI — reclam ar, verbalm ente ou por escrito, perante qualquer juízo,
trib u n al ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regu­
lam ento ou regim ento;
XII — falar, sentado ou em pé, em juízo, trib u n al ou órgão de deh-
beração coletiva da A dm inistração Pública ou do Poder Legislativo;
XIII — examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legis­
lativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos
ou em andam ento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos
a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tom ar apontamentos;
XTV — exam inar em qualquer repartição poUcial, mesmo sem procu­
ração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andam ento, ainda
que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tom ar apontamentos;

(*) ADIn a* 1.105-7. A efíeácia de todo o dispositivo foi suspensa pelo STF, em medida li­
minar.

16

797
_______________ Hi<;tnria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

XV — te r v ista dos processos judiciais ou ad m in istrativ o s de q u al­


quer natureza, em cartório ou n a repartição competente, ou retirá-los pe­
los prazos legais;
XVI — re tira r autos de processos findos, mesmo sem procuração, pe­
lo prazo de dez dias;
XVII — se r publicam ente desagravado, quando ofendido no exercí­
cio d a profissão ou em razão dela;
XVIII — u s a r os símbolos privativos d a profissão de advogado;
XIX — recusar-se a depor como testem unha em processo no qual fun­
cionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem
seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo cons­
titu in te , bem como sobre fato que co n stitu a sigilo profissional;
XX — retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão p a­
r a ato judicial, após tr in ta m inutos do horário designado e ao qual ain ­
d a não te n h a comparecido a autoridade que deva presidir a ele, m edian­
te com unicação protocolizada em juízo.
§ 1: — N ão se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regim e de segredo de ju stiça;
2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil re sta u ­
ração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a perm anência dos
autos no cartório, se cretaria ou repartição, reconhecida pela auto rid ad e
em despacho motivado, proferido de oficio, m ediante represen tação ou a
requerim ento d a p a rte in teressad a;
3) a té 0 encerram ento do processo, ao advogado que houver deixa­
do de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de
intim ado.
§ 22 — O advogado tem im unidade profissional, não constituindo in ­
jú ria , difam ação ou â e sa c a to ^ ’^ puníveis qu alq u er m anifestação de su a
p a rte , no exercício de su a atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo
d as sanções d isciplinares p e ra n te a OAB, pelos excessos que com eter.
§ 3S — 0 advogado som ente poderá ser preso em flagrante, por mo­
tivo de exercício d a profissão, em caso de crim e inafiançável, observado
0 disposto no inciso IV deste artigo.***^
§ 4» — o P oder Ju d iciário e o Poder Executivo devem in s ta la r, em
todos 08 juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios, sa-

(*) ADIn o* 1.127-8. A eficÁcis da expressão destacada foi susp en sa pelo STF, em medida
lim inar.
(**) ADI d n* 1.127-8. O STF atribuiu a interpretação de que o dispositivo não abrange o
crime de d esacato à autoridade judiciária.

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J92
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

Ias especiais perm anentes para os advogados, com uso e co n tro le as­
segurados à OAB.
§ 5- — No caso de ofensa a inscrito n a OAB, no exercício da profis­
são ou de cargo ou função de órgão da OAB, o conselho competente deve
promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabi­
lidade crim inal em que incorrer o infrator.

CAPÍTULO III
DA INSCRIÇÃO

A rt. 8-. P a ra inscrição como advogado é necessário:


I — capacidade civil;
II — diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em in sti­
tuição de ensino oficialm ente autorizada e credenciada;
III — título de eleitor e quitação do serviço m ilitar, se brasileiro;
IV — aprovação em Exame de Ordem;
V — não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI — idoneidade moral;
VII — p re sta r compromisso perante o Conselho.
§ 12 — O Exame de Ordem é regulamentado em provimento do Con­
selho Federai da OAB.
§ 22 — O estrangeiro ou breisileiro, quando não graduado em direi­
to no Brasil, deve fazer prova do título de graduação, obtido em in stitu i­
ção estrangeira, devidamente revalidado, além de atender aos demais re­
quisitos previstos neste artigo.
§ 32 — A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve
ser declarada m ediante decisão que obtenha no mínimo dois terços dos
votos de todos os membros do conselho competente, em procedim.ento que
observe os term os do processo disciplinar.
§ 42 — Não atende ao requisito de idoneidade m oral aquele que t i ­
ver sido condenado por crime infam ante, salvo reabilitação judicial.

A rt. 9*. P a ra inscrição como estagiário é necessário:


I — preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e
V II do a rt. 8-;

(*) ADIn D - 1.127-8. A eficácia da expressão foi suspensa pelo STF, em medida liminar.

18

•àl 193
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

II — te r sido adm itido em estágio profissional de advocacia.


§ 1: — O e s t ^ o profissional de advocacia, com duração de dois anos.
realizado nos últimos anos do curso jurídico, pode ser m antido pelas res­
pectivas instituições de ensino superior, pelos Conselhos da OAB, ou por
setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB,
sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de Ética e Disciplina.
§ 2- — A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em
cujo te rritó rio se localize seu curso jurídico.
§ 32 — O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível
com a advocacia pode freqüentar 0 estágio ministrado pela respectiva ins­
tituição de ensino superior, p ara fins de aprendizagem , vedada a inscri­
ção n a OAB.
§ 4- — 0 estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em
D ireito que q u eira se inscrever n a Ordem.

A rt. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conse­


lho Seccional em cxyo território pretende estabelecer o seu domicílio pro­
fissional, n a form a do R egulam ento Geral.
§ 1- — Considera-se domicílio profissional a sede principal d a ativi­
dade de advocacia, prevalecendo, n a dúvida, o domicílio da pessoa física
do advogado.
§ 22 — Além da principal, o advogado deve promover a inscrição su­
plem en tar nos Conselhos Seccionais em cujos territó rio s p a ssa r a exer­
cer habitualm ente a profissão, considerando-se h ab itu alidade a interven­
ção judicial que exceder de cinco causas por ano.
§ 3- — No caso de mudança efetiva de domicílio profissional p ara ou­
tr a unidade federativa, deve 0 advogado requerer a transferência de sua
inscrição p a ra o Conselho Seccional correspondente.
§ 42 — O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferên­
cia ou inscrição suplem entar, ao verificar a existência de vício ou ilegali­
dade n a ÍD8CTÍção principal, contra ela representando ao Conselho Federal.

A rt. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que:


I — assim o requerer;
II — sofrer penalidade de exclusão;
III — falecer;
IV — p assar a exercer, em c a ráte r definitivo, atividade incom patí­
vel com a advocacia;
V — p erder qualquer um dos requisitos necessários p a ra inscrição.

19

J94
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 12 — Ocorrendo um a das hipóteses dos incisos II, III e IV, o can­


celamento deve ser promovido, de ofício, pelo Conselho competente ou em
v irtu d e de comunicação por qualquer pessoa.
§ y — N a hipótese de novo pedido de inscrição — que não re s ta u ­
r a 0 núm ero de inscrição an terio r — deve o interessado fazer prova dos
req u isitos dos incisos I, V, VI e VII do a rt. 82.
§ 3S — N a hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscri­
ção tam bém deve ser acom panhado de provas de reabilitação.

A rt. 12. Licencia-se o profissional que:


I — assim 0 requerer, por motivo justificado;
II — p assar a exercer, em caráter tem porário, atividade incom patí­
vel com o exercício d a advocacia;
III — sofrer doença m ental considerada curável.

A rt. 13 O docum ento de identidade profissional, n a form a p rev is­


ta no Regulam ento Geral, é de uso obrigatório no exercício da atividade
de advogado ou de estagiário e constitui prova de identidade civil p ara to­
dos os fins legais.

Art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do núm ero de inscrição


em todos os documentos assinados pelo advogado, no exercício de su a ati­
vidade.
Parágrafo único — É vedado anunciar ou divulgar qualquer ativida­
de relacionada com o exercício d a advocacia ou o uso d a expressão "escri­
tório de advocacia”, sem indicação expressa do nome e do núm ero de in s­
crição dos advogados que o integrem ou o núm ero de registro da socieda­
de de advogados n a OAB.

CAPÍTULO IV
DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS

A rt. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de p res­


tação de serviço de advocacia, n a form a disciplinada n e sta Lei e no Re­
gulam ento Gerai.
§ 12 — A sociedade de advogados adquire personalidade jurídica com
0registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da
OAB em cuja base te rrito ria l tiv er sede.
§ 22 — Aplica-se à sociedade de advogados o Código de É tica e Dis­
ciplina, no que couber.

20

795
______________Hísfnría Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 32 — As procurações devem ser outorgadas individualmente aos ad­


vogados e indicar a sociedade de que façam parte.
§ 4: — N enhum advogado pode in teg rar m ais de um a sociedade de
advogados, com sede ou filial n a m esma área territo rial do respectivo Con­
selho Seccional.
§ 55 — O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro
d a sociedade e arquivado ju n to ao Conselho Seccional onde se in sta la r,
fícando os sócios obrigados a inscrição suplem entar.
§ — Os advc^adoB sócios de um a mesma sociedade profissional não
podem re p re se n ta r em juízo clientes de interesses opostos.

4 r t . l 6 . Nâo são adm itidas a registro, nem podem funcionar, as so­


ciedades de advogados que apresentem form a ou características m ercan­
tis, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades e stra ­
n has à advocacia, que incluam sócio não inscrito como advogado ou to tal­
m ente proibido de advogar.
§ 19 — A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo me­
nos, um advogado responsável pela sociedade, podendo perm anecer 0 de
sócio falecido, desde que p rev ista ta l possibilidade no ato constitutivo.
§ 22 — O licenciam ento do sócio p ara exercer atividade incom patí­
vel com a advocacia em c a rá te r tem porário deve se r averbado no reg is­
tro da sociedade, não alterando su a constituição.
§ 32 — É proibido 0 registro, nos cartórios de registro civil de pessoas
juríd icas e n a s ju n ta s comerciais, de sociedade que inclua, e n tre o u tras
finalidades, a atividade de advocacia.

A rt. 17. Aiém d a sociedade, o sócio responde su b sid iária e ilim ita­
dam ente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exer­
cício d a advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que
possa incorrer.

CAPÍTULO V
DO ADVOGADO EMPREGADO

A rt. 18. A relação de emprego, n a qualidade de advogado, não re ti­


r a a isenção técnica nem reduz a independência profissional in eren tes à
advocacia.
Parágrafo único — 0 advogado empregado não está obrigado à pres­
tação de serviços profissionais de interesse pessoal dos em pregadores, fo­
r a d a relação de emprego.

21

796
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 19. O salário mínimo profissional do advogado será fixado em


sen ten ça norm ativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva
de trabalho.
A rt. 20. A jo rn ad a de trabalho do advogado em pregado, no exercí­
cio d a profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas con­
tínuas e a de vinte horas sem anais, salvo acordo ou convenção coletiva ou
em caso de dedicação exclusiva.
§ 12 — P a ra efeitos deste artigo, considera-se como período de tr a ­
balho o tem po em que o advogado estiv er à disposição do em pregador,
aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades ex­
te rn a s, sendo-lhe reem bolsadas as despesas feitas com tran sp o rte , hos­
pedagem e alim entação.
§ 22 — As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são re­
m u n eradas por um adicional não inferior a cem por cento sobre o valor
d a h o ra norm al, mesmo havendo contrato escrito.
§ 32 — As horas trab a lh a d as no período das vinte h oras de um dia
até as cinco horas do dia seguinte são rem uneradas como noturnas, acres­
cidas do adicional de vinte e cinco por cento.
A rt. 21. N as causas em que for p a rte 0 em pregador, ou pessoa por
este representada, os honorários de sucum bência são devidos aos advo­
gados em pregados.
P a r á g r a f o ú n ic o — O s h o n o r á r io s d e s u c u m b ê n c ia , p erc eb i*
d o s p o r ad v o g a d o e m p re g a d o d e so c ie d a d e d e a d v o g a d o s sã o p a r ­
t i l h a d o s e n t r e e le e a e m p r e g a d o r a , n a f o r m a e s t a b e l e c i d a em
acordo.<*>
CAPÍTULO VI
DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
A rt. 22. A p restação de serviço profissional asseg u ra aos inscritos
n a OAB 0 direito aos honorários convencionados, aos fixados por arb itra­
m ento judicial e aos de sucumbência.
§ 12 — O advogado, quando indicado p ara patrocinar causa de ju r i­
dicam ente necessitado, no caso de im possibilidade da D efensoria Públi­
ca no local da prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pe­
lo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e p a­
gos pelo Estado.
§ 2® — N a falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixa­
dos por arbitram ento judicial, em rem uneração com patível com o tra b a ­
(*) N a A D ln n* 1.194-4, o STF decidiu lim itar a aplicação do parágrafo único do art. 21 aos
CBB0 8 em que não h tga estipulação contratual em contrário.

22

197
_______________ H iq fn ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

lho e o valor econômico da questão, não podendo ser inferiores aos esta­
belecidos n a ta b ela organizada pelo Conselho Seccional da OAB.
I 32 — Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é de­
vido no início do serviço, outro terço até a decisão de prim eira instância
e o re sta n te no final.
§ 43 — Se 0 advogado fizer ju n ta r aos autos 0 seu contrato de hono­
rários antes de expedir-se 0 mandado de levantamento ou precatório, o juiz
deve determ inar que lhe sejam pagos diretam ente, por dedução da quan­
tia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou.
I 52 — O disposto neste artigo não se aplica quando se tra ta r de man­
dato outorgado por advogado p ara defesa em processo oriundo de ato ou
omissão p raticad a no exercício da profissão.
A rt. 23. Os honorários incluídos n a condenação, por arbitram ento
ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo pa­
r a executar a sentença n esta parte, podendo requerer que 0 precatório,
quando necessário, seja expedido em seu favor.
A rt. 24. A decisão judicial que fixar ou arb itra r honorários e 0 con­
tra to escrito que o estip u lar são títulos executivos e constituem crédito
privilegiado n a falência, concordata, concurso de credores, insolvência ci­
vil e liquidação extrajudicial.
§ 12 — A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos
autos da ação em que te n h a atuado 0 advogado, se assim lhe convier.
§ 22 — N a hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advoga­
do, os honorários de sucum bência, proporcionais ao trab alh o realizado,
são recebidos por seus sucessores ou represen tan tes legais.
§ 3> — É n u la q u alq u er d isp osição, clá u su la , reg u la m en to ou
co n ven ção in d iv id u a l ou co letiv a q ue retire do ad vogado o d ire i­
to ao r e ce b im e n to d os h o n o rá rio s d e sucumbência.^*^
I 42 — O acordo feito pelo cliente do advogado e a p arte contrária,
salvo aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer
os convencionados, quer os concedidos por sentença.
A rt. 25. Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários
de advogado, contado 0 prazo:
I — do vencim ento do contrato, se houver;
II — do trâ n sito em julgado da decisão que os fixar;
III — da ultim ação do serviço extrajudicial;

(*) N a ADId n* 1.194-4, 0 STF suspendeu os efeitos do § 3* (liminar).

23

198 •àM
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

IV — d a desistên cia ou transação;


V — da ren ú n c ia ou revogação do m andato.

A rt. 26. O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não po­


de cobrar honorários sem a intervenção daquele que lhe conferiu o subs-
tabelecim ento.

CAPÍTULO VII
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIM ENTOS

A rt. 27. A incom patibilidade determ ina a proibição to tal, e o im pe­


dim ento, a proibição p arcial do exercício d a advocacia.

A rt. 28. A advocacia é incom patível, mesmo em causa própria, com


as segu in tes atividades:
I — chefe do P oder Executivo e m em bros d a M esa do P oder Legis­
lativo e seus su b stitu to s legais;
II — m em bros de órgãos do Poder Judiciário, do M inistério Público,
dos trib u n a is e conselhos de contas, dos juizados especiais, da ju stiç a de
paz, juizes classista s, bem como de todoa os que exerçam função de ju l­
gam ento em órgãos de deliberação coletiva d a adm inistração pública di­
r e ta ou indireta;'*’
III — ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos d a Ad­
m inistração Pública d ireta ou indireta, em suas fundações e em su as em­
p resa s controladas ou concessionárias de serviço público;
IV — ocupantes de cargos ou funções vinculados d ireta ou in d ire ta­
m ente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços no­
ta ria is e de registro;
V — ocupantes de cargos ou funções vinculados d ire ta ou in d ire ta ­
m en te a atividade policial de qu alq u er n atu reza;
VI — m ilita re s de qu alq u er n a tu re z a , n a ativa;
V II — ocupantes de cargos ou funções que ten h am com petência de
lançam ento, arrecadação ou fiscalização de trib u to s e contribuições pa-
raflscais;
V III — ocupantes de funções de direção e gerência em in stitu içõ es
fin an ceiras, inclusive privadas.

(*) AD In n - 1.127-8. 0 ST F deu ao dispasitivo a interpretação de que da su a abrangência


estão excluídos o s M embros da J u stiç a E leitoral e os ju iz e s su p len tes não rem unerados.

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199
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 12 — A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do car­


go ou função deixe de exercê-lo tem porariam ente.
§ 2- — Não se incluem n a s hipóteses do inciso III os que não d ete­
nham poder de decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do
Conselho com petente da OAB, bem como a adm inistração acadêm ica di­
reta m e n te relacionada ao m agistério jurídico.

A rt. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Ge­


rais e dirigentes de órgãos jurídicos d a A dm inistração Pública direta, in ­
direta e fundacional são exclusivamente legitimados para o exercício da ad­
vocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura.

A rt. 30. São im pedidos de exercer a advocacia:


I — 08 servidores da adm inistração direta, in d ire ta ou fundacional,
contra a Fazenda Pública que os rem unere ou à qual seja vinculada a en­
tid ad e em pregadora;
II — os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, con­
tr a ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, em presas públicas,
sociedades de economia m ista, fundações públicas, en tid ad es p ara esta -
ta is ou em presas concessionárias ou perm issionárias de serviço público.
P arágrafo único — Não se incluem n a s hipóteses do inciso I os do­
centes dos cursos jurídicos.

CAPÍTULO V III
DA ÉTICA DO ADVOGADO

A rt. 31. O advogado deve proceder de form a que o to m e m erecedor


de respeito e que contribua p a ra o prestígio da classe e da advocacia.
§ 12 — O advogado, no exercício d a profissão, deve m an ter indepen­
dência em qualquer circunstância.
§ 22 — N enhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer au­
toridade, nem de incorrer em im popularidade, deve d eter o advogado no
exercício d a profissão.

A rt. 32. 0 advogado é responsável pelos atos que, no exercício pro­


fissional, p ra tic a r com dolo ou culpa.
Parágrafo único — Em caso de lide tem erária, o advogado será so­
lidariam ente responsável com seu cliente, desde que coUgado com este p a­
r a le sa r a p a rte contrária, o que s e rá apurado em ação própria.

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•▲I
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 33. O advogado obriga-se a cum prir rigorosam ente os deveres


consignados no Código de É tica e D isciplina.
Parágrafo único — 0 Código de Ética e D isciplina regula os deveres
do advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ain ­
da, a publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica,
o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.

CAPÍTULO IX
DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES D ISCIPLINARES

A rt. 34. C o nstitui infração disciplinar:


I — exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por
qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;
II — m a n te r sociedade profissional fora das norm as e preceitos es-
tabeTêcicíos n e s ta Lei;
III — valer-se de agenciador de causas, m ediante participação nos
h onorários a receber;
IV — a n g a ria r ou c a p ta r causas, com ou sem a intervenção de te r ­
ceiros;
V — assin a r qualquer escrito destinado a processo judicial ou p a ra
fim extrajudicial que não te n h a feito, ou em que n ão te n h a colaborado;
VI — advogar contra literal disposição de lei, presum indo-se a boa-
fé quando fundam entado n a inconstitucionalidade, n a injustiça d a lei ou
em p ronunciam ento ju d icial an terior;
VII — violar, sem ju s ta causa, sigilo profissional;
V III — estabelecer entendim ento com a p a rte ad v ersa sem a u to ri­
zação do cliente ou ciência do advogado contrário;
IX — prejudicar, por culpa grave, in teresse confiado ao seu p a tro ­
cínio;
X — acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nu-
lid ad e do processo em que funcione;
XI — abandonar a causa sem justo motivo -ou antes de decorridos dez
d ias d a com unicação d a renúncia;
X II — recusar-se a p re sta r, sem ju sto motivo, assistê n cia ju ríd ica,
quando nom eado em v irtu d e de im possibilidade d a D efensoria Pública;
X III — fazer publicar n a im prensa, desnecessária e habitualm ente,
alegações forenses ou re la tiv a s a causas pendentes;

26

201
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

XIV — d e tu rp a r o teor de dispositivo de lei, de citação d o u trin á ria


e de julgado, bem como de depoim entos, docum entos e alegações d a p a r ­
te c o n trá ria , p a ra confundir o ad v ersário ou ilu d ir o ju iz d a causa;
XV — fazer, em nom e do constituinte, sem autorização escrita des­
te, im putação a terceiro de fato definido como crime;
XVI — deixar de cum prir, no prazo estabelecido, determ inação em a­
n a d a do órgão ou autoridade da Ordem, em m atéria da com petência des­
ta , depois de reg u la rm en te notificado;
XVII — p re sta r concurso a clientes ou a terceiros p a ra realização de
ato co n trá rio à lei ou destinado a fraudá-la;
XVIII — solicitar ou receber de co n stitu in te q u alq u er im p o rtân cia
p a ra aplicação ilícita ou desonesta;
X IX — receber valores, da p a rte co ntrária ou de terceiro, relaciona­
dos com 0 objeto do m andato, sem expressa autorização do co nstituinte;
XX — locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou d a par­
te adversa, po r si ou in te rp o sta pessoa;
XXI — recusar-se, injustifícadam ente, a p re sta r contas ao cliente de
q u a n tia s recebidas dele ou de terceiro s por co nta dele;
XXII — re te r, abusivam ente, ou ex tra v ia r autos recebidos com v is­
t a ou em confiança;
XXIII — deixar de pagar as contribuições, m ultas e preços de servi­
ços devidos à OAB, depois de re g u la rm en te notificado a fazê-lo;
XXIV — in cidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profis­
sional;
XXV — m a n te r conduta incom patível com a advocacia;
XXVI — fazer falsa prova de qualquer dos requisitos p ara inscrição
n a OAB;
XXVII — to m a r-se m oralm ente inidôneo p a ra o exercício d a advo­
cacia;
XXVIII — p ra tic a r crim e infam ante;
XXIX — p ra tic a r, o estag iário , ato excedente de su a habilitação.
P arág rafo único — Inclui-se n a co nduta incom patível:
a) p rá tic a re ite ra d a de jogo de azar, não au to rizad o por lei;
b) incontinência pública e escandalosa;
c) em briaguez ou toxicom ania h ab itu ais.

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202
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 35. A s sanções disciplinares consistem em:


I — censura;
II — suspensão;
III — exclusão;
IV — m ulta.
Parágrafo único — As sanções devem constar dos assentam entos do
inscrito, após o trân sito em julgado d a decisão, não podendo ser objeto da
publicidade a de censura.

A rt. 36. A cen su ra é aplicável nos casos de:


I — infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do a rt. 34;
II — violação a preceito do Código de É tica e D isciplina;
III — violação a preceito d e sta Lei, quando p a ra a infração não se
te n h a estabelecido sanção m ais grave.
P arágrafo único — A cen su ra pode se r convertida em advertência,
em ofício reservado, sem registro nos assentam entos do inscrito, quando
p rese n te circu n stân cia aten u a n te.

A rt. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:


I — infrações definidas nos incisos XVII a XXV do a rt. 34;
II — reincidência em infração disciplinar.
§ 12 — A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício pro­
fissional, em todo o te rritó rio nacional, pelo prazo de tr in ta dias a doze
m eses, de acordo com os critérios de individualização previstos n este ca­
pítulo.
§ 2®— N as hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a su sp en ­
são p erdura a té que satisfaça integralm ente a dívida, inclusive com a cor­
reção m onetária.
§ 3- — N a hipótese do inciso XXIV do a rt. 34, a suspensão p erd u ra
até que p re ste novas provas de habilitação.

A rt. 38. A exclusão é aplicável nos casos de:


I — aplicação, por tr ê s vezes, de suspensão;
II — infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do a r t. 34.
P arágrafo único — P a ra a aplicação da sanção disciplinar de exclu­
são é necessária a m anifestação favorável de dois terços dos membros do
Conselho Seccional com petente.

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•AB 203
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 39 A m ulta, variável en tre o mínimo correspondente ao valor


de um a anuidade e o máximo de seu décuplo, é aplicável cumulativamen­
te com a censura ou suspensão, em havendo circunstâncias agravantes.

A rt. 40. N a aplicação das sanções disclplinares são consideradas, pa­


r a Ans de atenuação, as seguintes circunstâncias, en tre outras:
I — fa lta cometida n a defesa de prerrogativa profissional;
II — ausência de punição disciplinar anterior;
III — exercício assíduo e proficiente de m andato ou cargo em qual­
quer órgão da OAB;
IV — prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.
Parágrafo único — Os antecedentes profissionais do inscrito, as ate­
nuantes, o grau de culpa por ele revelada, as circunstâncias e as conse­
qüências da infração são considerados p ara o fim de decidir:
a) sobre a conveniência da aplicação cum ulativa da m ulta e de ou­
tr a sanção disciplinar;
b) sobre o tempo de suspensão e o valor da m ulta aplicáveis.

A rt. 4L É perm itido ao que ten h a sofrido qualquer sanção discipli­


n a r requerer, um ano após seu cumprimento, a reabilitação, em face de
provas efetivas de bom comportamento.
Parágrafo único — Quando a sanção disciplinar resu ltar da prática
de crime, o pedido de reabilitação depende também da correspondente rea­
bilitação crim inal.

A rt. 42. Fica impedido de exercer o m andato o profissional a quem


forem aplicadas as sanções disciplinares de suspensão ou exclusão.

A rt. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares pres­


creve em cinco anos, contados da d a ta da constatação oficial do fato.
§ 1- — Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado
por m ais de três anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser
arquivado de oficio, ou a requerim ento da parte interessada, sem prejuí­
zo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.
§ y — A prescrição interrom pe-se:
I — pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação vá­
lida feita diretam ente ao representado;
II — pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão ju lg a­
dor da OAB.

29

204
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

TÍTULO II
DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

CAPÍTULO I
DOS FIN S E DA ORGANIZAÇÃO

A rt. 44. A Ordem dos Advogados do B rasil — OAB, serviço público,


dotada de personalidade jurídica e form a federativa, tem por finalidade:
I — defender a Constituição, a òrdem ju ríd ic a do E stado dem ocrá­
tico de direito, os direitos hum anos, a ju stiç a social, e p u g n ar p ela boa
aplicação das leis, pela rápida adm inistração da justiça e pelo aperfeiçoa­
m ento da cu ltu ra e das instituições jurídicas;
II — promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a sele­
ção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
§ 1- — A OAB n ão m antém com órgão d a A dm in istração P ública
q u alquer vínculo funcional ou hierárquico.
§ 22 — 0 uso da sigla “OAB” é privativo da Ordem dos Advogados do
B rasil.

