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Biotemas, 24 (4): 171-181, dezembro de 2011 171

doi: 10.5007/2175-7925.2011v24n4p171
ISSNe 2175-7925

Análise da qualidade técnica de estudos de impacto ambiental


em ambientes de Mata Atlântica de Santa Catarina:
abordagem faunística

Marinez Scherer
Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Geociências, Campus Universitário
CEP 88.040-970, Florianópolis – SC, Brasil
marinezscherer@gmail.com

Submetido em 02/02/2011
Aceito para publicação em 23/08/2011

Resumo
Alterações nos componentes de um ecossistema levam a modificações nas interações ecológicas, sendo
algumas vezes irreversíveis ou de grande magnitude, podendo ocasionar a perda de biodiversidade. Para controlar
as alterações sobre os ecossistemas existem políticas públicas e instrumentos de controle e licenciamento dos
usos e atividades humanas. Nesse trabalho, realizou-se uma análise crítica de Relatórios de Impacto Ambiental
dos aspectos referentes à fauna de cinco Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) realizados no contexto do Bioma
Mata Atlântica. Os resultados identificaram carências, tais como: (i) ausência de informação sobre invertebrados
terrestres; (ii) ausência da identificação de áreas de reprodução e alimentação; (iii) identificação superficial de
fenômenos de migração e de aspectos comportamentais; (iv) caracterização superficial das interações ecológicas;
(v) ausência da identificação da estrutura das comunidades presentes e espécies-chave; e (vi) ausência da
identificação de bioindicadores. A maioria dos estudos de impacto ambiental não realiza um diagnóstico do meio
biótico suficientemente adequado para subsidiar a posterior avaliação de impactos, e a avaliação de impactos
ambientais não relaciona as interações ecológicas com as intervenções humanas resultantes do empreendimento/
atividade analisado. Conclui-se, dessa forma, que o EIA é um instrumento que ainda pode ser bastante melhorado
em relação às questões ecológicas analisadas, visando subsidiar o processo decisório.
Palavras-chave: Bioindicadores, EIA, Fauna, Interações Ecológicas

Abstract
Analysis of the technical quality of environmental impact studies done on the Atlantic Rain Forest
of Santa Catarina: a faunistic approach. Alterations in components of an ecosystem might modify ecological
interactions, which are sometimes irreversible, and could cause a loss in biodiversity. In order to control ecosystem
alterations caused by human activity, public policies and control tools, such as environmental licenses, have
been developed. This work carried out a critical analysis of aspects related to the fauna from five Environmental
Impact Assessments (EIAs) prepared in the context of the Atlantic Rain Forest biome. The following deficiencies
were found in the studies analyzed: (i) absence of information about terrestrial invertebrates; (ii) absence of
identification of reproduction and feeding areas; (iii) superficial identification of migration and behavior aspects;
(iv) superficial characterization of ecological interactions; (v) absence of identification of community structure
and key-species; and (vi) absence of the identification of bioindicators. The EIAs did not adequately diagnose

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the biological system in order to point out subsequent impacts. Similarly, the environmental impact evaluations
did not relate ecological interactions with the human activities that were planned in the development proposals.
Therefore the ecological aspects of the EIAs in Santa Catarina could be (and should be) substantially improved
in order to provide more accurate data during the decision-making process.
Key words: Ecological interactions, Environmental Impact Assessment, Indicators, Fauna

