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O AGENTE COMUNITÁRIO DE
SAÚDE E O CUIDADO À SAÚDE
DOS TRABALHADORES EM
SUAS PRÁTICAS COTIDIANAS
O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E O CUIDADO À SAÚDE DOS TRABALHADORES EM SUAS PRÁTICAS COTIDIANAS
GUIA DO ACS
2012
4/9/2012 14:21:22
O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E O CUIDADO À SAÚDE DOS TRABALHADORES EM SUAS PRÁTICAS COTIDIANAS GUIA DO ACS 2012
4/9/2012 14:21:22
O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E O
CUIDADO À SAÚDE DOS TRABALHADORES
EM SUAS PRÁTICAS COTIDIANAS
GUIA DO ACS
Organizadoras
Thais Lacerda e Silva
Elizabeth Costa Dias
Equipe de elaboração
Elizabeth Costa Dias
Karla Meneses Rodrigues Peres da Costa
Márcia Silva Anunciação Lazarino
Thais Lacerda e Silva
Revisão técnica
Danilo Alexandre Martins Durães
Magda Helena Cota de Almeida
Maria Rizoneide Negreiros de Araújo
Vanira Matos Pessoa
Revisão de texto
Isadora Rodrigues
Diagramação
Milton Fernandes
Ficha catalográfica
A produção deste material didático recebeu apoio financeiro do Funco Nacional de Saúde (FNS)
PREFÁCIO 5
SEÇÃO 1
ENTENDENDO AS RELAÇÕES TRABALHO-SAÚDE-DOENÇA 11
Parte 1 – As relações trabalho-saúde-doença
Parte 2 – As responsabilidades do SUS no cuidado aos trabalhadores
SEÇÃO 2
O TRABALHO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E AS ATRIBUIÇÕES NO
CUIDADO À SAÚDE DOS TRABALHADORES 23
Parte 1 – O Agente Comunitário de Saúde no SUS
Parte 2 – As atribuições dos Agentes Comunitários de Saúde na atenção
aos trabalhadores
SEÇÃO 3
CONHECENDO AS RELAÇÕES TRABALHO-SAÚDE-DOENÇA NO
TERRITÓRIO DE ATUAÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE 31
Parte 1 – O Diagnóstico Situacional em Saúde do Trabalhador
SEÇÃO 4
DESENVOLVENDO AÇÕES DE CUIDADO À SAÚDE DOS TRABALHADORES 47
Parte 1 – Ações de educação em saúde
• Orientações sobre os fatores de risco para a saúde e as medidas de prevenção
dos agravos e de promoção e proteção da saúde dos trabalhadores
• Orientações sobre a linha de cuidado do usuário trabalhador
• Orientações previdenciárias
PREFÁCIO
Espera-se que este Manual, juntamente com a Cartilha “Cuidando da saúde dos
trabalhadores: a atuação dos ACS”, auxiliem as equipes técnicas e os gestores a incorporar,
de forma sistemática e organizada, as ações de saúde do trabalhador no SUS.
Considerando que o Manual tem por objetivo apoiar os processos de capacitação, ele po-
derá ser utilizado pelos profissionais do CEREST, pelos enfermeiros da APS, pelas equipes
do NASF, pelas equipes da Vigilância em Saúde e pelos próprios ACS qualificados para
atuar como multiplicadores. Optou-se por utilizar uma linguagem mais informal e direta
para facilitar o diálogo com os ACS.
SEÇÃO 1
Entendendo as relações trabalho-saúde-doença
SEÇÃO 2
O trabalho do Agente Comunitário de Saúde e as atribuições no cuidado à
saúde dos trabalhadores
SEÇÃO 3
Conhecendo as relações trabalho-saúde-doença em seu território de atuação
SEÇÃO 4
Desenvolvendo ações de cuidado à saúde dos trabalhadores
• Quais ações educativas podem ser desenvolvidas pelos ACS no cuidado aos
trabalhadores?
• Como orientar os trabalhadores sobre os riscos para a saúde presentes nas
atividades de trabalho?
• Qual a importância de acompanhar o cuidado aos trabalhadores em outros
serviços da rede SUS? O que são os CEREST e que ações desenvolvem?
Propõe-se que o processo de capacitação dos ACS seja desenvolvido em quatro encon-
tros realizados em semanas alternadas de forma a permitir a realização das atividades de
dispersão no seu local de trabalho.