A rt. 45. São órgãos d a OAB:


I — o Conselho Federal;
II — os Conselhos Seccionais;
III — as Subseções;
IV — as C aixas de A ssistência dos Advogados.
§ 1- — 0 Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria,
com sede n a capital d a República, é o órgão suprem o d a OAB.
§ 22 — Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade ju ríd ica
própria, têm jurisdição sobre os respectivos territórios dos Estados-mem-
bros, do D istrito F ederal e dos 'Iterritórios.
§ 32 — As Subseções são p a rte s autônom as do Conselho Seccional,
n a form a d esta Lei e de seu ato constitutivo.
§ 42 — As C aixas de A ssistência dos Advogados, dotadas de perso­
n alidade juríd ica própria, são criadas pelos Conselhos Seccionais, q u an ­
do estes contarem com m ais de m il e quinhentos inscritos.
§ 52 — A OAB, por constituir serviço público, goza de im unidade tr i­
b u tá ria to ta l em relação a seus bens, ren d as e serviços.
§ 62 — Os atos conclusivos dos órgãos da OAB, salvo quando rese r­
vados ou de adm inistração interna, devem ser publicados na im prensa ofi­
cial ou afixados no fórum , n a ín teg ra ou em resum o.

30

205
_______________ H is tn ria da
Ordem dos Advogados do Brasil ]

A rt. 46. Compete à OAB fixar e cobrar, de seus inscritos, contribui­


ções, preços de serviços e m ultas.
P arágrafo único — C onstitui títu lo executivo extraju d icial a certi­
dão passada pela diretoria do Conselho competente, relativa a crédito pre­
visto neste artigo.

A ri. 47. 0 pagamento da contribuição anual à OAB ise n ta os inscri­


tos nos seus quadros do pagam ento obrigatório da contribuição sindical.

A rt. 48. 0 cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de órgão


da OAB é de exercício g ratu ito e obrigatório, considerado serviço públi­
co relevante, inclusive p ara fi.is de disponibilidade e aposentadoria.

A rt. 49. Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB têm


legitimidade p ara agir, judicial e extrajudicialmente, contra qualquer pes­
soa que infrin g ir as disposições ou os íins desta Lei.
P arágrafo único — As autoridades mencionadas no c a p u t deste a r­
tigo têm , ainda, legitim idade p a ra in terv ir, inclusive como assisten tes,
nos inquéritos e processos em que sejam indiciados, acusados ou ofendi­
dos 08 inscritos n a OAB.

A rt. 50. P ara os fins desta Lei, os Presidentes dos Conselhos d a OAB
e das Subseções podem requisitar cópias de peças de autos e documentos
a qualquer tr ib u n a l, m a g is tra d o , c a r tó r io e órgão^) da Administração
Pública d ireta, in d ire ta e fundacional.

CAPÍTULO II
DO CONSELHO FEDERAL

A rt. 51. O Conselho F ederai compõe-se:


I — dos conselheiros federais, integrantes das delegações de cada uni­
dade federativa;
II — dos seus ex-presidentes, n a qualidade de membros honorários
vitalícios.
§ 1- — Cada delegação é form ada por tr ê s conselheiros federais.
§ 2s — Os ex-presidentes têm direito apen as a voz n as sessões.

(*) AD In n - 1.127-8, S u sp en sa a eficácia da expressão pelo STF, em medida liminar.

31

206
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

Art. 52. Os presidentes dos Cot^elhos Secdoaais, tiaa sessões do Con­


selho F ederal, têm lu g a r reservado ju n to à delegação respectiva e d irei­
to som ente a voz.

A ri. 53. 0 Conselho Federal tem su a e s tru tu ra e funcionam ento de­


finidos no R egulam ento G eral d a OAB.
§ 12 — O Presidente, nas deliberações do Conselho, tem apenas o vo­
to de qualidade.
§ 22 — 0 voto é tom ado por delegação, e n âo pode se r exercido n a s
m a té ria s de in te re sse d a u nidade que represente.

A rt. 54. Com pete ao Conselho Federal:


I — d a r cum prim ento efetivo às fin alid ad es d a OAB;
II — representar, era juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou in ­
d iv iduais dos advogados;
III — v e la r pela dignidade, independência, p rerro g a tiv a s e v alo ri­
zação d a advocacia;
rV — re p re se n ta r, com exclusividade, os advogados b rasileiro s nos
órgãos e eventos in tern ac io n ais d a advocacia;
V — ed itar e a lte ra r o Regulam ento G eral, o Código de É tica e D is­
ciplina, e os Provim entos que ju lg a r necessários;
VI — a d o ta r m edidas p a ra asse g u ra r o re g u la r funcionam ento dos
Conselhos Seccionais;
VII — in te rv ir nos Conselhos Seccionais, onde e q u ando c o n statar
g rave violação d e sta Lei ou do R egulam ento G eral;
V III — c a ssa r ou m odificar, de ofício ou m e d ian te rep rese n ta ção ,
qualquer ato, de órgão ou autoridade da OAB, contrário a esta Lei, ao Re­
gulam ento G eral, ao Código de É tica e Disciplina, e aos Provim entos, ou­
vid a a au to rid ad e ou o órgão em causa;
IX — ju lg a r, em g rau de recurso, as questões decididas pelos Con­
selhos Seccionais, nos casos previstos n este E sta tu to e no R egulam ento
G eral;
X — dispor sobre a identificação dos inscritos n a OAB e sobre os res­
pectivos sím bolos privativos;
XI — apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as con­
ta s de s u a diretoria;
X II — hom ologar ou m a n d ar s u p rir relató rio an u al, o balanço e as
contas dos C onselhos Seccionais;

32

207
_______________ H isfn riA da
Ordem dos Advogados do Brasil

X III — elaborar as listas constitucionalmente previstas, p ara o preen­


chim ento dos cargos nos trib u n a is judiciários de âm bito nacional ou in ­
te re sta d u al, com advogados que estejam em pleno exercício d a profissão,
vedada a inclusão de nom e de m em bro do próprio Conselho ou de outro
órgão d a OAB;
XIV — ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de norm as legais
e atos normativos, ação civil pública, m andado de segurança coletivo, m an­
dado de iiyunção e demais ações cuja legitimação lhe seja o u to i^ d a por lei;
XV — colaborar com o aperfeiçoam ento dos cursos ju ríd ico s, e opi­
n ar, previam ente, nos pedidos apresentados aos órgãos com petentes p a ­
r a criação, reconhecim ento ou credenciam ento desses cursos;
XVI — au to rizar, pela m aioria absoluta das delegações, a oneração
ou alienação de seus bens imóveis;
XVII — participar de concursos públicos, nos casos previstos n a Cons­
tituição e n a lei, em todas as suas fases, quando tiverem abrangência n a ­
cional ou in te re sta d u a l;
XVIII — resolver os casos omissos n este E statu to .
P arágrafo único — A intervenção referida no inciso V II d este a r ti­
go depende de prévia aprovação por dois terços das delegações, g a ra n ti­
do 0 am plo direito de defesa do Conselho Seccional respectivo, nom ean­
do-se d ire to ria provisória p a ra o p razo q ue se flzar.
Art. 55. A diretoria do Conselho Federal é composta de um Presiden­
te, de um Vice-Presidente, de um Secretário-G eral, de um Secretário-Ge-
r a l A djunto e de um Tbsoureiro.
§ 1' — O P re sid en te exerce a rep resen tação nacional e in tern ac io ­
n al da OAB, com petindo-lhe convocar o Conselho Federal, presidi-lo, re ­
presentá-lo a tiv a e passivam ente, em juízo ou fora dele, prom over-lhe a
adm in istração p atrim o n ia l e d a r execução às su a s decisões.
§ 22 — O R egulam ento G eral define as atribuições dos m em bros da
D iretoria e a ordem de substituição em caso de vacância, licença, falta ou
im pedim ento.
§ 3S — N as deliberações do Conselho F ederal, os m em bros d a d ire­
to ria votam como m em bros de su a s delegações, cabendo ao P resid en te,
apenas o voto de qualidade e o direito de em bargar a decisão, se esta não
for unânim e.
CAPÍTULO III
DO CONSELHO SECCIONAL
A rt. 56. O Conselho Seccional compõe-se de conselheiros em núm e­
ro proporcional ao de seus inscritos, segundo critérios estabelecidos no Re-
gulam ento Geral.

33

206 «ÁB
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 12 — São m em bros honorários vitalícios os seus ex-presidentes, so­


m e n te com d ire ito a voz em su a s sessões.
§ 22 — O P resid en te do In stitu to dos Advogados local é m em bro ho­
n o rário , som en te com d ireito a voz n a s sessões do Conselho.
§ 3« — Q uando presen tes às sessões do Conselho Seccional, o P re si­
d en te do Conselho F ederal, os Conselheiros F ederais in te g ra n te s d a re s ­
p ec tiv a delegação, o P re sid e n te da C aixa de A ssistên cia dos Advogados
e os P re sid e n te s d a s S ubseções, tê m d ireito a voz.

A rt. 57. 0 Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo te r r i­


tório, as com petências, vedações e funções a trib u íd a s ao Conselho F ede­
ral, no que couber e no âm bito de su a com petência m a terial e te rrito ria l,
e as norm as gerais estabelecidas n esta Lei, no Regulam ento G eral, no Có­
digo de É tic a e D isciplina, e nos Provim entos.

A rt. 58. C om pete p riv a tiv a m e n te ao C onselho Seccional:


I — e d ita r seu R egim ento In te rn o e Resoluções;
II — c r ia r as Subseções e a C aixa de A ssistên cia dos A dvogados;
III — ju lg ar, em g rau de recurso, as questões decididas por seu P re ­
sid e n te , po r su a d ireto ria , pelo I tib u n a l de É tic a e D isciplina, p elas d i­
re to ria s d a s S ubseções e d a C aixa de A ssistên cia dos Advogados;
IV — fisca liz ar a aplicação d a receita, a p re c ia r o rela tó rio a n u a l e
d elib erar sobre o balanço e as contas de su a diretoria, d as d ireto rias das
Subseções e d a C aixa de A ssistên cia dos Advogados;
V — fix ar a ta b ela de honorários, válida p a ra todo o te rritó rio e s ta ­
dual;
VI — r e a liz a r o E xam e de Ordem ;
VII — decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e es­
ta g iário s;
V III — m a n te r ca d astro de seus inscritos;
IX — fixar, a lte ra r e receber contribuições obrigatórias, preços de ser­
viços e m u lta s;
X — p a rtic ip a r d a elaboração dos concursos públicos, em to d a s as
su a s fases, nos casos prev isto s n a C onstituição e n a s leis, no âm bito do
seu te rritó rio ;
XI — d e te rm in a r, com exclusividade, critério s p a ra o tra je dos a d ­
vogados, no exercício profissional;
X II — a p ro v a r e m odificar seu orçam ento anual;

34

•AB 209
_______________ H ifitó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

X III — definir a composição e o funcionam ento do IH b u n al de É ti­


ca e D isciplina, e escolher seus membros;
XIV — eleger as listas, constitucionalm ente p rev istas, p a ra p reen ­
chim ento dos cargos nos trib u n a is judiciários, no âm bito de su a compe­
tência e n a form a do Provim ento do Conselho Federal, vedada a inclusão
de m em bros do próprio Conselho e de qu alq u er órgão d a OAB;
XV — intervir nas Subseções e n a Caixa de Assistência dos Advogados;
XVI — desem penhar o u tras atribuições p rev istas no R egulam ento
G eral.

A rt. 59. A d iretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica


e atribuições equivalentes às do Conselho Federal, n a form a do Regimen­
to In tern o daquele.

CAPÍTULO IV
DA SUBSEÇÃO

A rt. 60. A Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccional, que 3-
za su a á re a te rrito ria l e seus lim ites de com petência e autonom ia.
§ 1- — A áre a territorial da Subseção pode abranger um ou m ais m u­
nicípios, ou p a rte de município, inclusive da capital do E stado, contanto
com um mínimo de quinze advogados, nela profissionalmente domiciliados.
§ 2- — A Subseção é ad m in istra d a por um a d ireto ria, com a trib u i­
ções e composição equivalentes às d a d ireto ria do Conselho Seccional.
§ 3- — Havendo m ais de cem advogados, a Subseção pode s e r in te ­
grada, também, por um Conselho em número de membros fixado pelo Con­
selho Seccional.
§ 42 — Os quantitativ o s referidos nos parágrafos prim eiro e tercei­
ro d este artigo podem se r am pliados, n a form a do Regimento In tern o do
Conselho Seccional.
§ 5- — Cabe ao Conselho Seccional fixar, em seu orçamento, dotações
específicas d estin a d as à m anutenção das Subseções.
§ 62 — 0 Conselho Seccional, m ediante o voto de dois terços de seus
membros, pode intervir n as Subseções, onde constatar grave violação des­
ta Lei ou do Regim ento In tern o daquele.

A rt. 61. Com pete à Subseção, no âm bito de seu território:


I — d ar cum prim ento efetivo às finalidades da OAB;
II — velar pela dignidade, independência e valorização da advoca­
cia, e fazer v aler as p rerro g ativ as do advogado;

35

210
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

III — r e p r e s e n ta r a OAB p e ra n te os poderes co n stitu íd o s;


IV — d e sem p e n h ar as atrib u içõ es p re v ista s no R egulam ento G eral
ou p o r delegação d e com petência do C onselho Seccional.
P arág rafo único — Ao C onselho d a Subseção, quan d o houver, com­
p e te exercer as funções e atribuições do Conselho Seccional, n a form a do
R egim ento In te rn o d este, e ain d a:
a) ed itar seu Regimento Interno, a ser referendado pelo Conselho Sec­
cional;
b) e d ita r resoluções, no âm bito de s u a com petência;
c) in s ta u r a r e in s tru ir processos disciplinares, p a ra ju lg am e n to p e ­
lo T rib u n al d e É tic a e D isciplina;
d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário,
in stru in d o e em itindo parecer prévio, p a ra decisão do Conselho Seccional.

CAPÍTULO V
DA CAIXA DE A SSIST Ê N C IA DOS ADVOGADOS

A rt. 62. A C aixa de A ssistên cia dos Advogados, com p erso n a lid a d e
ju ríd ic a p ró p ria , d estin a -se a p re s ta r assistê n cia aos in scrito s no C onse­
lho S eccional a qu e se vincule.
§ 1- — A C aixa é criada e adquire personalidade ju ríd ic a com a apro­
v ação e re g istro d e se u E s ta tu to pelo resp ectiv o C onselho S eccional d a
OAB, n a form a do R egulam ento G eral.
§ 22 — A C aixa pode, em benefício dos advogados, prom over a segu­
rid a d e com plem entar.
§ 32 — C om pete ao C onselho Seccional fíx a r contribuição o b rigató­
r ia d evida po r seus inscritos, d estin a d a à m anutenção do disposto no p a ­
rág rafo an terio r, in cid en te sobre ato s d ecorrentes do efetivo exercício d a
advocacia.
§ 42 — A d ireto ria d a C aixa é com posta de cinco m em bros, com a tr i­
buições d efin id as no se u R egim ento In tern o .
f 5^ — C abe à C aixa a m etade d a receita das anuidades recebidas pe­
lo C onselho Seccional, considerado o v a lo r r e s u lta n te após as deduções
r e g u la m e n ta re s obrigatórias.
§ 62 — E m caso de extinção ou desativ ação d a C aix a, seu p a trim ô ­
n io se in c o rp o ra ao do C onselho Seccional respectivo.
I 72 _ o C onselho Seccional, m e d ia n te voto de dois terço s de seu s
m em bros, pode in te rv ir n a C aixa de A ssistência dos Advogados, no caso
de descum prim ento de su a s finalidades, designando d ireto ria provisória,
e n q u a n to d u r a r a in tervenção.

36

277
____________Hianria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

CAPÍTULO VI
DAS ELEIÇÕES E DOS MANDATOS

A rt. 63. A eleição dos membros de todos os órgãos d a OAB se rá re a ­


lizada n a segunda quinzena do mês de novembro, do últim o ano do m an ­
dato, m ediante cédula única e votação direta dos advogados reg u larm en ­
te inscritos.
§ 1- — A eleição, n a forma e segundo os critérios e procedimentos es­
tabelecidos no R egulam ento G eral, é de com parecim ento obrigatório p a ­
ra todos os advogados in scritos n a OAB.
§ 22 — O candidato deve com provar situação re g u la r ju n to à OAB,
não ocupar cargo exonerável a d n u tu m , não te r sido condenado p o r in-
tração disciplinar, salvo reabilitação, e exercer efetivam ente a profissão
m ais de cinco anos.

A ri. 64. Consideram -se eleitos os candidatos in te g ra n te s d a chapa


que obtiver a m aioria dos votos válidos.
§ !• — A chapa p ara o Conselho Seccional deve ser composta dos can­
didatos ao Conselho e à su a D iretoria e, ainda, à delegação ao Conselho
F ed eral e à D ireto ria d a C aixa de A ssistência dos Advogados p a r a elei­
ção conjunta.
§ 2^ — A chapa p a ra a Subseção deve ser composta com os candida­
tos à d ireto ria , e de seu Conselho quando houver.

A rt. 65. O m andato em qu alq u er órgão d a OAB é de trê s anos, in i­


ciando-se em prim eiro de ja n e iro do ano seg u in te ao d a eleição, salvo o
Conselho F ederal.
Parágrafo único — Os conselheiros federais eleitos iniciam seus m an­
d atos em prim eiro de fevereiro do ano seg u in te ao d a eleição.

A rt. 6 6 Extingue-se o m andato autom aticam ente, an tes do seu té r­


mino, quando:
I — ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou d e li­
cenciam ento do profissional;
II — o titu la r sofrer condenação disciplinar;
III — 0 titu la r fa lta r, sem motivo justificado, a tr ê s reuniões ordi­
n ária s consecutivas de cada órgão deliberativo do Conselho ou d a direto­
ria da Subseção ou da Caixa de A ssistência dos Advogados, não podendo
se r reconduzido no mesmo período de m andato.

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2 /2
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

P arág rafo único — E xtinto qu alq u er m andato, n a s h ip ó teses d este


artigo, cabe ao Conselho Seccional escolher o substituto, caso não h aja su­
p len te.

A rt. 67. A eleição da D iretoria do Conselho Federal, que to m ará pos­


se no d ia de fevereiro, obedecerá às se g u in tes reg ras;
I — se rá adm itido registro, ju n to ao C onselho F ed eral, de can d id a­
tu r a à presid ên cia, desde seis m eses a té um m ês a n te s d a eleição;
II — o requerim en to de reg istro deverá v ir acom panhado do apoia-
m ento de, no m ínim o, seis Conselhos Seccionais;
III — a té um m ês an tes d as eleições, deverá sex requerido o registro
da chapa com pleta, sob pena de cancelam ento d a ca n d id atu ra respectiva;
IV — no dia 25 de janeiro, proceder-se-á, em todos os Conselhos Sec­
cionais, à eleição d a D iretoria do Conselho F ederal, devendo o P resid en ­
te do Conselho Seccional com unicar, em trê s dias, à D ireto ria do Conse­
lho F ed era l, o re su lta d o do pleito;
V — de posse dos resu ltad o s d as Seccionais, a D ireto ria do Conse­
lho F ederal procederá à contagem dos votos, correspondendo à cada Con­
selho Seccional um voto, e p ro clam ará o resu ltad o .
Parágrafo único — Com exceção do candidato a Presidente, os dem ais
in te g ra n te s d a ch a p a deverão s e r conselheiros fed e ra is eleitos.

TÍTU LO III
DO PRO CESSO NA OAB

CAPÍTULO I
D ISPO SIÇ Õ ES GERAIS

A rt. 68. Salvo disposição em contrário, aplicam -se subsidiariam en-


te ao processo disciplinar as regras d a legislação processual p enal comum
e, aos dem ais processos, as reg ras gerais do procedim ento a d m in is tra ti­
vo com um e d a legislação processual civil, n e ssa ordem .

A rt. 69. Ibdos os prazos necessários à m anifestação de advogados,


estagiários e terceiros, nos processos em geral da OAB, são de quinze dias,
in clusive p a ra interposição de recursos.
§ 12 — Nos casos de com unicação por ofício reservado, ou de n otifi­
cação pessoal, 0 p razo se conta a p a r tir do d ia ú til im ed iato ao d a n o ti­
ficação do recebim ento.

38

•Ál 213
_______________ H is tó ria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 2? — Nos casos de publicação n a im prensa oficial do ato ou da de­


cisão, 0 prazo inicia-se no prim eiro d ia ú til seguinte.

CAPÍTULO II
DO PROCESSO DISCIPLINAR

A rt. 70. O po d er de p u n ir d isc ip lín a rm e n te os in sc rito s n a OAB


com pete exclusivam ente ao Conselho Seccional em cuja base te rrito ria l
te n h a ocorrido a infração, salvo se a fa lta for com etida p e ra n te o Con­
selho F ed eral.
2 — Cabe ao IVibunai de É tica e D isciplina, do Conselho Seccional
com petente, ju lg ar os processos disciplinares, instruídos pelas Subseções
ou por relato res do próprio Conselho.
§ gs — A decisão condenatória irrecorrível deve se r im ed iatam en te
com unicada ao Conselho Seccional onde o representado te n h a inscrição
principal, p a ra constar dos respectivos assentam entos.
§ 3» — 0 THbunai de É tica e D isciplina do Conselho onde o acu sa­
do te n h a inscrição principal pode suspendê-lo p reventivam ente, em ca­
so de repercussão prejudicial à dignidade da advocacia, depois de ouvi-
lo em sessão especial p a ra a qual deve se r notificado a com parecer, sal­
vo se não aten d e r à notificação. N este caso, o processo d iscip lin ar deve
ser concluído no prazo máximo de n o venta dias.

A rt. 71. A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fa­


to constituir crime ou contravenção, deve ser comunicado às autoridades
com petentes.

A rt. 72. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou m ediante re­


presentação de qu alq u er au toridade ou pessoa in teressa d a.
§ 1» — o Código de É tica e D isciplina estabelece os critérios de ad­
m issibilidade d a rep resen tação e os procedim entos disciplinares.
§ 22 — O processo disciplinar tra m ita em sigilo, a té o seu térm ino,
só tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores e a auto­
ridade ju d ic iá ria com petente.

A rt. 73. Recebida a representação, o P residente deve designar re la ­


tor, a quem compete instrução do processo e o oferecimento de parecer pre­
lim in ar a ser subm etido ao IV ibunal de É tica e D isciplina.
§ 12 — Ao representado deve se r assegurado amplo direito de defe­
sa. podendo acom panhar o processo em todos os term os, pessoalm ente ou

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2 /4
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

p o r in term éd io d e p rocurador, oferecendo defesa p rév ia ap ó s s e r n o tifi­


cado, razõ es fin ais após a in stru ç ã o e defesa o ral p e ra n te o T H bunal d e ■
É tic a e D isciplina, po r ocasião do ju lg am en to .
§ 22 — Se, após a defesa prévia, o re la to r se m an ifesta r pelo indefe- ]
rim en to lim in a r d a rep resen tação , este deve se r decidido pelo P re sid en - j
te do C onselho Seccional, p a r a d e te rm in a r seu arq u iv am en to . ;
§ 3 “ — O p raz o p a ra defesa p ré v ia pode s e r p rorro g ad o p o r m otivo j
re le v a n te , a ju ízo do re la to r. j
§ 4S — Se o re p re se n ta d o n ão for encontrado, ou for rev el, o P re si- >
d e n te do C onselho ou d a S ubseção deve d esig n ar-lh e d efen so r d ativo; j
§ 52 — É tam bém perm itida a revisão do processo disciplinar, p o r er- |
ro d e ju lg a m e n to ou po r condenação b asea d a em f a ls a p ro v a. |
!
A r t. 74. O C onselho Seccional pode a d o ta r as m ed id as a d m in istra - :
tiv as e judiciais p ertin en tes, objetivando a que 0 profissional suspenso ou i
excluído devolva os docum entos de identificação. :

CAPÍTULO III I
DOS REC U R SO S í

A rt. 75. C abe recu rso ao Conselho F ed eral de to d a s as decisões de- ]


finitivas proferidas pelo Conselho Seccional, quando não ten h am sido u n â ­
n im es ou, sendo u n ân im es, contrariem e s ta Lei, decisão do Conselho Fe- j
deral ou de outro Conselho Seccional e, ainda, o R egulam ento G eral, 0 Có- ?
digo de É tic a e D isciplina e os P rovim entos. :
P arág rafo único — Além dos interessados, 0 P resid en te do Conselho
S eccional é leg itim ad o a in te rp o r o recu rso referido n e s te artig o . i

A rt. 76. Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões pro- }


fe rid a s p o r seu P re sid e n te , pelo T H bunal d e É tic a e D isciplina, ou p ela
d ire to ria d a S ubseção ou d a C aixa de A ssistên cia dos Advogados.

A rt. 77. 'D>do8 os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando tr a ­


ta re m de eleições (a rts. 63 e seguintes), de su spensão p rev en tiv a decidi­
d a pelo "Dibunal de É tica e D isciplina, e de cancelam ento d a inscrição ob­
tid a com fa lsa prova.
P arág rafo único — O R egulam ento G erai discip lin a o cabim ento de
rec u rso s específicos, no âm bito de cada órgão ju lg ad o r.

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•áb 2 /5
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

TÍTULO IV
DAS D ISPO SIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

A rt. 78. Cabe ao Conselho F ederal d a OAB, por deliberação de dois


terços, pelo menos, das delegações, ed itar o Regulamento G eral deste Es­
ta tu to , no p razo de seis m eses, contados d a publicação d e s ta Lei.

A ri. 79. Aos servidores d a OAB, aplica-se o regim e tra b a lh ista .


§ 12 — Aos servidores da OAB, sujeitos ao regim e d a Lei n : 8.112, de
11 de dezem bro de 1990, é concedido o direito de opção pelo regim e tr a ­
balhista, no prazo de noventa dias a p a rtir da vigência d e sta Lei, sendo
assegurado aos optantes o pagam ento de indenização, quando d a aposen­
tadoria, correspondente a cinco vezes o valor d a ú ltim a rem uneração.
§ 2s — Os servidores que não optarem pelo regim e tra b a lh ista serão
posicionados no quadro em extinção, assegurado o direito adquirido ao re­
gime legal an terio r.

A rt. 80. Os Conselhos Federal e Seccionais devem promover trienal-


m ente as respectivas C onferências, em d a ta n ão coincidente com o ano
eleitoral, e, periodicam ente, reunião do colégio de presidentes a eles v in­
culados, com finalidade consultiva.

A rt. 81. N ão se aplicam aos que ten h am assum ido originariam ente
o cargo de P residente do Conselho Federal ou dos Conselhos Seccionais,
• té a d ata d a publicação desta Lei, as norm as contidas no Título II, acer­
ca d a composição desses Conselhos, ficando assegurado o pleno direito de
voz e voto em su a s sessões.

A rt. 82. Aplicam-se as alterações previstas n esta Lei, quanto a m an­


datos, eleições, composições e atribuições dos órgãos d a OAB, a p a rtir do
térm ino do m andato dos a tu a is membros, devendo os Conselhos Federa]
e Seccionais disciplinarem os respectivos procedim entos de adaptação.
P arágrafo único — Os m andatos dos m em bros dos órgãos d a OAB,
eleitos n a p rim eira eleição sob a vigência d esta Lei, e n a form a do Capí­
tulo VI do T ítu lo II, te rã o início no d ia seg u in te ao térm in o dos a tu a is
m andatos, encerrando-se em 31 de dezem bro do terceiro ano do m an d a­
to e em 31 de janeiro do terceiro ano do m andato, neste caso com relação
ao Conselho F ederal.

A rt. 83. Não se aplica o disposto no a rt. 28, inciso II, d esta Lei, aos
m em bros do M inistério Público que, n a d a ta de prom ulgação d a C onsti­
tuição, se incluam n a previsão do art. 29, § 3-, do seu Ato das Disposições
C onstitucionais T ransitórias.

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216
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 84. O estagiário, inscrito no respectivo quadro, fica d isp e n sa­


do do Exame da Ordem, desde que comprove, em até dois anos d a promul­
gação d e sta Lei, o exercício e resultado do estágio profissional ou a con­
clusão, com aproveitam ento, do estágio de “P rá tic a F orense e O rganiza­
ção Ju d ic iá ria ”, realizado ju n to à respectiva faculdade, n a form a d a le­
gislação em vigor.

