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Direito Administrativo

Concurso do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro

Concurso do TJ RJ - Banca CESPE (Cebraspe)


Disciplina: Direito Administrativo

Ponto abordado neste material: 7. Responsabilidade civil do Estado. 7.1


Evolução histórica. 7.2 Responsabilidade por ato comissivo do Estado. 7.3
Responsabilidade por omissão do Estado. 7.4 Requisitos para a demonstração
da responsabilidade do Estado. 7.5 Causas excludentes e atenuantes da
responsabilidade do Estado. 7.6 Reparação do dano. 7.7 Direito de regresso.

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Sumário
1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 4
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................... 4
2.1. Teoria da Irresponsabilidade Estatal ................................................. 4
2.2. Teoria da Responsabilidade Subjetiva .............................................. 5
2.3. Teoria da Responsabilidade Objetiva .............................................. 6
3. MODALIDADES DE RESPONSABILIDADE ................................................ 6
3.1. Responsabilidade por ato comissivo do Estado ................................ 6
3.2. Responsabilidade por ato omissivo do Estado .................................. 7
4. REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO
ESTADO ................................................................................................... 9
4.1. Conduta (fato administrativo) ........................................................... 9
4.2. Dano indenizável .............................................................................. 9
4.3. Nexo de causalidade ..................................................................... 10
5. CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO
ESTADO ................................................................................................. 10
5.1. Fato exclusivo da vítima .................................................................. 10
5.2. Fato de terceiro .............................................................................. 11
5.3. Caso fortuito e força maior.............................................................. 11
6. Reparação do dano e Direito de Regresso ....................................... 12
61. Denunciação da lide ....................................................................... 12
VAMOS TERINAR! ................................................................................... 15

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

1. INTRODUÇÃO
A noção de responsabilidade deriva da ideia de “resposta”. A responsabilidade civil do
Estado consiste no dever de reparar os danos causados pela conduta estatal,
comissiva ou omissiva. Há na responsabilidade civil, portanto, o dever de reparação
quando o Estado causa uma lesão aos direitos de terceiros, podendo a atuação Estatal
ser lícita ou ilícita.

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

2.1. Teoria da Irresponsabilidade Estatal


Essa teoria vigorava na época dos Estados Absolutistas, nos quais imperava uma
concepção político-teleológica, isto é, o Estado e a Igreja eram considerados um só e o
rei correspondia a um representante de Deus. Sendo assim, considerando que Deus
não erra, consequentemente o rei também não poderia errar, disso vem as célebres
frases “o rei não erra” (“the king can do no wrong”) e “o Estado sou eu” ("L'État c'est
moi"), atribuída esta última a Luis XIV. Essas ideias justificavam a impossibilidade de
atribuir falhas aos governantes, ou seja, o ente estatal não respondia pelos danos que
causasse aos seus súditos.
A teoria da irresponsabilidade estatal começou a se deteriorar com as Revoluções
Liberais, especialmente com a Revolução Francesa de 1789, e a eclosão do Estado de
Direito, limitado pela ordem jurídica, com a atuação estatal subordinada à lei (princípio
da legalidade), separação de funções estatais (princípio da separação de poderes) e o
reconhecimento de direitos fundamentais que deveriam ser promovidos e protegidos
pelo Estado.
O primeiro caso de responsabilização do Estado, tido como origem do Direito
Administrativo, ocorreu na França com o leading case1 que ficou conhecido como caso
“Blanco”. Nesse julgado, uma menina, Agnès Blanco, foi atropelada por um vagão da

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leading case: Cria o precedente, com força obrigatória para casos futuros.

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Companhia Nacional de Manufatura e Fumo, enquanto brincava nas ruas da cidade de


Bordeaux, e acabou falecendo. Seu pai ajuizou uma ação de indenização sustentando
que o Estado era responsável pelo incidente. Todavia, entendia-se que essa atividade
tratava-se de um serviço público delegado à uma empresa privada. Foi proferida pelo
Tribunal de Conflitos uma decisão favorável ao pai de Agnès em 08.02.1873,
reconhecendo a responsabilidade do Estado, haja vista a presença de serviço público e
por sua vez a necessidade de aplicação das normas de Direito Público.

A teoria da irresponsabilidade civil do Estado nunca vigorou no Brasil.

