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BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

QUESTÕES HÍDRICAS
Professor Marcos Koiti Kondo

Trecho do rio São Francisco entre os municípios de Ponto Chique e Pirapora


https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_S%C3%A3o_Francisco#/media/File:RioSaoFrancisco.jpg
Conceitos
• Bacias hidrográficas são grandes unidades
apropriadas para o zoneamento e planejamento
regional, compreendendo fisicamente, estados e
países;
• Microbacias são unidades menores contendo as bases
fundamentais para a pesquisa em hidrologia, bem
como o planejamento da produção agrícola e a
conservação do ambiente (base fundamental);
• Microbacia hidrográfica compreende uma área de
formação natural, drenada por um curso d’água e seus
afluentes, a montante de uma seção transversal, para
onde converge toda a água da área considerada.
Manejo de bacias hidrográficas
• O manejo de bacias hidrográficas é definido com o
processo de organizar e orientar o uso da terra e de
outros recursos naturais da bacia, para a produção de
bens e serviços, sem destruir ou afetar adversamente
o solo e a água;
• Há uma interrelação estreita entre o uso da terra, o
solo e a água (o que acontecer a um, afetará os
outros);
• Há interligação entre as cabeceiras, a média bacia,
baixa bacia e o estuário;
• O planejamento deve buscar os limites naturais das
bacias hidrográficas, superando os limites de
propriedade, município, etc.
http://www.miseagrant.umich.edu/lessons/files/2013/05/10-728-How-A-Watershed-Works.jpg
http://techalive.mtu.edu/meec/module01/Watershed.html
Microbacia hidrográfica da Fazenda Experimental Edgardia
Fone: Luiz Alberto Blanco Jorge
Precipitação anual no País –média de 1961 a 2007 (Brasil, 2013).
Distribuição espacial da precipitação média mensal no País - médias do período de 1961 a
2007 (Brasil, 2013).
Precipitação anual no País - ano civil
2009, 2010, 2011 e 2012 e média de
1961 a 2007 (Brasil, 2013).
Precipitação média das regiões
hidrográficas entre 2009 e 2012
(Brasil, 2013).
Fonte:
Brasil (2009)
Fonte: Brasil (2009)
Fonte: Brasil (2009)
Quadro: Quantidade de poços cadastrados em 26/12/2014, no Sistema de Informações de
Águas Subterrâneas (SIAGAS), por unidade da federação, ordem decrescente.
Fonte: Serviço Geológico do Brasil (CPRM), disponível em: <siagasweb.cprm.gov.br/layout>. Acesso em 4 fev. 2015.

UF QUANTIDADE UF QUANTIDADE UF QUANTIDADE

PI 27.939 MA 11.331 AL 1.645

PE 25.681 RN 9.816 MS 1.380

PR 23.522 AM 7.652 TO 1.211

BA 22.568 SC 7.263 ES 1.010

CE 21.405 PA 7.173 RR 925

MG 19.449 SE 5.008 AC 652

SP 18.609 MT 3.535 RJ 488

PB 17.781 GO 3.473 DF 198

RS 15.289 RO 1.861 AP 105


Localização de poços cadastrados em
26/12/2014, no Sistema de Informações de
Águas Subterrâneas (SIAGAS) no Brasil.
Fonte: Serviço Geológico do Brasil (CPRM), disponível em:
<siagasweb.cprm.gov.br/layout>. Acesso em 4 fev. 2015.
Localização de poços cadastrados
em 26/12/2014, no Sistema de
Informações de Águas
Subterrâneas (SIAGAS) na bacia do
rio São Francisco.
Fonte: Serviço Geológico do Brasil (CPRM),
disponível em:
<siagasweb.cprm.gov.br/layout>. Acesso em
4 fev. 2015.
Localização de poços
cadastrados em 26/12/2014, no
Sistema de Informações de
Águas Subterrâneas (SIAGAS)
em Minas Gerais.
Fonte: Serviço Geológico do Brasil
(CPRM), disponível em:
<siagasweb.cprm.gov.br/layout>. Acesso
em 4 fev. 2015.
Fonte: Brasil (2009)
Obs.: a área irrigada (2006) foi ajustada a partir da área plantada atual, considerando-se a mesma
relação entre área irrigada e área plantada municipal do Censo Agropecuário de 1996.
Fonte: Brasil (2009)
Fonte: Brasil (2009)
Fonte: Brasil (2009)
Brasil (2015)
Brasil (2015)
SE: seca; ECP: estado de calamidade pública
Brasil (2015)
A BACIA HIDROGRÁFICA DO SÃO FRANCISCO
Rede hidrográfica do São Francisco.
Fonte: CODEVASF
Características de Alguns dos Principais Afluentes do São Francisco.

