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O sensível em Renata Sammer está na assi-

renata sammer
nalação de um contorno retórico que muda tudo
na apreensão de uma filosofia da história outra em
Giambattista Vico. Repisando senhas abertas por
intérpretes da Ciência Nova, que notaram a solida-
riedade matricial entre pensamento e imaginação
em sua “história ideal eterna”, a autora considera
o deslocamento da metafísica poética viquiana em
relação à conceitualidade fatalista de Descartes.
No potencial aberto por sua exploração, en-
Os Caracteres Poéticos de contra-se a divisa da centralidade da metáfora em
Vico, vinculando-a definitivamente à tradição filo-

Giambattista Vico

Os Caracteres Poéticos de
lógica. Para Sammer, que alegadamente se vale de
“[...]este é um texto crítico, que atualiza uma
uma perspectiva segundo a qual a “chave-mestra”
proposta teórica, a teoria da metáfora viquiana, tal
desta filosofia se obtém na habilidade de fazer jus
como apresentada na Ciência Nova. Não se busca,
aos comandos metafóricos da linguagem, a sabe-
portanto, um significado próprio da letra viquiana, doria poética humana é uma aventura estrondosa.
tampouco um significado oculto, na Ciência Nova. Os Caracteres Poéticos de Giambattista Vico consi-
Sugere-se, ao contrário, ter sido o grande feito da renata sammer dera o tópos viquiano dos “saltos” que as metáforas
Ciência de Vico o modo como ela faz significar, fazem cintilar nas culturas, afinal, “todas as cultu-
sem jamais se contentar com uma única moldura. ras têm o seu Jove”. Como Vico faz desse “salto
Dessa maneira, esta reconstituição crítica do legado originário” entre os poetas pré-históricos a “gênese
viquiano contribui para a diversificação de sua leitura, de um processo que culmina na modernidade sete-

Giambattista Vico
que [...] mostrou-se sempre muito produtiva. centista”, Renata Sammer devolve à sua ciência o
aspecto plástico da linguagem, que pouco obseda
os historiadores. São as conexões disso com a an-
tropologia o que mais apaixona neste livro. Como
se dos ambientes de metaforicidade dos gigantes,
deuses e homens fossem se formando modos de
apreensão sensível do mundo.
A imaginação histórica de Vico, tão fantasiosa
quanto mais engenhosa, vale pelos achados figura-
tivos que uma época inventa. Pelo avesso das coisas
ditas nela inscrito. De certa forma, da experiência
Renata Sammer é mestre e doutora em história de significar a fantástica operação de ideias, me-
social da cultura pela puc-Rio. Trabalha com teoria diante o “xadrez de palavras” – mudas ou ambí-
e crítica literária com ênfase em poética, retórica e guas –, efetuam-se a incongruência e espanto hu-
letras neolatinas. Atualmente é professora de teoria manos sobre a realidade.
e metodologia do Departamento de História da
puc-Rio. Lúcia Ricotta/Unirio

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Os Caracteres Poéticos de
Giambattista Vico
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Os Caracteres Poéticos de

Giambattista Vico
RENATA SAMMER
Copyright © 2018 by Renata Sammer

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da eflch/Unifesp

Sammer, Renata.

Os caracteres poéticos de Giambattista Vico / Renata Sammer. – São Paulo:


Editora Unifesp, 2018.
272 p.; 16 x 23 cm

isbn 978-85-5571-032-2

1. Vico, Giambattista, 1660-1744 – Crítica e interpretação. 2 . Metáfora. 3 .


Poética. 4. Filosofia italiana. i. Título

cdd 809. 1

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Impresso no Brasil 2018


Foi feito o depósito legal
À memória de Ricardo Benzaquen
Sumário

Principais Obras de Giambattista Vico ..................................................................... 09


Prefácio – Luiz Costa Lima.............................................................................................11
Apresentação .................................................................................................................. 13
Introdução ...................................................................................................................... 17

1. A Linha e o Círculo: Teoria da História e Teoria da Metáfora na Ciência Nova.....47


Do corso e do ricorso que fazem as nações........................................................... 47
Jove, a metáfora originária......................................................................................61
Hércules e a tópica da fantasia................................................................................ 81

2. Sobre a Origem da Linguagem...............................................................................91


Metáfora e origem da linguagem............................................................................91
Hieróglifos (geroglifici), gestos e palavras reais (paroli reali)............................. 111
Das etimo[tipo]logias de Vico: as metáforas nucleares.....................................120

3. Dos Caracteres Poético-Heroicos......................................................................... 127


Caractere poético e símbolo.................................................................................. 127
Diversiloquium e veriloquium: metáfora, analogia e fato poético.................... 139
Engenho, indução por semelhança e invenção...................................................144
O caractere poético como exemplo......................................................................149
8 Os Caracteres Poéticos de Giambattista Vico

4. Os Universais Fantásticos na Idade Moderna: A Invenção e o Engenho.........155


A agudeza moderna................................................................................................155
Por uma tópica do mundo civil: o jeu d’esprit e a metáfora filosófica.............. 175

5. Homero, Caractere Poético: A Nova Ciência da Memória, da Fantasia


e do Engenho........................................................................................................... 187
A sabedoria poética na Ciência Nova................................................................... 187
O verdadeiro Homero............................................................................................ 195
Da metafísica poética e das metamorfoses.......................................................... 215
“Converter o feito (factum) no verdadeiro (verum)”: uma teoria
  da ficção......................................................................................................... 224

Epílogo...........................................................................................................................237
Referências Bibliográficas............................................................................................243
Principais Obras de Giambattista Vico

data Obra Abreviação


1699-1707 Inaugural Orations i. o.
1699 Ut Mentis Divinam Vim Usquequaque Excolamus
1700 Ut Animum Virtue et Sapientia Conformemus
1701 Ut Simulatam et Vanam Eruditionem Fugiamus
1704 Ut Quisque Communi Civium Bono Erudiatur
1705 Ut Armorum Gloriam et Imperii Amplitudinem Literis Augeamus
1707 Ut Corruptam Emendemus Naturam, et Humanam Societa-
tem, quo Latius Fieri Possit, Adiuvemus
1709 De Nostri Temporis Studiorum Ratione De Nostri
1710 De Antiquissima Italorum Sapientia De Antiquissima
1711 e 1738 Institutiones Oratoriae I. Oratoriae
1720-1722 Il Diritto universale Il Diritto
1720 De Uno Universi Iuris Principio et Fine Uno De Uno
1721 De Constantia Iurisprudentis: Philologia et Philosophia Ger- De Constantia
minae Ortae
1722 Notae in Duos Libros Notae
1725, 1730 Scienza nuova cn *
e 1744
1725-1728 Vita di Giambattista Vico scritta da se medesimo Vita
1729 Vici Vindiciae: Notae in “Acta Eruditorum” Lipsiensia vv
1732 De Mente Heroica Heroica
1737 Le Accademie e i rapporti tra la filosofia e l’elo quenza Le Accademie

* As citações da Ciência Nova, cn, são acompanhadas pelo ano de sua edição, 25, 30 ou 44, e pelo
número de seu respectivo parágrafo, como estabelecido por F. Nicolini em G. Vico, Principj di
Scienza nuova, em Opere, e adotado pela tradução portuguesa da segunda edição de 1744, com
a qual trabalhamos. Algumas traduções, contudo, sofreram pequenas modificações a partir da
edição de V. Vitiello, La Scienza nuova. Le Tre edizioni del 1725, 1730 e 1744, que já não mais re-
produz a numeração de Nicolini.

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