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O projeto de lei anticrime propõe alterar quatorze leis, desde o Código Penal
(CP), Código de Processo Penal (CPP), Lei de Execução Penal, até leis relativas
à organizações criminosas, Estatuto do Desarmamento, Improbidade
Administrativa, Código Eleitoral, entre outras. Pretende-se alterar, dentre outros,
os seguintes tópicos: cabimento da prisão após condenação em segunda
instância; alteração do regime de excludentes de ilicitude e de legítima defesa,
visando contemplar atividades policiais e ações decorrentes de escusável medo,
surpresa ou violenta emoção; endurecimento no cumprimento de algumas
penas; alteração do conceito de organização criminosa; mudança na tipificação
e penalidade do crime de resistência; introdução do plea bargain (acordo de não
persecução criminal para crimes não violentos com penas de menos de quatro
anos); flexibilização das regras para interrogatório por videoconferência;
introdução da categoria “informante do bem” ou whisteblower.
1Este artigo da Plataforma pela Reforma do Sistema Político foi elaborado a partir do apoio técnico de
Élida Lauris (JusDh) e Giselle dos Anjos Santos (FOPIR-CEERT).
Possíveis implicações com a aprovação do Pacote Anticrime:
crescimento das violações de direitos, feminicídios, encarceramento em
massa e do genocídio da juventude negra e periférica
2 RIBEIRO, Matilde. Mulheres negras: uma trajetória de criatividade, determinação e organização. Estudos
Feministas, Florianópolis, 16(3), set-dez/2008, p. 988.
3 Segundo dados do IBGE a população negra representa 54% dos/as brasileiros/as, mas constituem apenas
17% dos mais ricos (AGÊNCIA BRASIL, 2015).
4 Outra crítica recorrente ao projeto foi a total ausência de diálogo em sua construção com os especialistas
em direito penal, processo penal e execução penal, além dos especialistas em segurança pública.
5 Em junho de 2019, ocorreu em São Paulo, um ato onde mais de 70 organizações da sociedade civil
manifestaram apoio a uma campanha contra o pacote anticrime de Sérgio Moro. Essa campanha foi batizada
de: “Pacote Anticrime, uma solução fake” (CAMARGO, 2019).
internacionalmente, na reunião da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH), que ocorreu em Kingston, na Jamaica.
A OAB, por exemplo, publicou um relatório analisando os diferentes
pontos do Pacote, apontando ressalvas com relação a nove itens, assim como a
sua expressa oposição a dez propostas, que são: execução antecipada da pena;
execução antecipada das decisões do Tribunal do Júri; modificação dos
embargos infringentes; mudanças no instituto da legítima defesa; alterações no
regime da prescrição; mudanças no regime de pena; mudanças ao crime de
resistência; criação do confisco alargado; acordo penal; e interceptação de
advogados em parlatório (OAB, 2019, p. 2). Ou seja, o nível de reprovação das
propostas é altíssimo.
Um dos pontos mais polêmicos do Pacote diz respeito ao item quatro,
sobre as medidas relacionadas à legítima defesa, onde são sugeridas três
alterações6. A primeira propõe o chamado “excludente de ilicitude”, onde “O juiz
poderá reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la se o excesso decorrer
de escusável medo, surpresa ou violenta emoção.” (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,
2019, p. 8).
Mas qual o real significado desta proposta? Tanto especialistas como
organizações da sociedade civil manifestaram críticas com relação a esse ponto,
que além de evidenciar a banalização da vida e favorecer a impunidade, pode
afetar diretamente a vida das mulheres. Uma vez que a maioria dos casos de
feminicídio são promovidos por parceiros e ex-parceiros no ambiente
doméstico7, que poderão alegar que a ação foi motivada por “violenta emoção”.