Nesta seção, discutiremos sobre as relações do trabalho com a saúde e o adoecimento dos
trabalhadores. Você também terá a oportunidade de conhecer as políticas e algumas das
normas e portarias que regulamentam o cuidado à saúde dos trabalhadores no SUS.
Pretende-se que, ao final dos estudos da seção, você seja capaz de responder as seguintes
questões:
Bons estudos!
11
O trabalho é muito importante na vida das pessoas. Ele possibilita o acesso à renda, ou
seja, ao dinheiro de que precisamos para suprir as necessidades básicas de alimentação,
de moradia, lazer e outros bens e serviços que garantem uma vida com boa qualidade.
Mas não trabalhamos apenas pelo dinheiro. Além do salário ou da renda, trabalhar propicia
o sentimento de ser útil e participante da vida social, promovendo a saúde. As pessoas
que não trabalham muitas vezes são discriminadas socialmente.
O trabalho é parte de nossa identidade. Quando nos perguntam quem somos, muitas
vezes respondemos: sou professora, sou pintor, mecânico, costureira, motorista, agente
de saúde....
Mas, infelizmente, dependendo das condições nas quais o trabalho é feito, ele também
pode causar sofrimento, adoecimento e até provocar a morte do trabalhador. É importante
lembrar que a situação de desempregado também pode contribuir para o adoecimento
do trabalhador.
Quando falamos das relações entre o trabalho e o processo saúde e doença dos trabalha-
dores, precisamos conhecer mais o que é saúde e o que chamamos de doença.
Ter saúde significa não somente a ausência de doença, mas ter qualidade de vida. De
acordo com a Lei Orgânica da Saúde (LOS 8.080), de 1990, a saúde das pessoas é deter-
minada por um conjunto de fatores, entre eles: alimentação de boa qualidade, condições
de moradia, saneamento básico, trabalho e renda, acesso à educação, transporte e lazer
Moradia
Lazer Educação
Saúde
Alimentação Saneamento
Trabalho
Exercício de reflexão
• Que tipo de problemas para sua saúde você relaciona com o seu trabalho?
• O que você poderia fazer diferente em seu trabalho para ter mais saúde?
Anotações
Trabalhadores são todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento
próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja a forma de inserção no mercado
de trabalho, no setor formal ou informal da economia.
Também são considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não remu-
neradas, participando de atividades econômicas na unidade domiciliar; o aprendiz ou
estagiário e aqueles temporária ou definitivamente afastados do mercado de trabalho
por doença, aposentadoria ou desemprego.
Você sabe quantos trabalhadores há no seu município? E na sua área de atuação? Procure
saber, pois esta informação é muito importante para seu trabalho como ACS.
Resumindo
Trabalhador informal: trabalha por conta própria, não possui carteira assinada e
não conta com a proteção trabalhista e nem com a cobertura do Seguro de Acidente
de Trabalho (SAT).
Importante
A Lei 11.350, de 05 de outubro de 2006, define que os ACS admitidos pelos gestores
locais do SUS e pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) são trabalhadores do
setor formal de trabalho. Assim, seu contrato de trabalho obedece ao regime jurí-
dico estabelecido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), salvo se, no Distrito
Federal, no Estado ou no Município, a lei local dispuser de forma diversa.
O SUS representa uma conquista do povo brasileiro na proteção de sua saúde. Ele se
organiza de acordo com os princípios da universalidade, integralidade, equidade, des-
centralização/regionalização e participação da comunidade.
Além desses, dois outros princípios são muito importantes para o cuidado ao usuário
trabalhador:
ATENÇÃO!!!!
Você sabia?
Constituição Define que o SUS deve executar as açõ-es de vigilância sanitária, epide-
Federal de 1988 miológica e de saúde do trabalhador.
Pacto pela Saúde Estabelece a Saúde do Trabalhador como prioridade no Pacto pela Vida.
Política Nacional Tem o objetivo de promover a saúde das populações do campo e da flo-
de Saúde Integral resta por meio de ações e iniciativas que reconheçam as especificidades
das Populações de gênero, geração, raça/cor, etnia e orientação sexual, visando ao acesso
do Campo e da aos serviços de saúde, à redução de riscos e agravos à saúde decorrentes
Floresta (PNSIP- dos processos de trabalho e das tecnologias agrícolas e à melhoria dos
CF), 2011. indicadores de saúde e da qualidade de vida.
Atenção!
