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GRANDES DESAFIOS DOS DIREITOS ;,; FRPR KHUGHLURV GDV 5HYROXo}HV OLEHUDLV
HUMANOS NO SÉCULO XXI burguesas levadas a efeito na Europa e nos
Estado Unidos. Hoje, usando a expressão de
6WXDUW +DOO SRGHPRV GL]HU TXH KRXYH XPD
“diáspora” desses direitos para todos os povos ? Em
ENTREVISTA ESPECIAL COM ANTÓNIO TXHPHGLGD"
MANUEL HESPANHA
António Manuel Hespanha - Não sou tão otimista em
UHODomRDHVWDPHWiIRUD5HDOPHQWHDPXQGLDOL]DomR
(QWUHYLVWDGRUD Cláudia Maria da Costa Gonçalves1 dos chamados direitos humanos não deu origem a
5HDOL]DGDSRUHPDLOHPVHWHPEURGH uma reformulação, num sentido intercultural, do seu
FDWiORJR (VWH SHUPDQHFH TXDVH LJXDO DR TXH IRL
António Manuel Hespanha é Professor destilado pela cultura europeia (e suas extensões à
FDWHGUiWLFR DSRVHQWDGR GD )DFXOGDGH GH 'LUHLWR $PpULFDFRORQL]DGDSHORVHXURSHXVQRVVpFV;9,,
GD 8QLYHUVLGDGH 1RYD GH /LVERD ' K F SHOD H;,;4XDVHFRPRVHD³QDWXUH]DKXPDQD´VyVH
Rechtsfakultät GD 8QLYHUVLGDGH GH /XFHUQD ¿]HVVHRXYLUQHVWDVSDUDJHQV$VLiWLFRVDPHUtQGLRV
6XLoD 0HPEUR GRV &RQVHOKRV &LHQWt¿FRV GD )&7 africanos não conseguiram, até hoje, meter um único
(Portugal), Maison des Sciences de l´Homme e do LWHPQRFDED]GRVGLUHLWRVKXPDQRV'HVWHSRQWRGH
CNRS (França) e PHPEUR GR ,QVWLWXWR +LVWyULFR YLVWD GR TXH VH WUDWRX IRL GH XPD FRORQL]DomR GR
*HRJUi¿FR GR 5LR GH -DQHLUR *UDQGH 2¿FLDO GD imaginário sobre a natureza do homem e as suas
2UGHP GH 6DQWLDJR H 3UrPLR 8QLYHUVLGDGH GH exigências normativas, próprio de outras culturas.
Coimbra, 2005. Autor de vários trabalhos em História Há, neste assunto, histórias chocantes: em Hong
H'LUHLWRGHQWUHRVTXDLV“O caleidoscópio do Direito Kong, os ingleses proibiam o concubinato, em
e Cultura jurídica europeia: síntese de um milênio”. nome da natureza do casamento, ao mesmo tempo
Em suas considerações, o Professor António TXH LPSXQKDP R FRPpUFLR GR ySLR HP QRPH GD
+HVSDQKD GLVFXWH H DQDOLVD TXHVW}HV LQVWLJDQWHV exigência natural de um comércio livre.
FRQFHUQHQWHVDRV'LUHLWRV+XPDQRVQRPHDGDPHQWH
QRTXHVHUHIHUHjFHQWUDOLGDGHpWLFRMXUtGLFDGHVVHV Entrevistadora - Como pensar a precedência
direitos frente à diversidade cultural dos povos. normativa dos direitos humanos sem perder de vista
/HPEUDVHDTXL0LFKHO)RXFDXOWTXH as contradições do multiculturalismo?