Introdução Quando um ou mais dos fatores é modificado, por


razões externas ou internas ao sistema, as interações
Um dos objetivos do desenvolvimento sustentável entre as populações que formam a comunidade e
pressupõe, entre outras coisas, a conservação biológica aquelas existentes entre a comunidade e o meio físico
(SACHS, 1986; CICIN-SAIN, 1993). Sendo assim, acabam por serem modificadas também. Uma vez que
instrumentos que se propõem a auxiliar na gestão desse essas transformações ocorrem de maneira diferente nos
desenvolvimento e dos ambientes naturais devem diferentes grupos taxonômicos (HOCKEY; CURTIS,
incorporar elementos da teoria ecológica em suas análises. 2009), o conhecimento de todos os grupos presentes em
O planeta Terra é constituído de diferentes biomas um ecossistema é muito importante.
(tundra, floresta tropical, savana, entre outros), sendo cada Essas alterações na estrutura do ecossistema
um deles um grande biossistema regional caracterizado podem ser pequenas, sendo que o próprio ecossistema
por um tipo principal de vegetação ou outro aspecto se adapta às novas condições; ou ainda serem de grande
identificador de paisagem (ODUM, 1988). Um bioma magnitude, de maneira que as interações existentes nesse
também é definido por características climáticas, sendo ecossistema sofram alterações profundas levando ao
constituído de diferentes ecossistemas que, por sua vez, colapso do sistema e, em última análise, do bioma no
são formados por comunidades abrangendo um conjunto qual está inserido. A grandeza dessas alterações e suas
de fatores abióticos e bióticos de uma determinada área, consequências dependem do tipo de ecossistema, de grau
formando uma unidade funcional. de maturidade, isto é, se são mais ou menos complexos,
Nenhuma espécie, ou população de uma espécie, se apresentam maior ou menor número de interações
ocorre sozinha; é sempre parte de um conjunto de ecológicas; assim como do tipo de transformação
populações que compartilham uma mesma área, imputada a esse ambiente.
formando comunidades (KREBS, 1985). A comunidade O ser humano tem a capacidade de modificar
biótica interage entre si e com ambiente físico de maneira o ambiente, levando a alterações significativas dos
que cada fator influencia as propriedades do outro, ecossistemas. Tais alterações geram consequências
sendo cada um necessário à manutenção dessas relações negativas ao meio ambiente e ao Homem, justificando
(ODUM, 1988; PULLIN, 2004). Dessa maneira, as ações gerenciais que impeçam ou minimizem essas
interações entre os fatores bióticos e abióticos regulam modificações.
as condições de sobrevivência das populações que
compõem a comunidade de um ecossistema. As espécies O bioma Mata Atlântica é constituído por vegetação
dependem de outras espécies e do meio para alimentação, litorânea (restinga), manguezais e floresta ombrófila
abrigo, reprodução. (ASSIS et al., 1994) e ocupa grande parte da zona
costeira do Brasil. Esse bioma apresenta particularidades
Por consequência, a conservação de espécies e agravantes no que tange as modificações do ambiente
das populações, comunidades e ecossistemas, depende por ser uma área de alta densidade populacional e
da conservação das interações ecológicas que incluem, grande concentração de usos e atividades humanas –
entre outras, competição, predação, parasitismo, urbanização, introdução de espécies exóticas, indústrias,
simbiose e ainda as interações entre os seres vivos e turismo, entre outros impactos (KAY; ALDER, 1999;
os fatores abióticos, tais como água, temperatura, luz, SCHERER, 2001). Segundo Ribeiro et al. (2009), do
salinidade, solo, entre outros (PULLIN, 2004).

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bioma Mata Atlântica original restam entre 11% a 16% empreendimento ou atividade, visando à adoção de
da cobertura vegetal original, levando-se em conta medidas mitigadoras, com o propósito de evitá-los ou
áreas maiores que 100ha de floresta primária, assim minimizá-los (MOTA, 2003).
como pequenos fragmentos e vegetação secundária em
A avaliação dos impactos ambientais passa por
regeneração.
três passos fundamentais: (i) análise do problema
A preocupação com as alterações de origem identificando os possíveis impactos diretos, indiretos
antrópica nos ecossistemas, e em especial nos e cumulativos; (ii) mensuração de sua significância
ecossistemas inseridos no bioma Mata Atlântica, tem determinando magnitude, extensão, efeito, custos; e (iii)
induzido ao desenvolvimento de políticas públicas determinação de ações mitigadoras e ou compensatórias.
para a conservação desses ambientes no Brasil. No Assim, os critérios de avaliação ambiental passam pela
entanto, é imperativo que as políticas públicas e seus determinação de critérios qualitativos e quantitativos
instrumentos de implantação levem em consideração a (SÁNCHEZ, 2006).
complexidade das interações ecológicas para que sejam
Como forma de avaliação de impactos sobre a biota,
eficientes em alcançar a conservação das comunidades
muitos autores sugerem o uso de indicadores biológicos
e dos ecossistemas.
e/ou físicos (BARROS, 2001; PETRUCIO et al., 2005;
Os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e as NEVES; BEMVENUTI, 2006; SANFORD et al., 2009).
respectivas Avaliações de Impacto Ambiental (AIA), Mudanças na abundância ou no comportamento de
que constituem parte integrante dos EIAs, estão entre organismos da fauna ou flora, ou ainda em variáveis
os instrumentos mais importantes e mais utilizados no físico-químicas, podem indicar mudanças ambientais
Brasil para o planejamento e prevenção das alterações causadas por ações antrópicas. Barros (2001), Neves e
antrópicas sobre os ecossistemas. O estudo de impacto Bemvenuti (2006) e Blankensteyn (2006), por exemplo,
ambiental é previsto na Política Nacional de Meio sugerem a observação do comportamento e abundância
Ambiente (PNMA), determinada pela Lei federal nº 6.938 do caranguejo Maria Farinha (Ocypode quadrata)
de 31 de agosto de 1981. Segundo a PNMA, o EIA e seu como um instrumento para ajudar na determinação de
relatório (RIMA) são instrumentos válidos e obrigatórios mudanças ambientais em praias, que poderiam implicar
em processos de licenciamento de empreendimentos de em consequentes alterações das relações ecológicas
grande porte. A resolução do Conselho Nacional de Meio daquela comunidade.
Ambiente (CONAMA) nº 001/86, de 21 de janeiro de
Petrucio et al. (2005) sugerem o estudo de variáveis
1986, regulamentou esses estudos, definindo critérios
físicas, químicas e/ou microbiológicas como maneira de
básicos para a exigência do EIA no licenciamento de
identificar alterações em ambientes aquáticos originadas
projetos de atividades modificadoras do meio ambiente.
por ações antrópicas. Já Sanford et al. (2009) sugerem
Segundo esta resolução, o EIA deverá conter um
a observação de formigas para determinar alterações
diagnóstico sócio-ambiental das áreas de influência do
ambientais.
empreendimento, com ênfase na área de implantação
do projeto. Ressalta-se que o conteúdo do estudo deve O conhecimento das chamadas espécies-chave
ser sempre determinado por um Termo de Referência em uma comunidade também é considerado muito
avalizado pelo órgão ambiental competente que, em importante para a conservação. As espécies-chave
Santa Catarina, costuma ser a Fundação de Meio são aquelas cuja remoção (ou extinção) levará a
Ambiente – FATMA. grandes alterações na estrutura de uma comunidade
(LANA, 2003; TOWNSEND et al., 2006). Assim, a
A partir dos dados levantados no diagnóstico,
determinação dessas espécies e do impacto que tal
a equipe do estudo deverá proceder ao processo de
atividade terá sobre a abundância e distribuição dessas
avaliação dos impactos ambientais. Assim, o maior
espécies é um fator importante na determinação da
objetivo de um estudo de impactos ambientais é
magnitude do impacto.
identificar e avaliar os impactos negativos de um

