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Ministério da Saúde

A Sociedade
contra a Dengue

Série B. Textos Básicos de Saúde

Brasília – DF
2002
 2002. Ministério da Saúde.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
Série B. Textos Básicos de Saúde
Tiragem: 2.500 exemplares
Fernando Henrique Cardoso
Presidente da República
Barjas Negri
Ministro de Estado da Saúde
Mauro Ricardo Machado Costa
Presidente da Fundação Nacional de Saúde
Elaboração, distribuição e informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Impresso no Brasil / Printed in Brazil

FICHA CATALOGRÁFICA

Brasil. Ministério da Saúde.


A Sociedade contra a Dengue / Ministério da Saúde. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2002.

24 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)

ISBN 85-334-0594-4

1. Dengue. I. Brasil. Ministério da Saúde. II. Título. III. Série.

NLM WC 528

Catalogação na fonte – Editora MS

EDITORA MS
Documentação e Informação
SIA, Trecho 4, Lotes 540/610
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Sumário

1 - O Poder da Prevenção ............................................... 5

2 - Ações Governamentais ............................................... 9

3 - A Ocorrência de Dengue no Brasil .............................. 11


3.1 - A Força-Tarefa .................................................. 12
3.2 - O Dia D Contra a Dengue ................................ 13

4 - Plano Nacional de Controle da Dengue ...................... 15


4.1 - O Dia D Nacional ........................................... 15
4.2 - Comitê de Mobilização ..................................... 16
4.3 - Campanhas ..................................................... 17
4.4 - Reciclagem ...................................................... 18
4.5 - Capacitação .................................................... 19
4.6 - Recursos .......................................................... 20

5 - Anexos ..................................................................... 21
O Poder da Prevenção 1
A combinação do crescimento desordenado dos centros
urbanos com a expansão da indústria de materiais não
biodegradáveis e o aquecimento global produz uma certeza
preocupante: é impossível, a curto prazo, erradicar o mosquito
Aedes aegypti, transmissor da dengue. Por outro lado, é possível
evitar o nascimento de novos Aedes aegypti e, conseqüentemente,
o avanço da doença. Basta que se eliminem os criadouros onde
as fêmeas do mosquito colocam ovos para reprodução: pratinhos
de vasos de plantas, pneus, garrafas destampadas e outros
recipientes com água parada.
A dengue está relacionada ao saneamento doméstico. No
Brasil, cerca de 90% dos focos do mosquito encontram-se nas
residências. Os principais sintomas da doença são febre alta e
súbita, dores na cabeça e no corpo. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a dengue acomete anualmente 80
milhões de pessoas em 100 países de todos os continentes, exceto
a Europa. Ainda segundo a OMS, por ano, cerca de 550 mil
doentes necessitam de hospitalização, e 20 mil morrem em
conseqüência da dengue.
A reprodução do Aedes aegypti ocorre da seguinte
maneira: os ovos colocados pela fêmea na parede do
recipiente transformam-se em larvas quando em contato com
a água. Se os ovos forem postos por fêmeas infectadas, podem
carregar o vírus e gerar mosquitos capazes de continuar
infectando a população.
A reprodução se completa, em média, sete dias após a
postura, dependendo de uma série de fatores, como a temperatura
e a quantidade de matéria orgânica disponível na água. O tempo

