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PACOTE ANTICRIME: Intransigência, violações de direitos e o incentivo a

impunidade, feminicídios, encarceramento em massa e o genocídio da


juventude negra e periférica.1

Teor das Propostas

O projeto de lei anticrime propõe alterar quatorze leis, desde o Código Penal
(CP), Código de Processo Penal (CPP), Lei de Execução Penal, até leis relativas
à organizações criminosas, Estatuto do Desarmamento, Improbidade
Administrativa, Código Eleitoral, entre outras. Pretende-se alterar, dentre outros,
os seguintes tópicos: cabimento da prisão após condenação em segunda
instância; alteração do regime de excludentes de ilicitude e de legítima defesa,
visando contemplar atividades policiais e ações decorrentes de escusável medo,
surpresa ou violenta emoção; endurecimento no cumprimento de algumas
penas; alteração do conceito de organização criminosa; mudança na tipificação
e penalidade do crime de resistência; introdução do plea bargain (acordo de não
persecução criminal para crimes não violentos com penas de menos de quatro
anos); flexibilização das regras para interrogatório por videoconferência;
introdução da categoria “informante do bem” ou whisteblower.

1Este artigo da Plataforma pela Reforma do Sistema Político foi elaborado a partir do apoio técnico de
Élida Lauris (JusDh) e Giselle dos Anjos Santos (FOPIR-CEERT).
Possíveis implicações com a aprovação do Pacote Anticrime:
crescimento das violações de direitos, feminicídios, encarceramento em
massa e do genocídio da juventude negra e periférica

O Sistema de Justiça, tal como está constituído hoje, reflete as


desigualdades e os estereótipos construídos historicamente na sociedade
brasileira. O passado do Brasil está forjado pelas marcas da exclusão, já que
está fundamentado na experiência da escravidão que perdurou por 354 anos,
além dos 131 anos de abolição, que é muitas vezes denominada como uma
“abolição inacabada”2 – pois, apesar de a população negra representar a maioria
numérica no país, 54% de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), existe uma explícita sub-representação deste grupo nos
espaços de poder e de decisão política3. Contudo, a população negra conforma
o contingente majoritário quando se trata de índices de vulnerabilidade social
(BENTO, SILVA, SILVA JR, 2010). Tais desigualdades estão nitidamente
refletidas nos indicadores sobre segurança pública.
O Pacote Anticrime, que propõe alterações em 14 leis e poderá trazer
consequências nocivas para toda a sociedade brasileira ao agravar as
desigualdades já existentes, ao “normalizar” a expressão da violência, pode
recair de forma ainda mais nefasta contra os grupos mais vulneráveis,
especialmente a população negra e periférica. Por este motivo, foram emitidas
duras críticas contra o pacote, de diferentes agentes e entidades, como
especialistas em Segurança Pública e Direito4; 11 ex-ministros da justiça (ligados
a distintos partidos, que atuaram durante os governos de FHC, Lula, Dilma e
Temer); a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além de inúmeras
organizações da sociedade civil5. Dentre as últimas, se destacam as entidades
dos movimentos negros, que chegaram a denunciar o Projeto

