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DEBATE DEBATE
Homens, saúde e políticas públicas:
a equidade de gênero em questão

Men, health and public policies: gender equality in question

Marcia Thereza Couto 1


Romeu Gomes 2

Abstract The scope of this article is to pose ques- Resumo O artigo tem por objetivo estabelecer
tions on the theme of Men, Health and Public questões acerca do tema Homens, Saúde e Políti-
Policies to render debate on the subject viable, based cas Públicas para a viabilização do debate sobre o
on theoretical and empirical references related to assunto, com base em referências teóricas e empí-
these issues. Initially, some historical landmarks ricas relacionadas a essas questões. Inicialmente,
on the theme are presented to provide guidelines alguns marcos históricos de temática são apre-
for debate. An overview of the gender agenda in sentados para que melhor se situe o debate. Em
public policies is then presented to introduce the seguida, apresenta-se panorama da agenda de gê-
discussion about the inclusion of a gender per- nero nas políticas públicas para se introduzir a
spective in healthcare policies. After this discus- discussão acerca da inserção dessa perspectiva no
sion, queries are raised about whether or not pol- âmbito das políticas de saúde. Após essa discussão,
icies geared to men’s health promote gender equal- aborda-se o questionamento sobre o fato de as
ity. In the closing remarks, the complexity involved políticas de saúde dos homens promoverem ou não
in the development, implementation and evalua- a equidade de gênero. Nas considerações finais,
tion of health policies aimed at gender equality is aponta-se para a complexidade que envolve a ela-
highlighted. The need for the Brazilian policy boração, a implementação e a avaliação das polí-
geared towards men’s health to be implemented ticas de saúde que visam à equidade de gênero,
with other policies such that the gender matrix is bem como se destaca a necessidade de a política
transversal in the healthcare field is also stressed. brasileira voltada para a saúde dos homens arti-
Key words Public policies, Men, Health, Gender cular-se com outras políticas para que a matriz
de gênero seja transversal no campo da saúde.
Palavras-chave Políticas públicas, Homens, Saú-
de, Gênero

1
Universidade de São
Paulo. Av. Dr. Arnaldo 455/
2177, Cerqueira César.
01246-903 São Paulo SP.
marthet@usp.br
2
Instituto Fernandes
Figueira, Fiocruz.
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Iniciando o debate da discussão do tema, como segmentos sociais,


aspectos étnico-raciais, esferas institucionais,
O artigo tem por objetivo estabelecer questões modelos culturais, dentre outros, como contem-
acerca do tema Homens, Saúde e Políticas Públi- plava – de forma interdisciplinar – as aborda-
cas para a viabilização do debate sobre o assunto. gens das ciências sociais, da epidemiologia e da
A temática, historicamente, em alguns mo- biomedicina.
mentos, se distanciou de um dos primados dos Atualmente a saúde dos homens já figura no
estudos de gênero que focalizavam as desigual- campo da produção da saúde com um expressi-
dades das mulheres em relação aos homens e, vo número de artigos. Em levantamento realiza-
em outros, ajudou a relativizar algumas redu- do na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), no dia
ções desses estudos ao feminino. 25/04/2012, com a expressão ‘saúde dos homens’,
Há mais de 40 anos, surgiram nos Estados no campo ‘assunto’, foram localizados 1.113 arti-
Unidos da América os primeiros estudos, focali- gos. No entanto, no que se refere à temática ‘po-
zando principalmente déficits de saúde de segmen- líticas voltadas para a saúde do homem’, a pro-
tos masculinos. Nesse momento, era importante dução é bem menor, indicando que é um assunto
lidar com um paradoxo: ao mesmo tempo em que que ainda se encontra em expansão. Nessa mes-
os homens detinham maior poder que as mulhe- ma data, na BVS, no levantamento com as pala-
res, eles tinham desvantagens em relação a elas no vras ‘políticas’, ‘homens’ e ‘saúde’ foram encon-
que se refere às taxas de morbimortalidade1,2. trados 38 artigos.