A própria Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) se colocou
contra as propostas de mudança nos artigos relacionados a medidas sobre a
legítima defesa, expressando preocupação, pois: “Depois de flexibilizar a
legislação sobre o desarmamento e, consequentemente, em certa medida,
armar a população, propor a exculpação do excesso de legítima defesa praticado
por medo, é algo preocupante. Crítica especial fazemos quanto à expressão
6 O item quatro sobre legítima defesa que indica a alteração em dois artigos do Código Penal (art. 23 e 25)
e um do Código de Processo Penal (art. 309-A)
7 Segundo estudo de uma das agências da ONU, a casa é o local mais inseguro e perigoso para as mulheres
no mundo (UNODC, 2018). Mas tal realidade se confirma no contexto brasileiro, uma vez que das mulheres
que sofreram violência 42% passaram por essa experiência em sua própria casa, enquanto 29,1% foram
agredidas na rua (FBSP, 2019).
“violenta emoção”. Ora, da forma como redigida a norma, essa exculpação seria
bastante utilizada nos frequentes casos de feminicídio.” (AJUFE, 2019, p. 8).
Não podemos esquecer que de acordo com os dados, o Brasil representa
a 5ª nação que mais mata mulheres no mundo. Ademais, alguns subgrupos de
mulheres vivenciam uma vulnerabilidade ainda mais latente frente à expressão
da violência. O Atlas de Violência 2018 aponta que a taxa de homicídios de
mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras. Durante o período
de uma década, entre 2003 e 2013, houve uma queda de 9,8% no total de
feminicídios de mulheres brancas e o crescimento de 54,2% nos casos de
feminicídio de mulheres negras (FLACSO, 2015). Ou seja, estamos vivendo um
cenário alarmante, onde o fenômeno da violência de gênero é significativamente
impactado pelo racismo e vice-versa.
Mas com as recentes propostas – flexibilização do acesso as armas de
fogo8 e a redução ou não aplicação de pena sob alegação de “surpresa ou
violenta emoção” – este quadro extremamente preocupante pode se agravar
ainda mais. Desta forma, no contexto atual, a vida das mulheres, as negras
especialmente, se encontra mais ameaçada do que nunca. Segundo a
especialista Jaqueline Sinhoretto:
8 No dia 15 de janeiro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou um decreto facilitando o acesso
à posse de armas de fogo à população. Contudo, no dia 25 de junho o presidente revogou o decreto, após o
Senado ter aprovado um parecer pedindo suspensão dos decretos e um dia antes de STF julgar um pedido
de anulação das medidas. Porém, na mesma data em que realizou a revogação, o presidente editou três novos
decretos com o mesmo conteúdo e propostas presentes no decreto anterior, além de ter enviado ao Congresso Nacional
um projeto de lei sobre o mesmo tema. Para diferentes especialistas, essa anulação representa uma nítida manobra
política para garantir a manutenção das propostas frente as ações de desabono.
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Esta proposta prevê a alteração
para considerar legítima defesa quando o agente policial com o eminente risco
de conflito armado, “previne injusta e iminente agressão a direito seu ou de
outrem” (MINISTÉRIO DE JUSTIÇA, 2019, p. 8). Além disso, os policiais também
podem alegar medo ou “violenta emoção” para justificar o uso desmedido da
força bélica. Assim, essa proposta não demonstra só leniência com a violência
institucional, como nitidamente a estimula e legitima.
Não podemos esquecer que a Polícia no Brasil é a que mais mata em todo
o mundo. O braço armado do Estado matou aqui em cinco anos mais do que a
polícia norte americana em 30 anos de trabalho 9. Os excessos são constantes:
a Polícia brasileira recebe a média de quatro denúncias por dia por abuso de
violência no Ministério Público (LOURENÇA, 2019). Em contrapartida, o índice de
assassinato dos policiais brasileiros também é altíssimo, eles estão entre os que
mais morrem10. Para aproximadamente cada quatro cidadãos mortos pela polícia
em 2013, um policial foi assassinado (PUFF; KAWAGUTI, 2014). É como se o
Brasil estivesse vivendo uma guerra não declarada. Porém, a aprovação do
Pacote Moro poderá resultar no crescimento vertiginoso da letalidade policial.
Para o advogado Alberto Zacharias Toron essa mudança “vai aumentar as ações
policiais com morte. É um cheque em branco para ações letais sem paralelo no
Estado brasileiro.” (OAB, 2019, p. 18).