5
de vida do mosquito é de pouco mais de um mês. Portanto, a
melhor arma contra a dengue é a mobilização de toda a sociedade
para barrar a reprodução do vetor. Ou seja, enquanto se evita o
nascimento de novos Aedes aegypti, outros vão morrendo após
30 dias de vida.
Já quando o ovo não entra em contato com a água,
ele permanece no recipiente mesmo quando este é
transportado para outro lugar, como no caso dos pneus. Por
força de suas características, o transmissor da dengue espalhou-
se por uma área onde vivem cerca de 3,5 bilhões de pessoas
em todo o mundo, embora ele se locomova num raio não
superior a 100 metros e tenha vida curta. Nas Américas, está
presente desde os Estados Unidos até o Uruguai, com exceção
apenas do Canadá e do Chile, por razões climáticas e de
altitude. Originário das margens do Rio Nilo, o mosquito da
dengue recebeu um nome científico cuja tradução não poderia
ser mais apropriada: Indesejável do Egito.
É um inseto urbano, cuja fêmea se alimenta
essencialmente de sangue humano. É escuro, com faixas
brancas. No torso, tem um desenho em forma de lira
(instrumento musical). Nos insetos mais velhos, o desenho some
e aparecem dois tufos de escamas branco-prateadas. É fácil
identificar suas larvas: sob o foco de um feixe de luz (uma
lanterna, por exemplo), dá para vê-las se locomovendo
rapidamente, em busca de abrigo no fundo do recipiente.
Ninguém pega dengue por contato físico, secreções,
alimentos ou qualquer outra forma de transmissão que não
seja a picada do Aedes aegypti. Já foram identificados quatro
sorotipos distintos do vírus: 1, 2, 3 e 4. Todos produzem
infecção e se manifestam, inicialmente, de forma semelhante.
Além de febre e dores no corpo, são comuns as sensações
de cansaço, falta de apetite e, por vezes, náuseas e vômitos.
Podem aparecer manchas vermelhas na pele (isso costuma
induzir a erros de diagnóstico, pela semelhança com o

6
sarampo ou a rubéola) e coceiras no corpo. Às vezes, ocorre algum
tipo de sangramento, em geral no nariz ou nas gengivas. O
diagnóstico inicial de dengue é clínico (história + exame físico da
pessoa). A comprovação é feita por exame laboratorial, que
apresenta resultados seguros depois do quinto dia da doença.
Não existe medicação específica para o tratamento da
dengue. O doente deve permanecer sob observação médica,
manter repouso e ingerir muito líquido. Em alguns casos é
recomendada a hidratação por soro.
O Aedes aegypti foi considerado erradicado no Brasil em
duas ocasiões, nas décadas de 50 e de 70. Mas esse resultado
não foi obtido em outros países do continente americano, como
os Estados Unidos e a Venezuela, mantendo o Brasil sob permanente
risco de reinfestação. Nos anos de 1986 e 1987, ocorreu um
grande surto de dengue no Brasil, o primeiro a cruzar as divisas
estaduais, atingindo principalmente as populações de Alagoas,
do Ceará e do Rio de Janeiro.

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Ações Governamentais 2
Ao longo dos anos, o Ministério da Saúde não poupou
esforços na busca por uma solução eficaz contra a dengue.
Em 1996, por exemplo, diante da complexidade do problema,
decidiu rever a estratégia de combate, até então centralizada
na Funasa. Os métodos utilizados resumiam-se ao combate
químico, com baixíssima ou mesmo nenhuma participação
da comunidade, embora esta seja fundamental na eliminação
dos focos do mosquito. Não havia também a devida integração
intersetorial e era pequena a utilização do instrumental
epidemiológico, revelando uma incapacidade para conter um
vetor com altíssima adaptabilidade ao novo ambiente criado
pela urbanização acelerada e pelos novos hábitos da
população.
No mesmo ano, o Ministério da Saúde lançou o
Programa de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa). Ao invés
do modelo de gestão centralizada e verticalizada, passou a
vigorar a descentralização das ações na área de controle de
endemias, com os repasses de recursos federais diretamente
a estados e municípios. A implantação do PEAa resultou em
um fortalecimento das ações de combate ao vetor, com
significativo aumento dos recursos utilizados para essas
atividades.
No entanto, as ações de prevenção continuaram
centradas quase que exclusivamente nas atividades de campo
com o uso de inseticidas contra o mosquito transmissor da
dengue. E no Brasil, a exemplo de outros países que adotaram
a mesma estratégia, a impossibilidade de erradicação do
mosquito e a necessidade de mobilização social na prevenção
ficaram ainda mais evidentes.