Esse paradoxo, dentre outras ideias, impulsio- Não foi feita uma análise desses artigos, mas
nou – a partir da década de 1990 – a focalizar os se for levado em conta os títulos, observa-que
homens não apenas como organismos do sexo apenas dois deles tratam especificamente de polí-
masculino nos estudos do campo da saúde, mas ticas nacionais voltadas para a saúde dos ho-
também considerá-los em suas singularidades de mens, representando 5,2% da produção. Um tra-
sujeitos sociais no processo saúde-doença, ba- balho se refere aos países Austrália e Irlanda, en-
seando numa perspectiva relacional de gênero3,4. quanto outro diz respeito ao Brasil. O tema mais
No campo da produção do conhecimento abordado é o da “homossexualidade/sexualida-
sobre o assunto, dentre outros estudos, merece de” homoerótica, representando 18,4% da pro-
destaque a ampla revisão desenvolvida por dução, seguido pelos temas “doenças específicas”
Mckinlay5, que estabeleceu cinco hipóteses expli- (10,5%), “gênero” (10,5%), “saúde reprodutiva”
cativas para as diferenças entre homens e mulhe- (10,5%), “masculinidade e saúde” (7,8%), “fas-
res no que se refere à mortalidade e morbidade: cismo” (5,2%) e “prostituição” (5,2%). O restan-
especificidades biológico-genéticas dos sexos; di- te (26,3%) abordam temas variados, sendo cada
ferenças e desigualdades sociais; expectativas so- um com a frequência simples de um artigo.
ciais diferenciadas para ambos os sexos; busca No momento, um dos grandes desafios para
por e uso de serviços de saúde por parte dos ho- o campo da saúde coletiva é o de trazer os princi-
mens; cuidados de profissionais de saúde volta- pais princípios estabelecidos pela vasta produ-
dos para homens. ção nacional e internacional sobre a relação ho-
Outra revisão6 – esta realizada no campo da mens e saúde para o campo das políticas, sem
saúde pública brasileira – concluiu que: homens perder a perspectiva relacional de gênero, em que
morrem mais do que as mulheres pelas seguin- lidar com a saúde dos homens envolve necessa-
tes causas principais: determinados modelos de riamente lidar com a das mulheres, e vice-versa.
masculinidade podem trazer comprometimen- Nessa perspectiva, as particularidades dos gêne-
tos para a saúde; são os principais atores na vio- ros tanto não devem ser apagadas, como tam-
lência cometida contra mulheres, crianças, ou- bém não devem se excluír mutuamente. É esse
tros homens e contra eles mesmos; o desempre- desafio o mote do nosso debate.
go compromete o bem o bem-estar masculino e
pode se relacionar a suicídios de jovens. A agenda de gênero nas políticas públicas
No campo da literatura nacional, marco im-
portante no campo da saúde pública foi o lança- Considerando, tal como Castro7, a dialética
mento, em 2005, de um número especial sobre entre direitos humanos no geral e os direitos hu-
homens e saúde da revista Ciência & Saúde Cole- manos de muitos considerados em termos de
tiva da Associação Brasileira de Pós-Graduação suas vulnerabilidades e em termos de suas possi-
em Saúde Coletiva. Nesse volume, o primeiro bilidades, a discussão das políticas públicas de
desse ano, tanto se tratava de várias dimensões gênero se situa no quadro mais amplo do movi-
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mento pró-direitos humanos, da cidadania e das sociais na formulação, implantação e controle das
políticas de ações afirmativas e por identidades, políticas públicas, assim como sobre o risco do
assentados no reconhecimento de que, para além esvaziamento da dimensão de poder que a cate-
da economia, são vários os sistemas de discrimi- goria gênero congrega pelas políticas públicas9,10,14
nações e de explorações a pedir intervenções do e, por vezes, em pesquisas cientificas15.
Estado. A agenda de gênero no campo das políticas
Igualmente reconhece-se que a constituição públicas pode ser entendida como agenda síntese
de uma agenda de gênero no campo das políticas de temas priorizados por diversos atores, tendo
públicas reflete os desdobramentos das investi- como eixo as relações sócio-históricas entre ho-
gações acerca da condição feminina nos espaços mens e mulheres produtoras de desigualdades.
público e privado e do desenvolvimento da cate- No país, as primeiras iniciativas de inclusão des-
goria analítica gênero, fato destacado como em te referencial nas políticas públicas datam da dé-
expansão nacional e internacionalmente a partir cada de 1980, com destaque para as áreas da jus-
dos anos de 19808-10. Em períodos mais recentes, tiça (com a criação, em 1985, do Conselho Na-
os estudos sobre os homens e as masculinidades cional dos Direitos da Mulher, órgão do Ministé-
trazem novos aportes ao debate, bem como a rio da Justiça, e da Primeira Delegacia de Polícia
necessidade de avançar na discussão de como de Defesa da Mulher, em São Paulo, no mesmo
envolver os homens visando alcançar a equidade ano) e da saúde (instituição, em 1984, do Pro-
de gênero4,11,12. grama de Assistência Integral à Saúde da Mu-
Na complexidade que envolve as políticas lher-PAISM). Atualmente, a agenda de gênero no
públicas – aqui entendidas como cursos de ação país tem sido direcionada à violência, saúde, ge-
do Estado, orientados por determinados objeti- ração de emprego e renda, educação, trabalho,
vos, refletindo ou traduzindo um jogo de inte- infraestrutura urbana e habitação, questão agrá-
resses9 – é igualmente importante considerar a ria, acesso ao poder político, dentre inúmeros
existência de múltiplos elementos em ação, como outros temas9.