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Uma vez conhecidos os bioindicadores, as espécies- Objetivos e hipóteses de trabalho


chave e os processos ecológicos do ecossistema com o
qual se trabalha, torna-se mais fácil inferir os impactos O objetivo desse trabalho é analisar a qualidade
ambientais causados por determinadas intervenções técnica de estudos de impacto ambiental no bioma Mata
humanas. Na medida em que se verifiquem mudanças Atlântica catarinense a fim de verificar a contribuição
ou até mesmo o desaparecimento de organismos ou desses instrumentos à conservação dos ecossistemas, em
grupos de organismos, ou na qualidade física, química especial à fauna. Diversos trabalhos indicam que estudos
ou geológica do ambiente, é possível que o uso do espaço de impacto ambiental são instrumentos deficientes
natural esteja alterando significativamente as condições de apoio à tomada de decisão (FAIRWEATHER,
ambientais da área, levando muitas vezes à degradação 1989; 1994; BRASIL, 2004). Assim, se propõe que
ambiental e perda da biodiversidade. esta indicação também seja válida no estado de Santa
Catarina. Dessa forma, as seguintes hipóteses de trabalho
Underwood e Chapman (1995), no entanto, fazem são propostas:
a ressalva de que se deve ter muito cuidado com as
informações obtidas através da observação de mudanças a) se encontrará um número maior de estudos de
ambientais ou de indicadores. Essas transformações impacto ambiental que não realizam um diagnóstico
muitas vezes podem ser parte da variabilidade natural do meio biótico suficientemente completo para
daquele ecossistema e não terem sido causadas por subsidiar a posterior avaliação de impactos, do que
atividades externas. Assim, esses autores recomendam aqueles que assim o fazem;
que, para se poder imputar à atividade antrópica as b) a avaliação de impactos ambientais, obrigatoriamente
mudanças significativas observadas nos bioindicadores presentes nos estudos de impacto ambiental, não
deveriam ser feitas amostragens Beyond BACI (before relaciona as interações ecológicas, eventualmente
and after control impacts), ou seja, ter dados da variável descritas no diagnóstico, com as intervenções humanas
dependente, replicados temporalmente e espacialmente, resultantes do empreendimento/atividade analisado.
de antes e de depois do suposto impacto em áreas controle
e em áreas supostamente impactadas. Com esses dados Material e Métodos
pode-se inferir com mais confiabilidade se uma alteração
observada foi causada pela ação humana. Sánchez (2006) De acordo com a Resolução 01/2006 do Conselho
corrobora a idéia, ressaltando a importância da validade Estadual de Meio Ambiente de Santa Catarina
estatística dos dados para comparação entre a situação (CONSEMA), existem diferentes estudos ambientais
da área antes de depois da alteração causada. válidos para um processo de licenciamento (ex: Estudo
de Impacto Ambiental – EIA; Estudo Ambiental
Apesar da literatura especializada já indicar
Simplificado – EAS e Relatório Ambiental Prévio
quais são os tipos de estudos e de informações
– RAP) e todos eles exigem avaliação de impactos
necessários para o planejamento adequado das atividades
ambientais, em diferentes níveis de aprofundamento, de
humanas modificadoras dos ambientes naturais,
acordo com a magnitude do uso ou atividade.
existem diversos indícios de que a situação atual da
qualidade ambiental do bioma Mata Atlântica em Santa Neste trabalho foram analisados aspectos do
Catarina continua sendo deteriorada. Dessa forma, diagnóstico biótico relativo à fauna, presentes nos
esse estudo propõe a hipótese geral de que os Estudos Estudos de Impacto Ambiental; assim como a avaliação
de Impactos Ambientais realizados em Santa Catarina de impacto ambiental descrita nesses estudos, também
carecem de um aprofundamento no âmbito da ciência referentes à fauna.
ecológica, suficiente para subsidiar adequadamente os Utilizou-se Estudos de Impacto Ambiental e seus
processos decisórios sobre o licenciamento ambiental Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) por se
de empreendimentos e atividades potencialmente tratarem dos estudos mais complexos exigidos em um
impactantes. processo de licenciamento. Assim, é nos EIA/RIMAs

