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RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO DEFEITO X VÍCIO
CONSUMIDOR *Defeito = vício por insegurança;

Teoria da qualidade - problema que ultrapassa o produto ou serviço;


- causa danos ao patrimônio jurídico material,
moral e/ou estético do consumidor;
Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço
Responsabilidade pelo vício do produto ou serviço
*Vício = vício por inadequação;
- problema do produto ou serviço;
- dano apenas o material relacionado o produto
ou serviço.

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Paulo de Tarso Sanseverino: - Exemplo:
** consumidor comprou um ferro de passar roupas e está
a) no defeito do produto ou serviço o fornecedor responde perante
em casa passando sua camisa:
o prejudicado, sem necessidade de qualquer vínculo contratual
entre eles (CDC, arts. 12, 13 e 14); já nos vícios a responsabilidade
civil reclama a ocorrência de “uma cadeia contratual a unir o
consumidor e o fornecedor responsável”; - 1 O ferro para de funcionar por problema elétrico: ...
b) o regime jurídico não é o mesmo para o fato de produto ou
serviço (defeito) e para o seu vício. “Nos vícios, a
responsabilidade do fornecedor de produtos é mais restrita: - 2 O ferro explodiu e atingiu o consumidor, causando-lhe
substituição do produto, reexecução do serviço, rescisão do danos físicos e estéticos: ...
contrato, abatimento no preço, perdas e danos. Nos defeitos, a
responsabilidade é mais extensa, devendo ser reparada a
totalidade dos danos patrimoniais e extrapatrimoniais sofridos pelo
consumidor”.

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RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO OU


- 1 O ferro para de funcionar por problema elétrico:
SERVIÇO
Vício do produto
1. Regime jurídico/caracterização

- 2 O ferro explodiu e atingiu o consumidor, causando-lhe CDC – arts. 12 a 17


danos físicos e estéticos:
É a responsabilidade pelo dano causado ao consumidor
Defeito (fato) do produto pelo produto ou serviço fornecido.

Fato do produto ou serviço = atinge a integridade física


ou psicológica do consumidor, o seu patrimônio ou de
terceiros.

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2. Os responsáveis: Comerciante responde de forma SUBSIDIÁRIA.


Quem deve reparar o dano causado ao consumidor?
Art. 13 do CDC. Hipóteses:

**Produto – art. 12, CDC I – impossibilidade de identificação responsáveis


principais;
II – falta de clareza na identificação dos
Solidariedade. Direito de regresso uns contra os outros.
responsáveis principais;
III – conservação inadequada.
E o comerciante? Não responderá?

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**Serviço – art. 14, CDC


3. Requisitos
“O fornecedor de serviço...”
- Responsabilidade objetiva - independentemente de
Aquele que presta o serviço diretamente.
culpa;

- Quais os requisitos que devem existir para que surja o


dever de reparar?
Dano, Nexo causal e Defeito.

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- Defeitos: Mas qual seriam as hipóteses que gerariam **Serviço defeituoso


essa obrigação de indenizar? Espécies:
**Produto defeituoso A) defeitos de prestação(intrínseco);
Espécies:
B) defeitos de concepção (intrínseco);
A) defeitos de fabricação/produção (intrínseco);
C) defeitos de informação (extrínseco).
B) defeitos de concepção/criação (intrínseco);
C) defeitos de comercialização/informação (extrínseco).
- O serviço é defeituoso quando não oferece a
- O produto defeituoso não oferece a segurança segurança que o consumidor espera (§1º do artigo 14 do
esperada (§1º, art.12, CDC). CDC).

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4. Exceção à responsabilidade objetiva: 5. Excludentes de responsabilidade:


**Produtos - §3° do art. 12, CDC
- A responsabilidade dos profissionais liberais; I - não introdução do produto no mercado de consumo;
II - o defeito não existia;
- §4° do artigo 14 do CDC: verificação da sua culpa. III - culpa exclusiva da vitima ou de terceiros.

