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@ ANALISE DO SEGMENTO DE PROCESSAMENTO DE CASTANHA DE CAJU FEITO EM MINIFABRICAS DO ESTADO DO CEARA SOB A OTICA DA NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL Autores FRANCISCO MAVIGNIER CAVALCANTE FRANCA Doutor em Desenvolvimento e ‘Melo Ambiente (PRODEMA) ‘mavignierf@yahoo.com.br JOSE CESAR VIEIRA PINHEIRO ‘Doutor em Economia Universidade de Sao Paulo (USP) JAIME MARTINS DE ‘SOUSA NETO ‘Doutor em Zootecnia pelo Programa de Doutorado Intgrado em Zootgcnia (POL) - UFC/UFRPE/UFPB Jaime-martins@hotmail.com RESUMO. Este trabalho consiste em avaliar aplicabilidade das técnicas de andlises de investimentos para verificar a Viabilidade de projetos, além de realizar comparagao da rentabilidade das aplicagées feltas pelos investidores, através das informagbes fomecidas pelos métodos de andlise, tomando-se capaz a tomada de decisées, avaliando os riscos das propostas de negécios, bem como as probabilidades de cenérios positives ou negalivos. A anélise dos investimentos permite avaliar (© empreendimento, como também outras opcdes para se aplicar 0 capital. Os indicadores estudados foram o Valor Presente Liquid, Payback, Taxa Intema de Retomo e Relagdo Beneficio Custo. Essas técnicas proporcionam uma andlise ampla e completa, fundamentando a escolha e reduzindo os riscos, dessa forma, contribuindo para resultado positivo do negécio. PALAVRAS-CHAVE: Andlise de risco, payback, TIR, VPL. ABSTRACT This work is to evaluate the applicability of the techniques * of investment analysis to verify the feasibility of projects, and perform comparison of the profitability of investments ‘made by investors through the information provided by analytical methods, making it capable decision-making, evaluating the risks of business proposals as well as the probabilities of positive and negative scenarios, The analysis of investment allows us to evaluate the project, as well as other options to apply the capital. The indicators studied were the Net Present Value, Payback, Internal Rate of Return and Benefit Cost. These techniques provide a broad and complete analysis, basing the choice and reducing risks, thereby contributing to positive business results. KEYWORDS: risk analysis, payback, IRR, NPV. ‘REVISTA GIENTIFICAFACPED- Facade Pace Dura, And, ies 2098 1SGN 2447-805 4. INTRODUGAO A cajucultura cearense apresenta um aradoxo preocupante, pois, de um lado se apresenta como de grande importéncia econdmica e social e de outro como uma cadeia estagnada e tendente a perder a competitividade. Essa realidade tem preocupado hd muitos anos os agentes pUiblicos e privados. Mesmo nao havendo ainda resultados palpavels, quanto a reversao deste quadro, & notavel 0 esforgo do Governo do Estado (ADECE, SDA, EMATER, SECITECE), da EMBRAPA, FIEC-INDI, FAEC/ASCAJU, do SEBRAE, do BNB e do SINDICAJU, dos. agentes produtivos e de algumas ONGs, na busca do soerguimento dessa cadeia, em bases sustentaveis. Dentre as iniciativas de soerguimento da cadeia do caju, tem-se intensificado os debates e mesmo a experimentacao de novas abordagens do desenvolvimento de negécios no meio rural. Temas como: desenvolvimento ‘econémico local, abordagem de agronegécios, arranjos produtives locais, governanga territorial e outras modalidades afins, que incorporam aspectos da globalizagao e da sustentabilidade, tém permeado todas as ages dos agentes puiblicos e privados. Frente a riqueza dessa realidade inovadora é que se vislumbra, por meio de um esforgo orientado © sequenciado, identificar © programar os mecanismos e agdes que induziréo a cadela