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onde se esperaria encontrar diagnósticos bióticos mais Em cada um dos estudos procedeu-se a análise dos
completos, assim como avaliações de impactos mais seguintes itens:
criteriosas.
1) Indicadores de diagnóstico do meio biótico-fauna
Uma vez que, somente os Relatórios de Impacto  Metodologia utilizada para o diagnóstico;
Ambiental estão disponíveis à consulta pública na  Grupos taxonômicos analisados;
biblioteca da FATMA, como objeto de estudos, analisou-  Caracterização de relações ecológicas existentes
se os RIMAs com respeito à zona costeira e bioma Mata na área de estudo e seu entorno;
Atlântica catarinense e que se encontram disponíveis  Bioindicadores e espécies-chave apresentados;
para consulta pública na biblioteca da Fundação de  Identificação de espécies endêmicas, raras e
Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (FATMA). ameaçadas de extinção.
Analisaram-se estudos entre os anos de 2002 e 2009 para 2) Aspectos referentes à Avaliação de Impacto
retratar o atual estado da arte desse tipo de estudo. Estas Ambiental
datas foram escolhidas por serem as datas dos estudos
 Tipos de impactos à fauna descritos;
mais recentes disponíveis na biblioteca da FATMA.
 Medidas mitigadoras e compensatórias indicadas
Salienta-se que um RIMA é parte integrante de e relacionadas aos impactos sobre a fauna;
um EIA, constituindo uma síntese do EIA e devendo
A partir da análise dos estudos foram estruturados
ser apresentado à comunidade numa forma de fácil
quadros de descrição e comparação utilizando-se as
entendimento. Assim, a ausência de nomes científicos
variáveis analisadas, que permitiram testar as hipóteses
em um RIMA, por exemplo, não significa que o estudo
propostas e elaborar as discussões e conclusões desse
não considere essa nomenclatura. No entanto, apesar do
trabalho.
formato mais amigável de um RIMA, as informações
constantes devem ser igualmente válidas e suficientes,
além de apresentar os impactos e suas medidas
Resultados
mitigadoras de forma abrangente.
Pela quantidade de estudos disponíveis e existentes Indicadores de diagnóstico do meio
na biblioteca da FATMA, aliado ao tempo estabelecido biótico-fauna
para realizar o trabalho, optou-se por selecionar cinco
estudos considerados representativos, tomando-se o A análise dos dados obtidos demonstra que os
cuidado de eleger estudos realizados por empresas estudos apresentam dados quantitativos na forma de
diferentes, na tentativa de refletir estilos e métodos listagem de espécies. A presença de invertebrados
diversificados de diagnóstico e análise. Uma vez que nessas listagens somente aparece quando se trata
o nome da empresa e o nome do empreendimento são de indivíduos aquáticos, não havendo citação de
irrelevantes para análise aqui proposta, os mesmos foram invertebrados terrestres em nenhum dos estudos (Tabela
omitidos, sendo indicado o tipo de empreendimento 1). Dois estudos não apresentam a listagem de espécies
estudado e o município onde ele foi proposto. Os estudos no seu RIMA, mas as análises indicam que foi realizado
analisados foram os seguintes: um levantamento da fauna cuja listagem resultante
encontra-se provavelmente no EIA, não disponível ao
a) Loteamento residencial – Imbituba;
público.
b) Parque de Inovação Tecnológica – Florianópolis;
c) Estaleiro – Navegantes; As listagens de espécies apresentadas nos estudos
d) Central de Tratamento e Disposição de Resíduos possuem pouca ou nenhuma relação das mesmas
Sólidos – Içara; com o meio físico. Já as descrições de relações
e) Complexo Turístico-Residencial – Governador intra-específicas não foram identificadas nos estudos
Celso Ramos. analisados (Tabela 2).

