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Inovação Tecnológica Aplicada a Aduelas de Concreto para

Macrodrenagem da Bacia da Estrada Nova: Estudo de caso


Novel Technology Applied to Concrete Staves Used for Macrodrainage of Estrada Nova
Basin: Case study

José Zacarias Rodrigues da Silva Júnior (1); Mariana D. von Paumgartten Lira (2); Fernando
França de Mendonça Filho (3); João Sertorio de Miranda Neto (4); Rhayká Lopes da Silva (5);
Matheus Augusto Oliveira Mattos (6)
(1) Mestre em Engenharia Civil, Universidade da Amazônia
(2) Mestra em Engenharia Civil, Universidade da Amazônia
(3) Engenheiro Civil, Universidade da Amazônia
(4),(5) e (6) Estudante de Engenharia Civil, Universidade da Amazônia

Resumo
A Avenida Bernardo Sayão é caracterizada como uma das vias coletoras principais dos bairros que compõe
a Sub Bacia 01 da Estrada Nova. A ocupação no seu entorno é intensa e seu deu de modo desordenado e
irregular, o que agrava as condições sanitárias e ambientais, em decorrência da quantidade de efluentes e
lixo gerados pela população residente, lançados no canal sem nenhum tratamento. Na área do projeto
encontra-se um sistema de macrodrenagem que possui uma comporta manual, este sistema funciona de
maneira precária, causando inundações e conseqüentemente geram prejuízos sócio-ambientais, inferindo
na proliferação de doenças de veiculação hídrica, atmosférica ou as zoonoses, já que as moradias
encontram-se bem próximas ou mesmo em contato direto com as águas contaminadas. Para solucionar a
falta de saneamento adequado nesta área surgiu a necessidade de implantação de um novo sistema de
macrodrenagem. Tal projeto consiste na execução de uma galeria fechada constituída por aduelas em
concreto armado de alto desempenho. As condições extremamente insalubres do local requerem que seja
utilizado um material de maior qualidade para a construção destas galerias, que apresente durabilidade e
seja capaz de extender a vida útil, preservando as estruturas da construção. Para tanto, verificou-se através
de ensaios e experimentos que o aditivo metacaulim possui o melhor desempenho em se tratando de
construções que necessitam de materiais mais resistentes, pelo fato de suas estruturas estarem
constantemente em contato com os mais distintos agentes agressores
Palavra-Chave: Macrodrenagem, Aduelas de concreto, Metacaulim

Abstract
Bernardo Sayão is an avenue known as one of the main gathering ways of the districts that are part of the
sub watershed 01 in Estrada Nova. The occupation of its surroundings is intense and it happened in an
irregular and disorderly way, this worsen the environment and sanitation conditions due to the quantity of
effluent and garbage generated by the resident population, threw in the channel without treatment. In the
area of the project there is a system of macro drainage, which possesses a manual floodgate. This system
works in a poor way, provoking floods and thus generating socio-environmental losses, inferring the
proliferation of hydro placement, air placement diseases, or even zoonoses, since the homes are located
right next or even in contact with the contaminated waters. To solve the lack of adequate sanitation in this
area, the need to implant a new macro drainage system rose. Such project consists in the implementation of
a closed gallery constituted by staves of high performance reinforced concrete. The extremely unhealthy
conditions at the location require the use of a material of higher quality to the construction of the gallery,
presenting durability and an improvement in the life-cycle, preserving the structures of the construction. So, it
was verified, through evaluations and experiments, that the metakaolin addition had a better performance in
the topic of constructions in need of stronger materials, because of the constant contact of the structures
with the most distinguish aggressive agents.
Keywords: Macrodreinage, Concrete staves, Metakaolin

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1. INTRODUÇÃO
A drenagem é uma temática antiga que passou a obter uma grande importância conforme o
crescimento da sociedade já que com o aumento do PIB os países que eram tidos como
subdesenvolvidos passaram a adotar a nomenclatura de emergentes e assim sendo possuem
deficiências no que tange as suas estruturas urbanas já que esses países atravessaram um
crescimento desordenado com a ausência de planejamento e precariedade na infraestrutura
existente.
Em Belém assim como o restante do Brasil, possui diversas deficiências no que tange o
planejamento urbano e infraestrutura tendo principalmente nas áreas periféricas a maior incidência
de problemas ligados a drenagem já que em alguns trechos ela nem existe. Como exemplo para o
desenvolvimento do trabalho iremos nos basear na bacia hidrográfica urbana da estrada nova que é
a 5ª maior bacia da cidade, a maior parte do espaço está sujeito a alagamentos em decorrência da
influência de marés, devido a sua localização. Essa bacia possui vias sendo a principal a via da
avenida Bernardo Sayão. Ela tem sua área de abrangência limitada pelos bairros da Cidade Velha,
Batista Campos, Jurunas e pelo Rio Guamá localizado ao sul.