A ri. 85. O Instituto dos Advogados Brasileiros e as instituições a ele


filiadas têm qualidade p ara promover p era n te a OAB o que ju lg arem do
in te re sse dos advogados em geral ou de qu alq u er dos seus m em bros.

A rt. 86. E sta Lei e n tra em vigor n a d a ta de su a publicação.

A ri. 87. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a Lei


n : 4.215, de 27 de abril de 1963, a Lei 5.390, de 23 de fevereiro de 1968,
0 Decreto-lei n- 505, de 18 de m arço de 1969, a Lei 5.681, de 20 de ju ­
lho de 1971, a Lei n- 5.842, de 6 de dezem bro de 1972, a Lei nS 5.960, de
10 de dezem bro de 1973, a Lei n: 6.743, de 5 de dezem bro de 1979, a Lei
n2 6.884, de 9 de dezembro de 1980, a Lei 6.994, de 26 de maio de 1982,
m an tidos os efeitos d a Lei n- 7.346, de 22 de ju lh o de 1985.
B rasília, 4 de julho de 1994; 1732 da Independência e 1062 da Repú­
blica.
ITAMAR FRANCO
A lexandre de P au la D u p ey rat M artin s

42

277
_______________ H is to ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

A rt. 5-. Tbdos sâo iguais p era n te a lei, sem distinção de qu alq u er n a ­
tu reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resid en tes no P aís
a in v io lab ilid a d e do d ire ito à vida, à lib erd ad e, à ig u a ld ad e , à s e g u ra n ­
ça e à p ro p rie d a d e , nos te rm o s se g u in te s:
(...)
X III — é liv re o exercício de q u a lq u e r tra b a lh o , ofício ou profissão,
a te n d id a s as qualificações p ro fissio n ais q ue a le i estab elecer;
(...)
LIV — ninguém se rá privado d a liberdade ou de seus bens sem o de­
vido processo legal;
LV — aos litig a n te s , em processo ju d ic ia l ou a d m in istra tiv o , e aos
acusados em g e ra l são asseg u rad o s o co n tra d itó rio e am p la d efesa, com
os m eios d e re c u rso s a e la in e re n te s;
(. ..)
LX III — o preso se rá inform ado de seus direitos, e n tre os q u ais o de
perm anecer calado, sendo-lhe asseg u rad a a assistência d a fam ília e de ad ­
vogado;
(. . . )
LXXIV — 0 E sta d o p r e s ta r á a s sistê n c ia ju ríd ic a in te g r a i e g r a tu i­
t a aos q u e com provarem in su fic iên c ia de recu rso s;
(...)

A r t. 22. C om pete p riv a tiv a m e n te à U nião le g is la r sobre:


(...)
XVI — organização do sistem a nacional de em prego e condições p a ­
r a 0 exercício d a s profissões;

A r t. 92. S ão órgãos do P o d er Judiciário:


I — 0 S u p rem o T H bunal F ed eral;

43

218 9à!Ê
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

II — o S u p erio r T tib u n al de Ju stiç a ; j


I II — 08 T H bunais R egionais F e d e ra is e Ju iz e s F e d e ra is; |
IV — os IH b u n a is e Ju iz e s do TVabalho; !
V — 08 T H bunais e Ju iz e s E leito rais; ■
VI — 08 TVibunais e Ju iz e s M ilitares;
V II — os THbunais e Ju iz es dos E stados e do D istrito F ed eral e Tfer-
ritóH os.
(...)

A r t. 93. Lei com plem entar, de in icia tiv a do S uprem o T H bunal F e­


d era l, d isp o rá sobre o E s ta tu to d a M a g istra tu ra , observados os se g u in ­
te s p rincípios: |
I — ing resso n a c a rre ira , cujo cargo inicial s e rá o de ju iz su b stitu - :
to, a tra v é s de concurso público de provas e títulos, com a participação d a \
O rdem dos A dvogados do B ra sil em to d a s as su a s fase s, obedecendo-se, |
n a s nom eações, à ordem de classificação; ]
(...) í
A rt. 94. Um q u in to dos lu g a re s dos TH bunais R e ^ o n a is F ed era is, |
dos T H bunais dos E stad o s, e do D istrito F ed era l e Tferritórios s e rá com- ;
posto de m em bros, do M in istério P úblico, com m a is de dez an o s de car- ;
reira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com |
m ais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêx- J
tu p la pelos órgãos de rep re se n ta ç ã o d a s resp e ctiv as classes.
(...) i
A rt. 98. A U nião, no D istrito F ederai e nos 'Iferritórios, e os E stad o s ]
criarão :
I — juizados especiais, providos por ju izes togados, ou togados e lei­
gos, com petentes p a ra a conciliação, o julgam ento e a execução de causas
cíveis de m enor com plexidade e infrações penais de m enor potencial ofen­
sivo, m e d ian te os procedim entos o ral e sum aríssim o, p erm itid o s, n a s h i­
póteses p rev istas em lei, a tran sa çã o e o julgam ento de recu rso s p o r tu r ­
m a s de ju iz e s de p rim e iro grau;
II — ju s tiç a de paz, re m u n e ra d a , com posta de cidadãos eleito s p e­
lo voto direto, u n iv ersal e secreto, com m an d ato de q u atro anos e compe­
tê n c ia p a ra , n a form a d a lei, celeb rar casam entos, v erificar, de ofício ou
em face de im pugnação ap re se n ta d a , o processo de h ab ilitaçã o e exercer
atribuições conciliatórias, sem c a rá te r ju risdicional, além de o u tra s p re ­
v is ta s n a legislação.
(...)

44

•Al 2/9
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 103. Podem propor a ação de in constitu cio n alid ad e:


( .. .)
V II — 0 C onselho F ed era l d a O rdem dos A dvogados do B rasil;
(...)

A rt. 104. O S uperior TH bunal de J u s tiç a compõe-se de, no m ínim o,


t r in ta e tr ê s M inistros.
P arágrafo único — Os M inistros do S uperior 'fribunal de J u stiç a se­
rão nom eados pelo P resid en te d a R epública, d en tre b rasileiros com m ais
de tr in ta e cinco e m enos de se sse n ta e cinco anos, de n o táv el sa b e r j u ­
rídico e rep u ta çã o ilibada, depois de aprovada a escolha pelo S enado F e­
d e ra l, sendo;
(...)
II — um terço, em p arte s iguais, dentre advogados e membros do Mi­
n istério Público F ed era l, E sta d u a l, do D istrito F ed eral e Iferritórios, a l­
te rn a d a m e n te , indicados n a form a do a r t. 94.
(...)

A rt. 107. O s TH bunais R egionais F ederais compõem-se de, no m ín i­


mo, sete juizes recrutados, quando possível, n a respectiva região e nom ea­
dos pelo P re sid e n te d a R epública d e n tre b rasileiro s com m ais de tr in ta
e m enos de se s s e n ta e cinco anos, sendo:
I — um quinto den tre advogados com m ais de dez anos de efetiva ati­
v idade p ro fissio n al e m em bros do M inistério P úblico F e d e ra l com m ais
de dez anos d e c a rre ira;
( ...)

A r t. 111. São órgãos d a J u s tiç a do TVabalho:


I — 0 T rib u n al S u p erio r do TVabalho;
II — os IV ibunais R egionais do TVabalho;
I II — a s J u n ta s d e C onciliação e Julg am en to .
§ 12 — O T ribunal S uperior do TVabalho com por-se-á de v in te e se­
te Ministros, escolhidos dentre brasileiros com m ais de trin ta e cinco e m e­
nos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo P residente da República após
aprovação pelo S enado F ed eral, sendo:
I — dezessete togados e vitalícios, dos q u ais onze escolhidos d en tre
juízes de c a rre ira d a m a g is tra tu ra tra b a lh is ta , tr ê s d e n tre advogados e
tr ê s d e n tre m em bros do M inistério Público do TVabalho;
( ... )

45

220 «AB
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 115. O s THbunais Regionais do TVabalho serão compostos de ju i­


zes n om eados pelo P re sid e n te d a R epública, sendo dois terço s de ju iz e s
togados vitalícios e um terço de ju izes classista s tem po rário s, observada,
e n tre os juizes togados, a proporcionalidade estabelecida no art. I l l , § 1^, I.
P arág rafo único — Os m ag istrad o s dos TH bunais R egionais do IVa-
b alh o serão:
(...)

II — advogados e m em bros do M inistério Público do TVabalho, obe­


decido o disp o sto no a r t. 94;
(...)

A rt. 119. O T ribunal S uperior E leitoral com por-se-á, no m inim o, de


se te m em bros, escolhidos:
(...)

II — por nom eação do P re sid e n te d a R epública, dois ju iz e s d e n tre


seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade m oral, indicados pe­
lo S u p rem o IH b u n a l F ed eral.
(...)

A r t. 120. H a v e rá um T ribunal Regional E le ito ral n a C a p ita l de c a ­


d a E sta d o e no D istrito F ed era l.
§ 1- — Os TVibunais R egionais E le ito ra is com por-se-ão:
(...)

III — por nomeação, pelo P residente d a República, de dois juizes den­


t r e seis advogados de no táv el sa b e r ju ríd ico e idon eid ad e m oral, in d ica­
dos pelo IH b u n a l de Ju stiç a .
(...)

A rt. 123. 0 S uperior TVibunal M ilita r com por-se-á de q uinze M inis­


tro s v italício s, nom eados pelo P re sid e n te d a R epública, depois de a p ro ­
v a d a a indicação pelo S enado F ederal, sendo tr ê s d e n tre oficiais-generais
d a M a rin h a , q u a tro d e n tre oficiais-generais do E xército, tr ê s d e n tre ofl-
d a is-g e n e ra is d a A eronáutica, todos d a a tiv a e do posto m ais elevado da
c a rre ira , e cinco d e n tre civis.
P arágrafo único — Os M inistros civis serão escolhidos pelo P residen­
te d a R epública d e n tre brasileiro s m aiores de tr in ta e cinco anos, sendo:
I — tr ê s d e n tre advogados de notório sa b e r ju ríd ico e conduta ilib a­
d a, com m a is d e dez anos de efe tiv a a tiv id a d e profissio n al;
(...)

46

2 2 /
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 129. São funções in stitu cio n ais do M inistério Público;


(...)

§ 3? — 0 ingresso n a carreira far-se-á m ediante concurso público de


provas e títulos, assegurada participação da Ordem dos Advogados do Bra-
til em su a realização, e observada, nas nomeações, a ordem de classifí-
caçáo.

• A rt. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamen*


I íe ou atrav és de órgão vinculado, rep rese n ta a U nião, judicial e e x tr^ u -
; ^ c ia lm e n te , cabendo-lhe, nos term os da lei com plem entar que d ispuser
«obre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e as-
se*soram ento jurídico do Poder Executivo.
§ 1- — A Advocacia-Geral d a União tem por chefe o Advogado-Geral
? ém U nião, de livre nom eação pelo P resid en te da República d e n tre cida-
- 4áos m aiores de tr in ta e cinco anos, de notável sa b er jurídico e re p u ta ­
ção ilibada.
§ 22 — O ingresso n as classes iniciais das carreiras d a instituição de
que tr a t a este artigo far-se-á m ediante concurso público de provas e tí-
y talo*.
í; ‘ § 32 — N a execução da dívida ativa de n atu re za trib u tá ria , a repre-
«entação d a U nião cabe à P rocuradoria-G eral d a F azen d a N acional, ob­
servado 0 disposto em lei.

jv A rt. 132. Os P rocuradores dos E stados e do D istrito F ed eral exer-


1' cerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas uni-
. dades federadas, organizados em ca rre ira n a q u al 0 ingresso dep en d erá
j de concurso público de provas e títulos, observado o disposto no a rt. 135.
(...)

A rt. 133. 0 advogado é indispensável à adm inistração da justiça, sen-


do inviolável por seus atos e m anifestações no exercício d a profissão, nos
tim ites d a lei.

A rt. 134. A D efensoria P ública é in stitu ição essencial à função ju-


risdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em
todos os g rau s, dos necessitados, n a form a do a rt. 5-, LXXIV.
P arág rafo único — Lei com plem entar o rg an izará a D efensoria P ú ­
blica d a U nião e do D istrito F ederal e dos Territórios e p rescrev erá n o r­

47

222
\ olume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

m as g erais p a ra s u a organização nos E stados, em cargos de ca rreira, pro­


vidos, n a classe inicial, m ediante concurso público de provas e títu lo s, as­
s e g u ra d a a se u s in te g ra n te s a g a r a n tia d a in a m o v ib ilid a d e e v ed ad o o
exercício d a advocacia fo ra d a s atrib u içõ es in stitu c io n a is.

48

223
_____________ Historia da
Ordem dos Advogados do Brasil

ANEXO II
Regulamento Geral da OAB

224 •Al
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

REGULAMENTO GERAL DO
ESTATUTO DA ADVOCACL^ E DA OAB >

Dispõe sobre o Regulamento Geral previsto na


Lei n- 8.906, de 04 de ju lh o de 1994.

O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO


BRASIL, no uso das atribuições conferidas pelos artigos 54, V, e 78 d a Lei
n : 8.906, de 04 de ju lh o de 1994,
RESOLVE:

TÍTULO I
DA ADVOCACIA

CAPÍTULO I
DA ATIVIDADE DE ADVOCACIA

Seção I
D a A tividade de Advocacia em G eral

A rt. IS. A atividade de advocacia é exercida com observância da Lei


n i 8.906/94 (Estatuto), deste Regulamento Geral, do Código de Ética e Dis­
ciplina e dos Provim entos.

A rt. 2S. O visto do advogado em atos constitutivos de pessoas ju rí­


dicas, indispensável ao registro e arquivam ento nos órgãos com petentes,
deve resultar da efetiva participação do profissional n a elaboração dos res­
pectivos instrum entos.
Parágrafo único. E stão impedidos de exercer o ato de advocacia re ­
ferido n este artigo os advogados que prestem serviços a órgãos ou e n ti­
dades da A dm inistração Pública direta ou indireta, da unidade fed erati­
va a que se vincule a J u n ta Comercial, ou a quaisquer repartições adm i­
n istra tiv a s com petentes p a ra o m encionado registro.

'*> IPnbUcâdo d o Diário da Juetiça, Seção l, do dia 16.11.94, p á g s. 31.210 a 31.220.

49

225
_______________ H i«;fória da
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 3&. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, sim ul­


ta n e a m e n te , como p atro n o e preposto do em pregador ou cliente.

A rt. 4?. A p rá tic a de atos privativos de advocacia, por profissionais


e sociedades não inscritos n a OAB, constitui exercício ilegal da profissão.
P arág rafo único. É defeso ao advogado p re sta r serviços de assesso-
r ia e consultoria jurídicas p a ra terceiros, em sociedades que não possam
se r re g istra d a s n a OAB.

A rt. 52. C onsidera-se efetivo exercício da ativ id ad e de advocacia a


participação an u a l m ínim a em cinco atos privativos previstos no artigo
1° do E sta tu to , em causas ou questões, d istin ta s.
P arágrafo único. A comprovação do efetivo exercício faz-se mediante;
a) certidão expedida por cartórios ou se c re ta ria s judiciais;
b) cópia a u te n tic a d a de atos privativos;
c) certidão expedida pelo órgão público no q u al 0 advogado exerça
função p riv a tiv a do seu ofício, indicando os ato s p raticados.

A rt. 6S. 0 advogado deve notificar o cliente d a ren ú n c ia ao m anda­


to (art. 52, § 3-, do E statuto), preferencialm ente m ediante c a rta com avi­
so de recepção, com unicando, após, o Juízo.

A rt. 7^. A função de d iretoria e gerência ju ríd icas em q u alq u er em­


p resa pública, privada ou p ara esta ta l, inclusive em instituições financei­
ras, é p riv ativ a de advogado, não podendo se r exercida por quem não se
enco n tre in scrito reg u la rm en te n a OAB.

A rt. 8?. A incom patibilidade prevista no art. 28, II, do E statu to , não
se aplica aos advogados que participam dos órgãos nele referidos, n a qua­
lid ad e de titu la re s ou suplentes, rep resen tan d o a classe dos advogados.
P arágrafo único. Ficam , en tretan to , impedidos de exercer a advoca­
cia p e ra n te os órgãos em que atu am , en q u an to d u ra r a in v e stid u ra.

Seção II
Da Advocacia Pública

A rt. 9S. Exercem a advocacia pública os integrantes d a Advocacia-Ge-


ra l d a União, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias J u ­
rídicas dos E stados, do D istrito F ederal, dos M unicípios, d as au tarq u ias

50

226 màM
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

e d as fundações públicas, estando obrigados à inscrição n a OAB, p a ra o


' exercício de su a s atividades.
P arágrafo único. Oa in te g ra n te s d a advocacia pública são elegíveis
i e podem in te g ra r q u alq u er órgão d a OAB

[ A ri. 10. Os in teg ran te s d a advocacia pública, no exercício de ativi-


dmde p riv ativ a p rev ista no art. 1- do E sta tu to , su jeitam -se ao regim e do

I
E statuto, deste Regulam ento G eral e do Código de É tica e D isciplina, in ­
clusive q u an to às infrações e sanções disciplinares.

Seção III
k Do Advogado E m pregado

I A rt. IL Com pete a sindicato de advogados e, n a su a falta, a federa-


I fáo ou confederação de advogados, a representação destes n as convenções
I coletivas celebradas com as entidades sindicais re p rese n ta tiv a s dos em-
I', pregadores, nos acordos coletivos celebrados com a em presa em pregado-
t r a e nos dissídios coletivos p e ra n te a Ju stiç a do Trabalho, aplicáveis às
K relações de trabalho.

r A rt. 12. C onsidera-se dedicação exclusiva a jo rn a d a de tra b a lh o do


I advogado em pregado que não u ltra p asse q u are n ta horas sem anais, pres-
f ta d a à em p resa em pregadora.
I § l i Prevalece a jo rn ad a com dedicação exclusiva, se este foi o regi-
me estabelecido no contrato individual de trab a lh o quando d a adm issão
í éo advogado no em prego, a té que seja a lte ra d a por convenção ou acordo
coletivo.
§ 2^ A jo rn ad a de trabalho p revista neste artigo não im pede o advo­
gado de exercer o u tra s atividades rem u n e ra d as, fora dela.

A rt. 13. Se não houver convenção ou acordo coletivo, prevalece a jor-


a a d a de tra b a lh o estab elecid a no a r t. 20 do E sta tu to .
P arágrafo único. Considera-se jo rn ad a norm al do advogado em pre­
gado, p a ra todos os efeitos legais, inclusive de não incidência d a rem u-
■e ra ç ã o adicional de que cuida o § 2- do a rt. 20 do E sta tu to , não só a fi­
xada em quatro horas diárias contínuas e vinte horas sem anais, m as tam-
[ bém aquela m aior, a té o m áxim o de oito h o ras d iá ria s e q u a re n ta h oras
•em an ais, desde que estip u la d a em decisão, a ju sta d a em acordo in d iv i­
d u al ou convenção coletiva, ou decorrente de dedicação exclusiva.

227
_______________ Hi<;tnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 14. Os honorários de sucumbência, por decorrerem precipuam en-


t e do exercício d a advocacia e só acid e n talm en te d a relação d e em prego,
não in te g ra m o sa lá rio ou a rem u n e ra çã o , n ão podendo, assim , s e r con­
sid e ra d o s p a r a efeitos tr a b a lh is ta s ou previd en ciário s.
P arág rafo único. Os honorários de sucum bência dos advogados em­
pregados con stitu em fundo comum, cuja d estin ação é decidida pelos p ro ­
fissio n a is in te g ra n te s do serviço ju ríd ic o d a e m p re sa ou p o r se u s rep re­
s e n ta n te s.

C A PÍTU LO II
DOS D IR EITO S E DAS PRERROGATIVAS

Seção I
D a D efesa J u d ic ia l dos D ireito s e d a s P re rro g a tiv a s

A r t. 16. C om pete ao P re s id e n te do C onselho F e d e ra l, do C onselho


Seccional ou d a Subseção, ao to m a r conhecim ento de fato q u e p o ssa cau­
sa r, ou que j á causou, violação de d ireitos ou p rerro g a tiv a s d a profissão,
a d o ta r as pro v id ên cias ju d ic ia is e e x tra ju d ic ia is cab ív eis p a r a p rev e n ir
ou r e s ta u r a r o im pério do E sta tu to , em su a p len itu d e, inclusive m edian­
te re p re se n ta ç ã o a d m in istra tiv a .
P arág rafo único. 0 P re sid en te pode d esig n ar advogado, investido de
p o d eres b a s ta n te s , p a r a as fin a lid a d e s d e ste artig o .

A rt. 16. N a hipótese de o fato im putado a advogado decorrer do exer­


cício d a profissão ou em raz ão desse exercício, ressa lv a d o a ele o d ireito
de escolha de patrono, o P re sid en te in te g ra a defesa, como a s s iste n te , no
inquérito ou processo em que seja indiciado, acusado ou ofendido o inscrito.

A r t. 17. C om pete ao P re sid e n te do C onselho ou d a Subseção re p re ­


s e n ta r c o n tra o resp o n sáv el po r abuso de au to rid ad e , quan d o con fig u ra­
d a hipótese de aten ta d o à g a ra n tia legal de exercício profissional, p rev is­
t a n a L ei n : 4.898, d e 09 d e dezem bro de 1965.

Seção II
Do D esagravo Público

A rt. K . 0 in sc rito n a OAB, quando ofendido com provadam ente em


raz ão do exercício profissional ou de cargo ou função d a OAB, te m d irei­
to ao d esagravo público prom ovido pelo C onselho Seccional, d e .ofício ou
a pedido de q u a lq u e r pessoa.

52

228 •Ái
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 1- C om pete ao re la to r, convencendo-se d a ex istê n cia de p ro v a ou


indicio de ofensa relacionada ao exercício d a profissão ou de cai^o d a OAB,
p ro p o r ao P re sid e n te qu e solicite inform ações d a pesso a ou au to rid a d e
o fensora, no p razo de quinze dias, salvo em caso de u rg ên c ia e n o to rie ­
d ad e do fato.
§ 22 0 re la to r pode propor o arquivam ento do pedido se a ofensa for
pessoal, se n ão estiver relacionada com o exercício profissional ou com as
p rerro g ativas gerais do advogado ou se configurar crítica de c a rá te r dou­
trin á rio , político ou religioso.
I 32 Recebidas ou não as inform ações e convencendo-se d a procedên­
cia d a ofensa, 0 r e la to r em ite p a re c e r que é su bm etido ao C onselho.
§ 42 Em caso de acolhim ento do parecer, é designada a sessão de de­
sagravo, am p lam en te d ivulgada.
§ 5- N a sessão de desagravo 0 P re sid en te lê a n o ta a s e r p u b licad a
n a im p ren sa, en cam in h ad a ao ofensor e às au to rid ad e s e re g istra d a nos
a sse n ta m e n to s do inscrito.
§ 6- O correndo a ofensa no te rritó rio d a Subseção a q u e se v incule
0 inscrito, a sessão de desagravo pode se r promovida p ela diretoria ou con­
selho d a S ubseção, com rep re se n ta ç ã o do C onselho Seccional.
§ 72 0 d esag rav o público, como in stru m e n to de defesa dos d ireito s
e p re rro g a tiv a s d a advocacia, n ão depende de concordância do ofendido
nem pode po r este se r dispensado, devendo se r efetuado a exclusivo cri­
té rio do C onselho.

A rt. 19. Com pete ao Conselho F ed eral prom over 0 d esagravo p ú b li­
co de C onselheiro F ederal ou de P resid en te de Conselho Seccional, q u a n ­
do ofendidos no exercício das atribuições de seus cargos e ain d a quan d o
a ofensa a advogado se re v e stir de relevância e grave violação às p rerro ­
g ativ as p ro fissio n ais, com rep e rc u ssão nacional.
P arágrafo único. O Conselho F ederal, observado 0 procedim ento p re­
visto no a rt. 18 deste Regulam ento, indica seus represen tan tes p a ra a ses­
são p ú b lica d e desagravo, n a sede do C onselho Seccional, salv o no caso
de o fen sa a C onselheiro F ederal.

CAPÍTULO III
DA INSCRIÇÃO NA OAB

A rt. 20. O req u e re n te à inscrição principal no quadro de advogados


p re sta 0 seg u in te com prom isso p e ra n te 0 Conselho Seccional, a d ireto ria
ou o conselho d a Subseção:

53

229
______________ His;tnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

“P rom eto exercer a advocacia com d ig nidade e independência,


observar a ética, os deveres e prerrogativ as profissionais e defender
a C onstituição, a ordem ju ríd ic a do E stad o D em ocrático, os direitos
h u m an o s, a ju s tiç a social, a boa aplicação d a s leis, a rá p id a ad m i­
n istra ç ã o d a ju s tiç a e o aperfeiçoam ento d a c u ltu ra e d as in s titu i­
ções ju ríd ic a s .”
§ 15 É indelegávei, por su a n a tu re z a solene e personalíssim a, o com­
prom isso referid o n e s te artigo.
§ 2^ 0 e sta g iá rio e s tá d ispensado de p r e s ta r com prom isso.
§ 35 A conduta incom patível com a advocacia, compro vad am en te im-
p u tá v e l ao re q u e re n te , im pede a inscrição no q u ad ro de advogados.

A rt. 2 L 0 advogado pode req u e re r 0 registro, nos seu s assen tam en ­


tos, de fatos com provados de su a atividade profissional ou cu ltu ral, ou a
e la relacionados, e de serviços p re sta d o s à classe, à OAB e ao P aís.

A r t. 22. 0 advogado, re g u la rm e n te notificado, deve q u ita r seu dé­


bito relativo às anuidades, no prazo de trê s m eses d a notificação, sob pe­
n a de su sp e n são , aplicad a em processo discip lin ar.
P arágrafo único. Cancela-se a inscrição quando ocorrer a terceira sus­
pensão, re la tiv a ao n ão pag am en to de an u id ad e s d istin ta s .

A rt. 23. 0 req u e re n te à inscrição no quadro de advogados, n a fa lta


de diplom a regularm ente registrado, ap re sen ta certidão de graduação em
direito, acom panhada de cópia autenticada do respectivo histórico escolar.
P arág rafo único. Cabe ao in sc rito a p re s e n ta r cópia a u te n tic a d a do
diplom a reg istra d o , no prazo de doze m eses, contado a p a r tir do d eferi­
m e n to d a inscrição, sob p en a de cancelam ento.

A rt. 24. Aos Conselhos Seccionais d a OAB incum be atu alizar, a té 31


de dezem bro de cada ano, o cad astro dos advogados inscritos, o rg an izan ­
do a lis ta correspondente.
§ 12 O cadastro contém 0 nom e completo de cada advogado, o n ú m e­
ro d a inscrição (principal e suplem entar), os endereços e telefones profis­
sionais e o nome da sociedade de advogados de que faça parte, se for o caso.
§ 2- No cad astro são incluídas, igualm ente, a lis ta dos cancelam en­
tos d a s inscrições e a lista d as sociedades de advogados re g istra d a s, com
indicação de seus sócios e do núm ero de reg istro .

54

230 9àM
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 32 Cabe ao P residente do Conselho Seccional rem eter à S ecretaria


do Conselho Federal o cadastro atualizado de seus inscritos, a té o dia 31
de m arço de cada ano.

A rt. 25. Os pedidos de tran sfe rê n cia de inscrição de advogado são


regulados pelo P rovim ento 42/78, adaptado ao E sta tu to .

