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Roteiro de Estudo - Geografia

Vittor Péres N°40 3°B

Aldeia Global

O termo Aldeia Global foi usado pela primeira vez pelo literato e filósofo canadense Marshal
McLuhan, ainda nos anos 1960. Não se sabe ao certo em que ele se baseou para criar esse
conceito. Alguns dizem que a origem foi a expressão “urban and orbal” encontrada na obra de
James Joyce, autor por quem o filósofo tinha predileção. Outros dizem que se baseou no
conceito de noosfera. Há, ainda, aqueles que defendem que Marshal se inspirou em um
pensamento do escritor Wyndham Lewis, que mencionava o planeta Terra como uma grande
aldeia.

Independentemente da origem, fato é que, indiscutivelmente, com uma formação basicamente


literária e com recursos parcos (se comparados aos que existem hoje), somente um visionário
poderia pensar na existência de uma grande “teia” gerida por uma “alma suprapessoal”, sem
destinos ou lugares rígidos. No mínimo, o autor previu a internet. Mas como conseguiu?

McLuhan acreditava que os homens, devido ao surgimento da imprensa, estavam isolados,


isso porque cada um era capaz de analisar, pensar e viver solitariamente. No entanto, afirmava
que devido ao que classificou como “civilização da eletricidade”, tudo mudaria e voltaríamos ao
passado na medida em que os homens viveriam novamente em grupo – a diferença é que isso
seria facilitado por uma estrutura virtual. Na época, novas formas de contato midiático surgiam
(telefone, televisão) e, além disso, por ser professor universitário, ele sentia a diferença entre
as gerações. Foi nessas circunstâncias que imaginou uma nova forma de mídia. Para ele, a
chegada de uma estrutura tecnológica possibilitaria o fim de um mundo linear.

Amado por uns, que o consideram pensador genial, odiado por outros, que entendem que suas
análises eram superficiais, insisto: McLuhan era um visionário. Ao se referir à Aldeia Global, o
filósofo cita um espaço de convergência, em que haveria “redes virtuais”, as noções de sentido
se perderiam e as ideias estariam em direções caóticas. Para ele, haveria um mundo unificado,
uma malha global, algo como uma grande teia democrática que abrigaria todos.

É fantástico pensar que hoje não há mais locais fixos. Com o advento da internet, uma pessoa,
sem sair de casa, é capaz de conhecer o mundo, visitar países, cidades, bibliotecas...

As populações se conectam, ou, ao menos, têm noção umas das outras. Ocidentais e orientais
partilham descobertas e nem mesmo a China, com todas as restrições ao uso da internet,
consegue se manter isolada. A Primavera Árabe não é fruto do mero acaso; as manifestações
no Brasil também não. Tudo possível porque as redes sociais promovem encontros e dissipam
culturas e diversidades. Vivemos numa Aldeia Global.
Logo, poderíamos pensar que as teorias apresentadas na década de 1960 são perfeitas. Será?
A questão é que se Marshal foi um “Nostradamus real”, haverá erros e acertos em suas teorias.
Nesse sentido, o grande pensamento que se apresenta não é a previsão feita em relação à
Aldeia Global, mas ao fato de isso remeter à alma suprapessoal.

Mesmo em aldeias, há manipuladores, poderosos, aqueles que definem como a sociedade


funcionará. Inúmeras pessoas usam as redes sociais visando à manipulação. Inúmeras? Quero
dizer, as pessoas usam as redes com fins, no mínimo, de autopromoção e disseminam apenas
os conhecimentos que desejam. Essa é a realidade. Isso ocorre porque na rede se é quem se
deseja ser, podemos criar personagens, esconder, enganar, tudo é possível. Pais se
preocupam, jovens e imaturos se arriscam.

Como explicou McLuhan, os meios são extensões dos sentidos dos humanos. Assim, o
telefone amplia a fala; as rodas de um carro ou as asas de um avião permitem que a pessoa
viaje; o computador e a televisão não são simplesmente máquinas, mas conceituam a
realidade de uma forma ou de outra. Será, então, a internet uma extensão de nossos
pensamentos e desejos? Uma extensão do que somos e daquilo que acreditamos que somos?
Será ela gerida por algo superior a todos nós? Ou somos os gestores de tudo isso?
A Aldeia Global é uma realidade. Usá-la para o bem ou para o mal será uma escolha humana.

O QUE É GLOBALIZAÇÃO?

A globalização é um termo que foi elaborado na década de 1980 para descrever o processo de
intensificação da integração econômica e política internacional, marcado pelo avanço nos
sistemas de transporte e de comunicação. Por se caracterizar como um fenômeno de caráter
mundial, muitos autores preferem utilizar o termo mundialização.

É preciso lembrar, porém, que, apesar de ser um conceito recentemente elaborado, a sua
ocorrência é antiga. A maioria dos cientistas sociais marca o seu início no final do século XV e
início do século XVI, quando os europeus iniciaram o processo de expansão colonial marítima.
Com isso, é possível perceber que a globalização não é um fato repentino e consolidado, mas
um processo de integração gradativa que está constantemente se expandindo.
Críticas à globalização
O processo de globalização, em seus moldes atuais, vem sendo duramente criticado por
alguns intelectuais e grupos sociais organizados. A principal afirmação é de que esse processo
ocorre de uma forma que beneficia apenas as elites econômicas e os países dominantes, em
detrimento das populações pobres e regiões de todo mundo.

O ponto central das críticas é que os avanços tecnológicos e das comunicações sempre
alcançam primeiramente aqueles que possuem um poder aquisitivo superior. Outro fator é que,
com as expansões das inúmeras multinacionais em todo o mundo, amplia-se a concentração
de renda, de modo que o número de pessoas contempladas pelos benefícios da mundialização
diminui constantemente. Um exemplo a ser citado é o fato de as três pessoas mais ricas do
mundo somarem mais riquezas do que os 48 países mais pobres do mundo juntos.

Além disso, segundo os críticos da globalização, o processo de integração mundial foi


construído tendo como base o modelo europeu de cultura e civilização. Assim, toda forma de
conhecimento e comportamento teria sido estabelecida com base nos padrões eurocêntricos
de moralidade, suprimindo povos e culturas tradicionais de outros países, considerados
“inferiores” pela ideologia dominante.

O geógrafo Milton Santos, em sua renomada obra Por uma outra Globalização, divide esse
fenômeno em três abordagens: a) a globalização como fábula, ou seja, da forma como nos é
contada; b) a globalização como perversidade, da forma como ela realmente é; c) a
globalização como possibilidade, quando propõe a ideia de uma outra globalização, mais justa
e igualitária.

Atualmente, os principais movimentos organizados para lutar contra a globalização ou contra


as suas consequências são o Fórum Social Mundial e o Ocuppy Wall Street.

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