2.2. Teoria da Responsabilidade Subjetiva


Com a teoria da responsabilidade subjetiva, o Estado passou a ser responsabilizado
pelos atos danosos de seus agentes. Essa teoria tem por base o dolo2 e a culpa3. Cabe
destacar que a teoria em análise foi dividida em dois períodos. Em um primeiro
momento, era necessário provar o dolo ou a culpa do agente público. Na segunda fase,
as condutas subjetivas deviam ser analisadas considerando a prestação do serviço.
Vejamos com maior profundidade esse assunto:

Primeira Fase: Teoria da Culpa Individual/Teoria Civilista


Para averiguar a responsabilidade do Estado, era necessário diferenciar os atos de
império dos atos de gestão. As ideias envolvendo o conteúdo desses atos eram
influenciadas pela "Teoria do Fisco", no qual se distinguia o Estado "propriamente
dito", dotado de soberania, e o Estado "Fisco", que se envolvia com particulares sem
poder de autoridade. Quanto aos atos de império, o Estado figurava em posição de
supremacia perante o particular, e em decorrência de sua soberania, não seria
responsabilizado pela realização de possíveis danos (ex.: poder de polícia). No que se
refere aos atos de gestão, o Estado não usufrui de seu poder de autoridade e se

2
Dolo: a pessoa atua com vontade de praticar o ato danoso ou, pelo menos, aceita o risco de sua
conduta.
3
Culpa: o agente não tem a intenção de causar o dano, mas é negligente, imprudente ou imperito ao
praticar o ato.

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encontra em uma situação de igualdade com o particular (ex.: contratos), o que enseja
sua responsabilidade com fundamento no Direito Civil.
Nesse caso, a responsabilidade dependeria da identificação do agente público e da
demonstração da sua culpa.

Segunda Fase: Teoria da Culpa do Serviço (faute du service)/Culpa anônima


Não há mais a necessidade de demonstrar a culpa de um agente específico (culpa
individual), bastando, para tanto, a comprovação de que o serviço não funcionou,
funcionou mal ou o serviço funcionou com atraso.

2.3. Teoria da Responsabilidade Objetiva


Chegando aos dias atuais, o ordenamento jurídico pátrio consagra a teoria da
responsabilidade objetiva, no qual se desobriga a vítima de comprovar a culpa
(individual ou anônima) para fazer jus à reparação pelos danos sofridos em
decorrência da conduta estatal.
A CRFB/1988, em seu artigo 37, § 6º, estatui a responsabilidade civil objetiva das
pessoas de direito público, bem como das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviços públicos, assegurando o direito de regresso em face de seus
agentes que respondem de forma subjetiva.

3. MODALIDADES DE RESPONSABILIDADE

3.1. Responsabilidade por ato comissivo do Estado


A responsabilidade do Estado por conduta comissiva quer dizer que o Estado causou
materialmente um dano, haja vista que atuou positivamente, ou seja, comissivamente,
o que faz incidir o disposto no artigo 37,§6º da CRFB, que não elenca conduta culposa
ou dolosa para que o Estado tenha que reparar danos causados a terceiros e
estabelece que a responsabilidade objetiva alcança as pessoas jurídicas de direito
público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.

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Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

São alguns exemplos de condutas comissivas passíveis de reparação pelo Estado:


acidente com um carro oficial dirigido de forma imprudente, bala perdida oriunda de
arma de policial, agressão feita por agente público com arma da corporação, interdição
indevida de estabelecimento comercial e transfusão de sangue contaminado com o
vírus HIV em hospital público.

3.2. Responsabilidade por ato omissivo do Estado


Nesse caso não se pode dizer que o Estado tenha causado materialmente um dano. A
omissão, ou seja, não fazer nada, não é capaz de “gerar” coisa alguma. Logo, a
inexistência de conduta impede a aplicação da responsabilidade objetiva prevista no
artigo 37,§ 6º da CRFB.

ATENÇÃO! Importante também é lembrar que não é possível aplicar o Código Civil
para situação de ato omissivo, haja vista que a responsabilidade estatal deve ser
fundada em princípios de Direito Público.

Há uma profunda divergência na doutrina e na jurisprudência acerca da natureza da


responsabilidade civil nos casos de omissão estatal, havendo três correntes:

 Primeira corrente: responsabilidade objetiva. O artigo 37, § 6º da CRFB não


diferenciou as condutas comissivas das omissivas. Nesse sentido: Hely Lopes
Meirelles;
 Segunda corrente: responsabilidade subjetiva. Para Celso Antônio Bandeira de
Mello, o art. 37, §6º, da CRFB, está restrito a atos comissivos do Poder Público,
sendo subjetiva a responsabilidade da Administração quando o dano decorrer
de uma omissão do Estado. Segundo o referido autor, nos casos de omissão, o
Estado não agiu, e consequentemente não é o causador do dano, e por tal