A rt. 26. O advogado fica dispensado de com unicar 0 exercício even­


tu al d a profissão, até 0 total de cinco causas por ano, acima do qual obri­
ga-se à inscrição suplem entar.

CAPÍTULO IV
DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

A rt. 27. O estágio profissional de advocacia, inclusive p a ra g rad u a­


dos, é requisito necessário à inscrição no quadro de estag iário s d a OAB
e meio adequado de aprendizagem prática.
§ 12 0 estágio profissional de advocacia pode ser oferecido p ela in s­
tituição de ensino superior autorizada e credenciada, em convênio com a
OAB, com plem entando-se a carga h o rária do estágio curricu lar supervi­
sionado com atividades p rática s típicas de advogado e de estudo do E s­
ta tu to e do Código de É tica e Disciplina, observado 0 tem po conjunto mí­
nimo de 300 (tre ze n ta s) ho ras, distribuído em dois ou m ais anos.
§ 22 A complementação da carga horária, no total estabelecido no con­
vênio, pode se r efetivada n a form a de atividades ju ríd ic as no núcleo de
p rática ju ríd ic a d a instituição de ensino, n a D efensoria Pública, em es­
critórios de advocacia ou em setores jurídicos públicos ou privados, cre­
denciados e fiscalizados p ela OAB.
5 32 As ativ id ad es de estágio m inistrado por in stitu ição de ensino,
para fins de convênio com a OAB, são exclusivam ente práticas, incluin­
do a redação de atos processuais e profissionais, as ro tin as processuais,
9 assistência e a atuação em audiências e sessões, as visitas a órgãos ju-
iictários, a prestação de serviços jurídicos e as técnicas de negociação co*
-ítív a, de arb itrag em e de conciliação.

A rt. 28. O estágio realizado n a Defensoria Pública da União, do Dis-


:riTo Federal ou dos E stados, n a form a do artigo 145 d a Lei Complemen-
■-jr n- 80, de 12 de janeiro de 1994, é considerado válido p ara fins de ins-
:rição no q u adro de estag iário s da OAB.

55

231
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

A r t. 29. Os a to s de advocacia, p rev isto s no a r t. 1- do E s ta tu to , po­


dem se r subscritos po r estag iário inscrito n a OAB, em conjunto com o ad­
vogado ou 0 defensor público.
§ 1 - 0 estag iário inscrito n a OAB pode p ra tic a r iso lad am en te os se­
g u in te s a to s, sob a re sp o n sa b ilid a d e do advogado:
I — re tira r e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga;
II — obter ju n to aos escrivães e chefes de secretarias certidões de pe­
ças ou a u to s d e processos em curso ou findos;
I II — a s s in a r petições de ju n ta d a de docum entos a p rocessos ju d i­
ciais ou a d m in istra tiv o s.
§ 22 P a ra o exercício de ato s extrajudiciais, o estag iário pode com pa­
recer iso lad am en te, quando receber autorização ou su b stab elecim en to do
advogado.

A rt. 30. O estágio profissional de advocacia, realizad o in teg ralm en ­


te fora d a instituição de ensino, com preende as atividades fixadas em con­
vênio e n tre o escritório de advocacia ou en tid ad e que receb a o estag iário
e a OAB.

A r t. 31. C a d a C onselho Seccional m a n tém u m a C om issão d e E s tá ­


gio e E xam e de O rdem , a quem incum be coordenar, fiscalizar e ex e cu tar
a s a tiv id a d e s deco rren tes.
§ 1> Os convênios e suas alterações, firm ados pelo P resid en te do Con­
selho ou d a Subseção, quando e s ta receber delegação de com petência, são
prev iam en te elaborados pela Comissão, que tem poderes p a ra negociá-los
com 08 in te re ssa d o s.
§ 2° A C om issão pode in s titu ir subcom issões n a s S ubseções.
§ 3 - 0 P re sid e n te d a Com issão in te g ra a C oordenação N acio n al de
E x am e d e O rdem , do C onselho F e d e ra l d a OAB.
§ 4^ Com pete ao P resid en te do Conselho Seccional d esig n ar a Comis­
são, q u e pode s e r com posta por advogados n ão in te g ra n te s do Conselho.

C A PÍTU LO V
DA ID EN TID A D E PR O FISSIO N A L

A rt. 32. São docum entos de identidade profissional a c a rteira e o car­


tã o em itidos p ela OAB, d e uso obrigatório pelos advogados e estag iário s
in sc rito s, p a r a o exercício de s u a s ativ id a d es.
- P a rá g ra fo único. O uso do c a rtã o d isp e n sa o d a c a rte ira .

56

2J2
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A r t. 33. A c a rte ira de id e n tid a d e do advogado, re la tiv a à inscrição


o rig in á ria , te m as dim ensões de 7,00 (sete) x 11,00 (onze) ce n tím etro s e
o b serv a os se g u in te s critérios:
' I — a capa, em fundo verm elho, contém as arm a s d a R epública e as
[- expressões “O rdem dos Advogados do B rasil” e " C a rte ira de Id e n tid a d e
j d e Advogado”;
II — a p rim e ira p ág in a re p e te o conteúdo d a capa, acrescen tad o d a
expressão “C onselho Seccional de (...)” e do in teiro te o r do a rt. 13 do Es-
[ ta tu to ;
III — a se g u n d a p ág in a d estina-se aos dados d e identificação do ad-
^ ▼c ^ a d o , n a se g u in te ordem : núm ero d a inscrição, nom e, filiação, n a tu ra -
í. lid ad e, d a ta do nascim ento, n acionalidade, d a ta d a colação de g rau , d a ­
t a do com prom isso e d a ta d a expedição, e à a s s in a tu ra do P re sid e n te do
Ckmselho Seccional;
IV — a terceira página é dividida p ara os espaços de um a foto 3 (três)
- a 4 (quatro) centím etros, d a im pressão digital e da assin atu ra do portador;
■ ■ V — as dem ais páginas, em branco e n um eradas, destinam -se ao re-
« m h ecim ento d e firm a dos sig n a tá rio s e às anotações d a OAB, firm ad a s
L. paèo S ecretáho-G eral ou Adjunto, incluindo aa incom patibilidades e os im ­
pedim entos, o exercício de m an d ato s, as designações p a ra com issões, as
funções n a OAB, os serviços re le v a n te s à profissão e os dados d a inseri-
s u p le m e n ta r, pelo C onselho q ue a deferir;
VI — a ú ltim a página destina-se à transcrição do a rt. 7- do E statu to .
P arág rafo único. O C onselho Seccional pode d eleg a r a com petência
t S ecre tário -G eral ao P re sid e n te d a Subseção.

A rt. 34. 0 cartão de id en tid ad e tem o m esm o modelo e conteúdo do


tx rtá o de identificação pessoal (registro geral), com a s seg u in tes ad a p ta -
fia ft, segundo o m odelo aprovado p ela D ireto ria do C onselho F ed eral:
I — 0 fundo é de cor b ran c a e a im pressão dos caracteres e a rm s^ d a
K epública, de cor verm elha;
jlt II — 0 anverso contém os seguintes dados, n e s ta seqüência: O rdem
i A dvogados do B rasil, C onselho Seccional de (...), Id e n tid a d e de Ad-
^ VDgado (em d estaq u e ), n- d a inscrição, nom e, filiação, n a tu ra lid a d e , da-
^ m do n ascim en to e d a ta d a expedição, e a a s s in a tu ra do P re sid en te, po-
. émmdo s e r acresc en ta d o s os dados de id en tificação de re g istro g era l, de
^ CFF, e le ito ra l e outros;
III — o verso d e stin a -se à fo tografia, im p ressão d ig ita l e a s sin a tu -

:
I c a do p o rtad o r.

233
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 1- No caso de inscrição su p le m e n tar o cartão é específico, indican-


do-se: "N- d a Inscrição S u p le m e n ta r:” (em n eg rito ou su b lin h ad o ).
§ 2° Os Conselhos F ed eral e Seccionais podem em itir cartão de iden­
tidade p a ra os seus m em bros e p a ra os membros d as Subseções, acrescen­
tando, abaixo do term o “Identidade de Advogado”, su a qualificação de con­
selheiro ou d irigente d a OAB e, no verso, o prazo de validade, coinciden­
t e com 0 m a n d ato .

A r t. 35. O ca rtão de id e n tid a d e do estag iário tem o m esm o modelo


e conteúdo do c a rtã o de id e n tid a d e do advogado, com a ind icação de “I-
d en tid a d e de E sta g iá rio ”, em d estaq u e , e do p razo de v alid ad e , que não
pode u ltr a p a s s a r tr ê s anos n em s e r prorrogado.
P arágrafo único. 0 cartão de id entidade do estag iário p erd e s u a va­
lidade im ed ia tam en te após a p resta çã o do com prom isso como advogado,
devendo s e r devolvido à S e c re ta ria d a OAB, sob p e n a de in fração disci­
p lin ar.

A rt. 36. 0 su p o rte m a te ria l do cartão de id en tid ad e é re sis te n te ou


envolvido em m a teria l plástico, de form a a ev itar o esm aecim ento dos di-
zeres im p resso s, d atilo g rafad o s ou m a n u scrito s, ou a s u a ad u ltera çã o .

CAPÍTULO VI
DAS SOCIED A DES DE ADVOGADOS

A rt. 37. Os advogados podem reu n ir-se, p a ra colaboração profissio­


n a l recíproca, em sociedade civil de p resta çã o de serviços de advocacia,
reg u larm en te re g istra d a no Conselho Seccional da OAB em cu ja b ase te r­
r ito r ia l tiv e r sede.
P arág rafo único. As ativ id ad es profissionais p riv a tiv a s dos advoga­
dos são exercidas individualm ente, ain d a que rev ertam à sociedade os ho­
n o rário s respectivos.

A rt. 38. 0 nom e com pleto ou abreviado de, no m ínim o, um advoga­


do resp o n sá v el p e la sociedade c o n sta o b rig ato ria m e n te d a raz ão social,
podendo p erm a n ec er o nom e de sócio falecido se, no a to c o n stitu tiv o ou
n a altera çã o c o n tra tu a l em vigor, e s sa possib ilid ad e tiv e r sido p rev ista.

A rt. 39. A sociedade de advogados pode associar-se com advogados,


sem vínculo de em prego, p a r a p articip a çã o nos resu ltad o s.
P arág rafo único. Os co n trato s referidos n e s te artig o são averbados
no re g istro d a sociedade d e advogados.

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234
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 40. Os advogados sócios e os associados respondem su b sid iária


e ilim itad a m en te pelos danos causados d iretam e n te ao cliente, n a s h ipó­
te ses de dolo ou culpa e por ação ou omissão, no exercício dos atos p riv a­
tivos d a advocacia, sem prejuízo d a responsabilidade d iscip lin ar em que
possam in co rrer.

A rt. 4 L As sociedades de advogados podem a d o ta r q u alq u er form a


d e ad m in istra çã o social, p e rm itid a a existên cia de sócios g ere n tes, com
indicação dos poderes atribuídos.

A rt. 42. Podem ser praticados pela sociedade de advogados, com uso
d a razão social, os atos indispensáveis às suas finalidades, que não sejam
p riv ativos de advogado.

A rt. 43. O reg istro d a sociedade de advogados observa os req u isito s


e procedim entos previstos no Provim ento 23/65, adaptado ao E statu to .

TÍTU LO II
DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB)

CAPÍTULO I
DOS F IN S E DA ORGANIZAÇÃO

A rt. 44. As finalidades da OAB, previstas no art. 44 do E statu to , são


cum pridas pelos Conselhos Federal e Seccionais e pelas Subseções, de mo­
do in teg rad o , ob serv ad as su aa com petências específicas.

A rt. 45. A exclusividade d a representação dos advogados p ela OAB,


p rev ista no art. 44, II, do E sta tu to , não afa sta a com petência p ró p ria dos
sindicatos e associações sin d icais de advogados, q u an to à defesa dos d i­
reito s p ec u lia res d a relação de tra b a lh o do profissional em pregado.

A rt. 46. Os novos Conselhos Seccionais serão criados m ed ian te Re­


solução do C onselho F ed eral.

A r t. 47. 0 patrim ônio do Conselho F ed eral, do Conselho Seccional,


d a C aixa de A ssistên c ia dos A dvogados e d a S ubseção é co n stitu íd o de
bens m óveis e im óveis e outros bens e valores que te n h a m ad q u irid o ou
v en h a m a ad q u irir.

59

235
_______________ H is to ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 48. A alienação ou oneração de b ens im óveis depende de ap ro ­


vação do Conselho F ed eral ou do Conselho Seccional, com petindo à D ire­
to r ia do órgão decidir p ela aquisição de q u a lq u e r bem e d isp o r sobre os
b en s móveis.
P arág rafo único. A alienação ou oneração de b en s im óveis depende
de autorização d a m aioria das delegações, no Conselho Federal, e d a maio­
r ia dos m em bros efetivos, no C onselho Seccional.

A rt. 49. O s cargos d a D ireto ria do Conselho Seccional têm as m es­


m as denom inações a trib u íd a s aos d a D ireto ria do C onselho F ed eral.
P arág rafo único. Os cargos d a D ireto ria d a Subseção e d a C aix a de
A ssistên cia dos A dvogados têm as se g u in te s denom inações; P re sid en te,
V ice-P residen te, S ecre tário , S ecre tário A djunto e Tfesoureiro.

A rt. 50. O correndo v ag a de cargo de d ire to ria do C onselho F ed eral


ou do C onselho Seccional, inclusive do P re sid en te, em v irtu d e de p erd a
do m a n d ato (a rt. 66 do E sta tu to ), m orte ou ren ú n cia, o su b stitu to é elei­
to pelo C onselho a q ue se vincule, d e n tre os se u s m em bros.

A r t. SL A elaboração d as lis ta s constitucio n alm en te p re v ista s, p a­


r a preenchim ento dos cargos nos trib u n a is judiciários, é d isciplinada em
P rovim en to do C onselho F ed eral.

A rt, 52. A OAB p articip a dos concursos públicos, previstos n a Cons­


titu iç ão e n a s leis, em todas as su a s fases, po r meio de re p re se n ta n te do
C onselho com petente, designado pelo P re sid e n te , in cu m b in d o -lh e a p re ­
s e n ta r re la tó rio su cin to de su a s ativ id ad es.
P a rá g ra fo único. Incum be ao re p re s e n ta n te d a OAB v e la r p ela g a­
ra n tia d a isonom ia e d a integridade do certam e, retirando-se quando cons­
ta ta r irregularidades ou favorecimentos e comunicando os motivos ao Con­
selho.

A rt. 53. Os conselheiros e dirigentes dos órgãos da OAB tom am pos­


se firm ando, ju n ta m e n te com o P residente, o term o específico, após p res­
t a r 0 se g u in te com prom isso;
“P rom eto m a n te r, defender e cum p rir os princípios e fin a lid a ­
des d a OAB, exercer com dedicação e ética as atribuições que m e são
d elegadas e p u g n a r p ela dignidade, independência, p re rro g a tiv a s e
valorização d a advocacia.”

A rt. 54. Com pete à D iretoria dos Conselhos F ed eral e Seccionais, da


Subseção ou d a C aixa de A ssistência declarar extinto o m andato, ocorren­
do u m a d as hipóteses p revistas no a rt. 66 do E statu to , encam inhando ofí­
cio ao P re sid e n te do C onselho Seccional.

60

236 «41
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 12 A D ireto ria , a n te s d e d e c la ra r e x tin to o m a n d ato , salvo no ca­


so de m orte ou renúncia, ouve o in teressad o no prazo de quinze dias, no-
n íican d o -o m e d ia n te ofício com aviso d e recebim ento.
§ 22 H avendo su p le n te s de C onselheiros, a ordem de su b stitu iç ão é
defin ida no R egim ento In te rn o do C onselho Seccional.
I 3- Inexiatindo suplentes, o Conselho Seccional elege, n a sessão se­
g u in te à d a ta do recebim ento do ofício, o C onselheiro F ed era l, o d ire to r
do Conselho Seccional, o Conselheiro Seccional, o d ireto r d a Subseção ou
0 d ire to r d a C a ix a de A ssistên c ia dos Advogados, onde se d eu a vaga.
§ 42 N a S ubseção onde h o u v er conselho, este escolhe 0 su b stitu to .

CAPÍTULO II
DA RECEITA

A rt. 55. Aos inscritos n a OAB incum be o pagam ento das anuidades,
m u ltas e preços de serviços fixados pelo C onselho Seccional.
P arág rafo único. A s anu id ad es são fixadas pelo C onselho Seccional
até a ú ltim a se ssão o rd in á ria do an o a n te rio r, salvo em an o e le ito ra l,
quando são d eterm in a d as n a p rim eira sessão o rd in ária após a posse, po­
dendo s e r e stab e le cid a s em cotas periódicas.

A ri. 56. A s rec eitas b ru ta s m ensais das anuidades, m u lta s e preços


de serviços são deduzidas em q u are n ta e cinco por cento (45%), p a ra a se­
g u in te destinação:
I — q u in z e po r cento (15%) p a r a o C onselho F ed eral;
II — cinco po r cento (5%) p a r a o fundo c u ltu ra l.
III — v in te e cinco por cento (25%) p a ra desp esas a d m in istra tiv a s
e m a n u ten ç ão d a seccional.^")
§ 12 O recolhim ento das receitas p rev istas n e ste artigo efetua-se em
agência b a n c á ria oficial, com destinação específica e tra n sfe rê n c ia a u to ­
m ática e im e d ia ta p a ra 0 C onselho F ed era l e p a r a a C aix a d e A ssistên ­
cia (art. 57), de seus percen tu ais, nos term os do modelo adotado pelo Di­
retor-Tfesoureiro do C onselho F ed era l.
§ 22 0 C onselho Seccional m an tém um fundo cu ltu ral, em co n ta es­
pecial su je ita a aplicação fin an ceira, destinado a fo m en tar a p esq u isa e
o aperfeiçoam ento d a profissão d e advogado, m e d ian te prêm io s d e e s tu ­
dos, concursos, cursos, projetos de p esq u isa e eventos c u ltu ra is, d ir e ta ­
m en te ou em convênio com 0 In stitu to dos Advogados ou o u tra s in s titu i­
ções congêneres e educacionais.

R edação m odiH cativa a p rovada em 10.08.95 e pu blicada em 11.08.95.

61

237
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 32 A D ireto ria do Conselho Seccional designa um grupo g esto r p a­


r a a u x ilíá 'la n a u tiliz açã o dos rec u rso s do fundo c u ltu ra l.
§ 4- Q ualquer transferência de bens ou recursos de um Conselho Sec­
cional a o u tro dep en d e de au to rização do C onselho F ed eral.

A rt. 57. Cabe à C aixa a m etade d a rec eita d as an u id ad e s recebidas


pelo Conselho Seccional, considerado o valor re s u lta n te após as deduções
re g u la m e n ta re s obrigatórias.*’’

A ri. 58. C om pete p riv ativ am en te ao Conselho Seccional, n a p rim ei­


r a sessão o rd in á ria do ano, a p re c ia r o re la tó rio a n u a l e d e lib e ra r sobre
0 balanço e as contas d a D iretoria do Conselho Seccional, d a C aixa de As­
sistência dos Advogados e das Subseções, referen tes ao exercício an terio r,
n a form a de se u R egim ento In te rn o ,
§ 1: O C onselho Seccional elege, d e n tre seus m em bros, u m a com is­
são de orçam ento e contas p a ra fiscalizar a aplicação d a rec eita e opinar
p re v ia m e n te sobre a p ro p o sta de o rçam ento a n u a l e as contas.
§ 2^ O C onselho Seccional pode u tiliz a r os serviços de a u d ito ria in ­
d e p e n d e n te p a r a a u x ilia r a com issão d e o rçam en to e contas.
§ 32 0 exercício financeiro dos Conselhos F ed eral e Seccionais encer­
ra -s e no d ia 31 de dezem bro d e cada ano.

A rt. 59. D eixando 0 cargo, por qu alq u er motivo, no curso do m an d a­


to, os P re sid e n te s do C onselho F ederal, do Conselho Seccional, d a C aixa
de A ssistên c ia e d a Subseção a p re se n ta m , de form a su c in ta , re la tó rio e
co n tas ao seu sucessor.

A rt. 60. O Conselho F ederal e os Conselhos Seccionais aprovam seus


orçam entos a n u a is, p a r a 0 exercício se g u in te, a té o m ês de o u tu b ro , po­
dendo a lte rá -lo s se h o u v er n ec essid ad e ju stific a d a .
§ 1° O orçam ento do Conselho Seccional fixa a re c e ita , a d esp esa, a
d estin ação ao fundo c u ltu ra l e as tra n sfe rê n c ia s ao C onselho F ed era l, à
C a ix a de A ssistên c ia e às Subseções.
§ 22 A C aixa de A ssistência dos Advogados e as Subseções aprovam
se u s o rçam entos p a r a 0 exercício se g u in te , a té o fin al do ano.
§ 3^ O Conselho Seccional Axa 0 modelo e os critérios p ara o orçamen­
to, o re la tó rio e as co n tas d a C aixa de A ssistên cia e d a s Subseções.

A rt. 6 L O relatório, o balanço e as contas dos Conselhos Seccionais


e d a D iretoria do Conselho Federal, n a form a p revista em Provim ento, são

(*) R edação m od iflca tiv a aprovada em 10.08.95 e p u b licada em 11.08.95.

62

236
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

ju lg ad os pela Terceira C âm ara do Conselho F ederal, com recurso p a ra o


Argão E special.
§ 12 Cabe à Tfercçira C âm ara fixar os modelos dos orçamentos, balan ­
ços e contas da D iretoria do Conselho Federal e dos Conselhos Seccionais.
§ 2^ A Ibrceira C âm ara pode determ inar a realização de auditoria in ­
d ependente n a s contas do Conselho Seccional, com ônus p a ra este, sem-
IM’e que c o n s ta ta r a existência de g raves irre g u la rid ad e s.
§ 3 - 0 relató rio , o balanço e as contas dos C onselhos Seccionais do
ano an terio r são rem etidos à Ib rceira C âm ara a té o final do terceiro mês
áo ano seguinte.
§ 4 - 0 relatório, o balanço e as contas d a D iretoria do Conselho F e­
deral são apreciados pela Tbrceira C âm ara a p a rtir d a prim eira sessão or­
d in á ria do ano se g u in te ao do exercício.
§ 5- Os Conselhos Seccionais em débito com a prestação de contas não
podem rec eb e r auxílio m a te ria l e financeiro do C onselho F ed eral.

CAPÍTULO III
DO CONSELHO FEDERAL

Seção I
D a organização, dos m em bros e dos rela to res

A rt. 6 2 . O Conselho F ed eral, órgão suprem o d a OAB, com sede n a


C apital d a República, compõe-se de um P residente, dos Conselheiros F e­
d era is in te g ra n te s d as delegações de cada u nidade fed e ra tiv a e d e seus
ex -P residentes.
§ 1- Os ex-P residentes têm d ireito a voz n a s sessões do Conselho, e
o direito a voto é assegurado aos que assum iram e exerceram m ais da me­
ta d e do m a n d ato de P re sid en te a n te s de 05 de ju lh o de 1994.
§ 22 0 Presidente, n as suas relações externas, apresenta-se como P re­
sid e n te N acional d a OAB.
[ § 32 O P re sid en te do Conselho Seccional tem lu g a r reserv ad o ju n to
] â delegação respectiva e direito a voz em todas as sessões do Conselho e
' de su a s C âm aras.

I A rt. 6 3 . O P re sid e n te do In s titu to dos A dvogados B rasile iro s e os


ag raciados com a “M edalha Rui B arbosa” podem p a rtic ip a r d as sessões
do C onselho Pleno, com d ireito a voz.

63

239
_______________ H iq tn ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A r t, 64. O C onselho F e d e ra l a tu a m e d ia n te oa s e g u in te s órgãos;


I — C onselho P leno;
I I — Ó rgão E sp ec ia l do C onselho Pleno;
III — P rim e ira , S e g u n d a e Tferceira C â m a ra s;
IV — D ireto ria ;
V — P re sid e n te .
P arág rafo único — P a ra o desem penho d e s u a s ativ id a d es, o Conse­
lho co n ta ta m b ém com com issões p e rm a n e n te s, d efin id as em P ro v im en ­
to, e com com issões te m p o rá ria s, to d a s d esig n ad as pelo P re sid e n te , in te­
g ra d a s ou n ão po r C onselh eiro s F ed era is.

A rt. 65. No exercício do m andato, o C onselheiro F ed eral a tu a no in ­


teresse d a advocacia nacional e não apenas no de seus representados diretos.
§ 12 0 cargo de C o nselheiro F e d e ra l é in co m p atív el com o d e m em ­
bro de o u tro s órgãos d a OAB, exceto qu an d o se t r a t a r d e e x -P re sid e n te
do C onselho F ed era l e do C onselho Seccional, ficando im pedido de deba­
te r e v o ta r a a m a té ria s q u an d o h o u v e r p a rtic ip a d o da d elib eração local.
§ N a ap u ra çã o d a an tig ü id a d e do C onselheiro F e d e ra l som am -se
todos 08 p eríodos d e m a n d a to , m esm o qu e in terro m p id o s.

A rt. 66. C onsidera-se au sen te das sessões o rd in árias m en sais dos ór­
gãos deliberativos do Conselho F ederal o Conselheiro que, sem motivo ju s­
tificado, f a lt a r a q u a lq u e r um a.
P arág rafo único. N ão se considera a ausên cia m o tiv ad a pelo n ão re ­
ceb im en to d e a ju d a de tr a n s p o r te p a r a a s sessões.

A r t . 6 7 . O s C onselheiros F e d e ra is, in te g ra n te s d e ca d a delegação,


após a posse, são distribuídos pelas tr ê s C âm aras especializadas, m edian­
te deliberação d a p ró p ria delegação, com unicada ao S ecretário -G erai, ou,
n a f a lta d e s ta , p o r decisão do P re sid e n te , dan d o -se p re fe rê n c ia ao m ais
an tig o no C onselho e, h avendo coincidência, ao de inscrição m ais an tig a.
§ 1 - 0 C o n selh eiro , n a s u a delegação, é s u b s titu to dos d e m a is, em
q u alq u er órgão do Conselho, n a s fa lta s ou im pedim entos ocasionais ou no
caso d e licença.
§ Qr Q uando estiverem p rese n tes dois su b stitu to s, concom itantem en-
te , a p re fe rê n c ia é do m a is a n tig o no C onselho e, em caso de coincidên­
cia, do q ue tiv e r in sc riçã o m a is a n tig a .
§ 3^ A delegação indica seu re p re se n ta n te ao Órgão E special do Con­
se lh o Pleno.

64

240
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 68. 0 voto em q u alq u er órgão colegiado do C onselho F ed eral é


tom ado po r delegação, em ordem alfab ética, seguido dos ex -P resid en tes
p re se n te s , com d ireito a voto.
§ 12 Os m em bros d a D ire to ria votam como in te g ra n te s de su a s de-
: legações.
■ § 22 0 C onselheiro F e d e ra l o p in a m as não p a rtic ip a d a vo tação de
m a té ria de in te re s s e específico d a u n id a d e q ue re p re se n ta .

i A r t. 69. A seleção d as decisões dos órgãos d elib era tiv o s do Conse-


i lho F e d e ra l é p erio d ica m en te d iv u lg ad a em fo rm a de em en tário .

A rt. 70. Os órgãos deliberativos do Conselho F ed eral podem c a ssa r


ou m odificar ato s ou deliberações de órgãos ou au to rid ad e s d a OAB, ou­
vidos e ste s e os in teressa d o s prev iam en te, no prazo de q uinze dias, con­
ta d o do rec eb im en to d a notificação, sem p re qu e co n tra riem o E s ta tu to ,
este R egulam ento G eral, o Código de ética e D isciplina e os Provim entos.