Tal proposta que impõe o excludente de ilicitude, visando a ampliação da
impunidade, está em concordância com o que o presidente Bolsonaro afirmou
no início da campanha eleitoral: “Se alguém disser que quero dar carta branca
para policial militar matar, eu respondo: quero sim” (FRANCO, 2019). Lembrando
que o nosso já é um dos países que mais mata, o professor Paulo Sérgio
Pinheiro, ex-secretário de Direitos Humanos do governo FHC, ressalta a
intransigência presente nesta concepção, pois: “Facilitar as execuções
extrajudiciais não vai melhorar em nada a segurança pública. Se isso
funcionasse, o Brasil seria o país mais pacífico do mundo” (FRANCO, 2019). Ou
9 Segundo dados do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Púbica (FBSP, 2014), em cinco anos, entre 2009 e
2013, as polícias brasileiras mataram 11.197 pessoas. Este número aponta que as polícias daqui mataram o
equivalente ao que as polícias dos EUA em 30 anos, já que lá foram assassinadas 11.090 entre os anos de
1983 e 2012.
10 Entre 2009 e 2013 foram assassinados no Brasil 1.770 policiais (FBSP, 2014, p. 6).
seja, a política punitivista e coercitiva do Estado não reduz a violência, só ocorre
o contrário.
Caso seja aprovada, essa proposta irá representar a institucionalização
da prática dos autos de resistência11 e terá consequências nefastas contra a
juventude negra e periférica. Afinal, as mortes violentas no Brasil são seletivas e
os jovens negros são os principais acometidos por este fenômeno. Segundo o
Relatório Final da CPI sobre o Assassinato de Jovens produzido pelo Senado,
um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos no país, o que representa 63
mortos por dia e 23.100 por ano (SENADO, 2016). Esses índices estarrecedores
demonstram a discrepância entre a violência que atinge os indivíduos dos
diferentes grupos raciais12 na sociedade brasileira; é como se indicassem que
com “relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países
completamente distintos.” (FBSP, IPEA, 2018, p. 40).
Os dados apontam para algo que se demonstra inquestionável, a
existência de um processo de genocídio em curso contra a população negra no
Brasil. Isto é, o extermínio deliberado contra uma determinada comunidade, no
caso a juventude negra, é uma realidade concreta (TEIXEIRA, 2016). Fazer parte
desse grupo significa estar em risco iminente. Por exemplo, aos 21 anos de
idade, um jovem negro possui 147% mais chances de morrer por homicídio do
que um jovem branco com a mesma idade (IPEA, 2016).
Desta forma, o Pacote Anticrime pode resultar no incremento das
violações de direitos e no acirramento da desigualdade racial no Brasil, ao
11 Os autos de resistência são casos de homicídio doloso resultantes de ação policial contra supostos
suspeitos de algum crime, nos quais o policial alega ter usado o princípio de legítima defesa. Contudo,
quando existe a classificação como auto de resistência, a negligência institucional opera impedindo a
apuração efetiva da ocorrência, já que na extrema maioria das vezes não existe perícia no local do crime e
não se instaura o inquérito policial, gerando o arquivamento dos casos. Por exemplo, entre 2001 e 2011,
dos mais de 10 mil casos de mortes em decorrência de confronto policial no Estado do Rio de Janeiro,
somente 3,7% tiveram abertura de processo de investigação (SENADO, 2016, p. 61). Esta categorização
muitas vezes oculta atos de violência policial, em execuções sumárias contra vítimas desarmadas. E apesar
da tipificação como auto de resistência ser uma prática recorrente, não existe nenhum respaldo legal que
autorize o seu uso. Desta forma, foi aprovada em 2015 a Resolução Conjunta nº 2, elaborada pelo
Departamento Superior de Polícia e o Conselho Nacional dos Chefes da Polícia Civil, para inibir este tipo
de classificação. Todavia, segundo o próprio Relatório da CPI do Assassinato de Jovens, esta Resolução
possui nítidas limitações, demonstrando-se insuficiente para combater os casos de auto de resistência. É
necessária uma ação mais concreta para fiscalizar as práticas cartorárias das delegacias de polícia.