9
Em 2001, diante da tendência de aumento da incidência
e introdução de um novo sorotipo (DEN 3), que prenunciava
um elevado risco de epidemias de dengue e de aumento nos
casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), o Ministério
da Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana
da Saúde (Opas), realizou um seminário internacional para
avaliar as ações desenvolvidas e discutir a adoção de ações
mais eficazes contra a doença.
Em agosto de 2001, o Ministério da Saúde lançou o
Plano de Intensificação das Ações de Controle da Dengue
(PIACD), que, além de aumentar o volume de recursos federais
e manter a descentralização, incorporou elementos como a
mobilização social e a participação comunitária, indispensáveis
para responder de forma adequada a um vetor altamente
domiciliado.
Nos últimos anos, o Ministério da Saúde aumentou
significativamente os repasses de verbas para o combate à
dengue. De 1996 até 2001, os recursos federais destinados a
estados e municípios totalizaram cerca de R$ 2,5 bilhões. Em
1996, foram R$ 188,6 milhões; em 1997, R$ 431 milhões;
em 1998, R$ 396,5 milhões; em 1999, R$ 448,5 milhões; em
2000, R$ 456,2 milhões; em 2001, R$ 605,7 milhões. Para
2002, os recursos são de R$ 1 bilhão, quase o dobro do ano
passado.
Estados e municípios também devem participar
financeiramente do combate à dengue, contribuindo com o
equivalente a 10% do que recebem da União. O mais
importante é que cabe a eles gerir adequadamente esses
recursos de acordo com suas necessidades e características
específicas. Todos os estados e municípios brasileiros receberam
e continuam recebendo igual tratamento do Ministério da
Saúde: os mesmos recursos financeiros (calculados
proporcionalmente, considerando o número de habitantes e a
extensão territorial), os mesmos equipamentos e o mesmo
suporte de capacitação de profissionais.

10
A Ocorrência de Dengue no Brasil 3
Em 2002, o Brasil registrou 672.371 notificações, com
2.090 óbitos por Febre Hemorrágica de Dengue (FHD). O
Estado do Rio de Janeiro concentrou a maioria absoluta e
relativa dos casos: 34% das notificações; 79,6% dos casos de
dengue hemorrágica e 65% dos óbitos (dados preliminares
até 5/10/2002). Enquanto isso, nos estados da Região Norte,
onde as iniciativas do governo federal foram acompanhadas
de uma ação efetiva das autoridades estaduais e municipais,
além da adesão da sociedade, as notificações caíram de
13.636 em janeiro de 2001 para 1.808 em janeiro de 2002.
No Amazonas, por exemplo, o número de casos passou
a cair mês a mês. Foram 7.233 notificações em janeiro de
2001, passando a apenas 59 em janeiro de 2002. O mesmo
ocorreu em Rondônia: de 713 notificações em janeiro de 2001
para 73 em janeiro de 2002. No Acre, a dengue seguiu a
mesma trajetória descendente: de 1.539 casos em janeiro de
2001 para 74 em janeiro de 2002. Se excluídos os casos
registrados no Estado do Rio de Janeiro, o número de
ocorrências teve um decréscimo em torno de 7% em janeiro
deste ano em relação a igual período do ano passado no
País.
No Rio de Janeiro, perdura até hoje uma polêmica em
torno da não renovação dos contratos, em 1999, dos cerca
de 5 mil mata-mosquitos que trabalhavam para a Funasa, no
estado, em ações de combate a endemias. O afastamento se
deu porque os contratos eram temporários, precisavam de
Medidas Provisórias para renovação e, pior de tudo, o trabalho
dos agentes não apresentava eficácia.