em uma de suas obras, concluiu:
António Manuel Hespanha 3RU PXLWR TXH LVWR
>@DVUHODo}HVHQWUH¿ORVR¿DHSROtWLFD
possa escandalizar muitos, sou muito prudente
não devem ser buscadas na eventual
PHVPR GHVFRQ¿DGR TXDQWR D XPD ³DWLWXGH
FDSDFLGDGHGHD¿ORVR¿DGL]HUDYHUGDGH
sobre as melhores maneiras de exercer PLVVLRQiULD´ H SDURTXLDOPHQWH H[XOWDQWH TXDQWR j
RSRGHU$¿QDOGHFRQWDVFDEHjSUySULD JOREDOL]DomRGRVGLUHLWRVKXPDQRV'LUHLWRVKXPDQRV
SROtWLFD VDEHU H GH¿QLU TXDLV VmR DV (de indivíduos, de grupos, de ambientes) há-os de
melhores maneiras de exercer o poder. procedência cultural muito diversa. Antes de tudo,
$ ¿ORVR¿D QmR WHP GH GL]HU D YHUGDGH WHPRV TXH FXOWLYDU XPD DWLWXGH GH ³KRVSLWDOLGDGH´
VREUHLVVR0DVD¿ORVR¿DWHPGHGL]HUD - 'HUULGD RX GH UDGLFDO DEHUWXUD DR RXWUR (
verdade [...] não sobre o poder, mas em /HYLQDV=%DXPDQSDUDFRQKHFHURVYDORUHVTXH
relação ao poder, numa espécie de cara
outras culturas consideram como essencialmente
a cara ou de interseção com ele.
humanos e fontes de direitos e de deveres (!!!),
DVVLP FRPR SDUD LGHQWL¿FDU DV DYDOLDo}HV TXH
Tomou-se, por empréstimo, o argumento
outras culturas fazem dos nossos imaginários
GR ¿OyVRIR IUDQFrV SDUD HQIDWL]DU TXH QDV
VREUH R KXPDQR H RV VHXV GLUHLWRV ,VWR REULJD D
considerações acadêmicas adiante proferidas, não
XPD H[LJHQWH DXWRUUHÀH[mR XPD JUDQGH DEHUWXUD
VH WHP D SUHWHQVmR GH ¿[DU YHUGDGHV VREUH RV
ao conhecimento alheio e aconselha uma grande
'LUHLWRV +XPDQRV HP XPD GHIHVD FHJD H SRXFR
prudência na exportação das ideias dominantes no
contestadora do seu conteúdo. Não se deseja
RFLGHQWH VREUH R TXH p KXPDQR QD KXPDQLGDGH H
LJXDOPHQWHHQVLQDUFDPLQKRVSDUDJDUDQWLUDH¿FiFLD
TXHFRQVHTXrQFLDVQRUPDWLYDVpTXHLVVRWHP
QRUPDWLYD GRV 'LUHLWRV +XPDQRV 1D YHUGDGH R
TXHVHEXVFDpDFLPDGHWXGRGLVFXWLUDVUHODo}HV
Entrevistadora1RVHF;;,DQRYDGRJPiWLFDGR
SROtWLFDV VRFLDLV H MXUtGLFDV TXH VH SURFHVVDP D
'LUHLWR &RQVWLWXFLRQDO GHYH UHLWHUDU D SULPD]LD GDV
partir desses direitos.
'HFODo}HV GH 'LUHLWRV +XPDQRV FRPR YHUGDGHLURV
A seguir, a fala de António Manuel Hespanha.
limites normativos ao poder constituinte?
Entrevistadora - Os direitos humanos nascem
António Manuel Hespanha - A nova dogmática do
jurídica e politicamente, de modo mais organizado,
direito constitucional deve reiterar a primazia dos
QR ¿QDO GR VpFXOR ;9,,, H SHUFRUUHP WRGR R VpF
direitos humanos sobre a vontade do legislador. D MXVWL¿FD DLQGD PDLV 6y TXH PDLV XPD YH] WHP
Porém, o conceito de direitos humanos não deve TXHVHWUDEDOKDUFRPXPFRQFHLWRGHWHUURULVPRTXH
HVWDU HVWUHLWDPHQWH OLJDGR D 'HFODUDo}HV IRUPDLV não seja o produto de uma avaliação apenas local/
mas aos consensos inclusivos obtidos “localmente”, SDUFLDO DOpP GH DWDTXHV DUPDGRV D SRSXODo}HV
WHQGR HP FRQWD TXH KRMH R ³ORFDO´ PDQWpP XPD indefesas, agressão ambiental grave (destruição
relação complexa (de abertura, mas também de GD ÀRUHVWD WURSLFDO VREUH SURGXomR GH IDWRUHV GH
fechamento) com o global. Ou seja, é a sociedade efeito estufa), agravamento da fome no mundo
ORFDO TXH WHQGR HP FRQWD RV YDORUHV ORFDLV PDV (substituição extensiva de cultivos alimentares por
também o impacto de valores globalizados, deve cultivos energéticos), etc.