Mesmo reconhecendo a importância e as atribuições do SUS no cuidado da
saúde dos trabalhadores, é importante lembrar que outros atores e instituições
sociais são também responsáveis:
Curiosidade
Você sabia que antes de existir o SUS, a assistência à saúde era atribuição da Previdência
Social e restrita aos trabalhadores formais com carteira assinada e seus dependentes?
As pessoas que não tinham emprego com carteira assinada ou pagavam pela assistência
médica particular, ou procuravam as Santas Casas de Misericórdia ou os Postos de Saúde das
cidades. A desigualdade na assistência à saúde foi tema de grandes discussões no processo
constituinte e contribuiu para a criação de um sistema de saúde universal – o SUS!
Agora, vamos falar sobre o papel e as atribuições dos ACS no cuidado à saúde dos tra-
balhadores.
Espera-se que, ao final desta seção, você se sinta confiante para responder as seguintes
perguntas:
• Quais são as atribuições esperadas dos ACS na atenção à saúde dos trabalha-
dores?
Bons estudos!
23
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) foi criado em 1991 como uma das
estratégias do Ministério da Saúde para mudar a forma de organizar os serviços de saúde
e melhorar o acesso e a qualidade da atenção à população. Em 1994, a criação do Progra-
ma Saúde da Família fortaleceu a atuação dos ACS, e, posteriormente, os dois programas
passaram a ser denominados pelo Ministério da Saúde como “estratégia”: a Estratégia de
Agentes Comunitários de Saúde (EACS) e a Estratégia Saúde da Família (ESF).
Anotações
Como podemos observar, as atividades previstas em Lei nem sempre são suficientes para
abranger o trabalho que os ACS desenvolvem no dia a dia.
Atividade 1
a) Descreva as ações que você executa em um dia típico de trabalho.
b) Identifique em quais delas o usuário era ou é um trabalhador e responda a seguinte
questão:
• O que muda na sua forma de abordar e conversar com usuário, quando você
o reconhece como um trabalhador?
Compartilhe sua experiência com seus colegas e também com seu coordenador.
“Fui realizar uma visita domiciliar na casa de Dona Ana, pois ela é hiper-
tensa e fazemos o acompanhamento dos hipertensos. Quando cheguei lá,
ela me relatou que estava com muita dor nos braços. A dor era constante,
deixando-a muito irritada, e sua hipertensão estava sendo agravada por
essas condições. Dona Ana tem 57 anos e costura, há sete anos, numa ta-
peçaria no bairro onde mora. Ao descrever como desenvolvia seu trabalho,
ela contou que trabalha em uma bancada alta e permanece muito tempo
em uma postura inadequada e cortando tecido.”
No dia a dia, você encontra situações em que o trabalho pode estar afetando a condição
de saúde das pessoas. É importante estar atento, pois isto pode mudar a forma de en-
tender e intervir no problema.
No caso de Dona Ana, a forma como ela desenvolve seu trabalho contribui para que
ela tenha dores nos braços. Assim, nas visitas domiciliares, é importante investigar se as
queixas ou os sintomas referidos pelos usuários podem estar associados com o trabalho
que eles realizam.
3. Orientar de forma ética o trabalhador sobre os riscos e perigos à sua saúde e sobre
a garantia de direitos previdenciários, trabalhistas e sociais.
5. Buscar estabelecer a relação entre queixas dos membros das famílias de sua área
de atuação com o tipo de trabalho que desenvolvem, bem como o perfil de ati-
vidades produtivas desenvolvidas no território.
Fonte: LACERDA E SILVA; DIAS; RIBEIRO. Saberes e práticas do Agente Comunitário de Saúde na
atenção à Saúde do Trabalhador. Interface, v. 15, n. 38, p. 111-119, jul./set. 2011.
Atividade 2
No elenco de atribuições dos ACS para o cuidado dos usuários trabalhadores,
apresentado no quadro 03, identifique:
a) Quais dessas ações você já faz no seu dia a dia? Converse com seus colegas
sobre a experiência deles.
b) Que outras ações de cuidado aos usuários trabalhadores vocês executam?
Anotações
Nesta seção estudaremos: a) algumas das formas pelas quais as relações entre trabalho, saú-
de e doença se apresentam no território e b) a importância do correto preenchimento dos
dados sobre os trabalhadores e do mapeamento das atividades produtivas desenvolvidas
para o diagnóstico da situação e o planejamento do cuidado à saúde dos trabalhadores.