2 RIBEIRO, Matilde. Mulheres negras: uma trajetória de criatividade, determinação e organização. Estudos
Feministas, Florianópolis, 16(3), set-dez/2008, p. 988.
3 Segundo dados do IBGE a população negra representa 54% dos/as brasileiros/as, mas constituem apenas
17% dos mais ricos (AGÊNCIA BRASIL, 2015).
4 Outra crítica recorrente ao projeto foi a total ausência de diálogo em sua construção com os especialistas
em direito penal, processo penal e execução penal, além dos especialistas em segurança pública.
5 Em junho de 2019, ocorreu em São Paulo, um ato onde mais de 70 organizações da sociedade civil
manifestaram apoio a uma campanha contra o pacote anticrime de Sérgio Moro. Essa campanha foi batizada
de: “Pacote Anticrime, uma solução fake” (CAMARGO, 2019).
internacionalmente, na reunião da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH), que ocorreu em Kingston, na Jamaica.
A OAB, por exemplo, publicou um relatório analisando os diferentes
pontos do Pacote, apontando ressalvas com relação a nove itens, assim como a
sua expressa oposição a dez propostas, que são: execução antecipada da pena;
execução antecipada das decisões do Tribunal do Júri; modificação dos
embargos infringentes; mudanças no instituto da legítima defesa; alterações no
regime da prescrição; mudanças no regime de pena; mudanças ao crime de
resistência; criação do confisco alargado; acordo penal; e interceptação de
advogados em parlatório (OAB, 2019, p. 2). Ou seja, o nível de reprovação das
propostas é altíssimo.
Um dos pontos mais polêmicos do Pacote diz respeito ao item quatro,
sobre as medidas relacionadas à legítima defesa, onde são sugeridas três
alterações6. A primeira propõe o chamado “excludente de ilicitude”, onde “O juiz
poderá reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la se o excesso decorrer
de escusável medo, surpresa ou violenta emoção.” (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA,
2019, p. 8).
Mas qual o real significado desta proposta? Tanto especialistas como
organizações da sociedade civil manifestaram críticas com relação a esse ponto,
que além de evidenciar a banalização da vida e favorecer a impunidade, pode
afetar diretamente a vida das mulheres. Uma vez que a maioria dos casos de
feminicídio são promovidos por parceiros e ex-parceiros no ambiente
doméstico7, que poderão alegar que a ação foi motivada por “violenta emoção”.
A própria Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE) se colocou
contra as propostas de mudança nos artigos relacionados a medidas sobre a
legítima defesa, expressando preocupação, pois: “Depois de flexibilizar a
legislação sobre o desarmamento e, consequentemente, em certa medida,
armar a população, propor a exculpação do excesso de legítima defesa praticado
por medo, é algo preocupante. Crítica especial fazemos quanto à expressão

6 O item quatro sobre legítima defesa que indica a alteração em dois artigos do Código Penal (art. 23 e 25)
e um do Código de Processo Penal (art. 309-A)
7 Segundo estudo de uma das agências da ONU, a casa é o local mais inseguro e perigoso para as mulheres
no mundo (UNODC, 2018). Mas tal realidade se confirma no contexto brasileiro, uma vez que das mulheres
que sofreram violência 42% passaram por essa experiência em sua própria casa, enquanto 29,1% foram
agredidas na rua (FBSP, 2019).
“violenta emoção”. Ora, da forma como redigida a norma, essa exculpação seria
bastante utilizada nos frequentes casos de feminicídio.” (AJUFE, 2019, p. 8).
Não podemos esquecer que de acordo com os dados, o Brasil representa
a 5ª nação que mais mata mulheres no mundo. Ademais, alguns subgrupos de
mulheres vivenciam uma vulnerabilidade ainda mais latente frente à expressão
da violência. O Atlas de Violência 2018 aponta que a taxa de homicídios de
mulheres negras foi 71% superior à de mulheres não negras. Durante o período
de uma década, entre 2003 e 2013, houve uma queda de 9,8% no total de
feminicídios de mulheres brancas e o crescimento de 54,2% nos casos de
feminicídio de mulheres negras (FLACSO, 2015). Ou seja, estamos vivendo um
cenário alarmante, onde o fenômeno da violência de gênero é significativamente
impactado pelo racismo e vice-versa.
Mas com as recentes propostas – flexibilização do acesso as armas de
fogo8 e a redução ou não aplicação de pena sob alegação de “surpresa ou
violenta emoção” – este quadro extremamente preocupante pode se agravar
ainda mais. Desta forma, no contexto atual, a vida das mulheres, as negras
especialmente, se encontra mais ameaçada do que nunca. Segundo a
especialista Jaqueline Sinhoretto:

É lamentável que nos dias de hoje ainda se tenha coragem de propor


que a emoção seja uma autorização para a violência. A legítima defesa
é legítima quando se trata de evitar o perigo concreto contra a sua vida.
Mata-se para não morrer. Matar movido por raiva, ciúme, humilhação,
sentimento de posse são comportamentos a serem desestimulados –
e jamais encorajados – pelo Estado (...). O projeto do Ministro Moro
infelizmente ressoa à doutrina da legítima defesa da honra que
absolveu assassinos de mulheres ao longo dos anos e ainda hoje é
aceito por tribunais no país. Mas é uma concepção inaceitável por
legitimar a ideia de que a vida das mulheres só é digna se servir à
honra de um homem. (MILENA, 2019)