11
Tanto que, em 1998, quando os mata-mosquitos ainda
atuavam, foram notificados 32.113 casos de dengue no estado.
Em 1999, com a entrada do Rio de Janeiro no modelo
descentralizado, em que estados e municípios recebem recursos
do Ministério da Saúde para contratar seus agentes, o número
de casos foi de 7.374, uma redução de 77,04% em relação a
1998. Em 2000, foram 3.605 notificações, uma queda de
51,11% em comparação a 1999. É importante destacar que
o volume de recursos federais repassados ao estado para a
contratação de seus agentes é superior ao que se gastava
com os mata-mosquitos.

3.1) A Força-Tarefa

Em 2002, para combater a ocorrência de dengue no


Rio de Janeiro, a Funasa criou uma Força-Tarefa composta
por mil agentes sanitários de saúde de todo o País. Esses
agentes começaram a combater a dengue no início de fevereiro
na cidade do Rio e nos municípios de Duque de Caxias, Nova
Iguaçu, Belford Roxo, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Queimados,
e São João do Meriti, todos localizados na Baixada Fluminense.
Esses foram os municípios com maior concentração de casos
no estado. Os agentes da Força-Tarefa organizada pela Funasa
visitaram cerca de 1 milhão de residências, eliminando focos
do Aedes aegypti e orientando as pessoas sobre como combater
o mosquito transmissor da dengue.
Além disso, o Ministério da Saúde solicitou ajuda às
Forças Armadas. O Exército e a Marinha entraram na luta
contra a dengue com 1,3 mil homens. A Funasa realizou o
treinamento desse contingente adicional, que contribuiu para
ampliar a cobertura de visitas na cidade do Rio de Janeiro e
municípios da Baixada Fluminense.

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3.2) O Dia D Contra a Dengue

O Dia D foi a maior mobilização para o combate à


dengue já realizada no Brasil. Foram 745 mil pessoas
envolvidas em 89 dos 92 municípios do Estado do Rio de
Janeiro, no dia 9 de março deste ano, para eliminar os focos
do Aedes aegypti. Juntos, a sociedade mobilizada pelo Dia D
e a Força-Tarefa conseguiram reduzir as notificações de dengue
no estado, de 90.776 em março, mês de maior registro de
casos, para 26.648 em abril e 5.722 em maio. A redução
entre março e maio foi de 93,6%.
No Dia D, a eliminação dos criadouros foi facilitada por
um roteiro de procedimentos distribuído pelo Ministério da Saúde.
O roteiro indicava quais locais as pessoas deviam checar se havia
água, como vasos de plantas, pneus, caixas d´água, latinhas,
entre outros possíveis focos do mosquito. Encontrados esses
recipientes, o roteiro explicava ao morador como eliminar o
criadouro ou evitar um novo foco. Os três municípios que não
fizeram mobilizações no dia 9 de março foram Santa Maria
Madalena, que realizou seu Dia D em 16 de março, e Trajano e
São José de Ubá, que fizeram suas mobilizações no dia 6 de abril.
O balanço das ações do Dia D indica que houve grande
adesão das prefeituras e da população fluminense. Mais de
745 mil pessoas participaram ativamente desse dia, entre
servidores públicos federais, estaduais e municipais, além de
voluntários de organizações não-governamentais, igrejas,
associações de bairros, empresas privadas, etc.
Foram distribuídos 18 milhões de folhetos para inspeção
domiciliar, 204,9 mil cartazes de divulgação do Dia D, 112
mil folhetos e 33,1 mil bandeiras. As prefeituras informaram
que recolheram 5,3 mil toneladas de lixo das ruas. Mais de
3,3 mil imóveis que estavam fechados, oferecendo risco à
população, foram vistoriados pelos agentes sanitários que

13
eliminaram os focos do Aedes. A quantidade de veículos utilizados
naquele dia chegou a 1.089.
A Funasa estima que 14,6 milhões de pessoas se envolveram
nas ações do Dia D e que cerca de 4,2 milhões de domicílios
foram vistoriados pelas famílias que participaram da mobilização,
fazendo a limpeza ou eliminação dos possíveis focos do mosquito
transmissor da dengue. O Ministério da Saúde investiu R$ 2 milhões
na realização da campanha educativa do Dia D no estado. Após
o sucesso no Rio, o ministério realizou outros dias D contra a
dengue nos estados de São Paulo, Pernambuco, Goiás, Mato
Grosso do Sul e Alagoas.