± GH IRUPD GLDORJDGD H UHÀHWLGD ± LGHQWL¿FDU RV
GLUHLWRV TXH SRU FRQVHQVR DODUJDGR H LQFOXVLYR Entrevistadora 2 LQtFLR GR VHF ;;, WHP VLGR
devem ser considerados como direitos (e deveres) PDUFDGRSRUXPDSHUFHomRÀXLGDLPHGLDWLVWDHDWp
humanos. Por outro lado, a ponderação da lei com certo ponto midiática dos interesses, vulnerando,
direitos alegadamente supralegais também deve ter assim, o sentido participante da solidariedade.
HP FRQWD D TXDOLGDGH GD OHL GR SRQWR GH YLVWD GD =\JPXQW %DXPDQ FKHJRX PHVPR D VH
sua conformidade com uma democracia inclusiva, referir à comunidade estética em contraponto à
participada e construída sobre consensos ricos de comunidade ética. Nessas circunstâncias, portanto,
UHÀH[mR FRPRSHQVDURV'LUHLWRV+XPDQRVFRPRGLUHLWRGH
todos em todos os lugares?
Entrevistadora $ SDUWLU GDV 'HFODUDo}HV GH
'LUHLWRV +XPDQRV SRGHPRV GL]HU HQWmR TXH VH António Manuel Hespanha - Não creio poder
deve pensar novas formas jurídico-políticas para DGLDQWDU PXLWR DR TXH GLVVH QD UHVSRVWD SHOR
GLVFXWLU D VREHUDQLD GR (VWDGR D H[HPSOR GR TXH PHQRV QXPD UHVSRVWD FXUWD $SHQDV DGLDQWR TXH
GHIHQGH/XLJL)HUUDMROL" não me parece possível interpretar as posições de
%DXPDQ FRPR DV GH XP HVWHWD QHXWUDO HP
António Manuel Hespanha - Eu talvez preferisse relação a valores.
GL]HU TXH p D SDUWLU GD FRQVWUXomR GH XP FRQFHLWR
PDLVULFRGHGHPRFUDFLD±DFLPDHVTXHPDWLFDPHQWH Entrevistadora(PTXHSHVHDLQGDJDomRDFLPDR
UHIHULGR±HGHGLUHLWRVKXPDQRVTXHVHGHYHSHQVDU VHF;;,WHPUHLWHUDGRHPVHXLQtFLRDPXOWLSOLFLGDGH
a teoria jurídica da soberania e, paralelamente, da GH VXMHLWRV TXH FROHWLYDPHQWH UHLYLQGLFDP GLUHLWRV
VXDOLPLWDomRSHORVGLUHLWRV6HRFRQFHLWRGHGLUHLWRV humanos, a exemplo das mulheres, grupos
humanos é culturalmente enviesado, não há grande pWQLFRV SHVVRDV FRP GH¿FLrQFLD HWF &RPR YRFr
base para o impor a uma soberania legitimada por analisa essa apreensão dos direitos humanos pelos
XPDGHPRFUDFLDULFDHIRUWH6HRFRQFHLWRGHGLUHLWRV novos movimentos sociais?
humanos é produto de um consenso local forte, ele
tende a compatibilizar-se com a lei de uma democracia António Manuel Hespanha - Muito positivamente.
sã e rica, só se afastando desta lei e limitando a $FUHVFHQWDULD DLQGD TXH WDO FRPR D KXPDQLGDGH
VREHUDQLDVHDTXDOLGDGHGDGHPRFUDFLDIRUSREUH QmR p FRQVWLWXtGD DSHQDV SRU LQGLYtGXRV ± PXLWR
menos por indivíduos abstratos e isolados -, também
Entrevistadora&RPRHQIUHQWDUDVJUDYHVTXHVW}HV os direitos humanos não podem ser apenas os
FRQFHUQHQWHVDRWHUURULVPRVHPTXHSHUFDPRVGH direitos de sujeitos humanos abstratos e isolados,
YLVWDDVGLPHQV}HVTXHGHYHPHQYROYHUDFRQVWUXomR mas o de pessoas diferenciadas por muitos fatores
GR(VWDGRGH'LUHLWRQRSODQRLQWHUQDFLRQDO" de identidade e, também, os direitos de grupos
(imigrantes, grupos étnicos, religiosos, político-
António Manuel Hespanha - Estamos hoje, sem LGHROyJLFRV GH JpQHUR HWF (VWUDQKR VHULD TXH
G~YLGD SHUDQWH XP HQIUDTXHFLPHQWR GD LGHLD GH a dimensão social (grupal) da vida humana não
soberania. O exemplo eventualmente mais visível é habilitasse para a reivindicações de direitos…
o modo como diversos fenómenos de globalização
(mais ou menos alargada) têm expropriado os Entrevistadora(PVXDRSLQLmRTXDLVRVPDLRUHV
(VWDGRV GR FRQWUROH GRV ÀX[RV GRV PHUFDGRV HP contributos e limites da jurisdição internacional para
nome de uma ordem do comércio internacional a concretização dos direitos humanos?