intencionalidade, instrumentalidade, interação, Inicialmente, as políticas públicas de recorte
poder e temporalidade. Assim, as definições dos de gênero foram consideradas como aquelas que
problemas, alvos da ação do Estado, evoluem reconheciam a importância das desigualdades
por meio de sucessivas ondas de tomadas de de- sociais para as mulheres em relação aos homens,
cisão dado que diferentes atores (que tomam buscavam a redução e/ou a superação destas de-
parte em grupos, entidades, instituições e, tam- sigualdades e constituíam as mulheres como seu
bém, em organismos internacionais) estão inse- público beneficiário. Em período recente, sobres-
ridos nos processos de definição, implementa- saem evidências da institucionalização de gênero
ção e acompanhamento das políticas, que se cons- nas políticas públicas, especialmente nas áreas
tituem sempre como multifacetados, disputados da saúde e educação16, como resultado de pro-
e negociados10,13. cessos multifacetados desencadeados com e a
No Brasil, as políticas públicas de gênero fo- partir do movimento feminista e dos movimen-
ram gestadas no final da década de 1970 no con- tos de mulheres. Observa-se, igualmente, a inte-
texto mais amplo da redemocratização do Esta- ração entre movimentos teóricos e políticos plu-
do e da luta pela melhoria da qualidade de vida e rais procedentes de atuações políticas de diferen-
trabalho. Neste cenário, o movimento de mulhe- tes grupos sociais que denunciam desigualdades
res e a participação das delas nos movimentos e invisibilidades junto ao Estado (mulheres, gays,
sociais e partidos políticos potencializaram a dis- transexuais), conformando um processo em
cussão sobre a assimetria de poder entre os dois constante disputa e negociação interna aos mo-
gêneros nos espaços público e privado. Sem dúvi- vimentos e grupos sociais e na relação destes com
da, a história delas nesses movimentos reflete a de os partidos políticos e o Estado.
sua constituição como sujeito coletivo e com re- No contexto da interação entre movimentos
presentação na cidadania, trazendo à cena ques- políticos e teóricos, os dilemas da construção da
tões e temas até então circunscritos ao privado. igualdade entre homens e mulheres resultaram
Embora fuja aos propósitos e à abrangência da no debate acerca da identificação da construção
presente discussão, é importante assinalar que no teórica que embasa a formulação de políticas pú-
campo da relação Estado e movimentos sociais blicas, com repercussões acadêmicas e políticas. A
(especialmente o movimento feminista), sempre partir dessas bases, as políticas públicas serviri-
esteve presente o debate em torno da preservação am para beneficiar as mulheres e representariam
da autonomia e/ou integração dos movimentos um acerto de contas histórico nas diversas áreas
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em que estas foram subjugadas - para uma abor- Políticas públicas na saúde
dagem que toma a categoria gênero em suas di- e a perspectiva de gênero
mensões constitutiva e explicativa das relações
entre homens e mulheres, entre homens e entre Segundo Vilella et al.17, a incorporação da
mulheres. Gênero passa, portanto, a ser entendi- categoria gênero no campo da saúde – se for
do não como uma mera condição sócio-histórica politicamente compromissada – pode trazer no-
que determina, por si só, diferenciais de vulnera- vas dimensões para que melhor se compreenda
bilidade e reproduz desigualdades entre homens e os eventos da vida de mulheres e homens em
mulheres, mas como uma categoria relacional busca da ampliação da autonomia.