Pretende-se que após o estudo desta seção você possa responder as seguintes per-
guntas:
• físicos
• químicos
• mecânicos,
• biológicos,
• psicossociais (que decorrem da organização e das formas de gerenciamento do
trabalho)
Físicos
Mecânicos
Biológicos
Químicos
Atividade 1
Que riscos para a saúde estão presentes em seu trabalho? Você identifica algum dano
para a saúde em decorrência desta exposição?
A situação relatada por uma ACS ilustra bem a complexidade das relações entre tra-
balho, saúde e doença em um território.
Na micro área da ACS Luzia, havia uma empresa de grande porte que fabricava fibra
de vidro e funcionava em três turnos. Durante o dia, as pessoas que passavam por
lá eram incomodadas pelo forte cheiro de cola que exalava de dentro da empresa. A
comunidade que morava na região vivia reclamando desse cheiro.
A ACS, quando passava pela rua para fazer as visitas domiciliares, também percebia
que o cheiro era muito forte. Em todas as casas visitadas pela ACS, as pessoas re-
clamavam muito do mau cheiro, chegando ao ponto de alguns moradores usarem
máscaras dentro do próprio domicílio, na tentativa de diminuir o desconforto.
UmadascoisasquemaischamaramaatençãodaACSfoiograndenúmerodecrianças
com problemas respiratórios que moravam nas casas localizadas perto da fábrica.
O diagnóstico situacional é realizado pela equipe de saúde a partir dos dados coletados
pelos ACS. Ele serve de base para a programação das ações de saúde a serem desenvol-
vidas, pois permite que a equipe conheça seu território e a população adscrita.
O Diagnóstico Situacional em Saúde do Trabalhador deve ser realizado pela equipe de saúde,
com base nas informações coletadas pelos ACS no mapeamento da área de abrangência
e no cadastramento das famílias, por meio do preenchimento da ficha A.
Caso 1
Em um território onde existe uma fábrica de cimento próxima aos locais de moradia
das pessoas, sem os cuidados ou a proteção adequados, podemos esperar a ocor-
rência de uma série de problemas de saúde para os trabalhadores dessa fábrica e
também para a população que reside no entorno. Por exemplo: podemos ter mais
acidentes de trânsito provocados pelo tráfego de carretas pesadas; a poeira de ci-
mento pode provocar a poluição do ar e, dependendo da quantidade e da direção
dos ventos, acarretar desde o desconforto causado pelo pó que invade as casas e se
deposita sobre os móveis e utensílios até a ocorrência de doença respiratória (por
exemplo, quadros de bronquite ou asma que podem estar relacionados à exposição
à poeira), em formas mais ou menos graves, dependendo da vulnerabilidade do
grupo exposto. Sabe-se que os idosos e as crianças adoecerão com mais frequência
e em formas mais graves que outros grupos da população.
Nessa situação, os serviços de saúde deverão estar preparados para oferecer não
apenas a assistência adequada às famílias, mas mobilizar a comunidade e informá-
la sobre os possíveis danos à saúde causados pela empresa e acionar os setores da
Vigilância em Saúde, como a Vigilância Ambiental, Sanitária e em Saúde do Traba-
lhador, para que auxiliem no processo de intervenção.
Caso 2 – Agricultura
Além disso, não podemos nos esquecer que a aplicação de agrotóxicos contamina
o solo, a água e o ar, colocando em risco também outras pessoas.
É importante lembrar que os riscos para a saúde não se restringem aos locais internos das
fábricas. No caso da fábrica de fibra de vidro, relatado pela ACS Luzia, o forte cheiro de
cola permanecia no ar e invadia as casas das pessoas que moravam ao redor, causando
desconfortos e problemas respiratórios, em especial nas crianças e nos idosos, que são
mais vulneráveis.
A ficha A, utilizada no cadastramento das famílias, pode ser uma ferramenta importante
para responder essas perguntas. Ela é preenchida na visita domiciliar às famílias que estão
sob a responsabilidade da equipe de saúde, uma vez que o cadastro possibilita conhecer
as reais condições de vida das famílias. Na ficha A, são coletadas as seguintes informações
sobre as famílias:
CADASTRO DA FAMÍLIA
DOENÇA OU
DATA CONDIÇÃO
PESSOAS COM 15 ANOS OU MAIS IDADE SEXO ALFABETIZADO OCUPAÇÃO
NASC. REFERIDO
(sigla)
NOME Sim Não
DOENÇA OU
DATA FREQUENTA A CONDIÇÃO
PESSOAS DE 0 A 14 ANOS IDADE SEXO OCUPAÇÃO
NASC. ESCOLA REFERIDO
(sigla)
NOME Sim Não
Poço ou nascente
Coletado Fossa
Céu aberto
OUTRAS INFORMAÇÕES
Alguém da família possui Plano de Saúde? Número de pessoas cobertas pelo Plano de Saúde
Nome do Plano de Saúde | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |
Benzedeira Associações
Outro - Especificar:
Televisão Carro
Outro - Especificar: Carroça
Outro - Especificar:
Se as pessoas entrevistadas referirem mais de uma ocupação, o ACS deve registrar aquela
à qual elas dedicam o maior número de horas na semana.