E além de tal medida atingir diretamente as mulheres, ela também pode


afetar profundamente os índices da letalidade policial, especialmente contra a
população negra, pois a lei vigente atualmente define legítima defesa quando o
policial, “usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,

8 No dia 15 de janeiro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou um decreto facilitando o acesso
à posse de armas de fogo à população. Contudo, no dia 25 de junho o presidente revogou o decreto, após o
Senado ter aprovado um parecer pedindo suspensão dos decretos e um dia antes de STF julgar um pedido
de anulação das medidas. Porém, na mesma data em que realizou a revogação, o presidente editou três novos
decretos com o mesmo conteúdo e propostas presentes no decreto anterior, além de ter enviado ao Congresso Nacional
um projeto de lei sobre o mesmo tema. Para diferentes especialistas, essa anulação representa uma nítida manobra
política para garantir a manutenção das propostas frente as ações de desabono.
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Esta proposta prevê a alteração
para considerar legítima defesa quando o agente policial com o eminente risco
de conflito armado, “previne injusta e iminente agressão a direito seu ou de
outrem” (MINISTÉRIO DE JUSTIÇA, 2019, p. 8). Além disso, os policiais também
podem alegar medo ou “violenta emoção” para justificar o uso desmedido da
força bélica. Assim, essa proposta não demonstra só leniência com a violência
institucional, como nitidamente a estimula e legitima.
Não podemos esquecer que a Polícia no Brasil é a que mais mata em todo
o mundo. O braço armado do Estado matou aqui em cinco anos mais do que a
polícia norte americana em 30 anos de trabalho 9. Os excessos são constantes:
a Polícia brasileira recebe a média de quatro denúncias por dia por abuso de
violência no Ministério Público (LOURENÇA, 2019). Em contrapartida, o índice de
assassinato dos policiais brasileiros também é altíssimo, eles estão entre os que
mais morrem10. Para aproximadamente cada quatro cidadãos mortos pela polícia
em 2013, um policial foi assassinado (PUFF; KAWAGUTI, 2014). É como se o
Brasil estivesse vivendo uma guerra não declarada. Porém, a aprovação do
Pacote Moro poderá resultar no crescimento vertiginoso da letalidade policial.
Para o advogado Alberto Zacharias Toron essa mudança “vai aumentar as ações
policiais com morte. É um cheque em branco para ações letais sem paralelo no
Estado brasileiro.” (OAB, 2019, p. 18).
Tal proposta que impõe o excludente de ilicitude, visando a ampliação da
impunidade, está em concordância com o que o presidente Bolsonaro afirmou
no início da campanha eleitoral: “Se alguém disser que quero dar carta branca
para policial militar matar, eu respondo: quero sim” (FRANCO, 2019). Lembrando
que o nosso já é um dos países que mais mata, o professor Paulo Sérgio
Pinheiro, ex-secretário de Direitos Humanos do governo FHC, ressalta a
intransigência presente nesta concepção, pois: “Facilitar as execuções
extrajudiciais não vai melhorar em nada a segurança pública. Se isso
funcionasse, o Brasil seria o país mais pacífico do mundo” (FRANCO, 2019). Ou