14
Plano Nacional de Controle da Dengue 4
Para intensificar ainda mais as ações de combate à
dengue, sobretudo a mobilização da sociedade, o Ministério
da Saúde lançou, em 24 de julho deste ano, o Programa
Nacional de Controle da Dengue (PNCD), em conjunto com
as secretarias estaduais e municipais de saúde. O principal
objetivo é fazer a prevenção desde já para reduzir, ao máximo,
o número de casos de dengue no País. O programa tem
recursos de mais de R$ 1 bilhão, dos quais R$ 903 milhões
são do orçamento do Ministério da Saúde, e as contrapartidas
estaduais e municipais totalizam R$ 131,1 milhões.
O programa busca reduzir a menos de 1% a infestação
predial (em imóveis residenciais, comerciais e públicos) pelo
Aedes aegypti em todos os municípios brasileiros; reduzir em
50% o número de casos em 2003 em relação a 2002; e
reduzir a menos de 1% os óbitos por dengue hemorrágica.

4.1) O Dia D Nacional

Para atingir as metas, o Ministério da Saúde incorporou


ao programa inovações nas estratégias de combate à dengue
com ênfase na promoção de ações de mobilização social
para produzir mudanças no comportamento da população,
buscando maior envolvimento das pessoas na eliminação dos
focos do Aedes aegypti nas residências. Como já citado, cerca
de 90% dos focos do mosquito estão nos domicílios.
Uma das inovações será a realização de um Dia D nacional
para o combate à dengue. O deste ano será em 23 de novembro,
um sábado, com uma mobilização nos mesmos moldes daquela

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promovida em março no Estado do Rio de Janeiro, quando a
população fluminense participou ativamente da eliminação dos
criadouros do Aedes aegypti. O PNCD é uma constatação de
que acabou o tempo, pelo menos no tocante à dengue, em que a
sociedade ficava passiva esperando que as autoridades resolvessem
seus problemas.

4.2) Comitê de Mobilização

Diante da importância da sociedade na eliminação


dos focos do mosquito transmissor, o novo programa traz uma
novidade de grande peso na luta contra a doença: a criação
do primeiro Comitê Nacional de Mobilização Social Contra a
Dengue, que vai articular ações envolvendo todos os segmentos
sociais, tendo como ponto máximo a realização do Dia D
nacional.
O comitê, que se reuniu pela primeira vez em outubro, é
composto pelas seguintes entidades: Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), secretarias do Ministério da Saúde, Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), Gabinete do Ministro da Saúde, Conselho
Nacional de Saúde (CNS), Conselho Nacional dos Secretários
Estaduais de Saúde (Conass), Conselho Nacional dos Secretários
Municipais de Saúde (Conasems), Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), Conselho das Igrejas Cristãs do Brasil, Secretaria
Nacional de Defesa Civil (Sedec), Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB), Confederação Nacional dos Transportes (CNT),
Confederação Nacional da Indústria (CNI), Associação Brasileira
de Imprensa (Abi), Confederação Brasileira de Futebol (CBF),
Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime),
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE),
Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Confederação
Nacional do Comércio (CNC), Confederação Geral dos

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Trabalhadores (CGT), Força Sindical, Instituto Brasileiro de
Administração Municipal (Ibam), Associação Brasileira das
Emissoras de Rádio e TV (Abert), Comitê Olímpico Brasileiro (Cob),
Ministério da Defesa, Conselho do Programa Comunidade
Solidária, Fundação Palmares, Confederação Nacional das Donas
de Casa e Consumidores, Conselho Nacional dos Comandantes
Gerais da Polícia Militar e Bombeiro Militar (CNCG).
A coordenação do comitê é exercida pela Funasa, que
promoverá reuniões periódicas para avaliar a implementação
das ações do Dia D e outras iniciativas que deverão ser
realizadas durante os meses do verão para eliminar os
criadouros do mosquito e, dessa forma, combater a dengue.
Estados e municípios com população igual ou superior a 50
mil habitantes também vão criar seus comitês de mobilização
social para planejar e executar ações de combate à dengue.