produtiva da cajucultura cearense a sustentabilidade econémica, social e ambiental. Assim, dentro desse cenario, espera- ‘se que este artigo se some aos esforcos ora ‘empreendidos na analise das imperfeigdes do sistema de govemanga, dos mecanismos de mercado e das atitudes dos produtores das instituig6es que esto impactando o elo de processamento da castanha de caju em minifabricas do Estado do Ceara. Propdem- ‘se, também, formas inovadoras, a luz da nova ‘economia institucional, para reverter o quadro de ineficiéncia econdmica e estagnacao deste importante elo da cadeia produtiva do caju. © objetivo desse trabalho, portanto, € determinar a estrutura de governanca mais adequada nas transag6es entre as agroindistrias de pequeno porte e o mercado de améndoas de castanha de caju do Estado do Ceara, com base nos postulados da nova economia institucional. 2. A CAJUCULTURA NO CEARA Durante as décadas de 80 ¢ 90, o Brasil detinha a segunda posigo mundial em produgao e em processamento de castanha de caju para exportagao. Em 1986, 0 Brasil respondia pela produgio de 96.700 t de castanha e a India (maior produtora mundial) or 140.000 t. Nesse ano, 0 Brasil respondeu por 29.4% da produgdo mundial, enquanto que, em 2006, representou apenas por 18,0%, passando para 0 4° lugar no ranking intemacional. A expanséo da produgéo mundial de castanha de caju nestes tiltimos dez anos tem sido exponencial, sobretudo, no Vietnd na Africa Ocidental, enquanto que no Brasil encontra-se praticamente estagnada. O crescimento dos concorrentes tem ocorrido de forma quantitativa e qualitativa. As vantagens competitivas dos palses concorrentes sdo alicergadas na alta produtividade obtida, nos baixos custos de produgao, na regularidade do clima e na existéncia de solos mais férteis, falores no caracteristicos do Nordeste do Brasil. Segundo a Revista The Craker (2009), a perda de importancia relativa do Brasil ‘como produtor e exportador de castanha de caju 6 marcante. Entre os periodos de 1995/1996/1997 e 2005/2008/2007, a Nigéria aumentou sua produgao em 473%, 0 Vietna em 305%, a India em 49% e, o Brasil, em apenas 20%. Amédia da produgo de castanha de caju destinada 4 exportagao e ao beneficiamento interno, nos trés maiores concorrentes do Brasil, no periodo de 2005/2006/2007, foi de 2,2 milhes de toneladas, enquanto o Brasil produziu apenas 11% deste total. Em 1990, 0 Brasil exportava 27,1 mil toneladas de ACC, equivalente a 33,8% das exportagdes mundiais. Em 2006, a exportacdo do Brasil aumentou para 43,2 mil toneladas, porém, em termos relativos, caiu para 15% do total mundial (FIEC/INDI - As Dez Bandeiras da Cajucultura Cearense, 2010). Saliente-se, no entanto, que a perda relativa do Brasil no comércio internacional de q améndoas de castanha de caju é decorréncia, principalmente, da rigidez na oferta de REVISTA GIENTIFIGA FAGPED - Faculdade Pare Dourad, va na, janiea 2018 —ISSN 2447-5505, 6 matéria-prima regional. Esse falo € bastante reocupante, considerando que a améndoa brasileira tem boa aceitago no mercado internacional em fungao do elevado nivel de qualidade da améndoa exportada e do bom desempenho dos exportadores nacionais no cumprimento de seus contratos. Pelos nimeros expostos na Tabela 1, constata-se que a produgéo brasileira de castanha de caju esté estagnada no patamar de 200 milano com o agravante de quedas significativas, no periodo, em virtude de fatores climaticos adversos e de problemas fitossanitarios. Além disso, o envelhecimento dos pomares se acentua ano a anoe, na maioria das plantagdes de cajueiros comuns, nao se faz praticamente nenhum manejo