9 Segundo dados do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Púbica (FBSP, 2014), em cinco anos, entre 2009 e
2013, as polícias brasileiras mataram 11.197 pessoas. Este número aponta que as polícias daqui mataram o
equivalente ao que as polícias dos EUA em 30 anos, já que lá foram assassinadas 11.090 entre os anos de
1983 e 2012.
10 Entre 2009 e 2013 foram assassinados no Brasil 1.770 policiais (FBSP, 2014, p. 6).
seja, a política punitivista e coercitiva do Estado não reduz a violência, só ocorre
o contrário.
Caso seja aprovada, essa proposta irá representar a institucionalização
da prática dos autos de resistência11 e terá consequências nefastas contra a
juventude negra e periférica. Afinal, as mortes violentas no Brasil são seletivas e
os jovens negros são os principais acometidos por este fenômeno. Segundo o
Relatório Final da CPI sobre o Assassinato de Jovens produzido pelo Senado,
um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos no país, o que representa 63
mortos por dia e 23.100 por ano (SENADO, 2016). Esses índices estarrecedores
demonstram a discrepância entre a violência que atinge os indivíduos dos
diferentes grupos raciais12 na sociedade brasileira; é como se indicassem que
com “relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países
completamente distintos.” (FBSP, IPEA, 2018, p. 40).
Os dados apontam para algo que se demonstra inquestionável, a
existência de um processo de genocídio em curso contra a população negra no
Brasil. Isto é, o extermínio deliberado contra uma determinada comunidade, no
caso a juventude negra, é uma realidade concreta (TEIXEIRA, 2016). Fazer parte
desse grupo significa estar em risco iminente. Por exemplo, aos 21 anos de
idade, um jovem negro possui 147% mais chances de morrer por homicídio do
que um jovem branco com a mesma idade (IPEA, 2016).
Desta forma, o Pacote Anticrime pode resultar no incremento das
violações de direitos e no acirramento da desigualdade racial no Brasil, ao

11 Os autos de resistência são casos de homicídio doloso resultantes de ação policial contra supostos
suspeitos de algum crime, nos quais o policial alega ter usado o princípio de legítima defesa. Contudo,
quando existe a classificação como auto de resistência, a negligência institucional opera impedindo a
apuração efetiva da ocorrência, já que na extrema maioria das vezes não existe perícia no local do crime e
não se instaura o inquérito policial, gerando o arquivamento dos casos. Por exemplo, entre 2001 e 2011,
dos mais de 10 mil casos de mortes em decorrência de confronto policial no Estado do Rio de Janeiro,
somente 3,7% tiveram abertura de processo de investigação (SENADO, 2016, p. 61). Esta categorização
muitas vezes oculta atos de violência policial, em execuções sumárias contra vítimas desarmadas. E apesar
da tipificação como auto de resistência ser uma prática recorrente, não existe nenhum respaldo legal que
autorize o seu uso. Desta forma, foi aprovada em 2015 a Resolução Conjunta nº 2, elaborada pelo
Departamento Superior de Polícia e o Conselho Nacional dos Chefes da Polícia Civil, para inibir este tipo
de classificação. Todavia, segundo o próprio Relatório da CPI do Assassinato de Jovens, esta Resolução
possui nítidas limitações, demonstrando-se insuficiente para combater os casos de auto de resistência. É
necessária uma ação mais concreta para fiscalizar as práticas cartorárias das delegacias de polícia.
12 Segundo o Atlas da Violência 2018 “Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios de negros foi duas
vezes e meia superior à de não negros (16,0% contra 40,2%). Em um período de uma década, entre 2006
e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros teve
uma redução de 6,8%.” (FBSP, IPEA, 2018, p. 40).
determinar que vidas negras não importam. Episódios de chacinas e execuções
sumárias de jovens negros podem se tornar ainda mais comuns:

Moro quer garantir mais liberdade para os policiais que atiraram e, após
atirar, algemaram Kauan Peixoto, de 12 anos na baixada fluminense ou
para os policiais que atiraram em Marcos Vinicius de 14 anos na Maré,
que usava seu uniforme ao ir para escola. O Ministro quer mais liberdade
para os policiais que dispararam 111 tiros contra um carro com cinco
adolescentes que saíram para comemorar o primeiro salário do amigo.
Os policiais atiraram, sem que existisse nenhum conflito, 111 vezes.
Esses casos, que não são raros no Brasil, é que se enquadrarão na
“legítima defesa” dos policiais que poderão atirar para matar se você
colocar a mão no bolso ou se estiver portando um guarda-chuva.
(LOURENÇA, 2019).