4.3) Campanhas

O Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD)


também prevê a veiculação permanente de campanhas
informativas alertando sobre os riscos da proliferação do
mosquito e ensinando como evitar focos nas residências.
Outra novidade do PNCD é a inclusão de ações de
educação em saúde e mobilização social nas atividades de trabalho
dos agentes comunitários de saúde e equipes do Programa Saúde
da Família (PSF). Eles orientarão as famílias sobre as formas de
prevenção da dengue, a eliminação dos criadouros e como
proceder se surgirem sintomas da doença.
Os prefeitos serão orientados sobre como utilizar os
mecanismos legais existentes para garantir que os agentes de
controle de endemias não enfrentem dificuldades ao visitar
imóveis abandonados ou fechados. Será elaborado um texto
reunindo toda a legislação que respalda o acesso dos agentes às

17
dependências de imóveis abandonados, fechados ou àqueles cujos
proprietários ofereçam resistência.
Para reforçar ainda mais o cerco à dengue, o Ministério da
Saúde estimulará ações de saneamento ambiental. Serão
adquiridas tampas e capas protetoras para caixas d´água de
maneira a garantir a armazenagem segura de água de
consumo, sem risco de estes depósitos transformarem-se em
criadouros do mosquito. Nas casas ou comunidades onde as
pessoas necessitem armazenar água em latões e tonéis, serão
repassadas orientações sobre como acondicioná-la sem riscos
à saúde.

4.4) Reciclagem

Outra importante inovação é que o Ministério da Saúde,


por meio da Funasa, estimulará a reciclagem de pneus, que
costumam ser focos do Aedes aegypti quando acumulam água
parada. Para isso, a Funasa repassará aos municípios com
mais de 100 mil imóveis equipamentos específicos para triturar
e picar pneus. Esse processo transformará os fragmentos em
matéria-prima para a produção de placas pré-moldadas, por
exemplo, que podem ser utilizadas na construção de moradias,
na fabricação de asfalto e, ainda, como combustível, entre
outras destinações.
Todas as ações serão desenvolvidas em articulação com
os governos estaduais e municipais, o que fortalecerá ainda
mais as atividades de vigilância epidemiológica (detecção
precoce de surtos) e de vigilância entomológica (detecção
precoce de aumento da população de mosquitos). Com isso,
as secretarias estaduais e municipais de saúde terão mais
condições para agir rapidamente e evitar os riscos da dengue.

18
4.5) Capacitação

A capacitação de pessoal é um dos componentes mais


importantes do PNCD. O Ministério da Saúde fará o
treinamento de aproximadamente 166 mil agentes comunitários
de saúde, que, posteriormente, orientarão a comunidade sobre a
prevenção e o controle da dengue. O trabalho dos agentes do
PACS/PSF será supervisionado por 18,1 mil profissionais de
enfermagem, que também serão treinados. Para melhorar a
qualidade do trabalho de campo, serão capacitados 6,3 mil
supervisores que coordenam as equipes de agentes de controle de
endemias em todo o País.
Mais 150 técnicos das secretarias estaduais de saúde e
das coordenações regionais da Funasa já estão sendo
preparados para atuar como multiplicadores, repassando
informações sobre a vigilância epidemiológica da dengue para
os profissionais de saúde que trabalham nos municípios,
aperfeiçoando o monitoramento da doença para evitar a
ocorrência de surtos.
Cerca de 700 médicos do Sistema Único de Saúde
(SUS) serão capacitados como multiplicadores para atualizar
os conhecimentos dos profissionais de saúde sobre o
diagnóstico e o tratamento da dengue, assegurando
atendimento adequado aos pacientes e reduzindo a letalidade
dessa doença.
Para a promoção de ações de educação em saúde e
mobilização social, foram capacitados 54 multiplicadores que
orientarão as instituições da sociedade civil. Também foram
capacitados como multiplicadores 54 agentes de saneamento
ambiental das secretarias estaduais de saúde. Além disso, 26
mil agentes de controle de endemias da Funasa, cedidos aos
estados e municípios, passarão por cursos de atualização dos
conhecimentos sobre o combate à dengue.