A rt. 7 L Tbda m a té ria p e rtin e n te às fin alid ad es d a OAB é d istrib u í­


d a pelo P re sid en te do órgão colegiado do C onselho F ed eral a um rela to r,
com in c lu sã o n a p a u ta d a sessão seguinte.
§ 12 Se 0 re la to r d e te rm in a r alg u m a diligência, o processo é re tira -
i, do d a ordem do dia, fig u ran d o em anexo d a p a u ta com indicação d a da-
'f. t a do despacho.
[, § 22 Incum be ao re la to r a p re s e n ta r n a sessão se g u in te, p o r escrito,
j. o re la tó rio , o voto e a p ro p o sta de em en ta.
í § 32 0 re la to r pode d e te rm in a r diligências, re q u is ita r inform ações,
^ in s ta u r a r re p re se n ta ç ã o in c id en tal, propor ao P re sid e n te a re d istrib u i-
il ção d a m a té ria e 0 arquivam ento, quando for irre le v a n te ou im p ertin en -
^ te às fin alidades d a OAB, ou 0 encam inham ento do processo ao Conselho
> Seccional com petente, qu an d o for de in te re sse local.
• § 42 Em caso de in e v itá v el perigo de d em ora d a decisão, pode 0 r e ­
la to r conceder provim ento c a u te la r, com recu rso de ofício ao órgão cole-
p a d o , p a r a apreciação p referen c ial n a sessão p osterio r.
§ 5 - 0 re la to r notifica o Conselho Seccional e os in teressa d o s, q u a n ­
do forem n e c e s sá ria s su a s m anifestações.
§ 62 Com pete ao re la to r m anifestar-se sobre as desistências, p rescri­
ções, decadências e in tem pestividades dos recursos, p a ra decisão do P re ­
sid e n te do órgão colegiado.

65

241
_______________ H is tó ria ria
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 72. 0 r e la to r é su b stitu íd o se n âo a p r e s e n ta r o processo p a ra


ju lg a m e n to , no período de tr ê s sessões o rd in á ria s su cessiv as.

A rt. 73. Em caso de m a téria complexa, o P residente designa u m a co­


m issão em vez d e r e la to r ind iv id u al.
P arág rafo único. A com issão escolhe um re la to r e d elib era coletiva­
m en te, n ão sendo considerados os votos m in o ritário s p a ra fín s de rela tó ­
rio e voto.

Seção II
Do C onselho Pleno

A r t. 74. O C onselho Pleno é in teg rad o pelos C onselheiros F ed erais


de cada delegação e pelos ex-P residentes, sendo presidido pelo P re sid en ­
te do C onselho F e d e ra l e se c re ta ria d o pelo S ecretário -G eral.

A rt. 75. C om pete ao Conselho Pleno deliberar, em c a rá te r nacional,


sobre propostas e indicações relacionadas às finalidades in stitu cio n ais da
OAB (a rt. 4 4 , 1, do E sta tu to ) e sobre as d em ais atrib u içõ es p re v ista s no
a r t. 54 do E s ta tu to , re sp e ita d a s as com petências p riv a tiv a s dos d em ais
órgãos deliberativos do Conselho F ederal, fixadas n este R egulam ento Ge­
ra l, e ainda:
I — eleg er o sucessor dos m em bros d a D ireto ria do C onselho F ed e­
ra l, em caso de vacância;
II — re g u la r, m ed ian te resolução, m a té ria s de s u a com petência que
n ã o exijam edição de P rovim ento;
III — in s titu ir, m e d ian te P rovim ento, com issões p erm a n en tes p a ra
a s se sso ra r o C onselho e a D ireto ria.
P arág rafo único. O C onselho P leno pode d ecidir sobre to d a s as m a­
té ria s privativas de seu órgão Especial, quando o P resid en te atrib u ir-lh es
c a r á te r d e u rg ên c ia e g ra n d e relevância.

A rt. 76. As indicações ou propostas são oferecidas por escrito, deven­


do 0 P re sid e n te d e s ig n a r re la to r p a r a a p re s e n ta r re la tó rio e voto escri­
tos n a sessão seguinte, acom panhados, sem pre que n ecessário, de em en­
t a do acórdão.
§ 1- No Conselho Pleno, o P residente, em caso de u i^ ên cia e relevân­
cia, pode d esig n ar re la to r p a r a a p re se n ta r relató rio e voto o rais n a m es­
m a sessão.

66
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 2^ Quando a proposta im portar despesas não previstas no orçamen­


to, pode ser apreciada apenas depois de ouvido o D iretor 'Ibsoureiro q u an ­
to às disponibilidades fin an ceiras p a ra s u a execução.

A rt. 77. O voto da delegação é o de su a m aioria, havendo divergên­


cia e n tre seus m em bros, considerando-se invalidado em caso de em pate.
§ 1 - 0 P re sid en te não in te g ra a delegação de su a u n id ad e fed e ra ti­
va d e origem e não vota, salvo em caso de em pate.
§ 2r Os ex-Presidentes em possados antes de 05 de ju lh o de 1994 têm
d ireito de voto equivalente ao de u m a delegação, em to d a s as m a téria s.

A rt. 78. P ara ed itar e a lte ra r o Regulam ento G eral, o Código de É ti­
ca e D isciplina e os Provim entos e p a ra interv ir nos Conselhos Seccionais
é in d isp en sáv el o q u o r u m de dois terço s d as delegações.
P arág rafo único. P a ra as dem ais m a té ria s prevalece o q u o r u m de
in stala çã o e d e votação estabelecido n e s te R egulam ento G eral.

A rt. 79. A proposta que im plique baixar norm as gerais de competên­


cia do Conselho Pleno ou encam inhar projeto legislativo ou em endas aos
Poderes com petentes som ente pode ser deliberada se o relato r ou a comis-
sAo designada elab o rar o texto norm ativo, a se r rem etido aos C onselhei­
ros ju n ta m e n te com a convocação d a sessão.
§ 1- A ntes de apreciar proposta de texto norm ativo, o Conselho P le­
no d elib era sobre a adm issibilidade d a rele v ân c ia d a m atéria .
§ 2r A dm itida a relevância, o Conselho p a s sa a decidir sobre o con­
teú d o d a proposta do texto norm ativo, observados os seg u in tes critérios;
a) procede-se à le itu ra de cada dispositivo, considerando-o aprova­
do se não houver destaque levantado por qualquer membro ou encam inha­
do p o r C onselho Seccional;
b) havendo destaque, sobre ele m anifesta-se apenas aquele que o le ­
v a n to u e a com issão re la to ra ou o re la to r, seguindo-se a votação.
§ 3- Se vários m em bros le v an ta rem d estaq u e sobre o m esm o ponto
controvertido, um , d e n tre eles, é eleito como porta-voz.
§ 4- Se o texto for totalm ente rejeitado ou prejudicado pela rejeição,
o P residente designa novo relator ou comissão revisora p a ra redigir outro.

A rt. 80. A OAB pode p a rtic ip a r e colaborar em eventos in tem acio -


mais, de in teresse d a advocacia, m as som ente se ássocia a organism os in ­
te rn a c io n a is qu e congreguem en tid ad e s congêneres.

67

•41 243
_______________ Hisfrnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

P arág rafo único. Os Conselhos Seccionais podem re p re se n ta r a OAB


em geral ou os advogados brasileiros em eventos in tern acio n ais ou no ex­
te rio r, qu an d o au to rizad o s pelo P re sid e n te N acional.

A rt. 8L Constatando grave violação do E statu to ou deste Regulamen­


to G eral, a D ireto ria do Conselho F ed era l no tifica o C onselho Seccional
p a ra a p re s e n ta r defesa e, havendo necessidade, d esig n a re p re se n ta n te s
p a ra prom over verificação ou sindicância, subm etendo o relatório ao Con­
selho Pleno.
§ 12 S e o rela tó rio concluir p e la interven ção , notifica-se o Conselho
Seccional p a ra apresentar defesa por escrito e oral p eran te o Conselho Ple­
no, no p razo e tem po fixados pelo P re sid en te.
§ 22 Se 0 C onselho Pleno decidir p ela intervenção, fixa prazo d eter­
m inado, q ue pode se r prorrogado, cabendo à D ireto ria d esig n ar d ireto ria
provisória.
§ 32 O correndo obstáculo im pu táv el à D ireto ria do Conselho Seccio­
n a l p a ra a sindicância, ou no caso de irre p ara b ilid a d e do perigo pela de­
m ora, 0 Conselho Pleno pode aprovar lim in a rm e n te a in terv en ção provi­
sória.

A r t. 82. As indicações de ajuizam ento de ação d ire ta de inconstitu-


cionalidade subm etem -se ao juízo prévio de adm issibilidade d a D iretoria
p a r a aferição d a rele v ân c ia d a defesa dos p rin cíp io s e n o rm as co n stitu ­
cionais e, sendo a d m itid a s, observam 0 se g u in te procedim ento;
I — 0 rela to r, designado pelo P residente, independentem ente d a de­
cisão d a D iretoria, pode le v a n ta r p relim in a r de inad m issib ilid ad e p era n ­
te o C onselho Pleno, quando n ão en c o n trar n o rm a ou princípio co n stitu ­
cional violados pelo ato norm ativo;
II — aprovado 0 ajuizam ento d a ação, cabe ao re la to r elab o rar a pe­
tição inicial, no prazo de quinze dias, assinando-a ju n ta m e n te com o P re ­
sid en te;
III — cabe à a sse sso ria do C onselho aco m p a n h ar o an d a m e n to da
ação.
§ 12 E m caso de u rg ên c ia que n ão p o ssa a g u a rd a r a sessão o rd in á­
r ia do C onselho Pleno, ou d u ra n te 0 recesso do C onselho F e d e ra l, a Di­
re to r ia decide q u a n to ao m érito, a d r e f e r e n d u m daquele.
§ 22 Quando a indicação for subscrita por Conselho Seccional d a OAB.
por e n tid a d e de c a rá te r n acional ou por delegação do C onselho F ed eral,
a m a té ria n ão se su je ita ao ju ízo de ad m issib ilid ad e d a D ireto ria .

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244 «41
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 83. Com pete à Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Fede­


r a l o p in ar p reviam ente nos pedidos p a ra criação, reconhecim ento e cre-
dendam ento dos cursos jurídicos refeiidos bo art. 54, XV, do E statu to , com
a colaboração dos C onselhos Seccionais in teressad o s.
P arágrafo único. A Comissão observa critérios reconhecidos pelas co­
m unidades u n iv ersitária e profissional, am plam ente divulgados, além dos
referidos n a s alín e a s a a d do a rt. 2- do D ecreto n^ 98.391, de 13 de no­
vem bro de 1989.*’^

Seção III
Do ó rg ã o E special do Conselho Pleno

A rt. 84. 0 Ó rgão E special é composto por um C onselheiro F ed eral


in te g ra n te de cada delegação, sem prejuízo de su a particip ação no Con­
selho Pleno, e pelos ex-P residentes, sendo presidido pelo V ice-Presiden­
te e se creta riad o pelo S ecretário-G eral Adjunto.
P arágrafo único. O P residente do Órgão Especial, além de v o tar por
s u a delegação, tem o voto de qualidade, no caso de em pate.

A rt. 85. Com pete ao ó rg ão Especial deliberar, priv ativ am en te e em


c a rá te r irreco rrív el, sobre:
I — recurso co ntra decisões das C âm aras, quando não te n h am sido
u n ân im es ou, sendo u nânim es, contrariem o E sta tu to , este R egulam en­
to G eral, o Código de É tica e D isciplina e os Provim entos;
II — recu rso co n tra decisões do P resid en te ou d a D ireto ria do C on­
selho F ed era l e do P re sid en te do Ó rgão Especial;
III — consultas escritas, form uladas em tese, re la tiv a s às m atéria s
de com petência d as C âm aras especializadas ou à in terp re taç ão do E s ta ­
tuto, deste Regulam ento Gerai, do Código de É tica e D isciplina e dos P ro­
vim entos;
IV — conflitos ou divergências e n tre órgãos d a OAB;
V — determ in ação ao C onselho Seccional com petente p a r a in s ta u ­
r a r processo, quando, em autos ou peças subm etidos ao conhecim ento do
Conselho F ed eral, en c o n tra r fato que co n stitu a infração discip lin ar.
§ 1: Os recursos ao ó rg ão Especial podem se r m anifestados pelo P re­
sidente do Conselho Federal, pelas partes ou pelos recorrentes originários.
§ 22 o re la to r pode propor ao P residente do Órgão E special o arq u i­
vam ento d a consulta, quando não se re v e stir de c a rá te r geral ou não ti-

' ■ | O D ecreto n- 98.391 foi revogado pelo art. 17 do D ecreto n- 1.303, de 08 d e novembro
é t 1994 (ínfratraDscrito).

69

245
_______________ H i<;tória da
Ordem dos Advogados do Brasil

ver pertinência com as finalidades d a OAB, ou o seu encam inham ento ao


C onselho Seccional, quando a m a té ria for de in te re ss e local.

A rt. 86. A decisão do Ó rgão E special co nstitui orientação dom inan­


te d a OAB sobre a m atéria, quando consolidada em sú m u la publicada n a
im p re n sa oíícial.

Seção IV
D as C âm aras

A r t. 87. As C â m a ra s são presididas:


I — a P rim e ira , pelo S ecretário-G eral;
II — a S egunda, pelo S ecretário-G eral Ai^junto;
III — a Iferceira, pelo Tfesoureiro.
§ 1 ' O s S ecretário s d a s C â m a ra s são designados, d e n tre se u s in te ­
g ra n te s , po r se u s P re sid en tes.
§ 2 r N as suas faltas e im pedim entos, os Presidentes e Secretários das
C âm aras são substituídos pelos Conselheiros m ais antigos e, havendo coin­
cidência, pelos de inscrição m ais an tig a.
§ 3 - 0 P re sid en te d a C âm ara, além de v o tar por su a delegação, tem
0 voto de q u alid ad e , no caso de em pate.

A r t. 88. C om pete à P rim e ira C âm ara:


I — d ec id ir os rec u rso s sobre:
a) ativ id a d e de advocacia e d ireito s e p re rro g a tiv a s dos advogados
e estag iário s;
b) inscrição nos q u adros d a OAB;
c) in co m p atib ilid ad es e im pedim entos.
II — ex pedir resoluções re g u la m e n tan d o o E xam e de O rdem , p a ra
g a ra n tir su a eficiência e padronização nacional, ouvida a Coordenação N a­
cional de E xam e de O rdem .

A rt. 89. C om pete à S eg u n d a C âm ara:


I — decidir os recursos sobre ética e deveres do advogado, infrações
e sanções discip lin ares;
II — prom over em âm bito nacional a ética do advogado, ju n tam e n -
te com os "IHbunais de É tica e D isciplina, editando resoluções regulam en-
ta r e s ao Código de É tic a e D isciplina.

246 SÁl
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A r t . 90. C om pete à I b rc e ira C âm ara:


I — decidir os recursos relativos à e s tru tu ra , aos órgãos e ao proces-
^ SC e le ito ra l d a OAB;
II — decidir os recu rso s sobre sociedades de advogados, advogados
associados e advogados em pregados;
I II — a p re c ia r os rela tó rio s a n u a is e d e lib e ra r sobre o balanço e as
co n tas d a D ire to ria do C onselho F ed era l e dos C onselhos Seccionais;
^ IV — s u p r ir a s om issões ou re g u la m e n ta r as n o rm as ap licáv eis às
> C aix as d e A ssistên c ia dos A dvogados, in clu siv e m e d ia n te resoluções;
; V — m odificar ou cancelar, de ofício ou a pedido de q u alq u er pessoa,
disp o sitivo do R egim ento In te rn o do C onselho Seccional q u e c o n tra rie o
E s ta tu to ou e s te R eg u lam en to G eral.

: Seção V
D as S essões

A r t. 9 L Os órgãos coiegiados do C onselho F ed era l reú n e m -se ordi-


• n a ria m e n te nos m eses de fevereiro a ju n h o e de agosto a dezem bro de ca-
ü d a ano, em su a sede no D istrito Federal, n a s d a ta s fixadas pela D iretoria.
_ § 1- E m caso de urgência ou nos períodos de recesso (janeiro e julho),
r’ O P re sid e n te ou um terço d a s delegações do C onselho F e d e ra l pode con-
( vocar se ssão e x tra o rd in á ria .
§ 2^ A sessão ex tra o rd in ária , em c a rá te r excepcional e de g ran d e re-
1 levância, pode se r convocada p a ra local diferente d a sede do Conselho F e­
d era l.
§ 3- As convocações p a ra as sessões ordinárias são acom panhadas de
m in u ta d a a t a d a sessão a n te rio r e dos dem ais docum entos n ecessário s.

A rt. 92. P a ra instalação e deliberação dos órgãos coiegiados do Con­


selho F ed eral d a OAB exige-se a presença de m etade das delegações, sal-
\ vo nos casos de quorum qualificado, previsto n e ste R egulam ento G eral.
§ 1- A d elib eração é to m a d a p ela m a io ria de votos dos p re se n te s .
§ 2^ Com prova-se a p resença p ela a s s in a tu ra no docum ento próprio,
sob co n trole do S e c re tá rio d a sessão.
§ 32 Q ualquer m em bro p re se n te pode req u e re r a verificação do q u o ­
r u m , p o r ch a m a d a.
§ 42 A au sên c ia à sessão, depois d a a s s in a tu ra de presen ça, n ão ju s ­
tific a d a ao P re sid e n te , é c o n ta d a p a r a efeito d e p e rd a do m a n d ato .

71

-*----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

247
_______________ H iq fn ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A r t. 93. N as sessões observa-se a se g u in te ordem ;


I — verificação do q u o r u m e a b e rtu ra ;
II — le itu ra , discussão e aprovação d a a ta d a sessão an terio r;
III — com unicações do P re sid en te;
IV — ordem do dia;
V — ex pediente e com unicações dos p rese n tes.
P arág rafo único. A ordem dos tra b a lh o s ou d a p a u ta pode se r a lte ­
r a d a pelo P re sid e n te , em caso de u rg ên c ia ou de pedido de p referên cia.

A rt. 94. 0 julgam ento de qualquer processo ocorre do seguinte modo:


I — le itu ra do relatório, do voto e da proposta de em en ta do acórdão,
todos escrito s, pelo rela to r;
II — sustentação oral pelo interessado ou seu advogado, no prazo de
quinze m in u to s, tendo o respectivo processo p referên cia no ju lg am en to ;
III — discussão d a m atéria, dentro do prazo máximo fixado pelo P re ­
sidente, não podendo cada Conselheiro fazer uso d a p alav ra m ais de um a
vez nem por m ais de trê s m inutos, salvo se lhe for concedida prorrogação;
IV — votação d a m a té ria , não sendo p erm itid a s q u estões de ordem
ou ju s tific a tiv a o ral de voto, precedendo as q u estões p reju d icia is e p r e ­
lim in a re s às de m érito;
V — proclam ação do re su lta d o pelo P re sid en te, com le itu r a d a s ú ­
m u la d a decisão.
§ 12 Se d u ran te a discussão o P residente ju lg a r que a m atéria é com­
plexa e não se encontra suficientem ente esclarecida, suspende o julgam en­
to, desig n an d o re v iso r p a r a a sessão seguinte.
§ 22 A ju stificação esc rita do voto pode se r en cam in h ad a à S ecre ta­
r ia a té qu in ze d ia s após a votação d a m a té ria .
§ 32 O Conselheiro pode pedir preferência p a ra antecipar seu voto se
n e c e s s ita r a u s e n ta r-se ju stifíc a d a m e n te d a sessão.
§ 42 O C onselheiro pode exim ir-se de v o ta r se n ão tiv e r a ssistid o à
le itu r a do relató rio .
§ 5 - 0 relató rio e o voto do re la to r, n a au sên cia d este, são lidos p e­
lo S ecretário .
§ 62 Vencido o re la to r, o a u to r do voto vencedor la v ra o acórdão.

A rt. 95. O pedido justificado de vista por qualquer Conselheiro, quan­


do não for em m esa, n ão ad ia a discussão, sendo d eliberado como p re li­
m in a r a n te s d a votação d a m a té ria .

72

248 •Al
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

P arágrafo único. Â v ista concedida é coletiva, perm anecendo oã a u ­


tos do processo n a Secretaria, com envio de cópias aos que as solicitarem ,
devendo a m a té ria se r ju lg ad a n a sessão o rd in ária seguinte, com p refe­
rência sobre as dem ais, ainda que ausentes o relator ou o Conselheiro re­
q u erente.

A rt. 96. As decisões coletivas são form alizadas em acórdãos, assin a­


dos pelo P re sid en te e pelo rela to r, e publicadas.
§ 1- As m anifestações gerais do Conselho Pleno podem d isp e n sar a
form a de acórdão.
§ 2^ As em en tas têm num eração sucessiva e an u a l, relacio n ad a ao
órgão deliberativo.

A rt. 97. As p a u ta s e decisões são publicadas n a im p ren sa oficial ou


com unicadas p essoalm ente aos in teressados.

Seção VI
D a D ireto ria do C onselho F ed eral

A rt. 98. O P residente é substituído em suas faltas, licenças e im pe­


dim entos pelo V ice-Presidente, pelo Secretário-G eral, pelo Secretário-G e­
r a l A djunto e pelo Ttesoureiro, sucessivam ente.
§ 12 0 Vice-Presidente, o Secretário-G eral, o Secretário-G eral A djun­
to e o Ibsoureiro substituem -se nessa ordem, em suas faltas e im pedim en­
tos ocasionais, sendo o últim o substituído pelo Conselheiro F ed eral m ais
antigo e, havendo coincidência de m andatos, peio de inscrição m ais antiga.
§ 22 No caso de licença tem porária, o D iretor é substituído pelo Con­
selheiro designado pelo P resid en te.
§ 3- N o caso de v acância de cargo d a D iretoria, em v irtu d e de p e r­
da do m andato, m orte ou renúncia, o sucessor é eleito pelo Conselho Pleno.

A rt. 99. Com pete à D iretoria, coletivam ente:


I — d a r execução às deliberações dos órgãos deliberativos do Con­
selho;
II — e lab o rar e su b m eter à “Iferceira C âm ara, n a form a e p razo es­
tabelecidos n e ste R egulam ento G eral, o orçam ento an u al d a rec eita e da
despesa, o rela tó rio an u a l, o balanço e as contas;
III — elaborar estatística anual dos trabalhos e julgados do Conselho;

73

249
_______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

IV — d istrib u ir e re d istrib u ir as atribuições e com petências e n tre os


se u s m em bros;
V — e la b o ra r e ap ro v a r o plano de cargos e sa lá rio s e a p o lític a de
a d m in istra ç ã o de pesso al do C onselho, prop o sto s pelo S ecretário -G eral;
VI — pro m o v er a ssistê n c ia fin a n c e ira aos órgãos d a OAB, em caso
de n ec e ssid a d e com provada e de acordo com p rev isã o o rç a m e n tá ria ;
VII — definir critérios p a ra despesas com tr a n s p o s e e hospedagem
dos C onselh eiro s, m em bros d as com issões e convidados;
V III — a lie n a r ou o n e ra r b en s m óveis;
IX — reso lv e r os casos om issos no E s ta tu to e no R eg u lam en to Ge­
ra l, a d r e fe r e n d u m do C onselho Pleno.

A rt. 100. C om pete ao P re sid en te:


I — re p re s e n ta r a OAB em geral e os advogados b rasileiro s, no p aís
e no e x terio r, em ju ízo ou fo ra dele;
II — r e p r e s e n ta r o C onselho F e d e ra l, em ju íz o ou fo ra dele;
III — convocar e p re sid ir o C onselho F e d e ra l e e x e c u ta r s u a s deci­
sões;
IV — a d q u irir, o n e ra r e a lie n a r b ens im óveis, quan d o au to rizad o , e
a d m in is tra r o patrim ô n io do Conselho F ed eral, ju n ta m e n te com o Ibsou-
reiro ;
V — aplicar p en as disciplinares, no caso de infração com etida no âm ­
bito do C onselho F ed era l;
VI — a s s in a r, com o Ifesoureiro, ch eq u es e o rd en s de p ag am en to ;
VH — executar e fazer executar o E statuto e a legislação complementar.

A rt. 101. C om pete ao V ice-P residente:


I — p re s id ir o órgão E sp ecial e e x e c u ta r su a s decisões;
II — e x e c u ta r as atrib u içõ e s q ue lh e forem co m etid as p e la D ireto ­
r ia ou d eleg a d as, po r p o rta ria , pelo P re sid e n te .

A rt. 102. C om pete ao S ecre tário -G eral;


I — p re s id ir a P rim e ira C â m a ra e e x e c u ta r s u a s decisões;
II — d irig ir todos os tra b a lh o s de S e c re ta ria do C onselho F ed era l;
I II — s e c r e ta r ia r as sessões do C onselho Pleno;

74

250 •àM
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

IV — m anter sob sua guarda e inspeção todos os documentos do Con­


selho F ederal;
V — contro lar a p resen ça e d e c la ra r a p erd a de m an d ato dos Con­
selheiros F ederais;
VI — ex ecu tar a ad m in istração do pessoal do Conselho F ederal;
V II — e m itir certidões e declarações do C onselho F ed eral.

A rt. 103. C om pete ao S ecretário-G eral A djunto:


I — p re sid ir a S egunda C â m a ra e ex ecu tar su a s decisões;
II — o rg an izar e m a n te r o cad astro nacional dos advogados e e s ta ­
g iário s, req u isitan d o os dados e inform ações necessários aos Conselhos
Seccionais e prom ovendo as m edidas necessárias;
III — ex ecu tar as atribuições que lhe forem com etidas p ela D ireto­
r ia ou d elegadas pelo Secretário-G eral;
r v — s e c re ta ria r o órgão E special.

A rt. 104. C om pete ao Tfesoureiro:


I — p re sid ir a Tferceira C âm ara e ex ecu tar su a s decisões;
II — m a n te r sob s u a g u ard a os bens e valores e o alm oxarifado do
^ Conselho;
I II — ad m in istrar a Tfesouraria, controlar e pagar to d as a s despesas
au to rizad as e a s sin a r cheques e ordens de pagam ento com o P residente;
IV — elaborar a proposta de orçam ento an u al, o relatório, os b alan ­
ços e as contas m en sais e a n u a is d a D iretoria;
V — propor à D ireto ria a ta b e la de cu stas do C onselho F ed eral;
VI — fiscalizar e cobrar as tran sfe rê n cia s devidas pelos Conselhos
Seccionais ao Conselho F ederal, propondo à D iretoria a in tervenção n as
Ifesourarias dos in adim plentes;
VII — m a n ter inventário dos bens móveis e imóveis do Conselho Fe­
d eral, atu aliza d o anualm ente;
V III — receb er e d a r quitação dos valores recebidos pelo Conselho
F ederal.
§ 12 Em casos im previstos, o Ifesoureiro pode re a liz a r desp esas não
co n s tan tes do orçam ento an u al, quando a u to riza d as p ela D ireto ria.
§ 22 Cabe ao Tfeaoureiro propor à D iretoria o regulam ento p a ra aq u i­
sições de m a te ria l de consum o e p erm an en te.