ATENÇÃO!!!
Uma parte importante da ficha A é o preenchimento da ocupação das pessoas que estão
na faixa etária de 0 a 14 anos.
DOENÇA OU
DATA FREQUENTA A CONDIÇÃO
PESSOAS DE 0 A 14 ANOS IDADE SEXO OCUPAÇÃO
NASC. ESCOLA REFERIDO
(sigla)
NOME Sim Não
No campo doenças ou condições referidas, o manual do SIAB instrui os ACS para utiliza-
rem as seguintes siglas: alcoolismo (ALC), Chagas (CHA), deficiência (DEF), diabetes (DIA),
epilepsia (EPI), hanseníase (HAN), hipertensão arterial (HA), malária (MAL), tuberculose
(TB), gestação (GES) e outras (O).
Se você suspeitar ou identificar em sua área de atuação um trabalhador que sofreu aci-
dente do trabalho ou apresenta doença relacionada ao trabalho, comunique à sua equipe
e/ou encaminhe o caso suspeito para avaliação na unidade de saúde.
Vejamos um exemplo:
Em uma visita domiciliar, você observa que o marido de Dona Maria está em casa,
o que não ocorre normalmente. Dona Maria diz que o marido dela quebrou a
perna. Você então deve procurar saber se ele está recebendo os cuidados neces-
sários e como ocorreu o acidente.
Se Dona Maria relatar que o marido caiu de um andaime enquanto estava traba-
lhando, você identificará que se trata de um acidente de trabalho e deverá registrar
em seu caderno de anotações. É importante saber onde o usuário trabalhador
foi atendido após ter sido acidentado, se o profissional que o atendeu identificou
que se tratava de acidente de trabalho e se foi feita a notificação no SINAN. É
importante também orientá-los sobre a necessidade de acompanhamento pela
equipe de saúde da UBS.
Lembre-se: o cadastro das famílias deve ser atualizado anualmente ou quando houver
mudança significativa na condição familiar.
CURIOSIDADE!
O município pode acrescentar na ficha A alguns campos para coleta de outras informações
que julgar necessárias. O município de Betim, em Minas Gerais, por exemplo, acrescentou
na ficha A as seguintes perguntas:
Atividade de dispersão
Você percebeu como é importante o trabalho que cada ACS realiza quando preenche
a ficha A e coleta as informações sobre os trabalhadores e o trabalho que realizam na
área de abrangência das unidades básicas de saúde? Acreditamos que sua resposta seja
“SIM”! Então, como você se sente como trabalhador que contribui para a identificação
dos usuários trabalhadores?
Anotações
Esta seção tem como objetivo discutir ações de cuidado aos trabalhadores que podem
ser desenvolvidas pelo ACS. Ao final, é esperado que você seja capaz de responder as
seguintes questões:
• Como identificar e orientar os trabalhadores sobre os riscos para sua saúde que
estão relacionados ao trabalho que desenvolvem?
47
As ações educativas requerem uma relação de confiança com o usuário, sendo a visita
domiciliar um momento importante para o estabelecimento e reforço dessa relação. O
ACS, enquanto educador, deve manter um bom diálogo com os usuários, no sentido de
escutar e compreender o que eles pensam sobre suas condições de vida e saúde.
Com frequência, nas atividades de trabalho ocorre exposição a mais de um fator de risco.
Além da possibilidade de superposição, eles podem ter efeito sinérgico ou potencializar
a exposição.
Lembre-se:
Todo risco pode ser prevenido! E, por isso, o maior objetivo do reconhecimento dos riscos
é a prevenção, ou seja, o desenvolvimento de ações que buscam evitar a ocorrência de
acidentes ou doenças relacionados ao trabalho.
• O que você faz? Em que você trabalha? Como você faz o seu trabalho?