*Caso fortuito/força maior: jurisprudência e doutrina


OBS.: fortuito interno e fortuito externo

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RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA. FURTO DE
**Serviços – art. 14, §4º CARTEIRA DO INTERIOR DE BOLSA. SAQUES E COMPRAS REALIZADAS EM
MOMENTO ANTERIOR À COMUNICAÇÃO DA AUTORA À INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
- inexistência do defeito no serviço; CARTÃO DOTADO DE CHIP. COMPRAS REALIZADAS MEDIANTE USO DE SENHA.
PREJUÍZO QUE NÃO DEVE SER SUPORTADO PELO BANCO. RESPONSABILIDADE DOS
- culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro; ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS. DEVER DE SEGURANÇA DOS CONSUMIDORES,
QUE NÃO AFASTA O DEVER DE ZELO E CUIDADO QUE AS PESSOAS DEVEM TER EM
RELAÇÃO AOS SEUS PERTENCES PESSOAIS. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE
- caso fortuito e força maio^: doutrina e jurisprudência. CONFIGURADA. ART. 14, § 3º, II, DO CDC. CULPA EXCLUSIVA DE TERCEIRO. 1.
Cuida-se de ação por meio da qual reclama a parte autora a condenação da
OBS.: fortuito interno e fortuito externo parte ré ao pagamento de indenização por danos materiais e morais, originados
a partir do furto de sua carteira, enquanto realizava compras no interior do
supermercado Zaffari. 2. A sentença julgou improcedentes os pedidos, dela
recorrendo a parte autora. (...) 5. Tratando-se de bem de uso pessoal,
****Ônus da prova do fornecedor. transportado em ambiente com grande circulação de pessoas, é da autora a
responsabilidade decorrente dos prejuízos suportados pela inobservância do
dever de guarda e vigilância que lhe compete. 6. Danos morais inocorrentes, na
espécie, considerando a inexistência do cometimento de ato ilícito, pelas
demandadas. RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME.(Recurso Cível, Nº 71008024788,
Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Elaine Maria Canto da
Fonseca, Julgado em: 31-07-2019)

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APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO FALHA NO
Apelação Cível. Responsabilidade Civil. Pretensão indenizatória FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. DANOS MATERIAIS. DANOS MORAIS.
decorrente de uso de tintura de cabelo comercializada pela CONCESSIONÁRIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
TEMPORAL. CASO FORTUITO. FORÇA MAIOR. NÃO CONFIGURAÇÃO. DEMORA NO
primeira demandada. Fabricante que seguiu as precauções RESTABELECIMENTO DA ENERGIA. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. DEVER DE INDENIZAR. 1.
expostas no art. 8º do CDC, não fazendo jus a parte autora ao dever Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, pois além de usuário dos serviços de
energia elétrica no âmbito de sua residência, é o autor pequeno produtor rural que, ainda
de indenizar. O folheto explicativo que acompanha o produto deixa que não destinatário final do produto ou serviço, encontra-se em situação de
claro que o mesmo pode causar reação alérgica e que contem vulnerabilidade frente ao fornecedor. Mitigação da teoria finalista. Precedentes do STJ. 2. A
responsabilidade civil da demandada é objetiva, nos termos do art. 14 do CDC, somente
substâncias passíveis de causar irritação na pele de determinadas isentando-se do dever de indenizar quando comprovada qualquer das excludentes
pessoas e que, antes de usar, o consumidor deve fazer a "prova do constantes do §3º do artigo supracitado, ou seja, a existência
de culpa exclusiva da vítima ou inexistência de defeito sobre o serviço prestado. 3. A
toque", procedimento este não executado pela autora. Afastada a ocorrência de temporal/ventania encontra-se dentro da previsibilidade, não justificando a
responsabilidade do demandante, uma demora no saneamento do problema. Cabe à demandada o fornecimento de serviço
público adequado, eficiente, seguro e contínuo, nos termos do art. 22 do CDC. Da mesma
vez verificada a culpa exclusiva da vítima, nos termos do art. 12, §3º forma, não se justifica a demora no restabelecimento do serviço por mais de 48 horas
do CDC. Sentença mantida. NEGARAM PROVIMENTO AO (prazo definido pela ANEEL como aceitável). 4. Dano moral in re ipsa. Configuração de
danos extrapatrimoniais em decorrência de o autor ter permanecido por quatro dias sem
APELO.(Apelação Cível, Nº 70060659489, Sexta Câmara Cível,
energia elétrica em sua residência, sendo desnecessária a prova do abalo, que decorre da
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luís Augusto Coelho Braga, própria situação vivenciada. RECURSO PROVIDO.(Apelação Cível, Nº 70082068297, Quinta
Julgado em: 24-09-2015) Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Julgado em: 28-08-
2019)

