Você está na página 1de 5

Análise Matemática - I (C)

Resolução do 1o Teste
1. (a) O conjunto A é constituído pelos pontos que vericam a inequação log(x2 ) < 0.
log(x2 ) < 0 ⇔ x2 < 1 ∧ x = 0 ⇐⇒ −1 < x < 1 ∧ x = 0

Assim, A =] − 1, 0[∪]0, 1[.

B é o conjunto dos pontos racionais que vericam a inequação |x − 3| > |x − 5|.

|x − 3| > |x − 5| ⇐⇒ (x − 3)2 ≥ (x − 5)2 ⇐⇒ x2 − 6x + 9 ≥ x2 − 10x + 25 ⇐⇒


⇐⇒ 10x − 6x ≥ 25 − 9 ⇐⇒⇐⇒ 4x ≥ 16 ⇐⇒ x ≥ 4

Então, B = [4, +∞[∩Q.

(b) Sendo A =] − 1, 0[∪]0, 1[, int(A) =] − 1, 0[∪]0, 1[,

e B = [4, +∞[∩Q, f r(B) = [4, +∞[ temos

A ∪ B =] − 1, 0[∪]0, 1[∪([4, +∞[∩Q), donde

(A ∪ B) = [−1, 1] ∪ [4, +∞[.

(c) A = int(A) =] − 1, 0[∪]0, 1[, logo A é aberto.

A ∪ B = [−1, 1] ∪ [4, +∞[= A ∪ B , logo A ∪ B não é um conjunto fechado.

(d) A ∪ B =] − 1, 0[∪]0, 1[∪([4, +∞[∩Q)

A ∪ B não admite majorantes, pois y ∈ R, ∀x ∈ A ∪ B, y ≥ x. Consequente-


mente, A ∪ B não admite nem máximo nem supremo.

O conjunto dos minorantes de A ∪ B é ] − ∞, −1]. Como nenhum minorante de


A ∪ B pertence a A ∪ B então este conjunto não admite mínimo. O ínmo de
A∪B é −1, uma vez que este é o elemento máximo do conjunto dos minorantes
de A ∪ B .

2. (a) Pretende-se provar pelo princípio da indução matemática que p(n) : 0 ≤ xn ≤


3 é verdadeira ∀n ∈ N.

1
(i) :
Para n = 1 vem: p(1) : 0 ≤ x1 ≤ 3. Como x1 = 2 e 0 ≤ 2 ≤ 3 tem-se que p(1)
é uma proposição verdadeira.
(ii) :
De seguida, é necessário demonstrar que p(k) =⇒ p(k + 1), com k um natural
qualquer.
A hipótese de indução é:
H : 0 ≤ xk ≤ 3

Pretende-se provar que:


T : 0 ≤ xk+1 ≤ 3

Dem :
Por hipótese de indução, sabe-se que 0 ≤ xk ≤ 3. √ √
0√≤ xk ≤ 3 ⇐⇒ 0 ≤ 2xk ≤ 6 ⇐⇒ 3 ≤ 2xk + 3 ≤ 9 ⇐⇒ 3≤ 2xk + 3 ≤
√9 ⇐⇒ √
3 ≤ xk+1 ≤ 3 =⇒ 0 ≤ xk+1 ≤ 3, uma vez que 0 ≤ 3.

Por (i) e (ii) prova-se, pelo princípio da indução matemática, que 0 ≤ xn ≤


3, ∀n ∈ N.

(b) Para se estudar a monotonia da sucessão xn é necessário avaliar a diferença


entre dois termos consecutivos quaisquer.
√ √ √
( 2xn +3−xn )( 2xn +3+xn ) 2x +3−x2n
xn+1 − xn = 2xn + 3 − xn = √
2xn +3+xn
= √ n
2xn +3+xn


Uma vez que 2xn + 3 + xn > 0, pois pela alínea anterior ∀n ∈ N, xn ≥ 0,
para se conhecer o sinal de xn+1 − xn basta estudar o sinal de 2xn + 3 − x2n que
é um polinómio de 2o grau em xn . √

−2± 4−4(−1)3 −2± 4+12 −2±4
2xn + 3 − x2n = 0 ⇐⇒ xn = −2
= −2
= −2
⇐⇒ xn =
−1 ∨ xn = 3
2xn + 3 − x2n = −(xn + 1)(xn − 3).

Na alínea (a) provou-se que 0 ≤ xn ≤ 3, ∀n ∈ N, donde 2xn + 3 − x2n =


−(xn + 1)(xn − 3) ≥ 0, ∀n ∈ N. O que signica que xn é monótona crescente.

(c) Pela alínea (a) mostrou-se que xn é uma sucessão limitada e pela alínea (b)
provou-se que xn é uma sucessão monótona, pelo que se pode concluir que xn
é uma sucessão convergente.
2
Logo ∃b ∈ R : lim xn = b. Por outro lado, dado que xn é uma sucessão
convergente, o limite de qualquer sua subsucessão será b. Assim, lim xn+1 = b.