2. O PROJETO
O projeto da obra de macrodrenagem na bacia da estranha nova faz parte do programa
PROMABEM. Tal desprendimento consiste na implantação de um sistema de drenagem e esgoto,
com o devido tratamento, limpeza e a recuperação do canal. Não obstante, há a complementação do
projeto com a urbanização do ambiente, construção de ruas, calçadas, pavimentação e execução de
áreas de lazer que além de embelezar o espaço acaba por propiciar uma melhor qualidade de vida ao
cidadão no que tange ao seu aspecto moral junto ao social relacionado a sociedade.
O projeto inicial previa um canal aberto o qual teria uma bacia de detenção cuja função seria
armazenar grandes volumes de água quando houvesse uma maior precipitação de chuvas. No
entanto, na área onde ocorrerá a obra há em torno de 300 famílias. Isso torna o processo turbulento
já que por haver necessidade de indenização as famílias o primeiro projeto teve que ser alterado
devido aos altos custos que isso teria no projeto.
A nova ideia que foi proposta pela construtora Andrade Gutierrez que é a responsável pela
execução da obra foi adotar um sistema de galerias fechadas em concreto armado de alto
desempenho. Entretanto, foram trocadas por aduelas pré-moldadas onde foi adicionado o
metacaulim com o objetivo de aumentar a velocidade de desforma e assim o ritmo da obra se
tornará mais intenso tal qual a produção. A seguir, na figura 1 podemos ver o projeto geral da obra:

Figura 1- Projeto Geral (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2012)


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2.1.1 SISTEMA DE MACRODRENAGEM
O sistema de macrodrenagem de drenagem na área em questão encontra-se bastante poluído por
efluentes sanitários que constantemente estão localizados nessa área. Os odores fétidos são
ocasionados pela precipitação de gás sulfídrico. Com o acumulo desse lixo as ocorrências de
inundações geram prejuízos além de econômicos, socioambientais e isso faz com que haja um
aumento na proliferação de diversas doenças.
Neste trecho da obra o projeto prevê a execução da galeria fechada em concreto armado, pré-
moldado com formato retangular tendo como medições externas as seguinte: 3,40 metros de altura e
6,70 metros de largura. Essa galeria é constituída por dois módulos onde cada um possui duas
aduelas justapostas de 1 metro de comprimento e além disso cada aduela possui 6,5 toneladas de
peso. Este ambiente agressivo exige do concreto. Este ambiente agressivo exige do concreto um
cuidado especial no que diz respeito a durabilidade.

2.1.2 SISTEMA DE MICRODRENAGEM


Existem trechos os quais o sistema de drenagem era inexistente, em outros precários, estão
danificados e precisam de adequação do nível, pois os pontos de lançamento estão afogados.
O projeto atualizado, prevê a correção do nível, levantamento da tubulação com construção de
sarjetas, com meio fio, as quais serão construídas ao longo de toda extensão da via a ser atendida.

2.1.3 MELHORIAS DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA


Serão efetuadas nodas ligações para substituir as danificadas com o tempo em determinados
espaços, já que a tubulação passa por dentro do cala e por conta do estado precário dos tubos ocorre
vazamentos e consequentemente a contaminação da água desse ambiente e além disso o trecho em
questão encontra-se dentro do setor de distribuição da companhia de saneamento do Pará o que fará
com que o processo seja mais ágil e viável.

2.1.4 PROJETO DE REDE DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO


Notou-se que não existem coletas e tratamento de esgoto primário.
O projeto executivo prevê mudanças com uma rede coletora de esgotamento sanitário com a
implantação do sistema do tipo separador absoluto composto de ligações domiciliares. O esgoto
coletado será encaminhado para estação elevatória e recalcado para a estação de tratamento de
esgoto.