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APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CONSUMIDOR. ESPERA DE
RESSARCIMENTO. FRAUDE BANCÁRIA PERPETRADA POR TERCEIRO. FALHA NA SETE HORAS DENTRO DE AERONAVE COM MENOR IMPÚBERE (1 ANO E 10
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO CARACTERIZADA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DANO MESES). FECHAMENTO TEMPORÁRIO DO AEROPORTO EM DECORRÊNCIA
MATERIAL. 1. A responsabilidade da instituição financeira decorre do risco DE INCÊNDIO NA TURBINA DE OUTRA AERONAVE, QUE NÃO SE
integral de sua atividade, respondendo objetivamente por fraudes e delitos CONFIGURA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. TRATA-SE
praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias, DE CASO FORTUITO INTERNO, POIS LIGADO AOS RISCOS DA ATIVIDADE DE
em caso fortuito interno, que derivam da sua própria atividade e, portanto, que TRANSPORTE. RECEBIMENTO DA BAGAGEM COMPLETAMENTE MOLHADA,
lhe cabia evitar. 2. Caso em que se comprovou que houve o pagamento de dois COM INUTILIZAÇÃO TEMPORÁRIA DE PERTENCES E PERDA DE
títulos, em nome da correntista, realizado por terceiro, mediante fraude. 3. DOCUMENTOS. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. O FATO DE TER
Configurado o ato ilícito, na forma de falha na prestação de serviço, e o nexo CHOVIDO NÃO EXCLUI A RESPONSABILIDADE DA REQUERIDA PELA
de causalidade, a ensejar a obrigação da instituição financeira em reparar os PROTEÇÃO DA MALA. DANOS MORAIS ADVINDOS DO ATRASO DO VOO
danos materiais pleiteados, nos termos do art. 186 c/c art. 927, ambos do CC, e E DO RECEBIMENTO DE MALA MOLHADA. INDENIZAÇÃO ARBITRADA EM
art. 14 do CDC, bem como da Súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça. 4. R$ 6.000,00, EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
Honorários recursais devidos, nos termos do art. 85, §§ 1º e 11, do Código de PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO EM
Processo Civil/2015. Majorada a verba honorária fixada na sentença. APELAÇÃO PARTE.(Recurso Cível, Nº 71007878671, Quarta Turma Recursal Cível,
DESPROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70079829057, Décima Segunda Câmara Cível, Turmas Recursais, Relator: Luis Antonio Behrensdorf Gomes da Silva,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Cláudia Maria Hardt, Julgado em: 27-06-2019) Julgado em: 19-10-2018)

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RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS E RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS
MORAIS. AUTOR, PASSAGEIRO, E QUE SOFREU LESÕES CORPORAIS. E MORAIS. COMPRA DE PRODUTO PELA INTERNET. SITE MERCADO
ÔNIBUS QUE TOMBOU. ACIDENTE DE TRÂNSITO OCASIONADO POR LIVRE. PAGAMENTO REALIZADO E PRODUTO NÃO ENTREGUE.
PASSAGEIRO EM SURTO NO INTERIOR DE ÔNIBUS. FATO DE TERCEIRO CONSUMIDOR QUE APESAR DE TER VISTO O ANÚNCIO NO SITE DA RÉ,
E CASO FORTUITO EXTERNO. RUPTURA DO NEXO DE CAUSALIDADE, A REALIZOU A NEGOCIAÇÃO E O PAGAMENTO DIRETAMENTE AO
TEOR DO ART. 14, §3º, II, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. VENDEDOR, INFRINGINDO AS ORIENTAÇÕES DE SEGURANÇA
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE CIRCUNSTÂNCIA QUE AFASTA A DISPONIBILIZADAS NO PRÓPRIO SITE. AUSÊNCIA DE CAUTELA
OBRIGAÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO. SENTENÇA DE EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR NO MOMENTO DA
IMPROCEDÊNCIA CONFIRMADA. RECURSO NÃO PROVIDO.(Recurso NEGOCIAÇÃO. CASOFORTUITO EXTERNO. RESPONSABILIDADE
Cível, Nº 71008665952, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, OBJETIVA DA RÉ NÃO EVIDENCIADA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
Relator: Gisele Anne Vieira de Azambuja, Julgado em: 28-06-2019) MANTIDA. RECURSO DESROVIDO.(Recurso Cível, Nº 71007928971,
Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Glaucia Dipp
Dreher, Julgado em: 19-09-2018)

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Casos práticos:

6. Ação e prazo - Compra de um brinquedo de criança na loja RiHappy. Não havia


qualquer advertência quanto ao uso e na embalagem a idade
recomendada é mais de 3 anos. Uma criança de 4 anos, ao brincar,
tranca seu dedo em uma parte do brinquedo que fica exposta e
- Ação indenizatória sofre danos.
O que fazer no caso? Quem é responsável?

- Fato do produto ou serviço (defeito) – art. 27, CDC


- Compra de um liquidificador da marca Arno no Zaffari. O aparelho,
Prazo prescricional de 5 anos. que tem 5 velocidades, desliga quando colocado nas velocidades 4
e 5.
Vício ou defeito?

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Paulo, um comerciante de produtos eletrônicos, atraído pela ótima margem


de lucro, compra diversos aparelhos celulares da marca X que era, até
então, uma marca desconhecida no mercado e não produzida no Brasil.
Paulo, então, insere os referidos aparelhos no mercado de consumo, e esses
aparelhos, ao serem carregados, explodem causando queimaduras em
diversos consumidores.

Esses consumidores, em busca de serem reparados pelos danos sofridos,


descobrem que se trata de uma fraude, e que os aparelhos entraram
ilegalmente no Brasil, não tendo, assim, como identificar o fabricante, o
construtor, o produtor e, muito menos, o importador que vendeu os
aparelhos para Paulo.

- De quem os consumidores poderiam buscar reparação? Por que?

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