Mas pela expressão de recorrência, lim xn+1 = b ⇐⇒ lim 2xn + 3 = b ⇐⇒
lim(2xn + 3) = b2 , uma vez que 2xn + 3 > 0.

lim 2xn + 3 = b2 ⇐⇒ 2b + 3 = b2 ⇐⇒ b2 − 2b − 3 = 0 ⇐⇒ b = 2± 24+12 ⇐⇒
b = 3 ∨ b = −1.
Como 0 ≤ xn ≤ 3, ∀n ∈ N, sabemos que lim xn ≥ 0, pelo que podemos concluir
que lim xn = b = 3.

3. (a) lim an = lim log(nn ) − log((n + 1)n ) = lim log( (n+1)


n n n n
n ) = lim log(( n+1 ) ) =
 n 
1
lim log 1
1+ n
= log(e−1 ) = −1

√ 
(b) lim bn = lim n
3n + 2n = lim n
3n (1 + ( 23 )n ) = lim 3(1 + ( 23 )n )1/n = 3 × 10 = 3.

Alternativamente, como 3n + 2n > 0, ∀n ∈ N, pode-se calcular:


3n+1 n+1
3n+1 +2n+1 + 2n+1 1+( 32 )n+1 1+0 1
lim 3n +2n
= lim 3n+1
3n
3
2n
+ n+1
= lim 1
+( 23 )n × 13
= 1
+0× 13
= 1 =3
3n+1 3 3 3
3

3n + 2n = 3.
n+1 +2n+1
lim 3 3n +2n
= 3 =⇒ lim n

n √
3n
(c) lim cn = lim k=1

3
n4 +5k

Considere-se as seguintes sucessões:



3
xn = n √
3 4
n
n +5
e

3n
yn = n √
3 4
n +5n

yn ≤ cn ≤ xn , ∀n ∈ N

Por outro lado, √ √ √  


3n 3 3
n×n3 n4 n4 1
lim yn = lim n √
3 4
n +5n
= lim √
3 4
n +5n
= lim √
3 4
n +5n
= lim 3
n4 +5n
= lim 3
1+ 53
=
 √
n
1
3
1+0
= 31=1

3

3

3 4
 
n n×n3 n n4 1
lim xn = lim n √
3 4
n +5
= lim √
3 4
n +5
= lim √
3 4
n +5
= lim 3
n4 +5
= lim 3
1+ 54
=
 √
n
1
3
1+0
= 3
1=1

3
Como lim xn = lim yn = 1 e yn ≤ cn ≤ xn, ∀n ∈ N, pode armar-se, pelo
Teorema das Sucessões Enquadradas, que lim cn = 1.

4. (a) Df = {x∈ R : (x+1 > 0∧x ≥ 0)∨x < 0} = (]−1, +∞[∩[0, +∞[) ]−∞, 0[=
[0, +∞[ ] − ∞, 0[= R.

(b) Para x < 0, f (x) = ex + 1 é uma função contínua pois é a soma de funções
contínuas (uma exponencial e uma constante). Para x > 0, f (x) = 2a + (x −
1) log(x + 1) também é contínua, independentemente do valor de a, uma vez
que resulta da soma de uma constante com o produto de duas funções con-
tínuas em ]0, +∞[ (um polinómio e a composta de um logaritmo com outro
polinómio).
Analisemos a continuidade de f no ponto x = 0.
lim f (x) = lim+ 2a + (x − 1) log(x + 1) = 2a + (−1) log(1) = 2a
x→0+ x→0
lim− f (x) = lim− ex + 1 = e0 + 1 = 2.
x→0 x→0

Se a = 1, lim+ f (x) = lim− f (x) = f (0) = 2


x→0 x→0
e como tal f é contínua em
Df = R .

Se a = 1, o x→0
lim f (x) não existe, pelo que f será contínua em R\{0}.

(c) Considere-se a = 1. A função f é contínua em R. Em particular, é contínua


no intervalo [-3,1]. Pelo Teorema de Weierstrasse, toda a função contínua num
intervalo limitado e fechado admite um máximo e um mínimo nesse conjunto,
donde se pode concluir que existem máximo e mínimo de f em [−3, 1].
(d) lim f (x) = lim 2a + (x − 1) log(x + 1) = 2a + ∞ = +∞
x→+∞ x→+∞

lim f (x) = lim ex + 1 = 0 + 1 = 1


x→−∞ x→−∞

5. Sabe-se que f é contínua no intervalo I e que f (I) é um conjunto nito. Pretende-se


provar que f é constante.
O Corolário 2 do Teorema de Bolzano garante que a imagem do intervalo I por f ,
isto é f (I) é ainda um intervalo, pois f é contínua em I . Por outro lado, f (I) é um
conjunto nito, isto é, a cardinalidade de f (I) é um número natural. Mas os únicos
intervalos com cardinalidade nita são os intervalos do tipo [y, y], isto é, os interva-
los constituídos por um único elemento y. Mas isso, signica que ∀x ∈ I, f (x) = y,
4
isto é, f é constante em I.

Uma resolução alternativa seria provar que f é constante por redução ao absurdo.

Suponhamos que f não é constante em I. Então existem x, y ∈ I tais que f (x) =


f (y). Como f é contínua em I, o Teorema de Bolzano garante que f assume todos

os valores entre f (x) e f (y), logo f (I) não será um conjunto nito, o que é um

absurdo.

Você também pode gostar