2.1.5 SISTEMA VIÁRIO


O sistema prevê implantação de vias pavimentadas e urbanizadas com base nos relatórios de
sondagem, percebe-se que não há resistência suficiente para suportar as cargas de transito. Baseado
nisso, houve o acréscimo de camadas de areia e seixo, fazendo com que houvesse um aumento no
quantitativo do sistema viário.
Há vilas e áreas existentes que não foram contempladas com a pavimentação, havendo necessidade
de inclusão visando a melhoria nas condições de acesso.

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3. TECNOLOGIAS APLICADAS
3.1. RESUMO DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO CONSTANDO A UTILIZAÇÃO DO
METACAULIM
A Avenida Bernado Sayão apresenta diversas obstruções ao longo de sua via (casas e pontes de
madeira), por corresponder a uma faixa de 30 m de largura. Por isso, para que pudessem dá início a
obra com a demolição dessas interferências, todas as famílias que habitavam nessas casas foram
desapropriadas e indenizadas. A Figura 2 mostra o processo de demolição das obstruções:

Figura 2- Processo de demolição das obstruções. (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2012)

Logo após o termino da demolição, iniciou-se a limpeza do local, com a retirada do material
indesejado. Juntamente com esse serviço, foi executada uma rede provisória de desvio de canal,
para que a agua proveniente da chuva e dos esgotos das residências fosse desviada dos canais.
Com a rede provisória terminada, inicia-se o aterro da plataforma, com o lançamento do material
tipo arenoso nas áreas onde ocorreu a escavação.
O próximo processo a ser executado, foi à cravação das estacas pranchas escalonadas, formando
linhas paralelas, com a função de contenção de possíveis desmoronamentos. A partir daí, deu-se
início ao processo (bota-fora), que é a remoção do material arenoso que foi lançado no início. Essa
escavação é feita em sete em sete metros para a implantação das galerias, onde são aprofundadas
em cerca de 0,75 m a 0,80 m abaixo da base da estrutura. A figura 3 mostra o processo de
escavação:

Figura 3- Escavação do material arenoso. (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2012)


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Logo após, coloca-se um forro delgado de areia e uma manta geotêxtil não tecida tipo “Bidim”
sobre o mesmo para regularizar o fundo da vala. Em seguida, é adicionada mais uma camada de
areia de 40 cm, com o intuito de ser uma zona filtrante entre as demais camadas. E por fim, a ultima
camada antes do lastro de concreto, 25 cm de seixo. A figura 4, podemos ver a execução dos
lastros:

Figura 4 – Lastro de seixo de 25 cm. (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2012)


Em cima da camada de seixo, coloca-se duas telas eletrosoldadas que são separadas por
taliscas para que não ocorra insuficiência do recobrimento da armação e, em seguida é lançado um
lastro de concreto de 10 cm. Esse concreto tem em sua estrutura metacaulim, esse componente foi
adicionado com o intuito de acelerar o processo de cura e conseguir uma resistência de 30 Mpa.
Com o lastro de concreto pronto, inicia o processo de colocação das aduelas, onde as
mesmas são colocadas em pares na galeria. Logo após, ocorre a vedação das juntas com emulsão
asfáltica e cobertas pela manta de geotêxtil. Na figura 5, vemos as aduelas sendo assentadas:

Figura 5 – Assentamento de aduela. (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2012)


Ao longo da colocação das aduelas, é importante que realize o reaterro da lateral da galeria, para
evitar sobrecargas nas laterais. Então, com as aduelas todas posicionadas, começa a execução de
redes de micro drenagem e em seguida a remoçam das estacas pranchas. Com todos esses processos
terminados, inicia-se a terraplenagem que prepara o terreno para pavimentação e urbanização
futura.

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3.2. ADIÇÕES MINERAIS, SUAS PROPRIEDADES E TIPOS DE COROSÃO:
São produtos silicosos e finos e com propriedades semelhantes à do cimento. Classificados como
pozolânicos, cimenticios ou são tanto pozolânicos como cimenticios. Dentre as propriedades
benéficas, obtém-se menos fissurações térmicas pelo baixo calor de hidratação, crescimento da
resistência final e maior impermeabilidade devido a diminuição da porosidade, ocasionando
fortalecimento da zona de transição, e aumento da durabilidade, devido ao menor impacto causado
pelo ataque de sulfatos e reação álcali-agregado. (MEHTA & MONTEIRO,2008)
As adições minerais possuem grande importância no melhoramento das propriedades do concreto,
condições dificilmente alcançadas anteriormente vem se tornando mais comuns no dia-a-dia da
engenharia civil. São materiais que quando substituem o cimento Portland, em média 20 a 70% do
quanto seria utilizado, traz diminuição no custo e energia total. (MEHTA & MONTEIRO, 2008)