baseada no comércio livre, apesar de, avaliadas pelos
UHVXOWDGRVDVFRQVHTXrQFLDVGLVVRQmRWHQKDPVLGR António Manuel Hespanha - Concentro-me nas
LQHTXtYRFDVGRSRQWRGHYLVWDGDLJXDOLWDUL]DomRGRV limitações. A maior, parece-me a das lacunas de
níveis de bem-estar no mundo26HVHHQWHQGHUSRU MXULVGLomR TXH GHL[DP GHVSURWHJLGDV DV YtWLPDV
WHUURULVPRWRGRVRVDWRVTXHYROXQWDULDPHQWHFDXVDP das mais comuns e contínuas violações dos direitos
VRIULPHQWRJUDYHDYtWLPDVLQRFHQWHVSDUHFHTXHR KXPDQRV IUHTXHQWHPHQWH FRQVLGHUDGDV FRPR
HQIUDTXHFLPHQWRGDVVREHUDQLDVGRV(VWDGRVDIDYRU riscos inevitáveis (danos colaterais) do nosso
GHDo}HVLQWHUQDFLRQDLVTXHFRPEDWDPHVWHÀDJHORV PRGHORGHYLGDFROHWLYRFRQVHTXrQFLDVLQHYLWiYHLV
do desenvolvimento, preços a pagar pela satisfação António Manuel Hespanha - A democracia pluralista
GD SURGXWLYLGDGH H H¿FLrQFLD H[LJLGDV SHOD é, justamente, o reconhecimento da existência de
QHFHVVLGDGHGHVDWLVID]HURVPHUFDGRV'DQRVSRU vários planos de emergência e de reivindicação
LVVRPHVPRVHWULYLDOL]DUDPQmRDWUDLQGRVHTXHUD das exigências da dignidade humana (e, também,
atenção dos media (como acontece com os casos de vários planos de participação política, de vários
de violações mais “espetaculares”, mas também FHQWURV GH UHJXODomR HWF &RP D FRQVHTXrQFLD
PDLV H[FHFLRQDLV DWUiV GDV TXDLV RV HVVHV PHGLD TXH FDGD XP GHVWHV QtYHLV PDQLIHVWD HVSHFt¿FRV
FRUUHP &RPR HVWHV GDQRV VHULDP FRQVHTXrQFLDV direitos e deveres do homem (como membro de uma
inevitáveis de um padrão civilizacional necessário, família, como participante no mundo dos negócios,
teriam um estatuto semelhante ao dos danos como participante e usuário do ambiente, como
provocados pelas catástrofes “naturais”, cujas membro de uma comunidade cultural, territorial ou
vítimas apenas são credoras de uma solidariedade religiosa, como cidadão). Todos estes sistemas de
caridosa, e não de uma reparação em justiça. YLGDHPFRPXPWrPTXHJDUDQWLUDVXDSUHVHUYDomR
Paralelamente, como não é possível imputar os como espaços de convivência e, ao mesmo tempo,
danos a agressões voluntárias, também não há estar abertos à necessidade de sobrevivência dos
lugar à imputação de responsabilidades, nem civis, outros espaços, garantindo uma estabilização
nem penais. E, não havendo lugar à imputação nem recíproca das constelações de direitos e deveres
à reparação em justiça, não há lugar à jurisdição. TXHHPHUJHPHPFDGDXPGRVVLVWHPDVGHFRQYtYLR
1HVWD SHUVSHWLYD R (VWDGR SRU H[HPSOR WHP TXH
Entrevistadora - Fale-nos dos direitos sociais como VHU PXLWR PDLV GR TXH DTXLOR TXH SURS}H D LGHLD
dimensões constitutivas dos direitos humanos. de Estado-garantia (Gewährleistungsstaat) hoje
tão de moda nos círculos liberais, como uma nova
António Manuel Hespanha - O caráter constitutivo YHUVmR GR (VWDGR VRFLDO :RKOZDUWVVWDDW SRUTXH
da dimensão social dos direitos humanos decorre DVJDUDQWLDVGHUHDOL]DomRGHGLUHLWRVKXPDQRVTXH
da dimensão social do homem, da sua natureza R(VWDGRWHPTXHSUHVWDUWHPTXHJDUDQWLUWDPEpP
e da sua dignidade. No plano da fundamentação TXHDHYHQWXDOSUHVWDomRGHVVDJDUDQWLDSHODHVIHUD
¿ORVy¿FD p D FRQVHTXrQFLD FHQWUDO GH XPD pWLFD privada é compatível com a realização desses
LQGLYLGXDOLVWD FRPR D NDQWLDQD RX SyVNDQWLDQD GLUHLWRVHTXHRVSUHVWDGRUHVSULYDGRVVmRLGyQHRV
Como o individualismo ético e jurídica continua para garantir isso.