Assim, com a aprovação desta proposta, poderemos passar a ver casos


de abuso de poder policial como esses, todos os dias. E desta forma, toda a
sociedade brasileira corre um risco eminente, especialmente, a juventude negra
e periférica.
Outro ponto do Pacote muito criticado pelos especialistas e organizações
da sociedade civil é o “plea bargain”. Inspirado no sistema legal estadunidense,
essa proposta se constitui como uma espécie de acordo penal, onde em troca
da confissão do réu é oferecida uma pena mais branda do que a que ele poderia
pegar caso fosse a julgamento. Assim, o acusado não precisaria nem mesmo se
submeter ao processo. Esta alteração foi defendida sob alegações de que
possibilitaria a economia de recursos ao “desafogar o judiciário”, com mais
agilidade da justiça; redução do tempo médio das penas e consequentemente
do próprio número de presos, etc.
Porém, representantes de diferentes organizações e especialistas
denunciam os perigos presentes com sua possível aprovação, uma vez que
poderia aumentar os índices de aprisionamento de inocentes, pessoas pobres
sem acesso a uma defesa qualificada, que simplesmente poderão confessar
crimes por medo de penas ainda maiores. Essa proposta, além do próprio
desrespeito ao preceito constitucional brasileiro de presunção da inocência,
nega o direito a uma defesa digna, e pode acentuar o encarceramento em massa
no país.
Até porque o modelo norte-americano de confissão de culpa está ilustrado
por inúmeros exemplos de erros. De acordo com um levantamento realizado pela
Universidade de Michigan e a Universidade da California Irvine, desde 1989 nos
EUA, do total de 2.479 condenações de inocentes, 301 (12%) contaram com
confissões falsas (SETO, 2019). Assim, ao se fundamentar neste modelo, a
sociedade brasileira – que é significativamente mais desigual e que possui um
sistema de justiça ainda mais frágil –, poderá incorrer em um número muito maior
de equívocos, e a população negra e pobre será a mais prejudicada.
Gustavo Badaró, professor titular de processo penal da USP, aponta outro
risco eminente: "Some-se a possibilidade de aumento do encarceramento e o
projeto de privatização dos presídios e você tem algo muito perigoso. O 'plea
bargain' vai ser o mecanismo para fornecer clientes para os presídios privados.
Uma demanda suprida mais rapidamente e em maior quantidade" (SETO, 2019).
A proposta de privatização dos presídios pode acentuar a política de
encarceramento em massa, que já se constitui em uma realidade no nosso país.
Em comparação aos índices mundiais, nas últimas duas décadas o Brasil ficou
em segundo lugar na taxa de eclosão da população carcerária, sendo superado
apenas pelo Camboja (KALILI, 2017). Só entre 2004 e 2014 a quantidade de
adultos atrás das grades aumentou 85%. Este percentual está 67% acima da
capacidade oficial de lotação dos presídios brasileiros (HUMAN RIGHTS
WATCH, 2017).
Mas o encarceramento em massa não representa uma realidade apenas
para os homens. Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional
(DEPEN), no intervalo de dezesseis anos, entre 2000 e 2016, a taxa de
aprisionamento feminino cresceu 455% no Brasil13, em 2016 existiam 42.355
mulheres em privação de liberdade (DEPEN, 2016). Nós ocupamos a quarta
posição no ranking de países que mais encarceram mulheres no mundo, ficamos
atrás apenas dos Estados Unidos, China e Rússia. Desta forma, fica explícito
que a política de encarceramento em massa afeta prioritariamente as mulheres,
especialmente, as mulheres negras. Da população feminina no sistema prisional,

13De acordo com os índices anteriores, no período entre 2000 e 2014 o crescimento da população feminina
encarcerada foi ainda maior, com a porcentagem de 567,4%, enquanto a média masculina aumentou
220,20%, no mesmo período.
62% são negras e 37% são brancas14; esses indicadores confirmam que os
marcadores raciais determinam os padrões de encarceramento no nosso país15.
Contudo, além de aumentar os índices do encarceramento de homens e
mulheres negros/as, o Pacote Anticrime pode fortalecer e potencializar as
facções criminosas. Marcelo Semer, juiz de direito e ex-presidente da
Associação Juízes para a Democracia, afirmou que: “o projeto é um presente
para as facções. Tudo o que elas mais querem, e mais precisam, é mais
encarceramento, mais levas de jovens que poderão aliciar para seus exércitos.
O PCC, penhorado, agradece.” (COSTA, MAURICIO, 2019).
Portanto, esse conjunto de propostas representa um grande retrocesso
para a nossa sociedade. O Brasil é signatário de todos os tratados internacionais
de direitos humanos e o Pacote Anticrime fere gravemente as pactuações de
proteção desses direitos, ao primar por um modelo punitivista, repressivo e que
na prática terá nítidas consequências racistas.