3.2.1. METACAULIM
Tem-se como um produtor de pequena escala de uso na região metropolitana de Belém, o
metacaulim é um produto novo no mercado brasileiro mas com alta eficiência e vantagens para
concretos produzidos a partir de cimento Portland. (GALLO,2012)
Especialmente selecionado, o metacaulim é um produto de fabricação controlada e rigorosa, sendo
classificado como pozolana de alta eficiência e normatizado pela norma brasileira (NBR 12653/92)
e americana (ASTM C618). (GALLO,2012)
Produzido a base de sílica (SiO2) e alumina (Al2O3) que realiza reações pozolânicas em misturas
cimenticias. Em fase amorfa, reage com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), produto de hidratação do
cimento. Ocorre que o metacaulim preenche os espaços vazios entre as partículas de cimento,
agindo como micro-filler. A figura a e b mostra a diferença entre a pasta com e sem adição:
(GALLO,2012)

(a) (b)
(a) e (b)- faz uma análise comparativa de uma pasta sem adição mineral e uma com adição de 8% de
metacaulim substituindo em parte o cimento, aos 28 dias. Os vazios se encontram na parte mais escuras
das fotos. (GALLO,2012)

A finura de um grão de metacaulim pode chegar a ser 100x menor que o do cimento, o que lhe
proporciona uma reatividade maior e a sua melhor disposição nos espaços entre os grãos de
cimento, ocasionando o aumento da resistência, menor porosidade e fortalecimento da zona de
transição, com uma pasta mais densa causada pela maior produção do C-S-H. A inibição de agentes
externos, como o ataque de sulfatos e reação álcali-agregado, está entre suas funções logo o
aumento da durabilidade e vida útil do concreto são propriedades intrínseca do metacaulim no
concreto.

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3.2.2. PERMEABILIDADE
A água é de suma importância para a formação do concreto, agindo como agente nas reações de
hidratação do cimento e trazendo trabalhabilidade a mistura. Temos que entorno de 25%
(denominada água em gel) somente da água permanece na mistura, sendo o resto evaporado durante
a liberação de calor. Têm-se que fenômenos como evaporação e re-saturação no concreto podem
torna-lo sucessível a vulnerabilidade quanto a água. (MEHTA & MONTEIRO,2008)
A permeabilidade (K) trata-se de uma taxa que mede o quanto de fluido percorre através de sólidos
com alguma porosidade. Seu coeficiente é calculado através da Lei de Darcy, medido como um
fluxo contínuo.
O objetivo principal do seu estudo é a obtenção de um concreto impermeável, na teoria o fluxo de
água não deverá ser mantido na matriz da pasta de cimento, para tanto pode ser utilizado agregados
de baixa permeabilidade, utilização de uma baixa relação a/c (água/cimento), mínimo teor de
cimento e tomar os devidos cuidados na mistura do concreto. (BRANDÃO E PINHEIRO, 1999)

3.2.3. REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO:


Um grande número de estruturas de concreto têm sofrido deterioração induzida por reação química
envolvendo os álcalis provenientes do cimento, geralmente dissolvidos nos poros do concreto, e
alguns minerais reativos constituintes do agregado. Estas reações em condições de umidade e
temperatura adequada produzem um gel potencialmente higroscópico. (PAULON, 1981; FURNAS,
1997).
Ao absorver umidade, o produto da reação aumenta substancialmente de volume, gerando pressões
internas que provocam expansões e geralmente perda de resistência e fissurações, comprometendo a
eficiência e diminuindo a durabilidade de instalações. O mecanismo de deterioração é chamado
reação álcali-agregado. (PAULON, 1981; FURNAS, 1997).
A reação álcali-agregado é um processo onde temos os constituintes dos agregados reagindo com o
meio alcalino da pasta (concebido pelo cimento, água de amassamento, agregados, pozolanas,
agentes externos, etc.) que se encontram em meio aos poros do concreto, resulta daí a importância
da escolha do cimento, dos agregados e da compatibilidade destes materiais. (PAULON, 1981;
FURNAS, 1997).
A manifestação da reação álcali-agregado pode se dar de várias formas, desde expansões,
movimentações diferentes na estrutura e fissurações até pipocamentos, exsudação do gel, redução
da resistência à tração e compressão e perda de durabilidade. (PAULON, 1981; FURNAS, 1997).
A reação álcali-agregado apresenta três classificações em função da composição mineralógica dos
agregados constituintes do concreto: reação álcali-sílica, reação álcali-silicato e reação álcali-
carbonato (PAULON, 1981; FURNAS, 1997).