a pesar muito sobre a construção doutrinal e
GRJPiWLFD GR GLUHLWR R PHOKRU TXDQWR D LVWR p Entrevistadora (P VXD RSLQLmR TXDLV RV
HVTXHFHU D WUDGLomR MXUtGLFD H UHFRPHoDU TXDVH SDUDGLJPDVTXHGHYHPQRUWHDUDHGXFDomRSDUDRV
GR ]HUR VREUH XPD EDVH DQWURSROyJLFD H ¿ORVy¿FD direitos humanos?
solidarista ou comunitarista; isso permite, por um
lado, reconhecer, desde o princípio, três orientações António Manuel Hespanha - A primeira exigência,
SULPRUGLDLV D SULPHLUD p D GH TXH D LGHQWL¿FDomR TXHFRQGLFLRQDWRGDVDVRXWUDVpDFUtWLFDLQFHVVDQWH
GH YDORUHV KXPDQRV WHP TXH VHU FRQWH[WXDOL]DGD DR VHQVR FRPXP HVWDEHOHFLGR ± H SURPRYLGR
em consensos comunitários sobre eles (ver, antes, SHOD GRXWULQD MXUtGLFD FRUUHQWH GH TXH RV GLUHLWRV
UHVSRVWDVHDVHJXQGDpDGHTXHHVWDQGRHP humanos são do homem individual) e não da
causa valores relativos, não a indivíduos isolados, humanidade, como coletivo de coletivos de pessoas.
mas a pessoas em comunidade, os valores geram 'HSRLV XPD DSUR[LPDomR JUDGXDOLVWD TXH DSRVWH
direitos e deveres, constituindo o desconhecimento num tudo (irrealizável) ou num nada, mas antes
destes últimos (por exemplo, o dever de socorro ou SURFXUHHPFDGDFDVRID]HUDYDQoDUQHPTXHVHMD
de auxílio, o dever de solidariedade cidadã, o dever XP SRXFR PDLV DSHQDV D TXDOLGDGH GD YLGD GDV
de solidariedade republicana [ isto é, para com a SHVVRDVFRQFUHWDVFRPRSURS}H$PDUW\D6HPQR
UHS~EOLFD ± SDJDU LPSRVWRV SRQGHUDU LQWHUHVVHV VHXDGPLUiYHOOLYUR7KHLGHDRI-XVWLFH
egoístas com os interesses do grupo, etc.] um
empobrecimento do atual discurso jurídico)3; a Entrevistadora - Hannah Arendt (2010) alertou, em
WHUFHLUD p MXVWDPHQWH D LGHQWL¿FDomR GH GLUHLWRV VHX HQVDLR ³6REUH D YLROrQFLD´ SDUD RV ULVFRV GD
humanos coletivos e individuais “de natureza burocratização do poder. Entretanto, os direitos
social” (ou seja, direitos a prestações sociais, não humanos precisam do comprometimento dos
apenas necessárias para a efetivação de direitos SRGHUHVGH(VWDGRSDUDVXDH¿FiFLDLQWHUQDHPFDGD
humanos individuais, mas também constituindo, país. Como então penar essas reais contradições
HPVLPHVPDVDVDWLVIDomRGLUHWDGHUHTXLVLWRVGH acerca do exercício do poder e da efetividade dos
GLJQLGDGHKXPDQD±YLGDGLJQD direitos humanos?
5()(5Ç1&,$6
$5(1'7+DQQDKSobre a violência.HG5LRGH
-DQHLUR&LYLOL]DomR%UDVLOHLUD