Diálogo entre o Projeto de Lei Anticrime e as recomendações da CPI do


Assassinato de Jovens

A partir deste momento, iremos realizar uma breve contraposição entre o


Pacote Anticrime e as conclusões e recomendações definidas pela Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o Assassinato de Jovens em 2016. Esta
CPI foi realizada pelo Senado Federal a partir de 29 reuniões e audiências
públicas que ocorreram entre 2015 e 2016. Esta análise está em diálogo com o
documento produzido pelo Fórum Permanente pela Igualdade Racial (FOPIR),
que produziu uma síntese do relatório em questão16.

14 Neste sentido, a taxa de aprisionamento para o grupo de cada 100 mil mulheres, acima de 18 anos, dos
diferentes grupos raciais corresponde a: 40 mulheres brancas privadas de liberdade para cada 100 mil
(mulheres brancas) e 62 mulheres negras na mesma condição para cada 100 mil (mulheres negras) (DEPEN,
2018).
15 Os dados referentes a alguns estados explicitam o padrão racial com uma nitidez ainda maior, uma vez
que no Acre, por exemplo, 97% das mulheres encarceradas são negras e 3% são brancas e no Ceará, 94%
das mulheres presas são negras e 5% são brancas (DEPEN, 2016).
16 A síntese do relatório da CPI do Assassinato de Jovens foi produzida pelo Fórum Permanente pela
Igualdade Racial (FOPIR) a partir do apoio técnico de Giselle dos Anjos Santos (FOPIR-CEERT). Com o
objetivo de impedir que as resoluções da CPI caíssem no esquecimento e se transformassem em letras
mortas, o FOPIR decidiu não só visibilizar as suas recomendações para o enfrentamento do genocídio,
como também acrescentou suas recomendações, no intuito de somar forças para a superação deste sério
problema. Este documento pode ser consultado no seguinte link: http://fopir.org.br/wp-
content/uploads/2017/11/Documento-FOPIR-sobre-o-Genocidio.pdf Além disso, o FOPIR protocolou
Tal diálogo demonstra-se válido e necessário ao discutir o Pacote Moro,
pois diferente das numerosas publicações de centros de pesquisas ou do
discurso de ativistas e militantes dos movimentos sociais, especialmente do
movimento social negro, que há muito tempo denunciam o extermínio da
população negra no país, o Relatório Final da CPI do Assassinato de Jovens
possui outro caráter. Trata-se de um documento produzido pelo Senado Federal
e, portanto, pelo próprio Estado, que admite categoricamente que os números
de homicídios revelam que “o Estado brasileiro, direta ou indiretamente, provoca
o genocídio da população jovem e negra” (SENADO, 2016, p. 145) no Brasil.
Mas, além do tom categórico ao apontar a existência inegável do
genocídio contra a juventude negra no país, o Relatório também apresenta
outras colocações importantíssimas, definindo uma proposta de reforma para a
Segurança Pública brasileira17. Algumas das considerações mais importantes
são: a desmilitarização da Polícia Militar; a proibição da tipificação de homicídios
enquanto autos de resistência; o funcionamento do chamado “ciclo completo da
polícia”18; a melhoria na condição de trabalho dos policiais; a revisão do tipo de
treinamento oferecido aos policiais; a desconstrução do modelo de atuação
policial baseado no “combate ao inimigo interno” e a implantação de uma “polícia
cidadã”.
Já as principais recomendações feitas pela CPI, no âmbito técnico e
legislativo, são apresentadas a seguir.