3.2.4. CARBONATAÇÃO:
A carbonatação é um fenômeno corriqueiro nos meios urbanos, onde estão presentes na atmosfera
altos teores de Dióxido de Carbono (CO2). Em contato com as estruturas de concreto, o CO2 reage
com seus constituintes causando a redução do seu Ph de 12 para entorno de 10 e 8, tornando
sucessível a corrosão de suas armaduras. A qualidade do concreto utilizado no recobrimento da
armadura é muito importante, tendo a impermeabilidade, a relação água/cimento, a porosidade, a
resistência e a utilização correta de matérias como fatores importantes para sua propagação.
(LIMA,2000)

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A temperatura e a umidade são também fatores influenciadores da frente de carbonatação, portanto
temos que a região metropolitana de Belém com sua umidade relativa de 70% e temperatura
entorno de 23º é uma região propensa ao seu desenvolvimento. (LIMA,2000) Não é o caso da
estrutura em questão pois trata-se de uma obra enterrada, logo não temos o contato com o CO2.

3.2.5. SULFATAÇÃO:
Trata-se de um processo em que temos os íons sulfatos reagindo quimicamente com o cimento
Portland, sendo proveniente de uma fonte externa. A concentração de sulfato e a sua fonte na água,
assim como a composição da pasta de cimento, é o que torna predominante o tipo de sulfatação que
deverá ocorrer. (MEHTA & MONTEIRO,2008)
O concreto submetido ao ataque por sulfatos sofre expansão, fissuração e perda de resistência
mecânica, pois temos como produto das interações entre o monosulfato hidratado e hidróxido de
cálcio, com o sulfato, a etringita e a gipsita. Estudos mostram que a pozolana tem grande efeito
contra esse tipo de patologia, onde temos uma menor permeabilidade do concreto e a formação de
produtos resistentes a sulfatos. (MEHTA & MONTEIRO,2008)

3.2.6. COROSÃO:
A passivação do metal trata-se de uma reação lenta em que temos a formação de uma película de
óxidos sobre armação de ferro, possuindo propriedades de insolubilidade e proteção tanto química
como física (POLITO, 2006). A corrosão ocorre quando essa camada é dissolvida e então o metal
ficará desprotegido, ocasionando corrosões de natureza eletroquímica, que variam de acordo com
alguns fatores (LIMA, 2000):
• Diferença de potencial entre dois pontos quaisquer da armadura, temos a formação de uma
região catódica e outra anódica, com perda de elétrons de um ponto para outro.
• Eletrólito: a dissolução do oxigênio, que no concreto pela presença de água nos poros,
conduzirá esses íons em meio aquoso formando correntes com características iônicas.
• Oxigênio: trata-se dos íons oxigênio diluídos em meio aquoso onde serão os reguladores das
corrosões do aço.
Têm-se também o processo corrosivo ocasionado pelos sulfatos e cloretos, como já citados, onde há
dissolução da camada apassivadora, proporcionando uma acentuada diferença de potencial entre
diferentes pontos da armadura de aço. (LIMA, 2000) A figura 6 mostra o desenvolvimento do
processo de corrosão:

Figura 6-Processo de desenvolvimento corrosivo em concreto armado. (HELENE, 1986)

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3.3. VIDA ÚTIL
Segundo SILVA JR.(2005), o conceito de vida útil relacionou-se ao tempo em que uma estrutura
mantem-se de acordo com o que estabelece o projeto, mantendo suas propriedades sem a
necessidade de eventuais manutenções. E essa é a preocupação que engenheiros e construtores têm
em realizar uma obra de concreto armado com o menor custo, preocupando-se com a questão
ambiental, tendo em vista uma maior durabilidade. Ainda que as pesquisas tecnológicas tenham
evoluído é muito difícil de alcançar esse objetivo.
O modelo de Tuuti (1982), utilizado para identificar deteriorações aborda duas etapas em que
ocorre a manifestação das corrosões das estruturas, sendo período de iniciação e período de
propagação. O primeiro compreende e considera o início da obra até a fase de despassivação da
armadura, quando a frente de carbonatação atinge a armadura. O período de propagação é o período
subsequente a despassivação até o instante em que surgem manchas e marcas da superfície do
concreto ou quando aparecem fissuras e descascamentos de parte da estrutura (SILVA JR., 2005).
O gráfico 1 mostra o modelo de Tuuti para a corrosão:

Gráfico 1 – Modelo de Tuuti para explicar o fenômeno da corrosão. (SILVA JR., 2005)

A norma brasileira adota o modelo de vida útil de HELENE (1993) para identificar estruturas com
corrosão das armaduras. O gráfico 2 mostra o modelo de vida útil de HELENE (1993):

Gráfico 2 – Modelo do fenômeno da corrosão. (HELENE,1993)

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3.3.1. CLASSIFICAÇÃO DA AGRESSIVIDADE DO MEIO AMBIENTE
A agressividade ambiental acontece em decorrência das reações físicas e químicas que agem nas
estruturas do concreto.
HELENE (1997) sintetizou na tabela abaixo as classes de agressividade ambiental posteriormente o
mesmo autor apresenta outra tabela para que se avalie a agressividade ambiental em uma estrutura
de acordo com o grau de exposição ao qual a estrutura é sujeita. Temos a seguir a tabela de
HELENE (1997) para a agressividade causada pelo microclima:
Tabela 1 – A agressividade em função do microclima (HELENE, 1997).

3.3.2. CLASSICAÇÃO DOS CONCRETOS


HELENE (1997) recomenda que se siga a regra dos “4Cs” para obter a durabilidade do concreto,
que são:
+ Composição do traço do concreto;
+ Compactação ou adensamento da estrutura;
+ Cura efetiva do concreto;
+ Cobrimento das armaduras;
Com o cunho de evitar manifestações de corrosão o mesmo autor recomenda que se use a tabela 2
abaixo, com a classificação de concretos segundo HELENE (1997):

Tabela 2 – Classificação dos concretos estruturais em função da probabilidade de corrosão das armaduras.
(HELENE, 1997)

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Vale ressaltar que para obter uma boa qualidade do concreto deve-se ter boa execução dos
processos como: preparo, mistura, adensamento, desforma e a cura. Sendo muito importante a
relação água cimento e as especificações do cimento que melhor se adeque a agressividade
ambiental.

3.4. DURABILIDADE
A durabilidade é definida como sendo a capacidade de determinado material em manter sua forma,
qualidade e propriedades quando exposto ao ambiente para o qual foi projetado. Sendo assim, a
durabilidade de uma estrutura de concreto é dada a partir de sua resistência a ação do tempo,
ataques químicos, abrasão, ou qualquer outro tipo de deterioração. (MEHTA E MONTEIRO, 2008)
Existem diversos efeitos contribuintes para deterioração do concreto, como os físicos que partem de
fissurações devido à cristalização de sais nos poros e químicos que envolvem ataques por sulfatos,
reação álcali-agregado e corrosões. (MEHTA E MONTEIRO, 2008)
Com o passar do tempo os materiais perdem suas propriedades e fica possível identificar mudanças
em sua microestrutura, assim fragilizada, logo quando esses materiais se deterioram a ponto de se
tornar antieconômico e inseguro o seu uso, considera-se como o fim de sua vida útil. (MEHTA E
MONTEIRO, 2008)
Portanto, os projetistas de estruturas devem analisar a durabilidade de cada material para que não
venham a se surpreender futuramente, pois falhas ocasionadas por erros de avaliações de
durabilidade podem gerar prejuízo em uma parte substancial do orçamento total da obra. (MEHTA
E MONTEIRO, 2008)
A água é a substancia que costume ser o fator primordial para problemas na durabilidade do
concreto, sendo assim, um agente central para estudos de prevenção da taxa de deterioração.
(MEHTA E MONTEIRO, 2008)
Em estruturas de concreto a água é responsável por vários processos de degradação, por ser um
fluido de moléculas tão pequenas ela consegue infiltrar-se nos sólidos porosos prejudicando
diretamente suas propriedades e, fazendo com que esse venha a atingir o seu ponto máximo de
deterioração. (MEHTA E MONTEIRO, 2008)

4. QUALIDADE DO CONCRETO
4.1. PROCESSO DE FABRICAÇÃO DAS ADUELAS
A fabricação das aduelas inicia a partir, da identificação e do dimensionamento de onde serão
implantadas. Esse processo acontece com a utilização de concreto em formas metálicas, que
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receberão a armação conforme especificado no projeto. Após as formas estarem com todas as
armações, são colocadas partilhas para que a armadura possa ser totalmente coberta. Como
podemos notar na figura 7, a seguir:

(a) (b)
Figura 7 – (a) armação da aduela com fôrma interna; (b) fôrma metálica completa com armação.
(CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2012).