75

# 4#
______________ História da
Ordem dos Advogados do Brasil

CAPÍTULO IV
DO CO N SELH O SECCIONAL

A rt. 105. Com pete ao Conselho Seccional, além do prev isto nos arts.
57 e 58 do E sta tu to :
I — cum prir o disposto noa incisos I, II e III do a rt. 54 do E sta tu to ;
II — a d o ta r m ed id as p a r a a s s e g u ra r o re g u la r fu n cio n am en to das
Subseções;
I II — in te rv ir, p arcial ou to ta lm e n te , n a s S ubseções e n a C aix a de
A ssistência dos Advogados, onde e quando co n statar grave violação do E s­
ta tu to , deste Regulam ento G eral e do Regimento In tern o do Conselho Sec­
cional;
IV — c a ssa r ou modificar, de ofício ou m ediante representação, qual­
q u er ato de su a d ireto ria e dos dem ais órgãos executivos e deliberativos,
d a d ireto ria ou do conselho da Subseção e da d ireto ria d a C aixa de A ssis­
tên cia dos Advogados, contrários ao E sta tu to , ao R egulam ento G eral, aos
P rovim entos, ao Código de É tic a e D isciplina, ao seu R egim ento In tern o
e às su a s Resoluções;
V — a ju iz a r, após deliberação:
a) ação d ireta de inconstitucionalidade de leis ou atos norm ativos es­
ta d u a is e m unicipais, em face d a C onstituição E sta d u a l ou d a Lei O rg â­
n ic a do D istrito F ederal;
b) ação civil pública, p ara defesa de interesses difusos de c a ráte r ge­
ra l e coletivos e individuais hom ogêneos, relacionados à classe dos advo­
gados;
c) m an d ad o de se g u ra n ça coletivo, em defesa de seu s in sc rito s, in ­
d ep e n d en tem e n te d e au to riza çã o pesso al dos in teressa d o s;
d) m andado de injunção, em face d a Constituição E sta d u al ou d a Lei
O rgânica do D istrito F ederal.
P arágrafo único. 0 ajuizam ento é decidido pela D iretoria, no caso de
u rg ên c ia ou recesso do C onselho Seccional.

A rt. 106. Os Conselhos Seccionais são compostos de conselheiros elei­


tos, incluindo os m em bros d a D iretoria, proporcionalm ente ao n úm ero de
advogados com inscrição concedida, observados os se g u in te s critério s:
I — abaixo de 3.000 (três mil) inscritos, até 24 (vinte e quatro) membros;
II — a p a rtir de 3.000 (três mil) inscritos, m ais um m embro por g ru ­
po com pleto de 3.000 (trê s m il) in sc rito s, a té o to ta l d e 60 m em bros.

76

252 •Al
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 1- Cabe ao Conselho Seccional, observado o núm ero d a ú ltim a in s­


crição concedida, fix a r o núm ero de se u s m em bros, m e d ian te resolução,
su je ita a referendo do C onselho F ed era l, que ap recia a b a se d e cálculo e
re d u z o excesso, se houver.
§ 22 O C onselho Seccional, a delegação do Conselho F ed eral, a d ire­
to ria d a C aixa de A ssistência dos Advogados, a d ire to ria e o conselho d a
S ubseção podem te r su p len tes, eleitos n a ch a p a vencedora, a té o n ú m e­
ro m áxim o d e m e ta d e de su a s com posições.
§ 3- N ão se incluem no cálculo d a composição dos elegíveis ao Con­
selho seus e x -p re sid e n te s e o P re sid e n te do I n s titu to dos Advogados.

A rt. 107. Ibdos os órgãos vinculados ao Conselho Seccional reúnem -


se, o rd in a ria m e n te , nos m eses de fevereiro a dezem bro, em su a s sedes,
e p a ra a sessão de posse no m ês de ja n e iro do prim eiro ano do m andato.
§ 12 Em caso de urgência, ou no período de recesso (janeiro), os P re­
sid en tes dos órgãos ou um terço de seus m em bros podem convocar sessão
e x tra o rd in á ria .
§ 2^ As convocações p a ra as sessões ordinárias são acom panhadas de
m in u ta d a a ta d a sessão a n te rio r e dos dem ais docum entos n ecessário s.

A rt. 108. P a ra aprovação ou alteração do Regimento In tern o do Con­


selho, de criação e in terv en ção em C aixa de A ssistên cia dos A dvogados
e Subseções e p a ra aplicação d a p e n a de exclusão de in scrito é n ec e s sá ­
rio q u o r u m de p re se n ç a de dois terços dos conselheiros.
§ 1- P a ra as d em ais m a té ria s exige-se q u o r u m de in sta la ç ã o e d e­
liberação de m e tad e dos m em bros de cada órção deliberativo, n ão se com­
p u ta n d o no cálculo os ex -P re sid e n tes p re se n te s, com d ire ito a voto.
§ 2s A deliberação é tom ada pela m aioria dos votos dos presentes, in ­
clu in d o 08 ex -P re sid e n te s com d ireito a voto.
§ 32 Com prova-se a presença pela a s sin a tu ra no docum ento próprio,
sob co ntrole do S e c re tá rio d a sessão.
§ 4? Q ualquer m em bro p rese n te pode re q u e re r a verificação do q u o ­
r u m , p o r cham ada.
§ 5- A au sên c ia à sessão depois d a a s s in a tu ra de presen ça, n ão ju s ­
tific a d a ao P re sid e n te , é c o n ta d a p a r a efeito d e p e rd a do m a n d ato .

A rt. 109. O C onselho Seccional pode dividir-se em órgãos d elib era­


tivos e in stitu ir comissões especializadas, p ara m elhor desempenho de suas
ativ id a d es.

77

253
_______________ H is to ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 1- Os órgãos do Conselho podem receber a colaboração g ra tu ita de


advogados não conselheiros, inclusive p a ra in stru ç ã o p ro cessu al, consi­
deran d o -se função re le v a n te em beneficio d a advocacia.
§ 2^ N o Conselho Seccional e n a Subseção que disponha de conselho
é obrigatória a instalação e o funcionam ento d a Comissão de D ireitos H u ­
m anos, d a Com issão de O rçam ento e C ontas e d a Com issão de E stágio e
E x am e de O rdem .
§ 33 Os suplentes podem desem penhar atividades perm anentes e tem ­
p o rá ria s, n a form a do R egim ento In tern o .

A rt. 110. Os relato res dos processos em tram itação no Conselho Sec­
cional têm com petência p a ra in stru ç ão , podendo o u v ir depoim entos, re ­
q u isita r docum entos, d eterm in a r diligências e propor o arq u iv am en to ou
o u tr a p ro v id ên cia p o rv e n tu ra cabível ao P re sid e n te do órgão colegiado
com petente.

A r t. 111. O C onselho Seccional fixa ta b e la de h o n o rário s advocatí-


cios, definindo as referências m ínim as e as proporções, quando for o caso.
P arág rafo único. A ta b e la é am p lam en te d iv u lg ad a e n tre os in sc ri­
tos e encam inhada ao Poder Judiciário p ara os 6 n s do art. 22 do E statu to .

A r t. 112. O E xam e de O rdem é organizado p ela Com issão de E s tá ­


gio e E x am e de O rdem do C onselho Seccional, n a fo rm a do P ro v im en to
e d a s Resoluções do C onselho F ed era l, segundo p a d rã o n acio n al u n ifo r­
m e d e q u alid ad e , critério s e p ro g ram as.
§ 1- C abe à Com issão fix a r o calen d ário a n u a l do E xam e.
§ 2^ 0 recurso co ntra decisão d a Comissão ao Conselho Seccional ob­
se rv a 08 critério s prev isto s no P rovim ento do C onselho F ed era l e no r e ­
g u la m en to do C onselho Seccional.

A rt. 113. 0 R egim ento In tern o do C onselho Seccional define o p ro ­


cedim ento de intervenção to tal ou parcial n as Subseções e n a C aixa de As­
sistên c ia dos Advogados, observados os critério s estabelecidos n e s te Re­
g u la m en to G eral p a r a a in terv en ção no C onselho Seccional.

A rt. 114. O s Conselhos Seccionais definem nos seu s Regim entos In ­


te rn o s a com posição, o modo de eleição e o fu n cionam ento dos "D ibunais
de É tic a e D isciplina, observados os procedim entos do Código de É tic a e
D isciplina.

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254
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 1° Os m em bros dos Tribunais de É tica e D isciplina, inclusive seus


Presidentes, são eleitos n a prim eira sessão ordinária após a posse dos Con­
selhos Seccionais, d entre os seus in teg ran te s ou advogados de notável re­
p u tação êtico-profissional, observados os m esm os req u isito s p a ra a elei­
ção do C onselho Seccional.
§ 22 0 m andato dos membros dos Itíb u n a is de É tica e D isciplina tem
a d u raç ão d e tr ê s anos.
§ 3S Ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 66 do E statuto, o mem­
bro do IH b u n a l de É tic a e D isciplina p erde o m an d ato a n te s do seu té r ­
m ino, cabendo ao C onselho Seccional eleg er o su b stitu to .

CAPÍTULO V
DAS SUBSEÇÕ ES

A rt. 115. Com pete às subseções d ar cum prim ento às finalidades p re­
v ista s no a r t. 61 do E sta tu to e n e ste R egulam ento G eral.

A rt. 116. O Conselho Seccional fíxa, em seu orçam ento an u al, d o ta­
ções específicas p a ra as subseções, e as re p a ssa segundo program ação fi­
n a n c e ira ap ro v a d a ou em duodécimos.

A rt. 117. A criação de Subseção depende, além d a o b serv ân cia dos


req u isitos estabelecidos no Regim ento In tern o do Conselho Seccional, de
e stu d o p re lim in a r de v iabilidade realizad o por com issão esp ecial d esig ­
n a d a pelo P re sid e n te do C onselho Seccional, in cluindo o n ú m e ro d e a d ­
vogados efe tiv a m en te re sid e n te s n a b ase te rrito ria l, a ex istê n cia de co­
m arca judiciária, o levantam ento e a perspectiva do m ercado de trabalho,
0 cu sto de in sta la ç ã o e de m anutenção.

A rt. 118. A resolução do Coneelho Seccional que criar a Subseção deve:


I — fix a r s u a b ase te rrito ria l;
II — d efin ir oa lim ite s de su a s com petências e autonom ia;
III — fix ar a d a ta d a eleição d a d ireto ria e do conselho, quan d o for
o caso, e o inicio do m andato com encerram ento coincidente com o do Con­
selho Seccional;
rV — d efin ir a composição do conselho d a Subseção e su a s a trib u i­
ções, quando for o caso.
§ 1- Cabe à D iretoria do Conselho Seccional encam in h ar cópia d a re­
solução ao Conselho Federal, com unicando a composição d a d ireto ria e do
conselho.

79

255
______________H k tn ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 22 Os membros d a diretoria da Subseção integram seu conselho, que


te m 0 m esm o p resid e n te .

A r t. 119. Os conflitos de com petência e n tre subseções e e n tre e s ta s


e 0 C onselho Seccional são po r este decididos, com recu rso v o lu n tário ao
C onselho F ed era l.

A rt. 120. Q uando a Subseção dispuser de conselho, o P resid en te des­


t e desig n a um de seus m em bros, como re la to r, p a ra in s tru ir processo de
inscrição no q u ad ro d a OAB, p a r a os re sid e n te s em su a b ase te rrito ria l,
ou processo disciplinar, quando o fato tiver ocorrido n a su a base territorial.
§ 1” Os relato res dos processos em tram itação n a Subseção têm com­
petên cia p a ra instrução, podendo ouvir depoim entos, re q u isita r docum en­
to s, d e te rm in a r diligências e propor o arqu iv am en to ou o u tra p ro v id ên ­
c ia ao P re sid e n te .
§ 2‘ C oncluída a in stru ç ã o do pedido de inscrição, o r e la to r su b m e­
te parecer prévio ao conselho d a Subseção, que pode ser acom panhado pe­
lo r e la to r do C onselho Seccional.
§ 3- C oncluída a in stru ç ã o do processo d iscip lin ar, nos te rm o s p r e ­
vistos no E s ta tu to e no Código de É tic a e D isciplina, o re la to r em ite p a ­
rec er prévio, o qual, se homologado pelo Conselho d a Subseção, é subm e­
tid o ao ju lg a m e n to do T ribunal de É tic a e D isciplina.
§ 4- O s dem ais processos, a té m esm o os relativ o s à ativ id ad e de ad ­
vocacia, in c o m p atib ilid ad e s e im p ed im en to s, obedecem a p ro ced im en to
eq u iv ale n te .

CAPÍTULO VI
DAS CAIXAS D E A SSIST Ê N C IA DOS ADVOGADOS

A r t. 12L A s C aixas d e A ssistên c ia dos A dvogados são c ria d a s me-’


d ia n te aprovação e re g istro de se u s e s ta tu to s pelo C onselho Seccional.

A rt. 122. O e sta tu to d a C aixa d efine as a tivid a d es d a D ireto ria e a


s u a e s tr u tu r a o rganizacional.
§ 1 ' A C aixa pode contar com d ep artam en to s específicos, in teg rad o s
p o r p ro fissio n ais d esignados por s u a D ireto ria.
§ 2^ O plano de em pregos e salário s do pessoal d a C aixa é aprovado
p o r s u a D ire to ria e hom ologado pelo C onselho Seccional.

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256 •Al
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 123. A a ssistê n c ia aos in scrito s n a OAB é d efin id a no e s ta tu ­


to d a C aixa e e s tá condicionada à:
I — reg u la rid ad e do pagam ento, pelo inscrito, d a an u id ad e à OAB;
II — carên c ia de um ano, após o deferim ento d a inscrição;
III — disponibilidade de recu rso s d a Caixa.
í P arágrafo único. O estatu to da Caixa pode prever a dispensa dos re-
i- q u isito s d e que cuidam os incisos I e II, em casos especiais.
i'
•fí: A rt. 124. A seguridade com plem entar pode se r im p lem en tad a pela
H' C aixa, segundo d isp u ser seu esta tu to .

A rt. 125. As C aixas prom ovem e n tre si convênios de colaboração e

Í
execução de su a s fm alidades.

A rt. 126. A Coordenação Nacional das Caixas, por elas m antida, com­
p o sta de seus p residentes, é órgão de assessoram ento do Conselho F ed e­
r a l d a OAB p a ra a política nacional de assistê n cia e seg u rid ad e dos a d ­
vogados, tendo seu Coordenador direito a voz n a s sessões, em m a té ria a
elas p e rtin e n te .

A rt. 127. 0 Conselho Federal pode constituir fundos nacionais de se-


g u rid ade e assistência dos advogados, coordenados pelas Caixas, ouvidos
: os Conselhos Seccionais.

• CAPÍTULO V II
^ DAS ELEIÇ Õ ES

A rt. 128. 0 Conselho Seccional, a té sessenta dias an tes do dia 15 de


novem bro do últim o ano do m andato, convoca os advogados inscritos p a ­
r a a votação obrigatória, m ediante edital resum ido, publicado n a im pren-
■ s a oficial, do qu al constam , d e n tre outros, os se g u in tes itens:
I — dia da eleição, n a segunda quinzena de novembro, dentro do p ra­
zo contínuo de oito ho ras, com início fixado pelo C onselho Seccional;
II — p razo p a r a o reg istro d as chapas, n a S e c re ta ria do Conselho,
a té tr in ta dias a n te s d a votação;
III — modo de composição d a chapa, incluindo o núm ero de membros
; do C onselho Seccional;
; rV — prazo de tr ê s d ias úteis, ta n to p a ra a im pugnação d as chapas
1 q u an to p a ra a defesa, após o encerram ento do prazo do pedido de reg is­
81
tro (item II), e de cinco dias ú te is p a ra a decisão d a Com issão E leitoral;

OÁI 257
_______________ H ifitó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

V — nom inata doa membros d a Comissào Eleitoral escolhida pela Di­


reto ria ;
VI — locais de votação;
V II — referência a este capítulo do Regulam ento G eral, cujo conteú­
do e s ta r á à disposição dos in teressad o s.
§ 1 - 0 e d ita l define se as chapas concorrentes às Subseções são re ­
g istra d a s n e s ta s ou n a S e c re ta ria do próprio Conselho.
§ y C abe aos Conselhos Seccionais prom over am p la divulgação das
eleições, em seus jo rn a is ou boletins e m ed ian te rep o rtag en s nos m eios
de comunicação, fornecendo as inform ações necessárias, inclusive do pro­
cesso eleitoral e d a composição das chapas concorrentes, após o deferim en­
to dos pedidos de registro.

A rt. 129. A Com issão E leitoral é com posta de cinco advogados, sen­
do um P re sid en te, que não integrem qu alq u er d as ch ap as concorrentes.
§ 15 A Comissão E leitoral utiliza os serviços das S ecretarias do Con­
selho Seccional e d a s subseções, com o apoio n ecessário de su a s D ireto­
ria s, convocando ou atrib u in d o ta re fa s aos resp ectiv o s servidores.
§ 22 No prazo de cinco dias úteis, após a publicação do ed ital de con­
vocação d as eleições, qualquer advogado pode a i^ ü ir a suspeição de m em ­
bro d a Com issão E leito ral, a se r ju lg a d a pelo C onselho Seccional.
§ 3- A Comissão E leitoral pode designar Subcomissões p a ra au x iliar
s u a s ativ id a d es n a s subseções.
§ 4- As m esas eleito ra is são desig n ad as p ela Com issão E leito ral.
§ 5- A D ireto ria do Conselho Seccional pode s u b stitu ir os m em bros
d a Com issão E leitoral quando, com provadam ente, não estejam cum prin­
do suas atividades, em prejuízo da organização e d a execução d as eleições.

A rt. 130. C ontra decisão da Comissão E leitoral cabe recurso ao Con­


selho Seccional, no prazo de quinze dias, e deste p a ra o Conselho F ed e­
ra l, no m esm o prazo, am bos sem efeito suspensive.

A rt. 13L São adm itidas a registro apenas chapas com pletas, com in ­
dicação dos candidatos aos cargos de d ireto ria do Conselho Seccional, de
conselheiros seccionais, de conselheiros federais, de diretoria d a Caixa de
A ssistência dos Advogados e de suplentes, se houver, sendo vedadas can­
d id a tu ra s iso lad a s ou que in teg rem m ais de u m a chapa.
§ 12 O requ erim en to de inscrição, dirigido ao P re sid en te d a Comis­
são Eleitoral, é subscrito pelo candidato a Presidente, contendo nome com-

82

258 9AM
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

pleto, n2 de inscrição n a OAB e endereço profissional de cada candidato,


com indicação do cargo a que concorre, acompanhado das autorizações es­
c ritas dos in te g ra n te s d a chapa.
§ 2r S om ente in te g ra ch a p a o candidato que, cum u lativ am en te:
a) seja advogado reg u la rm en te in scrito n a resp e ctiv a Seccional da
OAB, com inscrição p rin cip al ou su p lem en tar;
b) esteja em d ia com as anuidades;
c) não ocupe cargos ou funções incom patíveis com a advocacia, refe­
ridos no a rt. 28 do E sta tu to , em c a rá te r perm an en te ou tem porário, re s­
salvado o disposto no a r t. 83 d a m esm a Lei;
d) não ocupe cargos ou funções dos quais possa ser exonerável a d m i-
tum^, m esm o qu e com patíveis com a advocacia;
e) não te n h a sido condenado por qualquer infração disciplinar, com
k decisão tr a n s ita d a em julgado, salvo se rea b ilitad o p ela OAB;
^ f) exerça efetivam ente a profissão, h á m ais de cinco anos, excluído
k o período de estagiário, sendo facultado à Comissão E leitoral exigir a de-
I v id a com provação;
^ g) não e ste ja em débito com a p restação de contas ao C onselho F e­
d era l, no caso de se r d irig en te do Conselho Seccional,
i I 3- A Com issão E le ito ral publica no quadro de avisos d as S ecreta-
! rias do Conselho Seccional e d as subseções a composição das chapas com
I reg istro requerido, p a ra fins de im pugnação por q u alq u er advogado ins-
i crito.
i § 42 A Com issão E leito ral suspende o reg istro da ch a p a incom pleta
ou que inclua candidato inelegível n a form a do § 2-, concedendo ao ca n ­
didato a P re sid en te do Conselho Seccional prazo im prorrogável de cinco
fi d ias ú te is p a ra s a n a r a irre g u la rid ad e , devendo a S e c re ta ria e a Ibsou-
I r a r ia do C onselho ou d a Subseção p r e s ta r as inform ações n ecessárias.
§ 52 A chapa é registrada com denominação própria, observada a pre­
ferência pela ordem de apresentação dos requerim entos, não podendo as
: seguintes u tiliz ar term os, símbolos ou expressões iguais ou assem elhados.
I § 62 Em caso de desistência, m orte ou inelegibilidade de qualquer in ­
to te g ra n te d a chapa, a su b stitu ição pode se r req u e rid a , sem altera çã o da
B céd u la ú n ic a já com posta, considerando-se votado o su b stitu íd o .
0 § 7: Os m em bros dos órgãos da OAB, no desem penho de seu s m an-
E dato s, podem neles p erm a n ec er se concorrerem às eleições.

1 A rt. 132. A cédula eleitoral é única, contendo as ch ap as concorren-


I tes n a ordem em que foram registradas, com um a única quadricula ao la-

83

259
______________ H k fn rÍA d a
Ordem dos Advogados do Brasil

do de cada denom inação e agrupadas em colunas, observada e s ta seqüên­


cia: denom inação d a chapa e nom e do candidato a P re sid en te, em d e s ta ­
que; D iretoria do Conselho Seccional; Conselheiros Seccionais; C onselhei­
ros F ederais; D iretoria d a C aixa de A ssistência dos Advogados; e su p len ­
te s, se houver.
P arág rafo único. N as Subseções, além da cédula referid a n e s te C a­
pítulo, h á o u tra cédula p a ra as chapas concorrentes à D ireto ria d a S ub­
seção e do respectivo conselho, se houver, observando-se id ê n tic a form a.

A rt. 133. 0 Conselho Seccional, ao c ria r o conselho d a Subseção, fi­


xa n a resolução a d a ta d a eleição suplem entar, reg ulam entando-a seg u n ­
do a s re g ra s d e ste C apítulo.
P arág rafo único. Os eleitos ao prim eiro conselho d a Subseção com­
p le m en tam o prazo do m a n d ato d a d ireto ria .

A rt. 134. O voto é obrigatório p a ra todos os advogados in scrito s da


OAB, sob p en a de m u lta equivalente a 20% (vinte por cento) do v alo r da
anuidade, salvo ausên cia ju stifica d a por escrito, a se r ap reciad a p ela D i­
r e to ria do C onselho Seccional.
§ 1 - 0 eleito r faz prova de su a legitim ação ap resen tan d o su a ca rtei­
r a ou cartão de id en tid ad e profissional e o com provante d e q u itação com
a OAB, suprível por listagem atualizada d a Tbsouraria do Conselho ou da
Subseção.
§ 2^ 0 eleitor, n a cabine inviolável, deve a s sin a la r a q u ad rícu la cor­
respondente à chapa de su a escolha, n a cédula fornecida e ru b ric ad a pe­
lo p re sid e n te d a m e sa eleitoral.
§ 3S N ão pode o eleitor s u p rir ou acrescen tar nom es ou ra s u ra r a cé­
d u la , sob p e n a de n u lid ad e do voto.
§ 42 O advogado com inscrição suplem entar pode exercer opção de vo­
to, com unicando ao C onselho onde te n h a inscrição prin cip al.
§ 5 - 0 eleitor som ente pode votar no local que lhe for designado, sen­
do v e d a d a a votação em trâ n sito .

A r t. 135. E n c e rra d a a votação, as m esas rec ep to ras a p u ra m os vo­


tos d as respectivas u m a s, nos mesmos locais ou em outros designados pe­
la Com issão E leitoral, preenchendo e assinando os docum entos dos resu l­
tados e entregando todo o m aterial à Comissão E leitoral ou à Subcomissão.
§ 1- A s ch ap as concorrentes podem cred en ciar a té dois fiscais p a ra
a tu a r alte rn a d a m e n te ju n to a cada m esa eleitoral e a s sin a r os docum en­
to s dos resu ltad o s.

84

260 •ái
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 22 As impugnações promovidas pelos fiscais são reg istrad as nos do­


cum entos dos resultados, pela m esa, p a ra decisão d a Com issão E leito ral
ou de s u a Subcom issão, m as não prejudicam a contagem de c a d a u m a .
§ 3- As im pugnações devem se r form uladas às m esas eleito rais, sob
p e n a de preclusão.

A rt. 136. C oncluída a totalização d a apu ração p ela Com issão E lei­
to ral, e s ta proclam ará o resultado, lavrando a ta encam in h ad a ao C onse­
lho Seccional.
§ 1- São considerados eleitos os in te g ra n te s d a ch ap a que obtiver a
m a io ria dos votos válidos, proclam ada vencedora p ela Com issão E leito ­
r a l, sendo em possados no p rim eiro d ia do início d e se u s m an d ato s.
§ 2- A to talização dos votos rela tiv o s às eleições p a ra d ire to ria da
Subseção e do conselho, quando houver, é prom ovida p ela Subcom issão
E leitoral, que proclam a o resultado, lavrando a ta encam inhada à S ubse­
ção e ao Conselho Seccional.

A rt. 137. A eleição p a r a a D ireto ria do Conselho F ed eral observa o


disposto no a r t. 67 do E sta tu to .
§ 12 A D iretoria do Conselho F ederal procede à contagem dos votos,
proclamando o resultado e a eleição dos integrantes da chapa m ais votada.
§ 2- Ibdos 08 m em bros dos Conselhos Seccionais têm d ireito de vo­
to, in clusive se u s ex -P resid en tes em possados a té 04 de ju lh o d e 1994.
§ 32 O requerim ento de registro das candidaturas, a ser apreciado pe­
la D ireto ria do C onselho F ed eral, é ap re sen ta d o n a S e c re ta ria deste:
a) d e 25 de ju lh o a 25 de dezem bro do ano a n te rio r à eleição, p a ra
reg istro de c a n d id a tu ra a P re sid en te, acom panhado d as declarações de
apoio de no m ínim o seis Conselhos Seccionais;
b) até 25 de dezembro do ano anterior à eleição, p ara registro de cha­
p a com pleta, com a s s in a tu ra s , nom es, n ú m e ro s de in scrição n a OAB e
com provantes de eleição p ara 0 Conselho Federal, dos candidatos aos de­
m a is cargos d a D iretoria.
j § 45 A D ireto ria do Conselho F ederal pode conceder 0 p razo de cin-
• CO d ia s ú te is p a r a a correção de ev e n tu a is irre g u la rid a d e s san áv eis.
t § 52 O Conselho F ed eral confecciona as cédulas ú nicas, com indica-
i çâo dos nom es d as chapas, dos respectivos in teg ran tes e dos cargos a que
f concorrem , n a ordem em que forem re g istra d a s.
§ 62 0 eleito r in d ica se u voto assin a la n d o a q u a d ríc u la ao lad o da
ch a p a escolhida.

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•Al 267
_______________ Hi(LtnrÍA da
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 72 Nào pode 0 eleitor su p rim ir ou acrescen tar nomee ou r a s u r a r a


cédula, sob p e n a de n u lid ad e do voto.

CAPÍTULO V III
DOS RECURSOS

A rt. 138. À exceção dos em bargos de deciaraçáo, os recursos sâo di­


rigidos ao órgão julgador superior com petente, em bora interpostos p eran ­
te a au to rid ad e ou órgão que proferiu a decisão reco rrid a.
§ 12 O juízo de adm issibilidade é do rela to r do órg&o ju lg ad o r a que
se dirige o recurso, não podendo a autoridade ou órgão recorrido reje ita r
0 encam inham ento.

§ 22 O recurso tem efeito suspensivo, exceto n a s hipóteses p revistas


no E sta tu to .
§ 32 Os em bargos de declaração são dirigidos ao r e la to r d a decisão
recorrida, que lhes pode negar seguimento, fundam entadaznente, se os ti­
ver por m anifestam ente protelatórios, intem pestivos ou carentes dos pres­
supostos legais p a ra interposição.
§ 4- A dm itindo os em bargos de declaração, o re la to r os colocará em
m esa p a ra julgam ento, independentem ente de in c lu sio em p a u ta ou p u ­
blicação, n a p rim e ira sessão seguinte, salvo ju stifícad o im pedim ento.
§ 5- N ão cabe recu rso co n tra as decisões referid a s nos §§ 3 ^ 6 4-.