agronémico. ‘No Ceard, maior produtor e processador da castanha do Brasil, a irregularidade na oferta de castanha é muito elevada e frequente, fato que Compromete a competitividade das industrias e ‘© cumprimento de contratos com importadores, além de aumentar significativamente 0 isco @ © pessimismo de todos os atores da cadeia produtiva. one trs pa cta dae B a n aepte a i 1 Promoter —Produche cea — Samathe oe vor cane eit eee = = soe a co 7 Me =n a = SR = No segmento industrial, conforme Tabela 2, os numeros também se mostram preocupantes frente & estagnagéo da oferta de matéria-prima. Isto porque hé uma capacidade instalada, do Nordeste, para processar de 420 mil/ano de castanha e a produco, em termos médios, no periodo de 2000-2010, ficou abaixo de 200 milit/ ano. 2d dona ra cana cc edo fa (awa Sean aT Rasteas senses cnn ete gt neces \Gvctoteeastapracbaiscrpons) Cis rege cep na) 2 vo esx rat USS aes gis ACE Ca SS ae Do volume de 420 milano, estima que 20 miltiano seja de instalagies de, aproximadamente, 150 minifabricas operando ‘com elevadissimo grau de ociosidade e ineficiéncia econémica. Estima-se que foram implantadas, no Estado do Ceara, em torno de 100 minifabricas. Em sintese, 0 grande problema da cajucultura cearense ¢ a estagnago na oferta da castanha de caju tn natura‘em decorréncia do envelhecimento dos plantios, da falta de tratos culturais minimos, da baixa produtividade e rentabilidade por hectare plantado, do desénimo dos produtores decorrente das oscilagdes de pregos da castanha in natura, de politicas de incentivo as produgdes parciais e da falta de integragao proativa entre as instituigdes pUblicas e os entre os agentes produtivos do agronegécio do caju. Por outro lado, hd fatores que justificam 0 apoio governamental mais sistémico, priortério @ robusto com viséo de médio e longo prazo para a cajucultura do Ceara. Tais fatores sao: a)Contingente de trabalhares no setor rural e agroindustrial significative, que precisa ser mantido e aumentado; b)Existéncia de significativa 4rea apta para a exploracao de novos plantios com clones de cajueio ando precoce de alta produtividade; ©) Oferta de mudas de cajueiro aquém do desejével em termos de qualidade, quantidade e tempestividade na entrega; )Possibilidade de recuperagao, a curto e médio prazo, de mais de 150.000 hectares de Cajueiros do tipo comum, usando tecnologias alternativas de baixo custo; )Disponibilidade de tecnologias para modemizagao e expansao de todos os elos da cadeia produtiva do caju; f) Elevada capacidade ociosa_ das indistrias de processamento, especialmente das minifabricas que é superior a 50%. g)Apoio a programas voltados para o aproveitamento do pedinculo do caju combase 1no forento & implantagao de micro e pequenas empresas que atendam, principalmente, ao Programa de Merenda Escola (PNAE) e de ‘Aquisigao de Alimentos (PAA); h)Descompasso entre a modernidade das indistrias de processamento e a estagnagao da oferta de matéria-prima, em termos de volume e qualidade; 4 i) Elevada aceitagdo externa da améndoa # REVISTAGENTHICA FAGPED - Facade Padre Dorado An javéez 2018 ISSN 247-05 exportada pelo Ceara; j) Grande potencialidade para expansao tanto do mercado externo (demanda real nao atendida) quanto do mercado intemo (demanda no aproveitada); k)Emergéncia do mercado justo e solidario, compativeis com o perfil familiar das minifabricas; |) Fortalecimento —acelerado dos. concorrentes do Brasil no comércio internacional. 