(não confundida com complementar, mas como O processo político-acadêmico de instaura-
instauradora e reprodutora de assimetrias de ção e desenvolvimento da perspectiva de gênero
poder) e transversal (portanto, em sua interação nas políticas públicas em saúde toma corpo na
com raça/etnia, classe social, diferenças de gera- conjuntura histórica, política e cultural de rede-
ção, capital cultural, etc.)14,16. mocratização do país e de reestruturação do con-
Na atual conjuntura do debate sobre gênero junto do sistema de saúde. Segundo Aquino18,
nas políticas públicas, a dimensão da transver- além da influência direta do feminismo na aca-
salidade e a perspectiva da equidade têm mereci- demia e em instâncias governamentais, organis-
do destaque em termos nacional e internacio- mos como a Organização Mundial da Saúde
nal8,9,12,14. No tocante à transversalidade, desde (OMS) e a Organização Pan-americana da Saú-
que se conceba gênero como constituinte e cons- de (OPS) têm promovido a institucionalização
titutivo das representações sobre o masculino e da perspectiva de gênero nas pesquisas e políti-
o feminino e amplamente disseminado na forma cas públicas de saúde. Alerta, no entanto, que
como pessoas, grupos e instituições se posicio- seu uso generalizado tem frequentemente esvazia-
nam e intervém no mundo, não é possível pensar do o poder heurístico do conceito, ao reduzi-lo à
a existência de políticas públicas neutras em ter- descrição das diferenças entre homens e mulhe-
mos de gênero. Em consequência, deveria ser for- res em mera substituição ao sexo.
temente recomendado que toda definição de ação O PAISM constitui exemplo de como o movi-
política considere os diferentes impactos segun- mento de mulheres, na política e na academia,
do gênero. Em termos concretos, entretanto, a introduz a dimensão de gênero nas políticas pú-
transversalidade tem sido implementada via rei- blicas de saúde; não apenas porque mulheres (fe-
vindicação de que a problemática das mulheres ministas) passam a compor o grupo de formula-
seja contemplada toda vez que se formular e im- dores do programa no Ministério da Saúde (MS),
plementar programas e políticas. A discussão da mas pelos princípios político-práticos que regi-
equidade, por sua vez, remete à problematização am o programa: o deslocamento das questões
da diferença expressa em desigualdade e da solu- reprodutivas da esfera moral e da atuação restri-
ção desta última na forma de igualdade de valor ta do Estado para o campo da decisão ética indi-
e de oportunidades, considerando as diferenças vidual e do direito social19. E, no campo assisten-
e as particularidades de grupos e sujeitos. Dado cial, a integralidade, na qual se aborda a saúde da
que gênero – como elemento que define, organi- mulher em sua dimensão global e em todas as
za e baliza práticas sociais – produz desigualda- fases do seu ciclo vital, e a universalidade20.
des, as políticas públicas, inseridas no marco dos A partir da década de 1990, em colaboração
direitos e da equidade, deveriam responder a es- conjunta com os movimentos gay e lésbico, o
sas desigualdades por meio da alteração dos movimento de mulheres agrega outros temas,
marcos que as fundamentam e legitimam, ou seja, demandas e perspectivas de gênero para pensar
buscando implicar homens e mulheres no deba- os direitos reprodutivos e os direitos sexuais
te e na luta por direitos e cidadania. Para Giffin14, como expressão de cidadania21. Passados quase
a equidade de gênero se refere não a toda dife- 30 anos da sua criação, as análises sobre a imple-
rença, mas a diferenças que são consideradas in- mentação do PAISM demonstraram que, apesar
justas, ou seja, a identificação de iniquidades está de algumas ilhas de excelência, o programa não
baseada em valores que tornam desiguais ho- se implementou de forma satisfatória no terri-
mens e mulheres em termos de importância so- tório nacional. No rol dos fatores envolvidos
cial. Trata-se, nesse sentido, de lidar com dife- nesta avaliação merecem destaque o contexto de
renças que, em sendo distinções de sujeitos, va- crise e ajuste fiscal da década de 1990 e a agenda
lem o mesmo enquanto sujeito ético e de direitos de reforma do Estado que resultaram em políti-
para a sociedade. cas de focalização, com reflexos na fragmenta-
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ção em programas por agravo ou condição, que ação remeta à noção de gênero como uma cons-
são sucessivamente criados, especialmente nas trução dinâmica e fluida que atua de modo entre-
áreas de pré-natal, assistência ao parto e anti- laçado no plano social com outras referências
concepção, mas que não apresentam bases polí- (classe, idade, raça/etnia, exercício da sexualida-
ticas e financeiras de sustentação e continuidade. de), produzindo resultados distintos (e por vezes
Além disso, destaca-se a morosidade, o descom- contraditórios) para homens e mulheres, as polí-
passo entre as proposições, o planejamento e as ticas ainda mantêm fortemente a ênfase nas mu-
medidas práticas e a falta de compromisso polí- lheres como público beneficiário e os homens ainda
tico para a implementação do programa9,22,23. não são vistos como sujeitos potenciais para um
Em 2004, o Ministério da Saúde (MS) lançou trabalho cujo objetivo é alcançar a equidade de
a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde gênero. Entende-se que esta é uma forma reduto-
da Mulher (PNAISM). Essa política, além reto- ra de se tratar a política por abordar apenas parte
mar princípios do PAISM e reafirmar a saúde da da questão do poder, lembrando que os benefíci-
mulher como prioridade 24, considera, dentre os dados às mulheres como correção da desigual-
outros aspectos, as especificidades das mulheres dade por vezes podem, como dispositivo discipli-
negras, indígenas, lésbicas e profissionais do sexo, nar biopolítico, aumentar a normatização sobre
apoiada num explícito enfoque de gênero que tem elas, o que se deveria arguir para mulheres e ho-
a integralidade e a promoção da saúde como prin- mens. Outra questão a ser mais trabalhada é a
cípios norteadores. Além disso, explicita a busca diversidade de valor que concretamente se opera
de consolidação dos avanços no campo dos di- no interior da população masculina, tornando a
reitos sexuais e reprodutivos, reforça o combate questão do poder mais complexa.