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Espécies bioindicadoras não são citadas, ainda deles não avalia a eventual existência de espécies raras,
que um dos estudos estabeleça uma relação entre uma endêmicas ou ameaçadas de extinção (Tabela 2).
determinada espécie e a qualidade do ambiente aquático.
Da mesma maneira, não são citadas por nenhum dos Aspectos referentes à Avaliação de
estudos as espécies-chave, a estrutura da comunidade
Impacto Ambiental
estudada e o papel dessas espécies nessa estrutura
(Tabela 2). A avaliação de impactos (AIA) apresentada pelos
Com relação à identificação das espécies raras, estudos demonstrou ser bastante superficial no que se
endêmicas ou ameaçadas de extinção, somente dois refere aos impactos à fauna. Dois estudos não citam os
estudos dedicam um item específico para esse parâmetro. impactos diretamente à fauna, ainda que considerem
Os outros estudos fazem apenas menção às espécies certas atividades inerentes do empreendimento como
consideradas críticas no corpo do texto, sendo que um levemente impactantes (Tabela 3). De maneira geral, os
impactos mais recorrentemente apontados foram: perda
ou alteração de habitat e afugentamento da fauna.

TABELA 1: Grupos taxonômicos apresentados pelos estudos.


Grupos
Estudo 1 Estudo 2 Estudo 3 Estudo 4 Estudo 5
Taxonômicos
Descreve apenas Descreve apenas
Campo e revisão
Metodologia para a fauna para
bibliográfica
aquática a fauna aquática
Invertebrados
Sem citações Sem citações Sem citações
Terrestres
Invertebrados
Listagem de
Aquáticos (quando Listagem de
Sem citações espécies
houver corpo espécies
(banhado na área) (ambiente
hídrico na área do (estuário) Não cita
marinho)
empreendimento) metodologia e
Citação de duas Não descreve também não cita
Peixes (quando espécies, sendo metodologia e quais espécies
houver corpo uma como também não cita Listagem de foram encontradas
Sem citações
hídrico na área do primeiro registro quais espécies espécies na área de
empreendimento) para a região foram encontradas estudo nem suas
(banhado na área) na área de estudo abundâncias, mas
Listagem de e nem suas Listagem de afirma que os Listagem de
Anfíbios
espécies abundâncias espécies grupos de avifauna espécies
e mastofauna Listagem de
Listagem de Listagem de foram estudados espécies com
Répteis
espécies espécies ênfase em
quelônios
Listagem de Listagem de Listagem de
Aves
espécies espécies espécies
Listagem de
Listagem de Listagem de espécies com
Mamíferos
espécies espécies ênfase em
cetáceos
Fonte: Elaboração própria com base nos estudos avaliados.

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TABELA 2: Parâmetros ecológicos analisados pelos estudos.


Parâmetros
Ecológicos Estudo 1 Estudo 2 Estudo 3 Estudo 4 Estudo 5
Analisados
Apresenta dados de Relaciona
Identificação
densidade, diversidade presença das Não são Observações
das relações Não são identificas
e faz relações com a espécies com o identificas sazonais para
ecológicas e/ interações
estrutura da comunidade. meio e área de interações alguns grupos
ou relação ecológicas.
Relaciona presença das criadouro para ecológicas. taxonômicos.
espécies-meio
espécies com o meio. peixes.
Indica algumas
Bioindicadores Não identifica
Não identifica Não identifica espécies aquáticas Não identifica
e espécies- bioindicadores
bioindicadores ou bioindicadores ou como dependentes bioindicadores ou
chave ou espécies-
espécies-chave espécies-chave da qualidade do espécies-chave
apresentados chave
meio
Cita que não
Cita que a área se Sem destaque no texto, existem essas
Identificação
encontra dentro mas identifica a área espécies na área de
de espécies Sem destaque,
dos limites como de provável estudo. No entanto,
endêmicas, citando espécies
de ocorrência ocorrência de Caiman Não identifica cita a provável
raras e vulneráveis no
de Liolaemus latilostris (jacaré de presença de
ameaçadas de corpo do texto.
occipitalis – papo amarelo) e Lontra Caiman latilostris
extinção.
espécie vulnerável longicaudis (lontra). 1 (jacaré do papo
amarelo)1.
Fonte: Elaboração própria com base nos estudos avaliados.

TABELA 3: Avaliação de Impactos apresentada pelos estudos.


Avaliação
de Impactos Estudo 1 Estudo 2 Estudo 3 Estudo 4 Estudo 5
Ambientais
Não identifica
Não identifica Perda de habitat explicitamente
Afugentamento
explicitamente os Afugentamento os impactos para
de fauna terrestre
impactos para a de fauna a fauna.
e avifauna
fauna. Alteração de No entanto
Perda de habitat Alteração de
Considera que certas qualidade considera que
Contaminação de habitats para
ações tem impacto ambiental as certas ações
Impactos habitat organismos
leve para a fauna Redução da tem impacto
à fauna Obstáculos para o aquáticos
local. O texto cita abundância dos insignificantes
descritos fluxo da fauna Captura de
ainda, para Caiman organismos para a fauna
Afugentamento de ictiofauna
latilostris: perda aquáticos local. Demais
fauna Danos
de habitat, e para Supressão da atividades
fisiológicos
Lontra longicaudis: fauna bentônica não foram
à fauna por
perturbação do Contaminação do consideradas
derrame de óleo.
habitat. meio aquático como
impactantes.