3. SEGMENTO DE PROCESSAMENTO DA CASTANHA EM MINIFABRICAS No processamento da castanha busca-se cobter améndoas inteiras, despeliculadas, de ‘cor branco-marfim, sem manchas e de bom tamanho, Segundo Araujo et al. (2005, p. 75): Existem dois distintos de beneficiamento de castanha de caju. O mecanizado 0 semimecanizado. AS ‘grandes fabricas operam com o processo. Mecanizado que ‘consiste no corte da ‘astanha por impacto. resultando num elevado indice de améndoas quebradas (60%). Ja as pequenas fbricas irabalham om’ 0 corte manual em que _usam maquinetas com navalhas operadas manualmente e tendo como resultado um maior indice de inteiras (85%), A diferenga basica entre os dois sisternas de processamento éa etapa de despeliculagem ou corte da castanha in natura. 3.1. DESCRICAO DA MINIFABICA Minifébricas so pequenas unidades fabris ‘que operam com corte manual @ cozimento da castanhain natura’com sistema de vaso cozedor. Nessas minifabricas se obtém até 85% de améndoas inteiras por serem pouco mecanizadas e operadas por agricultores familiares. A tecnologia das minifrabricas foi desenvolvida pela Embrapa Agroindiistria Tropical. Omédulo completo de uma minifabrica de processamento de castanha de caju é constituido por seis equipamentos. basicos de pequeno porte, ou seja, classificador, cozedor, estufa, umidificador, maquinas de corte, despeliculador e fritadeira. O médulo minimo de processamento esté projetado para beneficiar 110 kgidia e os investimentos sao da ordem de R$ 50.000,00 (FRANCA, 2010). Mais de 80% das minifabricas implantadas: tiveram apoio govemamental e operam em regime associativado. No Ceara, 0 Projeto ‘$40 José do Governo do Estado, o Programa de Reforma Agréria do Governo Federal e, mais recentemente, 0 Banco do Brasil, sm sido os principais apoiadores das minifabricas de processamento de castanha de caju. © sistema de processamento em minifabricas é adotado, predominantemente, por associaodes comunitérias ou cooperativas visando a venda da produgdo no mercado interno. 3.2. DISTRIBUICAO GEOGRAFICA Em pesquisa realizada por USAID (2006) consta que 0 Nordeste possuia, em 2004, um parque de 143. minifabricas, concentrados nos estados do Ceard (86), Piaui (24) e Maranhao (13). No Ceara, os municipios com maior ntimero dessas minifabricas séo: Barreira, Pacajus e Horizonte. Estima-se que hoje, no Ceard, j4 foram implantadas mais de 100 unidades, porém, pouco mais de 20 se encontram em operacao. 3.3. NIVEL TECNOLOGICO Os médulos de processamento de castanha de caju, em pequena escala, foram desenvolvidos pela Embrapa Agroindustria Tropicais em parceria com a iniciativa privada. Estas unidades processadoras _preservam 08 atributos de cor, sabor e odor, além de possibiltar um percentual de 85% deaméndoas inteiras. ‘Segundo Paiva (1999, p.2): As mintricasinorporam novos avangos em equsamenios e prosessos. permtica Bar ares ara eS on fa oe com molhor uaa, ossibitando. a inserglo de pequencs ePmeoc. roduores” na agtanauots a "casanha. deca, "gam. nives. ce pocessemerio adaptadas a condies de Ponuenacmedaescaadeindusvalzagio. Sob o aspecto tecnoligico, ndo ha pontos fracos relevantes. Os problemas do segmento estéo centrados na gestdo agroindustrial, comercial e mercadolégica. REVISTA IENTIFICA FAGPED -Fackiade Pate Dowado, vA, janiez 2018 — ISSN 2447-5605, 5 al 3.4. _GESTAO ASSOCIATIVISMO DO NEGOCIO E As deficiéncias da gestéo produtiva e comercial das minifabricas tém sido apontadas ‘como os maiores problemas deste segmento agroindustrial. Reforgando os _ problemas de gestdo tém-se 0 fato de que a maioria das minifébricas pertence a associagbes ou cooperativas. E notério que, no nordeste do Brasil, esta modalidade de associativismo produtivo. vem apresentando problemas de transparéncia, falta de viséo de longo prazo, politizagao, despreocupagéo com 0 retorno dos investimentos e sucessdes confltuosas do grupo gestor. Com isso, os pressupostos de uma boa gestéo empresarial: fidelizagao de clientes e forecedores, baixa capacidade ociosa, economia de escala e de escopo, ndo sao otimizados. 