• Quais produtos, matérias primas, instrumentos e ferramentas utiliza?
• Como são as instalações em seu posto de trabalho? Quais são as condições de ilu-
minação, ventilação, adequação da área física, mobiliário, ruído, entre outros?
• Quantas horas você trabalha por dia?
• Você está exposto a alguma situação de risco para sua saúde? Utiliza algum equi-
pamento ou forma de proteção?
Veja no caso descrito a seguir como o ACS Ronaldo identificou as situações de risco/perigo
presentes no trabalho de Dona Margarida.
cheio nas panelas. O agente de saúde percebeu que, ao mesmo tempo que Dona
Margarida trabalhava, comia com frequência, ora parte do recheio, ora o próprio
salgado. Também chamou a atenção do ACS o quanto o chão ficava escorregadio,
por causa da gordura que respingava no chão durante a fritura dos salgados.
Diante da situação descrita, o que você acha que Ronaldo deveria fazer?
Importante:
Entretanto, é importante considerar que o EPI pode gerar sobrecarga e até mesmo, difi-
cultar o trabalho, causando grande desconforto para os trabalhadores.
A rede de atenção do SUS é formada por pontos de atenção que ofertam ações e serviços
de saúde, como por exemplo: as Unidades Básicas de Saúde, os domicílios, as unidades
ambulatoriais especializadas, os serviços de hemoterapia e hematologia, as unidades
de pronto atendimento, entre outros. A APS é responsável por coordenar o cuidado aos
usuários regulando o acesso a outros pontos de atenção.
Alguns pontos de atenção na rede SUS são específicos para atender determinados grupos.
Um bom exemplo são os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), destinados a atender
pessoas com transtornos mentais.
José sofreu um acidente de trabalho grave e foi levado pelo SAMU imediatamente
para o serviço de urgência. Quando seu estado foi estabilizado, ele foi encaminha-
do para a Unidade Básica de Saúde, responsável pelo seu acompanhamento. Na
avaliação realizada pelo médico da UBS, ele verificou a necessidade de José realizar
reabilitação física, sendo ele então encaminhado para o tratamento fisioterapêutico
no centro de reabilitação.
O ACS deve acompanhar a condição de saúde do Sr. José e o tratamento nos outros
pontos de atenção.
A equipe de saúde da UBS é responsável por acompanhar, por meio das visitas domiciliares,
o cuidado aos usuários sob sua responsabilidade, mesmo quando o usuário é atendido
por outros serviços, tais como os serviços de especialidades médicas ou os centros de
reabilitação física.
Eixos Ações
Eixos Ações
Educação
Capacitar profissionais da rede SUS para o desenvolvimento de
ações de saúde do trabalhador.
d) Orientações previdenciárias
Para ser considerado segurado pelo INSS, é necessário que o trabalhador seja inscrito como
contribuinte da Previdência e esteja com as contribuições em dia. É importante lembrar
que a situação de segurado permanece por algum tempo, mesmo que o trabalhador
seja demitido e interrompa as contribuições. Este período pode variar de 03 a 36 meses,
dependendo da situação particular do segurado. O segurado que não está contribuindo,
mas contribuiu nos últimos 36 meses, pode ter direito e, portanto, quando precisar de
algum benefício, deve verificar sua condição junto ao INSS.
A previdência social tem o plano simples através do qual o segurado individual e o facul-
tativo podem contribuir com 11% do salário mínimo.
A dona de casa de baixa renda que se dedica exclusivamente aos trabalhos domésticos
em sua residência e cuja família está inscrita no cadastro único dos programas sociais
pode contribuir com o INSS na alíquota de 5% do salário mínimo.
Tipos de Segurado
Para se aposentar por idade, é preciso que o segurado tenha 65 anos, no caso dos homens,
e 60 anos, no caso das mulheres, e tenha feito 180 contribuições à Previdência.
Importante: As 180 contribuições podem ter sido feitas em qualquer fase da vida.
2. Auxílio-doença
Para receber o auxílio-doença, o segurado deve passar por exame médico realizado
por um Médico Perito da Previdência para confirmar se sua doença o incapacita para
o trabalho. A carência para este benefício é de 12 meses de contribuição, porém, não é
exigida nos casos de acidente ou doença relacionada ao trabalho.