19
4.6) Recursos

Dos mais de R$ 1 bilhão destinados ao PNCD, R$ 269,7


milhões correspondem a um aporte adicional ao previsto
inicialmente para o combate à dengue este ano. Pouco mais
de R$ 72 milhões desse adicional destinam-se à contratação
de 10 mil novos agentes de endemias, que se juntarão aos 48
mil já em campo, totalizando 58 mil agentes atuando nas
operações de campo em todo o País. Cerca de R$ 68 milhões
financiarão intervenções de saneamento ambiental, como a
compra e entrega de tampas e capas para caixas d’água. O
Ministério da Saúde concederá adicional de R$ 240,00 ao
ano aos 166,4 mil agentes comunitários de saúde capacitados
para o combate à dengue.
Parte do recurso adicional, cerca de R$ 40,1 milhões
serão aplicados na aquisição de 1.019 veículos, 391 motos,
114 Ultra Baixo Volume (UBV ou fumacê), 258 microscópios,
404 nebulizadores portáteis, 109 pulverizadores costais, 48
computadores e impressoras, além de 61 máquinas de triturar
pneus. Esses veículos e equipamentos reforçarão a infra-
estrutura das secretarias estaduais e municipais de saúde para
o combate à dengue.
O PNCD prevê também aplicação de R$ 25 milhões
nas ações de educação em saúde, mobilização social e
comunicação social, incluindo a campanha informativa
permanente, que orientará a população sobre as ações de
prevenção e controle da dengue.

20
Figura 1. Série histórica da taxa de incidência de dengue, Brasil, 1986 – 2002
400

300

200

Funasa – julho/2002 – pág. 25


100

Taxa de incidência (100.000 hab.)


0
Ano 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02
Incidência 34,5 64,63 1,13 3,79 27,29 71,1 1,12 4,87 36,81 87,75 116,99 156,13 326,59127,89 144,4 254,39 385,14
Anexos

Fonte: SES/FUNASA.
Obs.: Dados de 2002 consolidados até o mês de julho.
5

21
Figura 2. Casos notificados de dengue por região geográfica, Brasil, 1986 – 2002

22
N NE SE S CO N° de UF com transmissão

Casos Notificados x 1000 UF com transmissão


27
25
700

600 20

Funasa – julho/2002 – pág. 26


500
400 15
300
10
200

100 5

0
0

Ano 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02

Casos Notificados 46.309 11.407 1.570 5.367 39.322 104.398 1.658 7.388 56.584 137.308 183.762 249.239 528.388 205.665239.870 428.117 672.371

Fonte: SES/FUNASA
Obs.: Dados de 2002 consolidados até o mês de julho.
Figura 3. Número de casos notificados e óbitos de febre hemorrágica de
dengue, Brasil, 1990 – 2002

2.000
Casos notificados

1.600

1.200

800

400

0
Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Caso notificados 2,74 188 0 0 25 114 69 46 105 72 59 682 2.090
Óbitos 8 0 0 0 11 2 1 9 10 3 3 29 96
Fonte: SES/FUNASA
Obs: Dados de 2002 consolidados até o mês de julho.

Figura 4. Taxa de letalidade por febre hemorrágica de dengue, Brasil, 1990 – 2002

50

40
Taxa de letalidade

30

20

10

0
Ano
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Letalidade % 2,92 0 0 0 44 1,75 1,45 19,57 9,52 4,17 5,08 4,25 4,59

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OS 1143/2002

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