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Recuperação e
preservação de áreas Recuperação
verdes Zoneamento das e preservação
Comunicação
Salvamento e lagoas de áreas verdes
e educação
monitoramento da Educação ambiental como corredores Não cita
ambiental
fauna sobre o Caiman ecológicos medidas de
Monitoramento
Gestão de resíduos latilostris: Monitoramento mitigação de
da biota terrestre
Medidas sólidos e tratamento Criação de habitat da fauna aquática impactos para a
e aquática
mitigadoras de efluentes aquático Monitoramento fauna. Menciona
Resgate da fauna
e compen- Uso de materiais Instalação de dos ruídos apenas
Monitoramento
satórias que permitam aos redutores de Treinamento recuperação de
da drenagem
apontadas animais identificarem velocidade nas vias e educação áreas degradadas
Controle dos
obstáculos de acesso ambiental para como forma de
ruídos
Sinalização das vias Colonização dos funcionários manutenção de
Gestão dos
de tráfego lagos com espécies Sistema de habitat
resíduos sólidos
Iluminação indireta nativas e/ou tratamento
e efluentes.
Treinamento e exóticas das águas da
educação ambiental drenagem
para funcionários
Fonte: Elaboração Própria com base nos estudos avaliados.

Dentre as medidas mitigadoras e/ou compensatórias Fairweather (1989; 1994) também fez uma análise
as mais citadas são: recuperação e preservação de áreas de estudos de impacto ambiental e, conforme esse autor
verdes; educação ambiental e treinamento para os acrescenta-se à listagem da publicação supracitada as
funcionários dos empreendimentos; resgate de fauna; seguintes deficiências:
monitoramento de fauna e gestão de resíduos sólidos e
a) amostragem temporal insuficiente, especialmente
efluentes (Tabela 3).
se tratando de fauna, deixando de levar em
consideração fenômenos reprodutivos, migratórios
Discussão e comportamentais afetados pelas diferentes épocas
do ano;
A partir dos dados coletados pode-se inferir que os b) falta de clareza sobre os critérios utilizados para
Estudos de Impacto Ambiental apresentam deficiências determinar conservação (raridade ou grau de
no diagnóstico faunístico e na avaliação de impactos ameaça de uma espécie, potencial de uma área para
ambientais. Essa observação é corroborada por outras reabilitação);
publicações que analisaram estudos semelhantes, tais c) falta de estudo dos processos ecológicos ocorrentes
como Brasil (2004) e Fairweather (1989; 1994). no ambiente estudado;
Segundo publicação do Ministério Público Federal d) falta de monitoramento posterior para averiguação se
que objetivou avaliar as carências em estudos de impacto os prognósticos descritos no estudo estavam corretos
ambiental (BRASIL, 2004), os principais problemas no e se as medidas mitigadoras foram eficazes.
tocante ao diagnóstico faunístico nesses estudos são: O presente trabalho corrobora as afi rmações
acima tendo sido identificadas falhas semelhantes nos
a) ausência de dados sobre organismos de determinados estudos analisados: (i) ausência da informação sobre
grupos ou categorias, como por exemplo, os inver- invertebrados terrestres, somente fazendo referência a
tebrados; invertebrados aquáticos; (ii) ausência da identificação
b) ausência de diagnóstico de áreas de reprodução de áreas de reprodução e alimentação, sendo que
(criadouros) e alimentação de animais, podendo somente um estudo apontou áreas utilizadas por peixes
comprometer a viabilidade das populações biológicas como criadouros e áreas essenciais à sobrevivência de
atingidas e a avaliação sobre a fauna.