3. Salário-família
Salário-família - valor mensal pago pelo INSS ao segurado empregado, com exceção
do empregado doméstico e do trabalhador avulso, inclusive os que já são aposentados,
desde que seja homem com mais de 65 anos e mulher com mais de 60 anos de idade,
sob as seguintes condições:
• O salário de contribuição não pode ser maior do que o valor definido pelo INSS
na época em que for pedido o benefício;
• O segurado deve ter filho, enteado ou menor tutelado com até 14 anos de idade,
ou inválido;
• Deve ser comprovado que o filho de até seis anos de idade recebeu todas as
vacinas obrigatórias;
• Deve ser comprovado que o filho com idade acima de sete anos está matriculado
e frequentando a escola.
4. Salário-maternidade
O valor deste benefício é equivalente ao salário da segurada, quando esta for em-
pregada, e ao salário de contribuição nos demais casos. Para a segurada especial, o
valor será de um salário mínimo.
Este benefício não tem carência para a mulher empregada. Para as demais seguradas,
a carência é de 10 meses. Em caso de parto prematuro, este tempo será reduzido na
mesma proporção em que o parto se antecipou.
Importante:
• Considera-se parto o nascimento ocorrido a partir da 23ª semana (6° mês) de
gestação, inclusive em caso de natimorto.
Nos casos de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico, é devido
salário-maternidade correspondente a duas semanas, devendo ser requerido na
Agência da Previdência Social.
5. Auxílio-acidente
Atenção! Se a pensão for solicitada até 30 dias após o falecimento, o dependente tem
direito à pensão desde a data da morte do seu parente. Se for perdido esse prazo, o
dependente receberá apenas a partir do dia em que fez o pedido do benefício.
Este benefício não tem carência, sendo requisitado apenas que o falecido no dia do
óbito tivesse qualidade de segurado.
Auxílio-reclusão
É o benefício pago aos dependentes do segurado de baixa renda que foi preso (pri-
vado de sua liberdade) e não recebe salário, auxílio-doença ou aposentadoria e que
na data da prisão tinha qualidade de segurado.
• Comprovante de que o segurado está preso – é uma certidão dada pelo diretor
ou por outro funcionário competente do presídio;
• Todos os documentos pessoais e de trabalho do segurado preso;
• Todos os documentos pessoais e de trabalho do dependente.
O dependente deverá comparecer ao INSS a cada três meses para comprovar que o se-
gurado ainda está preso. Em caso de libertação ou fuga, o benefício será suspenso.
Serviço Social: Atende a todas as pessoas que recebem um benefício do INSS, afinal
elas têm direito a assistência e orientação durante todo o processo.
Atenção! A pessoa que não é contribuinte do INSS pelo tempo mínimo exigido pela
lei não tem direito aos benefícios previdenciários, porém a Constituição Brasileira
garante o BENEFÍCIO ASSISTENCIAL aos idosos com mais de 65 anos e pessoas
com deficiência sem condições de trabalhar, desde que a renda per capita familiar
não ultrapasse um quarto do salário mínimo.
• 13º Salário, pago da seguinte forma: metade até o dia 30 de novembro de cada
ano, e a outra metade até 20 de dezembro (fração igual ou superior a 15 dias é
considerada como mês completo);
• Adicional de férias: este adicional é pago toda vez que o empregado entra em
férias, e consiste em 1/3 do salário;
• Aviso-prévio: quando uma das partes quiser rescindir o contrato de trabalho, esta
deverá comunicar à outra sua decisão com antecedência mínima de 30 dias.
Atividade 1
Anotações
Você sabia que a situação alimentar e nutricional de uma população é um dos fatores
determinantes de seu estado de saúde ou de doença?
E que uma população que tem acesso a uma alimentação adequada tem maiores chances
de desenvolver-se social, econômica e politicamente?
É por isso que a equipe de saúde deve estar atenta para a questão sobre a alimentação
e nutrição dos trabalhadores.
O texto a seguir apresenta os itens que definem uma alimentação saudável e algumas
dicas sobre como você pode ajudar o trabalhador a cuidar de sua alimentação.
Boa leitura!
Entre as doenças causadas por uma alimentação inadequada estão: a cárie dental, a hi-
pertensão, o diabetes, o sobrepeso ou obesidade, o baixo peso ou desnutrição, as de-
ficiências de vitaminas como a hipovitaminose A e as deficiências de minerais como a
anemia ferropriva, entre outras.