3.5. ESTRATEGIAS E PROCESSOS DE COMERCIALIZAGAO De um modo geral as minifabricas nao adotam estratégias de longo prazo em seus empreendimentos. Isto é refletido na elevada ociosidade, baixa escala de produg3o, na iregularidade no atendimento a0 mercado, fluxos de comercializacao irregulares, na baixa escala de produgo, na ma gestdo do capital de giro, na pouca agregagao de valor eno modelo de gestéo pessoal. 3.6. ANOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL A tradicional economia neocléssica define a firma como uma fungao de produgao onde 08 insumos, por meio de uma dada tecnologia, so transformados em produto final de forma eficiente, ou seja, minimizando os custos de produgSo. Porém, os custos de produce nao 840 os tnicos elementos da firma responsaveis pela maximizagdo dos lucros, mas também outros custos de mercado, como os custos de transagao, que decorrem das movimentagdes dos bens e servicos entre as firmas no mercado. A Economia dos Custos de Transacdo (ECT) nao descaracteriza a existéncia de custos relacionados a elaboracao de produtos, porém, salienta a existéncia de custos na condugao de contratos entre firmas. Para compreenséo da ECT, os dois pressupostos comportamentais so fundamentais: a racionalidade limitada © oportunismo. Williamson (1989) define trés dimensées (caracteristicas). com base. nas quais os propésitos dos custos de transagao 80 definidos: especificidade dos ativos; 0 grau e 0 tipo de incerteza; e a frequéncia com que a transago ocorre. Dessa forma, a _interagdo das caracteristicas das transagdes (especificidade de ativos, incerteza e frequéncia) com os pressupostos comportamentais (racionalidade limitada e oportunismo), juntamente com a teoria dos contratos, indicaria a forma de governanca eficiente. ‘As definigGes dos eventos a serem utiizados neste artigo séo: a)Frequéncia: determina a possibilidade de intemalizar determinada etapa produtiva sem perder eficiéncia e determina a identidade cexistente entre os participantes da transacao. b)Especificidade de ativos: implica a existéncia de custos imepardveis, ou seja, a impossibilidade de uso do ativo em atividade alternativa, isco de transagées: esta associado a possibilidade de oportunismo, o que aumenta 0s custos das transagdes que ocorrem via mercado, sendo, portanto, um fator motivador das estruturagdes de formas de governanga alternativas. )Risoo de transagdes: esté associado a possibilidade de oportunismo, 0 que aumenta ‘08 custos das transagbes que ocorrem via mercado, sendo um fator motivador das estruturagées de formas de govemanga alternativas. 3.7. © PARADIGMA CONDUTA-DESEMPENHO ESTRUTURA- O modelo —_Estrutura-Conduta- Desempenho (E-C-D) 6 um. instrumento ‘oriundo da Organizago Industrial. Sua finalidade, conforme ressaltam Scherer e Ross (1990), ¢ estudar as varidveis que influenciam no desempenho econémico, permitindo a elaboragéo de teorias quel especifiquem a relacdo entre essas variaveis 6 REVISTA GENTIFICA FAGPED Facade Padre Douraie, v4 nA, joidez 2018 ISSN BUTSEDE € © comportamento da indistria. De acordo ‘com Cabral (1994), 0 modelo E-C-D é um paradigma que fornece um esquema para andlise de mercados. © modelo permite a sistematizaga0 e articulagao dos. diversos aspectos relevantes para andlise da industria do seu eventual poder de