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invertebrados aquáticos; (iii) ausência da identificação abundância ou distribuição que pudesse ser relacionada
ou identificação superficial de fenômenos de migração com o meio ou com o empreendimento proposto.
e aspectos comportamentais, sem análise sazonal;
Sutherland (1995) chama a atenção para o fato
(iv) ausência ou caracterização superficial dos
de que muitas espécies, em especial os invertebrados,
processos e interações ecológicas presentes na área de
têm diferentes necessidades nas diferentes fases de
estudo; (v) ausência da identificação da estrutura das
vida. Essas constatações levam a conclusão de que, ao
comunidades presentes e espécies-chave importantes
estudar uma comunidade de uma determinada área, uma
para a conservação dessa estrutura; e (vi) ausência
simples lista de espécies encontradas, ainda que inclua
da identificação de bioindicadores a serem utilizados
invertebrados, não transmitiria a complexidade ecológica
como ferramentas nos processos de monitoramento.
existente naquele local, assim como não forneceria
O último item citado se torna particularmente subsídios para a definição de medidas de conservação
alarmante quando cruzado com as medidas mitigadoras dessas espécies.
apresentadas pelos estudos, indicando a necessidade de
O mesmo autor apresenta o exemplo de um
monitoramento da fauna. No entanto, nos diagnósticos
invertebrado polinizador, demonstrando que se suas
dos três estudos que indicam o monitoramento como
necessidades ecológicas (para abrigo, reprodução,
medida mitigadora não há parâmetros para que esse
alimentação) não forem supridas, ele deixará de realizar
monitoramento seja realizado de maneira adequada.
o serviço de transporte de pólen, colocando em risco
Assim, tanto o diagnóstico anterior à implantação do
a viabilidade de uma segunda espécie (a planta, por
empreendimento, quanto o monitoramento após o
exemplo), que por sua vez poderá afetar a existência
empreendimento instalado são falhos, não podendo
de outras espécies. Assim, a ecologia de uma espécie
ser aplicada a metodologia BACI de identificação
depende da inter-relação de uma série de outras espécies.
de reais impactos ao meio advindos das atividades
É importante que os estudos de impacto ambiental
agora a ele imputadas. Além disso, essa metodologia
apresentem, além da lista de espécies existentes (número
também não poderia ser aplicada uma vez que não foi
de espécies), a estrutura florística da área e seu entorno
prevista a coleta de dados em áreas controle, o que
e a abundância relativa das espécies (SUTHERLAND,
daria um indicativo da variabilidade natural daquele
1995). Esses dados permitiriam estabelecer as relações
parâmetro, contra a qual a variabilidade identificada
ecológicas mais relevantes e que devem ser preservadas.
antes e depois da instalação do empreendimento seria
Ressalta-se ainda que a comunidade existente em uma
comparada.
área é fortemente influenciada por fatores físicos e essa
Pela análise dos dados percebe-se que os estudos relação também deve ser levada em consideração a fim
avaliados apresentam listagem de espécies, mas não de indicar medidas de conservação.
suas relações, distribuição, abundância e as espécies-
Ao não levar em consideração espécies de nível
chave. Estudos das espécies de maneira isolada não
trófico inferiores, ou de grupos como invertebrados, um
levam ao conhecimento dos processos ecológicos da
estudo pode falhar na identificação de espécies-chave
comunidade estudada, pois estudos quantitativos devem
que têm uma grande capacidade de afetar a diversidade
ser acompanhados de estudos qualitativos. Deve-se
e abundância das demais dentro de uma comunidade e
considerar também que nem sempre as espécies mais
ecossistema (LANA, 2003). Considerando-se que os
abundantes são as mais importantes na estrutura de uma
invertebrados correspondem a cerca de 95% de todo o
comunidade (LANA, 2003).
Reino Animal (BARNES, 1984), a não inclusão desse
Mesmo o grupo “aves”, sabidamente representativo grupo nos diagnósticos é uma omissão importante.
do estado de conservação dos habitats e que possui Essa deficiência provavelmente é refletida também em
espécies de fácil identificação (SÁNCHEZ, 2006), outros grupos de seres vivos normalmente não tratados
somente foi apresentado nos EIAs avaliados de maneira por estudos de impacto ambiental como os do Reino
descritiva (isto é, numa lista de espécies) sem análises de Monera (bactérias e algas azuis), Protista (protozoários),