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motivo não estaria obrigado a indenizar os prejuízos, podendo responder,


entretanto, subjetivamente, com base na culpa anônima ou falta do serviço.
Nesse sentido: Oswaldo Aranha, Maria Sylvia Zanella.
 Terceira corrente: Nesse sentido: Sergio Cavalieri Filho. Esta corrente faz uma
diferenciação entre omissão genérica e omissão específica:

OMISSÃO GENÉRICA OMISSÃO ESPECÍFICA


RESPONSABILIDADE SUBJETIVA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
Não se pode exigir do Estado uma Estado se encontra na condição de
atuação específica. A inação do Estado garante. Pressupõe um dever
não se apresenta como causa direta e específico do Estado, que o obrigue a
imediata da não ocorrência do dano, agir para impedir o resultado danoso.
por tal motivo o lesado deve provar
que a falta do serviço (culpa anônima)
concorreu para o dano.

Atenção!
Como regra geral, o Poder Público responde de forma subjetiva, na modalidade culpa
administrativa, pelos danos causados por omissão estatal na prestação de serviços públicos
obrigatórios (faute de service). Entretanto, há situações nas quais, mesmo diante de uma
omissão, o Estado responde objetivamente. Estas situações ocorrem quando o Poder Público
está na condição de garante, ou seja, quando pessoas ou coisas estão sob a guarda, a
proteção direta ou a custódia do Estado, o qual possui o dever legal de assegurar a
integridade de pessoas ou coisas que estejam a ele vinculadas por alguma condição
específica. Nesses casos, a responsabilidade civil por danos ocasionados a essas pessoas ou
coisas é do tipo objetiva, na modalidade risco administrativo, nos termos do artigo 37, § 6º
da CRFB. Exemplos: aluno de uma escola pública que sofre uma lesão causada por outro
aluno, no horário de aula, nas dependências da escola; lesão sofrida por um preso, dentro da
penitenciária, em uma briga na cela.

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4. REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO


ESTADO
Para caracterizar a responsabilidade objetiva do Estado é necessária a presença de três
requisitos:
 CONDUTA (conduta comissiva ou omissiva atribuída ao Poder Público).
 DANO INDENIZÁVEL
 NEXO CAUSAL.

4.1. Conduta (fato administrativo)


A conduta, comissiva ou omissiva, constitui o primeiro elemento necessário para a
responsabilização. O Estado só pode ser responsabilizado pela atuação ou omissão de
seus agentes públicos. É preciso, portanto, demonstrar que o dano possui relação
direta com o exercício da função pública ou a omissão relevante dos agentes públicos.
Cabe ressaltar que a conduta administrativa ilícita e lícita (causadora de danos
desproporcionais) são capazes de ensejar a responsabilidade do Estado.

4.2. Dano indenizável


O dano é o segundo elemento necessário para responsabilização do Estado, podendo
ser definido como a lesão a determinado bem jurídico da vítima.

O dano pode ser dividido da seguinte forma:

 Material ou patrimonial: lesão ao patrimônio da vítima, avaliado


pecuniariamente. Por sua vez, o dano material se divide em:
- dano emergente: consiste na diminuição efetiva e imediata do patrimônio
da vítima (ex.: dano suportado pela destruição do veículo);
- lucro cessante: constitui a diminuição potencial do patrimônio (ex.: na
hipótese de o veículo destruído ser como táxi, o lesado deixará de receber o
ganho normalmente esperado com sua atividade profissional);

 Moral ou extrapatrimonial: lesão aos bens personalíssimos, tais como a honra,


a imagem e a reputação do lesado.

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4.3. Nexo de causalidade


Consiste na relação/liame de causa e efeito entre a conduta estatal e o dano
suportado pela vítima.

5. CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO


ESTADO
De acordo com a teoria do risco administrativo, adotada pelo art. 37, § 6.°, da CRFB, o
Estado pode se defender nas ações indenizatórias por meio do rompimento do nexo
de causalidade, demonstrando que o dano suportado pela vítima não foi causado pela
ação ou omissão administrativa.

São causas excludentes do nexo causal:


 FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA.
 FATO DE TERCEIRO.
 CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR.

Observação: A culpa concorrente da vítima e do Estado não exclui a responsabilidade


do Estado, gerando apenas atenuação do quantum indenizatório.