mercado. Assim, conforme Scherer e Ross (1990), ‘08 elementos que compdem o paradigma da estrutura-conduta-desempenho, bem como as variéveis que compéem cada elemento, so: a)Estrutura: niimero de produtores & compradores, diferenciagSo de _produtos, barreiras A entrada, estruturas de custos, integragao vertical e diversificagao. b)Conduta: politicas de _pregos, estratégias de produto e vendas, pesquisa e desenvolvimento e investimentos em capacidade produtiva. )Desempenho: alocagao eficiente dos recursos, atendimento das demandas dos ‘consumidores, progresso técnico, contribuigo para a viabilizagéo do pleno emprego dos ‘ecursos, contribuigdo para uma distribuicSo equitativa da renda, grau de restrigéo monopolistica da producéo e margens de lucro. 4, METODOLOGIA Para a elaboragdo deste trabalho foi realizada, inicialmente, uma intensa pesquisa bibliogréfica acerca do tema em questdo. Posteriormente, foi realizada uma pesquisa de campo com os principais atores da cadeia produtiva da cajucultura no Estado do Cearé. De acordo com Lakatos e Marconi (2003, p.158), a pesquisa bibliogréfica se caracteriza como: {.-] um aparhadogerl sobre os pincais Yrabanos ja redieados, revestdos. de importincia, por serem capazes de foriecer dados atuais © relevantes. relacionados como. tema. O. estudo da literatura Pertinente pode ajudar a planificacao do ‘wabalho, evitar e ref de informacées, podendo até orlentar as Conforme Prodanov e Freitas (2013) Pesquisa de campo 6 aquela_utilizada com © intuito de obter informagées e/ou ‘conhecimentos acerca de um problema para © qual procuramos uma resposta, ou de uma hipétese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenémenos ou as relagdes entre eles. Consiste na visualizagéo de fatos e fendmenos tal como ocorem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de varidveis que presumimos relevantes, para analisé-los. Portanto, executaram-se as seguintes ages: |. Levantamento bibliogréfico junto _& Embrapa, BNB, INDI-FIEC, INSTITUTO CAJU-NORDESTE, SEBRAE-CE, UFC e a outras entidades com envolvimento com a cajucultura; |, Reuniées com especialistas da Embrapa Agroindustria Tropical, BNB, FIEC, FAEC, UFC e DAS; (A). i. Reunides com Camara Setorial da Cajucultura objetivando colher elementos para subsidiar a elaboragao do artigo; 1. Visitas a campo e reunides com processadores de castanha de caju. 5. ANALISE CRITICA = DA PROBLEMATICA DO SEGMENTO SOB A OTICA DA NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL 5.1. PARADIGMA CONDUTA-DESEMPENHO ESTRUTURA- © seguimento de processamento de castanha de caju feito em minifébricas no Estado do Ceard € voltado para abastecer © mercado intero, sobretudo estadual. O apoio governamental para disseminacao do processamento das castanhas de caju em minifébricas visou permitir a agregagao de valor a0 produto, ou mesmo tempo que beneficia 0 pequeno cajucultor. Apesar dos méritos da ago de governo, atualmente o setor vem apresentando graves problemas gerados, sobretudo, pela forma paternalista e Nao monitorada das politicas publicas. Este t6pico, feito com base em um m de avaliagao de competitividade em que se’ ‘REVISTA GIENTIFGA FAGEED -Foniade Poe Dorado van, nies 2018 GSN 2447 SS ry a anélise dos problemas do segmento com base no trinémio estrutura-conduta-desempenho, procurou relacionar os problemas que, de alguma forma, possam ter allemativas de ‘solug&o nos pressupostos da nova economia institucional. Assim, 0 Quadro 1 apresenta estes problemas e suas correlagdes. 