Recomendações da CPI para o enfrentamento do genocídio

Recomendações Técnicas

1- Fundar um Banco Nacional de Dados sobre Violência: Esta recomendação


prevê que a partir do desenvolvimento de um protocolo de padronização dos

quatro ações denunciando o genocídio em curso no Estado brasileiro em quatro relatorias da ONU, por
meio do apoio técnico do advogado Daniel Teixeira (FOPIR-CEERT).
17 A necessidade de uma reforma na Segurança Pública é urgente, uma vez que quase a totalidade dos
crimes esclarecidos no Brasil decorrem de prisão em flagrante ou repercussão na mídia, e dos quase 60 mil
homicídios que ocorrem a cada ano, o índice de apuração e elucidação dos casos não atinge os 8%
(SENADO, 2016).
18 A CPI defende que a estrutura de policiamento bipartida, onde a Polícia Militar realiza o trabalho
preventivo e ostensivo e a Polícia Civil investiga, é ineficiente, devido a duplicidade de estruturas e ausência
de interação. Por isso, propõe o “ciclo completo da polícia”, sem a divisão de funções que existe atualmente.
dados e informações sobre a Segurança Pública, seja criado um banco de
informações consolidadas e sistematizadas sobre o fenômeno da violência,
partindo do aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Informações de Segurança
Pública, Prisionais e sobre Drogas (SINESP) – considerado ineficaz.
2- Criar o Observatório Nacional sobre Violência no âmbito do Congresso
Nacional: Este observatório poderá monitorar a gestão e a atuação da
Segurança Pública dos estados e dos órgãos governamentais, como a Polícia
Militar e a Polícia Civil. Este organismo poderá subsidiar informações
importantes para a construção de propostas legislativas na área de segurança.
3- Banir os chamados autos de resistência, de modo efetivo, e constituir a
possibilidade de comunicação imediata da ocorrência de crime aos órgãos
periciais: Ao reconhecer a insuficiência da Resolução Conjunta nº2 (elaborada
pelo Departamento Superior de Polícia e o Conselho Nacional dos Chefes da
Polícia Civil) aprovada em 2015, esta recomendação da CPI propõe a eliminação
completa dos chamados autos de resistência, com a definição de abertura
obrigatória de inquérito policial para a investigação dos homicídios provocados
por policiais. Além de buscar combater a supressão do trabalho de perícia
criminal, muito comum nos casos de autos de resistência, com a alteração no
Código Penal para criação de um canal de comunicação direta entre o cidadão
e o órgão pericial, realizando a notificação imediata da ocorrência do crime, sem
a necessidade de intermediação por parte da polícia.
4- Desenvolvimento de um Plano Nacional de Redução de Homicídios: Esta
recomendação visa a criação de um protocolo de ações básicas a serem
desenvolvidos pelo governo federal e os governos estaduais para efetivar a
redução dos assassinatos. Além disto, propõe a articulação e a atuação
coordenada entre os diferentes estados para a troca de dados, definição de
estratégias, tendo como prioridade medidas com foco no segmento mais
vulnerável, que possui as maiores taxas de homicídio: jovens negros entre 12 e
29 anos.

Recomendações Legislativas

1- Proposta de Emenda à Constituição - PEC nº 51, de 2013, em tramitação


no Senado. Esta PEC prevê mudanças na Constituição Federal (altera os
artigos. 21, 24 e 144 e acrescenta os artigos. 143-A, 144-A e 144-B) para
reestruturar o modelo de Segurança Pública a partir da desmilitarização da
polícia.
2- Proposta de Emenda à Constituição – PEC nº 126, em trâmite na Câmara
dos Deputados desde 2015. Propõe a alteração na Constituição (altera os
artigos. 159 e 239 e acrescenta o art. 227-A), para dispor sobre o Fundo Nacional
de Promoção da Igualdade Racial, Superação do Racismo e Reparação de
Danos.
3- Projeto de Lei dos Autos de Resistência, nos moldes do Projeto de Lei nº
4.471, de 2012, em trâmite na Câmara dos Deputados.

Fica, portanto, explícito que as recomendações elaboradas pela CPI do


Assassinato de Jovens e o Pacote Anticrime apontam para caminhos totalmente
opostos, pois existe uma divergência na concepção sobre a segurança pública.
Do primeiro vale destacar, especialmente, que as propostas de proibição dos
homicídios classificados como autos de resistência; a criação de um Plano
Nacional de Redução de Homicídios; o investimento na formação dos policiais e
a desmilitarização da polícia, indicam uma perspectiva de segurança que está
em função da valorização da vida, tanto da população em geral, como dos
próprios policiais. No segundo caso, existe a proposta de fomento de ainda mais
mortes, desde a institucionalização da “carta branca para matar” com o
excludente de ilicitude para policiais; o incentivo à impunidade com a deturpação
do significado de legítima defesa tanto nos casos de feminicídio, como de
letalidade policial; a importação do “plea bargain”, que impõe violações de
direitos básicos para a constituição da defesa dos acusados/as, etc. Todas essas
propostas representam uma compreensão sobre a segurança pública bastante
limitada, pautada pela lógica do “populismo punitivo” que fragiliza toda a
sociedade, mas que terá um impacto ainda mais nefasto sobre a população
negra.