à violência doméstica e sexual e agrega a preven- Assim, embora gênero constitua referência em
ção e o tratamento de mulheres vivendo com políticas de saúde em diferentes países, há pelo
HIV/Aids, portadoras de doenças crônicas não menos três décadas, cabe perguntar exatamente
transmissíveis e de câncer ginecológico. o que define equidade de gênero no contexto de
O PAISM, e mesmo sua atualização na ambos, homens e mulheres. Para Barker e
PNAISM, teve pouco impacto na inclusão dos Aguayo25, só recentemente os homens começa-
homens, mesmo considerando-se uma de suas ram a ser considerados como atores relevantes
áreas prioritárias, o planejamento familiar. As- das políticas e programas. Esta afirmação parece
sim, cabe problematizar, seguindo os argumen- ser válida tanto para programas de atenção vol-
tos de Medrado e Lyra11, sobre que concepções de tados para a recuperação de danos à saúde (adoe-
homem orientam as políticas de gênero no cam- cimentos), quanto para práticas de prevenção e
po da saúde; e o que se quer com a inserção dos promoção da saúde, nos moldes do PAISM ou
homens na agenda de gênero na saúde? Em ou- PNAISM. É, nestes termos, que a inclusão dos
tras palavras, dado que os homens, enquanto homens como atores constituintes do problema
sujeitos implicados no processo histórico, social, das iniquidades de gênero e também protago-
cultural e linguístico de gênero são, portanto, par- nistas aliados na redução das desigualdades en-
ticipantes da produção, manutenção e/ou ressig- tre homens e mulheres tem sido recentemente
nificação das relações de poder com as mulheres considerada.
(e outros homens), o desafio que se coloca é o de Não se pode deixar de mencionar que, ao
incluí-los para que tenham suas necessidades e contrário de outros países, no Brasil não se ob-
vulnerabilidades conhecidas e respondidas e para serva expressividade de movimentos sociais or-
que, por meio dessa medida anterior, sejam tra- ganizados de homens orientados por discussões
balhadas suas relações com as mulheres, em ter- e demandas segundo o referencial de gênero ou
mos da saúde e seus cuidados, de modo a realiza- das masculinidades. Outro fator pode ser tribu-
rem relações mais simétricas, isto é, como sujei- tado à dificuldade, por parte da academia e dos
tos de mesmo valor em relação comunicativa. formuladores das políticas, em promover uma
As recentes revisões de Siliquini et al.8 e Baker revisão do ‘homem-genérico’26. Dado que, origi-
e Aguayo25 sobre a inserção das perspectivas de nalmente, a incorporação de gênero nas políticas
gênero e das masculinidades nas políticas públi- públicas é tributária do feminismo, que combate
cas de saúde nos planos nacional e internacional a assimetria e a desigualdade entre homens e
sugerem respostas para as questões propostas mulheres, o homem tende a ser tomado como
por Medrado e Lyra11 na medida em que apon- um ‘outro’ praticamente homogêneo que visa à
tam que, embora o marco analítico de gênero manutenção do poder e dos privilégios que sua
explicitado em muitos programas e planos de condição de sexo possibilita. Tratados como
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‘iguais’, os homens são (in)visibilizados quanto pública de saúde, apoiada na perspectiva de gê-
às contradições e vulnerabilidades que enfren- nero e com foco nos homens: a Política Nacional
tam face ao exercício concreto das masculinida- de Atenção Integral à Saúde do Homem
des. Será possível, portanto, a partir do reconhe- (PNAISH), lançada oficialmente em 200930. Na
cimento dessas diferentes realidades atravessa- análise de Richardson e Smith29 e Richardson e
das pela interação entre as normas sociais, os Carroll31, destacam-se a política da Irlanda, que
símbolos e a experiência dos sujeitos concretos data de 2008 (“National men´s health policy
avançar na compreensão do significado da equi- 2008-2013: working with men in Ireland to achie-
dade de gênero e na formulação e implementa- ve optimum health and wellbeing”), e a política
ção de propostas que considerem a pluralidade australiana, instituída em 2010 (“National male
das formas de existir e de se relacionar de ho- health policy: building on the strengths of Aus-
mens e mulheres12,25. tralian males”).