Distância (km) da Foz do


Vazão Afluente à:
Coeficiente de
Afluente Específica
Escoamento (%) Nascente do S. Foz do S.
Média (l/s/km2)
Francisco Francisco
Margem Esquerda
Paracatu 10,45 32 774 1.926
Urucuia 10,18 30 834 1.866
Carinhanha 9,47 29 1.114 1.586
Corrente 8,07 25 1.253 1.447
Grande 3,98 11 1.522 1.178
Margem Direita
das Velhas 11,26 29 675 2.025
Jequitaí 6,75 17 699 2.001
Verde Grande 0,62 - 1.075 1.625

Fonte: PLANVASF
Características de Alguns dos Principais Afluentes do São Francisco.

VAZÕES MÉDIAS MENSAIS DOS PRINCIPAIS AFLUENTES


Área de Período Meses Vazão
Afluente Estação Drenagem de sem Média Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Km2) Registro Dados (m3/s)
Várzea Máx 1.756 973 1.118 646 394 262 215 181 157 301 664 1.411 544
Das Velhas da Palma 25.940 38-75 13 Méd 631 486 437 265 172 133 112 93 89 146 318 600 292
(direita) (MG) Mín 159 115 131 101 61 71 52 43 51 57 89 122 142
Máx 181 153 169 46 23 18 16 14 14 61 201 255 57
Jequitaí Jequitaí 6.811 67-75 01 Méd 89 71 69 32 14 10 9 8 7 31 91 119 46
(direita) (MG) Mín 29 13 21 12 5 4 5 5 4 11 30 42 37
Porto Máx 2.050 1.856 2.070 1.408 623 433 342 269 233 309 801 1.727 857
Paracatu Alegre 41.709 52-75 30 Méd 921 849 774 485 284 231 167 134 109 178 406 691 436
(esquerda) (MG) Mín 186 167 220 147 83 81 62 55 61 68 127 160 267
Barra do Máx 927 969 849 559 278 157 122 109 99 277 554 826 325
Urucuia Escuro 24.658 55-75 19 Méd 460 439 448 306 150 99 80 63 53 128 315 490 251
(esquerda) (MG) Mín 137 125 129 122 64 51 43 35 37 31 96 185 169
Verde Boca da Máx 77 36 37 52 10 7 5 5 4 8 31 63 25
Grande Caatinga 30.174 72-75 00 Méd 57 24 19 30 9 5 4 3 3 7 24 43 19
(direita) (MG) Mín 40 14 6 17 7 4 3 3 2 4 18 16 14
Máx 278 284 293 214 159 151 136 130 127 155 239 286 181
Carinhanha Juvenília 15.832 64-78 03 Méd 178 181 181 163 134 123 118 112 109 128 172 205 150
(esquerda) (MG) Mín 122 128 112 109 109 102 100 88 97 109 126 151 125
Porto Máx 375 549 344 356 256 250 230 220 208 242 321 340 291
Corrente Novo 31.120 77-84 00 Méd 312 342 295 291 233 218 206 198 193 213 245 277 251
(esquerda) (BA) Mín 228 225 169 190 184 166 157 152 150 176 183 207 187
Máx 571 671 604 572 376 305 281 267 262 266 341 464 368
Grande Boqueirão 65.900 33-69 08 Méd 325 339 336 310 254 220 209 200 193 208 251 307 262
(esquerda) (BA) Mín 235 242 224 214 188 168 165 160 165 171 181 229 218

Fonte: PLANVASF.
1950-1976 1979-1999

Precipitação média anual na Bacia do São Francisco. Fonte: Pereira et al. (2007)
1950-1976 1979-2000

Proporção da contribuição real dos principais afluentes do Rio São Francisco.