5.1. Fato exclusivo da vítima


Trata-se da hipótese em que o dano é causado por fato exclusivo da própria vítima
(autolesão). Um caso que costuma ser frequentemente levantado na doutrina e na
jurisprudência é o suicídio. Não há responsabilidade civil do Estado quando o particular
comete suicídio. Porém, caso o Estado eventualmente contribua por ação ou omissão
com o suicídio, estará configurada a sua responsabilidade, conforme decisões do STJ
em relação ao suicídio do preso no interior de uma penitenciária quando demonstrada
a omissão do Estado no seu dever específico de garantir a integridade física e a vida
dos presos. A tese jurídica firmada pelo STF no Recurso Extraordinário nº 841.526, sob
o enfoque da repercussão geral, restou consubstanciada no Tema nº 592, lavrada
nestes termos: “Em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto

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no art. 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de
detento”.

5.2. Fato de terceiro


A segunda causa excludente do nexo causal ocorre quando o dano é causado por fato
de terceiro que não possui vínculo jurídico com o Estado. Ex.: uma pessoa empurra
outra para que esta seja atropelada por um trem.

5.3. Caso fortuito e força maior


Os eventos naturais ou humanos imprevisíveis que, por si sós, causam danos às
pessoas caracterizam caso fortuito ou força maior e excluem o nexo causal.
Parte da doutrina entende que a força maior decorre de fenômenos da natureza, e o
caso fortuito seria fruto de uma atuação humana. Outros doutrinadores afirmam que
os conceitos são o inverso. Apesar dessa discussão, em provas de concurso a referida
distinção não costuma ser cobrada, e os conceitos são considerados como sinônimos.
A propósito, o evento humano imprevisível se assemelha ao fato de terceiro estudado
no item anterior.

A caracterização do caso fortuito como causa excludente do nexo causal tem sido
relativizada pela doutrina e jurisprudência. A partir da seguinte distinção:
 FORTUITO EXTERNO - risco estranho à atividade desenvolvida.
 FORTUITO INTERNO - risco inerente ao exercício da própria atividade.

A doutrina e a jurisprudência entendem que apenas o fortuito externo rompe o nexo


causal. Já no fortuito interno, o Estado será responsabilizado.
OBS.: Enquanto as causas excludentes rompem o nexo de causalidade e afastam a
responsabilidade do Estado, as causas atenuantes (concorrência de causas) apenas
diminuem o valor da indenização, que será arcado pelo Estado.

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6. Reparação do dano e Direito de Regresso


O direito de regresso do Estado em face do agente público nasce com o efetivo
pagamento da indenização à vítima. Com isso, não basta o trânsito em julgado da
sentença que condena o Estado na ação indenizatória, uma vez que o interesse jurídico
na propositura da ação regressiva depende do efetivo desfalque nos cofres públicos. A
propositura da ação regressiva antes do pagamento poderia ensejar enriquecimento
sem causa do Estado.
A cobrança regressiva em face do agente público deve ocorrer, inicialmente, no âmbito
administrativo. No caso de acordo administrativo, o agente promoverá o
ressarcimento aos cofres públicos. Ausente o acordo, o Poder Público deverá propor a
ação regressiva em face do agente público.
Cabe salientar que é ilegal impor o desconto em folha de pagamento dos agentes
públicos do valor relativo ao ressarcimento ao erário, salvo se houver prévia
autorização do agente ou procedimento administrativo com ampla defesa e
contraditório.

61. Denunciação da lide


A denunciação busca obter celeridade, economia e eficiência processual.
CPC - Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer
das partes: (...)
II – àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em
ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.

O que é denunciação da lide?


Consiste no ato processual de chamar o futuro responsável para integrar o processo
original, evitando-se, com isso, que posteriormente se tenha de ingressar com uma
ação regressiva.

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Há divergências acerca da possibilidade de o Estado denunciar a lide ao seu agente,


causador do dano, com fundamento no art. 125, II, do CPC/2015, que prevê a
obrigatoriedade da denunciação da lide. Quanto ao assunto, há os seguintes
entendimentos:
 Primeira corrente: a denunciação da lide consiste em uma faculdade do Estado.
E a ausência de denunciação ou o seu indeferimento não enseja a nulidade do
processo, nem impede a propositura de ação regressiva em caso de
condenação do Poder Público. Nesse sentido: STJ.

 Segunda corrente: não se deve promover a denunciação da lide quando a ação


proposta em face do Estado tem por fundamento a responsabilidade objetiva
ou a culpa anônima, sem a individualização do agente causador do dano, pois,
nesse caso, o Estado estaria incluindo na lide novo fundamento não levantado
pelo autor: a culpa ou o dolo do agente público. Todavia, cabe denunciação da
lide se o autor da ação (vítima) identificar o agente público causador do dano,
imputando-lhe culpa. Nesse sentido: Yussef Said Cahali e Maria Sylvia Zanella Di
Pietro.

