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170/2015 (ação de
indisponibilidade de bens para
cumprimento de resolução do Conselho
de Segurança da ONU)
terça-feira, 20 de outubro de 2015
Vejamos sobre o que ela cuida, mas antes é importante fazer algumas considerações
preliminares.
NOÇÕES PRELIMINARES
Atente, portanto, para o fato de que, em regra, não é necessária nem mesmo a
participação do Congresso Nacional, bastando a edição do Decreto. Exceção: para a
participação do Brasil em operações de paz, enviando tropas, é necessária a aprovação
do Congresso Nacional, por força da Lei n.º 2.953/56. Neste caso, o Congresso
precisará editar um decreto-legislativo autorizando.
DECRETA:
Art. 1º A Resolução 2174 (2014), adotada pelo Conselho de Segurança das Nações
Unidas em 27 de agosto de 2014, anexa a este Decreto, será executada e cumprida
integralmente em seus termos.
Comunicação à AGU
Depois de a resolução do CSNU ser incorporada ao ordenamento jurídico, o Ministério
da Justiça comunicará essa situação à Advocacia-Geral da União, que proporá, no prazo
de 24 horas, a ação de indisponibilidade de bens, valores e direitos (art. 4º).
A ação tramitará sob segredo de justiça.
Intimação do interessado
Depois de conceder a tutela provisória e executar a medida de indisponibilidade, o juiz
determinará a intimação do interessado para, em 10 dias, apresentar razões de fato e de
direito que possam levar ao convencimento de que o bloqueio foi efetivado
irregularmente (art. 5º).
Efetivado o bloqueio, as instituições e pessoas físicas responsáveis deverão comunicar o
fato, de imediato:
• ao órgão ou entidade fiscalizador ou regulador da sua atividade (ex: a instituição
financeira comunica ao BACEN);
• ao juiz que determinou a medida;
• à Advocacia-Geral da União; e
• ao Ministério da Justiça.
Se a pessoa punida havia praticado atos de disposição de seu patrimônio, isso pode
ser anulado
A declaração de indisponibilidade de bens, valores e direitos implicará a nulidade de
quaisquer atos de disposição, ressalvados os direitos de terceiro de boa-fé (§ 2º do art.
1º).
Assim, se a pessoa que foi punida pelo CSNU houver praticado atos de disposição de
seu patrimônio, tais negócios jurídicos serão anulados por decisão judicial, salvo se ficar
demonstrado que os adquirentes são terceiros de boa-fé.
Alienação antecipada
Deverá ser realizada a alienação antecipada dos bens que estiverem sujeitos a qualquer
grau de deterioração ou depreciação ou quando houver dificuldade para sua manutenção
(art. 6º). Isso com o objetivo de preservar o seu valor.
Antes da alienação, será feita uma avaliação dos bens e o interessado será intimado da
avaliação para, querendo, manifestar-se no prazo de 10 dias.
Será determinada a alienação dos bens em leilão ou pregão, preferencialmente
eletrônico, por valor não inferior a 75% do valor atribuído pela avaliação.
Realizado o leilão ou pregão, a quantia apurada será depositada em conta bancária
remunerada.
Serão deduzidos da quantia apurada no leilão ou pregão os tributos e multas incidentes
sobre o bem alienado.
Possibilidade de liberação parcial dos valores
Os recursos declarados indisponíveis poderão ser parcialmente liberados para o
pagamento de despesas pessoais necessárias à subsistência do interessado e de sua
família, para a garantia dos direitos individuais assegurados pela CF/88 ou para o
cumprimento de disposições previstas em resoluções do CSNU (§ 3º do art. 1º).
Perdimento definitivo
Quando ocorrer o trânsito em julgado da sentença condenatória, será decretado o
perdimento definitivo dos bens, valores e direitos (art. 8º).
Essa decisão pode ocorrer em processo judicial nacional ou estrangeiro.
O juiz providenciará a imediata intimação da União sobre a decisão tomada.
A decisão transitada em julgado em processo estrangeiro que decretar o perdimento
definitivo de bens ficará sujeita à homologação pelo STJ (art. 105, I, "i", da CF/88).
O que é terrorismo?
O Min. Celso de Mello, de forma precisa, constata que até hoje, “a comunidade
internacional foi incapaz de chegar a uma conclusão acerca da definição jurídica do
crime de terrorismo, sendo relevante observar que, até o presente momento, já foram
elaborados, no âmbito da Organização das Nações Unidas, pelo menos, 13 (treze)
instrumentos internacionais sobre a matéria, sem que se chegasse, contudo, a um
consenso universal sobre quais elementos essenciais deveriam compor a definição típica
do crime de terrorismo ou, então, sobre quais requisitos deveriam considerar-se
necessários à configuração dogmática da prática delituosa de atos terroristas” (STF PPE
730/DF, julgado em 16/12/2014).
Em outras palavras, trata-se ainda de um tema polêmico.
Apesar disso, podemos citar uma definição feita por René Ariel Dotti e que é bastante
difundida no âmbito doutrinário:
“o terrorismo pode ser definido como a prática do terror como ação política, procurando
alcançar, pelo uso da violência, objetivos que poderiam ou não ser estabelecidos em
função do exercício legal da vontade política. Suas características mais destacadas são:
a indeterminação do número de vítimas; a generalização da violência contra pessoas e
coisas; a liquidação, desativação ou retração da vontade de combater o inimigo
predeterminado; a paralisação contra a vontade de reação da população; e o sentimento
de insegurança transmitido principalmente pelos meios de comunicação” (Terrorismo e
devido processo legal. RCEJ, ano VI, Brasília, set. 2002, p. 27-30 apud LIMA, Renato
Brasileiro de. Legislação Criminal Especial Comentada. Niterói: Impetus, 2013, p. 58).
Vigência
A Lei nº 13.170/2015 possui vacatio legis de 90 dias, de forma que entra em vigor
apenas em 17/01/2016.