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ANÁLISE ARTICULATÓRIA

Esta área trabalhará no exame de uma obra a partir do ponto de vista de sua
articulação em função do tempo (e também do espaço, se a música analisada assim o
requerer, por suas características intrínsecas), desde a macro até a microforma.
Aqui, afim de evitar a confusa terminologia “tradicional” (motivos, frases,
períodos, etc.), proponho a aplicação de um termo genérico Unidade Formal, para
designar cada uma das partes em que se vá articulando uma forma sonora, distinguindo
os diversos níveis formais seguindo o que denomino de Grau da respectiva unidade
formal. Por tanto, as unidades formais de “primeiro grau” serão aquelas de maior
magnitude em que se articula a forma, e daí em diante, o número que indica o respectivo
grau irá crescendo a medida que se avance em direção ao nível microestrutural.

Aspectos de análise articulatória:

• Modo em que se dá a passagem de uma unidade formal à outra, o qual poderá dar-se
por:
• Separação: quando, entre a conclusão de uma unidade formal e o começo da
outra seguinte, existe um silêncio de qualquer tamanho.

A B

• Justaposição: quando duas unidades se sucedem sem que exista


descontinuidade sonora entre o final de uma e o começo da outra (por tanto
neste caso, o fator articulatório deverá ser outro, em lugar do silêncio).

A B

• Elisão: quando um elemento ou grupo de elementos de uma determinada


unidade formal funciona também como começo da unidade seguinte (também
neste caso deverá existir “fatores articulatórios” de outra índole ao invés do
silêncio).

A B

• Superposição: quando, estando a textura constituída por mais de um “plano


sonoro” (“estrato”), uma nova unidade formal começa em um destes estratos,
antes que a unidade anterior termine.

B
A

• Inclusão: neste caso, podemos dizer que constitui fundamentalmente em um


“modo de articulação especial”, mais que especificamente temporal, ele se dá
quando, em uma textura constituída por mais de um extrato, algum destes
começam e terminam suas unidades formais dentro do tempo que dura uma
unidade em outro extrato, começando depois do início de uma unidade e
terminando antes do fim desta mesma.

• Magnitude da articulação

Aqui, partimos do ponto em que muitos casos deve-se estabelecer uma


independência entre o nível morfológico de articulação (definido pela extensão temporal
relativa das unidades formais) e o que podemos chamar de Grau ou Magnitude da
articulação entre unidades, o qual se definirá em função de diversos fatores, a considerar
para cada obra em particular (tais como: extensão temporal dos silêncios que separam as
unidades, características do processo de troca em determinados aspectos dos diversos
parâmetros e fatores em jogo, como Harmonia, registros, timbres, texturas, etc.).
Em função deste tipo de exame, se poderá fazer para cada obra analisada, algo assim
como uma “escala de magnitudes e fatores articulatórios”, que permitirá estudar
ordenadamente sua evolução, função e efeitos sobre a totalidade da forma, ao longo da
peça.
• Também se deverá levar em conta aqui o efeito que determinados tipos de texturas
provocam a existência de “zonas” e não “pontos” de articulação, tal como ocorre ,
por exemplo, no caso do contraponto modal renascentista na música européia, a onde
os processos articulatórios da forma se produzem da maneira dos casos de
superposição, dando lugar então a existência de uma zona dentro da qual, cada uma
das vozes da textura vão tento sua articulação em pontos geralmente não
coincidentes, o qual leva a definir este tipo de processo como Zona de Articulação e
não Ponto de Articulação, como se pode encontrar em formas predominantemente,
por exemplo, nas obras do séc. XVIII europeu.

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