Correlações entre o projeto e o debate sobre a reforma política

A Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político defende


um processo de radicalização da democracia, tendo em vista o enfrentamento
das desigualdades e da exclusão, a promoção da diversidade e o fomento à
participação cidadã. A defesa da democracia pela Plataforma tem em conta o
monitoramento e a necessidade de participação popular nos assuntos públicos
relativos a todos os poderes de Estado e instâncias do governo, incluindo o poder
judiciário e os órgãos do sistema de justiça.

Propostas de alterações legislativas com impacto significativo no sistema de


justiça criminal e consequentemente nos processos de criminalização e
encarceramento que afetam parte significativa da maioria pobre, negra e
periférica da população brasileira não podem ser levadas a cabo sem um
processo de consulta e participação popular acerca do conteúdo dessas
propostas. Por outro lado, os marcos da Constituição Brasileira delimitam um
conteúdo mínimo democrático de direitos e garantias fundamentais que não
podem ser desrespeitados através de projetos de leis ordinárias. O Pacote
Anticrime aposta no recrudescimento do punitivismo e na falsa solução do
encarceramento para contrariar princípios básicos de manutenção e
funcionamento da democracia brasileira, em especial a defesa dos direitos e
garantias fundamentais da população.

Em Nota Técnica recém-publicada a Comissão de Igualdade Racial da


Associação Nacional dos Defensores Públicos, chama atenção, entre outros
elementos, para o fato de que as propostas do Pacote Anti-crime:

a) viola as diretrizes constitucionais para a prestação de segurança pública,


especialmente a finalidade de preservação da incolumidade das pessoas,
disposta no art. 144 da Constituição;
b) atenta frontalmente contra os parâmetros colhidos do direito internacional
dos direitos humanos a respeito do controle do uso da força por parte dos
funcionários do Estado, especialmente as recomendações ao Estado
brasileiro impostas na sentença do Caso Nova Brasília vs. Brasil e
contidas no Código de Conduta Código de Conduta para os Funcionários
Responsáveis pela Aplicação da Lei adotado pela ONU;
c) deixou de avaliar as caraterísticas raciais e étnicas da violência letal no
Brasil, razão pela qual propõe medidas absolutamente inadequadas para
o enfrentamento dos crimes praticados com grave violência contra a
pessoa, que podem inclusive agravar a desproteção dos segmentos
populacionais mais afetados por este fenômeno, o que ofende o princípio
constitucional do devido processo legal, na sua dimensão substancial (art.
5o, XXXIX, da Constituição);
d) propõe soluções que ampliam a desproteção do direito à vida e à
segurança da população negra e indígena e, com isso, ofende o art. 5o,
caput, da Constituição e o artigo 4 da Convenção Americana sobre
Direitos Humanos;
e) ao flexibilizar o controle de uso da força letal por parte de agentes estatais
e reforçar mecanismos propensos à impunidade de atos abusivos, agrava
a situação de desigualdade estrutural dos grupos populacionais mais
vulneráveis à violência institucional - quais sejam, a população negra e
indígena –, em franca violação aos artigos 3o, inciso IV, e 5o, caput, da
Constituição; ao direito à igualdade como não discriminação previsto no
artigo 1.1 da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos; à
Convenção 169 da organização Internacional do Trabalho e à Declaração
da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas; e , por fim, à Convenção
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas
Correlatas de Intolerância.

A Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político defende


a necessidade de projetos de transformação social que assegurem direitos,
ampliem as oportunidades e garantam a participação a segmentos
historicamente excluídos dos espaços de poder. O combate ao crime organizado
e à segurança pública deve ser assegurado através de processos que impliquem
mudanças nas leis e instituições, e não na reprodução dos mecanismos de
exclusão, punição e encarceramento que têm como alvo a maioria pobre,
periférica e negra da população brasileira.

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