Diferentes análises apontam que a incorpo-
ração de um trabalho positivo e ativo com ho- Políticas de saúde dos homens: a busca
mens no âmbito das políticas de equidade de gê- de uma equidade de gênero na saúde?
nero (na saúde e em outras áreas como educa-
ção e violência) tem sido apoiada por diversas Dado as políticas de atenção à saúde do ho-
iniciativas e documentos da Organização das mem serem recentes, são escassas as análises do
Nações Unidas e da OMS8,25,27. processo de constituição e, ainda mais restritas,
O reconhecimento de que a implantação de aquelas sobre sua implementação. Para a políti-
políticas de equidade de gênero no campo da saú- ca brasileira, destacam-se as reflexões de Carra-
de é um caminho legítimo e oportuno supõe, em ra et al.32 e Medrado et al.28,33, bem como a recen-
primeiro lugar, identificar semelhanças e as dife- te pesquisa de avaliação realizada em cinco esta-
renças nas necessidades de saúde de homens e dos brasileiros acerca do primeiro ano de im-
mulheres (ambos considerados no plural); em plantação da PNAISH34, cujos principais resulta-
seguida, garantir a igualdade de oportunidades dos são apresentados em artigos deste número
para que homens e mulheres acessem recursos temático.
para que possam realizar seus potenciais para a Um primeiro aspecto que chama atenção é que
saúde. No entanto, isto não significa desconside- a justificativa para o processo de elaboração das
rar a dimensão social das assimetrias e desigual- políticas dos três países guarda relação com o de-
dades de poder entre homens e mulheres e, tam- senvolvimento de uma subárea das investigações
pouco, que muitos homens se apoiam e se bene- de gênero e saúde que se debruça sobre a constru-
ficiam das prerrogativas de gênero presentes e ção social das masculinidades e seus impactos no
reforçadas por instituições como família, igreja e processo de saúde, adoecimento e cuidado.
Estado. Ao partilhar este posicionamento, Ba- Um segundo aspecto comum às três políticas
rker e Aguayo25 e Medrado et al.28 reforçam que a é a ênfase sobre as barreiras socioculturais relacio-
agenda de gênero com foco nos homens deve nadas ao cuidado em saúde dos homens29,31,32.
apontar para a equidade de gênero em beneficio Especialmente no caso brasileiro, também são
das mulheres, meninas e dos próprios homens e destacadas as barreiras institucionais de acesso
meninos. E os programas dirigidos a homens ao sistema de saúde, especialmente na atenção bá-
devem cuidar para que não tragam efeitos nega- sica13,32, já que os homens buscam, preferencial-
tivos nas mulheres. mente, a atenção ambulatorial e hospitalar.
A despeito deste reconhecimento, a existência A perspectiva de gênero, portanto, é alçada
visível da equidade de gênero em projetos e pro- como matriz explicativa dos determinantes do pro-
gramas que incluem homens ainda é pouco cla- cesso de saúde-adoecimento e cuidado dos ho-
ra. Recentes análises realizadas no Brasil, México mens e as três políticas visam ações de promoção,
e Chile25 e Irlanda e Austrália29 demonstram que prevenção e recuperação da saúde nos níveis indi-
a maioria dos projetos tem alcance reduzido, são vidual e coletivo. O questionamento que se faz,
de curta duração e não estão incorporados na então, é: o reconhecimento das dimensões socio-
agenda governamental das políticas públicas. cultural e histórica das masculinidades e suas in-
Outro elemento débil dos programas é a falta de fluências nos processos de saúde, adoecimento e
registros sobre os efeitos, resultados e impactos cuidado dos homens bastariam para caracterizar
em termos de equidade de gênero. as políticas no marco da equidade de gênero? As
Dentre os três países alvos da investigação de dimensões relacional e de poder entre homens, e
Barker e Aguayo25, apenas o Brasil tem política entre homens e mulheres, estariam contempladas?