Alimentação saudável é:
Devemos começar admitindo que promover saúde por meio de uma alimentação saudável
não é tarefa fácil. Afinal, de alimentação todo mundo entende um pouco. Muito mais do
que simplesmente saber o que é saudável e o que não é saudável, as escolhas alimenta-
res das pessoas são influenciadas por diversos fatores como condições financeiras para
comprar o alimento, preferências alimentares individuais, disponibilidade do alimento no
mercado, propagandas publicitárias, além de crenças e mitos populares.
Essas são algumas das situações que poderão interferir na decisão do trabalhador em
realizar escolhas alimentares saudáveis. Para cada situação, você e os profissionais de sua
equipe devem pensar na melhor estratégia de atuação. Um bom momento para essas
discussões são as reuniões e as atividades educativas em saúde.
Algumas recomendações são comuns e gerais para uma população que não possui ne-
nhuma doença relacionada a alimentação e nutrição, mas pretendem melhorar sua saúde
por meio de práticas alimentares mais saudáveis. O Ministério da Saúde chama essas
recomendações gerais para a população brasileira de “10 Passos para uma alimentação
saudável”. Vejamos quais são:
1. Necessidade de realizar cinco refeições por dia: café da manhã, lanche da manhã,
almoço, lanche da tarde e jantar. Quando ficamos muito tempo sem nos alimentar,
os valores da glicose no sangue alteram muito, e isso não é saudável.
2. Necessidade de incluir diariamente um alimento como arroz, aipim, batata ou
macarrão nas grandes refeições como almoço e jantar. E pães nos lanches. É im-
portante não misturar esses alimentos; escolher um ou outro. Se possível, dar
preferência aos grãos integrais. Por exemplo: no lugar de arroz branco, consumir
o arroz integral; no lugar do pão branco, preferir o pão integral.
3. Necessidade de consumir legumes, verduras e frutas todos os dias. Pode ser: fruta
no lanche da manhã ou lanche da tarde; suco natural de frutas sem adoçar com
açúcar; salada no almoço e no jantar.
4. Necessidade de consumir feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco
vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas
e é bom para a saúde. Não devemos trocar nosso tradicional prato por sanduíches,
lanches ou pizzas.
Para saber mais sobre o que o ACS pode fazer para promover a saúde da população
de nossas comunidades através do estímulo à alimentação saudável, dê uma olhada
no “Manual para o Agente Comunitário de Saúde – Alimentação e Nutrição para
as Famílias do Programa Bolsa Família”, uma publicação produzida pelo Ministério
da Saúde e disponível online no sítio:
http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/manual_acs.pdf
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília: Senado
Federal, 1988.
BRASIL. Lei n. 8.080, Lei Orgânica da Saúde, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as con-
dições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20
set. 1990.
BRASIL. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade
na gestão do Sistema Único de Saúde – SUS e sobre as transferências intergovernamentais
de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília, 31 dez. 1990, p. 4.
BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social e dá outras providências. (atualizada em setembro de 2011).
BRASIL. Portaria n. 710, de 10 de junho de 1999. Aprova a Política Nacional de Alimentação e
Nutrição.
BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos
para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. (Série A. Normas e Manuais
Técnicos no. 114).
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. SIAB: manual do sistema de
informação de atenção básica. Brasília: Secretaria de Assistência à Saúde, Coordenação de
Saúde da Comunidade, 2000.
BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS no seu município: garantindo saúde para todos. Brasília:
Ministério da Saúde, 2004. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
BRASIL. Lei n. 11.350, de 5 de outubro de 2006. Dispõe sobre o aproveitamento de pessoal
amparado pelo parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional n. 51, de 14 de fevereiro
de 2006, e dá outras providências.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 91, de 10 de janeiro de 2007. Regulamenta a unificação
do processo de pactuação de indicadores e estabelece os indicadores do Pacto pela Saúde,
a serem pactuados por municípios, estados e Distrito Federal.
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GUIA DO ACS 2012
O Manual “O Agente Comunitário de Saúde e o cuidado à saúde dos traba-
lhadores em suas práticas cotidianas” e a Cartilha “Cuidando da Saúde dos
O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E O CUIDADO À SAÚDE DOS TRABALHADORES EM SUAS PRÁTICAS COTIDIANAS
Trabalhadores: atuação dos ACS” são produtos do estudo “Conceitos e ins-
trumentos facilitadores para o desenvolvimento de ações de Saúde do Traba-
lhador na Atenção Primária à Saúde”, desenvolvido pela equipe da UFMG por
demanda da Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador do Departamento
de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, da Secretaria de
Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (CGSAT/DSAST/SVS/MS).
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