A rt. 139. O prazo p a ra qualquer recurso é de quinse dias, contados


do prim eiro dia útil seguinte ao da publicação da deôsfto n a im prensa ofi­
cial ou da d a ta do recebim ento pessoal da notificação an o tad a pela Secre­
t a r i a do órgão d a OAB ou pelo agente do Correio.
P arágrafo único. D u ran te o período de recesso do Conselho d a OAB
que proferiu a decisão recorrida, os prazos sâo suspensos, reiniciando-se
no prim eiro d ia ú til após 0 seu térm ino.

A ri. 140. 0 rela to r, ao c o n statar intem pestividade ou au sên cia dos


pressupostos legais p a ra interposição do recurso, profere despacho in d i­
cando ao P residente do órgão julgador 0 indeferim ento lim inar, devolven-
do-se 0 processo ao órgão recorrido p a ra ex ecu tar a decisão.
P arág rafo único. C ontra a decisão do P resid en te, referid a n e ste a r ­
tigo, cabe recu rso volu n tário ao órgão julgado r.

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262
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (l 989-2003)

A rt. 14L Se o re la to r d a decisão reco rrid a tam bém in te g ra r o órgão


ju lg ad o r su p e rio r, fica n e s te im pedido de r e la ta r o recurso.

A rt. 142. Q uando a decisão, inclusive dos Conselhos Seccionais, con-


flita r com orientação de órgão colegiado superior, fica sujeita ao duplo g rau
de ju risd ição .

A rt. 143. C ontra decisão do P resid en te ou d a D ireto ria d a Subseção


cabe rec u rso ao C onselho Seccional, m esm o quando h o u v er conselho n a
Subseção.

A rt. 144. C ontra a decisão do IH bim al de É tica e D isciplina cabe re ­


curso ao p le n á rio ou órgão especial eq u iv ale n te do C onselho Seccional.
P arág rafo único. 0 R egim ento In te m o do Conselho Seccional disci­
p lin a 0 cabim ento dos recu rso s no âm bito de cada órgão ju lg ad o r.

CAPÍTULO DC
DAS CO N FER ÊN C IA S E DOS CO LÉG IO S DE PR E SID E N T E S

A rt. 145. A C onferência N acional dos Advogados é órgão consultivo


m áxim o do Conselho F ederal, reunindo-se trie n alm en te , no segundo ano
do m andato, tendo por objetivo o estudo e o debate das questões e proble­
m as q ue digam resp e ito às fin alid ad e s d a OAB e ao co ngraçam ento dos
advogados.
§ 12 As C onferências dos Advogados dos E stados e do D istrito Fede­
r a l são órgãos consultivos dos Conselhos Seccionais, reun in d o -se tr ie n a l­
m e n te, no segundo ano do m andato.
§ 2r No prim eiro ano do m andato do Conselho F ed eral ou do Conse­
lho Seccional, decidem -se a d a ta , o local e o te m a ce n tral d a Conferência.
§ 32 As conclusões das Conferências têm caráter de recomendação aos
C onselhos correspondentes.

A rt. 146. São m em bros das C onferências;


I — efetivos: os Conselheiros e P resid en tes dos órgãos d a OAB p re ­
sentes, os advogados e estagiários inscritos n a Conferência, todos com di­
re ito a voto;
II — convidados: as pessoas a quem a Com issão O rg an izad o ra con­
ceder ta l q u alid ad e , sem d ireito a voto, salvo se for advogado.
§ 1- O s convidados, expositores e m em bros dos órgãos d a OAB têm
id en tificação especial d u ra n te a C onferência.

87

263
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 2S Os e s tu d a n te s de direito, m esm o in scrito s como es tag iário s n a


OAB, são m em bros ouvintes, escolhendo um porta-voz e n tre os p re se n ­
te s em c a d a sessão d a C onferência.

A r t. 147. A C onferência é d irigida por u m a Com issão O rganizado­


r a , d esig n ad a pelo P re sid e n te do Conselho, p o r ele p re sid id a e in te g ra ­
d a pelos m em bros d a D ireto ria e o u tro s convidados.
§ 12 O P re sid en te pode d esdobrar a Com issão O rg an izad o ra em co­
m issões específícas, definindo su a s com posições e atrib u içõ es.
§ 2- Cabe à Com issão O rganizadora definir a d istrib u ição do tem á-
rio, 08 nom es dos expositores, a program ação dos trab a lh o s, os serviços
de apoio e in fra -e s tru tu ra e o reg im en to in te rn o d a C onferência.

A rt. 148. D u ra n te o funcionam ento d a Conferência, a Com issão O r­


g a n iz a d o ra é re p re s e n ta d a pelo P re sid e n te , com p o d eres p a r a cu m p rir
a pro g ram ação estab e le cid a e decidir as questõ es o co rren tes e os casos
om issos.

A r t. 149. Os tra b a lh o s d a C onferência desenvolvem -se em sessões


p le n á ria s, p ain éis ou outros modos de exposição ou atu aç ão dos p a rtic i­
p a n te s.
§ 12 As sessões são dirigidas por um P re sid en te e um R elator, esco­
lh id o s p e la Com issão O rganizadora.
§ gs Q uando as sessões se desenvolvem em form a de pain éis, os ex­
positores ocupam a m etade do tem po to ta l e a o u tra m etad e é d estin a d a
aos d eb a te s e votação de p ro p o stas ou conclusões pelos p a rtic ip a n te s.
§ 3- É facultado aos expositores subm eter as su a s conclusões à ap ro ­
vação dos p a rtic ip a n te s.

A rt. 150. O Colégio de P residentes dos Conselhos Seccionais é regu­


la m en tad o em Provim ento.
P arág rafo único. O Colégio de P re sid en tes d as subseções é re g u la ­
m e n tad o no R egim ento In te rn o do C onselho Seccional.

TÍTU LO III
DAS D ISPO SIÇ Õ ES GERAIS E TRANSITÓRIAS

A rt. 15L Os órgãos da OAB não podem se m anifestar sobre questões


de n a tu re z a pessoal, exceto em caso de hom enagem a quem te n h a p re s­
ta d o re le v a n te s serviços à sociedade e à advocacia.

88

26^ 9AB
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

Parágrafo único. As salas e dependências dos órgãos d a OAB não po­


dem receber nom es d e pessoas vivas ou inscrições e s tra n h a s às su a s fi­
n alid ad e s, re sp e ita d a s as situações j á ex iste n tes n a d a ta d a publicação
d e s te R egulam ento G eral.

A rt. 152. A “M edalha R ui B arbosa” é a com enda m áx im a conferida


pelo Conselho F ederal às grandes personalidades d a advocacia b rasileira.
P arágrafo único. A M edalha só pode ser concedida u m a vez, no p ra ­
zo do m a n d ato do Conselho, e se rá en tre g u e ao hom enageado em sessão
solene.

A rt. 153. Os e sta tu to s d as C aixas criadas a n terio rm en te ao ad v en ­


to do E sta tu to serão a ele adaptados e subm etidos ao Conselho Seccional,
no prazo d e cento e v in te d ias, contado d a publicação d este R egulam en­
to G eral.

A rt. 154. Os Provimentos editados pelo Conselho Federal complemen­


ta m este R eg u lam en to G eral, no que n ão sejam com ele incom patíveis.
P arág rafo único. Ib d as as m a té ria s relacionadas à É tic a do advoga­
do, às infrações e sanções discip lin ares e ao processo d isc ip lin ar são r e ­
g u la m e n ta d a s pelo Código de É tic a e D isciplina.

A rt. 155. Os Conselhos Seccionais e os advogados neles inscritos, no


prazo de dois anos, contado d a publicação deste Regulam ento G eral, subs­
titu irã o os docum entos de id en tid ad e profissional n a form a p re v ista nos
arts. 32 a 36, findo o qual os atu ais documentos perderão a validade, m es­
mo que p erm a n eç am em poder de seus p o rtadores.

A rt. 156. Os processos em p a u ta p a ra julgam ento d as C âm aras Reu­


n id a s serão apreciados pelo ó rg ã o E special, a se r in stala d o n a p rim e ira
sessão após a publicação d este R egulam ento G eral, m an tid o s os re la to ­
res a n te rio rm e n te designados, q ue p a rtic ip a rã o d a resp e ctiv a votação.

A rt. 157. Revogam-se as disposições em contrário, especialm ente os


P rovim entos d e n“ 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9 ,1 0 , 11,12, 13, 1 4 ,1 5 ,1 6 , 17, 18, 19,
20, 21, 22, 24, 25, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 46,
50, 51, 52, 54, 57, 59, 60, 63, 64, 65, 67 e 71, e o R egim ento In te rn o do
C onselho F ed era l, m antidos os efeitos d a s Resoluções n&& 01/94 e 02/94.

89

•Al 265
_______________ Hi<;tnria da
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 158. E ste Regulamento G eral en tra em vigor n a d ata de sua pu­
blicação.
S aia d a s S essões, em B ra sília , 16 de o u tu b ro e 6 de novem bro de
1994.
JO S É ROBERTO BATOCHIO
P re sid en te

PAULO LUIZ NETTO LÔBO


R elator

(Comissão Revisora: Conselheiros Paulo Luiz N et to Lôbo (AL) — P re si­


dente; Á lvaro L eite G uim arães (RJ); Luiz Antônio Basílio (ES); Reginal-
do O scar de C astro (DF); U rbano V italino de Melo Filho (PE))

90

266
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

ANEXO III
Novo Código de Ética

267
_____________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB ')

0 C O N S E L H O F E D E R A L DA O RD EM D OS ADVOGADOS DO
BRASIL, ao in s titu ir o Código de É tic a e D isciplina, norteo u -se p o r p r in ­
cípios que form am a consciência profissional do advogado e re p re se n ta m
im perativos de su a conduta, ta is como: os de lu ta r sem receio pelo p rim a ­
do d a J u s tiç a ; p u g n a r pelo cum prim ento d a C o n stitu ição e pelo resp e ito
à Lei, fazendo com que e s ta seja in te rp re ta d a com retidão, em p erfeita sin ­
to n ia com os fin s sociais a qu e se d irig e e as exig ên cias do bem com um;
s e r fiel à v e rd a d e p a r a po d er se rv ir à J u s tiç a como u m de s e u s e lem e n ­
to s essenciais; proceder com leald ad e e boa-fé em s u a s relações profissio­
n a is e em todos os a to s do seu ofício; em p en h a r-se n a defesa d a s ca u sa s
confiadas ao seu patro cín io , dando ao c o n stitu in te o am p aro do D ireito ,
e p ro p o rcio n an d o -lh e a rea liz aç ão p r á tic a de se u s leg ítim o s in te re s s e s ;
com portar-se, n esse m ister, com independência e altivez, defendendo com
0 m esm o denodo h u m ild es e poderosos; exercer a advocacia com o in d is ­
pensável senso profissional, m as tam bém com desprendim ento, ja m ais p er­
m itin d o q ue o an seio de g an h o m a te ria l sobreleve à fin a lid a d e social do
se u tra b a lh o ; ap rim o rar-se no culto dos princípios éticos e no dom ínio d a
ciên cia ju ríd ic a , de modo a to rn a r-s e m ereced o r d a confiança do clien te
e d a sociedade como um todo, pelos a trib u to s in tele ctu a is e p ela p ro b id a­
de p essoal; ag ir, em su m a , com a d ig n id ad e d a s p esso as de bem e a cor­
reção dos p ro fissio n ais q ue h o n ra m e engran d ecem a s u a classe.
In sp irad o n esses postulados é que o Conselho F ed eral d a O rdem dos
Advogados do B rasil, no uso das atribuições que lh e são conferidas pelos
a r ts . 33 e 54, V, d a Lei n^ 8.906, de 04 de ju lh o de 1994, ap ro v a e e d ita
e s te Código, ex o rta n d o os advogados b ra sile iro s à s u a fiel o b serv ân cia.

(*} P u b lica d o n o D iário da J u s tiç a , Seção I, do dia 01.0 3 .9 5 , págs. 4 .0 0 0 a 4.0 04.

91

268
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

TÍTULO I
DA ÉTICA DO ADVOGADO

CAPÍTULO I
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS

A r t. 1*. 0 exercício d a advocacia exige conduta com patível com os


preceitos deste Código, do E statuto, do Regulamento Geral, dos Provim en­
to s e com OB dem ais princípios d a m oral individual, social e profissional.

A rt. 22. O advogado, indispensável à adm inistração da Ju stiça, é de­


fensor do estado democrático de direito, da cidadania, da m oralidade p ú ­
blica, d a Ju stiç a e d a paz social, subordinando a atividade do seu M inis­
té rio P rivado à elevada função pública que exerce.
P arág rafo único. São deveres do advogado:
I — preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da
profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;
II — a tu a r com destem or, independência, honestid ad e, decoro, ve­
racid ad e, lealdade, dignidade e boa-fé;
III — v elar por su a rep u ta çã o pessoal e profU sional;
IV — em penhar-se, perm anentem ente, em seu aperfeiçoam ento pes­
soal e profíssional;
V — contribuir p a ra o aprim oram ento das instituições, do D ireito e
d as leis;
VI — e s tim u la r a conciliação e n tre os litig a n tes, prevenindo, sem ­
p re que possível, a in sta u ra ç ã o de litígios;
V II — aconselhar o cliente a não in g re ssa r em a v e n tu ra ju d icial;
V III — ab ster-se de;
a) u tiliz a r de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
b) patro cin ar in teresses ligados a outras atividades estra n h as à ad ­
vocacia, em que tam bém atue;
c) vincular o seu nome a em preendim entos de cunho m anifestam en­
te duvidoso;
d) em prestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a ho­
n estid a d e e a dignidade d a pessoa h um ana;
e) entender-se d iretam en te com a p a rte adversa que te n h a p atrono
constituído, sem o assen tim en to deste.

92

•áb 269
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

IX — p u g n a r p ela solução dos problem as d a cid ad an ia e p ela efeti­


vação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âm bito d a co­
m unidade.

A rt. 32. O advogado deve te r consciência de que o D ireito é um meio


de m itigar as desigualdades p ara o encontro de soluções ju sta s e que a lei
é um in stru m e n to p a r a g a r a n tir a igualdade de todos.

A rt. 4?. O advogado vinculado ao cliente ou co n stitu in te, m ed ian te


relação em pregatícia ou por contrato de p restação p erm a n en te de servi­
ços, in te g ra n te de d ep a rtam en to jurídico, ou órgão de a ssesso ria ju r íd i­
ca, público ou privado, deve ze la r pela s u a lib erd ad e e independência.
P arág rafo único. É legítim a a recu sa, pelo advogado, do p atrocínio
de p retensão concernente a lei ou direito que tam bém lh e seja aplicável,
ou c o n tra rie expressa orientação sua, m a n ifesta d a an terio rm en te.

A rt. 5-. 0 exercício d a advocacia é incom patível com q u alq u er pro­


cedim ento de m ercantilização.

A rt. 6S. É defeso ao advogado expor os fatos em Ju ízo falseando de­


lib e ra d a m e n te a v erdade ou estrib an d o -se n a má-fé.

A rt. 7?. É vedado 0 oferecimento de serviços profissionais que im pli­


quem , d ire ta ou in d ire ta m e n te , inculcação ou captação de clien tela.

CAPÍTULO II
DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE

A rt. 82. 0 advogado deve inform ar o cliente, de form a clara e inequí­


voca, quanto a eventuais riscos d á su a pretensão, e das conseqüências que
poderão ad v ir d a dem anda.

A rt. 9 :. A conclusão ou desistência d a causa, com ou sem a extinção


do m andato, obriga o advogado à devolução de bens, valores e docum en­
tos recebidos no exercício do mandato, e à pormenorizada prestação de con­
ta s, não excluindo o u tras prestações solicitadas, pelo cliente, a qu alq u er
m om ento.

A rt. 10. Concluída a causa ou arquivado 0 processo, presum em -se 0


cum prim ento e a cessação do m andato.

93

270 9AI
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. IL 0 advogado não deve a c e ita r procuração de quem já te n h a


patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo ju s ­
to ou p a r a adoção de m edidas ju d ic ia is u rg e n te s e in ad iáv eis.

A rt. 12. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desam paro


os feitos, sem m otivo ju sto e com provada ciência do co n stitu in te.

A rt. 13. A renúncia ao patrocínio im phca omissão do motivo e a con­


tin u id ad e d a responsabilidade profissional do advogado ou escritório de
advocacia, d u ran te o prazo estabelecido em ]ei; não exclui, todavia, a re s­
ponsabilidade pelos danos causados dolosa ou culposam ente aos clientes
ou a terceiros.

A rt. 14. A revogação do m andato judicial por vontade do cliente não


0 desobriga do pagam ento das verbas h onorárias co n tratad as, bem como
n ão r e tir a o d ireito do advogado de receber o quanto lh e seja devido em
ev en tu al v erba h o norária de sucum bência, calculada proporcionalm ente,
em face do serviço efetiv am en te p resta d o .

A rt. 15. 0 m andato ju d iciai ou extrajudicial deve s e r outorgado in ­


d iv id u alm ente aos advogados que integrem sociedade de que façam p a r ­
te, e será exercido no interesse do cliente, respeitada a Uberdade de defesa.

A rt. 16. O m andato judicial ou extrajudicial n ão se extingue pelo de­


curso d e tem po, desde que p erm an eça a confíança recíproca e n tre o ou-
to rg a n te e o se u p atro n o no in te re sse d a causa.

A rt. 17. Os advogados in teg ran tes d a m esm a sociedade profissional,


ou reu n id o s em c a rá te r p erm a n en te p a ra cooperação recíproca, n ã o po­
dem r e p re s e n ta r em ju ízo clien tes com in te re sse s opostos.

A rt. 18. Sobrevindo conflitos de in teresse e n tre seu s co n stitu in tes,


e não estan d o acordes os interessados, com a devida p ru d ên cia e discer­
nim en to, o p ta rá o advogado por um dos m andatos, ren u n c ian d o aos de­
m ais, resg u a rd a d o o sigilo profissional.

A r t. 19. O advogado, ao p o stu la r em nom e de te rc eiro s, c o n tra ex-


cliente ou ex-em pregador, judicial e extrajudicialm ente, deve resg u a rd a r
0 segredo profissional e as inform ações rese rv a d as ou p riv ileg iad as que
lh e te n h a m sido confiadas.

94

•Al 277
_______________ H is tó ria d a
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar causa co n trária à


ética, à m oral ou à v alid ad e de ato ju ríd ico em que te n h a colaborado,
orientado ou conhecido em consulta; d a m esm a form a, deve declinar seu
im pedim ento ético quando te n h a sido convidado pela o u tra p arte , se es­
t a lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer.

A rt. 2L É direito e dever do advogado assum ir a defesa criminal, sem


co nsiderar su a p ró p ria opinião sobre a culpa do acusado.

A r t. 22. 0 advogado não é obrigado a a c e ita r a im posição de seu


cliente que p retenda ver com ele atuando outros advogados, nem aceitar
a indicação de outro profissional p a ra com ele tra b a lh a r no processo.

A rt. 23. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, sim ul­


ta n ea m en te, como patrono e preposto do em pregador ou cliente.

A rt. 24. O substabelecim ento do m andato, com reserv a de poderes,


é ato pessoal do advogado d a causa.
§ 1 - 0 substabelecim ento do m andato sem reserv as de poderes exi­
ge 0 prévio e inequívoco conhecim ento do cliente.
§ 22 O substabelecido com reserva de poderes deve aju sta r antecipa­
d am en te seus honorários com o substabelecente.

CAPÍTULO III
DO SIGILO PROFISSIONAL

A rt. 25. 0 sigilo profissional é inerente à proSssão, impondo-se o seu


respeito, salvo grave am eaça ao direito à vida, à honra, ou quando o ad ­
vogado se veja afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, te n h a
que re v e la r segredo, porém sem pre re strito ao in teresse d a causa.

A rt. 26. 0 advogado deve g u ard a r sigilo, mesmo em depoimento ju ­


dicial, sobre o que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe recu sar-se
a depor como testem unha em processo no qual funcionou ou deva funcio­
n ar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou te n h a sido ad ­
vogado, mesmo q ue autorizado ou solicitado pelo co n stitu in te.

A rt. 27. As confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser


u tiliz a d a s nos lim ites d a necessidade d a defesa, desde q u e au to rizad o
aquele pelo constituinte.
P arágrafo único. Presum em -se confidenciais as comunicações episto-
lares entre advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros.

95

272 SAI
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

CAPÍTULO IV
DA PUBLICID A DE

A rt. 28. O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, in ­


dividual ou coletivam ente, com discrição e moderação, p a ra finalidade ex­
clusivam ente inform ativa, vedada a divulgação em conjunto com o u tra a ti­
vidade.

A rt. 29. 0 anúncio deve m encionar o nom e com pleto do advogado e


0 núm ero d a inscrição n a OAB, podendo fazer referência a títu lo s ou qua-
lifícações profissionais, especialização técnico-cientlfica e associações cul­
tu ra is e científicas, endereços, h o rário do expediente e meios de com uni­
cação, v ed a d as a s u a veiculação pelo rád io e te lev isão e a denom inação
de fa n ta sia .
§ 1- T ítulos ou qualificações p ro fissionais são os rela tiv o s à p ro fis­
são de advogado, conferidos por univ ersid ad es ou in stitu iç õ es de ensino
su p e rio r, reconhecidas.
§ 2r E specialidades são os ram os do D ireito, assim en tendidos pelos
d o u trin a d o re s ou le g alm en te reconhecidos.
§ 3- C orrespondências, com unicados e publicações, v ersan d o sobre
co n stituição, colaboração, com posição e qualificação de com ponentes de
escritó rio e especificação de especialidades p rofission ais, bem como bo­
letin s inform ativos e com entários sobre legislação, som ente podem ser for­
necidos a colegas, clientes, ou pessoas q ue os solicitem ou os au to rizem
p rev ia m e n te.
§ 42 O anúncio de advogado não deve m encionar, d ire ta ou in d ire ta ­
m en te, q u a lq u e r cargo, função pública ou relação de em prego e p a tro c í­
n io q u e te n h a exercido, p assív el de c a p ta r clientela.
§ 5 - 0 uso d as expressões “escritório de advocacia” ou “sociedade de
advogados” deve e s ta r acom panhado da indicação de núm ero de reg istro
n a OAB ou do nom e e do núm ero de inscrição dos advogados q u e 0 in te ­
grem .
§ 6 - 0 anúncio, no B rasil, deve a d o ta r o idiom a p o rtuguês, e, q u a n ­
do em idioma estrangeiro, deve esta r acompanhado d a respectiva tradução.

A rt. 30. 0 anúncio sob a form a de placas, n a sede profissional ou n a


residência do advogado, deve observar discrição quanto ao conteúdo, for­
m a e dim ensões, sem q u a lq u e r aspecto m e rc a n tilista , v ed ad a a u tiliz a ­
ção de “outdoor” ou eq uivalente.

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273
_______________ H iq fn ría da
Ordem dos Advogados do Brasil

A rt. 3L O anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores, fi­


gu ras, desenhos, logotipos, m arcas ou sím bolos in com patíveis com a so­
briedade d a advocacia, sendo proibido o uso dos símbolos oficiais e dos que
sejam u tiliz ad o s p e la O rdem dos Advogados do B rasil.
§ 12 Sâo vedadas referências a valores dos serviços, ta b ela s, g ra tu i­
dade ou form a de pagam ento, term os ou expressões que possam ilu d ir ou
confundir o público, inform ações de serviços ju ríd ico s suscetív eis d e im ­
plicar, d ire ta ou indiretam en te, captação de cau sa ou clientes, bem como
m enção ao ta m a n h o , q u alid ad e e e s tru tu ra d a sede p rofissional.
§ 2s C onsidera-se im oderado o anúncio profissional do advogado m e­
d ia n te rem essa d e correspondência a um a coletividade, salvo p a ra comu­
n icar a clientes e colegas a instalação ou m udança de endereço, a indica­
ção expressa do seu nom e e escritório em p a rte s e x tern as de veículo, ou
a inserção de seu nom e em anúncio relativ o a o u tra s ativ id ad es não ad-
vocatícias, faça d elas p a r te ou não.

A rt. 32. 0 advogado que ev en tu alm en te p a rtic ip a r de p ro g ram a de


televisão ou de rádio, de e n tre v ista n a im p re n sa, de rep o rtag em te lev i­
sio n ad a ou de q u a lq u e r outro m eio, p a r a m an ifestação p ro fissio n al, de­
ve v isa r a objetivos exclusivam ente ilustrativ o s, educacionais e in s tru ti­
vos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados p ro n u n ­
ciam entos sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão.
P arág rafo único. Q uando convidado p a ra m anifestação pública, por
qualquer modo e forma, visando ao esclarecim ento de te m a jurídico de in ­
te re sse geral, deve o advogado e v ita r insinuações a promoção pessoal ou
p rofissional, bem como o d eb a te de c a rá te r se n sac io n alista .

A r t. 33. O advogado deve a b ste r-se de;


I — responder com h a b itu a lid a d e co n su lta sobre m a té ria ju r í­
dica, nos m eios de com unicação social, com in tu ito de prom over-se
p rofissionalm ente;
II — debater, em qualquer veículo de divulgação, cau sa sob seu
p atro cín io ou p atrocínio de colega;
III — abordar tem a de modo a comprometer a dignidade d a pro­
:•
fissão e d a in stitu iç ã o que o congrega;
IV — divulgar ou d eix ar q ue seja d iv ulgada a lis ta de clientes
e dem an d as;
V — in sin u a r-se p a ra re p o rta g e n s e declarações p ú blicas.

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274
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A r t. 34. A divulgação pública, pelo advogado, de a s s u n to s técnicos


ou ju rídicos d e q ue te n h a ciência em razão do exercício profissional como
advogado constituído, assesso r ju ríd ico ou p a re c e rista , deve lim ita r-se a
asp ecto s qu e n ão quebrem ou violem o segredo ou o sigilo p ro fissio n al.

CAPÍTULO V
DOS HONORÁRIOS PR O FISSIO N A IS

A rt. 35. Os honorários advocatícios e su a eventu al correção, bem co­


m o su a m ajoração decorrente do aum ento dos atos judiciais que advierem
como necessários, devem se r previstos em contrato escrito, q u alq u er que
se ja 0 objeto e o m eio d a p resta çã o do serviço profissional, contendo to ­
d as as especificações e form a de pagam ento, inclusive no caso de acordo.
§ 1° Os honorários d a sucum bência n ão excluem os co n tratad o s, po­
ré m devem se r levados em conta no acerto final com o cliente ou co n sti­
tu in te , te n d o sem pre p re se n te o que foi aju sta d o n a aceitação d a cau sa.
§ 2^ A com pensação ou o desconto dos hono rário s c o n tra ta d o s e de
valores que devam se r entregues ao constituinte ou cliente só podem ocor­
r e r se h o u v e r p ré v ia au to rização ou p rev isão co n tra tu a l.
§ 3- A form a e as condições de resg ate dos encargos gerais, ju d iciais
e extrajudiciais, inclusive eventual rem uneração de outro profissional, ad ­
vogado ou não, p ara desem penho de serviço au x ih ar ou com plem entar téc­
nico e especializado, ou com incum bência p ertin en te fora d a Com arca, de­
vem in te g r a r a s condições g e ra is do contrato.