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Tomando-se os três países, e direcionando o cos como recursos argumentativos para justifi-
olhar para o caso brasileiro, compreende-se que car a necessidade de formulação de políticas. O
sua institucionalização promove mudanças e documento da PNAISH traz a marca do uso re-
inovações em diferentes planos – que se influen- tórico das informações de morbimortalidade que
ciam mutuamente – que precisam ser problema- ajudam a criar uma leitura vitimária dos homens,
tizadas no contexto da perspectiva de gênero aqui e, além disto, forja um sujeito (homem) que ne-
adotada: 1. cria uma visão dos homens como cessita de privilégios ou atenção especial28,32. Em
grupo populacional específico; 2. reforça e legiti- segundo lugar, devemos atentar para o fato de
ma a saúde dos homens como uma área priori- que o recurso aos dados de morbimortalidade
tária de ação do Estado; 3. institui a necessidade por parte dos formuladores das políticas toma
de planejamento e ação por parte dos diferentes parte no longo processo histórico de medicaliza-
níveis da gestão de saúde. ção do corpo masculino. Trazer à cena a saúde
Quanto ao primeiro aspecto, ao estabelecer integral do homem como alvo de atuação gover-
uma visão dos homens como um grupo popula- namental implica repensar o que há de particular
cional específico, corre-se o risco de reproduzir a nas necessidades de saúde dos homens (compa-
tendência de focalização do gênero no singular, rativamente às mulheres) e como estas são insti-
essencializando as masculinidades em um único tuídas a partir de um jogo de poder no qual to-
referente de homem. Este perigo da supressão da mam parte grupos da sociedade civil, academia,
dimensão relacional de gênero foi apontado entidades médicas e Governo. Somado a isto, há
como importante desafio da implantação das que se discutir que as definições de ‘novas’ neces-
ações das políticas irlandesa e australiana29,31; sidades de saúde dos homens, e o correlato risco
embora os documentos das políticas explicitem da medicalização dos corpos masculinos, respon-
o reconhecimento e a preocupação em conside- dem a uma complexa articulação de processos
rar e contemplar os homens em termos de diver- econômicos, culturais, tecnológicos e políticos32.
sidades étnicas, de situação de classe, orientação Em terceiro lugar, é igualmente importante levar
sexual, dentre outras. No caso da PNAISH, ain- em conta o perigo de reforço da responsabiliza-
da que um dos objetivos específicos se volte à ção dos homens no tocante à saúde, bem como
[...] promoção da atenção integral à saúde do ho- de uma gestão de saúde inteiramente centrada no
mem nas populações indígenas, negras, quilombo- indivíduo (e na doença).
las, gays, bissexuais, travestis, transexuais, traba- Embora a literatura sobre a relação homens e
lhadores rurais, homens com deficiência, em situ- cuidado tenda a enfatizar a falta de responsabili-
ação de risco, em situação carcerária, entre ou- dade destes pela sua saúde (a referência à media-
tros, desenvolvendo estratégias voltadas para a pro- ção feminina para o cuidado à saúde masculina é
moção da equidade para distintos grupos sociais30, um exemplo claro disto), a transposição desta di-
no Plano de Ação Nacional da Política para 2009- mensão cultural do cuidado para a assistência e o
2011, não há nenhuma referência à diversidade trabalho dos profissionais deve ser realizada a
acima apresentada dentre as ações prioritárias partir de uma visão que considere a dimensão
para o período35. Com isso, o reconhecimento cultural, mas que não a reforce, já que a aposta se
da pluralidade das formas de exercício das mas- assenta no desenvolvimento da autonomia dos
culinidades e das condições de existir dos homens sujeitos para o cuidado em saúde. Relacionado a
parecem se contradizer com o posicionamento isto, o foco na responsabilidade individual para a
de que os homens (aqui tomados em conjunto) redução do ‘risco’ ao adoecimento não pode igno-
são ‘vulneráveis’ às doenças por demonstrarem rar os fatores estruturais, como as condições so-
“dificuldades em reconhecer suas necessidades, cioeconômicas, a referência à raça/etnia e à orien-
cultivando o pensamento mágico que rejeita a tação sexual que, como aponta a literatura3,5,6,
possibilidade de adoecer”30. Embora as ações ini- têm impacto profundo sobre saúde.