12 Segundo o Atlas da Violência 2018 “Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios de negros foi duas
vezes e meia superior à de não negros (16,0% contra 40,2%). Em um período de uma década, entre 2006
e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros teve
uma redução de 6,8%.” (FBSP, IPEA, 2018, p. 40).
determinar que vidas negras não importam. Episódios de chacinas e execuções
sumárias de jovens negros podem se tornar ainda mais comuns:
Moro quer garantir mais liberdade para os policiais que atiraram e, após
atirar, algemaram Kauan Peixoto, de 12 anos na baixada fluminense ou
para os policiais que atiraram em Marcos Vinicius de 14 anos na Maré,
que usava seu uniforme ao ir para escola. O Ministro quer mais liberdade
para os policiais que dispararam 111 tiros contra um carro com cinco
adolescentes que saíram para comemorar o primeiro salário do amigo.
Os policiais atiraram, sem que existisse nenhum conflito, 111 vezes.
Esses casos, que não são raros no Brasil, é que se enquadrarão na
“legítima defesa” dos policiais que poderão atirar para matar se você
colocar a mão no bolso ou se estiver portando um guarda-chuva.
(LOURENÇA, 2019).
13De acordo com os índices anteriores, no período entre 2000 e 2014 o crescimento da população feminina
encarcerada foi ainda maior, com a porcentagem de 567,4%, enquanto a média masculina aumentou
220,20%, no mesmo período.
62% são negras e 37% são brancas14; esses indicadores confirmam que os
marcadores raciais determinam os padrões de encarceramento no nosso país15.
Contudo, além de aumentar os índices do encarceramento de homens e
mulheres negros/as, o Pacote Anticrime pode fortalecer e potencializar as
facções criminosas. Marcelo Semer, juiz de direito e ex-presidente da
Associação Juízes para a Democracia, afirmou que: “o projeto é um presente
para as facções. Tudo o que elas mais querem, e mais precisam, é mais
encarceramento, mais levas de jovens que poderão aliciar para seus exércitos.
O PCC, penhorado, agradece.” (COSTA, MAURICIO, 2019).
Portanto, esse conjunto de propostas representa um grande retrocesso
para a nossa sociedade. O Brasil é signatário de todos os tratados internacionais
de direitos humanos e o Pacote Anticrime fere gravemente as pactuações de
proteção desses direitos, ao primar por um modelo punitivista, repressivo e que
na prática terá nítidas consequências racistas.
14 Neste sentido, a taxa de aprisionamento para o grupo de cada 100 mil mulheres, acima de 18 anos, dos
diferentes grupos raciais corresponde a: 40 mulheres brancas privadas de liberdade para cada 100 mil
(mulheres brancas) e 62 mulheres negras na mesma condição para cada 100 mil (mulheres negras) (DEPEN,
2018).
15 Os dados referentes a alguns estados explicitam o padrão racial com uma nitidez ainda maior, uma vez
que no Acre, por exemplo, 97% das mulheres encarceradas são negras e 3% são brancas e no Ceará, 94%
das mulheres presas são negras e 5% são brancas (DEPEN, 2016).
16 A síntese do relatório da CPI do Assassinato de Jovens foi produzida pelo Fórum Permanente pela
Igualdade Racial (FOPIR) a partir do apoio técnico de Giselle dos Anjos Santos (FOPIR-CEERT). Com o
objetivo de impedir que as resoluções da CPI caíssem no esquecimento e se transformassem em letras
mortas, o FOPIR decidiu não só visibilizar as suas recomendações para o enfrentamento do genocídio,
como também acrescentou suas recomendações, no intuito de somar forças para a superação deste sério
problema. Este documento pode ser consultado no seguinte link: http://fopir.org.br/wp-
content/uploads/2017/11/Documento-FOPIR-sobre-o-Genocidio.pdf Além disso, o FOPIR protocolou
Tal diálogo demonstra-se válido e necessário ao discutir o Pacote Moro,
pois diferente das numerosas publicações de centros de pesquisas ou do
discurso de ativistas e militantes dos movimentos sociais, especialmente do
movimento social negro, que há muito tempo denunciam o extermínio da
população negra no país, o Relatório Final da CPI do Assassinato de Jovens
possui outro caráter. Trata-se de um documento produzido pelo Senado Federal
e, portanto, pelo próprio Estado, que admite categoricamente que os números
de homicídios revelam que “o Estado brasileiro, direta ou indiretamente, provoca
o genocídio da população jovem e negra” (SENADO, 2016, p. 145) no Brasil.