5.2. ANALISE DA PROBLEMATICA A LUZ DOS PRESSUPOSTOS DA NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL (NE!) Com base na realidade identificada no segmento de processamento da castanha de caju em minifabricas, procura-se fazer um paralelo entre a sitagéo atual e os postulados da NEI, como forma de andlise e proposigo de encaminhamento para tornar 0 segmento competitive e cumprir os objetivos originalmente estabelecidos. © Quadro 2 apresenta 0 comparativo acima referenciado, de modo a fomecer subsidios para elaboragao de propostas e procedimentos que possibiltem a modemizagao e competitividade desse setor em andlise. an a itl i a il Hi} | I H | | ! i i | i ! | ‘Como forma de atender ao objetivo desse trabalho, foram analisadas as trés dimensdes da transagao: especificidade dos ativos, riscos e incertezas e a frequéncia, apresentadas no ‘Quadro 3. Os ativos sao altamente especificos, ‘em razo do parque industrial s6 servir para 0 processamento de castanha de caju. Os riscos @ incertezas de média gravidade decorrem da sazonalidade da oferta e postura dos agentes na pratica da concorréncia predatoria. A baixa frequéncia decorre da pouca fidelidade dos processadores com seus fomecedores e clientes, também, decorrente da sazonalidade da oferta e do baixo capital de giro para assegurar a reqularidade da oferta. omg ce we winnie rc to A estrutura de govemanga atual do seguimento de processamento de castanha de caju feito em minifabricas (Quadro 3), no Estado do Ceara, é maléfica para os processadores, sobretudo para os associativos, e benéfica para os intermediérios. Tal situago se deve, sobremaneira, em fungao da elevada especificidade dos ativos e da concorréncia frequentede oportunismosemambasas partes. desejavel, para os agentes processadores individuals, seria uma estrutura de contratos e, para os associativados, um misto de contrato @ integragao vertical (Quadro 4). cha ee om tr ci a cers | esa tea —| se = — = i 6. CONCLUSAO © agronegécio brasileiro passa_por diversas mudangas, decorridas em fungdo das mutagdes no mercado financeiro, o que torna o ambiente cada vez mais compelitvo, frente ao dinamismo de oportunidades. Portanto, de forma que as agroindistrias de pequeno porte e o mercado de améndoas de castanha de caju (ACC) do Estado do Ceara possam promover o desenvolvimento local, focado na viablidade técnica e econémicd da produgio, sugere-se que a estrutura de e REVISTA GENTIFICA FAGPED Facade Pade Dora w4 nd, jaidez 2018 (SSN 2447-5805 governanga a ser adotada tenha como base 08 postulados da nova economia institucional. Isso fard com que os produtores potencializem seus resultados financeiros, trazendo impactos positivos na esfera econémica e social do Estado. REFERENCIAS ARAUJO, Paulo Sérgio Costa. Modelo qualitativo de organizagao e gestao de *icadeias de suprimento baseado em economia solidéria, comércio justo © supply » chain management: 0 caso da cadeia da améndoa da castanha de caju no Ceara. Fortaleza: Universidade Federal do Ceara (Dissertagao de Mestrado), 2006. CABRAL, L. Economia industrial. Lisboa-Portugal: MaGraw-Hill, 1994 DIEHL, J. F. Nuts shown to offer health benefits. The Cracker, September 2002, Disponivel em FIEC.INDI. As dez bandeiras da cajucuitura do Ceara: marco de referéncia, desafios e diretrizes. (autor: Francisco Mavignier Cavalcante Franga), Fortaleza: INDI/FIEC/MCT, 2010. FRANCA, F. M. C.; BEZERRA, F. F.; MIRANDA, E. Q.; SOUSA NETO, J. M Agronegécio do caju no Ceara: cenério atual e propostas inovadoras, Fortaleza Federagao das Indistrias do Estado do Ceara, Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceard, 2008. FRANCA, Francisco Mavignier Cavalcante. 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