ciais de implementação das políticas nos três pa- No tocante ao último aspecto, deve-se consi-
íses estejam em curso, no caso brasileiro se ob- derar que a recém-implantada política de atenção
serva o descompasso entre uma proposição teó- aos homens no país (bem como na Austrália e
rica que reconhece a diversidade e uma ação ins- Irlanda) pode se constituir em recurso importan-
titucional que reforça a unicidade. te para os gestores e os profissionais que desejam
O segundo aspecto – postular a saúde dos avançar no tocante à saúde masculina (e, relacio-
homens como área prioritária – remete, em pri- nalmente, à saúde das mulheres), desde a pers-
meiro lugar, à discussão sobre o uso (e abuso) pectiva da integralidade do cuidado e da saúde
corrente de dados demográficos e epidemiológi- como direito. Entretanto, estão colocados desafi-
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Couto MT, Gomes R

os importantes para sua efetiva implementação, (PAISM e PNAISM) que são resultado de um pro-
especialmente na atenção primária que foi alçada tagonismo histórico das mulheres feministas e
como âmbito de ação preferencial da PNAISH30. dos grupos gay e lésbico, se processou a partir de
Dentre eles: 1. Reconhecer quais demandas e ne- uma decisão política a nível governamental27,31.
cessidades de saúde dos homens se inscrevem efe- A discussão apresentada aponta para o reco-
tivamente em uma atenção básica e pensar res- nhecimento da complexidade que envolve a ela-
postas para neste nível de atuação que se apoiem boração, a implementação e a avaliação das polí-
nos marcos da atenção integral e não venham a ticas de saúde que visam à equidade de gênero. Os
constituir mais outro pronto-atendimento ou princípios e os objetivos da PNAISH devem ser
consulta especializada; 2. garantir recursos esta- debatidos e apoiados não apenas como uma po-
tais suficientes para implementar os panos de ação lítica voltada para homens, mas como da política
da política de forma consistente, bem como para transversal de gênero no contexto das ações em
avaliar os resultados alcançados; 3. investir na saúde. Neste sentido, é importante retomar a dis-
capacitação de gestores e profissionais da assis- cussão sobre a transversalidade e a equidade de
tência de forma que possam reconhecer que as gênero, pois, mais do que se ter mulheres (e ho-
necessidades de saúde dos homens são produzi- mens) contemplados em distintas políticas como
das num contexto de produção prático-simbóli- beneficiários, se faz necessário legitimar enfoques
ca onde se concreta gênero, raça, classe, geração, de gênero em políticas de cunho universal7.
entre outras referências identitárias28,34; 4. refor- As primeiras análises da PNAISH28,32-34 indicam
çar a necessidade da participação social no pro- que um desenho de gênero transversal e equânime
cesso de definição, implementação e avaliação de apenas se esboça, pedindo, portanto, mais investi-
ações da política, reconhecendo que é com e a mento teórico-político e leitura mais reflexiva a
partir do debate entre diferentes grupos sociais partir de bases de pesquisas e debates que vêm to-
que se constitui e se efetiva o controle social das mando corpo no campo da saúde coletiva nos úl-
políticas públicas28; 5. potencializar, a partir das timos anos. Entende-se que a PNAISH não repre-
redes de atenção existentes e prioritárias do MS (a senta, em termos políticos, a luta de movimentos
exemplo, as áreas da saúde da mulher, saúde do sociais por identidade, dado que a história de sua
trabalhador, saúde da população LGBT, progra- constituição não é oriunda da luta por ações afir-
ma de combate à violência, entre outros), aspec- mativas apoiada no movimento pró-direitos hu-
tos relativos à saúde do homem desde uma pers- manos e de cidadania. Entretanto, é pela dinamici-
pectiva de gênero relacional e transversal34. dade e engendramento que esta política pode e deve
relacionar com outras (PNAISM, Política Nacio-
nal de Saúde da População Negra36, Programa Bra-
Considerações finais sil sem Homofobia37, entre outros) que se pode
avançar rumo a uma matriz de gênero transversal
O desafio da equidade de gênero no âmbito das para a saúde. Em outras palavras, é pela e com a
políticas públicas tem sido alvo de debate nacio- relação entre estas políticas, a partir de princípios e
nal e internacional8,12,14. No Brasil, a instituição diretrizes orientadas por gênero, que se produzirá
da política de saúde do homem ocorreu em 200930 alterações nos construtos que (re)produzem desi-
e, ao contrário das políticas de saúde da mulher gualdades de saúde em homens e mulheres.
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Ciência & Saúde Coletiva, 17(10):2569-2578, 2012


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