O concreto utilizado na produção das aduelas é fabricação no mesmo local onde são produzidas as
aduelas, facilitando assim, o transporte do mesmo que é feito por esteiras.
A concretagem é feita, a fim de eliminar todos os vazios, por isso as camadas são feitas no máximo
60 cm e submetidas a vibrações para um melhor adensamento do concreto. Logo, deve-se aguardar
a previa da fiscalização para a retirada da fôrma. A figura 8 mostra das fôrmas das aduelas:

(a) (b)
Figura 8- (a) Retirada da fôrma interna; (b) Retirada da fôrma externa. (CONSTRUTORA ANDRADE
GUTIERREZ, 2012)

Após a desforma, passa-se um aditivo na superfície da duela para contribuir na cura da peça. Na
figura 9, vemos a cura das aduelas:

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Figura 9 – Cura da peça (CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ, 2012).

E finalizando, identificam-se as aduelas com data de fabricação, dimensões, número de lote e uma
série indicando a posição da laje superior.

4.2. EXPERIMENTOS
4.2.1. ASCENSÃO CAPILAR
De acordo com a NBR 9779, este ensaio trata-se da determinação da taxa de porosidade no
concreto, que será definida a partir do índice de absorção do mesmo. Após 28 dias de cura, o corpo
de prova é colocado na estufa para que toda água presente nele seja evaporada. Depois de 24 horas,
ele é retirado e pesado. Logo é imerso em uma lâmina de agua de 1 cm, depois de 1 minuto é
retirado, enxugado e pesado novamente.
A tabela 3, a seguir demonstra os valores obtidos do peso do corpo de prova no estado seco e
úmido, onde se observou um resultado satisfatório, apresentando baixa absorção de água.

Tabela 3 – Resultado da absorção de água no ensaio de capilaridade. (OLIVEIRA, 2012)

4.2.2. COMPRESSÃO AXIAL


De acordo com a NBR 5739, foram usados 22 corpos de prova, de dimensão de 150mm de diâmetro
por 300mm de altura, com 7 e 28 dias, contados desde suas moldagens. O objetivo deste ensaio é a
análise da tração ortogonal em corpos-de-prova. Ensaio que tem por objetivo a análise da
resistência a compressão dos concretos.

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Figura 11- Resultados do ensaio de compressão axial. (CONCRETESTE, 2012)

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Obteve-se aumento de resistência dos corpos de prova de 7 dias para os de 28 dias de cura, logo os
resultados foram satisfatórios para o experimento. Como se demonstra no gráfico 3, a seguir:

Gráfico 3- Resultado comparativo entre os corpos de prova de 7 e 28 dias para o ensaio de compressão axial.
(OLIVEIRA, 2012.)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como um dos seus principais objetivos trazer vários benefícios e qualidade de
vida e saúde para a população que vive nessa região aumentando assim sua expectativa de vida.
Além dos benefícios oferecidos, levando-se em consideração à sustentabilidade, já que o
metacaulim substitui parte do cimento reduzindo assim a emissão de co2 na atmosfera.
Buscou-se obter uma melhor qualidade visando o trinômio da construção: durabilidade, residência e
economia. Isso só foi possível devido a adições de minerais associadas a aditivos superplastificante,
que garantiram uma boa expectativa de vida útil, de durabilidade e resistência, obtendo-se um
concreto mais resistente, com uma massa mais densificada inibindo o ataque por agentes agressores.
Temos com a adição do metacaulim, o combate a reação álcali-agregado, entre outras possíveis
patologias e a celeridade na construção. Além do mais, temos visto o aumento da resistência do
concreto em suas primeiras idades, devido a densificação da matriz
A adição do Metacaulim e de aditivos não obteve diminuição de custo da obra, mas em virtude de
ser um material que substitui parte do cimento, não s tornou uma opção inviável a obra.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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