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180 M. Scherer

Fungi (fungos) (seguindo o sistema de cinco reinos – 001/86 que guia os estudos de impacto ambiental cita,
CAMPBELL, 1996). Assim, os EIAs desconsideram mas não salienta, a importância de uma abordagem mais
essas formas de vida como possíveis receptoras dos abrangente e que leve em consideração as características
impactos gerados pelos empreendimentos analisados, ecológicas da área. Vale lembrar que a mencionada
desconsiderando também sua influência na estrutura da resolução é o principal documento que estabelece as
comunidade. diretrizes dos estudos de impacto ambiental.
Os estudos setoriais completos – meio físico, meio No entanto, outras razões para as deficiências
biótico, meio sócio-econômico - também devem ser detectadas advêm de fatores como: recursos limitados
integrados entre si, para que seja possível a descrição para desenvolver o estudo - tempo, equipe e recursos
das interações ecológicas. Por exemplo, segundo financeiros; falha nos termos de referência que guiarão
Lana (2003), a correlação da poluição e valores de os estudos e sua análise; técnicos com pouco preparo,
biodiversidade pode ser uma importante ferramenta tanto do órgão ambiental que analisará o estudo,
biológica para avaliar o grau de pertubação de um quanto da equipe contratada para o estudo; pressão do
ambiente. empreendedor sobre a equipe contratada para que o
estudo seja feito sem muita profundidade, em tempo
Com relação à riqueza e abundância das espécies,
exíguo e a um custo baixo; entre outros fatores.
existem índices de diversidade descritos e utilizados
na literatura (ex: Índice de Simpson e Índice de Independentemente das causas, os resultados
Shannon-Wiener), que poderiam ser utilizados em encontrados indicam que os EIA/RIMAs não são
estudos de impacto ambiental. Ainda que esses índices satisfatórios e infere-se que os estudos avaliados
isoladamente não levem a um entendimento completo não fazem as análises necessárias para um adequado
da diversidade de uma comunidade (LANA, 2003), entendimento do ambiente estudado. Assim, os dados
eles podem ser úteis, mas raramente são utilizados obtidos nesse estudo corroboram as hipóteses propostas
como ferramentas de descrição e análise da estrutura de que as informações produzidas nos estudos de impacto
das comunidades. Por exemplo, em um recente Termo ambiental, a fim de balizar processos de licenciamento,
de Referência elaborado para loteamento na localidade não são suficientes para subsidiar decisões que permitam
de Jurerê, em Florianópolis, SC, as seguintes análises mais eficiência no objetivo de conservação dos ambientes
foram solicitadas: “[...] à descrição das interações naturais e suas comunidades.
ecológicas existentes deverão ser acrescidos índices que
De acordo com a análise aqui realizada, conclui-se
permitam a avaliação das condições ambientais atuais
que a os estudos de impacto ambiental tipicamente não
e das modificações sofridas pelo ambiente ao longo do
realizam um diagnóstico do meio biótico suficientemente
tempo, permitindo assim o entendimento da dinâmica
detalhado para subsidiar a posterior avaliação de
dos ecossistemas locais”.
impactos e que a avaliação de impactos ambientais não
Algumas carências dos estudos ambientais relaciona as interações ecológicas com as intervenções
são decorrentes da falta de exigências por parte da humanas resultantes do empreendimento/atividade
legislação e dos órgãos públicos de meio ambiente. proposto.
Ainda que existam documentos que expressamente
Dessa forma, recomenda-se que na equipe
definam parâmetros para caracterização dos ambientes
encarregada da elaboração dos termos de referência sejam
(SUREHMA; GTZ, 1992),1 a Resolução CONAMA
incluídos profissionais com reconhecida capacitação na
ciência ecológica, de maneira a tornar esses documentos
1
Manual de Avaliação de Impactos Ambientais que na mais abrangentes e que levem a estudos eficazes.
definição dos parâmetros para ecossistemas terrestres inclui
identificação de espécies vegetais para a determinação da
qualidade do ar, umidade e perturbação do solo; descrição áreas territoriais para a fauna; áreas para reprodução e
das inter-relações fauna-fauna e fauna-flora; mapeamento desenvolvimento das crias, assim como fonte de materiais
das fontes de alimentação e dessedentação, abrigo e para ninhos; entre outros.

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Estudos de impacto ambiental e a conservação dos ecossistemas 181

Adicionalmente, recomenda-se também que órgãos loss. Conservation Biology, San Francisco, v. 23, n. 1, p. 64-71,
2009.
públicos envolvidos com a análise dos estudos e com
KAY, R.; ALDER, J. Coastal Planning and Management. New
o licenciamento de empreendimentos se tornem mais York: E & FN SPON – Routledge, 1999. 375 p.
exigentes em matéria ecológica. Uma vez que os KREBS, C. J. Ecology: the experimental analysis of distribution
estudos ambientais são peças essenciais nos processos and abundance. 3. ed. New York: Hasper International Edition,
decisórios, o tratamento dos aspectos ecológicos a partir 1985. 800 p.
de uma ótica científica e atualizada poderá contribuir de LANA, P. da C. O Valor da biodiversidade e o impasse taxonômico:
diversidade marinha como estudo de caso. Desenvolvimento e
maneira importante para a preservação dos ambientes e Meio Ambiente, Curitiba, v. 8, p. 97-104, 2003.
dos recursos naturais. MOTA, S. Urbanização e Meio Ambiente. 3. ed. Rio de Janeiro:
ABES, 2003. 356 p.
NEVES, F. M.; BEMVENUTI, C. E. The ghost crab Ocypode
Agradecimentos quadrata (Fabricius, 1787) as a potential indicator of anthropic
impact along the Rio Grande do Sul coast, Brazil. Biological
Conservation, Boston, v. 133, p. 431-435, 2006.
Agradeço à Biblioteca da Fundação de Meio
ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan
Ambiente de SC (FATMA) pela disponibilização dos S.A., 1988. 434 p.
estudos, aos colegas da Universidade de Santa Catarina PETRUCIO, M. M.; MEDEIROS, A. O.; ROSA, C. A.; BARBOSA,
e Universidade Federal do Paraná, pela leitura, críticas e F. A. R. Trophic state and microorganisms community of major sub-
contribuições, e a todos os colegas que dividiram comigo basins of the Middle Rio Doce Basin, Southeast Brazil. Brazilian
Archives of Biology and Technology, Curitiba, v. 48, n. 4, p. 625-
suas experiências em estudos de impacto ambiental. 633, 2005.
PULLIN, A. S. Conservation Biology. Cambridge: Cambridge
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