Fonte: Pereira et al. (2007)
Médio São
Francisco
Verde
Urucuia Grande
Jequitaí
e Pacuí

Rio Paracatu

Entorno da Rio das


Represa de Velhas

Três Marias

Alto São
Pará
Francisco

http://comites.igam.mg.gov.br/unidades-de-planejamento
São Francisco
http://portalinfohidro.igam.mg.gov.br/
http://portalinfohidro.igam.mg.gov.br/
Uso do solo e cobertura vegetal na APA Pandeiros (Fonseca et al., 2011).
http://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4044431.pdf
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MPBB-
8GTNP4/dissertacao_ivan_12.pdf?sequence=1
Thiago Alencar Silva (2010) apud Barbosa (2010)
Januária

São Francisco

http://pt.climate-data.org
ALTO PANDEIROS (Google Earth Pro) Marcos Koiti Kondo
ALTO PANDEIROS (Google Earth Pro) Marcos Koiti Kondo
ALTO PANDEIROS Marcos Koiti Kondo
ALTO PANDEIROS Marcos Koiti Kondo
ALTO PANDEIROS Marcos Koiti Kondo
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO
0,9% ARGILA
7,8% SILTE
91,3% AREIA

ALTO PANDEIROS Marcos Koiti Kondo


ALTO PANDEIROS Marcos Koiti Kondo
DESAFIOS:
• Período de chuvas reduzido
• Ações no momento adequado para sucesso da
recuperação
• Acesso
• Solos com alto risco de erosão nas nascentes do
rio Pandeiros
• Neossolo Quartzarênico órtico (+90% areia) e
Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico
• Baixo conteúdo de matéria orgânica
• Baixa fertilidade química
DESAFIOS:
• Drenagem excessiva
• Capacidade de uso restrita
• Alta vulnerabilidade, agravada pelo histórico
regional
• Mudanças no sistema de produção agropecuária
• Remuneração por serviços ambientais
• Difícil adoção de valores conservacionistas pela
comunidade sem a melhoria da qualidade de vida
ALTO PANDEIROS Marcos Koiti Kondo
ALTO PANDEIROS Marcos Koiti Kondo
Transposição do São Francisco
http://www.mi.gov.br/projeto-sao-francisco1

• 12 milhões de habitantes em 390 municípios de Pernambuco,


Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte
• Grandes centros urbanos: Fortaleza, Juazeiro do Norte, Crato,
Mossoró, Campina Grande, Caruaru
• Bacias beneficiadas - PE: Brígida, Terra Nova, Pajeú, Moxotó, do
Agreste; CE: Jaguaribe, Metropolitas; RN: Apodi, Piranhas-Açu,
PB: Paraíba, Piranhas
• 477 km (Eixos Norte e Leste), quatro túneis, 14 aquedutos, 9
estações de bombeamento, 27 reservatórios, recuperação de 23
açudes
• R$8,2 bilhões, sendo 12% (R$1 bilhão) para programas básicos
ambientais
• 76,7% de execução física (junho/2015)
Transposição do São Francisco

http://www.mi.gov.br/image/image_gallery?uuid=5c9898c1-c8d1-4372-856f-d6daae78ed59&groupId=47109&t=1386791863943
Transposições em outros países http://www.mi.gov.br/projeto-sao-francisco1
Projeto Colorado-Big Thompson, EUA: Conjunto de 12 reservatórios, 56 quilômetros de túneis e 153
quilômetros de canais que transpõem as águas do Rio Colorado a oeste das Montanhas Rochosas para
sua vertente leste em direção ao Rio Big Thompson.
Prazo de conclusão: 21 anos (1938 a 1959).
Estimativa de custo: US$ 1,4 bilhão.

Sistema Hidrelétrico das Montanhas Snowy, Austrália: Conjunto de 16 reservatórios, sete usinas, uma
estação de bombeamento, 145 quilômetros de túneis e 80 quilômetros de adutoras que coleta e
armazena água que normalmente fluiria do leste para o litoral, sendo desviada do Rio Snowy para os
rios Murray e Murrumbidgee.
Prazo de conclusão: 25 anos (1949 a 1974).
Estimativa de custo: US$ 820 milhões.

Projeto de Transferência de Água de Wanjiazhai: Conjunto de adutoras na região noroeste da


Província de Shanxi, com três eixos distintos com 44, 100 e 167 quilômetros, extraindo água do Rio
Amarelo-Huang He.
Prazo de conclusão: 10 anos (2001 a 2011).
Estimativa de custo: US$ 1,5 bilhão.