A rt. 36. Os honorários profissionais devem se r fíxados com m odera­


ção, aten d id o s os elem entos seguintes:
I — a relevância, o vulto, a com plexidade e a dificuldade d as q u es­
tões v e rsa d a s;
II — o tra b a lh o e o tem po necessários;
III — a possibilidade de ficar o advogado impedido de in terv ir em ou­
tro s casos, ou de se d e s a v ir com o u tro s clien tes ou terceiro s;
r v — o v alo r d a cau sa, a condição econôm ica do clien te e o pro v ei­
to p a r a ele r e s u lta n te do serviço profissional;
V — o c a r á te r d a intervenção, conform e se tr a t e de serviço a clien ­
t e av u lso , h a b itu a l ou p e rm a n e n te ;
V I — 0 lu g a r d a p resta çã o doa serviços, fo ra ou n ão do dom icílio do
advogado;

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_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

V II — a com petência e o renom e do profissional;


V III — a p rax e do foro sobre tra b a lh o s análogos.

A rt. 37. E m face d a im previsibilidade do prazo de tram itação d a de­


m anda, devem ser delim itados os serviços profissionais a se p restarem nos
procedim entos p relim in a re s, ju d iciais ou conciliatórios, a fim de q u e ou­
t r a s m edid as, so licitad as ou n e c essária s, in c id en tals ou n ão , d ire ta s ou
in d ire ta s, decorrentes d a causa, possam te r novos honorários estim ados,
e d a m esm a form a receber do constituinte ou cliente a concordância hábil.

A rt. 38. N a hip ó tese d a adoção de c láu su la q u o t a ii tis , os h o n o rá­


rio s devem s e r n e c e s s a ria m e n te re p re s e n ta d o s p o r p e c ú n ia e, q u an d o
acrescidos dos de honorários d a sucum bência, não podem se r sup erio res
às v a n ta g e n s ad v in d as em favor do c o n stitu in te ou do cliente.
P arág rafo único. A p articip ação do advogado em bens p a rtic u la re s
de cliente, com provadam ente sem condições pecuniárias, só é to lerad a em
c a rá te r excepcional, e desde que c o n tra ta d a p o r escrito.

A r t. 39. A celebração de convênios p a ra p restação de serviços j u r í ­


dicos com redução dos valores estabelecidos n a Tkbela de H onorários im ­
plica cap tação de clien tes ou cau sa, salvo se as condições p ec u lia res d a
necessidade e dos c a ren te s pu d erem se r dem o n strad as com a devida a n ­
te ced ên cia ao respectivo T ribunal de É tic a e D isciplina, q u e deve a n a li­
s a r a s u a o portunidade.

A r t. 40. Os h o n o rário s advocatícios devidos ou fixados em ta b e la s


no regim e d a assistência ju d iciária não podem se r alterados no q u a n t u m
estabelecido; m a s a v erb a h o n o rá ria decorren te d a sucum bência p e rte n ­
ce ao advogado.

A r t. 41. O advogado deve e v ita r o aviltam ento de v alores dos serv i­


ços profissionais, n ão os fixando de form a irrisó ria ou inferior ao m ínim o
fixado p ela Tkbela de H onorários, salvo m otivo p le n am e n te ju stificáv el.

A rt. 42. 0 crédito por honorários advocatícios, seja do advogado a u ­


tônom o, se ja de sociedade de advogados, não a u to riz a o sa q u e de d u p li­
c a ta s ou q u a lq u e r outro títu lo de crédito de n a tu re z a m e rc an til, exceto
a em issão de fa tu ra , desde que co n stitu a exigência do co n stitu in te ou as­
sistido, d ec o rre n te de c o n tra to escrito, ved ad a a tira g em d e p ro testo .

A rt. 43. H avendo necessid ad e de arb itra m e n to e cobrança ju d icia l


dos honorários advocatícios, deve o advogado re n u n c ia r ao p atrocínio da
ca u sa , fazendo-se r e p re s e n ta r po r um colega.

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Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

CAPÍTULO VI
DO DEVER D E URBANIDADE

A r t. 44. Deve o advogado tr a t a r o público, os colegas, as a u to rid a ­


des e 08 ftmcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, exi­
gindo ig u a l tra ta m e n to e zelando p elas p rerro g a tiv a s a que te m d ireito .

A ri. 45. Im põe-se ao advogado lh a n ez a, em prego de lin g u ag em es-


co rre ita e polida, esm ero e discip lin a n a execução dos serviços.

A rt. 46. O advogado, n a condição de defensor nom eado, conveniado


ou dativo, deve com portar-se com zelo, em penhando-se p a r a que o clien ­
te se s in ta am p arad o e te n h a a exp ectativ a de re g u la r desenvolvim ento
d a d em anda.

CAPÍTULO VII
DAS D ISPO SIÇ Õ E S GERAIS

A rt. 47. A fa lta ou inexistência, n este Código, de definição ou o rien ­


tação sobre q u estão de é tic a profissional, que seja rele v an te p a r a o exer­
cício da advocacia ou dele advenha, enseja consulta e m anifestação do TK-
b u n a l de É tic a e D iscip lin a ou do C onselho F ed eral.

A r t, 48. S em pre q ue te n h a conhecim ento d e tra n sg re s sã o d a s n o r­


m as d este Código, do E statu to , do R egulam ento G eral e dos Provim entos,
o P re sid en te do Conselho Seccional, d a Subseção, ou do TVibunal de É ti­
ca e D isciplina deve ch am ar a atenção do responsável p a ra o dispositivo
violado, sem p rejuízo d a in sta u ra ç ã o do co m petente procedim ento p a r a
ap u ra çã o das infrações e aplicação d as p en a lid a d es com inadas.

TÍTU LO II
DO PRO CESSO D ISC IPLIN A R

CAPÍTULO I
DA CO M PETÊN CIA DO
TRIBU N AL DE ÉTICA E D ISC IPLIN A

A r t. 49. 0 TVibunal de É tic a e D isciplina é com peten te p a r a o rien ­


t a r e aconselhar sobre ética profissional, respondendo às consultas em te ­
se, e ju lg a r os processos disciplinares.

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•ái 277
______________ HiqtnrÍA da
Ordem dos Advogados do Brasil

P arág rafo único. O THbunal reu n ir-se-á m en salm en te ou em m enor


período, se necessário , e to d a s as sessões se rã o p le n á ria s.

A r t. 50. C om pete tam b ém ao IV ibunal de É tic a e Disciplinai^*^


I — in s ta u r a r , de ofício, processo com petente sobre ato ou m a té ria
que considere passível de configurar, em tese, infração a princípio ou n o r­
m a de é tic a profissional;
II — org an izar, prom over e desenvolver cursos, p a le stra s, se m in á­
rios e discussões a respeito de ética proíissionai, inclusive ju n to aos C ur­
sos Jurídicos, visando à formação d a consciência dos futuros profissionais
p a r a os pro b lem as fu n d a m e n ta is d a É tica;
III — expedir provisões ou resoluções sobre o modo d e p ro ced er em
casos p rev isto s nos reg u la m e n to s e costum es do foro;
IV — m e d ia r e conciliar n a s questõ es q u e envolvam :
a) d ú v id as e p en d ên cias e n tre advogados;
b) p a rtilh a de honorários contratados em conjunto ou m ediante subs-
tabelecim ento, ou d eco rren te de sucum bência;
c) co ntrovérsias su rg id as quando d a dissolução de sociedade de ad ­
vogados.

CAPÍTULO II
DOS PRO CED IM EN TO S

A rt. 5 L O processo disciplinar in sta u ra -se de ofício ou m ed ian te r e ­


p rese n taç ão dos in teressa d o s, que não pode se r anônim a.
§ 1- R ecebida a rep rese n ta ção , o P re sid en te do C onselho Seccional
ou da S ubseção, quando e s ta d isp u se r de C onselho, d esig n a r e la to r um
de seus in te g ra n te s , p a r a p re sid ir a in stru ç ã o processual.
I 2^ O r e la to r pode propor ao P re sid e n te do C onselho Seccional ou
d a Subseção o arqu iv am en to d a rep resen tação , quando e stiv e r descons-
titu íd a dos pressu p o sto s de adm issibilidade.
§ 32 A rep rese n ta ção co n tra m em bros do Conselho F ed era l e P re s i­
dentes dos Conselhos Seccionais é processada e ju lg ad a pelo Conselho F e­
deral.

A rt. 52. Compete ao relato r do processo disciplinar d eterm in ar a no­


tificação dos in teressa d o s p a ra esclarecim entos, ou do re p re se n ta d o p a ­
r a a defesa p rév ia, em q u a lq u e r caso no prazo de 15 (quinze) dias.

(*) V. P ro v im e n to n- 83/96, q u e d ispõe s o b re 0 p ro c e d im e n to d e c o n cilia çã o , q u a n d o a r e ­


p r e s e n ta ç ã o d is c ip lin a r fo r p ro m o v id a p o r ad v o g ad o c o n tra o u tro colega.

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276 •ái
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 12 S e o re p re se n ta d o n ã o for en contrado ou for rev el, o P re sid e n ­


te do C onselho ou d a Subseção deve d esig n ar-lh e defensor datívo.
§ 22 Oferecidos a defesa p révia, que deve e s ta r aco m p an h ad a de to ­
dos os docum entos, e o rol de te stem u n h as, a té o m áxim o de cinco, é p ro ­
ferido o despacho san ead o r e, ressa lv a d a a hipótese do § 2° do a rt. 73 do
E statu to , designada a audiência p a ra oitiva do interessad o e do rep resen ­
tado e das testem u n h as, devendo o interessado, o representado ou seu de­
fen so r in cu m b ir-se do com parecim ento de su a s te s te m u n h a s , n a d a ta e
h o ra m a rc ad a s.
§ 32 O rela to r pode d eterm inar a realização de diligências que ju lg ar
convenientes.
§ 4- Concluída a instrução, será aberto 0 prazo sucessivo de 15 (quin­
ze) d ia s p a r a a ap re sen ta çã o de razões finais pelo in teressa d o e pelo r e ­
p re se n ta d o , após a ju n ta d a d a ú ltim a intim ação,
§ 5- E xtin to o prazo das razões finais, o re la to r profere p are ce r p re ­
lim in a r, a s e r su bm etido ao TH bunal.

A rt. 53. 0 P re sid e n te do IV ibunal, após 0 recebim ento do processo


d ev id am e n te in stru íd o , d esig n a r e la to r p a ra p ro fe rir o voto.
§ 12 O processo é inserido autom aticam ente n a p au ta d a prim eira ses­
são de julgam ento, após o prazo de 20 (vinte) dias de seu recebim ento p e­
lo T H bunal, salvo se 0 r e la to r d e te rm in a r diligências.
§ 22 O re p re se n ta d o é in tim a d o pela S e c re ta ria do T H bunal p a r a a
defesa o ral n a sessão, com 15 (quinze) dias de antecedên cia.
§ 32 A defesa oral é produzida n a sessão de julgam ento p e ra n te 0 TH­
bunal, após o voto do relator, no prazo de 15 (quinze) m inutos, pelo re p re ­
se n ta d o ou po r s e u advogado.

A r t. 54. O correndo a hip ó tese do a r t. 70, § 3^, do E s ta tu to , n a se s­


são especial designada pelo P resid en te do THbunal, são facu ltad as ao re ­
p re se n ta d o ou ao se u defensor a ap re sen ta çã o de defesa, a prod u ção de
p ro v a e a su ste n ta ç ã o oral, re s trita s , e n tre ta n to , à qu estão do cabim en­
to, ou não, d a su sp e n são prev en tiv a.

A r t. 55. O expediente subm etido à apreciação do TH bunal é a u tu a ­


do p ela S ecretaria, reg istra d o em livro próprio e distribuído às Seções ou
TVirmas ju lg a d o ra s, quan d o houver.

A rt. 56. As consultas form uladas recebem au tu ação em ap a rtad o , e


a esse processo são designados r e la to r e revisor, pelo P re sid e n te .

102

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_______________ H is to ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

§ 12 0 re la to r e o revisor têm prazo de dez (10) dias, cad a um , p a ra


elaboração de seus pareceres, apresentando-os n a p rim eira sessão seguin­
te, p a r a ju lg am e n to .
§ 2^ Q ualquer dos m em bros pode pedir v ista do processo pelo prazo
de um a sessão e desde que a m atéria não seja urgente, caso em que o exa­
m e deve s e r procedido d u ra n te a m esm a sessão. Sendo vários os pedidos,
a S e c re ta ria providencia a distribuição do prazo, proporcionalm ente, en ­
tr e os in teressa d o s.
§ 32 D u ra n te o ju lg am e n to e p a r a d irim ir dúvidas, o r e la to r e 0 r e ­
visor, n e s s a ordem , têm p referên c ia n a m anifestação.
§ 42 O re la to r p erm itirá aos interessado s produzir provas, alegações
e arrazo ad o s, re sp e ita d o o rito su m á rio atrib u íd o p o r e s te Código.
§ 5S Após o julgam ento, os autos vão ao relato r designado ou ao mem­
bro que tiv er parecer vencedor p ara la v ra tu ra de acórdão, contendo em en­
ta a s e r p u b licad a no órgão oficial do C onselho Seccional.

A rt. 57. A plica-se ao funcionam ento d a s sessões do IH b u n a l 0 p ro ­


cedim ento ad otado no R egim ento In te rn o do C onselho Seccional.

A ri. 58. Com provado que os in teressa d o s no processo nele te n h a m


in terv in d o de modo tem erário , com sentido de em ulação ou p ro crastin a-
ção, ta l fato c a ra c te riz a fa lta de ética passív el de punição.

A rt. 59. C o n sid erad a a n a tu re z a d a infração ética com etida, 0 TH-


b unal pode su sp e n d er tem po rariam en te a aplicação d a s p en a s de ad v er­
tê n cia e ce n su ra im postas, desde que o in fra to r p rim ário, d en tro do p ra ­
zo de 120 dias, p asse a fre q ü e n ta r e conclua, com provadam ente, curso,
simpósio, sem inário ou atividade equivalente, sobre É tica Profissional do
Advogado, rea liz ad o po r e n tid ad e de n o tó ria idoneidade.

A rt. 60. O s recursos contra decisões do IH b u n al de É tica e D iscipli­


n a, ao Conselho Seccional, regem -se pelas disposições do E statu to , do Re­
g u lam en to G eral e do R egim ento In te rn o do C onselho Seccional.
Parágrafo único. O T ribunal d a rá conhecimento de todas as su a s de­
cisões ao C onselho Seccional, p a r a que d eterm in e p erio d icam en te a p u ­
blicação de se u s julgados.

A rt. 6 h Cabe revisão do processo disciplinar, n a form a p re sc rita no


a r t. 73, § 5-, do E sta tu to .

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Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

CAPÍTULO III
DAS D ISPO SIÇ Õ E S GERAIS E TRANSITÓRIAS

A r t. 62. 0 Conselho Seccional deve oferecer os m eios e su p o rte im ­


p rescin d ív eis p a ra o desenvolvim ento das ativ id a d es do TVibunal.

A rt. 63. O T ribunal de É tic a e D isciplina deve o rg an iz ar se u R egi­


m ento In tern o , a se r subm etido ao Conselho Seccional e, após, ao Conse­
lh o F ed eral.

A rt. 64. A p a u ta de ju lg am en to s do T H bunal é pu b licad a em órgão


oficial e n o q u adro de avisos gerais, n a sede do Conselho Seccional, com
antecedência de 07 (sete) dias, devendo se r dada prioridade nos julg am en ­
to s p a ra os in te re ssa d o s que estiv erem p rese n tes.

A rt. 65. As re g ra s d este Código obrigam ig u a lm e n te as sociedades


de advogados e os estag iário s, no q ue lh es forem aplicáveis.

A rt. 66. E ste Código e n tra em vigor, em todo o te rritó rio n acio n al,
n a d a ta d e s u a publicação, cabendo aos Conselhos F ed era l e Seccionais
e às Subseções d a OAB prom over a su a am pla divulgação, revogadas as
disposições em contrário.
Brasília*D F, 13 de fevereiro de 1995.

JO S É ROBERTO BATOCHIO
P re s id e n te

MODESTO CARVALHOSA
R e la to r

(Com issão R evisora; Linício L eal B arbosa, P re sid en te; Robison B aro n i,
Secretário e Sub-relator; Nilzardo C arneiro Leão, José Cid Campeio e S ér­
gio F e rra z , Membros]

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_______________ H i«;tnria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

RESOLUÇÃO N2 02, DE 02 DE SETEMBRO DE 1994 ')

E sta b elece as d isp o siçõ es tr a n s itó r ia s r e la ti­


vas à aplicabilidade d a L ei n- 8.906, de 04.07.1994.

A D IR E T O R IA D O C O N SE L H O F E D E R A L D A O R D E M D O S A D ­
VOGADOS D O BR A SIL, a d r e f e r e n d u m do C onselho P leno, no u so d a s
a trib u iç õ e s co n fe rid a s n o a r t. 82, X, do R egim en to In te rn o , e nos a r ts . 82
e 84, d a L ei n° 8 .9 0 6 , d e 04 d e ju lh o d e 1994, reso lv e:

A r t. IS. A s a trib u iç õ e s d a s com issões dos C onselhos S eccionais, in s ­


titu íd a s segu n d o a L ei n- 4.215, d e 27.04.1963, são m a n tid a s a té o d ia 1-
de fevereiro d e 1995, perm anecendo os atu a is titu la re s no exercício de seus
m a n d a to s .

A r t. 22. O s pedidos de inscrição nos q u ad ro s d a OAB, protocolizados


a n te s do d ia 05 d e ju lh o d e 1994, devem o b se rv a r os r e q u is ito s e s e g u ir
os p ro c e d im e n to s p re v isto s n a L ei nS 4.215/63, in c lu siv e q u a n to à p u b li­
cação n a im p re n s a oficial, p a r a fín s d e im p u g n açã o .

A r i . 32. A s in sc riçõ e s p ro v isó ria s podem s e r c o n v e rtid a s em d e fin i­


tiv a s , m e d ia n te re q u e rim e n to dos in te re ssa d o s, d esd e q u e a s certid õ es de
g ra d u a ç ã o em cu rso ju rid ic o te n h a m sido e x p e d id a s:
I — n a s U n iv e rsid a d e s, pelo órgão c e n tra l d a r e ito ria in cu m b id o do
c o n tro le acadêm ico; e
I I — n a s fe d e ra çõ e s d e esco las su p e rio re s ou n a s fa c u ld a d e s is o la ­
d as, pelo órgão com petente p a r a expedição dos diplom as, n a fo rm a de seu s
e s ta tu to s e d e sd e q u e o cu rso te n h a sido a u to riz a d o e rec o n h ec id o pelo
C o n selh o d e E d u ca çã o e a u to rid a d e s e d u c a c io n a is c o m p e te n te s.
§ 1- C abe ao s C onselhos S eccionais so lic ita r, em caso de d ú v id a , ao
órgão com petente d a in stitu iç ão de ensino, inform ações a resp eito d a s cer­
tid õ e s.

(*) P u b lic a d a n o D J U , n o d ia 1 4 .0 9 .9 4 . R eferen d a d a pelo p len ário do C on selh o F e d e r a l da


O A B.

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Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

§ 2^ Os req u isito s contidos n e ste artigo, q u an to à v alid ad e d as cer­


tidões de graduação, devem se r observados p ara os novos pedidos de in s­
crição ao q u ad ro de advogados.

A rt. 4 '. A s Comissões de É tica e D isciplina observarão as reg ras do


processo e dos procedimentos disciplinares da legislação an terio r a té o dia
12 de fev ereiro d e 1995.
§ 1- Os Conselhos Seccionais assum irão as atribuições conferidas aos
TH bunais de É tic a e D isciplina, de 1? de fevereiro de 1995 a té a d a ta de
su a in stalação.
§ 22 Os P residentes dos Conselhos Seccionais encam inharão aos I h -
b u n ais de É tic a e D isciplina, após a in stala çã o destes, os processos d is­
cip lin a re s q ue estejam ag u a rd an d o julgam ento.
§ 3- A p a r tir do dia 1- de fevereiro de 1995 os processos d iscip lin a­
res observarão as reg ras dos arts. 70 a 74, da Lei n- 8.906/94, devendo os
P re sid en tes dos Conselhos Seccionais d eterm in a r su a red istrib u ição aos
Conselheiros, p a ra que encerrem a instrução, proferindo parecer prelim i­
n a r a se r subm etido aos IH b u n a is de É tica e D isciplina ou, n a fa lta des­
te s, aos Conselhos Seccionais.

A rt. 5*. E nquanto não for editado o Código de É tica e D isciplina, se­
rão observadas as reg ras deontológicas do Código de É tica P rofissional,
de 1934.

A ri. 6*. N ão estão enquadrados n a s hipóteses de incom patibilidade


introduzidas pelo art. 28, d a Lei n^ 8.906/94, os advogados e suplentes que
ten h am sido investidos, an tes de 5 de julho de 1994, nos cargos e funções
considerados incom patíveis, quando exercidos a term o ou sob m andato,
a té 0 en c erram e n to do p razo correspondente.

A r t. 7‘. E stã o dispensados do E xam e de Ordem ;


I — os bacharéis em direito que realizaram o estágio profissional de
advocacia (Lei n- 4.215/63) ou o estágio de p rática forense e organização
ju d iciária (Lei n* 5.842/72), no prazo de dois anos, com aprovação nos exa­
m es fin ais p e ra n te banca exam inadora in te g ra d a po r re p re s e n ta n te da
OAB, a té 04 de ju lh o de 1994;
II — os in scrito s no quadro de estag iário s d a OAB, a té 04 de ju lh o
de 1994, desde que realizem o estágio em dois anos de atividades e o con­
cluam , com aprovação final, até 04 de ju lh o de 1996;

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_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

III — os m atriculados, com provadam ente, nos cursos de estágio r e ­


feridos no inciso I, an tes de 05 de julho de 1994, desde que requeiram in s­
crição no q u adro de e stag iário s d a OAB a té o fin al do an o de 1994, re a ­
lizem 0 estágio em dois anos e o concluam, com aprovação final, a té 04 de
ju lh o de 1996;
IV — 08 qu e p re e n c h e ra m os re q u isito s do a r t. 53, § 2-, d a L ei n^
4.215/63, e re q u e re ra m su a s inscrições a té 04 de ju lh o d e 1994; e
V — os que, te n d o su a s inscrições a n te rio re s can celad as em v ir tu ­
de do exercício, em c a rá te r definitivo, de cargos ou funções incom patíveis
com advocacia, requererem novas inscrições, após a desincompatibilização.
P arág rafo único. Os b a c h a ré is em d ireito que ex erceram cargos ou
funções incompatíveis com a advocacia, inclusive em carreira jurídica, sem
n u n c a te re m obtido inscrição n a OAB, se a req u ererem , serão obrigados
a p r e s ta r E xam e de O rdem .

A rt. 82. Os Conselhos Seccionais definirão, até o final do ano de 1994,


m ediante resolução ou nos seus regim entos in ternos, a composição, o mo­
do de escolha e o funcionam ento dos TH bunais de É tica e D isciplina, por
eles eleitos.
§ 1- O s m em bros dos T ribunais d e É tic a e D iscip lin a se rã o eleitos
d e n tre in te g ra n te s dos Conselhos Seccionais e advogados de n o tá v el r e ­
p u ta ç ã o éticO 'profissional.
§ 22 0 m andato dos m em bros dos THbunais de É tica e D isciplina te ­
r á te rm o fin al idêntico ao dos C onselheiros Seccionais.
I 3- Ocorrendo qualquer das hipóteses do a rt. 66, d a Lei n- 8.906/94,
0 m em bro dos T ribunais de É tic a e D isciplin a p e rd e rá o m a n d ato a n te s
do seu térm in o .
§ 4- N a p rim e ira sessão o rd in á ria , após a posse, os C onselhos Sec­
cionais escolherão os m em bros dos T ribunais de É tic a e D isciplina, que
to m arão posse em sessão e x tra o rd in á ria esp ecialm en te convocada.

A rt. 9*. Os Conselhos Seccionais deverão a tu a liz a r seu s regim entos


internos a té o final do ano de 1994, estabelecendo procedim entos de adap­
ta çã o tr a n s itó r ia m e d ia n te resoluções.

A rt. 10. E s ta Resolução e n tra rá em vigor n a d a ta de su a publicação.

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Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

A rt. 11. Picam revogadas as disposições em co n trário .


B rasília-D F , em 02 de setem bro d e 1994.

JO S É ROBERTO BATOCHIO
P re sid e n te

PAULO LU IZ N ETTO LÒBO


R elato r

[Comissão Revisora: C onselheiros P aulo L uiz N etto Lôbo (AL) — P re s i­


dente; Álvaro L eite G uim arães (RJ); Luiz Antônio de Souza Basflio (ES);
R eginaldo O scar de C a stro (DF); U rbano V italino de Melo Filho (PE)]

108

285
_______________ H K fó ria d a
Ordem dos Advogados do Brasil

ANEXO IV
Presidentes de 1989 a 2010

256
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

1. O p h ir Filgueiras Cavalcante
Gestão: 1/4/1989 a 1/4/1991

267
______________História da
Ordem dos Advogados do Brasil

2. M a rce llo Lavenère M achado


Gestão: 1/4/1991 a 1/4/1993

266 9AI
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

3. josé Roberto Batochio


Gestão: 1/4/1993 a 1/4/1995

289
História da
O rdem dos Advogados d o Brasil___________

4. Ernando U choa Lima


Gestão: 1/4/1995 a 31/1/1998
V olum e 6 A O A B na D em ocracia C onsolidada (1989-2003)
______________Hi<fnria Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

6. Rubens Approbate
Gestão: 1/2/2001 a 31/1/2004

292
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

7. Roberto Antônio Busato


Gestão: 1/2/2004 a 31/1/2007

293
_______________ H is tó ria da_________
Ordem dos Advogados do Brasil__________

9. Cézar Britto
Gestão: 1/2/2007 a 31/1/2010
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

10. O p h ir Cavalcante Junior


Gestão: 1/2/2010 a 31/1/2013

295
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

296 9 A E
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

ANEXO V
Caminhada cívica

297
_______________ H is tó ria da
Ordem dos Advogados do Brasil

M archa ao Congresso N acional para a entrega da petição


in icia l p e d indo o im peachm ent do presidente Fernando
C o llo r de M e llo .

:Lrtcnyn

298
Volume 6 A OAB na Democracia Consolidada (1989-2003)

ANEXO VI
Sedes da OAB Nacional

299
________________ Hí<;tnría d a ______________________________________________
Ordem dos Advogados do Brasil______________________________________________

Lançamento da pedra fundam ental da sede própria


da O AB N acional - 1986

— SEDE ni

% % %
DO BRASIL

300 •Al
^ O AB HA D e m o c r a ^

Primeira S ed e da OAB Federai em Brasília. Atualmente


Centro Cultural Evandro Lins e Silva,

307
________________ H is tó r ia Ha
Ordem dos Advogados do Brasil

A tual sede d o Conselho Federal da O rde m dos Advogados


do Brasil.

302
Este liv ro abrange um dos períodos mais com plexos da
história do Brasil, no qual a O rdem dos Advogados se envolveu
de form a vibrante e construtiva.
Alguns destaques devem ser feitos no sentido de
despertar a atenção dos leitores, especialm ente dos
profissionais d o D ire ito, para fatos singulares ocorridos, dos
quais já extraím os algumas lições e que poderão p ro d u zir
novos ensinam entos. Ei-los: Edição do Estatuto de 1963; Golpe
de Estado de 1964; Mudança da OAB para Brasília; Campanha
pelas Diretas Já e Constituinte; e Explosão da bomba na OAB.
Ressalte-se que, neste período conturbado, a O rde m dos
Advogados sempre exerceu o seu papel p o lític o -in s titu c io n a l,
não só porque não se o m itiu , mas, ao contrário, pelo fato
de ter protagonizado ações corretas e justas à frente dos
acontecim entos.

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