Mas, além do tom categórico ao apontar a existência inegável do
genocídio contra a juventude negra no país, o Relatório também apresenta
outras colocações importantíssimas, definindo uma proposta de reforma para a
Segurança Pública brasileira17. Algumas das considerações mais importantes
são: a desmilitarização da Polícia Militar; a proibição da tipificação de homicídios
enquanto autos de resistência; o funcionamento do chamado “ciclo completo da
polícia”18; a melhoria na condição de trabalho dos policiais; a revisão do tipo de
treinamento oferecido aos policiais; a desconstrução do modelo de atuação
policial baseado no “combate ao inimigo interno” e a implantação de uma “polícia
cidadã”.
Já as principais recomendações feitas pela CPI, no âmbito técnico e
legislativo, são apresentadas a seguir.
Recomendações Técnicas
quatro ações denunciando o genocídio em curso no Estado brasileiro em quatro relatorias da ONU, por
meio do apoio técnico do advogado Daniel Teixeira (FOPIR-CEERT).
17 A necessidade de uma reforma na Segurança Pública é urgente, uma vez que quase a totalidade dos
crimes esclarecidos no Brasil decorrem de prisão em flagrante ou repercussão na mídia, e dos quase 60 mil
homicídios que ocorrem a cada ano, o índice de apuração e elucidação dos casos não atinge os 8%
(SENADO, 2016).
18 A CPI defende que a estrutura de policiamento bipartida, onde a Polícia Militar realiza o trabalho
preventivo e ostensivo e a Polícia Civil investiga, é ineficiente, devido a duplicidade de estruturas e ausência
de interação. Por isso, propõe o “ciclo completo da polícia”, sem a divisão de funções que existe atualmente.
dados e informações sobre a Segurança Pública, seja criado um banco de
informações consolidadas e sistematizadas sobre o fenômeno da violência,
partindo do aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Informações de Segurança
Pública, Prisionais e sobre Drogas (SINESP) – considerado ineficaz.
2- Criar o Observatório Nacional sobre Violência no âmbito do Congresso
Nacional: Este observatório poderá monitorar a gestão e a atuação da
Segurança Pública dos estados e dos órgãos governamentais, como a Polícia
Militar e a Polícia Civil. Este organismo poderá subsidiar informações
importantes para a construção de propostas legislativas na área de segurança.
3- Banir os chamados autos de resistência, de modo efetivo, e constituir a
possibilidade de comunicação imediata da ocorrência de crime aos órgãos
periciais: Ao reconhecer a insuficiência da Resolução Conjunta nº2 (elaborada
pelo Departamento Superior de Polícia e o Conselho Nacional dos Chefes da
Polícia Civil) aprovada em 2015, esta recomendação da CPI propõe a eliminação
completa dos chamados autos de resistência, com a definição de abertura
obrigatória de inquérito policial para a investigação dos homicídios provocados
por policiais. Além de buscar combater a supressão do trabalho de perícia
criminal, muito comum nos casos de autos de resistência, com a alteração no
Código Penal para criação de um canal de comunicação direta entre o cidadão
e o órgão pericial, realizando a notificação imediata da ocorrência do crime, sem
a necessidade de intermediação por parte da polícia.
4- Desenvolvimento de um Plano Nacional de Redução de Homicídios: Esta
recomendação visa a criação de um protocolo de ações básicas a serem
desenvolvidos pelo governo federal e os governos estaduais para efetivar a
redução dos assassinatos. Além disto, propõe a articulação e a atuação
coordenada entre os diferentes estados para a troca de dados, definição de
estratégias, tendo como prioridade medidas com foco no segmento mais
vulnerável, que possui as maiores taxas de homicídio: jovens negros entre 12 e
29 anos.
Recomendações Legislativas
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