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Aldeia Global
O termo Aldeia Global foi usado pela primeira vez pelo literato e filósofo canadense Marshal
McLuhan, ainda nos anos 1960. Não se sabe ao certo em que ele se baseou para criar esse
conceito. Alguns dizem que a origem foi a expressão “urban and orbal” encontrada na obra de
James Joyce, autor por quem o filósofo tinha predileção. Outros dizem que se baseou no
conceito de noosfera. Há, ainda, aqueles que defendem que Marshal se inspirou em um
pensamento do escritor Wyndham Lewis, que mencionava o planeta Terra como uma grande
aldeia.
Amado por uns, que o consideram pensador genial, odiado por outros, que entendem que suas
análises eram superficiais, insisto: McLuhan era um visionário. Ao se referir à Aldeia Global, o
filósofo cita um espaço de convergência, em que haveria “redes virtuais”, as noções de sentido
se perderiam e as ideias estariam em direções caóticas. Para ele, haveria um mundo unificado,
uma malha global, algo como uma grande teia democrática que abrigaria todos.
É fantástico pensar que hoje não há mais locais fixos. Com o advento da internet, uma pessoa,
sem sair de casa, é capaz de conhecer o mundo, visitar países, cidades, bibliotecas...
As populações se conectam, ou, ao menos, têm noção umas das outras. Ocidentais e orientais
partilham descobertas e nem mesmo a China, com todas as restrições ao uso da internet,
consegue se manter isolada. A Primavera Árabe não é fruto do mero acaso; as manifestações
no Brasil também não. Tudo possível porque as redes sociais promovem encontros e dissipam
culturas e diversidades. Vivemos numa Aldeia Global.
Logo, poderíamos pensar que as teorias apresentadas na década de 1960 são perfeitas. Será?
A questão é que se Marshal foi um “Nostradamus real”, haverá erros e acertos em suas teorias.
Nesse sentido, o grande pensamento que se apresenta não é a previsão feita em relação à
Aldeia Global, mas ao fato de isso remeter à alma suprapessoal.
Como explicou McLuhan, os meios são extensões dos sentidos dos humanos. Assim, o
telefone amplia a fala; as rodas de um carro ou as asas de um avião permitem que a pessoa
viaje; o computador e a televisão não são simplesmente máquinas, mas conceituam a
realidade de uma forma ou de outra. Será, então, a internet uma extensão de nossos
pensamentos e desejos? Uma extensão do que somos e daquilo que acreditamos que somos?
Será ela gerida por algo superior a todos nós? Ou somos os gestores de tudo isso?
A Aldeia Global é uma realidade. Usá-la para o bem ou para o mal será uma escolha humana.
O QUE É GLOBALIZAÇÃO?
A globalização é um termo que foi elaborado na década de 1980 para descrever o processo de
intensificação da integração econômica e política internacional, marcado pelo avanço nos
sistemas de transporte e de comunicação. Por se caracterizar como um fenômeno de caráter
mundial, muitos autores preferem utilizar o termo mundialização.
É preciso lembrar, porém, que, apesar de ser um conceito recentemente elaborado, a sua
ocorrência é antiga. A maioria dos cientistas sociais marca o seu início no final do século XV e
início do século XVI, quando os europeus iniciaram o processo de expansão colonial marítima.
Com isso, é possível perceber que a globalização não é um fato repentino e consolidado, mas
um processo de integração gradativa que está constantemente se expandindo.
Críticas à globalização
O processo de globalização, em seus moldes atuais, vem sendo duramente criticado por
alguns intelectuais e grupos sociais organizados. A principal afirmação é de que esse processo
ocorre de uma forma que beneficia apenas as elites econômicas e os países dominantes, em
detrimento das populações pobres e regiões de todo mundo.
O ponto central das críticas é que os avanços tecnológicos e das comunicações sempre
alcançam primeiramente aqueles que possuem um poder aquisitivo superior. Outro fator é que,
com as expansões das inúmeras multinacionais em todo o mundo, amplia-se a concentração
de renda, de modo que o número de pessoas contempladas pelos benefícios da mundialização
diminui constantemente. Um exemplo a ser citado é o fato de as três pessoas mais ricas do
mundo somarem mais riquezas do que os 48 países mais pobres do mundo juntos.
O geógrafo Milton Santos, em sua renomada obra Por uma outra Globalização, divide esse
fenômeno em três abordagens: a) a globalização como fábula, ou seja, da forma como nos é
contada; b) a globalização como perversidade, da forma como ela realmente é; c) a
globalização como possibilidade, quando propõe a ideia de uma outra globalização, mais justa
e igualitária.