Projeto Hídrico das Montanhas do Lesotho, Lesotho e África do Sul: Conjunto de quatro hidrelétricas,
adutoras e túneis localizados na fronteira entre os dois países.
Prazo de conclusão: 19 anos (1983 a 2002).
Estimativa de custo: US$ 4 bilhões (o projeto original previa quatro hidrelétricas e um orçamento total
de US$ 8 bilhões).
Transposições em outros países http://www.mi.gov.br/projeto-sao-francisco1
Transposição Tejo-Segura, Espanha: Transferência de água da Bacia do Rio Tejo, vertente do Oceano
Atlântico da Península Ibérica, para a Bacia do Rio Segura, sudeste da Espanha.
Prazo de conclusão: 40 anos (1933 a 1973).
Estimativa de custo: US$ 5,3 bilhões (valor atualizado).

Mar de Aral, Ásia Central, Rússia, Uzbequistão e Kazaquistão: Recuperar o mar de Aral com a
construção de dois canais. Um partindo do Rio Volga - 800 quilômetros e estimado em US$ 8 bilhões -
e outro dos rios Ob e Irtysh - 2.500 quilômetros e estimado em US$ 22 milhões.
Prazo de conclusão: projetado para ser concluído em 20 anos.
Estimativa de custo: US$ 30 bilhões.

Projeto do canal El-Salaam, Egito: Construção de adutora de 150 quilômetros que transportaria água
de sistema de esgotos misturada à água do Rio Nilo do delta do rio para o Sinai.
Prazo de conclusão: projeto.
Estimativa de custo: US$ 2,8 bilhões.

Projeto Especial Chavimochic, Peru: Túneis, canais abertos, adutoras enterradas e sifões trazendo
água para regiões mais elevadas dos rios localizados nas proximidades da costa norte do Peru.
Prazo de conclusão: 10 anos (1986 a 1996).
Estimativa de custo: US$ 2,15 bilhões.

Aqueduto Nacional, Israel: 130 km de tubulação principal. Transferência de 1,7 milhões m3/dia do
Mar da Galiléia (N) para o centro e sul. Uso para consumo humano e irrigação.
Prazo de conclusão: 11 anos (1953 a 1964)
Custo de US$1,064 bilhões (8/2015)
OBRIGADO!
Professor Marcos Koiti Kondo
http://marcoskondo.com.br Marcos Koiti Kondo
Referências Bibliográficas

BARBOSA, Ivan Seixas. Classificação e caracterização dos ambientes de terras úmidas do Refúgio de Vida Silvestre
do Rio Pandeiros, a partir do uso de imagens Ikonos. Belo Horizonte, 2010. 67p. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/MPBB-
8GTNP4/dissertacao_ivan_12.pdf?sequence=1>. Acesso: 27 ago. 2015.
BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). Conjuntura dos recursos hídricos no brasil: regiões hidrográficas
brasileiras - Edição Especial. Brasília: ANA, 2015. 163p. ISBN: 978-85-8210-027-1. Disponível em
<http://conjuntura.ana.gov.br/docs/regioeshidrograficas.pdf>. Acesso: 27 ago. 2015.
BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2009 / Agência Nacional de
Águas. Brasília: ANA, 2009. 204p. Disponível em: <http://conjuntura.ana.gov.br/docs/conj2009_rel.pdf>. Acesso: 27
ago. 2015.
BRASIL. Agência Nacional de Águas (ANA). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2013 / Agência Nacional de
Águas. Brasília: ANA, 2013. 432p. Disponível em: <http://conjuntura.ana.gov.br/docs/conj2013_rel.pdf>. Acesso: 27
ago. 2015.
FONSECA, D.S.R.; NASCIMENTO, C.R.; MIRANDA, W.A.; FIGUEIREDO, F.P. Diagnóstico do uso do solo e
degradação ambiental na bacia hidrográfica do Pandeiros-MG como subsídio para estudos de impacto ambiental.
Revista Eletrônica Geoaraguaia. Barra do Garças-MT. 1(1):1-20, 2011.
PEREIRA S. B. et al. Estudo do comportamento hidrológico do Rio São Francisco e seus principais afluentes. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.11, n.6, p.615–622, 2007, Campina Grande, PB.

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