 Terceira corrente: não se deve promover a denunciação da lide pelo Estado,


uma vez que a responsabilidade do Estado é objetiva e a do agente público,
subjetiva, logo, a denunciação ensejaria a inclusão da discussão da culpa na
demanda, prejudicando a celeridade processual e frustrando o caráter
protetivo da vítima contido no art. 37, § 6º, da CRFB. Nesse sentido: José dos
Santos Carvalho Filho, Celso Antônio Bandeira de Mello, Diogo de Figueiredo
Moreira Neto e TJRJ.

 Quarta corrente: a denunciação da lide pelo Estado deve ser inibida, em regra,
conforme as razões expostas pela terceira posição. Entretanto, a denunciação
da lide deve ser admitida, por exemplo, à pessoa jurídica que possui
responsabilidade objetiva, uma vez que não haveria a inclusão da culpa na

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discussão, inexistindo prejuízo à vítima (ex.: denunciação da lide à


concessionária de serviços públicos). Nesse sentido: Rafael Carvalho Rezende
Oliveira.

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VAMOS TREINAR!

EINAR!
Banca: CESPE
Concurso: TJ-PA
QUESTÃO 01 Ano: 2020
Cargo: Oficial de Justiça - Avaliador

Quanto à responsabilidade civil por danos causados por seus agentes a terceiros, uma
entidade da administração indireta, dotada de personalidade jurídica de direito privado
e exploradora de atividade econômica estará sujeita

A) ao regime da responsabilidade civil objetiva do Estado.


B) ao regime jurídico da responsabilidade civil privada.
C) à teoria do risco administrativo.
D) à teoria da falta do serviço
E) à teoria do risco integral
FUNDAMENTO:

A CRFB no artigo 37,§6º frisa que serão as pessoas jurídicas, de direito público ou
privado, prestadoras de serviços públicos. As pessoas jurídicas de direito privado e
exploradoras de atividade econômica estão sujeitas à responsabilidade subjetiva
comum do Direito Civil.

Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

GABARITO: Letra B.

Banca: CESPE
Concurso: TJ-AM
QUESTÃO 02 Ano: 2019
Cargo: Assistente Jurídico

Servidor público que, no exercício de suas atribuições, causar dano a terceiro será

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responsabilizado em ação regressiva.

Certo
Errado

FUNDAMENTO:

A CRFB/88 estabelece em seu artigo 37, § 6º que é assegurado o direito de regresso


contra o agente responsável.

Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

GABARITO: Certo.

Banca: CESPE
Concurso: TJ-PA
QUESTÃO 03 Ano: 2020
Cargo: Oficial de Justiça - Avaliador

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue o item subsecutivo.

O Estado não é civilmente responsável por danos causados por seus agentes se
existente causa excludente de ilicitude penal.

Certo
Errado
FUNDAMENTO:
A excludente de ilicitude penal visa afastar a culpabilidade de condutas ilegais,
tornando-as lícitas. Todavia, a responsabilidade do Estado depende de 3 requisitos:
conduta, dano e nexo causal, sendo irrelevante a ilicitude.

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GABARITO: Errado.

Banca: CESPE
Concurso: TJ-AM
QUESTÃO 04 Ano: 2019
Cargo: Assistente Judiciário

No que concerne à responsabilidade do Estado, julgue o item subsequente.

Ato antijurídico é aquele estritamente derivado de uma ilicitude do agente.

Certo
Errado
FUNDAMENTO:

A ilicitude ou licitude da conduta do agente para a responsabilização civil do Estado é


irrelevente. A responsabilização do Estado decorre da prática de ato antijurídico, seja
lícito ou ilícito de agente público que cause dano à terceiro.

Para o Direito Penal o ato antijurídico é ilícito. Para Direito Administrativo, o ato
antijurídico pode ser lícito ou ilícito. Logo, o ato jurídico não seria aquele estritamente
derivado de uma conduta ilícita do agente.

GABARITO: Errado

Banca: CESPE
Concurso: DPE-DF
QUESTÃO 04 Ano: 2019
Cargo: Defensor Público

No que diz respeito a desvio e excesso de poder e à responsabilidade civil do Estado,


julgue o item subsecutivo.

É possível responsabilizar a administração pública por ato omissivo do poder público,


desde que seja inequívoco o requisito da causalidade, em linha direta e imediata, ou
seja, desde que exista o nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder
público e o dano causado a terceiro.

Certo

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Errado
FUNDAMENTO:

A responsabilidade do Estado depende de 3 requisitos: conduta (comissiva ou


omissiva), dano e nexo causal.

GABARITO: Certo

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